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Horace Vernet (CC3.0)<br />
universitário e de juiz davam lugar a vestes<br />
magníficas, de grande solenidade.<br />
Quando um rapaz do interior colava grau,<br />
tinha o direito de percorrer sua cidade com o<br />
traje de doutor, montado num cavalo que um<br />
outro puxava pela rédea, proclamando seu<br />
nome e em que profissão se tornara doutor. E<br />
o pessoal batia palmas. Quer dizer, tratava-<br />
-se de uma época em que tudo era mais solenizado<br />
porque tinha um alto espírito.<br />
Mais ainda: toda carreira é suscetível de<br />
deformações. Por exemplo, o advogado na<br />
sua banca se encontra com certa frequência<br />
diante das situações mais dramáticas.<br />
Se ele permanece muito tempo na carreira,<br />
corre o risco de se endurecer e até embrutecer<br />
face ao sofrimento dos outros. Coisa<br />
análoga pode acontecer com o médico. Assistir<br />
à morte das pessoas com toda a naturalidade,<br />
indiferença, torna-o um indivíduo<br />
duro.<br />
A carreira militar pode fazer com que o<br />
homem fique com um senso de extermínio<br />
baixo e duro. Então, é preciso rodeá-lo de aparências delicadas,<br />
a fim de que não seja um carniceiro pago, mas<br />
um cavaleiro.<br />
Elegância do cavaleiro<br />
Considerem os adornos dessas duas obras-primas.<br />
Um cavaleiro está vestido de vermelho e sentado sobre<br />
uma espécie de selim rubro e dourado, todo bordado<br />
e de qualidade excelente. Observem o seu porte ereto,<br />
a altivez com que segura a corneta também ela adornada<br />
por um lindo pano que tremula ao vento. O chapéu<br />
é preto e bastante sério, como convém ao homem, e compensa<br />
o que a roupa tem de muito leve. Entretanto, o negrume<br />
do chapéu é contrabalançado por uma penugem<br />
branca que esvoaça ao vento. Notem a harmonia entre a<br />
cor do chapéu e a da bota.<br />
Tem-se a impressão de que o cavalo<br />
aprendeu a elegância com o cavaleiro.<br />
O mesmo se poderia dizer do outro<br />
cavaleiro vestido de verde. Apenas<br />
chamo a atenção para o fato de que<br />
o tambor facilmente poderia causar a<br />
impressão de uma coisa maçuda. Revestido<br />
desse tecido fica uma beleza!<br />
Enquanto avança, o cavaleiro repica,<br />
majestoso, o tambor: “bumba, bumba...”<br />
É a alegria de viver. v<br />
(Extraído de conferência de<br />
12/5/1984)<br />
Rama (CC3.0)<br />
1) João Scognamiglio Clá Dias, secretário<br />
de <strong>Dr</strong>. <strong>Plinio</strong>.<br />
2) Luís XV (*1710 - †1774), Rei da França.<br />
3) Do francês: senhores.<br />
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