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Jornal Paraná Fevereiro 2022

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OPINIÃO<br />

Eleições <strong>2022</strong> - fazer história ou repeti-la<br />

Qualquer que seja a latitude político-ideológica, o Brasil merece que<br />

possamos tirar o foco das personalidades e mirar na discussão de projetos de País<br />

Paulo Hartung<br />

OBrasil merece que nessas<br />

eleições possamos<br />

tirar o foco das personalidades<br />

e mirar na discussão<br />

de projetos de País. Ainda<br />

numa trágica e nebulosa travessia<br />

pandêmica, eis que <strong>2022</strong> chega<br />

com sua agenda eleitoral decisiva<br />

para o País. No retrato por ora desenhado<br />

para a disputa, com seus<br />

desafios e oportunidades, os votos<br />

parecem se destinar basicamente<br />

a duas alternativas: fazer história ou<br />

repetir a história.<br />

A oportunidade de fazer história<br />

significa ajudar a construir projeto<br />

que possibilite um “novo início”<br />

para a nossa nação, fundado na<br />

superação do abismo das desigualdades<br />

socioeconômicas e ancorado<br />

nas potencialidades das<br />

demandas por infraestrutura, da digitalidade,<br />

da ampliação das interfaces<br />

econômicas do Brasil com o<br />

mundo e do imperativo da economia<br />

verde, inaugurando a era de<br />

desenvolvimento sustentável e inclusivo.<br />

A opção por fazer história dialoga<br />

com reformas estruturantes (como<br />

a tributária e a administrativa) e os<br />

investimentos prioritários em educação,<br />

saúde e segurança. Passa<br />

também por um projeto político<br />

que vise ao bem comum e ao interesse<br />

coletivo, em ambiente organizado<br />

e dinamizado pelos valores<br />

humanísticos e democráticos. Essa<br />

escolha pressupõe escrever o<br />

roteiro de uma nova caminhada.<br />

Algo que simplesmente não combina<br />

com o perverso jogo de repetir<br />

o passado como uma solução<br />

(falsa!) para o presente e o futuro.<br />

E o que implica o equívoco de repetir<br />

a história, mesmo diante do<br />

risco de tê-la como farsa ou contrafação?<br />

Representa, entre tantos<br />

gestos, insistir em estéreis formas<br />

de personalismo ou caudilhismo;<br />

reiterar práticas nefastas, como o<br />

patrimonialismo e o populismo,<br />

que vestem múltiplas cores; copiar<br />

decisões de efeitos perversos e até<br />

trágicos, com o despudor antirrepublicano<br />

que, ilusória e precariamente,<br />

sustenta mitos redentores,<br />

mas com pés de barro.<br />

Como sabemos, o passado pode<br />

ser fonte inesgotável de inspirações<br />

para narrativas que viabilizem<br />

os mais diversos propósitos, inclusive<br />

indisfarçáveis manipulações,<br />

em todos os polos e vias políticos.<br />

Em vez de ser fonte de lições e<br />

aprendizados que ajudem a corrigir<br />

rumos e trajetórias, muitas vezes o<br />

tempo pretérito é colocado como<br />

alternativa de um impossível “copia<br />

e cola” que responda às angústias<br />

da hora com atalhos mágicos,<br />

sempre enganadores e ineficazes.<br />

Ademais, pode-se afirmar que, no<br />

ano do bicentenário de nossa Independência,<br />

o Brasil acumula uma<br />

caminhada histórica que serve a<br />

tudo, menos para justificar repetições.<br />

Sob o peso da herança colonialista<br />

e das chagas do longo<br />

período escravagista, o País até<br />

hoje não logrou fazer de suas<br />

imensas riquezas uma realidade de<br />

prosperidade verdadeiramente<br />

compartilhada. É como se teimássemos<br />

em bailar, vergonhosamente,<br />

à beira de um precipício de<br />

injustiças sociais e econômicas<br />

cada vez mais profundo.<br />

A questão que o nosso tempo coloca<br />

é entender de onde viemos,<br />

onde estamos e para onde queremos<br />

e precisamos seguir como<br />

nação. Da recente transição alemã,<br />

é possível extrair exemplos de conduta<br />

e agenda paradigmáticos de<br />

como a boa política tem o condão<br />

de articular convergências. Pactuando<br />

consensos num amplo espectro<br />

político, definiu-se um roteiro<br />

sólido para o futuro do País,<br />

aumentando a chance de prolongar<br />

a boa governança que Angela<br />

Merkel deixou como legado.<br />

Do exterior também se pode perceber<br />

um alerta: o cenário econômico<br />

mundial não será favorável<br />

nos próximos tempos. Dessa sorte,<br />

se nos conformarmos com o<br />

embate superficial e simplista de<br />

distintos personalismos, não só<br />

desperdiçaremos a oportunidade<br />

de fazer história, mas também estaremos<br />

marchando em direção a<br />

um perigoso despenhadeiro.<br />

“A maior virtude das eleições é que<br />

elas permitem, sob algumas condições,<br />

que possamos processar<br />

quaisquer conflitos que surjam em<br />

nossa sociedade de maneira livre<br />

e relativamente pacífica, evitando a<br />

violência”, considera Adam Przeworski,<br />

no instigante livro Por que<br />

as eleições importam?.<br />

A opção por fazer história dialoga com<br />

reformas estruturantes (como a tributária<br />

e a administrativa) e os investimentos<br />

prioritários em educação, saúde e segurança.<br />

Sobre a vinculação das eleições<br />

com a democracia, ambas invenções<br />

históricas eivadas de limitações<br />

e distantes da perfeição, como<br />

qualquer obra humana, porém<br />

ainda sem substitutas à altura, o<br />

autor considera que “devemos<br />

empreender todos os esforços<br />

possíveis para permitir que as pessoas<br />

decidam livremente como e<br />

por quem elas desejam ser governadas<br />

e deixar que os governos<br />

atuem”.<br />

As próximas eleições brasileiras<br />

dialogam profundamente com<br />

questões articuladas no pensamento<br />

de Adam Przeworski, especialmente<br />

quanto às conexões<br />

entre o voto e a democracia, a paz<br />

social, a liberdade e a possibilidade<br />

de mudar os rumos na história.<br />

Recusar o que está incomodando<br />

é necessário, apesar de insuficiente.<br />

Assim como manter ou trazer<br />

de volta retratos para o mesmo<br />

lugar não deve ser a questão a dominar<br />

o debate num pleito crucial<br />

como o que se avizinha.<br />

Qualquer que seja a latitude político-ideológica,<br />

o Brasil merece<br />

que nessas eleições possamos<br />

tirar o foco das personalidades e<br />

mirar na discussão de projetos de<br />

País. Programas que, em vez de<br />

repetir a história, escrevam a história<br />

de um novo tempo entre nós.<br />

Uma era na qual finalmente deixemos<br />

de ser o “País do futuro” para<br />

nos tornarmos, democraticamente,<br />

um país de oportunidades<br />

para todos, sobretudo para a nossa<br />

juventude<br />

(*) Economista e presidente da<br />

IBÁ; foi governador do Estado do<br />

Espírito Santo; publicado em O<br />

Estado de S.Paulo<br />

2<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


PARANÁ<br />

Chuvas ajudam, mas não mudam<br />

cenário para safra de cana<br />

O desenvolvimento das lavouras está bastante atrasado, o que, além da redução da produtividade,<br />

também deve retardar a retomada da colheita, diz Miguel Tranin, presidente da Alcopar<br />

Oregistro de um maior<br />

volume de chuvas no<br />

<strong>Paraná</strong> não deve mudar<br />

muito o cenário<br />

para a próxima safra de canade-açúcar<br />

no Estado, segundo<br />

análise feita pelo engenheiro<br />

agrônomo e presidente da Alcopar,<br />

Miguel Tranin. “As chuvas<br />

continuam ocorrendo de<br />

forma localizada. Tem regiões<br />

onde praticamente não choveu,<br />

enquanto no Norte do Estado,<br />

onde os lavouras já vinham sofrendo<br />

menos, as chuvas têm<br />

sido mais frequentes”, comenta<br />

ressaltando que dificilmente<br />

os canaviais paranaenses se<br />

recuperarão dos efeitos da estiagem<br />

até o início da colheita<br />

da próxima safra. “O desenvolvimento<br />

das lavouras está bastante<br />

atrasado, o que, além da<br />

redução de produtividade, também<br />

deve resultar no atraso da<br />

retomada da colheita. Provavelmente<br />

vamos começar a colher<br />

mais tarde que no ano passado,<br />

que já tinha sido mais<br />

tardio que nos anos anteriores”,<br />

afirma Tranin.<br />

Tecnicamente falando, considerando<br />

a recuperação dos canaviais,<br />

o presidente da Alcopar<br />

diz que o mais provável é<br />

que a retomada da safra só<br />

ocorra a partir de abril, quando<br />

se inicia a próxima safra, mas,<br />

diante de circunstâncias especiais<br />

e das condições de mercado,<br />

algumas usinas podem<br />

antecipar a colheita, mesmo os<br />

canaviais não estando em seu<br />

estágio ideal de desenvolvimento<br />

e maturação. O início de<br />

cada ciclo sempre ocorre a<br />

partir do dia 1 de abril. Entretanto,<br />

normalmente, as usinas<br />

do <strong>Paraná</strong> retomam a colheita<br />

mais cedo, em março e até<br />

mesmo em fevereiro, contabilizando<br />

como parte da safra do<br />

ano anterior toda a cana colhida<br />

neste período, até o dia 1<br />

de abril. Nos últimos anos, por<br />

conta das repetidas estiagens,<br />

entretanto, a colheita tem iniciado<br />

mais tarde e em <strong>2022</strong> isso<br />

tende a ocorrer novamente.<br />

“Graças a Deus que voltou a<br />

chover, favorecendo todas as<br />

culturas no Estado, mas isso<br />

não deverá impactar muito na<br />

próxima safra de cana. Melhora,<br />

mas as perdas já se caracterizaram<br />

e o desenvolvimento<br />

da lavoura está bastante<br />

atrasado”, ressalta Tranin, citando<br />

que a produção de canade-açúcar<br />

no ciclo <strong>2022</strong>/23<br />

deve ser semelhante a da safra<br />

que está sendo finalizada, assim<br />

como a produção de açúcar<br />

e de etanol. A renovação<br />

dos canaviais em 2021 também<br />

ficou bem abaixo da média,<br />

que é de 20% e a falta de<br />

chuva ainda dificultou as práticas<br />

de manejo agrícola, o que<br />

tende a afetar o resultado final<br />

da lavoura.<br />

Até meados de dezembro,<br />

quando iniciou o período de entressafra<br />

para as unidades produtoras<br />

do <strong>Paraná</strong>, a produção<br />

de cana, no acumulado da safra<br />

2021/22, foi menor do que a esperada:<br />

29,741 milhões de toneladas,<br />

redução de 10,7% se<br />

comparada com as 33,307 milhões<br />

de toneladas registradas<br />

no mesmo período do ano safra<br />

2020/21. A produção de açúcar<br />

até 15 de dezembro totalizou<br />

2,201 milhões de toneladas,<br />

14,4% a menos do que o volume<br />

produzido no mesmo período<br />

do ano passado (2,571<br />

milhões de toneladas) e a de<br />

etanol somou 1,067 bilhão de litros,<br />

9,7% a menos do que o<br />

produzido na mesma quinzena<br />

de 2020 (1,181 bilhão de litros),<br />

sendo 535,92 milhões de litros<br />

de anidro, 5,9% a mais do que<br />

no mesmo período da safra<br />

passada (505,86 milhões de litros)<br />

e 530,67 milhões de litros<br />

de hidratado, queda de 21,5%<br />

no comparativo (675,62 milhões<br />

de litros).<br />

As lavouras ainda estão sendo<br />

avaliadas e uma estimativa<br />

mais precisa para a safra<br />

<strong>2022</strong>/23 só deve ser feita nos<br />

próximos meses, mas Tranin<br />

acredita que os números devem<br />

ser semelhantes aos<br />

dessa safra.<br />

O que alivia o cenário, comenta<br />

Tranin, são as perspectivas favoráveis<br />

de mercado de açúcar,<br />

etanol e energia da biomassa,<br />

em um novo ciclo positivo de<br />

preços para o setor, com maior<br />

rentabilidade e redução do endividamento,<br />

com bons preços<br />

por pelo menos um período de<br />

três anos, considerando 2021<br />

o primeiro ano desse novo<br />

ciclo. “Devemos ter um déficit<br />

na produção mundial de açúcar,<br />

o consumo da commodity<br />

aumentou, os preços do petróleo<br />

estão em alta e o câmbio<br />

favorece, dando competitividade<br />

ao setor, mas é preciso<br />

atentar para a possibilidade de<br />

redução do poder de compra<br />

do etanol”, comenta o presidente<br />

da Alcopar.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 3


FLEX<br />

Cooperval aposta<br />

no etanol de milho<br />

De todas as usinas paranaenses, é a única que continua a<br />

produzir o combustível, mesmo no período de entressafra da cana<br />

Pioneira na produção<br />

de etanol de milho no<br />

<strong>Paraná</strong>, a Cooperval<br />

Cooperativa Agroindustrial<br />

Vale do Ivaí Ltda, com<br />

sede no município de Jandaia<br />

do Sul, possui, desde 2018,<br />

uma unidade flex para processamento<br />

de cana-de-açúcar e<br />

de milho, capaz de produzir<br />

açúcar, etanol e os subprodutos<br />

do milho - DDG (DriedDistillersGrains<br />

– Grãos Secos de<br />

Destilaria) e o WDG (WetDistillersGrains<br />

– Grãos Úmidos de<br />

Destilaria) - usados como ração<br />

na alimentação animal.<br />

Como conta com uma estrutura<br />

flex, a usina tem maior<br />

sustentabilidade do negócio<br />

podendo operar com cana e<br />

com milho, dependendo das<br />

condições de mercado e da<br />

oferta da matéria-prima. Com<br />

a estiagem severa na última<br />

safra de cana, a usina se<br />

adaptou e passou a produzir<br />

etanol a partir do milho.De<br />

todas as usinas paranaenses,<br />

esta é a única que continua a<br />

produzir o combustível, mesmo<br />

no período de entressafra<br />

da cana. Nas outras, os maquinários<br />

estão parados e o<br />

momento é de manutenção<br />

dos equipamentos.<br />

Em entrevista a G1, o presidente<br />

da usina, Fernando Fernandes<br />

Nardini, explicou que a<br />

possibilidade de continuar produzindo<br />

é por conta da estrutura<br />

montada em 2018. "Nós<br />

aproveitamos grande parte<br />

dos equipamentos que já tínhamos<br />

para processar o etanol<br />

de cana, para agora processar<br />

o etanol de milho. Então,<br />

é uma planta totalmente<br />

diferenciada, mas nem por isso<br />

ela é menos eficiente. Nós<br />

temos uma eficiência tão boa<br />

quanto nas unidades que são<br />

puras de milho e a gente consegue<br />

fazer os dois produtos,<br />

o álcool de cana e o álcool de<br />

milho", contou Nardini.<br />

Localizada numa região cercada<br />

de lavouras, a usina<br />

compra a matéria-prima de<br />

cooperados ou de produtores<br />

independentes. São grandes<br />

quantidades de milho recebidas<br />

todos os dias, num período<br />

em que não há cana de<br />

açúcar para ser moída.“Este<br />

ano a safra de cana foi muito<br />

curta, porque nós tivemos<br />

uma seca muito grande em<br />

2020 e uma geada forte, o que<br />

fez com que muitos canaviais<br />

diminuíssem. Então, têm unidades<br />

que já estão paradas<br />

desde setembro. E nós, com a<br />

nossa unidade de milho, embora<br />

a margem esteja sendo<br />

menor, estamos conseguindo<br />

operar pelo menos por mais<br />

quatro meses”, explicou Fernando.<br />

Dos silos, os grãos são levados<br />

para a usina. Então são<br />

moídos, recebem tratamento<br />

químico, passam por fermentação<br />

e destilação antes de<br />

virar etanol. A capacidade da<br />

usina permite moer até 600 toneladas<br />

de milho por dia e<br />

com cada tonelada do cereal é<br />

possível produzir 415 mil litros<br />

de etanol. Já com a cana de<br />

açúcar, a produção fica em<br />

torno dos 80-82 mil litros.<br />

Na produção com milho a necessidade<br />

de mão de obra é<br />

menor. Na moagem da cana,<br />

são necessários trezentos funcionários<br />

e na do milho são<br />

cerca de cem trabalhadores.<br />

Mesmo assim, a margem de<br />

lucro do etanol de milho é menor:<br />

no cereal, fica em torno<br />

de 7%, enquanto na cana é de<br />

40%. Grande parte disso se dá<br />

por conta da alta no preço da<br />

saca de milho.<br />

A estimativa da Companhia<br />

Nacional de Abastecimento é<br />

que a produção de etanol no<br />

Brasil na safra 2021/<strong>2022</strong><br />

4<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


chegue a 29,2 bilhões de litros.<br />

Desse total, mais de três<br />

bilhões e trezentos milhões de<br />

litros serão derivados do<br />

milho. Um aumento de 29,7%<br />

em relação ao período anterior,<br />

o que demonstra o interesse<br />

de outras usinas em utilizar o<br />

cereal para produzir combustível.<br />

De acordo com o Presidente<br />

da Associação de Produtores<br />

de Álcool e Açúcar do Estado<br />

do <strong>Paraná</strong>, Miguel Tranim,<br />

essa produção deve crescer<br />

também no Estado. “Eu já sei<br />

de pelos menos mais duas<br />

unidades industriais que estão<br />

em processo para produzir a<br />

partir do milho, com projeto<br />

em andamento para instalação<br />

futura. Assim como no<br />

Brasil, deve ser uma realidade<br />

muito breve. Se a gente pensar<br />

comparativamente, os Estados<br />

Unidos produzem muito<br />

mais etanol do que o Brasil e<br />

é todo de milho”, disse Tranim<br />

ao G1.<br />

Na última safra de cana, as<br />

usinas paranaenses reduziram<br />

o percentual de produção de<br />

açúcar e aumentaram o de<br />

etanol. Mesmo com a maior<br />

parte do açúcar sendo vendida<br />

para o exterior, a alta no preço<br />

do etanol no mercado interno<br />

foi fundamental para este<br />

efeito, já que as exportações<br />

do combustível foram 58%<br />

menores.<br />

O presidente da Alcopar afirmou<br />

que usinas têm atravessado<br />

uma crise nos últimos<br />

anos, agravada pela seca. Segundo<br />

ele, a produção de etanol<br />

de milho pode contribuir<br />

para a recuperação do setor.<br />

"Nós estamos olhando agora<br />

um cenário dos próximos três<br />

anos de bons preços e uma<br />

recuperação. E aí sim eu acho<br />

que é o momento de investir,<br />

junto com isso, no processamento<br />

do milho na entressafra<br />

ou algumas opções até para<br />

fazer durante o ano”, comentou.<br />

Durante o processo de fabricação<br />

do etanol, tanto de milho,<br />

quanto de cana-de-açúcar, é<br />

preciso muito calor, que é conseguido<br />

com a queima de biomassa.<br />

Em uma indústria<br />

híbrida como essa de Jandaia<br />

do Sul, isso não chega a ser<br />

problema: a montanha de bagaço<br />

de cana se transforma<br />

em combustível para a caldeira.<br />

"Com o bagaço da cana eu<br />

gero energia para fazer o processo<br />

de destilação do etanol<br />

de milho. Se nós não tivéssemos<br />

o bagaço da cana, eu<br />

teria que comprar biomassa.<br />

Com esse bagaço, se a gente<br />

conseguir otimizar bem o<br />

nosso consumo energético,<br />

nós teremos bagaço para operar<br />

mais uns quatro ou cinco<br />

meses sem precisar de biomassa<br />

externa”, disse Fernando<br />

Nardini.<br />

Já o que sobra do processamento<br />

do milho se torna WDG,<br />

uma espécie de farelo úmido,<br />

com alto teor de proteína, muito<br />

usado para a nutrição animal.<br />

Até o gás carbônico resultante<br />

do processo é reaproveitado,<br />

envasado e vendido para indústrias<br />

de refrigerante.<br />

O produtor rural Domingos<br />

Dias Perpétuo é um dos cooperados<br />

da usina de Jandaia<br />

do Sul. Desde a década de<br />

1960 ele fornece cana de açúcar<br />

para a indústria de etanol,<br />

mas agora fornece também o<br />

milho. “É mais uma opção,<br />

não tenha dúvida. Porque hoje<br />

a gente acompanha esses<br />

combustíveis fósseis e a tendência<br />

é acabar. Então, o Brasil<br />

tem que se preocupar<br />

realmente em produzir energia<br />

limpa. E o etanol de milho e<br />

cana de açúcar é o caminho”,<br />

comentou o produtor em entrevista<br />

ao G1.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

5


GERAL<br />

Cuide-se + Alimentação<br />

Saudável da Cooperval<br />

Programa leva às indústrias informações e consultorias sobre como uma dieta<br />

rica e nutritiva pode ser responsável pela produtividade dos trabalhadores<br />

Algumas atitudes<br />

simples podem ser<br />

responsáveis por<br />

mudanças muito<br />

saudáveis no estilo de vida<br />

das pessoas. Por isso, a<br />

Cooperval Cooperativa Agroindustrial<br />

Vale do Ivaí Ltda,<br />

com sede no município de<br />

Jandaia do Sul iniciou o ano<br />

de <strong>2022</strong> dando uma atenção<br />

especial à saúde dos trabalhadores<br />

da usina.<br />

Em parceria com o Sescoop<br />

(Serviço Nacional de Aprendizagem<br />

do Cooperativismo)<br />

e com o Sesi (Serviço Social<br />

da Indústria), a Cooperval estará<br />

realizando durante o primeiro<br />

semestre do ano a<br />

primeira turma do Programa<br />

Cuide-se + Alimentação<br />

Saudável, programa que leva<br />

às indústrias informações e<br />

consultorias sobre como<br />

uma dieta rica e nutritiva<br />

pode ser responsável pela<br />

produtividade dos trabalhadores.<br />

O objetivo do programa é realizar<br />

atendimento clínico nutricional<br />

individualizado a fim<br />

de desenvolver melhores hábitos<br />

alimentares entre os colaboradores<br />

e seus familiares.<br />

No dia 11 de janeiro foi<br />

realizada a primeira palestra<br />

do programa e também os<br />

primeiros atendimentos clínicos.<br />

Os participantes recebem<br />

acompanhamento nutricional<br />

por um período de seis meses.<br />

Nas consultas, a nutricionista<br />

verifica quais os<br />

relatos e principais queixas<br />

do colaborador. A partir<br />

dessa conversa, formula um<br />

cardápio alimentar compatível<br />

com as necessidades de<br />

cada um.<br />

O projeto funciona em oito<br />

eixos principais, desde a prevenção<br />

de acidentes do trabalho,<br />

até o incentivo à<br />

pratica de atividades físicas e<br />

educação alimentar, além de<br />

prevenção ao uso de álcool e<br />

outras drogas, prevenção ao<br />

câncer e às doenças crônicas,<br />

e preocupação com a<br />

saúde mental.<br />

Imersão em cooperativismo<br />

O ano começou cheio de<br />

aventura para os colaboradores<br />

da Cooperval Cooperativa<br />

Agroindustrial Vale do Ivaí<br />

Ltda, com sede no município<br />

de Jandaia do Sul.<br />

No dia 8 de janeiro, um grupo<br />

de funcionários participou do<br />

Intercoop - Imersão em Cooperativismo<br />

e viajou para<br />

Prudentópolis (PR), no ninho<br />

do corvo. A viagem foi uma<br />

premiação para os participantes<br />

de um torneio de futebol<br />

que aconteceu no final do<br />

ano de 2021.<br />

Durante a imersão, os funcionários<br />

realizaram atividades<br />

como rapel, tirolesa, entre<br />

outras, fortalecendo a união<br />

do grupo e o espírito de<br />

equipe.<br />

6<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


USTFERT<br />

Santa Terezinha<br />

produz fertilizante foliar<br />

Inovação garantirá maior produtividade, longevidade e eficiência<br />

agronômica aos canaviais. Fábrica foi instalada em Tapejara e<br />

atende a todas as unidades do grupo<br />

AUsina Santa Terezinha<br />

iniciou as atividades<br />

em sua nova<br />

fábrica de fertilizantes<br />

foliar. Com esse avanço<br />

tecnológico, passou a ter o<br />

domínio da produção de um<br />

composto com capacidade de<br />

garantir aos canaviais da<br />

usina longevidade e eficiência<br />

agronômica.<br />

O produto é um mix de macro<br />

e micronutrientes em solução<br />

líquida para aplicação nas folhas<br />

de cana-de-açúcar, com<br />

foco na correção ou complemento<br />

na nutrição da lavoura.<br />

Todo processo de planejamento<br />

foi conduzido pelo expertise<br />

do time Usina Santa<br />

Terezinha, que iniciou a implantação<br />

e validação da tecnologia<br />

ao longo de duas<br />

safras.<br />

Profissionais multidisciplinares<br />

da área agrícola, com o<br />

suporte técnico de profissionais<br />

contratados e professores<br />

universitários, desenvolveram<br />

o produto até chegar<br />

na fase de teste em campo,<br />

comprovando ser uma solução<br />

eficiente em nutrição.<br />

Nos laboratórios industriais<br />

próprios foram desenvolvidos<br />

produtos pilotos até chegar<br />

no padrão de qualidade e segurança<br />

ideal para aplicação<br />

nas lavouras de cana-deaçúcar.<br />

As fontes nutricionais e quantidades<br />

de insumos passaram<br />

por adequações até que fosse<br />

obtido um produto homogêneo<br />

que contivesse os nutrientes<br />

necessários para o<br />

desenvolvimento de diferentes<br />

variedades de cana-de-açúcar.<br />

Após as validações que asseguram<br />

a conformidade física<br />

e química do produto, a fábrica<br />

USTFert foi instalada em<br />

Tapejara, <strong>Paraná</strong>, dentro da<br />

maior unidade produtiva da<br />

Usina Santa Terezinha. A fábrica<br />

está em operação e<br />

conta com padrões de procedimentos<br />

operacionais alinhados<br />

a uma logística integrada<br />

que garante qualidade e velocidade<br />

da entrega do produto<br />

para todas as unidades do<br />

grupo.<br />

Nos canaviais, o produto é facilmente<br />

aplicado, mantendo<br />

a forma homogênea e equilibrada.<br />

Desde a chegada da<br />

matéria prima até a aplicação<br />

do produto, os processos<br />

atendem às determinações<br />

dos órgãos técnicos, viabilizando<br />

segurança e confiança<br />

ao manusear a solução monitorada<br />

para garantir qualidade<br />

técnica e excelência. Essa é<br />

mais uma inovação da Usina<br />

Santa Terezinha que garantirá<br />

maior produtividade agrícola<br />

aos canaviais, comenta a diretoria<br />

da usina.<br />

8<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


RANKING<br />

Santa Terezinha está entre<br />

as 100 maiores do agro<br />

Empresas listadas na edição de número 92 da Revista Forbes faturaram<br />

R$ 1,29 trilhão em 2020, crescimento de 24% na comparação com o ano anterior<br />

Com receita de R$<br />

1,91 bilhão, a Usina<br />

Santa Terezinha faz<br />

parte da lista das<br />

100 maiores empresas do<br />

agronegócio do Brasil em<br />

2021, publicada recentemente<br />

pela Revista Forbes, jogando<br />

luz sobre os players<br />

que têm mantido o Brasil no<br />

topo da pauta da alimentação<br />

da população mundial.<br />

A Lista Forbes Agro 100, publicada<br />

na edição 92 da revista,<br />

traz as maiores empresas<br />

de capital aberto no país<br />

e quem está por trás de algumas<br />

delas. Sua elaboração<br />

teve como base informações<br />

de demonstrativos financeiros<br />

das empresas, além de<br />

dados compilados pela agência<br />

Standard &Poor’s.<br />

Foram consideradas empresas<br />

(incluindo holdings e cooperativas)<br />

com faturamento<br />

no Brasil de pelo menos R$ 1<br />

bilhão em 2020. Quando indicado,<br />

o levantamento considerou<br />

o faturamento consolidado<br />

das holdings. Foram<br />

considerados também o tipo e<br />

o grau de atuação de cada<br />

companhia ou grupo no agronegócio<br />

brasileiro, mesmo<br />

nos casos em que a relação<br />

da atividade principal com o<br />

agronegócio seja indireta.<br />

Houve algumas mudanças na<br />

metodologia em relação à edição<br />

do ano passado. Empresas<br />

de etanol e demais biocombustíveis,<br />

por exemplo,<br />

formam o segmento Agroenergia.<br />

Fertilizantes e defensivos<br />

compõem o grupo Agroquímica.<br />

Apesar de 2020 ter sido um<br />

ano que desgastou a palavra<br />

“desafiador”, o agronegócio<br />

brasileiro saiu-se muito bem.<br />

O faturamento somado das<br />

100 empresas que constam<br />

na edição da Revista Forbes<br />

foi de R$ 1,29 trilhão, um<br />

crescimento de 24% frente ao<br />

R$ 1,04 trilhão de 2019. Apenas<br />

cinco companhias tiveram<br />

faturamento menor em 2020<br />

que no ano anterior, e houve<br />

casos em que a receita mais<br />

do que dobrou graças à alta<br />

dos preços das commodities<br />

no mercado internacional.<br />

Fundada no distrito de Iguatemi<br />

(Maringá), no norte do<br />

<strong>Paraná</strong>, no início da década de<br />

Morre uma das fundadoras<br />

1960, a Usina Santa Terezinha<br />

foi iniciada pelos irmãos da família<br />

Meneguetti. Com o fim<br />

do Proálcool em meados da<br />

década de 1980, o grupo<br />

aproveitou a crise do setor<br />

para crescer por meio de aquisições.<br />

O processo continuou<br />

nos anos seguintes e atualmente<br />

a empresa possui oito<br />

unidades, além de armazéns<br />

graneleiros para açúcar e<br />

grãos, um terminal de calcário,<br />

misturadora de adubos e<br />

tanques para estocagem de<br />

combustíveis. A empresa<br />

construiu um terminal rodoferroviário<br />

de fertilizantes em Paranaguá,<br />

que iniciou suas<br />

atividades em 2003. Em 2019<br />

a Santa Terezinha entrou em<br />

recuperação judicial.<br />

Faleceu no último dia 10 de<br />

fevereiro a empresária Therezinha<br />

Meneguetti Seghezzi, 92<br />

anos, uma das fundadoras da<br />

Usina Santa Terezinha e exprefeita<br />

de Paiçandu/PR, em<br />

decorrência de falência múltipla<br />

dos órgãos. O sepultamento<br />

foi no Cemitério Municipal<br />

de Maringá.<br />

Therezinha Meneguetti nasceu<br />

em Quatá, São Paulo, e se mudou<br />

com a família para Maringá<br />

na década de 1940, onde compraram<br />

terras e iniciaram o cultivo<br />

de café e cana-de-açúcar.<br />

No início dos anos 1960, Therezinha<br />

e seu marido Alberto, junto<br />

com os seus irmãos: Albino, Felizardo,<br />

Hélio, Irineu, José e Mauro<br />

Meneguetti, transformaram<br />

um pequeno engenho de aguardente<br />

localizado no distrito de<br />

Iguatemi/Maringá, na Usina Santa<br />

Terezinha.<br />

Hoje a usina, uma empresa de<br />

capital fechado, é um conglomerado<br />

com pelo menos 8 unidades<br />

produtivas divididas em<br />

três clusters, gerando mais de<br />

9 mil postos de trabalho em 12<br />

municípios, e mantendo-se<br />

como a maior empresa do segmento<br />

de açúcar e álcool da região<br />

sul do Brasil.<br />

“É uma perda inestimável”,<br />

afirma o presidente da Alcopar,<br />

Miguel Tranin, se solidariezando<br />

com a família em nome de todo<br />

o setor sucroenergético paranaense.<br />

Ele lembra os feitos, a<br />

forte atuação e a contribuição<br />

de Therezinha para o setor de<br />

bioenergia do Estado num período<br />

em que não era comum a<br />

presença de mulheres a frente<br />

do segmento e até mesmo das<br />

empresas em geral.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong> 9


DOIS<br />

PONTOS<br />

Milheto<br />

O milheto pode ser mais um<br />

aliado da indústria de biocombustíveis.<br />

Estudos analisados<br />

apontam um alto rendimento<br />

do grão na produção de etanol:<br />

uma tonelada do grão produz<br />

359 litros do biocombustível. A<br />

mesma quantidade de milho<br />

produz em torno de 366 litros.<br />

O milheto é um grão altamente<br />

adaptável a estresses hídricos,<br />

característica que garante boa<br />

produtividade em diferentes<br />

condições climáticas. A única<br />

condição climática pouco tolerada<br />

pelo milheto é o frio extremo.<br />

O processo de produção<br />

de etanol de milheto é<br />

semelhante ao do milho, com<br />

o uso das mesmas estruturas.<br />

O grão passa por um processo<br />

de moagem, fermentação,<br />

destilação e tratamento químico,<br />

dando origem ao etanol<br />

com a vantagem de que, pelo<br />

seu pequeno tamanho, precisa<br />

de menos energia para ser<br />

moído.<br />

Etanol<br />

O aumento da demanda por<br />

etanol por diversos setores<br />

pode fazer com que, apesar da<br />

produção expressiva, o Brasil<br />

tenha falta de oferta daqui a alguns<br />

anos, o que levaria à necessidade<br />

de construção de<br />

novas unidades produtoras,<br />

afirmou o CEO da Raízen, Ricardo<br />

Mussa. O executivo citou<br />

que boa parte da produção da<br />

companhia não é para fins carburantes,<br />

e sim para uso industrial.<br />

Com a onda verde, tem<br />

várias demandas de outros setores,<br />

como o farmacêutico e<br />

as indústrias de plásticos e químicos,<br />

que vão para o etanol.<br />

O Palácio do Planalto elaborou uma PEC<br />

(proposta de emenda à Constituição) que<br />

permite a redução de tributos sobre os combustíveis<br />

mais ampla do que o combinado<br />

com o ministro Paulo Guedes (Economia) .<br />

A proposta foi protocolada pelo deputado<br />

Christino Áureo (PP-RJ), que agora recolhe<br />

as 171 assinaturas necessárias para que<br />

possa tramitar na Casa. O texto proposto é<br />

mais amplo e alcança diesel, gasolina, etanol<br />

e gás de cozinha. Guedes defendia baixar<br />

tributo apenas ao diesel. A PEC diz que<br />

PEC<br />

União, estados e municípios poderão zerar<br />

ou reduzir parcialmente alíquotas de tributos<br />

que incidem sobre combustíveis e gás. Isso<br />

significa que o texto também permite que<br />

estados cortem o ICMS (Imposto sobre Circulação<br />

de Mercadorias e Serviços) sobre<br />

combustíveis. A proposta ainda permite o<br />

corte de tributos de "caráter extrafiscal", o<br />

que inclui IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados),<br />

IOF (Imposto sobre Operações<br />

Financeiras) e Cide (Contribuição de<br />

Intervenção no Domínio Econômico).<br />

Economia<br />

Integrantes da equipe de Guedes<br />

classificam a proposta<br />

como loucura, surreal e algo<br />

que pode pôr fogo na economia.<br />

O impacto pode chegar a<br />

R$ 54 bilhões para a União,<br />

segundo cálculos internos do<br />

governo. Com o corte nos impostos<br />

do diesel, por exemplo,<br />

o impacto seria de R$ 17<br />

bilhões. Para o time de Guedes,<br />

o texto induz à percepção<br />

de piora nas contas públicas,<br />

que, por sua vez, pode impulsionar<br />

as cotações de dólar e<br />

juros, dificultando a retomada<br />

Mais rico<br />

O DDGS (Grãos Secos de Destilaria<br />

com Solúveis) do milheto<br />

resultantes do processo de<br />

produção de etanol, direcionado<br />

para alimentação de animais,<br />

apresentou um valor<br />

proteico maior no comparativo<br />

com ao DDGS do milho. O índice<br />

de proteína no grão do milheto<br />

varia entre 10% e 14%,<br />

ante 6% e 8% no grão do milho.<br />

O teor de fósforo contido<br />

no DDGS do milheto é de<br />

0,92% por tonelada, contra<br />

0,84% se comparado ao milho.<br />

O fósforo ajuda na manutenção<br />

dos microrganismos do rúmen,<br />

na absorção dos carboidratos,<br />

no transporte de ácidos<br />

graxos, além de desempenhar<br />

papel importante na absorção<br />

e no metabolismo da energia.<br />

e acelerando a inflação e podendo<br />

piorar a situação econômica<br />

do país. Sem qualquer<br />

redução de tributos, o governo<br />

já prevê um rombo de<br />

R$ 79,3 bilhões neste ano. O<br />

país acumula sucessivos déficits<br />

desde 2014.<br />

10<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>


O Fundo Monetário Internacional<br />

(FMI) derrubou suas previsões<br />

de crescimento do PIB brasileiro<br />

em <strong>2022</strong> de 1,5% para 0,3%.<br />

No documento, o órgão também<br />

reduz sua expectativa para<br />

o país em 2023: agora, prevê<br />

que o Brasil crescerá 1,6% no<br />

próximo ano, contra 2% da estimativa<br />

anterior. Dentre 15<br />

grandes economias que tiveram<br />

as métricas revistas (entre as<br />

A transição para a energia<br />

limpa, necessária para evitar<br />

que a temperatura suba rapidamente,<br />

pode reduzir em 2% o<br />

PIB global até 2050, mas pode<br />

ser recuperável antes do final<br />

do século, disse um relatório da<br />

consultoria de recursos naturais<br />

Wood Mackenzie. Embora os<br />

investimentos em tecnologias<br />

como parques solares, eólicos<br />

e baterias avançadas gerem<br />

Biodiesel<br />

FMI<br />

Transição<br />

A decisão do Conselho Nacional<br />

de Política Energética de<br />

manter o teor de biodiesel no<br />

diesel fóssil em 10% (B10) em<br />

<strong>2022</strong> representa um duro golpe<br />

aos fabricantes do biocombustível.<br />

O cálculo do setor é que a<br />

ociosidade das usinas pode<br />

chegar a 50% da capacidade<br />

instalada, o que implicará postergação<br />

de investimentos e<br />

riscos de fechamento de empresas<br />

e de postos de trabalho.<br />

O País possui hoje uma capacidade<br />

instalada de 11,7 bilhões<br />

de litros de biodiesel e<br />

neste ano a produção deverá<br />

ficar em torno de 6 bilhões de<br />

litros. O setor do biodiesel deveria<br />

ter entrado <strong>2022</strong> com o<br />

B13 e em março atingir o B14.<br />

Os impactos não serão sentidos<br />

apenas pelo segmento de<br />

biodiesel, mas também na agricultura<br />

familiar. Só no Rio<br />

Grande do Sul, são 50 mil famílias<br />

envolvidas . Outra consequência<br />

é a menor oferta de<br />

farelo para a produção de ração<br />

animal: 7 milhões de toneladas,<br />

com reflex0s nas cadeias de<br />

aves e suínos.<br />

quais, China, EUA, México,<br />

África do Sul e Índia), o Brasil<br />

sofreu o pior tombo e foi o único<br />

a ficar abaixo da taxa de 1%. A<br />

economia mundial crescerá<br />

4,4% - 0,5 ponto percentual a<br />

menos do que a previsão de outubro.<br />

A redução foi puxada por<br />

queda na expectativa de crescimento<br />

das duas maiores forças<br />

econômicas do mundo - EUA e<br />

China.<br />

empregos, a transição deve<br />

causar perda de empregos e receitas<br />

fiscais na produção de<br />

combustíveis fósseis. Os benefícios<br />

de limitar o aumento da<br />

temperatura a 1,5 graus Celsius,<br />

exigido pelas Nações Unidas,<br />

podem elevar o PIB global<br />

em 1,6% em 2050. Mas as<br />

ações necessárias à transição<br />

podem cortar 3,6% do PIB em<br />

2050, um impacto de 2%.<br />

O Centro de Pesquisa para Inovação<br />

em Gases de Efeito Estufa<br />

quer produzir hidrogênio<br />

verde (H2V) a partir da vinhaça<br />

de cana, que é um resíduo poluente<br />

gerado pela produção do<br />

etanol. Estima-se que a cada<br />

Em linha com as demandas globais<br />

e nacionais de descarbonização,<br />

a Bunker One, líder<br />

mundial no fornecimento de<br />

combustíveis e lubrificantes<br />

para navegação, está investindo<br />

no desenvolvimento de uma<br />

A China sentirá 27% do impacto<br />

econômico acumulado<br />

de 75 trilhões de dólares<br />

no PIB global até 2050,<br />

seguida por Estados Unidos,<br />

12%, Europa, 11% e Índia,<br />

7%. Economias ricas com<br />

litro de etanol são produzidos<br />

10 litros de vinhaça. A vinhaça<br />

tem 95% de água em sua composição.<br />

A ideia é que seja possível<br />

quebrar as moléculas de<br />

água para gerar oxigênio e hidrogênio<br />

verde, que pode ser<br />

Transporte marítimo<br />

Calor<br />

Vinhaça<br />

nova categoria de combustível<br />

marítimo no Brasil. A empresa<br />

firmou uma parceria com a Universidade<br />

Federal do Rio Grande<br />

do Norte para estudar a viabilidade<br />

da adição de 7% de biodiesel<br />

ao óleo diesel marítimo. A<br />

O ano de 2021 foi o quinto<br />

mais quente já registrado, pois<br />

os níveis dos gases-estufa dióxido<br />

de carbono (CO 2 ) e metano<br />

na atmosfera atingiram<br />

novos picos. O Serviço de Mudança<br />

Climática Copérnico da<br />

União Europeia disse que os últimos<br />

sete anos foram os mais<br />

quentes do mundo, em registros<br />

que remontam a 1850, e a<br />

temperatura média global em<br />

2021 foi de 1,1 a 1,2°C acima<br />

dos níveis de 1850 a 1900. Os<br />

anos mais quentes já registrados<br />

foram 2016 e 2020.<br />

Impacto<br />

mercados de capitais profundos<br />

que já possuem<br />

grandes investimentos em<br />

tecnologias de transição<br />

energética, ou uma propensão<br />

a investir em novas tecnologias,<br />

estarão melhor<br />

utilizado na produção da amônia<br />

que entra na composição de<br />

fertilizantes, e pode alimentar os<br />

veículos com motor de célula a<br />

combustível. Já o oxigênio puro<br />

poderia ser utilizado para a<br />

combustão do bagaço da cana.<br />

expectativa é que em até oito<br />

meses sejam apresentados resultados<br />

que confirmem essa<br />

viabilidade e que possam contribuir<br />

para a criação de uma política<br />

pública sustentável para a<br />

indústria de navegação.<br />

posicionadas. Os benefícios<br />

econômicos da transição<br />

energética devem começar a<br />

aparecer depois de 2035 e a<br />

produção econômica perdida<br />

seria recuperada antes<br />

do final do século.<br />

<strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong><br />

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