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Jornal Paraná Novembro 2016

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CENÁRIO<br />

Maior diálogo com governo<br />

melhora perspectivas<br />

Devem ser agendadas, no primeiro trimestre de 2017, audiências públicas com<br />

representantes do setor para planejar a matriz energética desejável<br />

MARLY AIRES<br />

Uma participação<br />

mais efetiva de representantes<br />

do governo<br />

federal nos eventos<br />

realizados recentemente pelo<br />

setor sucroenergético - sobre<br />

mercado, tendências e outros<br />

temas relacionados ao segmento<br />

-, mostram uma maior<br />

aproximação do governo com<br />

o setor, segundo o presidente<br />

da Alcopar, Miguel Rubens<br />

Tranin. E a própria decisão do<br />

governo de não interferir mais<br />

nos preços dos combustíveis<br />

e da Petrobras de alterar os<br />

preços da gasolina e óleo diesel<br />

conforme oscilações do<br />

valor pago pelo petróleo no<br />

mercado internacional, já vem<br />

ao encontro dos anseios do<br />

setor, sendo esta uma reivindicação<br />

antiga.<br />

O presidente da Alcopar foi<br />

um dos palestrantes da 16ª<br />

Conferência Internacional Datagro<br />

sobre Açúcar e Etanol,<br />

realizada nos dias 17 e 18 de<br />

outubro, no Grand Hyatt, em<br />

São Paulo. Ele falou sobre<br />

Com a perspectiva de melhora<br />

do mercado internacional<br />

de açúcar e consequente recuperação<br />

do setor, os bancos<br />

estão voltando a oferecer linhas<br />

de crédito para as usinas,<br />

afirma o presidente da Alcopar,<br />

Miguel Tranin. O problema é o<br />

nível de endividamento do setor.<br />

Citando dados apresentados<br />

nos eventos, Tranin diz<br />

que apenas um terço das usinas<br />

brasileiras tem acesso<br />

pleno a esses recursos, por<br />

estarem mais estruturadas.<br />

Outro um terço tem acesso limitado,<br />

devido às dificuldades<br />

“Competitividade - O que é<br />

preciso para que o setor volte<br />

a investir”. Também no dia 9<br />

de novembro atuou como moderador<br />

no 9º Congresso Nacional<br />

de Bioenergia, promovido<br />

pela UDOP (União dos<br />

Produtores de Bioenergia),<br />

nos dias 9 e 10 de novembro,<br />

em Araçatuba (SP), focando<br />

o tema “Estruturação<br />

de financiamentos, programas<br />

de investimento e oportunidades<br />

para o setor de<br />

bioenergia”.<br />

Crédito x endividamento<br />

econômicas que enfrenta e um<br />

terço não tem qualquer acesso<br />

a esses recursos.<br />

Uma das linhas interessantes<br />

de financiamentos disponíveis<br />

no mercado, cita Tranin, é<br />

a de Certificado de Recebíveis<br />

do Agronegócio (CRA), que<br />

são títulos de crédito nominativos,<br />

de livre negociação, emitidos<br />

exclusivamente por companhias<br />

securitizadoras registradas<br />

na Comissão de Valores<br />

Mobiliários e representativos<br />

de promessa de pagamento<br />

em dinheiro. “Cerca de 80%<br />

Tranin foi um dos palestrantes da 16ª Conferência Internacional Datagro<br />

Representantes da União<br />

presentes a esses eventos,<br />

comenta Tranin, afirmaram<br />

que o governo federal vai<br />

abrir um diálogo com o setor<br />

sucroenergético sobre políticas<br />

de incentivo aos biocombustíveis<br />

e que tudo que vem<br />

sendo discutido pelo setor<br />

será levado a Brasília para<br />

apreciação. "O governo tem<br />

procurado dialogar com o<br />

segmento e a sociedade",<br />

disse o secretário executivo<br />

do Ministério de Minas e<br />

dos produtores norte-americanos<br />

utilizam essa modalidade<br />

de crédito”, afirma.<br />

Tranin também cita que recuperar<br />

a produtividade, através,<br />

principalmente, da renovação<br />

dos canaviais é a<br />

grande base para fortalecimento<br />

do setor e para aumento<br />

da produção. “Todas as<br />

palestras abordando tecnologia,<br />

biotecnologia e melhoramento<br />

genético, entre outras,<br />

focaram na necessidade de reformar<br />

as lavouras de cana”,<br />

diz.<br />

Energia, Paulo Pedrosa.<br />

Outro ponto fundamental<br />

para o setor, a previsibilidade,<br />

o planejamento da matriz<br />

energética no longo prazo,<br />

apontado por Tranin como<br />

básico para que os empresários<br />

voltem a investir e impulsionar<br />

a produção de combustíveis<br />

renováveis, também<br />

pode começar a ser discutido<br />

em breve. Segundo Tranin,<br />

por indução do engenheiro<br />

Márcio Félix, secretário de Petróleo,<br />

Gás Natural e Combustíveis<br />

Renováveis do Ministério<br />

de Minas e Energia,<br />

devem ser agendadas no primeiro<br />

trimestre de 2017 audiências<br />

públicas com representantes<br />

do setor para<br />

planejamento da matriz energética<br />

desejável. “O objetivo<br />

é dar uma visão de futuro dos<br />

próximos 10 anos, garantindo<br />

retorno aos investimentos<br />

com maior previsibilidade e<br />

sustentação econômica e financeira”,<br />

afirma.<br />

Por outro lado, apesar de<br />

negativa, a queda na produção<br />

de cana-de-açúcar no<br />

Brasil e consequentemente,<br />

de açúcar, foi também o que<br />

possibilitou a recuperação<br />

antecipada dos preços da<br />

commodity no mercado internacional.<br />

O déficit mundial do<br />

produto estava previsto para<br />

ocorrer mais para frente. E<br />

ainda deve prolongar o cenário<br />

positivo por um período<br />

mais longo, três anos. “Mas<br />

há a preocupação de, se os<br />

preços subirem muito, estimular<br />

o aumento da produção<br />

de outros países como<br />

da Tailândia, gerando novo<br />

ciclo negativo”, afirma o presidente<br />

da Alcopar.<br />

Tranin comenta ainda que o<br />

ciclo atual de preços altos para<br />

o açúcar é bastante consistente,<br />

o que tem levado a uma<br />

forte demanda por equipamentos<br />

para fábrica de açúcar no<br />

Brasil. “Considerando o que já<br />

foi contratado para os próximos<br />

dois anos, isso significará<br />

de 3 a 4 milhões de toneladas<br />

de açúcar a mais na produção<br />

brasileira”, conclui.<br />

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<strong>Novembro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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