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nem sequer as mulheres se enfeitam<br />
hoje.<br />
Terceira objeção: Se não são varonis,<br />
não podem ser bons soldados.<br />
Esses bonecos representam os<br />
homens que eram assim: serviam<br />
para dançar minueto, mas não para<br />
combater; eram pelintras.<br />
Hoje em dia, se um homem colocar<br />
essas botinhas finíssimas, esse<br />
chapeuzinho na cabeça, vestir esse<br />
paletó de grande qualidade, ornar<br />
o seu tambor, tocar a cornetinha<br />
desse jeito, fica um pelintra. Esse<br />
não pode ser um batalhador.<br />
Mais uma objeção: Infeliz povo<br />
que precisava pagar tanto dinheiro<br />
para oficiais inúteis e para um<br />
exército com esses homens ricos<br />
vestidos assim, os quais, na quase<br />
totalidade, eram nobres. Isso se fazia para enfeitar a nobreza,<br />
enquanto ao pobre povo faltava o pão. E nós não<br />
podemos permitir isso.<br />
Respeito pela carreira militar<br />
em tempo de paz<br />
O que a História descreve a respeito deles? Os guerreiros<br />
desse tempo eram de uma coragem prodigiosa.<br />
Soldados franceses, ingleses, alemães, espanhóis<br />
e de outras nações avançavam uns sobre os outros<br />
com uma intrepidez que deixam as pessoas<br />
até hoje assombradas. Batalhavam dispostos a<br />
morrer.<br />
Não se usava trincheira no tempo em que a arma<br />
branca era muito empregada. Ela começou a<br />
ser utilizada com o uso corrente da arma de fogo.<br />
É conhecido o modo de um oficial francês, do<br />
tempo de Luís XV, chamar a atenção dos soldados<br />
que iam combater: “Messieurs 3 – chamar um soldado<br />
de monsieur mostra o abismo de diferença<br />
com o tratamento que hoje se empregaria ‘ó macacada’<br />
– Messieurs, prendam bem o chapéu na cabeça!<br />
Nós vamos ter a honra de dar uma carga de cavalaria!”<br />
E eles, com mosquetão ou espada, se lançavam<br />
contra os inimigos. Havia a carnificina: rolavam<br />
pelo chão, ficavam amputados, cegos, doentes<br />
para a vida inteira, ou morriam.<br />
Eles lutavam assim porque realça a grande<br />
nobreza que há em dar a vida pela pátria. Estimula<br />
o heroísmo proporcionando ao indivíduo<br />
a sensação e a vivência de como é glorioso caminhar<br />
para a morte. Dessa forma ele sente muito mais a<br />
glória da guerra do que um soldado camuflado.<br />
Isso dá ao indivíduo a consciência da importância da<br />
morte e, portanto, faz com que esteja em condições de<br />
enfrentá-la com galhardia.<br />
Mas isso não é só para a hora da batalha. Um dos critérios<br />
– não o único – para medir o valor de um povo é analisar<br />
o respeito que ele tem pela carreira militar quando<br />
está em tempo de paz. As nações que respeitam muito a<br />
Raymond Desvarreux-Larpenteur (CC3.0)<br />
David, Gustave de Noirmont (CC3.0)<br />
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