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Revista Dr Plinio 305

Agosto de 2023

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G. Beys (CC3.0)<br />

Morte de Pio VI - Biblioteca Nacional de Portugal<br />

uma Missa na Basílica de São Pedro,<br />

na qual declarou por opinião pessoal,<br />

ou seja, sem fazer uso da infalibilidade<br />

papal, que os monarcas morreram<br />

mártires. Porque se eles tivessem<br />

concordado com a separação<br />

entre a Igreja e o Estado, simplesmente<br />

por isso, não teriam sido mortos.<br />

E eles sabiam disso. Há, portanto,<br />

aspectos luminosos e deploráveis<br />

que se misturam.<br />

O próprio Pio VI teve uma morte<br />

digníssima. Entretanto, Ludwing<br />

von Pastor 13 – tido por muitos como<br />

o melhor historiador do papado<br />

–, conta que Pio VI era um homem<br />

muito vaidoso, pois passava um certo<br />

número de horas por dia com as<br />

mãos metidas em um recipiente com<br />

leite de amêndoas, porque se acreditava<br />

naquele tempo que isso tornava<br />

a pele mais branca. E como ele tinha<br />

as mãos muito bonitas, queria que<br />

estas aparecessem muito alvas ao entrar<br />

na Basílica de São Pedro sendo<br />

carregado na sede gestatória dando<br />

bênçãos.<br />

Para um homem qualquer é algo<br />

inconcebível pensar se as mãos<br />

são bonitas ou feias. E para um Papa<br />

é inadmissível! Ele fez isso. E teve<br />

fraquezas diante da Revolução,<br />

inegáveis.<br />

Contudo, a partir de certo momento,<br />

começou a resistir, razão pela<br />

qual foi levado preso até a França<br />

pela Revolução. Chegando lá, estava<br />

tão doente que parou, porque<br />

não aguentava mais viajar tantas horas<br />

de carruagem desde Roma. E o<br />

“povo” – de fato, era um bando de<br />

sacripantas acumulado pela polícia<br />

– agrupou-se diante da casa onde<br />

o Pontífice residia e pediu-lhe para<br />

aparecer. Ele saiu da cama, vestiu-se<br />

com a indumentária própria a<br />

um Papa, chegou ao terraço do quarto<br />

e o “povo”, vaiando, disse: “Ecce<br />

homo” 14 . Pouco depois morreu. Isso<br />

demonstra uma grande dignidade.<br />

Esses personagens são muito complexos.<br />

Quando se quer fazer um juízo<br />

pessoal, é mais complexo julgá-los<br />

do que parece à primeira vista. v<br />

(Extraído de conferência de<br />

19/7/1989)<br />

1) Cf. <strong>Revista</strong> <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> n. 304, p. 16-21.<br />

2) Marie Adélaïde Clotilde Xavière<br />

(*1759 - †1802).<br />

3) Carlo Emanuele IV (*1751 - †1819).<br />

4) Élisabeth Philippe Marie Hélène de<br />

France (*1764 - †1794).<br />

5) Louise Adélaïde de Bourbón-Condé<br />

(*1757 - †1824).<br />

6) Louise Condé fundou a Abadia de<br />

Saint-Louis du Temple, fazendo parte<br />

da ordem dos Beneditinos da<br />

Adoração Perpétua do Santíssimo<br />

Sacramento, uma congregação fundada<br />

por Mechtild do Santíssimo Sacramento.<br />

7) François Noël Babeuf (*1760 -<br />

†1797), jornalista que participou da<br />

Revolução Francesa, conhecido pelo<br />

nome de Gracchus Babeuf.<br />

8) Charles-Eugène de Lorraine (*1751<br />

- †1825).<br />

9) Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord<br />

(*1754 - †1838).<br />

10) Do francês: atordoado.<br />

11) Cahiers de Doléances são registros<br />

nos quais a assembleia de cada região<br />

da França anotava as petições e as<br />

queixas da população.<br />

12) Jacques Necker (*1732 - †1804). Foi<br />

em três ocasiões encarregado pelo rei<br />

Luís XVI da economia da monarquia<br />

francesa.<br />

13) Ludwig von Pastor (*1854 - †1928).<br />

Historiador alemão e diplomata para<br />

a Áustria.<br />

14) Do latim: eis o homem.<br />

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