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Revista Dr Plinio 309

dezembro 2023

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Perspectiva pliniana da História<br />

to nas regiões bárbaras do<br />

Norte e de manter a unidade<br />

europeia sob a direção<br />

do Pontífice Romano.<br />

Nesse dia, São Leão III<br />

colocava a coroa imperial<br />

sobre a cabeça de Carlos<br />

Magno e a terra surpresa<br />

reviu o reino de César em<br />

um Augusto, não mais sucessor<br />

dos Césares e Augustos<br />

da Roma pagã,<br />

mas revestido desse título<br />

glorioso pelo vigário daquele<br />

a quem chamamos,<br />

nos santos oráculos, o Rei<br />

dos Reis e o Senhor dos<br />

Senhores.<br />

Nascer para a<br />

vida sobrenatural<br />

no dia de Natal<br />

James William Edmund Doyle (CC3.0)<br />

O autor acentua a fundação de três<br />

grandes monarquias, das quais a maior<br />

delas é sem dúvida a de Carlos Magno,<br />

o Império Romano do Ocidente<br />

que renasce. A Providência quis que isso<br />

fosse realizado no dia de Natal, para<br />

ilustrar, com acontecimentos mais recentes,<br />

essa data de cunho eterno.<br />

De outro lado, entretanto, é preciso<br />

considerar que a ideia de marcar o começo<br />

de determinada obra no dia do<br />

Natal contém em si algo de muito profundo.<br />

Porque Nosso Senhor é o Caminho,<br />

e todo caminho que não tenda<br />

a Ele é um desvio; Ele é a Verdade,<br />

e toda verdade que não se harmonize,<br />

ou que não seja uma parte da d’Ele, é<br />

um erro; Ele é a Vida, e toda vida que<br />

não nasça desta vida é morte.<br />

Assim sendo, era natural que um<br />

povo iniciasse o novo curso na ordem<br />

da verdade, na ordem de um caminho<br />

e da nova vida sobrenatural,<br />

no dia do nascimento d’Aquele que<br />

é o Homem-Deus, d’Aquele que nos<br />

criou, nos remiu, nos salvou.<br />

Como é belo inaugurar no Natal<br />

um reino, outrora pagão, que antes<br />

errava pelos caminhos da barbárie,<br />

Santo Agostinho de Cantuária pregando ao Rei Etelberto e sua corte<br />

entrar nas vias da civilização, tomando<br />

uma nova via, que é Jesus Cristo.<br />

Um reino que vivia na ordem do pecado<br />

e afastado da graça de Deus e<br />

que, pelo Batismo, nasce para a vida<br />

sobrenatural. A verdade, o caminho<br />

e a vida de um povo inauguram-<br />

-se num dia de Natal!<br />

Senso religioso varonil,<br />

com base na Fé<br />

Esses episódios indicam bem o<br />

quanto havia de profundamente religioso<br />

no pensamento dos homens<br />

antigos e como o senso de religião<br />

deles não era superficial, feito de pequenas<br />

práticas, de curtas saudações<br />

aos Santos; de gente que passa pela<br />

igreja, faz umas genuflexões diante<br />

do Santíssimo meio encarquilhadas,<br />

enferrujadas, com ar abobado.<br />

Florescia neles uma religião varonil,<br />

feita não apenas de sulcos de<br />

sentimentos, os quais têm seu papel,<br />

mas não são o fator principal. O elemento<br />

determinante é a Fé e seu devido<br />

aprofundamento pela meditação<br />

e oração, com todas as consequências<br />

lógicas, de maneira a formar<br />

um edifício intelectual mental sólido,<br />

estruturado, durável,<br />

resistente a todos os<br />

embaraços e chegando<br />

até o fim.<br />

Essa é a verdadeira<br />

formação religiosa com<br />

base na Fé, da qual se<br />

origina um raciocínio pujante,<br />

capaz de chegar às<br />

últimas consequências<br />

na ordem do pensamento;<br />

da qual nasce uma<br />

vontade fortalecida pela<br />

graça, capaz de tirar todas<br />

as consequências na<br />

ordem da ação.<br />

É, pois, dessa concepção<br />

profunda do papel<br />

de Jesus Cristo como<br />

ponto de partida de<br />

tudo e, portanto, da vida<br />

dos reinos e das nações, que impulsionavam<br />

o “batismo” de uma nação,<br />

o começo dela, sua regeneração,<br />

na noite sacrossanta de Natal!<br />

Revivendo os Natais<br />

de outrora...<br />

Ora, quando passamos dessas<br />

considerações para o Natal a que em<br />

breve vamos assistir, convém-nos fazer<br />

algumas considerações a título<br />

de “Ambientes e Costumes”.<br />

Pensemos na pequena cidade de<br />

Reims medieval, com suas ruas tortuosas<br />

e sinuosas, com uma população<br />

que reside em casinhas pequenas perto<br />

da catedral, a qual já tem algum tamanho,<br />

mas que será substituída posteriormente<br />

pelo edifício gótico; imaginemos<br />

os povos – acostumados a<br />

dormir cedo – levantarem-se durante<br />

a noite, numa espécie de epopeia, para<br />

ir à Missa da meia-noite.<br />

Imaginemos também, ainda próximo<br />

à conversão de Clóvis, os francos<br />

recém-convertidos percorrerem<br />

as ruas rezando e cantando, para<br />

irem à igreja celebrar o Natal; pensemos<br />

no Natal inglês, de cem anos<br />

depois, ou no romano de outros cem<br />

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