Jornal Cocamar Maio 2023

poucos os cafezais pela redondeza,
Diogo acabou comprando
uma pensão, Primavera, de trinta
e poucos quartos, em uma das
esquinas onde hoje é o cruzamento
das ruas Piratininga e Joubert
de Carvalho.
DESCAMPADO - Segundo Sabas,
àquela época o comércio e a
própria vida do lugar ainda se
concentravam no Maringá Velho
– o bairro pioneiro da cidade –
enquanto no Maringá Novo, cujo
planejamento urbano estava
desenhado, as casas podiam ser
contadas em meio a um descampado.
SÍTIO - Como a pensão ficava
muito afastada e o movimento não
era tão grande, Diogo e Gabriela
ganharam dinheiro no Maringá
Velho servindo freguesia com um
carrinho de garapa puxado por um
cavalo. Para chegar lá, era preciso
vencer o subidão margeado pela
mata fechada em ambos os lados
(trecho que hoje compreende a ligação
entre as praças do Posto
Maluf e o Peladão). Com o tempo,
sempre incentivado pelos amigos
Joaquim Fontes e Martos Perez,
Diogo comprou o primeiro sítio de
café em Terra Boa e não tardou a
adquirir o segundo em Santo Antônio
do Caiuá.
Antônio Martos Peres e Joaquim Romero Fuentes
Saiu do papel
Assim, quando em 1963 ele foi
praticamente convocado pelos
amigos a participar da fundação
da cooperativa, da qual se tornaria
o cooperado de número 22,
Diogo encontrou na reunião
outro espanhol de sua convivência,
Juan Saldaña Garcia. Com 46
fundadores, vários deles de outras
nacionalidades, mas sob a
firmeza e a animação dos espanhóis,
a Cocamar seguiu em
frente, sempre apoiada principalmente
por Fontes, que fez generosa
subscrição de capital e
emprestou sua máquina de café
para que a cooperativa tivesse a
sua primeira sede, na rua Caramuru.
FUNDADORES - Sabas diz ter
conhecido muitos daquele grupo
fundador, todos proprietários
de sítios de café, a começar por
Odwaldo Bueno Netto, dono de
cinema e de companhia de taxi
aéreo; Edmundo Pereira Canto,
advogado de grande conceito na
cidade; Domingos Salgueiro, o
médico Ivaldo Borges Horta e o
empreendedor Hélio Moreira,
construtor de edifícios.
Primeira máquina de café
CURIOSIDADE - Uma curiosidade,
segundo ele, é que o bairro
rural conhecido como Santo
Maneta, em Maringá, tem seu
nome originado da família do
cooperado Antônio Manetti; Ermelindo
Bolfer está ligado à história
da cidade, assim como o
folclórico Waldemar Gomes da
Cunha, o Waldemar Barbudo.
Josué Moraes foi gerente do
Banco Itaú; Orélio Moreschi é de
família numerosa e tradicional,
assim como Anatalino Boeira e
Mário Pedretti Tilio.
QUEM ERAM - Ricarte Oliveiro
de Freitas foi professor de economia
no Ginásio Estadual Dr.
Gastão Vidigal; Aloysio Gomes
Carneiro integrou a primeira diretoria
da cooperativa e era piloto
de avião; Ney Infante Vieira
fez seu nome como cafeicultor,
ao passo que Divino Bortolotto
está eternizado como inventor
– é o autor dos semáforos de
ciclo visual que se disseminaram
pelo Brasil. “Os demais eu
conhecia só de ouvir falar”, completa
Sabas.
Juan Saldaña Garcia
A História da Cocamar continua nas próximas edições
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