11.01.2013 Views

Comunidade e Africanidade na Capoeira Angola - Grupo de ...

Comunidade e Africanidade na Capoeira Angola - Grupo de ...

Comunidade e Africanidade na Capoeira Angola - Grupo de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Angola</strong> Pelourinho (GCAP). O Instituto Nzinga <strong>de</strong> <strong>Capoeira</strong> <strong>Angola</strong> (INCAB) foi fundado<br />

em 2003 tendo atualmente se<strong>de</strong> em São Paulo, Salvador, Brasília, Alemanha e Moçambique.<br />

O grupo investe no trabalho educativo continuado com meni<strong>na</strong>s e meninos <strong>de</strong> baixa renda e<br />

majoritariamente afro-<strong>de</strong>scentes, a partir da <strong>Capoeira</strong> <strong>Angola</strong>, mais especificamente da<br />

linhagem pastinia<strong>na</strong> ii .<br />

Uma peculiarida<strong>de</strong> do <strong>Grupo</strong> Nzinga é a presença consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> crianças e<br />

adolescentes, em praticamente todas as suas ativida<strong>de</strong>s. O espaço <strong>de</strong> sua se<strong>de</strong> em Salvador –<br />

pintado <strong>de</strong> laranja iii , localizado no “pé” do morro, em um terraço <strong>de</strong> um pequeno prédio – está<br />

sempre ocupado pelos muleekes “sereienses” (nome usado no <strong>Grupo</strong> para se referir aos<br />

moradores do Alto da Sereia iv ). Eles trazem uma energia <strong>de</strong> alegria <strong>de</strong>ntro do seu caos, que<br />

ora ultrapassa os limites e “tira os mestres do sério”, ou melhor, os <strong>de</strong>ixa muito sérios; ora os<br />

leva a brinca<strong>de</strong>iras, gargalhadas, afeto e <strong>de</strong>sperta sorrisos nos presentes.<br />

Algumas características me chamaram a atenção no trabalho <strong>de</strong>ste grupo (além da<br />

forte presença dos muleekes) e me instigaram a buscar compreen<strong>de</strong>r melhor sobre diversas<br />

questões sociais, políticas e culturais que vêm contribuindo para minha própria transformação<br />

e <strong>de</strong>senvolvimento pessoal. Dentre elas, está a presença <strong>de</strong> duas mestras mulheres e um<br />

homem (coisa rara <strong>na</strong> capoeira), atuantes <strong>na</strong>s causas do anti-racismo e anti-sexismo; o<br />

investimento <strong>na</strong> parte musical da capoeira, incluindo a formação <strong>de</strong> orquestras <strong>de</strong> berimbaus,<br />

com a presença protagonista dos muleekes; e, com <strong>de</strong>staque maior neste artigo, estão o<br />

convívio diário entre adultos e muleekes no grupo e a proximida<strong>de</strong> com elementos da<br />

chamada ancestralida<strong>de</strong> e cosmovisão afro-brasileira e com o candomblé. Um dos objetivos<br />

do grupo é buscar uma prática educativa voltada para a autonomia dos sujeitos, a partir <strong>de</strong>sses<br />

mesmos fundamentos (que inclui o respeito à hierarquia e às ditas “regras da tradição”).<br />

Buscar enten<strong>de</strong>r se isso é possível e como é uma das questões que vêm me acompanhando<br />

nesse percurso.<br />

Ritual: jogo <strong>de</strong> resistência entre a peque<strong>na</strong> e a gran<strong>de</strong> rodas<br />

Na primeira vez em que fui a uma roda <strong>de</strong> capoeira do <strong>Grupo</strong> Nzinga, fiquei encantada<br />

com aqueles muleekes e muleekas, com a forma como eles e elas tocavam, cantavam e<br />

jogavam <strong>na</strong> roda, com a força <strong>de</strong> sua presença ali. A ponto <strong>de</strong> aquele grupo ficar conhecido<br />

pelas “suas crianças” (e adolescentes) e elas representarem parte fundamental para manter o<br />

3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!