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CENÁRIO<br />
Maior diálogo com governo<br />
melhora perspectivas<br />
Devem ser agendadas, no primeiro trimestre de 2017, audiências públicas com<br />
representantes do setor para planejar a matriz energética desejável<br />
MARLY AIRES<br />
Uma participação<br />
mais efetiva de representantes<br />
do governo<br />
federal nos eventos<br />
realizados recentemente pelo<br />
setor sucroenergético - sobre<br />
mercado, tendências e outros<br />
temas relacionados ao segmento<br />
-, mostram uma maior<br />
aproximação do governo com<br />
o setor, segundo o presidente<br />
da Alcopar, Miguel Rubens<br />
Tranin. E a própria decisão do<br />
governo de não interferir mais<br />
nos preços dos combustíveis<br />
e da Petrobras de alterar os<br />
preços da gasolina e óleo diesel<br />
conforme oscilações do<br />
valor pago pelo petróleo no<br />
mercado internacional, já vem<br />
ao encontro dos anseios do<br />
setor, sendo esta uma reivindicação<br />
antiga.<br />
O presidente da Alcopar foi<br />
um dos palestrantes da 16ª<br />
Conferência Internacional Datagro<br />
sobre Açúcar e Etanol,<br />
realizada nos dias 17 e 18 de<br />
outubro, no Grand Hyatt, em<br />
São Paulo. Ele falou sobre<br />
Com a perspectiva de melhora<br />
do mercado internacional<br />
de açúcar e consequente recuperação<br />
do setor, os bancos<br />
estão voltando a oferecer linhas<br />
de crédito para as usinas,<br />
afirma o presidente da Alcopar,<br />
Miguel Tranin. O problema é o<br />
nível de endividamento do setor.<br />
Citando dados apresentados<br />
nos eventos, Tranin diz<br />
que apenas um terço das usinas<br />
brasileiras tem acesso<br />
pleno a esses recursos, por<br />
estarem mais estruturadas.<br />
Outro um terço tem acesso limitado,<br />
devido às dificuldades<br />
“Competitividade - O que é<br />
preciso para que o setor volte<br />
a investir”. Também no dia 9<br />
de novembro atuou como moderador<br />
no 9º Congresso Nacional<br />
de Bioenergia, promovido<br />
pela UDOP (União dos<br />
Produtores de Bioenergia),<br />
nos dias 9 e 10 de novembro,<br />
em Araçatuba (SP), focando<br />
o tema “Estruturação<br />
de financiamentos, programas<br />
de investimento e oportunidades<br />
para o setor de<br />
bioenergia”.<br />
Crédito x endividamento<br />
econômicas que enfrenta e um<br />
terço não tem qualquer acesso<br />
a esses recursos.<br />
Uma das linhas interessantes<br />
de financiamentos disponíveis<br />
no mercado, cita Tranin, é<br />
a de Certificado de Recebíveis<br />
do Agronegócio (CRA), que<br />
são títulos de crédito nominativos,<br />
de livre negociação, emitidos<br />
exclusivamente por companhias<br />
securitizadoras registradas<br />
na Comissão de Valores<br />
Mobiliários e representativos<br />
de promessa de pagamento<br />
em dinheiro. “Cerca de 80%<br />
Tranin foi um dos palestrantes da 16ª Conferência Internacional Datagro<br />
Representantes da União<br />
presentes a esses eventos,<br />
comenta Tranin, afirmaram<br />
que o governo federal vai<br />
abrir um diálogo com o setor<br />
sucroenergético sobre políticas<br />
de incentivo aos biocombustíveis<br />
e que tudo que vem<br />
sendo discutido pelo setor<br />
será levado a Brasília para<br />
apreciação. "O governo tem<br />
procurado dialogar com o<br />
segmento e a sociedade",<br />
disse o secretário executivo<br />
do Ministério de Minas e<br />
dos produtores norte-americanos<br />
utilizam essa modalidade<br />
de crédito”, afirma.<br />
Tranin também cita que recuperar<br />
a produtividade, através,<br />
principalmente, da renovação<br />
dos canaviais é a<br />
grande base para fortalecimento<br />
do setor e para aumento<br />
da produção. “Todas as<br />
palestras abordando tecnologia,<br />
biotecnologia e melhoramento<br />
genético, entre outras,<br />
focaram na necessidade de reformar<br />
as lavouras de cana”,<br />
diz.<br />
Energia, Paulo Pedrosa.<br />
Outro ponto fundamental<br />
para o setor, a previsibilidade,<br />
o planejamento da matriz<br />
energética no longo prazo,<br />
apontado por Tranin como<br />
básico para que os empresários<br />
voltem a investir e impulsionar<br />
a produção de combustíveis<br />
renováveis, também<br />
pode começar a ser discutido<br />
em breve. Segundo Tranin,<br />
por indução do engenheiro<br />
Márcio Félix, secretário de Petróleo,<br />
Gás Natural e Combustíveis<br />
Renováveis do Ministério<br />
de Minas e Energia,<br />
devem ser agendadas no primeiro<br />
trimestre de 2017 audiências<br />
públicas com representantes<br />
do setor para<br />
planejamento da matriz energética<br />
desejável. “O objetivo<br />
é dar uma visão de futuro dos<br />
próximos 10 anos, garantindo<br />
retorno aos investimentos<br />
com maior previsibilidade e<br />
sustentação econômica e financeira”,<br />
afirma.<br />
Por outro lado, apesar de<br />
negativa, a queda na produção<br />
de cana-de-açúcar no<br />
Brasil e consequentemente,<br />
de açúcar, foi também o que<br />
possibilitou a recuperação<br />
antecipada dos preços da<br />
commodity no mercado internacional.<br />
O déficit mundial do<br />
produto estava previsto para<br />
ocorrer mais para frente. E<br />
ainda deve prolongar o cenário<br />
positivo por um período<br />
mais longo, três anos. “Mas<br />
há a preocupação de, se os<br />
preços subirem muito, estimular<br />
o aumento da produção<br />
de outros países como<br />
da Tailândia, gerando novo<br />
ciclo negativo”, afirma o presidente<br />
da Alcopar.<br />
Tranin comenta ainda que o<br />
ciclo atual de preços altos para<br />
o açúcar é bastante consistente,<br />
o que tem levado a uma<br />
forte demanda por equipamentos<br />
para fábrica de açúcar no<br />
Brasil. “Considerando o que já<br />
foi contratado para os próximos<br />
dois anos, isso significará<br />
de 3 a 4 milhões de toneladas<br />
de açúcar a mais na produção<br />
brasileira”, conclui.<br />
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<strong>Novembro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>