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G. Beys (CC3.0)<br />
Morte de Pio VI - Biblioteca Nacional de Portugal<br />
uma Missa na Basílica de São Pedro,<br />
na qual declarou por opinião pessoal,<br />
ou seja, sem fazer uso da infalibilidade<br />
papal, que os monarcas morreram<br />
mártires. Porque se eles tivessem<br />
concordado com a separação<br />
entre a Igreja e o Estado, simplesmente<br />
por isso, não teriam sido mortos.<br />
E eles sabiam disso. Há, portanto,<br />
aspectos luminosos e deploráveis<br />
que se misturam.<br />
O próprio Pio VI teve uma morte<br />
digníssima. Entretanto, Ludwing<br />
von Pastor 13 – tido por muitos como<br />
o melhor historiador do papado<br />
–, conta que Pio VI era um homem<br />
muito vaidoso, pois passava um certo<br />
número de horas por dia com as<br />
mãos metidas em um recipiente com<br />
leite de amêndoas, porque se acreditava<br />
naquele tempo que isso tornava<br />
a pele mais branca. E como ele tinha<br />
as mãos muito bonitas, queria que<br />
estas aparecessem muito alvas ao entrar<br />
na Basílica de São Pedro sendo<br />
carregado na sede gestatória dando<br />
bênçãos.<br />
Para um homem qualquer é algo<br />
inconcebível pensar se as mãos<br />
são bonitas ou feias. E para um Papa<br />
é inadmissível! Ele fez isso. E teve<br />
fraquezas diante da Revolução,<br />
inegáveis.<br />
Contudo, a partir de certo momento,<br />
começou a resistir, razão pela<br />
qual foi levado preso até a França<br />
pela Revolução. Chegando lá, estava<br />
tão doente que parou, porque<br />
não aguentava mais viajar tantas horas<br />
de carruagem desde Roma. E o<br />
“povo” – de fato, era um bando de<br />
sacripantas acumulado pela polícia<br />
– agrupou-se diante da casa onde<br />
o Pontífice residia e pediu-lhe para<br />
aparecer. Ele saiu da cama, vestiu-se<br />
com a indumentária própria a<br />
um Papa, chegou ao terraço do quarto<br />
e o “povo”, vaiando, disse: “Ecce<br />
homo” 14 . Pouco depois morreu. Isso<br />
demonstra uma grande dignidade.<br />
Esses personagens são muito complexos.<br />
Quando se quer fazer um juízo<br />
pessoal, é mais complexo julgá-los<br />
do que parece à primeira vista. v<br />
(Extraído de conferência de<br />
19/7/1989)<br />
1) Cf. <strong>Revista</strong> <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong> n. 304, p. 16-21.<br />
2) Marie Adélaïde Clotilde Xavière<br />
(*1759 - †1802).<br />
3) Carlo Emanuele IV (*1751 - †1819).<br />
4) Élisabeth Philippe Marie Hélène de<br />
France (*1764 - †1794).<br />
5) Louise Adélaïde de Bourbón-Condé<br />
(*1757 - †1824).<br />
6) Louise Condé fundou a Abadia de<br />
Saint-Louis du Temple, fazendo parte<br />
da ordem dos Beneditinos da<br />
Adoração Perpétua do Santíssimo<br />
Sacramento, uma congregação fundada<br />
por Mechtild do Santíssimo Sacramento.<br />
7) François Noël Babeuf (*1760 -<br />
†1797), jornalista que participou da<br />
Revolução Francesa, conhecido pelo<br />
nome de Gracchus Babeuf.<br />
8) Charles-Eugène de Lorraine (*1751<br />
- †1825).<br />
9) Charles-Maurice de Talleyrand-Périgord<br />
(*1754 - †1838).<br />
10) Do francês: atordoado.<br />
11) Cahiers de Doléances são registros<br />
nos quais a assembleia de cada região<br />
da França anotava as petições e as<br />
queixas da população.<br />
12) Jacques Necker (*1732 - †1804). Foi<br />
em três ocasiões encarregado pelo rei<br />
Luís XVI da economia da monarquia<br />
francesa.<br />
13) Ludwig von Pastor (*1854 - †1928).<br />
Historiador alemão e diplomata para<br />
a Áustria.<br />
14) Do latim: eis o homem.<br />
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