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caminhos, falam da necessidade de<br />
preparar nossas almas para a vinda do<br />
Salvador.<br />
Na Idade Média, prescreveu-se o<br />
jejum durante o Advento, chamado<br />
a Quaresma do Natal. Velavam-se as<br />
imagens como no tempo da Paixão.<br />
Ainda hoje são usados paramentos roxos,<br />
símbolos da Penitência 1 .<br />
Houve uma tal decadência do<br />
mundo a partir da Idade Média, que<br />
a Igreja, para se tornar habitável pelos<br />
homens entre os quais as verdades<br />
tinham diminuído, foi obrigada<br />
a condescender com muitas fraquezas<br />
humanas que não são diretamente<br />
pecados, com os quais ela não pode<br />
pactuar de nenhum modo. Mas,<br />
realmente, se há uma plenitude de<br />
razão para que a Semana Santa seja<br />
precedida de quarenta dias de penitência,<br />
há também altíssimas razões,<br />
uma conveniência extraordinária,<br />
para que o Natal seja precedido<br />
de penitência.<br />
A fim de induzir o povo de Israel<br />
à penitência, o Senhor mandou<br />
o maior dos profetas, São João Batista,<br />
para endireitar os caminhos<br />
de Nosso Senhor – não eram caminhos<br />
materiais, mas das almas –, para<br />
preparar, retificar as almas das<br />
pessoas que constituíam o povo de<br />
Israel, a fim de ouvirem a palavra<br />
do Deus Encarnado. E ele pregou<br />
o jejum e a penitência como condição<br />
para o Messias ser bem recebido.<br />
Portanto, é de grande vantagem,<br />
conveniência e propriedade preceder<br />
ao Natal uma longa penitência.<br />
Hoje ela é afrouxada pela fraqueza<br />
dos homens, mas, na Idade Média,<br />
o Advento era uma verdadeira Quaresma.<br />
A Igreja, porém, sempre afirma<br />
o princípio, mesmo quando condescende<br />
com alguma coisa por necessidade<br />
pastoral. Ela conservou, então,<br />
os paramentos roxos e toda uma liturgia<br />
com textos penitenciais, preparando-nos<br />
exatamente para essa<br />
penitência.<br />
Desejo ardente, permanente<br />
e contínuo de Nosso<br />
Senhor em salvar<br />
Qual é a penitência que devemos<br />
fazer e considerar por ocasião do<br />
Natal? Qual é a graça que devemos<br />
pedir nessa ocasião?<br />
Nosso Senhor Jesus Cristo, na<br />
noite de Natal, nasceu com o intuito<br />
de tornar-Se conhecido pelos homens<br />
e de levá-los a Deus; de disseminar<br />
a virtude na Terra, fundando<br />
a Igreja Católica, o seu instrumento<br />
para a propagação da virtude e para<br />
o combate contra o mal.<br />
Em consequência dessa verdade,<br />
devemos nos preparar para a festa<br />
de Natal certos do ardente, permanente<br />
e contínuo desejo de Nosso<br />
Senhor de reconduzir todos os homens<br />
à vida eterna, de salvar a humanidade,<br />
de renovar as condições<br />
espirituais do mundo, a fim de facilitar<br />
o caminho do Céu. É por isso que<br />
celebramos a festa do nascimento de<br />
Nosso Senhor Jesus Cristo.<br />
Ocasião de uma<br />
grande anistia<br />
As almas que acompanham o Natal<br />
com piedade têm meios para perceber<br />
isso. Ao mesmo tempo, há<br />
uma espécie de sensação, em todo o<br />
mundo, de renovação, de esperança,<br />
de grande perdão e isso, ao meu ver,<br />
sem o sobrenatural isso não existiria.<br />
É impossível não sentir, na noite<br />
de Natal, como o Céu se torna mais<br />
próximo da Terra. Há como que uma<br />
anistia, como que um imenso perdão<br />
para os homens. Nosso Senhor<br />
faz como que tábula rasa do passado<br />
Apostolado de São João Batista - Museu Nacional de Arte da Catalunha, Barcelona<br />
Flávio Lourenço<br />
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