UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Letras - Repositório ...
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Ferreira <strong>de</strong> Almeida (ALMEIDA CAF 1993: 193). De um modo geral, estas<br />
comunida<strong>de</strong>s possuiam afinida<strong>de</strong>s familiares, étnicas ou simplesmente económicas,<br />
congregando-se no mesmo espaço on<strong>de</strong> existiriam as suas habitações. A partir do<br />
povoado exploravam os recursos da área envolvente, sendo comum a todos eles, com<br />
maior ou menor especialização, a agricultura e a criação <strong>de</strong> animais. Em alguns<br />
povoados, aqueles que acima referimos serem mais <strong>de</strong>senvolvidos, como é o caso <strong>de</strong><br />
Santa Luzia e <strong>de</strong> Roques, existiria mesmo uma especialização ao nível da produção<br />
artesanal, quer pela produção têxtil, quer cerâmica, quer metalúrgica. Noutros locais,<br />
como a Bouça do Crasto (Estorãos), Roupeiras (Lanheses) e S. João do Monte<br />
(Correlhã), a agro-pecuária seria complementada com a mineração, dada a proximida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> exploração.<br />
Deveria existir, igualmente, uma relação entre os habitantes dos povoados e os<br />
proprietários das villae, pois não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scurar o facto <strong>de</strong>, dada a proximida<strong>de</strong> entre<br />
as duas formas <strong>de</strong> se ocupar os territórios, muitas vezes até com sobreposição dos<br />
territórios essenciais daquelas comunida<strong>de</strong>s, os primeiros po<strong>de</strong>rem trabalhar<br />
pontualmente ou mesmo continuadamente, para os segundos. Mas a problemática da<br />
interacção entre povoamento concentrado e disperso será abordado especificamente<br />
mais à frente.<br />
3.3.2. Habitat Disperso<br />
No que diz respeito ao habitat disperso existente no mundo tardo-romano,<br />
po<strong>de</strong>m-se distinguir seguramente as villae, os casais ou granjas e o aediflcium. Nas<br />
áreas cruzadas por vias terrestres importantes <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar, todavia, a existência<br />
<strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> apoio à circulação viária, mormente as mansio, as statio e as mutatio. O<br />
assunto é menos controverso que na <strong>de</strong>finição do habitat concentrado, mas importa<br />
aludir às diferentes abordagens ao tema feitas nos trabalhos que utilizamos como<br />
referencial (MARTINS 1990; LEMOS 1993; DIAS 1995; ALMEIDA CAB 2003).<br />
O conceito villa seria, no Baixo Império, a junção dapars urbana e dapars rústica e do<br />
fundus (ALARCÃO 1997: 139). Deste modo, se antes havia uma distinção cuidada da<br />
villa urbana, da villa rústica e do fundus, respectivamente, a construção <strong>de</strong>stinada à<br />
habitação do proprietário, os edifícios anexos <strong>de</strong> apoio à exploração agrícola e os<br />
terrenos adjacentes a estes on<strong>de</strong> se faria a exploração económica (PERES LOSADA<br />
1985: 90), no Baixo Império estas divisões acabaram por ser reunidas sob a semântica<br />
do termo villa, o qual encerrava em si os três significados.<br />
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