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Jornal Paraná Novembro 2016

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FUTURO<br />

Caminho é buscar<br />

eficiência e mudar<br />

A economia será de uso intensivo de ativos, sem ociosidade, e o negócio<br />

de produção de cana-de-açúcar em 2030 será muito diferente do atual<br />

MARLY AIRES<br />

ocorrendo<br />

uma transformação<br />

na relação<br />

entre oferta “Está<br />

e demanda. As usinas terão<br />

que se antecipar às novidades<br />

se quiserem sobreviver”. A<br />

afirmação é do economista da<br />

Faculdade de Economia, Administração<br />

e Contabilidade de<br />

Ribeirão Preto (FEA/RP) da<br />

Universidade de São Paulo<br />

(USP), Marcos Fava Neves,<br />

que esteve em Maringá, dia 27<br />

de outubro, falando sobre “Eficiência<br />

- adaptando-se a nova<br />

realidade”, dentro do projeto<br />

Caminhos da Cana.<br />

Para o economista, tem<br />

que haver um choque de eficiência<br />

e o uso de ativo ser<br />

mais racional. “As coisas mudaram<br />

e nós não estamos<br />

conseguindo acompanhar.<br />

Vamos partir para uma economia<br />

de uso intensivo de ativos,<br />

sem ociosidade. O negócio<br />

de produção de canade-açúcar<br />

em 2030 será<br />

muito diferente do atual”,<br />

disse, ressaltando que, para<br />

começar, o setor tem que<br />

“buscar eficiência e cortar as<br />

gorduras para ter resultado<br />

mesmo em períodos difíceis”.<br />

“O produtor vai olhar a cana<br />

em 2030 como quem olha<br />

hoje o orelhão e dizer: ‘olha o<br />

que fazíamos em <strong>2016</strong>’. Se<br />

não tiver vontade de entender<br />

as mudanças, não vai participar”,<br />

alertou.<br />

Fava Neves comentou que<br />

a ocupação de área de canade-açúcar<br />

se dará por metro<br />

quadrado e que é preciso<br />

romper o conceito de delimitação<br />

de fronteira que existe.<br />

“A máquina terá de passar de<br />

uma propriedade para a outra<br />

e ser comandada remotamente”,<br />

exemplificou citando<br />

ainda que a expansão da produção<br />

se dará principalmente<br />

via genética, com aumento de<br />

produtividade.<br />

O economista também destacou<br />

que será preciso fortalecer<br />

as associações, sindicatos<br />

rurais, cooperativas e<br />

suas regiões. “Tem que se<br />

associar. Sozinho não se conquista<br />

nada. Tem que participar<br />

e fortalecer o grupo.<br />

Chega de omissão”, afirmou.<br />

Outro ponto citado foi o investimento<br />

necessário em<br />

técnicas agrícolas, adequação<br />

de variedades ao ambiente,<br />

inovações, tratos culturais<br />

e colheita para o aumento<br />

de produtividade e<br />

qualidade. E isso com redução<br />

dos custos de produção,<br />

fato possível com a melhora<br />

das compras, das atividades<br />

e do uso dos ativos, do aumento<br />

de produtividade e do<br />

compartilhar (vizinhar), entre<br />

outros.<br />

Com mudanças importantes<br />

que ocorrem no mundo, como<br />

as proibições crescentes aos<br />

combustíveis fósseis, a resistência<br />

ao açúcar e a tendência<br />

de uso de veículos coletivos,<br />

Fava Neves destacou as possibilidades<br />

que surgem com<br />

os novos produtos feitos a<br />

partir da cana-de-açúcar: bioquerosene,<br />

biodiesel, plástico<br />

verde e bagaço (para geração<br />

de energia), dentre outros.<br />

O economista<br />

Marcos Fava<br />

Neves falou<br />

sobre o assunto<br />

em evento<br />

em Maringá<br />

Usina gera desenvolvimento<br />

O economista da FEA/USP,<br />

de Ribeirão Preto, Marcos<br />

Fava Neves, destacou ainda<br />

em sua palestra que não tem<br />

outra coisa melhor para desenvolver<br />

pequenos municípios<br />

do que implantar um a<br />

usina. Citando o exemplo de<br />

Quirinópolis (GO), disse que<br />

a instalação de duas usinas<br />

no município, em 2005, fez<br />

com que dobrasse o número<br />

de empregos gerados de<br />

uma média de pouco mais<br />

de 4 mil para quase 11 mil<br />

em 2011.<br />

Da mesma forma, o total<br />

de ICMS arrecadado saiu de<br />

uma média de R$ 7,8 milhões<br />

a R$ 10,2 milhões<br />

para R$ 24,8 milhões, e o<br />

número de empresa de 988<br />

para 3.324. Também dobrou<br />

a renda per capita e quase<br />

triplicou o salário médio, aumentando<br />

a população de<br />

37,6 mil habitantes para<br />

43,3 mil.<br />

Outro exemplo citado, a<br />

Usina Aroeira, em Tupaciguara<br />

(MG), “se tornou um<br />

modelo de geração e distribuição<br />

de renda”, afirmou.<br />

Gera 700 empregos e com<br />

a moagem de 1,36 milhão<br />

de toneladas de cana, gera<br />

R$ 18 milhões em salários<br />

que são investidos na<br />

região, R$ 20 milhões em<br />

impostos, e compra outros<br />

R$ 30 milhões em produtos,<br />

movimentando fornecedores.<br />

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<strong>Novembro</strong> <strong>2016</strong> - <strong>Jornal</strong> <strong>Paraná</strong>

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