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FUTURO<br />
Caminho é buscar<br />
eficiência e mudar<br />
A economia será de uso intensivo de ativos, sem ociosidade, e o negócio<br />
de produção de cana-de-açúcar em 2030 será muito diferente do atual<br />
MARLY AIRES<br />
ocorrendo<br />
uma transformação<br />
na relação<br />
entre oferta “Está<br />
e demanda. As usinas terão<br />
que se antecipar às novidades<br />
se quiserem sobreviver”. A<br />
afirmação é do economista da<br />
Faculdade de Economia, Administração<br />
e Contabilidade de<br />
Ribeirão Preto (FEA/RP) da<br />
Universidade de São Paulo<br />
(USP), Marcos Fava Neves,<br />
que esteve em Maringá, dia 27<br />
de outubro, falando sobre “Eficiência<br />
- adaptando-se a nova<br />
realidade”, dentro do projeto<br />
Caminhos da Cana.<br />
Para o economista, tem<br />
que haver um choque de eficiência<br />
e o uso de ativo ser<br />
mais racional. “As coisas mudaram<br />
e nós não estamos<br />
conseguindo acompanhar.<br />
Vamos partir para uma economia<br />
de uso intensivo de ativos,<br />
sem ociosidade. O negócio<br />
de produção de canade-açúcar<br />
em 2030 será<br />
muito diferente do atual”,<br />
disse, ressaltando que, para<br />
começar, o setor tem que<br />
“buscar eficiência e cortar as<br />
gorduras para ter resultado<br />
mesmo em períodos difíceis”.<br />
“O produtor vai olhar a cana<br />
em 2030 como quem olha<br />
hoje o orelhão e dizer: ‘olha o<br />
que fazíamos em <strong>2016</strong>’. Se<br />
não tiver vontade de entender<br />
as mudanças, não vai participar”,<br />
alertou.<br />
Fava Neves comentou que<br />
a ocupação de área de canade-açúcar<br />
se dará por metro<br />
quadrado e que é preciso<br />
romper o conceito de delimitação<br />
de fronteira que existe.<br />
“A máquina terá de passar de<br />
uma propriedade para a outra<br />
e ser comandada remotamente”,<br />
exemplificou citando<br />
ainda que a expansão da produção<br />
se dará principalmente<br />
via genética, com aumento de<br />
produtividade.<br />
O economista também destacou<br />
que será preciso fortalecer<br />
as associações, sindicatos<br />
rurais, cooperativas e<br />
suas regiões. “Tem que se<br />
associar. Sozinho não se conquista<br />
nada. Tem que participar<br />
e fortalecer o grupo.<br />
Chega de omissão”, afirmou.<br />
Outro ponto citado foi o investimento<br />
necessário em<br />
técnicas agrícolas, adequação<br />
de variedades ao ambiente,<br />
inovações, tratos culturais<br />
e colheita para o aumento<br />
de produtividade e<br />
qualidade. E isso com redução<br />
dos custos de produção,<br />
fato possível com a melhora<br />
das compras, das atividades<br />
e do uso dos ativos, do aumento<br />
de produtividade e do<br />
compartilhar (vizinhar), entre<br />
outros.<br />
Com mudanças importantes<br />
que ocorrem no mundo, como<br />
as proibições crescentes aos<br />
combustíveis fósseis, a resistência<br />
ao açúcar e a tendência<br />
de uso de veículos coletivos,<br />
Fava Neves destacou as possibilidades<br />
que surgem com<br />
os novos produtos feitos a<br />
partir da cana-de-açúcar: bioquerosene,<br />
biodiesel, plástico<br />
verde e bagaço (para geração<br />
de energia), dentre outros.<br />
O economista<br />
Marcos Fava<br />
Neves falou<br />
sobre o assunto<br />
em evento<br />
em Maringá<br />
Usina gera desenvolvimento<br />
O economista da FEA/USP,<br />
de Ribeirão Preto, Marcos<br />
Fava Neves, destacou ainda<br />
em sua palestra que não tem<br />
outra coisa melhor para desenvolver<br />
pequenos municípios<br />
do que implantar um a<br />
usina. Citando o exemplo de<br />
Quirinópolis (GO), disse que<br />
a instalação de duas usinas<br />
no município, em 2005, fez<br />
com que dobrasse o número<br />
de empregos gerados de<br />
uma média de pouco mais<br />
de 4 mil para quase 11 mil<br />
em 2011.<br />
Da mesma forma, o total<br />
de ICMS arrecadado saiu de<br />
uma média de R$ 7,8 milhões<br />
a R$ 10,2 milhões<br />
para R$ 24,8 milhões, e o<br />
número de empresa de 988<br />
para 3.324. Também dobrou<br />
a renda per capita e quase<br />
triplicou o salário médio, aumentando<br />
a população de<br />
37,6 mil habitantes para<br />
43,3 mil.<br />
Outro exemplo citado, a<br />
Usina Aroeira, em Tupaciguara<br />
(MG), “se tornou um<br />
modelo de geração e distribuição<br />
de renda”, afirmou.<br />
Gera 700 empregos e com<br />
a moagem de 1,36 milhão<br />
de toneladas de cana, gera<br />
R$ 18 milhões em salários<br />
que são investidos na<br />
região, R$ 20 milhões em<br />
impostos, e compra outros<br />
R$ 30 milhões em produtos,<br />
movimentando fornecedores.<br />
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<strong>Novembro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>