Cultura de Bancada, 19º Número
Cultura de Bancada, 19º número, lançado a 12 de outubro de 2023
Cultura de Bancada, 19º número, lançado a 12 de outubro de 2023
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
À CONVERSA COM
NUNO ULTRA
28
Sabemos que o Nuno é um nome conhecido
entre colecionadores de várias partes do
mundo, incluindo Portugal, mas, tirando isso,
quem é o Nuno?
Antes de mais obrigado pelo convite.
Relativamente à pergunta, sou uma pessoa
normal. Pai de família, muito protetor no que
toca aos meus; sou um bom amigo, levo as
grandes e boas amizades como se fossem
da minha família e dificilmente perdoo
uma traição. Fora disso, sou uma pessoa
normalíssima no meu dia-a-dia.
Como entrou no mundo Ultra?
Acho que o mundo Ultra nasceu comigo.
Tive a influência de ir ao estádio desde muito
novo, nos princípios dos anos 90, pela mão do
meu falecido avô. Acompanhava o Esposende
que jogava na antiga 2ª Divisão B - Zona Norte.
Eram jogos muito intensos e quentinhos.
Via o estádio cheio e as equipas visitantes
traziam pequenos grupos de adeptos com
bandeiras e tambores. Olhava para eles como
adeptos diferentes e adorava aquele fervor.
Mais tarde, assisti pela primeira vez a um
jogo da 1ª Divisão, um Vitória SC-Benfica em
Braga. Lembro-me de ir com os meus tios
para a beira dos Diabos Vermelhos. A partir
daquele dia esperava pelos resumos do
Domingo Desportivo para apanhar imagens
das bancadas, de vários jogos, tentando
encontrar as bandeiras gigantes, os fumos
e as faixas - adorava ver aquilo, foi algo que
despertou em mim e desde aí não parei.
Considero que as curvas de Milan (Fossa
dei Leoni), Atalanta (Curva Nord, Brigate
Neroazurre) e Sampdoria contribuíram para
isso.
Como vive a vida de adepto na Bélgica?
Neste momento, menos activo que nos
últimos tempos. Vou indo à bola sempre que
posso, dependendo principalmente do dia e
da hora.
E quando está em Portugal?
Assim que estou em Portugal, tento sempre
ir ver dois ou três jogos, seja onde for. Em
30 anos de bancada tenho o prazer de ter
amigos e convites um pouco por todo lado
para ir ver a bola.
Como é viver o dia a dia dum grupo e de um
clube estando num país diferente e a uma
grande distância do país de origem?
Enquanto membro activo, estive por
momentos na direcção do grupo. Mais tarde
fui responsável pela loja e responsável do
material dos jogos em casa. Vivi 25 anos com
intensidade e sempre à Ultra, é algo que nos
ocupa muito tempo e por vezes tira-nos de
um jantar de família, de sair com os amigos
ou até de marcar férias para certas datas, de
modo a não faltar ao dérbi ou ao clássico. Até
a casamentos faltei, tudo em prol do grupo.
Vivi sempre bem a distância, visto que emigrei
cedo e adaptei-me bem ao país. Comecei a
frequentar as bancadas do Standard Liège em
Março de 1995. O Futebol e o facto de ter
muita família a viver cá ajudou-me a matar as
saudades de Portugal.