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Perspectiva pliniana da História<br />
to nas regiões bárbaras do<br />
Norte e de manter a unidade<br />
europeia sob a direção<br />
do Pontífice Romano.<br />
Nesse dia, São Leão III<br />
colocava a coroa imperial<br />
sobre a cabeça de Carlos<br />
Magno e a terra surpresa<br />
reviu o reino de César em<br />
um Augusto, não mais sucessor<br />
dos Césares e Augustos<br />
da Roma pagã,<br />
mas revestido desse título<br />
glorioso pelo vigário daquele<br />
a quem chamamos,<br />
nos santos oráculos, o Rei<br />
dos Reis e o Senhor dos<br />
Senhores.<br />
Nascer para a<br />
vida sobrenatural<br />
no dia de Natal<br />
James William Edmund Doyle (CC3.0)<br />
O autor acentua a fundação de três<br />
grandes monarquias, das quais a maior<br />
delas é sem dúvida a de Carlos Magno,<br />
o Império Romano do Ocidente<br />
que renasce. A Providência quis que isso<br />
fosse realizado no dia de Natal, para<br />
ilustrar, com acontecimentos mais recentes,<br />
essa data de cunho eterno.<br />
De outro lado, entretanto, é preciso<br />
considerar que a ideia de marcar o começo<br />
de determinada obra no dia do<br />
Natal contém em si algo de muito profundo.<br />
Porque Nosso Senhor é o Caminho,<br />
e todo caminho que não tenda<br />
a Ele é um desvio; Ele é a Verdade,<br />
e toda verdade que não se harmonize,<br />
ou que não seja uma parte da d’Ele, é<br />
um erro; Ele é a Vida, e toda vida que<br />
não nasça desta vida é morte.<br />
Assim sendo, era natural que um<br />
povo iniciasse o novo curso na ordem<br />
da verdade, na ordem de um caminho<br />
e da nova vida sobrenatural,<br />
no dia do nascimento d’Aquele que<br />
é o Homem-Deus, d’Aquele que nos<br />
criou, nos remiu, nos salvou.<br />
Como é belo inaugurar no Natal<br />
um reino, outrora pagão, que antes<br />
errava pelos caminhos da barbárie,<br />
Santo Agostinho de Cantuária pregando ao Rei Etelberto e sua corte<br />
entrar nas vias da civilização, tomando<br />
uma nova via, que é Jesus Cristo.<br />
Um reino que vivia na ordem do pecado<br />
e afastado da graça de Deus e<br />
que, pelo Batismo, nasce para a vida<br />
sobrenatural. A verdade, o caminho<br />
e a vida de um povo inauguram-<br />
-se num dia de Natal!<br />
Senso religioso varonil,<br />
com base na Fé<br />
Esses episódios indicam bem o<br />
quanto havia de profundamente religioso<br />
no pensamento dos homens<br />
antigos e como o senso de religião<br />
deles não era superficial, feito de pequenas<br />
práticas, de curtas saudações<br />
aos Santos; de gente que passa pela<br />
igreja, faz umas genuflexões diante<br />
do Santíssimo meio encarquilhadas,<br />
enferrujadas, com ar abobado.<br />
Florescia neles uma religião varonil,<br />
feita não apenas de sulcos de<br />
sentimentos, os quais têm seu papel,<br />
mas não são o fator principal. O elemento<br />
determinante é a Fé e seu devido<br />
aprofundamento pela meditação<br />
e oração, com todas as consequências<br />
lógicas, de maneira a formar<br />
um edifício intelectual mental sólido,<br />
estruturado, durável,<br />
resistente a todos os<br />
embaraços e chegando<br />
até o fim.<br />
Essa é a verdadeira<br />
formação religiosa com<br />
base na Fé, da qual se<br />
origina um raciocínio pujante,<br />
capaz de chegar às<br />
últimas consequências<br />
na ordem do pensamento;<br />
da qual nasce uma<br />
vontade fortalecida pela<br />
graça, capaz de tirar todas<br />
as consequências na<br />
ordem da ação.<br />
É, pois, dessa concepção<br />
profunda do papel<br />
de Jesus Cristo como<br />
ponto de partida de<br />
tudo e, portanto, da vida<br />
dos reinos e das nações, que impulsionavam<br />
o “batismo” de uma nação,<br />
o começo dela, sua regeneração,<br />
na noite sacrossanta de Natal!<br />
Revivendo os Natais<br />
de outrora...<br />
Ora, quando passamos dessas<br />
considerações para o Natal a que em<br />
breve vamos assistir, convém-nos fazer<br />
algumas considerações a título<br />
de “Ambientes e Costumes”.<br />
Pensemos na pequena cidade de<br />
Reims medieval, com suas ruas tortuosas<br />
e sinuosas, com uma população<br />
que reside em casinhas pequenas perto<br />
da catedral, a qual já tem algum tamanho,<br />
mas que será substituída posteriormente<br />
pelo edifício gótico; imaginemos<br />
os povos – acostumados a<br />
dormir cedo – levantarem-se durante<br />
a noite, numa espécie de epopeia, para<br />
ir à Missa da meia-noite.<br />
Imaginemos também, ainda próximo<br />
à conversão de Clóvis, os francos<br />
recém-convertidos percorrerem<br />
as ruas rezando e cantando, para<br />
irem à igreja celebrar o Natal; pensemos<br />
no Natal inglês, de cem anos<br />
depois, ou no romano de outros cem<br />
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