CONVERSAS COM SABoR&Entrevista António Barroso Cruzgentilmente cedidas pelos entrevistadosAgradecimentos Hotel Meliã Mare Madeira e A TulipamafaldasérgioImagine-se um casal que tem a autenticidadee a doçura de tom e o sorriso sempre a postos.Um casal com um percurso profissionalque pede meças aos melhores.Um casal com mundo, com valores, com princípios.Um casal que tenta harmonizar e equilibraruma vida pessoal de prole alargada com uma realidadeprofissional exigente.Imagine-se um casal com projectos (quem os nãotem?), que está de bem com a vida, que se vestede simplicidade e alegria, seja com os panosda empatia seja com o sossego dos genuínos.Um casal bonito, repleto e tranquilo, que alimentasonhos que vão para além deles.A Mafalda e o Sérgio são a essência desse tipode casal, que se foi dando a conhecer em maisuma enriquecedora conversa com sabor no espaçodo Meliã Mare.22 saber outubro 2022
A.B.C.: Sérgio, vamos ter uma conversasincera e aberta ou antes uma conversapoliticamente correcta?S.: Eu costumo ter conversas sinceras e abertas.O politicamente correcto faz parte, masnaturalmente acho que devemos ser verdadeirosnaquilo que dizemos, sobretudo seandamos na política.Comecemos por aquilo que é quase inevitável,ou seja, a política. O que é que te fezavançar? Ou foste empurrado?S.: Numa determinada altura da minha carreiratinha passado por determinadas funçõesrelacionadas com o turismo, com ostransportes, a experiência no Aeroporto daMadeira, as duas passagens pela Associaçãode Promoção da Madeira, também pela ACIF(com o pelouro do Turismo), com funçõestambém no transporte marítimo e na gestãohoteleira, e toda essa experiência sempreme levou a achar que conseguimos fazermelhor e conseguimos fazer mais com osrecursos que tínhamos à nossa disposição– posições que assumia publicamente nasvárias funções que tive ao longo desse percurso.A determinado momento foi-me lançadoum desafio por parte do Dr. Paulo Cafôfopara um projecto que me entusiasmou eque tinha o mérito de reunir várias pessoase que era os Estados Gerais, projeto esse queestou a recuperar em ligação com a sociedadecivil, com várias áreas de especializaçãoe onde estavam identificadas várias pessoasque tinham essa vontade de fazer maispela Madeira, mais pela sua terra e, de algumaforma, melhorar aquilo que era o estadoactual das coisas. Na altura fui desafiadopara a coordenação de Economia, Transportese Turismo, que eram as minhas áreas deespecialidade, e achei que era o momento deretribuir o que tinha então conseguido como meu trabalho, retribuir um pouco à Regiãoaquilo que eu tinha tido a oportunidade dereceber e poder dar assim o meu contributopara melhorar a Região.E porquê o Partido Socialista? Isso poderiater acontecido num Bloco de Esquerdo ounum PSD, por exemplo...S.: Poderia eventualmente ter acontecido. Oprojecto com o qual me identifiquei foi comeste do Paulo Cafôfo, o projecto do PartidoSocialista, os valores e a matriz identitáriado partido, e não é de estranhar que, temposdepois de ter sido eleito deputado, menosde dois meses depois, assumi a militância noPartido Socialista e, portanto, perfeitamenteidentificado com os valores e com aquilo queo partido defende.O que é que a Região pode esperar de umSérgio Gonçalves que outros líderes anterioresdo PS-M ainda não conseguiramtransmitir ou fazer vingar?S.: Todas as lideranças têm a ver com aquiloque são as características pessoais de cadaum. Sou naturalmente diferente do PauloCafôfo ou dos outros presidentes do partidoque me antecederam. Temos em comuma vontade de mudar politicamente a Madeira.Achamos que a alternância democráticaé positiva e é benéfico para o futuro daRegião. Aquilo que eu proponho é trabalho,é um processo que passe por identificaros reais problemas da região, apresentarsoluções às pessoas, soluções concretase exequíveis para debelarmos ou mitigarmosesses problemas e assumir essas soluçõescomo compromissos para com a população.E, portanto, é desta identificação de problemas,apresentação de soluções e assumircompromissos que julgo que está o segredoda mudança da Madeira. É preciso transmitirestas nossas ideias, estes nossos projetosao maior número de pessoas, é preciso queo programa eleitoral que vamos apresentarseja sufragado por maioria dos eleitores daMadeira e do Porto Santo. É isso que nos propomosfazer de forma séria, de forma coerentee, sobretudo, credível. Aliás se há coisaque gostaria que me acontecesse um dia aosair da política, é conseguir manter a mesmacredibilidade com que entrei.Alguma preparação física ou mental paraaquilo que é o novo Sérgio Gonçalvesenquanto representante de um partidopolítico, com toda a carga que tal representa?Fazes algum tipo de prática, digamosassim?S.: Eu sempre fui uma pessoa de trabalhoe este projecto político é mais um projetocomo os anteriores a que estive ligado profissionalmente.Sim, é exigente como outrosprojectos no passado que também foramexigentes. Aquilo que tento fazer, sempreque tenho disponibilidade, é descansar. Emtermos de viagens sou mais regrado do queera no passado, confesso que passo maistempo na Madeira, mas temos sempre muitassolicitações, temos muitos eventos, políticose não só, há algum desgaste da função,não só decorrente desta permanente exposiçãoque temos na política e que acaba porser o mais difícil de gerir a nível pessoal e anível familiar. Mas tento na medida do possíveldescansar, fazer algum exercício físicoporque ajuda a libertar algum stress. Tenhotentado, de alguma forma, manter-me capaze disponível para o grande desafio que tenhopela frente.Mafalda, és militante socialista ou a tuaideologia é outra?S.: Diz a verdade...M.: Tenho mesmo de responder? Nuncative essa coisa da militância política. A políticanunca se sentou à mesa lá em casa. Estásentada agora, mas concordo com o que oSérgio acredita porque ele é a pessoa maishonesta que conheço.O que é que no perfil do Sérgio lhe poderátrazer mais votos?M.: O sorriso, o sentido de humor...A.B.C.: (o Paulo Cafôfo tinha também o sorriso...)M.: É a seriedade e é querer a mudança. Nãohá mudança na Madeira há tantos anos e eleestá capaz de provocar essa mudança.Alguma medida de protecção/defesa emrelação aos filhos desde a exposição públicae mediática do Sérgio?M.: Sim. Desde que ele entrou neste novoprojecto, uma coisa que fez desde o início foiproteger a parte familiar [mulher e filhos].S.: Uma regra foi expor a família ao mínimo,por uma questão de privacidade e de respeitopor aquilo que é o núcleo duro familiar. Asminhas opções profissionais e políticas nãotêm que influenciar aquilo que é a nossa vidafamiliar. Naturalmente que influencia sempre,porque estamos em exposição permanente,mas o que tento fazer é protegê-los aomáximo – esse foi sempre o meu objectivo.Em casa, és mais pai ou és mais amigo?S.: Gosto de pensar que sou mais amigo eacho que as crianças me vêem como tal.Quem faz mais o papel parental é a Mafaldae eu sou mais aquele amigo que tenta aconselhar,que não castiga e que tenta levá-los abem, e quando é preciso mais alguma coisa,a mãe entra em acção.Assumida uma posição política publicamente,já houve pessoas que mudaramde passeio para não te cumprimentarem?S.: Não diria mudar de passeio. Acho que éuma coisa que acontece naturalmente navida. Há sempre pessoas que se aproximammais e outras que se afastam sempre queassumimos determinada posição ou opinião,mesmo na vida profissional. É coisa que nãome preocupa. Aquilo que valorizo mais sãoas amizades genuínas. São aquelas pessoasque, independentemente daquilo que faça-saber outubro 202223