UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Letras - Repositório ...

tradicionalmente conotados com este período, como é o caso das pedras almofadadas,
fustes de colunas e capitéis, bem como a ocorrência de toponímia de raiz latina,
O arrolamento obtido (Fig. 2) foi o mais exaustivo possível, apesar de não
termos acrescentado muita mais informação do que aquela que nos foi possível estudar
no trabalho Brochado de Almeida (ALMEIDA CAB 1996a; 1996b). Em muitos dos
locais não foi possível investigar qual o período cronológico em questão ou identificar o
tipo de vestígio perante o qual nos achávamos, sendo impossível dissociar, por exemplo,
a presença de restos de um aedificium, de um casal, de uma villa, de uma necrópole ou
de um forno, quando ocorriam fragmentos de tegula, pois não foi possível associar
restos de estruturas, de cerâmicas e, mesmo na presença destas, isolar a sua cronologia.
Por isso se fez menção no nosso arrolamento aos sítios onde ocorre tegula, apesar da
falta de elementos que permitissem a sua compartimentação em nichos mais precisos.
A partir dos dados recolhidos e através da ligação espacial entre eles, bem como
a transposição dos mesmos aos vales limítrofes do vale do Lima, nomeadamente os
vales do Minho, Coura Âncora, Neiva e Cávado, foi-nos possível elaborar um razoável
quadro de hipóteses sobre o povoamento romano neste local durante o século IV e
século V, de modo a poder-se estabelecer uma base sólida onde radicam os modelos e
formas de povoamento dos séculos seguintes.
Antes de se ensaiarem as explicações e se estabelecerem propostas de modelos
relativos ao povoamento romano do Baixo Império para a nossa área em análise,
cumpre estabelecer, desde já, uma definição das tipologias do habitat que, à altura, se
conhecem sobre este período. A distinção efectuou-se, como é tradicional, tendo em
conta a concentração ou a dispersão do povoamento. A questão, apesar de frequente nos
trabalhos dedicados à problemática do povoamento romano não é clara: a definição do
grau de povoamento não é consensual, dado que, consoante as áreas estudadas, surgem
novos tipos de sítios cujos vestígios não fornecem informações fidedignas que
contribuam para a correcta definição do tipo de povoado e seu grau de hierarquia
(MARTINS 1990; LEMOS 1993; DIAS 1995; ALMEIDA CAB 2003). No caso do
Norte de Portugal esse caso agudiza-se ainda mais, pois houve maior propensão à
dispersão do povoamento, condição traduzida em maior ocorrência de tegula por todo
este território. Só na área estudada por Brochado de Almeida, correspondente ao litoral
minhoto, foram identificados por aquele autor duas centenas e meia de sítios onde
pontifica aquele fóssil director do mundo romano e suevo-visigodo (ALMEIDA CAB
2003: 220).
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