UNIVERSIDADE DO PORTO Faculdade de Letras - Repositório ...
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urbanas em tomo das civitates <strong>de</strong> Bracara, Portucale, Lucus e Asturica (GARCIA<br />
MORENO 1998: 54). Para esta ineficácia na dominação efectiva do território<br />
concorreu, sem dúvida, a hierarquização social <strong>de</strong>sta comunida<strong>de</strong> invasora. Assim, em<br />
torno do monarca orbitava uma aristocracia clientelar com gran<strong>de</strong> vocação militar,<br />
vindos <strong>de</strong> diferentes tribos, ainda para mais com união recente sob a coroa sueva A esta<br />
curta etnogénese enquanto nação, <strong>de</strong>ver-se-á adir a pouca expressão da comunida<strong>de</strong><br />
sueva no cômputo total da população da Gallaecia, representando cerca <strong>de</strong> 3%<br />
(GARCÍA MORENO 1998: 55). Outro obstáculo a uma dominação capaz do território<br />
residia nas condições do terreno, favorável à fortificação das comunida<strong>de</strong>s hispano-<br />
romanas em caso <strong>de</strong> ataque suevo.<br />
As diferenças que opunham os suevos às elites aristocratas hispano-romanas<br />
<strong>de</strong>veriam ter-se apaziguado à volta <strong>de</strong> 438, mediante a celebração <strong>de</strong> um acordo <strong>de</strong> paz,<br />
tal como nos noticiou Idácio (CAR<strong>DO</strong>SO 1982: 24). A partir <strong>de</strong>ste ano, Réquila, filho<br />
do rei Hermenerico, avançou para expedições <strong>de</strong> saque contra o meio-dia peninsular,<br />
mormente a área do vale do Guadiana, tomando Emérita Augusta em 439, Mirtilis em<br />
440 eHispalis em 441 (CAR<strong>DO</strong>SO 1982: 24-26). Estas conquistas coinci<strong>de</strong>m com a<br />
maior expansão do domínio suevo na Península Ibérica.<br />
Com a morte <strong>de</strong> Réquila em 448, suce<strong>de</strong>u-lhe Requiário, o qual encetou uma<br />
campanha nas zonas orientais da Península, nomeadamente na Tarraconensis, entre 449<br />
e 456 (CAR<strong>DO</strong>SO 1982: 29-35); como as posições do Reino <strong>de</strong> Tolosa começassem a<br />
perigar, face às intensas <strong>de</strong>predações do exército <strong>de</strong> Requiário no Nor<strong>de</strong>ste, Teodorico<br />
II, com or<strong>de</strong>m do Imperador Avito, lançou uma campanha contra os suevos. O ponto<br />
alto <strong>de</strong>sta campanha parece ter-se dado nas imediações <strong>de</strong> Asturica, on<strong>de</strong> as tropas<br />
visigodas <strong>de</strong>sbarataram o exército suevo. O avanço <strong>de</strong> Teodorico II foi bem relatado por<br />
Idácio, o qual pormenorizou as violências cometidas pelos godos em Bracara,<br />
mormente contra os lugares sagrados (CAR<strong>DO</strong>SO 1982: 36). Em 457, Requiário foi<br />
aprisionado perto <strong>de</strong> Portucale e <strong>de</strong>pois executado, ao passo que gran<strong>de</strong> parte das suas<br />
tropas se entregou ao rei godo (CAR<strong>DO</strong>SO 1982: 36). O exército suevo sofreu, <strong>de</strong>sta<br />
forma, um gran<strong>de</strong> revés, fragmentando-se e ficando entregue a uma guerra civil entre<br />
duas facções rivais (CAR<strong>DO</strong>SO 1982: 37-39). Com efeito, até 465, altura em que<br />
Remismundo reunificou a nação sueva sob o seu governo, suce<strong>de</strong>ram-se acções <strong>de</strong><br />
11 Garcia Moreno criticou os números propostos por Thompson, 20 000 a 25 000 <strong>de</strong> população total sueva<br />
num universo <strong>de</strong> 700 000 habitantes da província da Gallaecia, afirmando que o número pecará por<br />
excesso (GARCÍA MORENO 1998: 55)<br />
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