11.01.2013 Views

Comunidade e Africanidade na Capoeira Angola - Grupo de ...

Comunidade e Africanidade na Capoeira Angola - Grupo de ...

Comunidade e Africanidade na Capoeira Angola - Grupo de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Jogo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro, jogo <strong>de</strong> fora, vamos formar essa roda <strong>de</strong> angola<br />

Antes <strong>de</strong> abrir este trabalho, peço licença (Agô) aos mais velhos e aos nossos<br />

ancestrais. Apresentarei aqui alguns resultados parciais da minha pesquisa <strong>de</strong> mestrado, em<br />

andamento, intitulada “Saberes e Fazeres <strong>na</strong> <strong>Capoeira</strong> <strong>Angola</strong>: a Autonomia no jogo <strong>de</strong><br />

Muleekes i ”, <strong>na</strong> qual estudo as práxis educativas do Projeto Ginga Muleeke, realizado pelo<br />

<strong>Grupo</strong> Nzinga <strong>de</strong> <strong>Capoeira</strong> <strong>Angola</strong> com crianças e adolescentes (os muleekes), moradores da<br />

comunida<strong>de</strong> Alto da Sereia (Salvador/BA). Neste artigo, busquei compreen<strong>de</strong>r a <strong>Capoeira</strong><br />

<strong>Angola</strong> como uma cultura fundamentada em princípios da cosmovisão afro-brasileira que é<br />

realizada e constantemente (re)construída <strong>na</strong>s práticas cotidia<strong>na</strong>s <strong>de</strong> grupos que se i<strong>de</strong>ntificam<br />

como her<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> uma tradição negra e <strong>de</strong> resistência em nossa socieda<strong>de</strong>. Como os muleekes<br />

se inserem em seu grupo ou comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pertencimento? Como eles dão significado às<br />

suas práticas, realizadas por meio da capoeira? Essas foram algumas questões que orientaram<br />

minha reflexão.<br />

O percurso metodológico parte do meu lugar como pesquisadora, que fala “<strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro” (LUZ, 2003). Falo como capoeirista, angoleira, pertencente a um grupo “irmão <strong>de</strong><br />

linhagem” do <strong>Grupo</strong> Nzinga. Foi a partir da “convivência angoleira” com os muleekes do<br />

Nzinga, em aulas, rodas, eventos e ativida<strong>de</strong>s diversas do grupo – buscando não ape<strong>na</strong>s<br />

compreen<strong>de</strong>r, racio<strong>na</strong>lmente, mas perceber, sentir, intuir, criar laços, afastar, olhar, escutar,<br />

enfim, jogar nessa roda <strong>de</strong> angola – que trago aqui algumas palavras, <strong>na</strong> tentativa <strong>de</strong> contar<br />

como esse “jogo” vem acontecendo, ressaltando alguns <strong>de</strong> seus momentos mais<br />

emocio<strong>na</strong>ntes, intrigantes, <strong>de</strong>sconcertantes, <strong>de</strong>safiadores. Lembrando que essas poucas<br />

palavras não são capazes – nem têm a intenção – <strong>de</strong> expressar toda a complexa trama do<br />

vivenciado.<br />

A escolha por falar sobre esse jogo <strong>de</strong> angola e, o mais importante e <strong>de</strong>safiador, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le, tem o intuito <strong>de</strong> proporcio<strong>na</strong>r um diálogo entre dois campos do saber: o da<br />

aca<strong>de</strong>mia e o da <strong>Capoeira</strong> <strong>Angola</strong>. Partimos da posição <strong>de</strong> que o campo da Educação precisa<br />

estar mais sensível a uma prática educativa que consi<strong>de</strong>re o ser humano <strong>de</strong> forma integral e<br />

integrada, diante <strong>de</strong> visões “científicas” que costumam fragmentar e hierarquizar as<br />

dimensões materiais e espirituais, <strong>de</strong> mente e corpo, razão e emoção, teoria e prática.<br />

O <strong>Grupo</strong> Nzinga <strong>de</strong> <strong>Capoeira</strong> <strong>Angola</strong> formou-se em São Paulo-SP, em 1995, li<strong>de</strong>rado<br />

pelas Mestras Janja (Rosângela Araújo), Paulinha (Paula Barreto) e por Mestre Poloca (Paulo<br />

Barreto), discípulos dos Mestres João Gran<strong>de</strong>, Moraes e Cobra Mansa no <strong>Grupo</strong> <strong>de</strong> <strong>Capoeira</strong><br />

2

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!