01.11.2014 Views

fundamentos de física iii fundamentos de física iii - Departamento de ...

fundamentos de física iii fundamentos de física iii - Departamento de ...

fundamentos de física iii fundamentos de física iii - Departamento de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Wagner Corradi Rodrigo Dias Társia<br />

Leonardo Fonseca Maria Carolina Nemes<br />

Wan<strong>de</strong>rson Silva <strong>de</strong> Oliveira Karla Balzuweit<br />

FUNDAMENTOS DE FÍSICA III<br />

FUNDAMENTOS DE FÍSICA III<br />

Belo Horizonte<br />

Editora UFMG<br />

2011<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 0<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 1


© 2011, Wagner Corradi; Rodrigo Dias Társia; Leonardo Fonseca; Maria Carolina Nemes; Wan<strong>de</strong>rson Silva<br />

<strong>de</strong> Oliveira; Karla Balzuweit<br />

© 2011, Editora UFMG<br />

Este livro ou parte <strong>de</strong>le não po<strong>de</strong> ser reproduzido por qualquer meio sem a autorização escrita do Editor.<br />

Fundamentos <strong>de</strong> Física I / Wagner Corradi ...[et al.]<br />

- Belo Horizonte ; Editora UFMG, 2011<br />

p. – Il (Educação a Distância)<br />

Inclui referências.<br />

ISBN:<br />

www.editora.ufmg.br editora@ufmg.br<br />

educacaoadistancia@ufmg.br<br />

1. Física. 2. Eletricida<strong>de</strong>. 3. Eletromagnetismo<br />

I. Corradi, Wagner II. Série.<br />

CDD:<br />

CDU:<br />

Elaborada pela DITTI – Setor <strong>de</strong> Tratamento da Informação<br />

Biblioteca Universitária da UFMG<br />

Este livro recebeu o apoio financeiro da Secretaria <strong>de</strong> Educação a Distância do MEC.<br />

ASSISTÊNCIA EDITORIAL Eliane Sousa e Euclídia Macedo<br />

EDITORAÇÃO DE TEXTO Maria do Carmo Leite Ribeiro<br />

PREPARAÇÃO DE TEXTO Michel Gannam<br />

REVISÃO DE PROVAS<br />

FORMATAÇÃO<br />

PROJETO GRÁFICO E CAPA Eduardo Ferreira<br />

PRODUÇÃO GRÁFICA Warren Marilac<br />

EDITORA UFMG<br />

Av. Antônio Carlos, 6627 – Ala direita da Biblioteca Central<br />

– Térreo<br />

Campus Pampulha – 31270-901 – Belo Horizonte/MG<br />

Tel.: +55 31 3409-4650 Fax: +55 31 3409-4768<br />

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO<br />

Av. Antônio Carlos, 6.627 – Reitoria – 6º andar<br />

Campus Pampulha – 31270-901 – Belo Horizonte/MG<br />

Tel.: + 55 31 3409-4054 Fax: + 55 31 3409-4060<br />

www..ufmg.br info@prograd.ufmg.br<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 2<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 3


INFORMAÇÕES GERAIS<br />

Sumário<br />

1. FUNDAMENTOS DE FÍSICA III NA MODALIDADE DE ENSINO A DISTÂNCIA 11<br />

UNIDADE 1 – CARGAS ELÉTRICAS E LEI DE COULOMB 13<br />

AULA 1 – CARGAS ELÉTRICAS<br />

A1.1 ELETRIZAÇÃO POR ATRITO 15<br />

A1.2 CARGAS ELÉTRICAS 18<br />

A1.3 ISOLANTES, CONDUTORES E A LOCALIZAÇÃO DA CARGA ELÉTRICA 22<br />

A1.4 ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO E POLARIZAÇÃO 26<br />

A1.5 ELETROSCÓPIOS 28<br />

A1.6 APLICAÇÃO TECNOLÓGICA DO FENÔMENO ELETRIZAÇÃO 32<br />

PENSE E RESPONDA 36<br />

AULA 2 – LEI DE COULOMB 38<br />

A2.1 LEI DE COULOMB 38<br />

A2.2 FORÇA DE UM CONJUNTO DE CARGAS 43<br />

A2.3 A LEI DE COULOMB EM UM DIELÉTRICO 47<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDADE 52<br />

UNIDADE 2 – CAMPO ELÉTRICO 54<br />

AULA 3 – CAMPO ELÉTRICO<br />

A3.1 DEFINIÇÃO E DISCUSSÃO FÍSICA DO CAMPO ELETROSTÁTICO 56<br />

A3.2 DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS ELÉTRICAS 59<br />

A3.3 O DIPOLO ELÉTRICO 61<br />

A3.4 LINHAS DE FORÇÁ 64<br />

A3.5 CARGAS ELÉTRICAS EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME 66<br />

PENSE E RESPONDA E EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 72<br />

AULA 4 – CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS<br />

DE CARGA EM UMA DIMENSÃO<br />

A4.1 COLOCAÇÃO DO PROBLEMA GERAL 74<br />

A4.2 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO EM DISTRIBUIÇÕES UNIDIMENSIONAIS DE CARGA 77<br />

PENSE E RESPONDA 87<br />

AULA 5 – CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS<br />

DE CARGA EM DUAS E TRÊS DIMENSÕES<br />

A5.1 ELEMENTOS DE SUPERFÍCIE E DE VOLUME 88<br />

A5.2 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES DE CARGA EM DUAS<br />

89<br />

DIMENSÕES<br />

A5.3 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES DE CARGA EM TRÊS DIMENSÕES 95<br />

PROBLEMAS DA UNIDADE 104<br />

UNIDADE 3 – LEI DE GAUSS E SUAS APLICAÇÕES 106<br />

AULA 6 – LEI DE GAUSS 108<br />

A6.1 FLUXO DO CAMPO ELÉTRICO 108<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 4<br />

74<br />

88<br />

A6.2 A LEI DE GAUSS 113<br />

A6.3 FERRAMENTAS MATEMÁTICAS: CÁLCULO DA INTEGRAL DE SUPERFÍCIE NA LEI DE 114<br />

GAUSS<br />

PENSE E RESPONDA 119<br />

AULA 7 – APLICAÇÕES DA LEI DE GAUSS 120<br />

A7.1 COMO USAR A LEI DE GAUSS 120<br />

A7.2 APLICAÇÕES DA LEI DE GAUSS 123<br />

A7.3 CARGAS E CAMPO ELÉTRICOS NA SUPERFÍCIE DE CONDUTORES 135<br />

PENSE E RESPONDA 143<br />

AULA 8 – APLICAÇÕES DA ELETROSTÁTICA 144<br />

A8.1 ATIVIDADES COM APLICAÇÕES DA ELETROSTÁTICA 144<br />

UNIDADE 4 – ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA E POTENCIAL ELÉTRICO 154<br />

AULA 9 – TRABALHO, ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA E POTENCIAL ELÉTRICO 156<br />

A9.1 TRABALHO E ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA 156<br />

A9.2 ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA DE DUAS CARGAS PONTUAIS 161<br />

A9.3 DIPOLO ELÉTRICO EM UM CAMPO ELÉTRICO 164<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 168<br />

AULA 10 – POTENCIAL ELÉTRICO 170<br />

A10.1 O POTENCIAL ELÉTRICO 170<br />

A10.2 POTENCIAL ELÉTRICO DE UMA CARGA PUNTIFORME 171<br />

A10.3 POTENCIAL ELÉTRICO DE VÁRIAS CARGAS 171<br />

A10.4 SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS 176<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 180<br />

AULA 11 – POTENCIAL ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA<br />

ELÉTRICA<br />

A11.1 POTENCIAL ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA 181<br />

A11.2 POTENCIAL ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES LINEARES DE CARGA 182<br />

A11.3 POTENCIAL ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES SUPERFICIAIS DE CARGA 186<br />

A11.4 POTENCIAL ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES VOLUMÉTRICAS DE CARGA 188<br />

PENSE E RESPONDA, EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 194<br />

AULA 12 – RELAÇÃO ENTRE CAMPO E POTENCIAL ELÉTRICO 196<br />

A12.1 OBTENDO O POTENCIAL A PARTIR DO CAMPO ELÉTRICO 196<br />

A12.2 OBTENDO O CAMPO ELÉTRICO A PARTIR DO POTENCIAL 199<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 207<br />

UNIDADE 5 – CAPACITORES 208<br />

AULA 13 – CAPACITORES 210<br />

A13.1 CAPACITÂNCIA 210<br />

A13.2 CAPACITORES 210<br />

A13.3 ENERGIA EM UM CAPACITOR 217<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 221<br />

AULA 14 – ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES 222<br />

A14.1 ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE DE CAPACITORES 222<br />

A14.2 ASSOCIAÇÃO EM PARALELO DE CAPACITORES 224<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 232<br />

AULA 15 – CAPACITORES COM DIELÉTRICOS 233<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 5<br />

181


A15.1 INFLUÊNCIA DO DIELÉTRICO 233<br />

A15.2 RIGIDEZ DIELÉTRICA 238<br />

A15.3 A LEI DE GAUSS E OS DIELÉTRICOS 239<br />

PENSE E RESPONDA, EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 247<br />

AULA 16 – VETORES DESLOCAMENTO ELÉTRICO E POLARIZAÇÃO ELÉTRICA 249<br />

A16.1 OS VETORES POLARIZAÇÃO E DESLOCAMENTO ELÉTRICO 249<br />

PENSE E RESPONDA 254<br />

AULA 17 – TRABALHO E ENERGIA DE DISTRIBUIÇÕES DE CARGA 255<br />

A17.1 TRABALHO E ENERGIA DE UMA DISTRIBUIÇÃO DISCRETA DE CARGAS 255<br />

A17.2 TRABALHO E ENERGIA DE UMA DISTRIBUIÇÃO DISCRETA DE CARGAS 259<br />

A17.3 DENSIDADE DE ENERGIA 261<br />

A17.4 UMA APARENTE INCONSISTÊNCIA NA DESCRIÇÃO DA ENERGIA 263<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDADE 266<br />

UNIDADE 6 – FORÇA ELETROMOTRIZ, CORRENTE E RESISTÊNCIA 270<br />

AULA 18 – FORÇA ELETROMOTRIZ, CORRENTE E DENSIDADE DE CORRENTE 272<br />

A18.1 FORÇA ELETROMOTRIZ 272<br />

A18.2 GERADORES DE CORRENTE E FORÇA ELETROMOTRIZ 274<br />

A18.3 CORRENTE ELÉTRICA 279<br />

A18.4 DENSIDADE DE CORRENTE ELÉTRICA 284<br />

PENSE E RESPONDA E EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 289<br />

AULA 19 – RESISTÊNCIA ELÉTRICA E RESISTIVIDADE E LEI DE OHM 290<br />

A19.1 RESISTÊNCIA ELÉTRICA 290<br />

A19.2 LEI DE OHM 291<br />

A19.3 RESISTIVIDADE E CONDUTIVIDADE 295<br />

PENSE E RESPONDA E EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 297<br />

AULA 20 –RESISTIVIDADE DOS MATERIAIS E POTÊNCIA ELÉTRICA 300<br />

A20.1 RESISTIVIDADE E EFEITO DA TEMPERATURA 300<br />

A20.2 POTÊNCIA EM CIRCUITOS ELÉTRICOS 302<br />

PENSE E RESPONDA E EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 307<br />

AULA 21 – CONDUTORES, DIELÉTRICOS E SEMICONDUTORES 308<br />

A21.1 VISÃO MICROSCÓPICA DA CONDUÇÃO ELÉTRICA 308<br />

PENSE E RESPONDA E PROBLEMAS DA UNIDADE 312<br />

UNIDADE 7 – CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA 314<br />

AULA 22 – LEIS DE KIRCHOFF 316<br />

A22.1 LEI DAS MALHAS 316<br />

A22.2 LEI DOS NÓS 319<br />

PENSE E RESPONDA E EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 330<br />

AULA 23 –CIRCUITOS DE MAIS DE UMA MALHA 332<br />

A23.1 CIRCUITOS ELÉTRICOS 332<br />

PENSE E RESPONDA E EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 338<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 6<br />

AULA 24 –APARELHOS DE MEDIDA I 340<br />

A24.1 GALVANÔMETRO 340<br />

A24.2 AMPERÍMETRO 343<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 345<br />

AULA 25 – APARELHOS DE MEDIDA II 347<br />

A25.1 VOLTÍMETRO 347<br />

A25.2 OHMÍMETRO 348<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 352<br />

AULA 26 – CIRCUITO RC 353<br />

A26.1 ANÁLISE DE UM CIRCUITO RC 353<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDADE 363<br />

UNIDADE 8 – CAMPO MAGNÉTICO 366<br />

AULA 27 CAMPO MAGNÉTICO E FORÇA MAGNÉTICA 368<br />

A27.1 UM POUCO DE HISTÓRIA 368<br />

A27.2 CAMPO MAGNÉTICO 369<br />

A27.3 INDUÇÃO MAGNÉTICA E FORÇA MAGNÉTICA 370<br />

A27.4 CONFINAMENTO DE PARTÍCULAS USANDO O CAMPO MAGNÉTICO 377<br />

A27.5 APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS DO USO DE UM CAMPO MAGNÉTICO 379<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 379<br />

AULA 28 FORÇA MAGNÉTICA SOBRE CORRENTE ELÉTRICA 389<br />

A28.1 FORÇA MAGNÉTICA SOBRE UM FIO CONDUZINDO CORRENTE ELÉTRICA 390<br />

A28.2 O EFEITO HALL 397<br />

A28.3 TORQUE EM CIRCUITOS ELÉTRICOS 400<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDADE 407<br />

UNIDADE 9 – FONTES DE CAMPO MAGNÉTICO E A LEI DE AMPÈRE 409<br />

AULA 29 A LEI DE BIOT-SAVART 411<br />

A29.1 A LEI DE BIOT-SAVART 411<br />

A29.2 FORÇA ENTRE FIOS PARALELOS 418<br />

A29.3 CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR CARGA EM MOVIMENTO 419<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 424<br />

AULA 30 CAMPO MAGNÉTICO EM SOLENÓIDES 426<br />

A30.1 CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR UMA ESPIRA 426<br />

A30.2 DESCRIÇÃO DO CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR UM SOLENÓIDE 436<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDADE 440<br />

AULA 31 LEI DE AMPÈRE 442<br />

A31.1 A LEI DE AMPÈRE<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDADE 457<br />

UNIDADE 10 – LEIS DE FARADAY E DE LENZ E A INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA 458<br />

AULA 32 LEI DE FARADAY E LEI DE LENZ 460<br />

A32.1 O FLUXO DA INDUÇÃO MAGNÉTICA 460<br />

A32.2 A LEI DE FARADAY 461<br />

A32.3 A LEI DE LENZ 464<br />

A32.4 ESTUDO QUANTITATIVO DA LEI DE FARADAY<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 7


A32.5 FORÇA ELETROMOTRIZ E CORRENTE INDUZIDA 478<br />

A32.6 GERADORES E MOTORES 481<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 486<br />

AULA 33 CAMPO ELÉTRICO VARIÁVEL COM O TEMPO 488<br />

A33.1 O CAMPO ELÉTRICO INDUZIDO 488<br />

A33.2 CORRENTES DE FOUCAULT 495<br />

A33.3 A INDUÇÃO E O MOVIMENTO RELATIVO 496<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDADE 503<br />

UNIDADE 11 – INDUTÂNCIA 506<br />

AULA 34 INDUTORES E INDUTÂNCIA 508<br />

A34.1 INDUTORES E INDUTÂNCIA 508<br />

A34.2 DIFERENÇAS DE POTENCIAL E ENERGIA EM INDUTORES E DENSIDADE DE ENERGIA NO 512<br />

CAMPO MAGNÉTICO<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 515<br />

AULA 35 ASSOCIAÇÃO DE INDUTORES, AUTO INDUTÂNCIA E INDUTÂNCIA<br />

MÚTUA<br />

A35.1 ASSOCIAÇÕES DE INDUTORES 516<br />

A35.2 CIRCUITO RL 518<br />

A35.3 AUTO INDUTÂNCIA E INDUTÂNCIA MÚTUA 522<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDADE 531<br />

UNIDADE 12 – OSCILAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS E CIRCUITOS DE CORRENTE<br />

ALTERNADA<br />

AULA 36 OSCILAÇÕES EM CIRCUITOS ELÉTRICOS I 536<br />

A36.1 O CIRCUITO LC 536<br />

A36.2 ENERGIA NO CIRCUITO LC 544<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 550<br />

516<br />

534<br />

UNIDADE 13 – EQUAÇÕES DE MAXWELL 606<br />

AULA 41 PROPRIEDADES MAGNÉTICAS DA MATÉRIA 608<br />

A41.1 MOMENTOS MAGNÉTICOS ATÔMICOS 608<br />

A41.2 VETORES MAGNETIZAÇÃO E INTENSIDADE DO CAMPO MAGNÉTICO 611<br />

A41.3 MATERIAIS MAGNÉTICOS 613<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 623<br />

AULA 42 EQUAÇÕES DE MAXWELL 624<br />

A42.1 CONSERVAÇÃO DA CARGA ELÉTRICA 626<br />

A42.2 LEI DE AMPÈRE-MAXWELL 627<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

AULA 43 FORMA DIFERENCIAL DAS EQUAÇÕES DE MAXWELL 634<br />

A43.1 FLUXO E DIVERGÊNCIA DE UM VETOR 634<br />

A43.2 ROTACIONAL E CIRCULAÇÃO DE UM VETOR 638<br />

A43.3 AS EQUAÇÕES DE MAXWELL NA FORMA DIFERENCIAL 640<br />

A43.4 DEMONSTRAÇÃO DO TEOREMA DE GAUSS E DO TEOREMA DE STOKES 643<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDADE 649<br />

APÊNDICES 650<br />

A DEFINIÇÕES DO SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES 651<br />

B CONSTANTES NUMÉRICAS 653<br />

C FATORES DE CONVERSÃO DE UNIDADES 655<br />

D RELAÇÕES MATEMÁTICAS 656<br />

E TABELA PERIÓDICA 660<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 661<br />

AULA 37 OSCILAÇÕES EM CIRCUITOS ELÉTRICOS II 553<br />

A37.1 CIRCUITO RLC 553<br />

A37.2 ANALOGIA COM AS OSCILAÇÕES MECÂNICAS 560<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 563<br />

AULA 38 CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA 565<br />

A38.1 FORÇA ELETROMOTRIZ E CORRENTES ALTERNADAS 565<br />

A38.2 OS MAIS SIMPLES CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA 566<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 574<br />

AULA 39 CIRCUITO RLC COM GERADOR 576<br />

A39.1 O CIRCUITO RLC 576<br />

A39.2 FASORES 582<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 587<br />

AULA 40 VALOR EFICAZ E TRANSFORMADORES 589<br />

A40.1 VALOR EFICAZ E FATOR DE POTÊNCIA 589<br />

A40.2 O TRANSFORMADOR 592<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO E PROBLEMAS DA UNIDADE 603<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 8<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 9


Prefácio<br />

A elaboração <strong>de</strong>ste livro nasceu da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se produzir um material<br />

didático a<strong>de</strong>quado ao Ensino a Distância (EAD) das disciplinas <strong>de</strong> Física Básica na<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais (UFMG). Ele foi construído a partir <strong>de</strong> um<br />

conjunto <strong>de</strong> textos que vêm sendo utilizados e aprimorados durante vários anos no<br />

projeto-piloto <strong>de</strong> EAD do <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física da UFMG.<br />

Acreditamos que para se fazer EAD não basta disponibilizar o material na<br />

internet, em um sítio muito colorido e com várias animações. É preciso que se tenha<br />

um material impresso <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, com uma organização a<strong>de</strong>quada,<br />

concatenação e seqüência lógica das idéias, numa linguagem coerente e acessível ao<br />

estudante. Sem isso, é quase impossível apren<strong>de</strong>r física estudando <strong>de</strong> maneira<br />

autônoma.<br />

Durante o <strong>de</strong>senvolvimento das equações básicas todos os passos são mostrados, e a<br />

matemática é introduzida à medida que se faz necessária.<br />

O trabalho <strong>de</strong> elaboração, a<strong>de</strong>quação e preparação dos manuscritos e figuras<br />

que <strong>de</strong>ram origem a este livro é <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> dos autores da presente obra.<br />

Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ste esforço contou com a colaboração imprescindível dos estudantes<br />

<strong>de</strong> Graduação e Pós-Graduação do DF/UFMG, em particular Ulisses Moreira, Alexandre<br />

Ferreira <strong>de</strong> Freitas Lages e Gustavo Henrique Reis <strong>de</strong> Araújo Lima. Um agra<strong>de</strong>cimento<br />

especial para Hugo José da Silva Barbosa que <strong>de</strong>senhou várias figuras do livro.<br />

Agra<strong>de</strong>cemos ainda o suporte <strong>de</strong> nossos familiares, dos vários colegas do DF/UFMG e<br />

da Editora UFMG.<br />

Os Autores<br />

Há ainda a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fornecer acesso ao material didático in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

da disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um computador, já que nem sempre o acesso aos recursos<br />

computacionais é possível. Mesmo quando há essa disponibilida<strong>de</strong>, é difícil apren<strong>de</strong>r<br />

física na frente do computador apenas lendo os textos durante horas e clicando nos<br />

links disponíveis.<br />

A utilização <strong>de</strong> um livro voltado para o ensino presencial requer um professor<br />

que pon<strong>de</strong>re a linguagem do material, acrescente toda a sua experiência, e mo<strong>de</strong>re o<br />

ritmo <strong>de</strong> estudo em sala <strong>de</strong> aula. Sem essa intervenção você não teria como saber, <strong>de</strong><br />

antemão, qual ritmo <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong>veria seguir em cada capítulo ou seção do livro. Já<br />

no EAD, o livro <strong>de</strong>ve suprir a falta do professor, agindo como um roteiro <strong>de</strong> estudo.<br />

Para tanto, ele <strong>de</strong>ve ser dividido em aulas, que contenham uma maior sub-divisão do<br />

conteúdo. No fundo, uma tentativa <strong>de</strong> se colocar no papel o que o professor faria na<br />

sala <strong>de</strong> aula.<br />

Mas, lembre-se: esse livro não <strong>de</strong>ve ser a sua única referência bibliográfica. O<br />

material já consagrado no ensino presencial é uma fonte imprescindível para o<br />

completo aprendizado <strong>de</strong> física básica, mesmo porque, é inegável a forte influência<br />

<strong>de</strong>stes textos na estrutura e organização <strong>de</strong>sta obra.<br />

Os tópicos aqui apresentados seguem a forma histórica. A física mo<strong>de</strong>rna é<br />

introduzida ao longo do texto sempre que possível ou conveniente. O nível matemático<br />

leva em conta que o aluno já fez ou está fazendo um curso introdutório <strong>de</strong> cálculo.<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 10<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 11


Informações Gerais<br />

1. FUNDAMENTOS DE FÍSICA III NA MODALIDADE DE ENSINO A<br />

DISTÂNCIA<br />

Nesta disciplina as ativida<strong>de</strong>s são propostas em várias unida<strong>de</strong>s, divididas em<br />

aulas, conforme mostra a tabela abaixo. No início <strong>de</strong> toda aula você encontrará os<br />

objetivos. Eles querem dizer: “Ao final <strong>de</strong>sta aula você <strong>de</strong>verá ser capaz <strong>de</strong>...”.<br />

Certifique-se <strong>de</strong> ter atingido todos eles antes <strong>de</strong> passar para a próxima aula.<br />

importante resolver os problemas propostos. Neles você aplicará o que apren<strong>de</strong>u em<br />

situações mais elaboradas que exigirão uma estratégia a<strong>de</strong>quada para sua solução. Os<br />

itens “Pense e Responda”, propositalmente, não tem resposta. Eles têm a intenção <strong>de</strong><br />

fazer você pensar um pouco mais sobre o assunto.<br />

Lembre-se que o estudo autônomo exige maior perseverança e tanta <strong>de</strong>dicação<br />

quanto em um curso presencial. Siga o cronograma da forma mais fiel possível, para<br />

evitar atropelos. Não ler as aulas e não fazer as ativida<strong>de</strong>s propostas é enganar a si<br />

mesmo.<br />

Descubra seu ritmo <strong>de</strong> estudo e faça apenas o número <strong>de</strong> disciplinas que lhe<br />

permita ter bom rendimento. Lembre-se que a Universida<strong>de</strong> permite um tempo <strong>de</strong><br />

integralização curricular bem maior que os tradicionais quatro anos, caso seja<br />

necessário.<br />

As ativida<strong>de</strong>s ao longo do livro <strong>de</strong>vem ser resolvidas no espaço em branco<br />

disponível ao lado do texto. As soluções <strong>de</strong> quase todas as ativida<strong>de</strong>s propostas estão<br />

no final <strong>de</strong> cada aula. Evite pular diretamente para as soluções, ou estará fadado ao<br />

insucesso. Há também um conjunto <strong>de</strong> questões teóricas, uma lista <strong>de</strong> exercícios <strong>de</strong><br />

fixação e uma lista <strong>de</strong> problemas.<br />

UNIDADES<br />

1. Cargas Elétricas e Lei <strong>de</strong> Coulomb 8. Campo Magnético<br />

2. Campo Elétrico 9. Campo Magnético <strong>de</strong>vido à<br />

correntes e a Lei <strong>de</strong> Ampère<br />

3. Lei <strong>de</strong> Gauss e suas aplicações 10. Lei <strong>de</strong> Faraday e Lei <strong>de</strong> Lenz e<br />

a Indução Eletromagnética<br />

4. Energia Potencial Elétrica e<br />

Potencial Elétrico<br />

11. Indutância<br />

5. Capacitores 12. Oscilações Eletromagnéticas e<br />

Circuitos <strong>de</strong> Corrente Alternada<br />

6. Força Eletromotriz, Corrente e<br />

Resistência<br />

7. Circuitos <strong>de</strong> Corrente Contínua<br />

13. Equações <strong>de</strong> Maxwell<br />

Ao longo dos vários anos <strong>de</strong> prática <strong>de</strong> ensino, curiosamente, chegamos à três<br />

ensinamentos que sintetizam bem as situações vividas pela maioria dos professores e<br />

estudantes <strong>de</strong> física. São eles:<br />

1. Ninguém ensina o que não sabe;<br />

2. Só se apren<strong>de</strong> o que se quer;<br />

3. Roda <strong>de</strong> carro apertada é que canta.<br />

Sem saber o conteúdo não é possível ensinar a ninguém, no máximo, repassar<br />

o conhecimento. Depois, <strong>de</strong> nada adianta ter um ótimo professor se não houver<br />

interesse e vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r por parte do estudante. Por último, mas não menos<br />

importante, cada um sabe <strong>de</strong> seus problemas e <strong>de</strong> suas dificulda<strong>de</strong>s, mas não há<br />

conquistas sem esforço.<br />

Sucesso!!!<br />

Os exercícios <strong>de</strong> fixação são consi<strong>de</strong>rados apenas a primeira parte do<br />

aprendizado, pois, você <strong>de</strong>ve enten<strong>de</strong>r bem os conceitos e princípios básicos antes <strong>de</strong><br />

passar para a resolução dos problemas. Para obter sucesso nas avaliações é<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 12<br />

© Todos os direitos reservados. <strong>Departamento</strong> <strong>de</strong> Física - UFMG Página 13


UNIDADE 1<br />

CARGA ELÉTRICA E LEI DE COULOMB<br />

Nossa socieda<strong>de</strong> não vive hoje sem utilizar a energia elétrica e todos os<br />

dispositivos eletro-eletrônicos à sua disposição. É, portanto, crucial enten<strong>de</strong>r os<br />

fenômenos do eletromagnetismo em sua plenitu<strong>de</strong>. Para atingir esse objetivo<br />

começaremos revisando os aspectos históricos e os primeiros experimentos que<br />

levaram à <strong>de</strong>scoberta das cargas elétricas. Em particular, nesta primeira aula,<br />

serão discutidos os fenômenos <strong>de</strong> eletrização por atrito, contato e polarização e<br />

suas aplicações tecnológicas. Na segunda aula é discutida a Lei <strong>de</strong> Coulomb, que<br />

expressa a relação <strong>de</strong> força fundamental entre cargas elétricas. Pense nessa<br />

curiosida<strong>de</strong> para motivá-lo em seu estudo do eletromagnetismo que aqui se inicia:<br />

Se o espaço entre os átomos é essencialmente vazio porque então você não afunda<br />

através do chão?<br />

13<br />

14


AULA 1 : CARGAS ELÉTRICAS<br />

OBJETIVOS<br />

• DISCUTIR A NATUREZA DOS FENOMENOS ELÉTRICOS<br />

• DESCREVER OS VÁRIOS ASPECTOS DA CARGA ELÉTRICA, INCLUINDO SEU CARÁTER<br />

DISCRETO E QUANTIZADO<br />

• DESCREVER O FENÔMENO DE ELETRIZAÇÃO POR ATRITO, INDUÇÃO E POLARIZAÇÃO<br />

• RECONHECER A DIFERENÇA ENTRE ISOLANTES E CONDUTORES<br />

1.1 ELETRIZAÇÃO POR ATRITO<br />

Os primeiros registros dos quais se tem notícia, relacionados com<br />

fenômenos elétricos, foram feitos pelos gregos. O filósofo e matemático Thales <strong>de</strong><br />

Mileto (séc. VI a.C.) observou que um pedaço <strong>de</strong> âmbar (pedra amarelada gerada<br />

pela fossilização <strong>de</strong> folhas e seiva <strong>de</strong> árvores ao longo do tempo), após atritada<br />

com a pele <strong>de</strong> um animal, adquiria a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrair corpos leves como<br />

pedaços <strong>de</strong> palha e sementes <strong>de</strong> grama.<br />

Cerca <strong>de</strong> 2000 anos mais tar<strong>de</strong> o médico inglês William Gilbert (1544 --<br />

1603) fez observações sistemáticas <strong>de</strong> alguns fenômenos elétricos, que resultaram<br />

nas seguintes constatações:<br />

(a) vários outros corpos, ao serem atritados por contato com outros corpos,<br />

comportavam-se como o âmbar;<br />

(b) a atração exercida por eles se manifestava sobre qualquer outro corpo.<br />

Gilbert introduziu os termos "eletrizado", "eletrização" e "eletricida<strong>de</strong>",<br />

nomes <strong>de</strong>rivados da palavra grega para âmbar: elektron, visando <strong>de</strong>screver tais<br />

fenômenos.<br />

1.1.1 QUAL A NATUREZA DA ELETRICIDADE?<br />

O cientista francês François du Fay (1698--1739) procurou dar uma<br />

explicação à esse fenômeno da eletrização. Observando que um corpo era repelido<br />

após entrar em contato com um outro corpo eletrizado, concluiu que dois corpos<br />

eletrizados sempre se repelem. Entretanto esta idéia teve <strong>de</strong> ser modificada <strong>de</strong>vido<br />

à novas observações experimentais que a contradiziam. O próprio du Fay observou<br />

15<br />

que um pedaço <strong>de</strong> vidro atritado com seda atraía um pedaço <strong>de</strong> âmbar que tivesse<br />

sido previamente atritado com pele; isto é, a experiência mostrou que dois corpos<br />

eletrizados po<strong>de</strong>riam se atrair.<br />

Baseando-se num gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> experiências, lançou, então, em 1733,<br />

as bases <strong>de</strong> uma nova hipótese que teve gran<strong>de</strong> aceitação durante todo o século<br />

XVIII. Segundo ele, existiam dois tipos <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>: eletricida<strong>de</strong> vítrea<br />

(aquela que aparece no vidro após ele ser atritado com seda) e eletricida<strong>de</strong><br />

resinosa (aquela que aparece no âmbar atritado com pele). Todos os corpos que<br />

possuíssem eletricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mesmo nome (vítrea ou resinosa) repeliriam-se uns aos<br />

outros. Por outro lado, corpos com eletricida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nomes contrários, atrairiam-se<br />

mutuamente.<br />

Sua teoria ficou conhecida como a teoria dos dois fluidos elétricos (o<br />

vítreo e o resinoso), a i<strong>de</strong>ia sendo que em um corpo normal esses fluidos se<br />

apresentariam na mesma quantida<strong>de</strong>. Portanto, <strong>de</strong> acordo com essas i<strong>de</strong>ias, a<br />

eletricida<strong>de</strong> não era criada quando um corpo era atritado, os fluidos elétricos já<br />

existiam nos corpos e o que acontecia após os corpos serem atritados era uma<br />

redistribuição <strong>de</strong>stes fluidos.<br />

ATIVIDADE 1.1<br />

Você po<strong>de</strong> verificar as primeiras observações dos fenômenos elétricos com um<br />

pequeno e simples experimento. Corte pequenos pedaços <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> costura, por<br />

exemplo, com aproximadamente 2 cm <strong>de</strong> comprimento. Alternativamente você<br />

Você po<strong>de</strong> também cortar um pedaço <strong>de</strong> papel em vários pedacinhos. Atrite bem a<br />

extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma caneta com um pedaço <strong>de</strong> flanela ou pano <strong>de</strong> algodão ou<br />

ainda outro material sintético como, por exemplo, o poliéster. Aproxime a<br />

extremida<strong>de</strong> que foi atritada da caneta <strong>de</strong>sses pedacinhos <strong>de</strong> linha (ou <strong>de</strong> papel).<br />

Descreva o que ocorre.<br />

Como frequentemente acontece em Física, apareceu uma outra explicação<br />

com base nos mesmos fenômenos. Vamos à segunda teoria: o cientista americano<br />

Benjamin Franklin (1701--1790), interessado no assunto, também realizou um<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> experimentos que contribuiram <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva para a<br />

compreensão da natureza da eletricida<strong>de</strong>.<br />

Foram duas as suas contribuições fundamentais: primeiro formulou a<br />

hipótese <strong>de</strong> um fluido único. De acordo com sua teoria os corpos não eletrizados<br />

16


possuem uma quantida<strong>de</strong> natural <strong>de</strong> um certo fluido elétrico. Quando um corpo é<br />

atritado com outro, um <strong>de</strong>les per<strong>de</strong> parte do seu fluido, essa parte sendo<br />

transferida ao outro corpo. Franklin dizia que um corpo --- como o vidro --- que<br />

recebia o fluido elétrico ficava eletrizado positivamente e o que o perdia ---<br />

como o âmbar ---, ficava eletrizado negativamente. Essa terminologia é usada<br />

até hoje e correspon<strong>de</strong> aos termos eletricida<strong>de</strong> vítrea e resinosa <strong>de</strong> du Fay.<br />

A segunda gran<strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong> Franklin foi a hipótese <strong>de</strong> que o fluido<br />

elétrico é conservado: ele já existe nos corpos e se redistribui quando os corpos são<br />

atritados.<br />

nêutrons situam-se no núcleo dos átomos, enquanto que os elétrons, ocupam uma<br />

região em torno <strong>de</strong>ste núcleo.<br />

A massa do elétron é 1836 vezes menor que a do próton, cuja massa é<br />

muito próxima da massa do nêutron, conforme mostra a Tabela 1.1.<br />

Tabela 1.1: Massa e carga elétrica do elétron, próton e nêutron.<br />

Partícula Massa (kg) Carga elétrica<br />

Elétron<br />

Próton<br />

9,109<br />

1,672<br />

−31<br />

× 10<br />

- e<br />

−27<br />

× 10<br />

+ e<br />

ATIVIDADE 1.2<br />

Nêutron<br />

1,675<br />

−27<br />

× 10<br />

0<br />

Duas folhas <strong>de</strong> um mesmo tipo <strong>de</strong> papel são atritadas entre si. Elas ficarão<br />

eletrizadas? Por quê?<br />

Saiba Mais<br />

Você consegue perceber como funcionou o "método científico" proposto por Galileu<br />

com relação a este fenômeno?<br />

O método é baseado na experiência. A partir <strong>de</strong>la é que se fazem hipóteses para<br />

explicar a experiência. O atrito entre dois corpos <strong>de</strong> materiais diferentes mostrou a<br />

existência <strong>de</strong> um fenômeno (o da eletrização) e o comportamento <strong>de</strong> materiais<br />

diferentes (atração e repulsão, <strong>de</strong> acordo com a natureza <strong>de</strong>les) com relação à<br />

eletrização. Além disso, a experiência mostra em quais condições físicas ocorre o<br />

fenômeno estudado, o que nos permite saber mais sobre a natureza <strong>de</strong>le.<br />

Os prótons e os elétrons apresentam proprieda<strong>de</strong>s elétricas e a essas<br />

proprieda<strong>de</strong>s associamos uma gran<strong>de</strong>za fundamental, que <strong>de</strong>nominamos carga<br />

elétrica. A cargas das partículas está indicada na Tabela 1.1.<br />

1.2 CARGAS ELÉTRICAS<br />

O conceito <strong>de</strong> carga elétrica é, na realida<strong>de</strong>, um conceito tão básico e<br />

fundamental que, no atual nível <strong>de</strong> nosso conhecimento, não po<strong>de</strong> ser reduzido a<br />

nenhum outro conceito mais simples e mais elementar.<br />

A carga elétrica é a gran<strong>de</strong>za física que <strong>de</strong>termina a intensida<strong>de</strong> das<br />

interações eletromagnéticas, da mesma forma que a massa <strong>de</strong>termina a<br />

intensida<strong>de</strong> das forças gravitacionais.<br />

1.2.1 ASPECTOS FENOMENOLÓGICOS E ORDENS DE GRANDEZA<br />

Como <strong>de</strong>cidir entre as duas teorias? Essa é também uma situação muito<br />

frequente na Física. Na época, com os dados disponíveis não era possível distinguir<br />

entre as duas. Qual foi então o ingrediente novo que resolveu a dúvida? Foi o<br />

estabelecimento da teoria atômica da matéria, em bases razoavelmente firmes, no<br />

primeiro quarto do século XX.<br />

A teoria atômica trouxe uma nova perspectiva para explicar os fenômenos<br />

<strong>de</strong> eletrização. De acordo com ela, todos os corpos (sejam eles sólidos, líquidos ou<br />

gasosos) são formados por átomos. Estes, por sua vez, são constituídos por três<br />

partículas elementares: os prótons, os nêutrons e os elétrons. Os prótons e os<br />

resumiam:<br />

O estudo dos fenômenos elétricos levou a algumas leis empíricas que os<br />

1) Existem dois tipos <strong>de</strong> cargas elétricas: positivas e negativas. As<br />

cargas elétricas <strong>de</strong> mesmo sinal se repelem, as <strong>de</strong> sinais contrários se<br />

atraem.<br />

por<br />

Atribuímos à carga do elétron o nome <strong>de</strong> carga negativa e a representamos<br />

− e . Já a carga do próton é <strong>de</strong>nominada carga positiva, sendo <strong>de</strong>scrita por<br />

+ e , ver Tabela 1.1. O nome positivo ou negativo é apenas uma convenção para<br />

17<br />

18


indicar o comportamento do corpo ao ser eletrizado, como foi sugerido por<br />

Benjamin Franklin.<br />

O núcleo do átomo tem carga positiva e representa o número <strong>de</strong> prótons<br />

nele existente. Em um átomo neutro, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prótons e elétrons são<br />

iguais. Da igualda<strong>de</strong> numérica entre prótons e elétrons, <strong>de</strong>corre que a carga<br />

elétrica total do átomo em seu estado natural é nula (o átomo em seu estado<br />

natural é neutro).<br />

A transferência <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> um corpo para outro explica o aparecimento<br />

<strong>de</strong> carga elétrica em corpos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> serem atritados. Quando dois corpos são<br />

atritados, um <strong>de</strong>les per<strong>de</strong> elétrons para o outro; o primeiro torna-se, então,<br />

eletricamente positivo, enquanto que o outro, torna-se eletricamente negativo. A<br />

experiência mostra que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ganhar ou <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r elétrons <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

natureza dos materiais.<br />

2) Carga elementar : existe uma carga mínima. Até hoje nunca foi<br />

observado experimentalmente um corpo que tenha carga elétrica menor<br />

que a do elétron, representada por e . Somente foram observados corpos<br />

com cargas que são múltiplos inteiros <strong>de</strong> e .<br />

O caráter discreto da carga elétrica se manifesta principalmente em<br />

sistemas cuja carga total correspon<strong>de</strong> a poucas unida<strong>de</strong>s da carga elementar. O<br />

fato <strong>de</strong> nenhum experimento ter revelado a existência <strong>de</strong> um corpo que tenha<br />

carga elétrica menor que a <strong>de</strong> um elétron, permite dizer que a carga elétrica é<br />

quantizada, isto é, existe em quanta (quantum, em grego, significa pedaço).<br />

Por isso, no eletromagnetismo clássico, é difícil perceber este aspecto da carga<br />

elementar. Mas é fácil enten<strong>de</strong>r porque. A resposta tem a ver com outro aspecto<br />

fundamental da compreensão dos fenômenos físicos: as or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za.<br />

existência do elétron. Somente no século XX, com a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong>ssa partícula<br />

elementar e a medida <strong>de</strong> sua carga, é que foi possível calcular a equivalência entre<br />

a carga do elétron e e o Coulomb, C .<br />

18<br />

Um Coulomb correspon<strong>de</strong> a 6 ,25× 10 elétrons em excesso (se a carga for<br />

negativa) ou em falta (se for positiva). Na eletrostática geralmente lidamos com<br />

cargas elétricas muito menores do que um Coulomb. Vamos ver com frequência as<br />

−<br />

unida<strong>de</strong>s milicoulomb -- mC(10 3 C)<br />

-- ou o microcoulomb -- µ C(10 −6<br />

C)<br />

. Mesmo<br />

assim elas ainda representam um número enorme <strong>de</strong> cargas elementares. A carga<br />

do elétron, medida em Coulomb, é:<br />

−19<br />

e = 1,60× 10 C .<br />

EXEMPLO 1.1<br />

Quantos elétrons há em uma gota <strong>de</strong> água <strong>de</strong> massa 0,03g?<br />

Solução:<br />

Uma molécula <strong>de</strong> água ( H<br />

20)<br />

tem uma massa<br />

elétrons. Uma gota <strong>de</strong> água contém n = m/<br />

m moléculas, ou:<br />

Logo, a gota terá<br />

22<br />

10 elétrons.<br />

n =<br />

m<br />

m<br />

o<br />

o<br />

21<br />

= 10<br />

moléculas<br />

1.2.2 CONSERVAÇÃO E QUANTIZAÇÃO DA CARGA ELÉTRICA<br />

−23<br />

mo<br />

= 3×<br />

10 g e contém 10<br />

Se um corpo está carregado eletricamente, positiva ou negativamente, o<br />

valor <strong>de</strong> sua carga Q será um múltiplo inteiro da carga <strong>de</strong> um elétron<br />

Q = n e,<br />

n = 0 , ± 1, ± 2, ± 3 ...<br />

Por isso faz sentido tratar distribuições <strong>de</strong> cargas macroscópicas como se fossem<br />

contínuas, como faremos nas aulas seguintes. Vamos firmar esse idéia com um<br />

exemplo.<br />

Os átomos que constituem os corpos são normalmente neutros, ou seja, o<br />

número <strong>de</strong> cargas positivas é igual ao número <strong>de</strong> cargas negativas. Entretanto, por<br />

algum processo, os corpos po<strong>de</strong>m adquirir ou per<strong>de</strong>r carga elétrica, como por<br />

exemplo, atritando um bastão <strong>de</strong> plástico com um pedaço <strong>de</strong> flanela. Entretanto,<br />

quando ocorre uma interação elétrica entre dois corpos, a carga total <strong>de</strong>les se<br />

mantém constante. Além disso, em todos os casos, a carga elétrica <strong>de</strong> um<br />

sistema isolado é sempre constante.<br />

No Sistema Internacional (SI) a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga eletrica é 1<br />

Coulomb. Quando essa unida<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>finida, no século XVIII, não se conhecia a<br />

19<br />

Se o bastão ficar carregado positivamente é porque ele per<strong>de</strong>u elétrons.<br />

Para que isso ocorra, a flanela <strong>de</strong>ve ter recebido os elétrons do bastão. Observe<br />

20


então que houve apenas uma transferência <strong>de</strong> cargas elétricas <strong>de</strong> um corpo para o<br />

outro. Nenhuma carga foi criada ou <strong>de</strong>struída. Esse fato é conhecido como o<br />

Principio da Conservação da Carga Elétrica.<br />

Corpos líquidos e gasosos também po<strong>de</strong>m ser eletrizados por atrito: a<br />

eletrização das nuvens <strong>de</strong> chuva se dá pelo atrito entre as gotículas do ar e da<br />

água, na nuvem.<br />

Saiba Mais<br />

Os prótons e os nêutrons são fortemente ligados entre si por uma força<br />

<strong>de</strong>nominada força nuclear forte, que é muito intensa mas que age apenas em uma<br />

região do espaço da or<strong>de</strong>m do tamanho do núcleo. Ela não afeta os elétrons, que se<br />

mantêm presos ao átomo <strong>de</strong>vido à uma força <strong>de</strong>nominada força elétrica.<br />

Os prótons e nêutrons são compostos por partículas ainda menores,<br />

<strong>de</strong>nominadas quarks. Os quarks foram previstos pelo físico teórico Murray Gell-<br />

Mann em 1963 e <strong>de</strong>tectados mais tar<strong>de</strong> (em 1973) por bombar<strong>de</strong>amento do núcleo<br />

<strong>de</strong> átomos com feixes <strong>de</strong> elétrons altamente energéticos.<br />

Tanto prótons quanto nêutrons são formados por três quarks <strong>de</strong> dois tipos:<br />

up e down. Um próton é formado por dois quarks do tipo up e um do tipo down.<br />

Um nêutron é formado por um quark do tipo up e dois do tipo down. Vale a pena<br />

ressaltar que nenhum quark livre ‘foi observado até hoje.<br />

1.3 ISOLANTES, CONDUTORES E A LOCALIZAÇÃO DA CARGA<br />

ELÉTRICA<br />

Na Natureza encontramos dois <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> material que se comportam <strong>de</strong><br />

modo diferente com relação à eletricida<strong>de</strong>: os condutores e os isolantes.<br />

A principal questão envolvida na <strong>de</strong>finição do que é um material condutor ou<br />

isolante tem muito a ver com a estrutura microscópica do material. No caso dos<br />

condutores metálicos, por exemplo, os materiais são formados por uma estrutura<br />

mais ou menos rígida <strong>de</strong> íons positivos, embebido num gás <strong>de</strong> elétrons, como<br />

ilustra a figura 1.1. Esses elétrons, por não estarem presos a átomos <strong>de</strong>terminados,<br />

têm liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento, e o transporte <strong>de</strong>les <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um metal ocorre com<br />

relativa facilida<strong>de</strong>.<br />

Com a teoria atômica, a eletrização por contato pô<strong>de</strong> ser explicada como<br />

será discutido nas próximas aulas. Entretanto, uma <strong>de</strong>scrição teórica precisa da<br />

eletrização por atrito em termos microscópicos é muito difícil. Costuma-se<br />

colecionar os resultados experimentais e compilá-los em tabelas. Por exemplo,<br />

po<strong>de</strong>mos colocar corpos em uma lista tal que atritando um corpo com outro da<br />

lista, fica carregado positivamente aquele que aparece antes nessa lista. Uma lista<br />

<strong>de</strong>sse tipo ficaria:<br />

- Pêlo <strong>de</strong> gato, vidro, marfim, seda, cristal <strong>de</strong> rocha, mão, ma<strong>de</strong>ira, enxofre,<br />

flanela, algodão, gomalaca, borracha, resinas, metais...<br />

ATIVIDADE 1.3<br />

Figura 1.1: Representação esquemática <strong>de</strong> um condutor.<br />

Ao contrário dos condutores, existem sólidos nos quais os eletrons estão<br />

firmemente ligados aos respectivos átomos e os elétrons não são livres, isto é, não<br />

têm mobilida<strong>de</strong>, como no caso dos condutores. A figura 1.2 representa um esboço<br />

<strong>de</strong> um isolante. Nestes materiais, chamados <strong>de</strong> dielétricos ou isolantes, não será<br />

possível o <strong>de</strong>slocamento da carga elétrica. Exemplos importantes <strong>de</strong> isolantes são:<br />

a borracha, o vidro, a ma<strong>de</strong>ira, o plástico, o papel.<br />

Quando se atrita enxofre com algodão, que carga terá cada material?<br />

Além da eletrização por atrito existem diversos métodos para eletrizar<br />

corpos materiais: por incidência <strong>de</strong> luz em metais, por bombar<strong>de</strong>amento <strong>de</strong><br />

substâncias, por radiação nuclear e outros<br />

Figura 1.2: Representação esquemática <strong>de</strong> um isolante.<br />

21<br />

22


As condições ambientais também po<strong>de</strong>m influir na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma<br />

substância conduzir ou isolar eletricida<strong>de</strong>. De maneira geral, em climas úmidos, um<br />

corpo eletrizado, mesmo apoiado por isolantes, acaba se <strong>de</strong>scarregando <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

um certo tempo. Embora o ar atmosférico seja isolante, a presença <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> faz<br />

com que ele se torne condutor. Além disto, temos também a influência da<br />

temperatura. O aumento da temperatura <strong>de</strong> um corpo metálico correspon<strong>de</strong> ao<br />

aumento da velocida<strong>de</strong> média dos íons e elétrons que os constituem, tornando mais<br />

difícil o movimento <strong>de</strong> elétrons no seu interior.<br />

Com relação aos isolantes, a umida<strong>de</strong> e condições <strong>de</strong> "pureza" <strong>de</strong> sua<br />

superfície (se existem corpúsculos estranhos ao material que a<strong>de</strong>riram a ela) são<br />

fatores importantes. A razão disto é que a umida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> dissolver sais existentes<br />

na superfície do corpo recobrindo-o com uma solução salina, boa condutora <strong>de</strong><br />

eletricida<strong>de</strong>.<br />

ATIVIDADE 1.4<br />

Metais como o alumínio e o cobre, <strong>de</strong> modo geral, são bons condutores <strong>de</strong><br />

eletricida<strong>de</strong> e também são bons condutores <strong>de</strong> calor. Você acha que existe alguma<br />

relação entre as condutivida<strong>de</strong>s elétricas e térmicas <strong>de</strong>sses materiais? Por quê?<br />

EXEMPLO 1.2<br />

A figura 1.3 mostra um aparato simples que po<strong>de</strong> ser reproduzido em casa.<br />

lata. As linhas <strong>de</strong>vem estar em contato com a lata. Coloque a lata sobre um tecido<br />

ou um pedaço <strong>de</strong> isopor. Atrite o tubo da caneta <strong>de</strong> plástico com o pano e toque a<br />

superfície da lata.<br />

a) Descreva o que foi observado com as linhas que estão nas superfícies<br />

interna e externa da lata quando você a toca com o tubo eletrizado.<br />

b) Crie hipóteses para explicar o que ocorre e discuta com os seus colegas.<br />

c) O comportamento observado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do sinal da carga da caneta?<br />

Resolução<br />

a) Quando a caneta é atritada com o pano ela fica carregada eletricamente. A<br />

caneta recebe ou ce<strong>de</strong> elétrons para o pano. Colocando-a em contato com a<br />

lata apenas as linhas que estão na superfície externa se elevam. Nada<br />

acontece com as linhas que estão no interior da lata.<br />

b) A lata <strong>de</strong> refrigerante é feita com alumínio que é um material <strong>de</strong> boa<br />

condutivida<strong>de</strong> elétrica. Quando você toca a sua superfície com a caneta<br />

carregada haverá movimento <strong>de</strong> elétrons da lata para a caneta ou da caneta<br />

para a lata, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do sinal da carga elétrica do tubo da caneta. Isso<br />

significa que a lata também ficará carregada eletricamente, ou seja, ela<br />

ficará com falta (ou excesso) <strong>de</strong> elétrons. As cargas em excesso se<br />

movimentam sobre toda a lata. As linhas que estão em contato com a lata<br />

também recebem parte <strong>de</strong>ssa carga elétrica em excesso e por isso se<br />

repelem (Figura 1.3b). O fato que apenas linhas que estão na superfície<br />

externa se repelem evi<strong>de</strong>ncia que a carga elétrica em excesso <strong>de</strong> um<br />

condutor se distribui apenas sobre a sua superfície externa. Não há cargas<br />

elétricas em excesso no interior <strong>de</strong> um condutor.<br />

Materiais Utilizados:<br />

• Latinha <strong>de</strong> refrigerante<br />

• Pequenos pedaços (<strong>de</strong> 5 a 10 centímetros<br />

aproximadamente) <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> costura ou<br />

similar<br />

• Um tubo <strong>de</strong> caneta <strong>de</strong> plástico.<br />

• Pano <strong>de</strong> algodão ou <strong>de</strong> material sintético<br />

como o poliéster (preferível)<br />

Figura 1.3a Latinha com<br />

• Fita a<strong>de</strong>siva<br />

linhas <strong>de</strong> costura<br />

Fixe os pedaços <strong>de</strong> linha, com fita a<strong>de</strong>siva, nas superfícies interna e externa da<br />

Figura 1.3b Linhas <strong>de</strong> costuram se repelem<br />

c) As linhas que estão na superfície externa da lata irão se repelir<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do sinal da carga da caneta. Se o tubo da caneta estiver<br />

carregado positivamente, elétrons da lata (inicialmente neutra) migrarão<br />

para a caneta <strong>de</strong> modo que a lata ficará carregada positivamente. Caso a<br />

caneta esteja carregada negativamente, quando ela toca a lata, parte <strong>de</strong><br />

23<br />

24


seus elétrons em excesso migrarão para a lata <strong>de</strong>ixando-a carregada<br />

negativamente. Também, nesse caso, as linhas que estão na superfície<br />

externa da lata irão se repelir.<br />

ATIVIDADE EXPERIMENTAL<br />

Tente reproduzir em casa o exemplo discutido acima. Deu certo? Se não, faça<br />

hipóteses para explicar o que po<strong>de</strong> estar ocorrendo e discuta com seus colegas.<br />

1.3.1 DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS ELÉTRICAS ADICIONADAS A ISOLANTES<br />

OU CONDUTORES<br />

É um fato experimental que quando adicionamos carga a um<br />

condutor, ela se distribui integralmente sobre a sua superfície externa. A<br />

razão disto é que cargas <strong>de</strong> mesmo sinal se repelem e cada carga ten<strong>de</strong> a<br />

ficar o mais longe possível das outras. Então, mesmo que as cargas sejam<br />

colocadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um condutor maciço ou oco, elas ten<strong>de</strong>rão a migrar<br />

para a superfície externa.<br />

ATIVIDADE 1.5<br />

a) Suponha que uma esfera metálica esteja inicialmente neutra e você a toque<br />

com uma régua carregada negativamente em <strong>de</strong>terminado ponto. Dê<br />

argumentos para explicar por que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> certo tempo, a carga elétrica<br />

se distribuirá uniformemente sobre a superfície da esfera.<br />

b) Consi<strong>de</strong>re um material condutor que tenha uma superfície pontiaguda como,<br />

por exemplo, um para-raio. Em um material <strong>de</strong>sse tipo a carga elétrica se<br />

distribuirá <strong>de</strong> maneira uniforme? Crie hipóteses e discuta com seus colegas.<br />

Atrite bem uma caneta com um pano e aproxime-o <strong>de</strong> um filete estreito <strong>de</strong><br />

água da torneira. A água é eletricamente neutra.<br />

a) Explique o fenômeno observado.<br />

b) O que foi observado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do sinal da carga da caneta? Explique.<br />

No caso dos dielétricos, cargas po<strong>de</strong>m existir em qualquer ponto do<br />

material, tanto no interior como na superfície. A concentração <strong>de</strong> cargas em um<br />

dielétrico é mais difícil <strong>de</strong> ser medida, e po<strong>de</strong> ser inferida a partir <strong>de</strong> certas técnicas<br />

que serão vistas mais adiante.<br />

ATIVIDADE 1.7<br />

Retire 4 pedaços <strong>de</strong> fita a<strong>de</strong>siva (2 pedaços <strong>de</strong> cada vez) e em seguida junte dois<br />

pedaços (<strong>de</strong> aproximadamente 10 cm) lado a lado da seguinte maneira:<br />

a) lado com cola/lado sem cola. b) lado com cola/lado com cola.<br />

Depois <strong>de</strong> juntos, separe-os, aproxime-os e observe o que ocorre. Peça a ajuda <strong>de</strong><br />

um colega se tiver dificulda<strong>de</strong>s para unir ou separar os pedaços. Explique o que foi<br />

observado.<br />

1.4 ELETRIZAÇÃO POR INDUÇÃO E POLARIZAÇÃO<br />

Quando aproximamos um bastão <strong>de</strong> vidro, atritado com seda, <strong>de</strong> um<br />

condutor neutro, provoca-se uma separação das cargas do corpo, embora o<br />

condutor como um todo continue eletricamente neutro, como mostra a figura 1.4a.<br />

Esta separação <strong>de</strong> cargas é <strong>de</strong>nominada indução eletrostática.<br />

Outro fato experimental é que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

área na superfície <strong>de</strong> um condutor em equilíbrio eletrostático não é, em<br />

geral, uniforme. Verifica-se que, on<strong>de</strong> o raio <strong>de</strong> curvatura do condutor é<br />

menor, ou seja, on<strong>de</strong> ele é mais pontudo, há maior concentração <strong>de</strong><br />

cargas. Em contrapartida, quanto maior o raio <strong>de</strong> curvatura, menor a<br />

concentração <strong>de</strong> cargas.<br />

ATIVIDADE 1.6<br />

Figura 1.4: (a) corpo carregado próximo a um condutor, (b) condutor ligado à<br />

Terra e (c) condutor eletrizado.<br />

25<br />

26


Ao contrário da eletrização por atrito, a eletrização por indução ocorre sem<br />

haver contato entre os corpos, por isso, é uma ação a (curta) distância.<br />

É possível eletrizar um material condutor por indução: basta conectar o<br />

condutor na figura 1.4b (em presença do bastão), por meio <strong>de</strong> um fio metálico, à<br />

Terra. Essa ligação fará com que os elétrons livres passem do condutor à Terra,<br />

<strong>de</strong>ixando o condutor carregado.<br />

Figura 1.6: Dielétrico polarizado.<br />

Esse efeito é <strong>de</strong>nominado polarização. Ele faz aparecer cargas elétricas <strong>de</strong><br />

sinais contrários nas extremida<strong>de</strong>s do dielétrico, como no caso mostrado na figura<br />

1.7.<br />

Se o bastão for mantido próximo ao condutor, a distribuição <strong>de</strong> cargas é<br />

como na figura 1.4b. Se for retirado, as cargas se redistribuem mais<br />

uniformemente, <strong>de</strong> maneira a minimizar a repulsão entre elas, como ilustra a figura<br />

1.4c.<br />

Nos isolantes, observamos uma separação <strong>de</strong> cargas análoga à dos<br />

condutores, embora não seja possível carregá-los pelo mecanismo acima.<br />

Os dielétricos são constituídos por moléculas cuja distribuição interna <strong>de</strong><br />

cargas po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> dois tipos: o centro das cargas positivas e negativas<br />

coinci<strong>de</strong>m (moléculas apolares) ou não (moléculas polares). A água é um<br />

exemplo bem conhecido <strong>de</strong>ste último tipo. Se um dielétrico polar não estiver<br />

eletrizado, as moléculas estarão distribuídas ao acaso como mostra a figura 1.5.<br />

Figura 1.7: Cargas contrárias nas extremida<strong>de</strong>s do dielétrico.<br />

Se as moléculas forem apolares, elas inicialmente polarizar-se-ão <strong>de</strong><br />

maneira análoga àquela em que houvesse indução eletrostática enquanto o corpo<br />

carregado estiver próximo do dielétrico. Quando o corpo for afastado, o dielétrico<br />

voltará a ser neutro.<br />

1.5 ELETROSCÓPIOS<br />

Um eletroscópio é um dispositivo que nos permite verificar se um corpo está<br />

eletrizado. Um tipo comum <strong>de</strong> eletroscópio é o eletroscópio <strong>de</strong> folhas. Ele consiste<br />

em uma haste condutora tendo em sua extremida<strong>de</strong> superior uma esfera metálica e<br />

na extremida<strong>de</strong> inferior, duas folhas metálicas leves, sustentadas <strong>de</strong> modo que<br />

possam se abrir e se fechar livremente, como po<strong>de</strong> ser visto na figura 1.8.<br />

Figura 1.5: Dielétrico não polarizado.<br />

Ao aproximarmos <strong>de</strong>sse dielétrico um corpo carregado, ocorrerá um<br />

alinhamento nas moléculas do isolante, como ilustrado na figura 1.6.<br />

Figura 1.8: Eletroscópio <strong>de</strong> folhas.<br />

Se um corpo eletrizado positivamente for aproximado do eletroscópio (sem<br />

tocá-lo), vai haver indução eletrostática e os elétrons livres serão atraídos para a<br />

27<br />

28


esfera. Dado que a carga total é conservada, um excesso <strong>de</strong> cargas positivas vai<br />

aparecer nas folhas, que ten<strong>de</strong>rão a se repelir. Por isso, as duas folhas ten<strong>de</strong>rão a<br />

se separar.<br />

O que aconteceria se o corpo que se aproxima do eletroscópio estivesse<br />

eletrizado negativamente? É fácil chegar à conclusão <strong>de</strong> que aconteceria<br />

exatamente a mesma coisa, porém as cargas negativas se localizariam nas folhas e<br />

as cargas positivas na esfera.<br />

Um resultado importante <strong>de</strong>sses fatos é que em ambos os casos ocorre a<br />

abertura das folhas. Então não é possível <strong>de</strong>terminar o sinal da carga do corpo<br />

carregado que se aproximou, apenas se ele está ou não carregado.<br />

Suponhamos um eletroscópio carregado positivamente, como na figura 1.9.<br />

Se aproximarmos um corpo eletrizado <strong>de</strong>sse sistema, observamos que as folhas do<br />

eletroscópio, que estavam abertas, se aproximam ou se afastam. De fato, se o<br />

objeto estiver carregado negativamente, elétrons livres da esfera serão repelidos e<br />

se <strong>de</strong>slocarão para as folhas. Esses elétrons neutralizarão parte da carga positiva aí<br />

existente e por isso o afastamento entre as folhas diminui. Analogamente, po<strong>de</strong>mos<br />

concluir que, se o afastamento das folhas for aumentado pela aproximação do<br />

corpo, o sinal da carga nesse corpo será positivo.<br />

Figura 1.10: Esfera metálica montada sobre um suporte <strong>de</strong> material isolante.<br />

a) Como é possível carregá-las com cargas <strong>de</strong> sinal contrário utilizando um<br />

bastão <strong>de</strong> vidro atritado com seda?<br />

b) Se uma das esferas fosse maior, elas ficariam com a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

carga após o processo escolhido por você no item a?<br />

Solução<br />

Em primeiro lugar, do que vimos da eletrização por atrito, sabemos que um<br />

bastão <strong>de</strong> vidro atritado com seda vai ficar carregado positivamente. Se<br />

aproximarmos esse bastão <strong>de</strong> uma das esferas condutoras, teremos a situação da<br />

figura 1.4a.<br />

Não po<strong>de</strong>mos tocar as esferas com o bastão. Mas, que tal aproximarmos as<br />

esferas até que elas se toquem?<br />

Elétrons da esfera à esquerda vão migrar para a esfera da direita, figura<br />

1.11a, anulando as cargas positivas. Haverá, então, um excesso <strong>de</strong> cargas positivas<br />

na esfera da esquerda.<br />

Afastando-se as esferas e também o bastão, a esfera da direita estará<br />

carregada negativamente e a da esquerda, positivamente. A situação final está<br />

esquematizada na figura 1.11b. Fica claro que o tamanho das esferas não tem<br />

papel algum no processo.<br />

Figura 1.9: Eletroscópio <strong>de</strong> folhas carregado positivamente.<br />

EXEMPLO 1.3<br />

Consi<strong>de</strong>re duas esferas metálicas como as da figura 1.10.<br />

Figura 1.11: (a) transferência <strong>de</strong> elétrons entre as duas esferas e (b) configuração<br />

final <strong>de</strong> cargas.<br />

29<br />

30


ATIVIDADE 1.8<br />

Consi<strong>de</strong>re novamente as duas esferas metálicas da figura 1.11. Determine uma<br />

maneira <strong>de</strong> carregá-las eletricamente, com cargas elétricas <strong>de</strong> mesmo sinal,<br />

utilizando um bastão carregado.<br />

ATIVIDADE 1.9<br />

ATIVIDADE 1.11<br />

(a) Os caminhões transportadores <strong>de</strong> combustível costumam andar com uma<br />

corrente metálica que arrasta no chão. Explique.<br />

(b) Porque os materiais usados nas indústrias <strong>de</strong> tecido e papel precisam ficar<br />

em ambientes ume<strong>de</strong>cidos?<br />

O fato <strong>de</strong> que não é possível <strong>de</strong>terminar o sinal da carga nessas condições não<br />

significa que não seja possível fazer isso modificando o experimento. Qual seria<br />

essa modificação? Pense um pouco antes <strong>de</strong> consultar a resposta!<br />

ATIVIDADE 1.10<br />

Sabe-se que o corpo humano é capaz <strong>de</strong> conduzir eletricida<strong>de</strong>. Explique então<br />

porque uma pessoa segurando uma barra metálica em suas mãos não consegue<br />

eletrizá-la por atrito?<br />

EXEMPLO 1.4<br />

Um ônibus em movimento adquire carga eletrica em virtu<strong>de</strong> do atrito com o ar.<br />

a) Se o clima estiver seco, o ônibus permanecerá eletrizado? Explique.<br />

b) Ao segurar nesse ônibus para subir, uma pessoa tomará um choque.<br />

Por quê?<br />

c) Esse fato não é comum no Brasil. Por quê?<br />

1.6 APLICAÇÃO TECNOLÓGICA DO FENÔMENO ELETRIZAÇÃO<br />

A eletrização <strong>de</strong> corpos por atrito é utilizado nos dispositivos <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong><br />

fotocópias (xerox, etc). Por exemplo, o pó negro resinoso é misturado com<br />

minúsculas esferas <strong>de</strong> vidro. Durante esse processo, as esferas adquirem cargas<br />

positivas e os grãos <strong>de</strong> pó, cargas negativas. Devido à força <strong>de</strong> atração, os grãos <strong>de</strong><br />

pó cobrem a superfície das esferas, formando um camada fina.<br />

O texto ou <strong>de</strong>senho a ser copiado é projetado sobre uma placa fina <strong>de</strong><br />

selênio, cuja superfície está carregada positivamente. Essa placa dispõe-se sobre<br />

uma superfície metálica carregada negativamente. Sob a ação da luz, a placa<br />

<strong>de</strong>scarrega e a carga positiva fica apenas nos setores que correspon<strong>de</strong>m aos locais<br />

escuros da imagem. Depois disso, a placa é revestida por uma fina camada <strong>de</strong><br />

esferas <strong>de</strong> vidro. A atração <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> sinais contrários faz com que o pó resinoso<br />

se <strong>de</strong>posite na placa com cargas negativas. Em seguida, as esferas <strong>de</strong> vidro<br />

retiram-se por meio <strong>de</strong> uma sacudi<strong>de</strong>la. Apertando com força a folha <strong>de</strong> papel<br />

contra a placa, po<strong>de</strong>-se obter uma boa impressão. Fixa-se, finalmente, esta última<br />

por meio <strong>de</strong> aquecimento.<br />

Solução:<br />

a) Sim, pois os pneus são feitos <strong>de</strong> borracha, que é um isolante, e impe<strong>de</strong>m<br />

que o ônibus seja <strong>de</strong>scarregado para a Terra.<br />

b) O choque elétrico será causado pelo fato <strong>de</strong> que nossa mão é um<br />

condutor e haverá troca <strong>de</strong> cargas entre o ônibus e a mão da pessoa.<br />

c) A umida<strong>de</strong> do nosso clima traz à discussão um novo elemento: a água.<br />

Como você sabe a água pura não é um bom condutor. Contudo, é muito difícil<br />

encontrar água pura e a presença <strong>de</strong> sais, normalmente dissociado em íons,<br />

transforma a água em excelente condutora <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>. Devido a isso, os ônibus<br />

num clima muito úmido nunca chegam a reter uma carga apreciável.<br />

ATIVIDADE 1.12<br />

Pesquise sobre as diferenças das impressoras a laser e a jato <strong>de</strong> tinta. Como<br />

são geradas as imagens dos caracteres nesses dois tipos <strong>de</strong> impressoras?<br />

31<br />

32


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 1.1<br />

Somente <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> atritado, o papel ou a linha são atraídos pela caneta.<br />

ATIVIDADE 1.2<br />

Figura 1.12 (a) a régua<br />

polariza a esfera condutora.<br />

(b) eletrização por contato<br />

entre a régua e a esfera.<br />

(c) equilíbrio eletrostático<br />

após o contato ser <strong>de</strong>sfeito.<br />

Se os corpos são compostos da mesma substância, ao serem atritados não<br />

haverá transferência <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> um corpo para outro e eles permanecerão<br />

como estão.<br />

ATIVIDADE 1.3<br />

b) Em materiais condutores com pontas, a carga elétrica não fica distribuída<br />

uniformemente sobre a sua superfície. Devido à repulsão entre os elétrons, boa<br />

parte <strong>de</strong>les se dirige para as regiões com ponta até que se estabeleça a condição <strong>de</strong><br />

equilíbrio. Veja a figura 1.13.<br />

Na lista acima, que relata os materiais <strong>de</strong> acordo com a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

adquirirem cargas positivas, o enxofre vem antes do algodão. Portanto, quando o<br />

algodão atrita o enxofre, ele adquire carga negativa. O enxofre, obviamente,<br />

adquire carga positiva.<br />

ATIVIDADE 1.4<br />

As condutivida<strong>de</strong>s térmicas e elétricas estão diretamente relacionadas aos<br />

elétrons livres presentes no material. Condutores possuem elétrons livres na sua<br />

estrutura por isso são bons condutores <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> calor.<br />

ATIVIDADE 1.6<br />

Figura 1.13 po<strong>de</strong>r das pontas<br />

ATIVIDADE 1.5<br />

a) Cargas elétricas <strong>de</strong> mesmo sinal se repelem, enquanto que cargas <strong>de</strong><br />

sinais opostos se atraem (figura 1.12a). Se você toca uma esfera com uma régua<br />

carregada, a esfera também ficará carregada, pois haverá movimento <strong>de</strong> elétrons<br />

<strong>de</strong> uma para a outra (figura 1.12b). Devido à repulsão dos elétrons, que possuem<br />

mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um condutor, eles se movem por toda a superfície da esfera<br />

até atingirem uma situação <strong>de</strong> equilíbrio, chamado equilíbrio eletrostático. Nessa<br />

situação a distribuição <strong>de</strong> cargas na esfera é uniforme (figura 1.12c).<br />

a) Quando a caneta eletrizada é aproximada do filete <strong>de</strong> água, este é atraído<br />

<strong>de</strong>vido à POLARIZAÇÃO. A água é uma molécula polar. Embora ela seja<br />

eletricamente neutra, ocorre um ligeiro <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> cargas, <strong>de</strong> modo que a<br />

extremida<strong>de</strong> ocupada pelo átomo <strong>de</strong> oxigênio fica com uma carga liquida<br />

negativa e a extremida<strong>de</strong> ocupada pelos átomos <strong>de</strong> hidrogênio fica com uma<br />

carga liquida positiva. Desse modo, quando a caneta negativamente carregada<br />

é aproximada do filete as moléculas <strong>de</strong> água sofrem um pequeno <strong>de</strong>slocamento<br />

conforme a figura 1.14a. Ocorre então atração entre a carga positiva da<br />

molécula <strong>de</strong> água e a carga negativa da régua. Ocorre também repulsão entre a<br />

carga negativa da molécula <strong>de</strong> água (extremida<strong>de</strong> ocupada pelo átomo <strong>de</strong><br />

oxigênio) e a carga negativa da caneta, mas essa interação é menos intensa<br />

que a atração, pelo fato <strong>de</strong>ssas cargas estarem a uma distância maior – isso<br />

será bem estudado com a lei <strong>de</strong> Coulomb, que relaciona a intensida<strong>de</strong> da força<br />

33<br />

34


elétrica entre cargas e a distancia entre elas; quanto maior a distância entre<br />

duas cargas elétricas menor é a intensida<strong>de</strong> da força elétrica entre elas.<br />

b) Haverá atração entre o filete <strong>de</strong> água e a caneta eletrizada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do<br />

sinal da carga da caneta. Se, por exemplo, a caneta estivesse carregada<br />

positivamente as moléculas <strong>de</strong> água também sofreriam um ligeiro<br />

<strong>de</strong>slocamento, ficando a extremida<strong>de</strong> negativa mais próxima da régua,<br />

conforme a figura 1.14b.<br />

Figura 1.15 (a) junção das<br />

fitas com cola em apenas um<br />

lado.<br />

(b) junção das fitas com cola<br />

dos dois lados<br />

ATIVIDADE 1.8<br />

Figura 1.14 (a) atração do<br />

filete <strong>de</strong> água pela caneta<br />

eletrizada<br />

ATIVIDADE 1.7<br />

(b) atração do filete <strong>de</strong> água<br />

pela caneta eletrizada<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do sinal da carga.<br />

A aproximação do bastão carregado provoca uma separação <strong>de</strong> cargas que<br />

po<strong>de</strong> ser vista na figura 1.4a. Se na extremida<strong>de</strong> oposta ao bastão for conectado<br />

um fio terra, elétrons da Terra migrarão para essa extremida<strong>de</strong>, atraídos pela carga<br />

positiva em excesso <strong>de</strong>ste lado. Depois <strong>de</strong> retirado o fio terra e afastado o bastão,<br />

a esfera ficará com cargas elétricas negativas em excesso, em outras palavras, fica<br />

carregada negativamente, veja a figura 1.4c. Agora basta colocar as duas esferas<br />

em contato para que as duas fiquem carregadas com o mesmo sinal.<br />

a) Juntando os lados com cola/sem cola <strong>de</strong> dois pedaços <strong>de</strong> fita a<strong>de</strong>siva,<br />

separando-os e em seguida aproximando-os, você po<strong>de</strong>rá observar que eles se<br />

atraem. Isso por que ao separá-los, o pedaço sem cola per<strong>de</strong> elétrons para o<br />

pedaço da fita a<strong>de</strong>siva com cola. Veja a figura 1.15a.<br />

b) É possível que juntando os dois lados com cola você não tenha observado<br />

nenhuma interação entre os dois pedaços <strong>de</strong> fita a<strong>de</strong>siva. Isso por que a cola é<br />

um isolante e estará presente nos dois pedaços <strong>de</strong> fita. Então não há perda ou<br />

ganho <strong>de</strong> cargas para que os pedaços <strong>de</strong> fita a<strong>de</strong>siva fiquem carregados<br />

eletricamente. Veja a figura 1.15b.<br />

ATIVIDADE 1.9<br />

Figura 1.16: Esferas carregadas com o mesmo sinal.<br />

Seria necessário, em primeiro lugar, eletrizar o eletroscópio. Isto po<strong>de</strong> ser<br />

feito ou por atrito ou por indução usando os métodos das seções anteriores. Se o<br />

sinal da carga do eletroscópio for conhecido, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>scobrir o sinal da carga <strong>de</strong><br />

um corpo eletrizado que se aproxima. Suponhamos um eletroscópio carregado<br />

positivamente, como na figura 1.17. Se aproximarmos um corpo eletrizado <strong>de</strong>sse<br />

sistema, observaremo que as folhas do eletroscópio, que estavam abertar, se<br />

35<br />

36


aproximam ou se afastam. De fato, se o objeto estiver carregado negativamente,<br />

elétrons livres da esfera serão repelidos e se <strong>de</strong>slocarão para as folhas. Esses<br />

elétrons neutralizarão parte da carga positiva aí existente e por isso o afastamento<br />

das folhas diminui. Analogamente, po<strong>de</strong>mos concluir que, se o afastamento das<br />

folhas for aumentado pela aproximação do corpo, o sinal da carga nesse corpo será<br />

positivo.<br />

PR1.3) Os astronomos que utilizam os telescópios do Cerro Tololo InterAmerican<br />

Observatory (CTIO) localizado no <strong>de</strong>serto <strong>de</strong> Atacama, Chile são obrigados a<br />

trabalhar aterrados o tempo todo. Você consegue explicar o por quê?<br />

PR1.4) Duas cargas q 1 e q 2 atraem-se mutuamente. Uma carga q 3 repele a carga<br />

q 2. As cargas q 1 e q 3 , quando colocadas próximas uma da outra, serão atraídas,<br />

repelidas ou nada acontecerá?<br />

PR1.5) Você consegue imaginar um experimento para mostrar que a água pura não<br />

é boa condutora <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong>?<br />

Figure 1.17 Descobrindo o sinal da carga <strong>de</strong> teste em um eletroscópio <strong>de</strong><br />

folhas.<br />

ATIVIDADE 1.10<br />

O corpo humano funciona como um fio terra.<br />

ATIVIDADE 1.11<br />

(a) O fato da corrente ser condutora permite o estabelecimento <strong>de</strong> um<br />

contato direto com a Terra. Isso então impe<strong>de</strong> que o caminhão adquira quantida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> cargas capazes <strong>de</strong> provocar centelhas.<br />

(b) A eletricida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses materiais vai se transferir para as gotículas <strong>de</strong><br />

água, que conduzirão para a Terra a carga elérica que se forma por atrito.<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR1.1) Em dias úmidos as <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> eletrostática não funcionam muito<br />

bem. Você consegue explicar o por quê?<br />

PR1.2) Um operador da central <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> dados da Usiminas reclamava<br />

que seu computador <strong>de</strong>sligava misteriosamente toda vez que ele tocava no teclado.<br />

Seu chefe então or<strong>de</strong>nou que retirassem as rodinhas da ca<strong>de</strong>ira do operador, que<br />

ficava em cima <strong>de</strong> um carpete. Você acha que o problema foi resolvido?<br />

37<br />

38


AULA 2 LEI DE COULOMB<br />

Clássica;<br />

OBJETIVOS<br />

(c) a força <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do meio em que as cargas elétricas estão situadas.<br />

• ENUNCIAR AS CARACTERÍSTICAS DA FORÇA ELÉTRICA<br />

• APLICAR A LEI DE COULOMB EM SITUAÇÕES SIMPLES<br />

• EXPLICAR O SIGNIFICADO DA CONSTANTE DE PERMISSIVIDADE DO VÁCUO<br />

Tendo em vista essas informações, po<strong>de</strong>mos escrever que o vetor força<br />

elétrica que atua entre duas cargas elétricas pontuais po<strong>de</strong> ser escrito como:<br />

2.1 A LEI DE COULOMB<br />

Em 1785, Charles Augustin <strong>de</strong> Coulomb (1736 - 1806) realizou uma série <strong>de</strong><br />

medidas cuidadosas das forças entre duas cargas usando uma balança <strong>de</strong> torção,<br />

semelhante à que Cavendish usou para comprovar a teoria da Gravitação. Através<br />

<strong>de</strong>ssas medidas, Coulomb mostrou que, tanto para a atração como para a repulsão <strong>de</strong><br />

cargas elétricas pontuais:<br />

em que<br />

r Q1Q<br />

2<br />

F = K<br />

e<br />

rˆ<br />

2<br />

r<br />

(2.1)<br />

K<br />

e<br />

é uma constante <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> e rˆ é o vetor unitário na direção<br />

que passa pelas cargas elétricas (na Figura 2.1, ele tem o sentido <strong>de</strong> Q<br />

1 para Q<br />

2 ). A<br />

equação 2.1 é a expressão matemática da Lei <strong>de</strong> Coulomb.<br />

(a) o módulo da força <strong>de</strong> interação F entre duas cargas pontuais é proporcional ao<br />

produto <strong>de</strong>ssas cargas, ou seja:<br />

F ∝ Q 1<br />

Q 2<br />

(b) o módulo da força <strong>de</strong> atração ou repulsão entre duas cargas pontuais é<br />

inversamente proporcional ao quadrado da distância r entre elas.<br />

1<br />

F ∝<br />

2<br />

r<br />

A força F que atua entre as cargas é <strong>de</strong>nominada força elétrica ou força<br />

eletrostática.<br />

Figura 2.1: (a) e (b) duas cargas <strong>de</strong> mesmo sinal se repelem. (c) cargas <strong>de</strong> sinais<br />

opostos se atraem. Estão indicados também os vetores força elétrica F r 12 da carga Q<br />

1<br />

sobre Q<br />

2 e F r 12 da carga Q<br />

2 sobre Q<br />

1 bem como o vetor unitário rˆ . Pela 3ª. Lei <strong>de</strong><br />

r r<br />

Newton temos que F 12<br />

= −F 21<br />

.<br />

A experiência nos mostra também que a força elétrica tem as seguintes<br />

características:<br />

(a) é uma força <strong>de</strong> ação e reação; sua direção é a da linha que une as duas cargas e o<br />

seu sentido <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do sinal relativo das cargas, como se vê na figura 2.1;<br />

(b) a força entre duas cargas elétricas é sempre instantânea, <strong>de</strong> acordo com a Física<br />

38<br />

A <strong>de</strong>pendência da força elétrica com o meio é levada em conta na constante<br />

. Para o vácuo, Ke<br />

é escrita na forma:<br />

1<br />

4π ε<br />

em que ε<br />

0 é uma outra constante <strong>de</strong>nominada permissivida<strong>de</strong> do vácuo.<br />

Se medirmos a carga elétrica em Coulomb, o valor <strong>de</strong>ssa constante no SI é:<br />

K<br />

e<br />

=<br />

0<br />

Ke<br />

39


O valor numérico <strong>de</strong><br />

ε = C<br />

−12<br />

−1<br />

−2<br />

0<br />

8,854 × 10 N . m .<br />

K<br />

e e sua unida<strong>de</strong> são, então:<br />

2<br />

(2) A outra maneira consiste em <strong>de</strong>finir a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da lei<br />

<strong>de</strong> Coulomb e <strong>de</strong>terminar o valor da constante<br />

K<br />

e experimentalmente, a partir da<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga. O inconveniente <strong>de</strong>sse modo é que, toda vez que uma medida da<br />

constante muda seu valor, a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga elétrica tem que ser modificada.<br />

K e<br />

= 8,9874<br />

9 2 −2<br />

× 10 N.<br />

m . C<br />

O valor da permissivida<strong>de</strong> do ar é muito próximo do valor da permissivida<strong>de</strong> do<br />

vácuo. Assim vamos supor que elas são iguais. Dessa forma, a lei <strong>de</strong> Coulomb po<strong>de</strong><br />

ser escrita como:<br />

r<br />

F<br />

1 Q1Q<br />

4π ε 0<br />

r<br />

2<br />

=<br />

2<br />

SAIBA MAIS<br />

O SISTEMA DE UNIDADES NA ELETROSTÁTICA<br />

rˆ<br />

(2.2)<br />

Na equação 2.1 conhecemos as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> força e <strong>de</strong> distância; falta então<br />

<strong>de</strong>finir as unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> carga elétrica e da constante<br />

maneiras:<br />

K<br />

e . Isso po<strong>de</strong> ser feito <strong>de</strong> duas<br />

(1) po<strong>de</strong>mos atribuir à constante K<br />

e um valor arbitrário ( K<br />

e<br />

= 1, para facilitar) e<br />

<strong>de</strong>terminar a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> modo tal que a força elétrica que atue entre duas<br />

cargas unitárias, situadas à distância unitária uma da outra, seja também unitária.<br />

Essa foi a maneira adotada para o sistema CGS <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s (o sistema CGS tem como<br />

unida<strong>de</strong>s fundamentais o centímetro, o grama e o segundo). Nele, escreve-se o<br />

módulo da lei <strong>de</strong> Coulomb para o vácuo como:<br />

Q Q<br />

F = r<br />

1 2<br />

2<br />

A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga é chamada <strong>de</strong> statcoulomb. Duas cargas <strong>de</strong> 1 statcoulomb,<br />

situadas a um centímetro <strong>de</strong> distância uma da outra no vácuo, exercem uma força<br />

5<br />

mútua <strong>de</strong> 1 dyna ( 10 − N). Temos que 1 statcoulomb = 3,336 x 10 −10<br />

C.<br />

O Coulomb foi <strong>de</strong>finido através do conceito <strong>de</strong> corrente elétrica, sendo portanto,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da lei <strong>de</strong> Coulomb. Ele é a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga elétrica adotada no sistema<br />

MKS (que tem como unida<strong>de</strong>s fundamentais o metro, o quilograma e o segundo), e a<br />

constante<br />

K<br />

e , nesse sistema, é <strong>de</strong>terminada experimentalmente.<br />

Em 1901, Giovanni Giorgi (1871 -- 1950) mostrou que o sistema <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s<br />

do eletromagnetismo po<strong>de</strong>ria ser incorporado ao sistema MKS, admitindo que a carga<br />

elétrica é a quarta gran<strong>de</strong>za fundamental <strong>de</strong>ste sistema, além do comprimento, tempo<br />

e massa (fato que, inclusive, foi a origem do Sistema Internacional). Para isso, bastava<br />

modificar algumas equações do eletromagnetismo. Uma <strong>de</strong>ssa modificações implicou<br />

em escrever a constante<br />

K<br />

e na forma:<br />

K<br />

e<br />

1<br />

=<br />

4π ε<br />

em que a nova constante ε<br />

0 , <strong>de</strong>nominada permissivida<strong>de</strong> do vácuo, tem como valor:<br />

1<br />

−12<br />

−1<br />

−2<br />

ε<br />

0<br />

= = 8,854 × 10 N . m . C<br />

− 7 2<br />

4π<br />

.10 c<br />

Em 1960, na 11ª Conferência Geral <strong>de</strong> Pesos e Medidas, <strong>de</strong>cidiu-se adotar um<br />

valor fixo para a constante<br />

adotou-se o valor:<br />

em que c é a velocida<strong>de</strong> da luz no vácuo.<br />

Com esse valor <strong>de</strong><br />

0<br />

K<br />

e no vácuo e <strong>de</strong>finir o Coulomb a partir <strong>de</strong>le. Assim,<br />

7 2<br />

K = 10<br />

−<br />

e<br />

c = 8,9874 ×<br />

10<br />

K<br />

e , a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga --- o Coulomb --- passou a ser<br />

<strong>de</strong>finida como a carga que, colocada no vácuo, a um metro <strong>de</strong> uma carga igual, a<br />

repeliria com uma força <strong>de</strong><br />

9<br />

8,9874 × 10 N. A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> K<br />

e no SI é N.m 2 /C 2 .<br />

9<br />

2<br />

40<br />

41


EXEMPLO 2.1<br />

Qual a magnitu<strong>de</strong> da força eletrostática repulsiva entre dois prótons separados em<br />

−15<br />

média <strong>de</strong> 4,2 × 10 m em um núcleo <strong>de</strong> Ferro?<br />

Solução: Escrevemos imediatamente:<br />

ou:<br />

1<br />

F =<br />

4πε<br />

−19<br />

2<br />

9 2 2<br />

−19<br />

2<br />

1 (1,60×<br />

10 C)<br />

(8,988×<br />

10 N m / C )(1,60×<br />

10 C)<br />

F = =<br />

= 13, 03 N<br />

−15<br />

2<br />

−15<br />

2<br />

4π ε (4,2×<br />

10 m)<br />

(4,2×<br />

10 m)<br />

0<br />

ATIVIDADE 2.1<br />

Compare a magnitu<strong>de</strong> da força gravitacional entre esses dois prótons com a magnitu<strong>de</strong><br />

da força elétrica calculada no exemplo 2.1?<br />

0<br />

2<br />

Q<br />

2<br />

r<br />

2.2 FORÇA DE UM CONJUNTO DE CARGAS<br />

Como acontece com a força gravitacional, as forças eletrostáticas também<br />

obe<strong>de</strong>cem ao Princípio <strong>de</strong> Superposição. Quando um conjunto <strong>de</strong> várias cargas<br />

exercem forças (<strong>de</strong> atração ou repulsão) sobre uma dada carga q<br />

0 , a força total sobre<br />

esta carga é a soma vetorial das forças que cada uma das outras cargas exercem<br />

sobre ela:<br />

em que<br />

e<br />

ˆ<br />

r<br />

F =<br />

r<br />

q<br />

N<br />

N<br />

0<br />

i<br />

∑Fi<br />

= ∑ r r rˆ<br />

− rˆ<br />

i<br />

=<br />

2 0<br />

i= 1 4πε<br />

0 i=1<br />

0<br />

−<br />

4<br />

i<br />

q<br />

i é a i-ésima carga do conjunto,<br />

q<br />

r r −<br />

q0<br />

πε<br />

N<br />

∑<br />

0 i=1<br />

q<br />

r<br />

−<br />

0<br />

i<br />

r 2<br />

i<br />

r r<br />

0<br />

−<br />

i<br />

r r<br />

−<br />

0<br />

i<br />

(2.3)<br />

0<br />

ri<br />

é a distância entre q<br />

0 e a carga<br />

rˆ0 − ri<br />

é o vetor unitário da direção que une a carga q<br />

0 à carga<br />

sentido é o <strong>de</strong> q<br />

0 para<br />

q<br />

i<br />

q<br />

i , cujo<br />

q<br />

i . Ou seja, cada carga interage com uma dada carga q<br />

0<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das outras, e a força resultante sobre q0<br />

é a soma vetorial <strong>de</strong><br />

cada uma <strong>de</strong>ssas forças.<br />

EXEMPLO 2.2<br />

Duas bolinhas pintadas com tinta metálica estão carregadas. Quando estão afastadas<br />

2<br />

<strong>de</strong> 4 ,0 × 10 m atraem-se com uma força <strong>de</strong><br />

5<br />

27× 10 N. Encosta-se uma na outra sem<br />

2<br />

tocar-lhes com a mão. Afastando-as novamente até a distância <strong>de</strong> 4 ,0× 10 m elas se<br />

repelem com a força <strong>de</strong><br />

repulsiva.<br />

5<br />

9× 10 N. Explique porque a força mudou <strong>de</strong> atrativa para<br />

Solução: Vamos começar pensando nos princípios gerais <strong>de</strong> Física que envolvem<br />

cargas: lei <strong>de</strong> Coulomb e conservação da carga. A lei <strong>de</strong> Coulomb nos diz que as<br />

cargas vão se atrair porque as suas cargas são opostas. A conservação da carga nos<br />

diz que a carga total se conserva no processo po<strong>de</strong>ndo apenas se redistribuir. Então,<br />

ao serem postas em contato, as bolinhas vão sofrer uma redistribuição <strong>de</strong> carga graças<br />

às forças <strong>de</strong> atração. Como quantida<strong>de</strong>s iguais <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> sinais contrários se<br />

cancelam, temos, no final, uma carga líquida <strong>de</strong> mesmo sinal em ambas as bolinhas,<br />

causando portanto uma força repulsiva entre elas.<br />

42<br />

EXEMPLO 2.3<br />

Três cargas Q = 1,5 mC, Q = 0,5 mC e Q<br />

3<br />

= 0,2 mC estão dispostas como na<br />

1<br />

+<br />

Figura 2.2 (1 mC =<br />

2<br />

−<br />

3<br />

10 − C). A distância entre as cargas Q<br />

1<br />

e Q<br />

3 vale 1,2m e a<br />

distância entre as cargas Q<br />

2<br />

e Q<br />

3 vale 0,5 m. Calcular a força resultante sobre a<br />

carga Q3<br />

Solução: Seja um sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas com origem na carga Q<br />

3 , e eixos dirigidos<br />

como mostrado na Figura 2.2.<br />

43


Figura 2.2 – Disposição das cargas elétricas do Exemplo 2.3<br />

e:<br />

A força <strong>de</strong> Q<br />

1 sobre Q<br />

3 é repulsiva pois ambas as cargas são positivas; a força<br />

<strong>de</strong> Q<br />

2<br />

sobre Q<br />

3 é atrativa pois as cargas possuem sinais diferentes, Assim, temos<br />

que:<br />

−3<br />

−3<br />

1 Q1<br />

Q3<br />

9 2 2 (1,5×<br />

10 C)(0,2×<br />

10 C)<br />

= = 9,0×<br />

10 N m / C<br />

= 1,88×<br />

10<br />

2<br />

2 2<br />

4πε<br />

r<br />

(1,2) m<br />

F x<br />

3<br />

0<br />

13<br />

−3<br />

−3<br />

1 Q2<br />

Q3<br />

9 2 2 (0,5×<br />

10 C)(0,2×<br />

10 C)<br />

= = 9,0 × 10 N m / C<br />

= 3,60×<br />

10<br />

2<br />

2 2<br />

4πε<br />

r<br />

0,5 m<br />

F y<br />

3<br />

0<br />

23<br />

N<br />

N<br />

Figura 2.3: Diagrama das componentes do vetor força, F r .<br />

EXEMPLO 2.4<br />

Uma carga Q é colocada em cada um <strong>de</strong> dois vértices da diagonal <strong>de</strong> um quadrado.<br />

Outra carga q é fixada nos vértices da outra diagonal, conforme mostra a Figura 2.4 .<br />

Para que a carga Q do vértice inferior esteja sujeita à uma força eletrostática<br />

resultante nula, como <strong>de</strong>vem estar relacionadas as cargas Q e q ?<br />

Note que as equações acima nos dão o módulo das componentes da força total.<br />

Portanto, nelas, as cargas entram sempre com sinal positivo. A direção e sentido das<br />

forças componentes são <strong>de</strong>terminadas com um diagrama, ver figura2.3. O módulo da<br />

força resultante F é:<br />

F =<br />

2 2<br />

Fx + Fy<br />

= 4,06 × 10<br />

Como a força elétrica é um vetor, temos que especificar sua direção e sentido. Se θ é<br />

o ângulo que o vetor F r faz com o eixo Ox, temos:<br />

F<br />

g θ =<br />

F<br />

3,60×<br />

10<br />

=<br />

1,88×<br />

10<br />

3<br />

y<br />

t<br />

3<br />

x<br />

3<br />

N.<br />

o<br />

= 1,91 ⇒ θ = 62 ,4.<br />

Figura 2.4 – Disposição das cargas elétricas do exemplo 2.4.<br />

Solução: Uma inspeção na figura nos mostra que as cargas Q e q <strong>de</strong>vem ter sinais<br />

opostos, para que não não haja força sobre Q . As forças eletrostáticas que atuam na<br />

carga Q do vértice inferior do quadrado são mostradas na Figura 2.4. Temos que:<br />

∑F x<br />

= −FQQ<br />

cosα<br />

+ FqQ<br />

= 0<br />

∑<br />

F +<br />

y<br />

= −FQQ<br />

senα<br />

FqQ<br />

= 0<br />

em que α é o ângulo que<br />

F<br />

QQ<br />

faz com o eixo Ox. Mas:<br />

44<br />

45


cos α = a/<br />

a 2 = 1/<br />

2,<br />

e<br />

1 Q<br />

4 πε<br />

0<br />

2a<br />

F QQ<br />

=<br />

2<br />

2<br />

,<br />

1 Qq<br />

.<br />

4 πε<br />

F qQ<br />

=<br />

2<br />

0<br />

a<br />

Com esses valores, a condição <strong>de</strong> equilíbrio fica:<br />

2<br />

1 ⎛ Q 1 ⎞ 1 Qq<br />

−<br />

= 0<br />

2<br />

2<br />

4πε<br />

⎜ +<br />

0 2a<br />

2<br />

⎟<br />

⎝ ⎠ 4πε<br />

0 a<br />

⎛ Q<br />

−<br />

⎜<br />

⎝ 2a<br />

2<br />

2<br />

1 ⎞ Qq<br />

+ = 0<br />

2<br />

2<br />

⎟<br />

⎠ a<br />

⎛ Q ⎞<br />

− ⎜ ⎟ + q = 0<br />

⎝ 2 2 ⎠<br />

Figura 2.5: Esferas condutoras suspensas.<br />

ATIVIDADE 2.3<br />

Suponha que o gráfico da figura 2.6 corresponda a duas bolas <strong>de</strong> beisebol com massas<br />

0,142 kg e cargas positivas iguais. Para cada bola <strong>de</strong>termine o número <strong>de</strong> elétrons que<br />

faltam e estime a fração <strong>de</strong>stes elétrons faltantes em relação ao número <strong>de</strong> cargas<br />

positivas.<br />

Q = q<br />

2 2<br />

Finalmente, levando em conta que as cargas tem sinais opostos, temos:<br />

Q = − 2 2q<br />

(o sinal negativo indica cargas <strong>de</strong> sinal contrário).<br />

ATIVIDADE 2.2<br />

Duas esferas condutoras <strong>de</strong> massa m estão suspensas por fios <strong>de</strong> seda <strong>de</strong><br />

Figura 2.6- Gráfico <strong>de</strong> F F versus r .<br />

comprimento L e possuem a mesma carga q , como é mostrado na Figura 2.5.:<br />

(a) Consi<strong>de</strong>rando que o ângulo θ é pequeno, calcule a a distância x entre as<br />

esferas, no equilíbrio, em função <strong>de</strong> q , m , L , ε<br />

0 e g .<br />

(b) Sendo L = 80 cm; m = 5,0 g e x = 10,0 cm, calcule o valor <strong>de</strong> q para<br />

essa situação. Verifique se, com esses dados, a hipótese <strong>de</strong> que tg<br />

≈ sen<br />

é válida.<br />

θ<br />

θ<br />

2.3 A LEI DE COULOMB EM UM DIELÉTRICO<br />

Suponhamos agora, que duas cargas Q<br />

1 e Q<br />

2 fossem colocadas no interior <strong>de</strong><br />

um material dielétrico qualquer. A experiência nos mostra que, nesse caso, a interação<br />

entre as cargas sofre uma redução, cuja intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do meio.<br />

meio. Assim:<br />

O fator <strong>de</strong> redução é <strong>de</strong>notado por k<br />

é chamado <strong>de</strong> constante dielétrica do<br />

46<br />

47


F<br />

1<br />

4π<br />

k ε<br />

Q Q<br />

1 2<br />

=<br />

2<br />

0<br />

r<br />

rˆ.<br />

(2.4)<br />

Uma maneira <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r esse fato é consi<strong>de</strong>rando uma situação simples.<br />

Sejam duas placas condutoras situadas no vácuo, carregadas eletricamente com<br />

cargas iguais mas <strong>de</strong> sinais contrários, conforme mostra a figura 2.7.<br />

Figura 2.7: Carga entre placas condutoras.<br />

TABELA 2.1: CONSTANTE DIELÉTRICA PARA ALGUNS MATERIAIS<br />

Material Constante<br />

dielétrica (K)<br />

Vácuo 1,0000<br />

Ar<br />

1,0005<br />

Benzeno 2,3<br />

Âmbar 2,7<br />

Vidro 4,5<br />

Óleo 4,6<br />

Mica 5,4<br />

Glicerina 43<br />

Água 81<br />

Colocando-se uma carga q entre as placas, uma força F r atua sobre essa carga<br />

<strong>de</strong>vido às cargas nas placas.<br />

Se essas placas forem preenchidas por um dielétrico, já sabemos que o<br />

dielétrico ficará polarizado, como discutimos anteriormente: as cargas que<br />

aparecem na superfície do dielétrico são <strong>de</strong>nominadas cargas <strong>de</strong> polarização.<br />

Figura 2.8: Polarização <strong>de</strong> um dielétrico entre placas carregadas<br />

Na Figura 2.8 é fácil perceber que o efeito líquido <strong>de</strong>ssa polarização será<br />

neutralizar parcialmente as cargas das duas placas e portanto a força original (no<br />

vácuo)<br />

F<br />

o vai diminuir. O grau <strong>de</strong> polarização do meio vai nos dizer quantitativamente<br />

o tamanho <strong>de</strong>ssa diminução. A Tabela 2.1 mostra os valores da constante dielétrica <strong>de</strong><br />

alguns materiais.<br />

48<br />

49


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 2.1<br />

Usamos a lei <strong>de</strong> Newton <strong>de</strong> gravitação:<br />

Com os valores dados, temos que:<br />

F g<br />

(6,67 × 10<br />

=<br />

−11<br />

m<br />

F = G<br />

r<br />

2<br />

p<br />

2<br />

2 2<br />

N m / kg )(1,67 × 10<br />

−15<br />

2<br />

(4,2×<br />

10 m )<br />

−27<br />

Kg)<br />

2<br />

= 1,05×<br />

10<br />

A força gravitacional é cerca <strong>de</strong> 10 36 vezes menor que a força elétrica. Esse resultado<br />

nos diz que a força gravitacional é muito pequena para equilibrar a força eletrostática<br />

existente entre os prótons no núcleo dos átomos. É por isso que temos que invocar a<br />

existência <strong>de</strong> uma terceira força, a força forte, que age entre os prótons e os nêutrons<br />

quando estão no núcleo. A força forte é uma força atrativa.<br />

ATIVIDADE 2.2<br />

(a) Vamos estudar as forças que agem nas esferas:<br />

−35<br />

N.<br />

Matematicamente, essas condições se expressam da seguinte maneira:<br />

e:<br />

Tsenθ<br />

= F<br />

C<br />

=<br />

1<br />

4π ε<br />

T cosθ = mg<br />

Agora, a melhor estratégia para eliminar a incógnita T é dividir as duas equações.<br />

Teremos:<br />

θ ≈ θ (ver figura) então:<br />

Se tg sen = x/2L<br />

Portanto:<br />

e<br />

(b) Temos:<br />

2<br />

q<br />

t θ =<br />

4πε<br />

x mg<br />

g<br />

2<br />

0<br />

0<br />

q<br />

x<br />

2<br />

2<br />

x q<br />

3 q 2L<br />

=<br />

⇒ x =<br />

2<br />

2L<br />

4π ε x mg 4π<br />

ε mg<br />

x<br />

3<br />

⎛ 4π ε<br />

0<br />

mgx ⎞<br />

q = ± ⎜ ⎟<br />

2L<br />

⎝ ⎠<br />

0<br />

1/3<br />

2<br />

= ⎛ q L<br />

2 ⎟ ⎞<br />

⎜<br />

⎝ πε<br />

0<br />

mg ⎠<br />

1/2<br />

x 0,10<br />

senθ<br />

= = = 0,06<br />

2L<br />

2 × 0,80<br />

cosθ<br />

=<br />

1−<br />

(0,06)<br />

2 ≅<br />

0,9964<br />

≈<br />

3,47 × 10<br />

2<br />

2<br />

−15<br />

0<br />

= 5,9 × 10<br />

−8<br />

C<br />

Portanto a hipótese é verificada.<br />

ATIVIDADE 2.3<br />

2<br />

r F<br />

Vamos começar calculando a carga q , igual em ambas as bolas: q = .<br />

1/ 4πε<br />

0<br />

Figura 2.9: Forças que agem nas eferas<br />

Note da Figura 2.9 que a ação da força peso é anulada pela componente vertical da<br />

tensão na corda T<br />

y<br />

e a força elétrica, pela sua componente horizontal.<br />

50<br />

Po<strong>de</strong>mos escolher qualquer ponto na curva para calcular<br />

= 9,0×<br />

10<br />

−6<br />

F N e r = 4,0 m, o que dá:<br />

q . Por exemplo,<br />

51


2<br />

−6<br />

9 2 2<br />

−7<br />

q = 4,0 m × 9,0×<br />

10 N×<br />

9,0×<br />

10 N m / C == 1,3 × 10 C = 0,13 µ C.<br />

Seja n o número <strong>de</strong> elétrons que faltam em cada bola:<br />

−7<br />

q 1,3×<br />

10 C<br />

n = =<br />

= 7,9×<br />

10<br />

−19<br />

e 1,6×<br />

10 C<br />

11<br />

eletrons.<br />

E2.3) Uma carga positiva Q= 2,0 μC é colocada em repouso e no vácuo, a uma<br />

distância <strong>de</strong> 1,0 m <strong>de</strong> outra carga igual. Ela então é solta. Calcule:<br />

a) a aceleração da carga Q. Ela é igual à da outra?<br />

b) a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>la <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> percorrer uma distância <strong>de</strong> 5,0 m<br />

E2.4) Na Ativida<strong>de</strong> 2.2, qual é o ângulo entre linhas que suportam as cargas elétricas,<br />

se uma carga vale o dobro da outra? Qual é a distância entre elas agora?<br />

Num objeto neutro, o número <strong>de</strong> elétrons é igual ao número <strong>de</strong> prótons. A fração dos<br />

elétrons que falta é<br />

n/ N<br />

p<br />

, on<strong>de</strong> N<br />

P é o número <strong>de</strong> prótons.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que uma bola <strong>de</strong> beisebol tem massa <strong>de</strong> 0,142 kg e que meta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ssa massa é atribuída aos prótons e meta<strong>de</strong> aos neutrons. Dividindo então a massa<br />

<strong>de</strong> uma bola <strong>de</strong> beisebol pela massa <strong>de</strong> um par próton-neutron, obtemos uma<br />

estimativa <strong>de</strong><br />

N<br />

P :<br />

N<br />

M<br />

=<br />

m + m<br />

0,142kg<br />

=<br />

25<br />

=<br />

4,25 10 prótons.<br />

−27 2(1,67×<br />

10 kg)<br />

×<br />

P p n<br />

PROBLEMAS DA UNIDADE<br />

P1.1) Três cargas q1=-6,0 µC, q2=+2,0 µC e q3=+4,0 µC são colocadas em linha<br />

reta. A distância entre q1 e q2 é <strong>de</strong> 2,0 m e a distância entre q2 e q3 é <strong>de</strong> 3,5 m.<br />

Calcule a força elétrica que atua em cada uma das cargas.<br />

P1.2) Quatro cargas iguais Q, duas positivas e duas negativas, são dispostas sobre um<br />

quadrado <strong>de</strong> lado a=1,0 m, <strong>de</strong> modo que cargas <strong>de</strong> mesmo sinal ocupam vértices<br />

opostos. Uma carga Q/2 positiva é colocada no centro do quadrado. Qual a força<br />

resultante que atua sobre ela?<br />

E a fração <strong>de</strong> elétrons ausentes, então, é dado por:<br />

n<br />

N<br />

P<br />

11<br />

7,9 × 10 elétrons<br />

que faltam<br />

=<br />

= 1,86 × 10<br />

25<br />

5×<br />

10 prótons<br />

13<br />

−14<br />

O que quer dizer esse resultado? Significa que um em cada 5 ,4× 10 ou 1/(1,9 × 10 )<br />

elétrons está ausente em cada bola.<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E2.1) A que distância <strong>de</strong> uma carga elétrica Q=+3,50 mC <strong>de</strong>ve ser colocada outra<br />

carga q=2,70 mC, no vácuo, para que a força elétrica entre elas seja <strong>de</strong> 5 ,64× 10<br />

9 N ?<br />

.<br />

−14<br />

P1.3) No problema P1.2, qual <strong>de</strong>ve ser a carga Q’ do centro do quadrado para que a<br />

força resultante no centro do quadrado seja nula?<br />

P1.4) Uma carga Q é dividida em duas: q e Q-q. Qual <strong>de</strong>ve ser a relação entre Q e q se<br />

as duas partes, quando separadas a uma distância <strong>de</strong>terminada sofrem uma força <strong>de</strong><br />

repulsão máxima?<br />

P1.5) Duas pequenas esferas carregadas positivamente possuem uma carga<br />

combinada <strong>de</strong> 50 µC. Se elas se repelem com uma força <strong>de</strong> 1,0 N quando separadas<br />

<strong>de</strong> 2,0 m, qual é a carga em cada uma <strong>de</strong>las?<br />

P1.6) Um cubo <strong>de</strong> lado a tem uma carga positiva em cada um <strong>de</strong> seus vértices. Qual é<br />

o módulo da força resultante que atua em uma <strong>de</strong>ssas cargas?<br />

E2.2) Se as cargas do exercício E2.1 estiverem na glicerina, qual seria a resposta?<br />

52<br />

53


UNIDADE 2<br />

CAMPO ELÉTRICO<br />

Se uma corpo carregado se afastasse <strong>de</strong> você nesse exato momento você acredita<br />

que sentiria instantaneamente os efeitos <strong>de</strong> diminuição da força elétrica, como<br />

requer lei <strong>de</strong> Coulomb, ou como estabalece a lei <strong>de</strong> ação e reação na Mecânica<br />

Newtoniana? Certamente não, porque as interações eletromagnéticas se propagam<br />

no espaço com uma velocida<strong>de</strong> finita. Para remover essa dificulda<strong>de</strong> da ação à<br />

distância, será introduzido nesta unida<strong>de</strong> o conceito <strong>de</strong> campo elétric. Assim, a<br />

interação entre as cargas acontece através da interação com o campo criado pelas<br />

outras cargas, e não diretamente pelas força das cargas entre si.<br />

54<br />

55


AULA 3 CAMPO ELÉTRICO<br />

agente físico, com existência in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da presença <strong>de</strong> outra carga com a qual<br />

a carga original vai interagir, é o campo elétrico.<br />

OBJETIVOS<br />

• DEFINIR O VETOR CAMPO ELÉTRICO E ESTABELECER SUAS PROPRIEDADES<br />

• CALCULAR O CAMPO ELÉTRICO PARA UMA DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS<br />

PUNTIFORMES E PARA UM DIPOLO EÉTRICO<br />

• UTILIZAR OS CONCEITOS DE LINHA DE FORÇA<br />

Com a introdução do conceito <strong>de</strong> campo elétrico, po<strong>de</strong>mos visualizar a<br />

interação entre as cargas A e B <strong>de</strong> uma maneira diferente da força <strong>de</strong> Coulomb,<br />

que é o resultado da interação direta entre cargas (o que exigiria uma velocida<strong>de</strong><br />

infinita <strong>de</strong> propagação). Dizemos, então, que uma carga ou uma distribuição <strong>de</strong><br />

cargas cria um campo elétrico nos pontos do espaço em torno <strong>de</strong>la e que este<br />

campo elétrico é responsável pelo aparecimento da força elétrica que atua sobre<br />

uma carga elétrica <strong>de</strong> prova colocada em qualquer <strong>de</strong>sses pontos.<br />

3.1 DEFINIÇÃO E DISCUSSÃO FÍSICA DO CAMPO ELETROSTÁTICO<br />

As interações eletromagnéticas se propagam no espaço com uma velocida<strong>de</strong><br />

finita. Isto significa que, quando uma carga elétrica, como por exemplo a da Figura<br />

3.1, se <strong>de</strong>sloca no espaço, a força elétrica que ela exerce sobre outra carga B varia,<br />

mas não instantaneamente como requer a lei <strong>de</strong> Coulomb, ou como estabalece a lei<br />

<strong>de</strong> ação e reação na Mecânica Newtoniana. O processo <strong>de</strong> transmissão da<br />

informação (no caso o <strong>de</strong>slocamento da carga A) requer um certo intervalo <strong>de</strong><br />

tempo, igual a ∆ t = d/<br />

c para se propagar, em que d é a distância entre as cargas<br />

A e B e c é a velocida<strong>de</strong> da luz.<br />

As teorias mais avançadas da Física mostram que o campo elétrico é uma<br />

forma especial <strong>de</strong> matéria, diferente das outras que conhecemos, sendo composto<br />

<strong>de</strong> fótons (partículas com carga elétrica nula que carregam energia e momentum).<br />

Não po<strong>de</strong>mos perceber o campo elétrico diretamente apenas usando nossos<br />

sentidos; só é possível quantificá-lo através <strong>de</strong> sua interação com cargas elétricas.<br />

Então para verificar se existe um campo elétrico em um ponto P do espaço,<br />

utilizamos uma carga <strong>de</strong> prova positiva q<br />

0<br />

, colocada nesse ponto; se houver um<br />

campo elétrico nele, a carga <strong>de</strong> prova vai reagir como se estivesse sob a ação <strong>de</strong><br />

uma força <strong>de</strong> origem elétrica. A carga <strong>de</strong> prova (sempre positiva) <strong>de</strong>ve ser<br />

suficientemente pequena para não alterar o campo neste ponto.<br />

A gran<strong>de</strong>za que me<strong>de</strong> o campo elétrico em um ponto P do espaço é o vetor<br />

campo elétrico , <strong>de</strong>finido da seguinte forma (Figura 3.2):<br />

Figura 3.1: Posição relativa <strong>de</strong> A e B em diferentes instantes.<br />

r<br />

E<br />

P<br />

r<br />

F<br />

= q<br />

P<br />

0<br />

(3.1)<br />

Na eletrostática, a posição relativa, e consequentemente a distância entre as<br />

cargas, é sempre constante; por isso, é razoável supor uma hipótese <strong>de</strong> ação<br />

instantânea entre essas cargas em repouso. Mas, no caso <strong>de</strong> cargas em<br />

movimento, temos que achar uma forma <strong>de</strong> resolver o problema da ação a<br />

distância.<br />

Se a força elétrica <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser uma ação direta entre as cargas, torna-se<br />

necessária a existência <strong>de</strong> um agente físico responsável pela transmissão da<br />

informação (isto é, da força) entre uma carga e outra (no caso, <strong>de</strong> A para B). Esse<br />

Figura 3.2: Campo elétrico em um ponto P, gerado por uma carga q.<br />

56<br />

57


on<strong>de</strong> q<br />

0<br />

é uma carga positiva colocada em P. A direção do vetor é a linha que une<br />

o ponto P à carga que gera o campo e o sentido é o mesmo que o da força elétrica,<br />

F r P , que atua sobre a carga q<br />

0 , e o sentido, o da força<br />

F r P . Note que o campo<br />

elétrico em um ponto P do espaço é a força por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga que atua neste<br />

ponto. Ele <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, portanto do meio em que as cargas que geram o campo estão<br />

colocadas.<br />

ATIVIDADE 3.1<br />

Qual é a expressão do vetor campo elétrico gerado por uma carga elétrica negativa<br />

no ponto P do Exemplo 3.1?<br />

3.2 DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS ELÉTRICAS<br />

A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> campo elétrico é obtida das unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> força e <strong>de</strong> carga<br />

elétrica. No SI, ela é o Newton por Coulomb (N/C).<br />

3.3:<br />

Consi<strong>de</strong>remos agora uma distribuição <strong>de</strong> cargas puntiformes como na figura<br />

O campo elétrico é uma gran<strong>de</strong>za vetorial, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do ponto no<br />

espaço on<strong>de</strong> se encontra. Na Física existem outros tipos <strong>de</strong> campos, como, por<br />

exemplo, o campo <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma flauta que está sendo tocada. Uma<br />

diferença importante é que o campo <strong>de</strong> pressão p ( x,<br />

y,<br />

z,<br />

t)<br />

, embora também<br />

<strong>de</strong>penda do ponto no espaço e do tempo, é um campo escalar, isto é, à ele não<br />

estão associados direção e sentido naquele ponto, como no caso do campo elétrico.<br />

EXEMPLO 3.1<br />

Calcular o campo elétrico gerado por uma carga positiva Q em um ponto P situado à<br />

distância r <strong>de</strong>la.<br />

Figura 3.3: Distribuição <strong>de</strong> cargas puntiformes.<br />

Solução: Como a força elétrica exercida por uma carga Q sobre uma carga <strong>de</strong> prova<br />

positiva q<br />

0 , situada no ponto P, à distância r <strong>de</strong> Q, é:<br />

r<br />

F<br />

1<br />

Qq<br />

rˆ<br />

0<br />

P<br />

=<br />

2<br />

4π ε 0 rP<br />

Da equação (3.1), temos, no ponto P da figura 3.2:<br />

r<br />

E<br />

r<br />

F<br />

1<br />

P<br />

Qq<br />

Q<br />

rˆ<br />

P<br />

P<br />

= =<br />

0 . rP<br />

=<br />

2<br />

2<br />

q0 4π ε<br />

0 rP<br />

q0<br />

4π<br />

ε<br />

0 rP<br />

1<br />

ˆ<br />

1<br />

P<br />

Devido ao Princípio da Superposição o campo elétrico sobre a carga <strong>de</strong> prova<br />

q<br />

0<br />

no ponto P é dado pela soma dos campos elétricos das cargas individuais, como<br />

se as outras não existissem:<br />

on<strong>de</strong><br />

r<br />

E<br />

1<br />

4πε<br />

qi<br />

1<br />

rˆ<br />

2 i<br />

=<br />

− r ) 4π<br />

ε<br />

r<br />

q<br />

i p<br />

r<br />

− r ) |<br />

r<br />

−<br />

i<br />

r<br />

−<br />

|<br />

n<br />

n<br />

= ∑<br />

∑<br />

2<br />

0 i=1<br />

( rp<br />

i<br />

0 i=1<br />

( rp<br />

i p i<br />

rˆ<br />

i é o vetor unitário da direção que une as cargas q<br />

0 e<br />

sentido da carga que gera o campo para a carga <strong>de</strong> prova, e é dado por:<br />

(3.2)<br />

q<br />

i , com<br />

Note que a equação acima nos dá o módulo do vetor. A direção é a da reta que une P a<br />

Q .Como Q é positiva (e q<br />

0<br />

, por <strong>de</strong>finição é positiva), o campo tem sentido <strong>de</strong> Q<br />

para P.<br />

rˆ<br />

i<br />

=<br />

|<br />

r r<br />

p<br />

−<br />

i<br />

r r<br />

−<br />

|<br />

p<br />

i<br />

(3.3)<br />

Um erro muito comum ao resolver problemas envolvendo distribuições <strong>de</strong><br />

58<br />

59


carga é usar<br />

rr P<br />

(ou r i ) no lugar <strong>de</strong><br />

r r<br />

p − . A lei <strong>de</strong> Coulomb nos diz que a<br />

distância que <strong>de</strong>ve ser colocada nesse <strong>de</strong>nominador é a distância entre as duas<br />

cargas cuja interação está sendo consi<strong>de</strong>rada. E essa distância não é rr P<br />

i<br />

ou r i<br />

mas<br />

a diferença <strong>de</strong>sses vetores. Por isso, em todo problema <strong>de</strong> eletrostática é muito<br />

importante escolher um sistema <strong>de</strong> referência arbitrário e <strong>de</strong>finir todas as<br />

distâncias envolvidas no problema <strong>de</strong> forma consistente com essa escolha.<br />

Preste muita atenção na <strong>de</strong>finição do vetor que localiza o ponto P (<strong>de</strong><br />

observação, on<strong>de</strong> colocaremos a carga <strong>de</strong> prova), no ponto referente à carga que<br />

gera esse r i<br />

e na distância entre as cargas, que você vai usar na lei <strong>de</strong> Coulomb.<br />

Isto também vai ser igualmente importante quando estivermos calculando campos<br />

<strong>de</strong> distribuições contínuas <strong>de</strong> carga.<br />

Dadas duas cargas<br />

EXEMPLO 3.2<br />

−6<br />

Q = 2,0×<br />

10 C e<br />

−6<br />

q = 1,0×<br />

10 C, separadas pela distância<br />

L = 1,0 m. Determine o campo elétrico em um ponto P situado a uma distância<br />

x = 0,50 m <strong>de</strong> Q .<br />

r r<br />

p<br />

− i x − L<br />

r r = iˆ<br />

= −iˆ<br />

|<br />

−<br />

| | x − L |<br />

p<br />

Temos, para os campos elétricos gerados por cada uma das cargas:<br />

r Q<br />

q<br />

E = 1<br />

r<br />

iˆ<br />

1<br />

Q<br />

e Eq<br />

= −<br />

iˆ<br />

2<br />

4πε<br />

x<br />

4 ( x L)<br />

2<br />

0<br />

πε<br />

0 −<br />

em que x = 0, 50 m é a distância <strong>de</strong> P à carga Q .<br />

i<br />

Como as cargas são positivas, elas repelirão uma carga <strong>de</strong> prova. Então, o<br />

campo gerado pela carga Q está dirigido para a direita na figura 3.4, enquanto que<br />

o gerado pela carga q , está dirigido para a esquerda. Assim, temos, para o módulo<br />

do campo resultante em P:<br />

r<br />

E<br />

⎡ 1 Q 1 q<br />

⎢ −<br />

2<br />

⎣4πε<br />

0 x 4πε<br />

0 ( x − L)<br />

= 2<br />

em que os termos entre colchete correspon<strong>de</strong>m ao módulo do campo elétrico.<br />

Po<strong>de</strong>mos obter uma outra solução com o <strong>de</strong>senho dos vetores campo elétrico e do<br />

eixo <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas. O campo da carga Q está dirigido no mesmo sentido que o<br />

unitário i do eixo, enquanto que o campo da carga q, tem o sentido oposto, <strong>de</strong><br />

modo que:<br />

⎤<br />

⎥i<br />

ˆ<br />

⎦<br />

Figura 3.4: Configuração <strong>de</strong> cargas para o exercício.<br />

2 2<br />

1 ⎡ Q q ⎤ 1 ⎡Q(<br />

L − x)<br />

− qx ⎤<br />

E = ⎢ −<br />

2<br />

2 ⎥ = ⎢ 2 2 ⎥<br />

4πε<br />

0 ⎣ x ( x − L)<br />

⎦ 4πε<br />

0 ⎣ x ( x − L)<br />

⎦<br />

Desenvolvendo o colchete, obtemos:<br />

SOLUÇÃO: Consi<strong>de</strong>remos um eixo <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas ao longo da linha Qq , com<br />

origem na carga Q e dirigido para a carga q . Seja î o unitário do eixo (dirigido<br />

portanto para a direita na figura 3.4). Os vetores-posição das cargas Q e q, e do<br />

ponto P são, respectivamente:<br />

Então:<br />

r<br />

= x iˆ<br />

r P<br />

r<br />

= 0 iˆ<br />

r Q<br />

r<br />

= L iˆ<br />

r r − = x iˆ<br />

e r − r = ( x −L) i ˆ<br />

P<br />

Q<br />

r q<br />

P<br />

q<br />

2<br />

2<br />

1 ⎡(<br />

Q − q)<br />

x − 2QLx<br />

+ QL ⎤<br />

E = ⎢<br />

2 2<br />

4<br />

⎥<br />

πε<br />

0 ⎣ x ( x − L)<br />

⎦<br />

4<br />

Colocando os valores numéricos vem: E = 3,6×<br />

10 N/<br />

C.<br />

ATIVIDADE 3.2<br />

Suponha agora que a carga q no exemplo 3.2 seja negativa. Qual a intensida<strong>de</strong> do<br />

campo no ponto P?<br />

Note que, como<br />

r<br />

x < L , o vetor r P q<br />

r − é negativo e o seu unitário vale: 61<br />

60


ATIVIDADE 3.3<br />

No Exemplo 3.2, calcule o ponto em que o campo elétrico é nulo.<br />

3.3 O DIPOLO ELÉTRICO<br />

Um dipolo elétrico é constituido por duas cargas elétricas iguais e <strong>de</strong> sinais<br />

contrários, separadas por uma distância pequena em relação às outras distâncias<br />

relevantes ao problema.<br />

Determinemos uma expressão para a intensida<strong>de</strong> do campo elétrico no<br />

plano bissetor perpendicular <strong>de</strong> um dipolo (Figura 3.5). Para isso, vamos começar a<br />

calcular o vetor E r<br />

em um ponto P neste plano bissetor. Antes <strong>de</strong> mais nada,<br />

conforme discutimos, vamos escolher um sistema <strong>de</strong> referência, localizar<br />

vetorialmente as cargas que geram o campo, localizar o ponto <strong>de</strong> observação e a<br />

distância que <strong>de</strong>ve ser usada na lei <strong>de</strong> Coulomb, para cada carga.<br />

e<br />

e<br />

r<br />

E<br />

r<br />

E<br />

1<br />

q<br />

ˆ<br />

+<br />

= r<br />

2 +<br />

4π ε 0 r+<br />

1<br />

q<br />

rˆ<br />

−<br />

=<br />

2<br />

4π ε 0 r−<br />

−<br />

(3.4)<br />

(3.5)<br />

Em termos dos dados do problema, temos que:<br />

2 2<br />

r ≡ r = y +<br />

+ − P<br />

a<br />

(3.6)<br />

Vetorialmente, po<strong>de</strong>mos escrever que:<br />

r = y ˆj<br />

− a kˆ<br />

+<br />

P<br />

r<br />

= ˆ<br />

−<br />

y<br />

P<br />

j + a kˆ,<br />

r<br />

ˆ ˆ<br />

+<br />

yP<br />

j − a k<br />

rˆ<br />

+<br />

= =<br />

+<br />

r<br />

2 2<br />

y + a<br />

r<br />

−<br />

rˆ<br />

−<br />

=<br />

r<br />

−<br />

P<br />

y ˆ ˆ<br />

P<br />

j + a k<br />

=<br />

2<br />

y + a<br />

2<br />

P<br />

(3.7)<br />

(3.8)<br />

Substituindo essas expressões na expressão do campo resultante, obtemos:<br />

r<br />

aq<br />

E = r r 1 2<br />

E E<br />

kˆ<br />

+<br />

+ −<br />

= −<br />

(3.9)<br />

2 2<br />

4 π ε ( y a )<br />

3/2<br />

0 P<br />

+<br />

De fato, só haverá componente do campo na direção kˆ , como havíamos<br />

discutido.<br />

Figura 3.5: O dipolo elétrico e seu campo elétrico no ponto P.<br />

É muito importante <strong>de</strong>senhar os vetores campo elétrico no ponto e verificar<br />

(como é o caso aquí) se existe alguma simetria que possa facilitar o cálculo. No<br />

caso do dipolo elétrico, é fácil perceber que não haverá componente <strong>de</strong> campo<br />

resultante no eixo y, apenas na direção z , pois os módulos do campo gerado pela<br />

carga positiva ( E r +<br />

) e pela carga negativa ( E r<br />

−<br />

) são idênticos e suas projeções<br />

sobre o eixo y são iguais e <strong>de</strong> sentidos opostos (o eixo x é bissetriz do eixo do<br />

dipolo elétrico). Vamos escrevê-los:<br />

62<br />

Note que esta é a intensida<strong>de</strong> do campo elétrico no ponto P à distância<br />

do eixo do dipolo elétrico. O sinal negativo indica que o campo gerado pelas cargas<br />

tem sentido oposto ao eixo Oz.<br />

Dado o módulo das cargas q e a distância entre elas,<br />

y<br />

P<br />

2 a , o que significa<br />

dizer "distâncias do ponto P ao dipolo ( y ) muito maiores do que a separação entre<br />

as duas cargas (2a)<br />

"?<br />

P<br />

Esse tipo <strong>de</strong> limite é muito comum e importante em Física. No caso, isso<br />

po<strong>de</strong> ser dito matematicamente em termos <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>:<br />

a<br />

y P<br />


Neste caso, a expressão anterior po<strong>de</strong> ser escrita como:<br />

r<br />

E<br />

−<br />

1<br />

2a<br />

q<br />

=<br />

3<br />

3/2<br />

4π ε y<br />

2<br />

0 P<br />

1<br />

⎛ a ⎞<br />

1+<br />

⎜<br />

2<br />

y<br />

⎟<br />

⎝ P ⎠<br />

kˆ<br />

(3.11)<br />

ATIVIDADE 3.4<br />

Verifique se o ponto y P<br />

= 1, 0m<br />

po<strong>de</strong> realmente ser consi<strong>de</strong>rado distante do dipólo?<br />

3.4 LINHAS DE FORÇA<br />

ou, com a condição acima temos que:<br />

(3.12)<br />

r<br />

E<br />

≅ −<br />

1 2aq<br />

kˆ<br />

3<br />

4π ε 0 y<br />

P<br />

Isto é, o campo do dipólo elétrico é inversamente proporcional ao cubo da<br />

O conceito <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força foi introduzido por Michael Faraday (1791 –<br />

1867) como uma maneira <strong>de</strong> visualizar o campo elétrico.<br />

Como sabemos, uma carga puntual Q que, cria um campo radial no espaço<br />

à sua volta. Em cada ponto do espaço temos um vetor campo elétrico E r , cujo<br />

módulo diminui à medida que nos afastamos da carga, conforme mostra a figura<br />

3.6.<br />

distância<br />

y<br />

P<br />

. Observe que esse mesmo resultado po<strong>de</strong>ria ser obtido através da<br />

expansão binomial para ( 1± x) −n<br />

válida para x 2


mostra as linhas <strong>de</strong> força geradas por duas cargas puntiformes, na região do<br />

espaço próxima a elas.<br />

r r<br />

r F QE<br />

a = =<br />

(3.14)<br />

m m<br />

Note que a aceleração da carga tem a mesma direção do campo e, que,<br />

portanto, é constante em módulo e direção. O sentido da aceleração <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

carga ser positiva ou negativa. No primeiro caso, a aceleração tem o mesmo<br />

sentido que o campo elétrico; no segundo, tem o sentido contrário.<br />

Figura 3.7: Linhas <strong>de</strong> força <strong>de</strong> um campo elétrico gerado por cargas <strong>de</strong> mesmo<br />

sinal (positivas; lado esquerdo) e cargas <strong>de</strong> sinais contrários (lado direito).<br />

Além <strong>de</strong> nos fornecer a direção e o sentido do campo elétrico, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força, isto é, o número <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área<br />

dão informação sobre a intensida<strong>de</strong> do campo elétrico sobre uma certa<br />

superfície. No caso da carga puntiforme, como vemos na figura 3.6, se tomarmos<br />

uma superfície esférica <strong>de</strong> área<br />

será<br />

2<br />

4π<br />

R , a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhas sobre essa superfície<br />

2<br />

N/4π<br />

R , on<strong>de</strong> N é o número <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força que atravessa a superfície.<br />

ATIVIDADE 3.5<br />

Desenhe o vetor campo elétrico para vários pontos da figura 3.7. Existe algum<br />

lugar que o campo seja nulo? Qual seria a mudança nas linhas <strong>de</strong> força caso as<br />

cargas no lado esquerdo da figura 3.7 fossem negativas?<br />

Uma maneira <strong>de</strong> produzirmos um campo elétrico uniforme consiste em<br />

colocarmos duas placas planas e paralelas, carregadas com cargas elétricas <strong>de</strong><br />

sinais opostos, uma próxima da outra, mas separadas <strong>de</strong> uma distância menor que<br />

as dimensões das placas. Por simetria, po<strong>de</strong>mos ver que, na região entre as placas,<br />

o campo estará sempre dirigido da placa positiva para a negativa. Observe o<br />

Exemplo 3.4.<br />

EXEMPLO 3.4<br />

Uma carga elétrica positiva Q=2,0μC e massa <strong>de</strong> 0,50g é atirada horizontalmente<br />

em uma região entre duas placas planas e paralelas horizontais, com a placa<br />

positiva abaixo da negativa (Figura 3.8). A separação das placas vale d = 1,0 cm e<br />

a carga entra na região das placas a uma altura <strong>de</strong> d/2 da placa inferior. Se a<br />

velocida<strong>de</strong> da carga for na horizontal e <strong>de</strong> módulo 1,40 m/s e o campo elétrico<br />

entre as placas 2,40 x 10 N/C, qual a velocida<strong>de</strong> da carga elétrica quando ela se<br />

chocar com a placa negativa?<br />

3.5 CARGAS ELÉTRICAS EM UM CAMPO ELÉTRICO UNIFORME<br />

Um campo elétrico é uniforme em uma região do espaço quando em<br />

qualquer ponto <strong>de</strong>ssa região o vetor campo elétrico é constante (em módulo,<br />

direção e sentido). Nesse caso, as linhas <strong>de</strong> força do campo na região consi<strong>de</strong>rada<br />

são linhas retas e paralelas entre si.<br />

Quando uma carga elétrica Q entra em um campo elétrico uniforme, ela<br />

sofre ação <strong>de</strong> uma força elétrica constante, cujo módulo é dado pela lei <strong>de</strong><br />

Coulomb. Portanto, seu movimento é um movimento acelerado, com um vetor<br />

aceleração dado pela segunda lei <strong>de</strong> Newton:<br />

Figura 3.8: Carga lançada em um campo elétrico uniforme.<br />

Solução: Seja um sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas com origem na posição em que a carga<br />

elétrica entra na região entre as placas, com eixo Oy vertical e com sentido para<br />

cima (da placa positiva para a negativa); e eixo Ox perpendicular a Oy como<br />

mostra a figura 3.8. O campo elétrico está dirigido <strong>de</strong> baixo para cima, <strong>de</strong> modo<br />

que o vetor campo elétrico é:<br />

66<br />

67


= 0 ̂ + 2,40 10 ̂.<br />

O vetor velocida<strong>de</strong> da carga ao se chocar com a placa negativa é:<br />

Então a aceleração da carga está dirigida para cima (a carga é positiva) e vale:<br />

v<br />

r = v iˆ<br />

+ v<br />

ˆj<br />

= (1,40ˆ i<br />

x y<br />

+<br />

0,69 ˆ) j m/s.<br />

−6<br />

4<br />

r QE<br />

ˆ<br />

2,0×<br />

10 C × 2,40×<br />

10 N / C<br />

= ˆ<br />

m<br />

a j =<br />

j = 96,0 ˆ. j<br />

2<br />

m<br />

0,50kg<br />

s<br />

O seu módulo é:<br />

2 2 2<br />

v [ v + ]<br />

1/<br />

x<br />

v = 1,56 m/s.<br />

=<br />

y<br />

O movimento da carga elétrica é idêntico ao <strong>de</strong> um projétil. O vetor velocida<strong>de</strong><br />

inicial da carga é:<br />

r<br />

v<br />

( v ) iˆ<br />

+ ( v ) ˆj<br />

m<br />

1,40 ˆ.<br />

s<br />

0<br />

=<br />

0 x 0 y<br />

= i<br />

Como a aceleração é vertical, o movimento da carga ao longo <strong>de</strong> Ox é retilíneo e<br />

uniforme; ao longo <strong>de</strong> Oy ele é uniformemente acelerado no sentido positivo <strong>de</strong><br />

Oy. Então, para um dado instante t <strong>de</strong>pois da entrada no campo elétrico, temos:<br />

vx<br />

QE<br />

= ( v 0<br />

)<br />

x<br />

= 1,40 m/s v y<br />

= at = = 96,0 t m/s<br />

m<br />

O ângulo que a velocida<strong>de</strong> faz com o eixo Ox é:<br />

vy<br />

v = tgθ = = 0,493,<br />

v<br />

x<br />

o que dá θ=26°,2.<br />

ATIVIDADE 3.6<br />

No Exemplo 3.4, qual a distância horizontal percorrida pela carga até se chocar<br />

com a placa?<br />

Integrando cada equação <strong>de</strong> 0 até t po<strong>de</strong> se obter x(t) e y(t). Ou seja,<br />

x = ( v 0<br />

)<br />

x<br />

t = 1, 40t<br />

m<br />

1 1<br />

y ×<br />

2 2<br />

2<br />

2<br />

= at = 96,0 t m<br />

Para <strong>de</strong>terminar a velocida<strong>de</strong> quando a carga se choca contra a placa negativa,<br />

temos que calcular o intervalo <strong>de</strong> tempo entre o instante em que a carga entra no<br />

campo (t=0) e o instante em que ela se choca (t). Para isso, basta observar que,<br />

quando a carga se choca com a placa negativa, ela percorreu uma distância<br />

vertical y=d/2. Levando esse valor na expressão <strong>de</strong> y(t) e resolvendo a equação<br />

para t, obtemos:<br />

ATIVIDADE 3.7<br />

O Exemplo 3.4 sugere um método para separar cargas positivas e negativas <strong>de</strong> um<br />

feixe <strong>de</strong> cargas que contém uma mistura <strong>de</strong>las. Suponha que o feixe seja<br />

constituído por prótons e elétrons. Se as partículas tiverem a mesma velocida<strong>de</strong><br />

inicial ao entrar na região entre as placas, on<strong>de</strong> o campo elétrico é uniforme, qual<br />

<strong>de</strong>les percorrerá maior distância <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste campo até se chocar com a placa?<br />

t = 2y<br />

/ a = 2d<br />

/ 2a<br />

= d / a.<br />

Com este valor <strong>de</strong> y na expressão da componente<br />

v<br />

y da velocida<strong>de</strong>, obtemos:<br />

v y<br />

= a d / a = ad =<br />

96,0 × 0,50 × 10<br />

−2<br />

= 0,69 m/s.<br />

68<br />

69


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 3.1<br />

O módulo do campo é calculado exatamente da mesma forma que no Exemplo 3.1,<br />

pois a carga Q , embora seja negativa agora, entra na fórmula em módulo. O que<br />

se modifica agora é que a força F é atrativa e, portanto, como o sentido do campo é<br />

o mesmo da força, o vetor campo elétrico passa a ter sentido <strong>de</strong> P para a carga Q .<br />

Então:<br />

ATIVIDADE 3.2:<br />

Nesse caso, temos:<br />

r<br />

E<br />

1 Q<br />

− rˆ.<br />

4π ε r<br />

=<br />

2<br />

0<br />

E<br />

1 Q 1 q<br />

+<br />

2<br />

4πε<br />

0<br />

x 4πε<br />

0<br />

( L − x)<br />

=<br />

2<br />

pois a carga q irá atrair a carga <strong>de</strong> prova q<br />

0 colocada em P. Então:<br />

Desenvolvendo o colchete, obtemos:<br />

Com os valores numéricos, temos:<br />

ATIVIDADE 3.3<br />

E<br />

2 2<br />

1 ⎡ Q q ⎤ 1 ⎡Q(<br />

L − x)<br />

+ qx ⎤<br />

=<br />

.<br />

2<br />

2<br />

2<br />

4<br />

⎢ +<br />

0<br />

( )<br />

⎥<br />

4<br />

⎢<br />

0<br />

( )<br />

⎥<br />

πε ⎣ x L − x ⎦ πε ⎣ x L − x ⎦<br />

= 2<br />

E<br />

2<br />

2<br />

1 ⎡(<br />

Q + q)<br />

x − 2QLx<br />

+ QL ⎤<br />

.<br />

2<br />

4<br />

⎢<br />

0<br />

( )<br />

⎥<br />

πε ⎣ x L − x ⎦<br />

=<br />

2<br />

E = 4,3×<br />

10<br />

5<br />

N/<br />

C.<br />

Como as cargas têm o mesmo sinal, o ponto em que a intensida<strong>de</strong> do campo<br />

elétrico é nula <strong>de</strong>ve estar situado entre as cargas. Seja z a distância <strong>de</strong>ste ponto à<br />

carga Q . Então, como no Exemplo 3.2:<br />

ou ainda:<br />

E<br />

E<br />

1 Q 1 q<br />

−<br />

2<br />

4πε<br />

0<br />

x 4πε<br />

0<br />

( L − x)<br />

=<br />

2<br />

,<br />

= 0,<br />

2<br />

2<br />

1 ⎡(<br />

Q + q)<br />

x − 2QLx<br />

+ QL ⎤<br />

⎢<br />

= 0.<br />

2<br />

⎥<br />

4πε<br />

0 ⎣ x ( L − x)<br />

⎦<br />

=<br />

2<br />

Para que E = 0 , basta que o numerador seja nulo. Assim:<br />

70<br />

2<br />

2<br />

( Q + q)<br />

x − 2QLx<br />

+ QL = 0<br />

que, <strong>de</strong>senvolvido e com os valores numéricos, dá:<br />

2<br />

z − 4,0z<br />

+ 2,0 = 0<br />

O <strong>de</strong>terminante <strong>de</strong>ssa equação <strong>de</strong> segundo grau é ∆ = 16 − 8 = 8 e as soluções são:<br />

z<br />

4 + 8<br />

= 3,4<br />

2<br />

1<br />

= e z2<br />

4 − 8<br />

= = 0,59.<br />

2<br />

Como z é a distância à carga Q , sua unida<strong>de</strong> é metro. A primeira raiz da equação<br />

não satisfaz ao problema porque o ponto com esta coor<strong>de</strong>nada não está entre Q e<br />

q . Logo, a solução procurada é z = 0,59 m.<br />

ATIVIDADE 3.4<br />

Para verificar se o ponto<br />

y P<br />

= 1, 0m<br />

po<strong>de</strong> realmente ser consi<strong>de</strong>rado distante do<br />

a<br />

dipólo temos <strong>de</strong> verificar se a razão


No caso do dipolo no lado direito da figura 3.7 não há ponto on<strong>de</strong> o campo seja<br />

nulo. Observe que à medida que se afasta das cargas o campo do dipólo é pequeno<br />

e direcionado no sentido da carga positiva para a negativa (novamente observe o<br />

a<strong>de</strong>nsamento das linhas <strong>de</strong> força entre as cargas e sua diminuição longe <strong>de</strong>las).<br />

Se as cargas fossem negativas no lado esquerdo da figura 3.7 o sentido das setas<br />

ficaria invertido.<br />

ATIVIDADE 3.6<br />

Conhecido o intervalo <strong>de</strong> tempo t que a carga Q levou para se chocar contra a placa<br />

negativa, a distância horizontal percorrida por ela, do instante inicial t=0 até o<br />

instante t é:<br />

ATIVIDADE 3.7<br />

x = ( v0)<br />

t = ( v ) d / a = 1,40 × 0,0050/96,0 = 1,01×<br />

10<br />

−2<br />

x 0 x<br />

m.<br />

PR4.3) Do que se trata o “Experimento da gota <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> Milikan”. Busque<br />

informações na literatura e compartilhe com seus colegas no fórum.<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E3.1) Duas cargas, Q e 2Q são separadas por uma distância R. Qual é o campo<br />

elétrico gerado no ponto em que se localiza cada carga?<br />

E3.2) Consi<strong>de</strong>rando o raio orbital do elétron em torno do núcleo <strong>de</strong> Hidrogênio<br />

como r = 5,29 × 10<br />

−9<br />

cm qual seria o momento <strong>de</strong> dipolo do átomo <strong>de</strong> Hidrogênio se<br />

o elétron ficasse parado na sua órbita?<br />

E3.3) No Exemplo 3.3, se o campo elétrico for dado por:<br />

r<br />

4<br />

E<br />

iˆ<br />

4<br />

= 3,25 × 10 + 2,40 × 10 ˆj<br />

. Qual será a velocida<strong>de</strong> da carga elétrica ao se chocar<br />

com a placa?<br />

A aceleração da carga é<br />

a = QE<br />

m ; portanto, diretamente proporcional ao valor da<br />

carga e inversamente proporcional à sua massa. As cargas do próton e do elétron<br />

são iguais, mas a massa do próton é cerca <strong>de</strong> 1800 vezes maior que a do elétron.<br />

Portanto, a aceleração do próton é menor que a do elétron e ele <strong>de</strong>ve levar mais<br />

tempo para chegar à placa que o elétron. Como o movimento horizontal das duas<br />

cargas é o mesmo (retilíneo e uniforme), o próton <strong>de</strong>ve se chocar contra a placa<br />

negativa mais longe que o elétron.<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR4.1) A Lua po<strong>de</strong>ria ser usada como uma carga <strong>de</strong> prova para testar o campo<br />

gravitacional da Terra? Se não, por quê?<br />

PR4.2) As linhas <strong>de</strong> campo elétrico po<strong>de</strong>m se cruzar? Explique!<br />

PR4.3) Duas cargas q 1 e q 2 <strong>de</strong> mesmo módulo estão separadas por uma distância<br />

<strong>de</strong> 10m. O campo elétrico ao longo da linha que as une é nulo em um certo ponto<br />

entre elas. O que você po<strong>de</strong> dizer sobre essas cargas? É possível ter campo elétrico<br />

nulo para algum outro ponto, exceto é claro, no infinito.<br />

72<br />

73


AULA 4: CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA<br />

DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA EM UMA DIMENSÃO<br />

OBJETIVOS<br />

• CALCULAR O CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA EM UMA<br />

DIMENSÃO<br />

4.1 COLOCAÇÃO DO PROBLEMA GERAL<br />

Apesar da carga elétrica ser quantizada, po<strong>de</strong>mos falar em distribuição contínua<br />

<strong>de</strong> cargas porque o número <strong>de</strong> cargas em um corpo é muito gran<strong>de</strong>. Vamos discutir<br />

agora como calcular o campo <strong>de</strong> uma distribuição contínua <strong>de</strong> cargas no caso<br />

unidimensional. Embora muitos livros textos dêem a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a força <strong>de</strong> Coulomb,<br />

o campo eletrostático e a lei <strong>de</strong> Gauss (a ser discutida mais tar<strong>de</strong>) são coisas<br />

completamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, isso não é verda<strong>de</strong>; é sempre a lei <strong>de</strong> Coulomb que<br />

está fundamentando os três tópicos. A diferença agora é que não estaremos mais<br />

falando <strong>de</strong> cargas puntiformes, mas aplicando a lei <strong>de</strong> Coulomb a elementos<br />

infinitesimais da distribuição, integrando sobre todos eles <strong>de</strong>pois. Nesta etapa, o<br />

conceito fundamental é o Princípio da Superposição.<br />

Figura 4.1: Problema geral do cálculo do campo elétrico<br />

Vamos escrever o campo elementar<br />

em um ponto P do espaço:<br />

r<br />

dE<br />

dE<br />

r<br />

dq<br />

1 dq<br />

r r rˆ.<br />

4π ε |<br />

−<br />

'|<br />

dq<br />

=<br />

2<br />

0 P<br />

gerado pelo elemento <strong>de</strong> carga dq<br />

(4.1)<br />

r r<br />

Note bem que<br />

P − ' é um vetor <strong>de</strong> origem no elemento <strong>de</strong> carga dq e<br />

extremida<strong>de</strong> no ponto P cuja posição é dada pelo vetor r P . A direção e sentido<br />

do vetor dE<br />

r<br />

dq<br />

são dadas pelo vetor unitário:<br />

Outra vez vamos proce<strong>de</strong>r da mesma maneira que fizemos no caso <strong>de</strong> cargas<br />

puntiformes: escolher um sistema <strong>de</strong> referência que será um elemento infinitesimal <strong>de</strong><br />

carga dq arbitrariamente localizado (não use pontos estratégicos; esse elemento<br />

r r<br />

P<br />

−<br />

'<br />

rˆ<br />

= r r .<br />

|<br />

−<br />

'|<br />

P<br />

(4.2)<br />

<strong>de</strong> carga <strong>de</strong>ve estar arbitrariamente localizado, <strong>de</strong> acordo com o sistema <strong>de</strong> referência<br />

que você escolheu). I<strong>de</strong>ntifique as três distâncias: r P , a localização do ponto <strong>de</strong><br />

observação, r′ , a localização do elemento arbitrário <strong>de</strong> carga e a distância<br />

entre dq e o seu ponto <strong>de</strong> observação. A figura 4.1 ilustra essa situação.<br />

Para conhecer o campo resultante <strong>de</strong>vemos integrar sobre todos os<br />

elementos <strong>de</strong> carga (aqui entra o Princípio da Superposição):<br />

r<br />

E<br />

r 1<br />

P<br />

) =<br />

4π ε<br />

R<br />

(<br />

2<br />

0 P<br />

∫<br />

dq<br />

r r rˆ.<br />

(4.3)<br />

(|<br />

−<br />

'|)<br />

Se a distribuição <strong>de</strong> cargas não for homogênea, o elemento <strong>de</strong> carga po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do ponto r′ . Em geral, po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

74<br />

75


(4.4)<br />

r<br />

dq = ρ (<br />

') dV ′<br />

on<strong>de</strong> ρ (r r ')<br />

é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas (número <strong>de</strong> cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

volume) no ponto <strong>de</strong> vetor-posição<br />

r ' e d V ′ é o elemento <strong>de</strong> volume (você vai<br />

integrar sobre as variáveis <strong>de</strong>ntro da distribuição <strong>de</strong> cargas, não sobre um<br />

volume arbitrário).<br />

Com isso, a expressão mais geral para o campo eletrostático gerado por uma<br />

distribuição <strong>de</strong> cargas contínuas em um ponto cuja posição é especificada pelo vetor<br />

r P é:<br />

r r 1 (<br />

r ') dV ′ r<br />

E( P<br />

) = r r (<br />

3<br />

4<br />

∫ ρ<br />

πε (|<br />

−<br />

'|)<br />

0<br />

P<br />

P<br />

r<br />

−<br />

').<br />

(4.5)<br />

b<br />

x = ,<br />

(4.7)<br />

a<br />

reescreva sua resposta em termos <strong>de</strong> x e faça a expansão. Algumas expressões<br />

po<strong>de</strong>m ser encontradas no Apêndice D.<br />

4.2 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO EM DISTRIBUIÇÕES<br />

UNIDIMENSIONAIS DE CARGA<br />

Vamos começar com um exemplo simples que tem como objetivo ressaltar a<br />

importância <strong>de</strong> formular corretamente a lei <strong>de</strong> Coulomb no referencial escolhido. Além<br />

disso, vamos mostrar explicitamente que a sua resposta obviamente não po<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da escolha do referencial que você fizer. No entanto, é fundamental formular<br />

o problema <strong>de</strong> forma consistente com sua escolha.<br />

EXEMPLO 4.1<br />

Uma barra isolante <strong>de</strong> comprimento L uniformemente carregada com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

4.1.2 FERRAMENTAS MATEMÁTICAS IMPORTANTES<br />

<strong>de</strong> carga linear λ . Calcule o campo elétrico a uma distância<br />

extremida<strong>de</strong>s da barra, na direção da mesma.<br />

x<br />

P <strong>de</strong> uma das<br />

Além dos pontos que já enfatizamos no que se refere a montar o problema,<br />

para resolver problemas que envolvem o cálculo do campo elétrico <strong>de</strong> distribuições<br />

contínuas <strong>de</strong> carga, é importante ter familiarida<strong>de</strong> com os vários elementos <strong>de</strong> volume<br />

d V ′ que po<strong>de</strong>m aparecer. No caso unidimensional, on<strong>de</strong> temos uma distribuição<br />

linear <strong>de</strong> cargas, o elemento <strong>de</strong> volume<br />

d V ′ se transforma em elemento <strong>de</strong><br />

comprimento dx’ ; a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas se reduz à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear λ<br />

(número <strong>de</strong> cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento).<br />

RESOLUÇÃO: Vamos começar formulando o problema em um referencial com origem<br />

O na extremida<strong>de</strong> esquerda da barra e eixo Ox com sentido para a direita, ilustrado na<br />

figura 4.2. Seja î o unitário da direção do eixo.<br />

Outra ferramenta matemática importante é a expansão em série <strong>de</strong> Taylor.<br />

Uma das muitas utilizadas é:<br />

1<br />

= 1−<br />

x + x<br />

1+<br />

x 2<br />

1 2<br />

−L se x


As distâncias relevantes ao problema são:<br />

a) A distância x′ que localiza dq no referencial em questão;<br />

b) A distância x P<br />

+ L que localiza o ponto <strong>de</strong> observação;<br />

c) A distância "da lei <strong>de</strong> Coulomb" x P<br />

+ L − x′<br />

, distância entre dq e o ponto <strong>de</strong><br />

Vamos agora resolver o mesmo problema com a origem do referencial no<br />

ponto meio da barra, mostrado na figura 4.3.<br />

observação.<br />

A direção do campo está <strong>de</strong>senhada na figura 4.2. nnão se esqueça <strong>de</strong> sempre<br />

<strong>de</strong>senhar o campo - frequentemente haverá simetrias que po<strong>de</strong>m simplificar seus<br />

cálculos. O elemento diferencial do campo gerado por dq é:<br />

Então:<br />

r<br />

dE<br />

r<br />

E<br />

1<br />

4πε<br />

( x<br />

dq<br />

iˆ.<br />

+ L − x′<br />

)<br />

dq<br />

=<br />

2<br />

0 P<br />

1<br />

4π ε<br />

dq<br />

iˆ.<br />

+ L − x′<br />

)<br />

L<br />

= ∫0<br />

2<br />

0<br />

( xP<br />

Mas dq = λdx′<br />

. Para integrar, fazemos a transformação <strong>de</strong> variáveis u = xP + L − x′<br />

, o<br />

que dá:<br />

du = −dx′<br />

. Os limites <strong>de</strong> integração tem <strong>de</strong> ser mudadas. Para x′ = 0 ,<br />

<strong>de</strong>vemos ter u = xP + L ; para x ′ = L , u = xP<br />

. A integral fica:<br />

λ x<br />

P − du λ −1<br />

x λ ⎡ 1 1 ⎤<br />

P<br />

= + | =<br />

.<br />

2<br />

+ ⎢ − ⎥<br />

4<br />

∫<br />

u<br />

+<br />

x L<br />

πε x<br />

0 P<br />

L<br />

u 4π ε<br />

P<br />

0<br />

4π<br />

ε<br />

0 ⎣ xP<br />

xP<br />

+ L⎦<br />

r λ L<br />

Finalmente: E =<br />

iˆ<br />

.<br />

4π ε x ( x L)<br />

0<br />

P P<br />

+<br />

Agora vamos fazer um limite cuja resposta conhecemos, para testar o resultado<br />

obtido: sabemos que quando estamos muito longe da barra ( x P<br />

>>> L)<br />

<strong>de</strong>vemos obter<br />

o resultado da carga puntiforme, pois o tamanho da barra fica irrelevante. De longe<br />

vamos ver uma carga Q = λL<br />

na origem. Note que:<br />

r 1 λL<br />

ˆ<br />

Q<br />

E ≅ i =<br />

2<br />

4πε<br />

x 4π<br />

ε x<br />

0<br />

P<br />

2<br />

0 P<br />

iˆ<br />

( x<br />

P<br />

>> L).<br />

78<br />

da barra.<br />

Figura 4.3: Campo elétrico criado por uma barra. Origem do referencial no meio<br />

Da mesma forma que antes, temos:<br />

<strong>de</strong> observação.<br />

a) A distância x′ que localiza dq no referencial em questão;<br />

b) A distância x P<br />

+ L/2<br />

que localiza o ponto <strong>de</strong> observação;<br />

(c) A distância "da lei <strong>de</strong> Coulomb"<br />

Então:<br />

r<br />

dE<br />

x P<br />

+ L/2 − x′<br />

, distância entre dq e o ponto<br />

1 dq<br />

4π ε ( x + L/2<br />

− x )<br />

dq<br />

=<br />

2<br />

′<br />

0 P<br />

r 1 L/2<br />

dq<br />

e: E = iˆ<br />

.<br />

2<br />

4<br />

∫ + πε<br />

−L /2<br />

( x + L/2<br />

− x′<br />

)<br />

0<br />

A mudança <strong>de</strong> variável é agora: u = xP + L/2 − x′<br />

, com os limites <strong>de</strong> integração: para<br />

x′ = −l/2<br />

, u = xP + L ; para x ′ = + L/2<br />

, u = xP<br />

. A integral fica:<br />

+ L/2<br />

P<br />

x<br />

P<br />

∫ dx′<br />

= −<br />

−L/2<br />

∫x<br />

+<br />

P<br />

L<br />

du,<br />

r λ L<br />

dando: E =<br />

iˆ<br />

,<br />

4π ε x ( x L)<br />

0<br />

P P<br />

+<br />

que é o mesmo resultado que antes. Isto significa que o resultado é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da<br />

escolha do referencial. A próxima ativida<strong>de</strong> usa o conhecimento que você já <strong>de</strong>ve ter<br />

adquirido no problema, incluindo agora um ingrediente novo.<br />

iˆ<br />

79


ATIVIDADE 4.1<br />

Consi<strong>de</strong>re que cada meta<strong>de</strong> da barra isolante do Exemplo 4.1 está carregada com<br />

diferentes <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga linear λ<br />

1 e λ<br />

2 . Calcule o campo elétrico a uma distância<br />

x<br />

P<br />

<strong>de</strong> uma das extremida<strong>de</strong>s da barra, na direção da mesma.<br />

No exemplo 4.2 vamos calcular o campo elétrico para pontos sobre o<br />

eixo vertical da barra.<br />

EXEMPLO 4.2<br />

Consi<strong>de</strong>re um fio <strong>de</strong> comprimento L com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga λ<br />

uniformemente distribuída, como mostra a figura 4.4. Determine o campo elétrico<br />

no ponto P x P<br />

, y ) .<br />

(<br />

P<br />

= 1 λdx′<br />

dE<br />

[( x x′<br />

) ˆ<br />

dq<br />

i y<br />

2 2<br />

4 [( x x ) y ]<br />

3/2 P<br />

− +<br />

π ε − ′ +<br />

Note que neste caso o vetor unitário que dá a direção <strong>de</strong><br />

daí o fator<br />

então:<br />

[( x ′ +<br />

P<br />

0<br />

P<br />

( x<br />

e =<br />

[( x<br />

P<br />

− x′<br />

) iˆ<br />

+ y ˆ<br />

P<br />

j<br />

,<br />

2 2<br />

− x′<br />

) + y ]<br />

ˆ P<br />

1/2<br />

P<br />

P<br />

dE<br />

r dq<br />

é:<br />

2 2 3/2<br />

P<br />

− x ) y ] no <strong>de</strong>nominador. A intensida<strong>de</strong> do campo elétrico é,<br />

r<br />

E<br />

Geral<br />

P<br />

ˆ]. j<br />

( ⎡ λ x<br />

0<br />

L ( xP<br />

− x′<br />

) dx′<br />

⎤<br />

xP<br />

, yP<br />

) = ⎢<br />

iˆ<br />

4<br />

∫ +<br />

x<br />

2 2<br />

0 [( xP<br />

x ) yP<br />

]<br />

3/2 ⎥<br />

⎣ π ε<br />

0 − ′ + ⎦<br />

⎡ λ x<br />

0<br />

+ ⎢ yP<br />

4<br />

∫ +<br />

x<br />

⎣ π ε<br />

0 0<br />

L<br />

[( x<br />

P<br />

dx′<br />

2<br />

− x′<br />

) + y<br />

]<br />

2 3/2<br />

P<br />

⎤<br />

⎥<br />

ˆ. j<br />

⎦<br />

A segunda integral é mais simples. Vamos começar por ela:<br />

I<br />

dx′<br />

2<br />

− x′<br />

) + y<br />

=<br />

x<br />

0<br />

L<br />

2 ∫ +<br />

x<br />

2<br />

0 [( x<br />

]<br />

3/2<br />

P<br />

P<br />

.<br />

Figura 4.4: Campo elétrico gerado por um fio uniforme.<br />

RESOLUÇÃO: Este é o caso mais geral que po<strong>de</strong>mos construir. Note a posição<br />

genérica do sistema <strong>de</strong> referência e do ponto <strong>de</strong> observação.<br />

a) Localização do ponto P : x iˆ<br />

+ y ˆj<br />

b) Localização <strong>de</strong> dq : x′<br />

iˆ<br />

P<br />

c) Localização do vetor distância entre dq e P : ( x − x′<br />

) iˆ<br />

+ y ˆj<br />

Temos:<br />

P<br />

P<br />

P<br />

A integral po<strong>de</strong> ser calculada fazendo a transformação <strong>de</strong> variáveis: u = xP − x′<br />

tal que<br />

′<br />

0<br />

du = −dx′<br />

. O limite <strong>de</strong> integração para x′ = x0<br />

fica u0 = xP − x0<br />

; e para x = x + L fica<br />

u1 = xP − x0<br />

+ L . Então, a integral fica:<br />

− du<br />

2<br />

+ y )<br />

u<br />

1<br />

u 2<br />

0 ( u<br />

P<br />

Uma nova substituição <strong>de</strong> variáveis: u = yP tg<br />

on<strong>de</strong><br />

∫<br />

θ = arctg<br />

θ<br />

u<br />

y P<br />

3/2<br />

.<br />

tal que du y sec 2<br />

= θ d<br />

P<br />

θ<br />

u0<br />

u1<br />

nos dá os seguintes limites <strong>de</strong> integração: θ<br />

1<br />

= arctg , θ<br />

2<br />

= arctg<br />

y<br />

P<br />

u P<br />

80<br />

81


Assim:<br />

2<br />

2<br />

u<br />

1 − du<br />

θ<br />

2 − y θ θ θ<br />

P<br />

sec d<br />

2 − yP<br />

sec θ dθ<br />

=<br />

=<br />

u 2 2 3/2<br />

2 2 2 3/2<br />

3 2<br />

0 ( u + y )<br />

∫θ<br />

1 ( t θ + )<br />

∫θ<br />

y g y<br />

1 y (tg<br />

θ + 1)<br />

∫<br />

P<br />

2<br />

2<br />

Lembrando que t g θ +1 = sec θ temos que:<br />

1 θ<br />

2 − dθ<br />

1 θ<br />

2<br />

1<br />

θ<br />

2<br />

= = cosθ<br />

dθ<br />

senθ<br />

| .<br />

2<br />

2<br />

2 θ<br />

y<br />

∫θ<br />

1<br />

1 secθ<br />

y<br />

∫ − =<br />

θ<br />

1<br />

y<br />

P<br />

2 2<br />

Como tg θ = u/<br />

yP<br />

, sabemos que sen θ = u/<br />

u + yP<br />

. Assim:<br />

senθ<br />

=<br />

Assim obtemos:<br />

I<br />

2<br />

=<br />

∫<br />

1<br />

x<br />

0<br />

+ L<br />

x<br />

0<br />

1<br />

I<br />

2<br />

=<br />

2<br />

y<br />

P<br />

( x<br />

P<br />

P<br />

x − x<br />

P<br />

− x )<br />

0<br />

2<br />

0<br />

+ y<br />

dx′<br />

[( x<br />

2<br />

− x′<br />

) + y ]<br />

[ senθ<br />

− senθ<br />

]<br />

2<br />

1<br />

2<br />

P<br />

2 3/2<br />

P<br />

=<br />

1<br />

⎡<br />

= ⎢<br />

2<br />

y<br />

P ⎢<br />

⎣<br />

u<br />

2<br />

∫<br />

u<br />

1<br />

P<br />

P<br />

e<br />

− du<br />

2<br />

( u + y )<br />

P<br />

2 3/2<br />

P<br />

+ L)<br />

[ x − ( x + L)<br />

]<br />

P<br />

x − ( x<br />

A integral que aparece na expressão <strong>de</strong><br />

transformação <strong>de</strong> variáveis:<br />

P<br />

P<br />

0<br />

0<br />

2<br />

2<br />

P<br />

senθ<br />

=<br />

1<br />

=<br />

y<br />

2<br />

P<br />

+ y<br />

2<br />

P<br />

u<br />

P<br />

2<br />

u + y<br />

−<br />

( x<br />

2 2<br />

[ x − ( x + L)<br />

] + y<br />

P<br />

P<br />

2<br />

P<br />

x − ( x<br />

P<br />

0<br />

0<br />

x<br />

P<br />

− x<br />

0<br />

+ L<br />

x<br />

P<br />

− x<br />

0<br />

x − x<br />

P<br />

0<br />

0<br />

2<br />

− x ) + y<br />

+ L)<br />

2<br />

P<br />

⎤<br />

⎥.<br />

⎥<br />

⎦<br />

E<br />

x po<strong>de</strong> ser calculada fazendo a<br />

u = x′<br />

− x tal que du = dx′<br />

. Ou seja, o limite <strong>de</strong><br />

′<br />

0<br />

integração para x′ = x0<br />

fica u1 = x0<br />

− xP<br />

; e para x = x + L fica u = ( x 0<br />

+ L)<br />

− xP<br />

Então, a primeira integral fica:<br />

x<br />

0<br />

L ( x )<br />

u<br />

P<br />

− x′<br />

dx′<br />

2 − u du 1<br />

I<br />

1 ∫ +<br />

=<br />

= cosθ<br />

|<br />

x<br />

2 2 3/2<br />

2 2 3/2<br />

0 [( x − x′<br />

) + y ]<br />

∫u<br />

1 ( u + y ) y<br />

θ<br />

2<br />

=<br />

θ<br />

1<br />

P<br />

P<br />

P<br />

P<br />

2 .<br />

,<br />

P<br />

2<br />

Uma nova substituição <strong>de</strong> variáveis: u = yP tgθ<br />

tal que du = yP<br />

sec θ dθ<br />

on<strong>de</strong><br />

θ = arctg<br />

u0<br />

nos dá os seguintes limites <strong>de</strong> integração: θ = arctg , θ<br />

2<br />

y<br />

Assim a integral fica:<br />

− u du<br />

u<br />

y P<br />

1<br />

1<br />

= arctg<br />

P<br />

u P<br />

− y<br />

− y<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

u<br />

2<br />

θ<br />

2<br />

θ<br />

P<br />

2 P<br />

=<br />

=<br />

u 2 2 3/2<br />

2 2 2 3/2<br />

3 2 3/2<br />

1 ( u + y )<br />

∫θ<br />

1 ( t θ + )<br />

∫θ<br />

P yP<br />

g yP<br />

1 y<br />

P<br />

(tg<br />

θ + 1)<br />

∫<br />

tgθ<br />

sec θ dθ<br />

u<br />

tgθ<br />

sec θ dθ<br />

2<br />

2<br />

Lembrando que t g θ +1 = sec θ temos que:<br />

2<br />

1 θ<br />

2 − tgθ<br />

sec θ dθ<br />

1 θ<br />

2 − tgθ<br />

dθ<br />

1 θ<br />

2<br />

1<br />

θ<br />

2<br />

= =<br />

= senθ<br />

dθ<br />

cosθ<br />

| .<br />

θ<br />

3<br />

θ<br />

y<br />

∫<br />

1 sec θ y<br />

∫<br />

− =<br />

θ<br />

1 secθ<br />

y<br />

∫θ<br />

1<br />

y<br />

1<br />

P<br />

2 2<br />

Como tg θ = u/<br />

yP<br />

, sabemos que cosθ = y<br />

P/<br />

u + yP<br />

. Assim:<br />

cosθ<br />

=<br />

1<br />

( x<br />

0<br />

y<br />

− x<br />

P<br />

P<br />

)<br />

2<br />

+ y<br />

O resultado da integral fica, portanto:<br />

1<br />

I1<br />

=<br />

y<br />

P<br />

2<br />

P<br />

e<br />

P<br />

cosθ<br />

=<br />

2<br />

[(<br />

x + L)<br />

− x ]<br />

0<br />

y<br />

P<br />

P<br />

2<br />

P<br />

x<br />

0<br />

L ( x )<br />

u<br />

P<br />

− x′<br />

dx′<br />

2 − u du 1<br />

I<br />

1 ∫ +<br />

==<br />

= cosθ<br />

|<br />

x<br />

2 2 3/2<br />

2 2 3/2<br />

0 [( x − x′<br />

) + y ]<br />

∫u<br />

1 ( u + y ) y<br />

P<br />

θ<br />

2<br />

=<br />

θ<br />

1<br />

P<br />

P<br />

P<br />

P<br />

[ cosθ<br />

− cosθ<br />

]<br />

2<br />

1<br />

⎡<br />

= ⎢<br />

⎢<br />

⎣<br />

1<br />

[(<br />

x + L)<br />

− x ]<br />

0<br />

2<br />

P<br />

+ y<br />

2<br />

P<br />

1<br />

−<br />

( x − x )<br />

0<br />

P<br />

2<br />

+ y<br />

,<br />

+ y<br />

Então o resultado final para as componentes do campo elétrico nos dá:<br />

2<br />

P<br />

2<br />

P<br />

.<br />

⎤<br />

⎥.<br />

⎥<br />

⎦<br />

Essa integral po<strong>de</strong> ser calculada com uma tabela <strong>de</strong> integrais ou seguindo os passos<br />

indicados a seguir.<br />

82<br />

83


e:<br />

Ex<br />

=<br />

4<br />

λ<br />

πε<br />

⎡<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎣<br />

Finalmente, o campo elétrico é:<br />

E<br />

Geral<br />

1<br />

[ ] ⎥ ⎥ 2 2<br />

2 2<br />

( x + − + (<br />

0<br />

− +<br />

0<br />

L)<br />

xP<br />

y x x<br />

P<br />

P<br />

yP<br />

⎦<br />

0 )<br />

λ<br />

⎡<br />

x (<br />

0<br />

)<br />

0<br />

=<br />

.<br />

4<br />

2 2<br />

2 2<br />

0 [ ( )]<br />

(<br />

0<br />

) ⎥ ⎥ ⎤<br />

⎢<br />

P<br />

− x + L<br />

x − xP<br />

E<br />

y<br />

−<br />

π ε yP<br />

⎢<br />

⎣ x −<br />

− +<br />

P<br />

x0<br />

+ L + y x x<br />

P<br />

P<br />

y<br />

P ⎦<br />

⎡<br />

1<br />

1<br />

( xP<br />

, y<br />

P<br />

) =<br />

iˆ<br />

4<br />

2 2<br />

2 2<br />

0 [(<br />

x L)<br />

x ] y ( x xP<br />

) y ⎥ ⎥ ⎤<br />

⎢ λ<br />

⎛<br />

⎞<br />

⎜<br />

−<br />

⎟<br />

⎢ π ε ⎜<br />

⎟<br />

⎣ ⎝ 0<br />

+ −<br />

P<br />

+<br />

P<br />

0<br />

− +<br />

P ⎠⎦<br />

⎡<br />

+ ⎢<br />

⎢<br />

⎣<br />

λ<br />

π ε<br />

⎛<br />

⎜<br />

x − ( x<br />

+ L)<br />

P 0<br />

0 P<br />

4 2 2<br />

2 2<br />

0<br />

y ⎜<br />

P [ x ( x )]<br />

( x0<br />

x ) y<br />

P<br />

−<br />

0<br />

+ L + y −<br />

P<br />

P<br />

+<br />

P<br />

⎝<br />

ATIVIDADE 4.2<br />

−<br />

−<br />

1<br />

x − x<br />

Calcular o campo <strong>de</strong> um fio semi-infinito que se esten<strong>de</strong> <strong>de</strong> x<br />

0 até ∞ .<br />

ATIVIDADE 4.3<br />

Calcular o campo gerado por um fio infinito em um ponto P ( x P<br />

, yP<br />

) .<br />

⎤<br />

⎞<br />

ˆ. j<br />

⎥ ⎥ ⎤<br />

⎟<br />

⎟<br />

⎠⎦<br />

RESPOSTA COMENTADA DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 4.1<br />

O elemento diferencial <strong>de</strong> campo gerada pelas duas meta<strong>de</strong>s é:<br />

e<br />

r<br />

dE<br />

r<br />

dE<br />

1 λ1dx'<br />

4π ε ( x − x′<br />

)<br />

dq<br />

=<br />

2<br />

0 P<br />

1 λ2dx'<br />

4π ε ( x − x′<br />

)<br />

dq<br />

=<br />

2<br />

0 P<br />

Integrando sobre toda a barra temos:<br />

r<br />

E<br />

1<br />

iˆ<br />

iˆ<br />

λ dx′<br />

1<br />

( x − x′<br />

)<br />

0 ≤x≤<br />

L/2<br />

L/2<br />

≤x≤L/2.<br />

iˆ<br />

1<br />

+<br />

4π ε<br />

λ dx′<br />

2<br />

( x − x )<br />

L/2<br />

L<br />

=<br />

2<br />

4<br />

L/2<br />

2<br />

π ε ∫0<br />

∫<br />

0 P<br />

0<br />

′<br />

P<br />

A integral que aparece na expressão po<strong>de</strong> ser calculada fazendo a transformação <strong>de</strong><br />

variáveis:<br />

integral fica:<br />

ou:<br />

u = xP − x′<br />

tal que du = −dx′<br />

. Recalculando os limites <strong>de</strong> integração a<br />

λ1 −1<br />

u2<br />

= x<br />

P<br />

−L/2<br />

2<br />

= | ˆ<br />

λ2<br />

−1<br />

u = x<br />

P<br />

−L<br />

u<br />

u<br />

i u | ˆ,<br />

1 = x<br />

+<br />

u1<br />

x L/2<br />

i<br />

4<br />

P<br />

=<br />

4<br />

P<br />

−<br />

π ε<br />

π ε<br />

0<br />

r λ1<br />

E =<br />

4π ε x<br />

0<br />

P<br />

L/2<br />

ˆ<br />

λ2<br />

i +<br />

( x − L/2)<br />

4π<br />

ε ( x<br />

P<br />

0<br />

0<br />

P<br />

L/2<br />

− L/2)(<br />

x<br />

P<br />

iˆ<br />

iˆ.<br />

− L)<br />

Po<strong>de</strong>mos reescrever a resposta em termos das cargas totais Q λ /2 e Q λ /2 :<br />

Note que se<br />

r<br />

E =<br />

1<br />

4π ε<br />

x P<br />

>> L , então teremos:<br />

0<br />

Q1<br />

ˆ<br />

1<br />

i +<br />

x ( x − L/2)<br />

4π<br />

ε ( x<br />

P<br />

P<br />

r 1 Q1<br />

+ Q<br />

E →<br />

2<br />

4 π ε x<br />

0<br />

0<br />

P<br />

2<br />

P<br />

Q2<br />

− L/2)(<br />

x<br />

iˆ.<br />

1<br />

= 1<br />

L<br />

P<br />

iˆ.<br />

− L)<br />

2<br />

= 2<br />

L<br />

Se as cargas forem opostas, para pontos muito distantes da barra o campo será nulo.<br />

Isso não acontece fora <strong>de</strong>sse limite, pois o tamanho da barra vai ter o papel <strong>de</strong><br />

"<strong>de</strong>sbalancear" as contribuições positiva e negativa, uma vez que uma <strong>de</strong>las estará<br />

mais distante <strong>de</strong><br />

x<br />

P<br />

.<br />

84<br />

85


ATIVIDADE 4.2<br />

Para obtermos o campo em um ponto P ( x P<br />

, y<br />

p<br />

) basta tomar, na expressão geral do<br />

exemplo 4.2:<br />

E = lim E<br />

L→∞<br />

Da componente x sobra apenas o segundo termo entre parênteses, o primeiro ten<strong>de</strong> a<br />

zero. Então:<br />

Para calcular<br />

0<br />

Geral<br />

λ 1<br />

E<br />

ˆ<br />

x<br />

= i ( L → ∞).<br />

4π ε<br />

2 2<br />

0 ( x − x ) + y<br />

E<br />

y<br />

neste limite, notemos que:<br />

P<br />

P<br />

Aqui precisamos ter cuidado: como x<br />

0 é um número negativo, vemos que:<br />

lim<br />

x<br />

0<br />

→−∞<br />

( x − x<br />

0<br />

0<br />

( x − x<br />

P<br />

)<br />

P<br />

2<br />

)<br />

+ y<br />

2<br />

P<br />

=<br />

lim<br />

x<br />

0<br />

→−∞<br />

( x − x )<br />

0<br />

( x − x )<br />

0<br />

⎛<br />

1+<br />

⎜<br />

⎝<br />

pois o <strong>de</strong>nominador será positivo nesse limite. Portanto:<br />

P<br />

λ<br />

E<br />

y<br />

=<br />

4π ε y<br />

P<br />

2<br />

=<br />

lim<br />

x<br />

0<br />

→−∞<br />

⎛<br />

1+<br />

⎜<br />

⎝<br />

( x − x ) ⎟<br />

⎜ ( x − x )<br />

0<br />

y<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

λ<br />

[1−<br />

( −1)]<br />

= 2<br />

4πε<br />

y<br />

P<br />

P<br />

λ<br />

=<br />

2π ε y<br />

0 P<br />

0 P<br />

0 P<br />

.<br />

1<br />

0<br />

y<br />

P<br />

P<br />

2<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

= 1,<br />

lim<br />

L→∞<br />

[(<br />

x0<br />

+ L)<br />

− xP<br />

]<br />

2<br />

[(<br />

x + L)<br />

− x ] +<br />

0<br />

P<br />

= lim<br />

L→∞<br />

y<br />

2<br />

P<br />

[(<br />

x + L)<br />

− x ]<br />

0<br />

[(<br />

x + L)<br />

− x ]<br />

P<br />

0<br />

⎧<br />

1+<br />

⎨<br />

⎩<br />

[(<br />

x + L)<br />

− x ]<br />

0<br />

P<br />

y<br />

P<br />

P<br />

2<br />

⎫<br />

⎬<br />

⎭<br />

= 1.<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR4.1) O que é um quadrupolo elétrico? Faça um <strong>de</strong>senho da configuração das cargas.<br />

Assim, o campo elétrico na direção y para um fio semi-infinito fica<br />

E<br />

λ<br />

⎡<br />

= ⎢<br />

4π ε<br />

0 ⎢<br />

⎣<br />

1<br />

⎛<br />

iˆ<br />

+ ⎜1−<br />

⎜<br />

⎝<br />

( x − x )<br />

0 P<br />

fio semi−inf<br />

.<br />

L<br />

2 2<br />

2 2<br />

( x0<br />

− xP<br />

) + yP<br />

( x0<br />

− xP<br />

) + yP<br />

⎞⎤<br />

ˆj<br />

⎟⎥<br />

⎟⎥<br />

⎠⎦<br />

r 1<br />

PR4.2) O campo elétrico <strong>de</strong> um dipolo elétrico varia com Edipolo<br />

∝ . Você espera que<br />

3<br />

r<br />

o campo <strong>de</strong> um quadrupolo varie com potências mais altas <strong>de</strong> r ?<br />

P<br />

ATIVIDADE 4.3<br />

Para obter este resultado <strong>de</strong>vemos fazer, no resultado da Ativida<strong>de</strong> 4.2 o limite <strong>de</strong><br />

x<br />

0<br />

→ −∞ . Pela simetria envolvida agora no problema (faça um <strong>de</strong>senho, se não<br />

conseguir perceber isto!) a componente<br />

E<br />

x,<br />

∞<br />

λ<br />

= lim<br />

x →0<br />

4πε<br />

0<br />

E<br />

y<br />

do campo se anula, pois:<br />

0<br />

1<br />

( x − x )<br />

0<br />

2<br />

P<br />

+ y<br />

2<br />

P<br />

= 0<br />

E<br />

y,<br />

∞<br />

= lim<br />

4<br />

x<br />

0<br />

→∞<br />

λ<br />

π ε<br />

0<br />

⎡<br />

⎢1<br />

−<br />

yP<br />

⎢⎣<br />

( x<br />

( x<br />

0<br />

0<br />

− x )<br />

− x )<br />

P<br />

2<br />

P<br />

+ y<br />

2<br />

P<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥⎦<br />

86<br />

87


AULA 5: CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA<br />

DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE CARGA EM DUAS E TRÊS<br />

DIMENSÕES<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas se reduz à <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial σ<br />

(número <strong>de</strong> cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área).<br />

(c) Distribuição volumétrica <strong>de</strong> cargas: o elemento <strong>de</strong> volume<br />

ser expresso das seguintes por<br />

d V ′ po<strong>de</strong><br />

OBJETIVOS<br />

• CALCULAR O CAMPO ELÉTRICO PARA QUALQUER DISTRIBUIÇÃO CONTÍNUA DE CARGA<br />

• d V ′ = dx dy dz para coor<strong>de</strong>nadas cartesianas, figura 5.2a;<br />

• dV<br />

′ = ρ dρ<br />

dφ<br />

dz para coor<strong>de</strong>nadas cilíndricas, figura 5.2b;<br />

• IDENTIFICAR E EXPRESSAR OS ELEMENTOS DE SUPERFÍCIE E DE VOLUME<br />

2<br />

• dV ′ = r sinθ<br />

dr dφ<br />

dθ<br />

para coor<strong>de</strong>nadas esféricas, figura 5.2c.<br />

5.1 ELEMENTOS DE SUPERFÍCIE E DE VOLUME<br />

Para resolver problemas que envolvem o cálculo do campo elétrico <strong>de</strong><br />

distribuições contínuas <strong>de</strong> carga em duas e três dimensões, é importante conhecer os<br />

elementos <strong>de</strong> volume<br />

d V ′ . Ou seja:<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas, chamada <strong>de</strong> ρ, indica o número <strong>de</strong><br />

cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume.<br />

(a) Distribuição superficial <strong>de</strong> cargas: aqui o elemento <strong>de</strong> volume<br />

reduz ao elemento <strong>de</strong> área:<br />

d V ′ se<br />

• d A′ = dx dy para coor<strong>de</strong>nadas cartesianas em uma superfície plana,<br />

como ilustra a figura 4.2a;<br />

• d A′ = rdr dθ<br />

para coor<strong>de</strong>nadas polares (por exemplo, em um disco,<br />

figura 5.1b.<br />

Figura 5.2: Elementos <strong>de</strong> volume: (a) coor<strong>de</strong>nadas cartesianas, (b) cilíndricas e (c)<br />

esféricas.<br />

5.2 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO PARA DISTRIBUIÇÕES DE CARGA<br />

EM DUAS DIMENSÕES<br />

Figura 5.1: Elementos <strong>de</strong> área no plano: (a) coor<strong>de</strong>nadas cartesianas e (b) polares.<br />

88<br />

Antes <strong>de</strong> prosseguir é importante relembrar a discussão do item 4.1 sobre os<br />

problemas que envolvem o cálculo do campo elétrico <strong>de</strong> distribuições contínuas <strong>de</strong><br />

carga, tendo em mente que os passos a seguir são os mesmos. Vamos então começar<br />

com o exemplo 5.1 da espira metálica.<br />

89


EXEMPLO 5.1<br />

Consi<strong>de</strong>re uma espira metálica <strong>de</strong> raio R carregada com uma carga total Q<br />

positiva, como mostra a figura 5.1. Calcule o campo elétrico no eixo que passa pelo<br />

centro da espira.<br />

r<br />

dE<br />

λ Rdθ<br />

′<br />

cosφ<br />

kˆ.<br />

2 2<br />

4π ε ( R + z )<br />

= dq<br />

2<br />

0<br />

P<br />

r<br />

Tal que ( r λ 2π<br />

Rdθ<br />

′<br />

E ) = =<br />

cos kˆ<br />

anel<br />

z<br />

P ∫ dEdq<br />

φ .<br />

2 2<br />

4π ε<br />

∫0<br />

( R + z )<br />

2<br />

0<br />

P<br />

r<br />

2 2<br />

Como cosφ = z<br />

P/<br />

R + zP<br />

vem: = λ R 2π<br />

z<br />

P ˆ<br />

∫ dEdq<br />

d<br />

k.<br />

2 2<br />

4<br />

∫ θ ′<br />

π ε<br />

0<br />

( R + z )<br />

3/2<br />

0<br />

P<br />

Repare que o integrando não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> θ′. Fica então, muito fácil:<br />

r<br />

E<br />

λ2π<br />

Rz<br />

P ˆ Q z<br />

P<br />

) =<br />

k =<br />

2 2 3/2<br />

2<br />

4π ε ( R + z ) 4π<br />

ε ( R + z<br />

( anel<br />

z<br />

P<br />

2<br />

)<br />

3/2<br />

0<br />

P<br />

0<br />

P<br />

kˆ.<br />

(5.1)<br />

Note que o campo na origem z<br />

P<br />

= 0 é nulo, como seria <strong>de</strong> se esperar por simetria.<br />

Outra vez, se<br />

z P<br />

>> R , <strong>de</strong>vemos obter o campo <strong>de</strong> uma carga puntiforme. O<br />

Figura 5.1: Espira carregada com uma carga Q.<br />

SOLUÇÃO: Da figura, vemos que:<br />

a) Para qualquer dq no aro, a distância que o localiza a partir do centro é<br />

sempre r ′ = R .<br />

r<br />

b) A localização do ponto <strong>de</strong> observação é = z kˆ<br />

.<br />

c) A distância entre dq e P é<br />

2 2<br />

R + z P .<br />

Simetria: Vemos que, pela simetria do problema, o campo gerado por qualquer<br />

elemento <strong>de</strong> carga dq , terá um correspon<strong>de</strong>nte simétrico com relação à origem, cujo<br />

campo terá uma componente horizontal idêntica e na vertical <strong>de</strong> mesmo módulo e<br />

sentido. A carga total na espira Q = (2π R)<br />

λ tal que dq = λRdθ.<br />

P<br />

P<br />

parâmetro adimensional que caracteriza essa condição é:<br />

Reescrevendo:<br />

( R<br />

2<br />

z<br />

+<br />

P<br />

2<br />

z<br />

P<br />

x =<br />

)<br />

3/2<br />

R<br />

z P<br />

=<br />

z<br />


EXEMPLO 5.2<br />

Consi<strong>de</strong>remos um aro uniformemente carregado, com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong><br />

carga λ > 0 , e calcule o campo elétrico na origem do sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas da figura<br />

5.2.<br />

Ativida<strong>de</strong> 5.2<br />

Qual é a força exercida sobre uma carga q=10,0 μC colocada à distância <strong>de</strong> 1,0 m do<br />

anel do Exemplo 5.2, supondo esta carga <strong>de</strong> 6,0 μC?<br />

EXEMPLO 5.3<br />

Consi<strong>de</strong>re um disco <strong>de</strong> raio R com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial uniforme <strong>de</strong> carga σ<br />

em sua face superior. Calcule o campo elétrico gerado por ele no ponto P situado<br />

sobre seu eixo.<br />

Figura 5.2: Aro uniformemente carregado.<br />

SOLUÇÃO: Aqui novamente por simetria, o campo na direção x se anulará, visto que<br />

haverá um elemento que gera um campo na direção <strong>de</strong> y negativo. Devemos calcular<br />

então:<br />

ou:<br />

r<br />

E(<br />

x<br />

P<br />

= 0, y<br />

p<br />

r<br />

E<br />

λ<br />

4π ε<br />

Rλ<br />

= 0) = +<br />

4πε<br />

R<br />

r<br />

E(<br />

x<br />

∫<br />

λ R dθ<br />

′<br />

|= −<br />

,<br />

4π ε<br />

| dE dq<br />

2<br />

0<br />

R<br />

R dθ<br />

′ cosθ<br />

′ λR<br />

⋅ ( −iˆ)<br />

=<br />

2<br />

R<br />

4π ε R<br />

= 2<br />

0<br />

0<br />

p<br />

0<br />

2<br />

= 0, y<br />

p<br />

senθ<br />

′<br />

+ π/3<br />

−π/3<br />

λ<br />

( −iˆ)<br />

= +<br />

4πε<br />

R<br />

λ 3 1,73λ<br />

= 0) = ( −iˆ)<br />

= ( −iˆ).<br />

4πε<br />

R 4πε<br />

R<br />

0<br />

0<br />

∫<br />

cosθ<br />

′ dθ<br />

′ ( −iˆ)<br />

[ sen(<br />

π/3)<br />

− sen(<br />

−π/3)<br />

](<br />

−iˆ),<br />

,<br />

0<br />

(5.3)<br />

Figura 5.3: Campo elétrico gerado por um disco carregado.<br />

SOLUÇÃO: Tendo i<strong>de</strong>ntificado todos os elementos essenciais ao nosso cálculo na<br />

figura, notemos ainda que, outra vez, por simetria, teremos apenas resultado não nulo<br />

para o campo na direção ẑ . A carga total no disco é Q = πR<br />

2 σ tal que dq = σ r′ dr′<br />

dθ<br />

′.<br />

O elemento infinitesimal <strong>de</strong> campo é:<br />

σ r′<br />

dr′<br />

dθ<br />

′<br />

|=<br />

2 2<br />

4π ε ( r′<br />

+ z )<br />

| dEdq<br />

2<br />

0 P<br />

.<br />

92<br />

93


Tal que o campo é dado por ( σ r′<br />

dr′<br />

cosφ<br />

dθ<br />

′<br />

E z ) =<br />

zˆ<br />

P ∫<br />

.<br />

2 2<br />

4π<br />

ε ( r′<br />

+ z )<br />

2<br />

0<br />

P<br />

r<br />

φ ( σ 2π<br />

R r′<br />

dr′<br />

E z<br />

P<br />

) = d<br />

zˆ<br />

.<br />

2 2<br />

4<br />

∫ θ ′<br />

π ε<br />

0 ∫0<br />

( r′<br />

+ z )<br />

3/2<br />

2 2<br />

E como cos = y<br />

P/<br />

r′<br />

+ z P<br />

:<br />

0<br />

P<br />

A integração em θ′ po<strong>de</strong> ser feita imediatamente e dá um fator<br />

simples:<br />

2 2<br />

u = r′ + z<br />

P<br />

→ du = 2 r′<br />

dr′<br />

2 π . A integral é<br />

Figura 5.4: Disco plano com distribuição superficial <strong>de</strong> carga homogênea.<br />

Então, o campo elétrico no ponto situado à distâcia z do centro do anel é:<br />

′<br />

( r′<br />

R<br />

∫0<br />

′<br />

2 2<br />

r dr 1 R + z<br />

2 2<br />

P du 1/2 R + z<br />

P<br />

=<br />

= −u<br />

|<br />

2 2 3/2 2 3/2<br />

2<br />

+ z ) 2<br />

∫z<br />

z<br />

P<br />

P u<br />

P<br />

E(<br />

z<br />

P<br />

1 dq 2πσ<br />

r dr<br />

) = ∫ dE =<br />

2<br />

2 2<br />

4<br />

∫ =<br />

π ε r 4πε<br />

∫<br />

( r + z )<br />

0<br />

R<br />

0 0<br />

.<br />

3 / 2<br />

P<br />

Finalmente, substituindo na expressão para o campo. Vem:<br />

Esta integral foi feita no Exemplo 4.3. O resultado então é:<br />

r<br />

E(<br />

z<br />

P<br />

σ ⎡<br />

) = ⎢1<br />

−<br />

2ε<br />

0 ⎢<br />

⎣<br />

z<br />

P<br />

2<br />

R + z<br />

2<br />

P<br />

⎤<br />

⎥ zˆ.<br />

⎥<br />

⎦<br />

(5.4)<br />

r<br />

E(<br />

z<br />

P<br />

σ ⎡<br />

) = ⎢1<br />

−<br />

2ε<br />

0 ⎢<br />

⎣<br />

z ⎤<br />

P<br />

⎥ zˆ.<br />

2 2<br />

R + z ⎥<br />

P ⎦<br />

(5.5)<br />

Ativida<strong>de</strong> 5.3<br />

Calcule o campo elétrico para pontos muito distantes do disco do exemplo 5.3<br />

Ativida<strong>de</strong> 5.4<br />

Qual seria o valor do campo elétrico caso<br />

consi<strong>de</strong>rar o disco como um plano infinito <strong>de</strong> cargas?<br />

R >> z<br />

P ? Nesse caso você po<strong>de</strong>ria<br />

EXEMPLO 5.4<br />

SOLUÇÃO ALTERNATIVA PARA O PROBLEMA DO DISCO CARREGADO<br />

Ao invés <strong>de</strong> resolvermos o problema com a integração direta do campo como acima,<br />

po<strong>de</strong>mos resolver o problema dividindo o disco em elementos <strong>de</strong> área dσ, constituidos<br />

por anéis <strong>de</strong> raio r e espessura dr como mostrado na Figura 5.4.<br />

O elemento <strong>de</strong> área do anel é: da = (2π<br />

r)<br />

dr<br />

5.3 CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO EM DISTRIBUIÇÕES DE CARGA EM<br />

TRÊS DIMENSÕES<br />

O exemplo 5.5 mostra a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> calcularmos o campo elétrico <strong>de</strong><br />

distribuições contínuas <strong>de</strong> carga, por causa das integrais (no caso mais geral, triplas)<br />

que aparecem durante o cálculo e exigem muito trabalho. É possível evitar ter que<br />

efetuar essas integrais e resolver o mesmo problema em algumas linhas efetuando no<br />

máximo uma integral unidimensional. O que nos proporciona isso é a lei <strong>de</strong> Gauss, que<br />

veremos na próxima unida<strong>de</strong>.<br />

94<br />

95


Então, até como motivação para apren<strong>de</strong>r a lei <strong>de</strong> Gauss, vamos antes disso<br />

mostrar como resolver o problema da esfera uniformemente carregada pelos métodos<br />

que já apren<strong>de</strong>mos. Depois vamos ver como a lei <strong>de</strong> Gauss simplifica tudo.<br />

vem:<br />

r − r = −r<br />

senθ<br />

cosφ<br />

iˆ<br />

− r senθ<br />

senφ<br />

ˆj<br />

+ ( r − rcosθ<br />

) kˆ.<br />

P<br />

P<br />

EXEMPLO 5.5<br />

Utilizando a Lei <strong>de</strong> Coulomb, encontre o campo elétrico em pontos internos e externos<br />

a uma esfera uniformemente carregada com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> carga ρ .<br />

SOLUÇÃO: O procedimento é idêntico ao que adotamos anteriormente. Temos que:<br />

1) escolher um referencial conveniente;<br />

2) escolher um elemento <strong>de</strong> carga arbitrário dq;<br />

3) <strong>de</strong>senhar o campo por ele gerado;<br />

4) <strong>de</strong>finir a posição r do elemento <strong>de</strong> carga dq , relativa ao referencial<br />

escolhido;<br />

5) <strong>de</strong>finir a posição do ponto <strong>de</strong> observação;<br />

6) <strong>de</strong>finir a distância entre esses dois pontos, que é o que nos pe<strong>de</strong> a lei <strong>de</strong><br />

Coulomb.<br />

Se fizermos isso cuidadosamente, o problema estará essencialmente resolvido e se<br />

resumirá a resolver integrais complicadas. Vamos escolher então o referencial. Como<br />

essa escolha é arbitrária, po<strong>de</strong>mos colocar o ponto <strong>de</strong> integração sobre o eixo z. A lei<br />

<strong>de</strong> Coulomb nos fornece:<br />

O módulo do vetor<br />

r<br />

dE<br />

r r<br />

1 dq<br />

P<br />

−<br />

r r r r .<br />

4π ε<br />

0 |<br />

−<br />

| |<br />

−<br />

|<br />

dq<br />

=<br />

2<br />

P<br />

P<br />

(5.6)<br />

r r − po<strong>de</strong> ser escrito em termos das cor<strong>de</strong>nadas esféricas. A<br />

r P<br />

figura 5.6 ilustra o sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas utilizado. Como:<br />

r<br />

= rsenθ cosφiˆ<br />

− rsenθsenφ<br />

ˆj<br />

+ rcosθ<br />

kˆ.<br />

e<br />

r<br />

= r kˆ<br />

P<br />

P<br />

Figura 5.5: Escolha do referencial: coor<strong>de</strong>nadas esféricas.<br />

Assim, <strong>de</strong> acordo com a equação (5.6) o elemento <strong>de</strong> campo elétrico gerado por<br />

d q<br />

on<strong>de</strong>:<br />

= ρdV<br />

fica:<br />

r<br />

dE<br />

2<br />

1 ρr<br />

dr senθ<br />

dθ<br />

dφ<br />

2 2<br />

4πε<br />

[ r + r − 2r<br />

rcosθ<br />

]<br />

= dq<br />

3/2<br />

0 p<br />

P<br />

r − r<br />

P<br />

r<br />

(<br />

2 2<br />

1/2<br />

= [ rp<br />

+ r − 2 rP<br />

r cosθ<br />

]<br />

2<br />

e: dV = r dr senθ<br />

dθ<br />

dφ<br />

P<br />

r<br />

−<br />

),<br />

é o elemento <strong>de</strong> volume em coor<strong>de</strong>nadas esféricas. Po<strong>de</strong>mos agora verificar<br />

explicitamente que os campos nas direções x e y se anulam. Para isso, escreva a<br />

componente do elemento dE<br />

r<br />

dq<br />

na direção x e o integre sobre o volume da esfera:<br />

96<br />

97


π<br />

ρ θ<br />

θ<br />

π<br />

r sen<br />

E = r<br />

2<br />

R<br />

2<br />

dE iˆ<br />

1<br />

x ∫ • dq<br />

= ∫ dr d<br />

[ r senθ<br />

cosφ]<br />

dφ<br />

0 ∫ ∫<br />

−<br />

0 0<br />

2 2<br />

4π ε [ r + r − 2 r r cosθ<br />

]<br />

3/2<br />

A integral sobre φ só envolve o<br />

0<br />

p<br />

P<br />

cos φ que, integrado no intervalo <strong>de</strong> 0 a 2 π se<br />

anula. Um argumento completamente análogo vai levar você a concluir que:<br />

E x<br />

= E y<br />

= 0.<br />

Depois <strong>de</strong> usar a equação 5.7 no <strong>de</strong>nominador:<br />

2<br />

r senθ<br />

( rP<br />

− r cosθ<br />

)<br />

2 2<br />

[ r + r − 2 r r cosθ<br />

]<br />

p<br />

2<br />

r senθ<br />

( rP<br />

− r cosθ<br />

)<br />

2 2<br />

[ r + r − 2 r r cosθ<br />

]<br />

p<br />

P<br />

P<br />

3/2<br />

3/2<br />

dθ<br />

=<br />

[ r<br />

2<br />

r ( r rp<br />

senθ<br />

dθ<br />

− r senθ<br />

cosθ<br />

dθ<br />

)<br />

dθ<br />

= =<br />

2 2 3/2<br />

[ r + r + t]<br />

2<br />

p<br />

r<br />

2<br />

+ r + t]<br />

3/2<br />

2 r r<br />

[<br />

p<br />

p<br />

senθ<br />

dθ<br />

2r rp<br />

cosθ<br />

2r rp<br />

senθ<br />

dθ<br />

+ ( −<br />

)]<br />

2<br />

2r<br />

2r<br />

p<br />

p<br />

Então, o que nos resta é calcular<br />

trabalhoso, como você verá a seguir.<br />

A integral<br />

E<br />

z que <strong>de</strong>sejamos é:<br />

E<br />

z . Entretanto, o cálculo <strong>de</strong>sta integral é muito<br />

2<br />

r senθ<br />

( rP<br />

− r cosθ<br />

)<br />

2 2<br />

[ r + r − 2 r r cosθ<br />

]<br />

p<br />

P<br />

3/2<br />

dθ<br />

=<br />

[ r<br />

r<br />

2<br />

+ r + t]<br />

dt t dt r<br />

[ + ] =<br />

2 2 2<br />

2 4r<br />

[ r + r + t]<br />

[ +<br />

2 3/2<br />

3/2<br />

p<br />

p p<br />

2<br />

1<br />

t<br />

] dt<br />

2<br />

4r<br />

p<br />

E<br />

r<br />

ˆ ρ R<br />

• k = − dr<br />

2ε<br />

∫0<br />

∫0<br />

2<br />

r senθ<br />

( rP<br />

− r cosθ<br />

)<br />

2 2<br />

[ r + r − 2 r r cosθ<br />

]<br />

=<br />

π<br />

z ∫ dEdq<br />

3/2<br />

0<br />

p<br />

P<br />

dθ.<br />

2<br />

r senθ<br />

( rP<br />

− r cosθ<br />

)<br />

2 2<br />

[ r + r − 2 r r cosθ<br />

]<br />

p<br />

P<br />

3/2<br />

2<br />

r 2rp<br />

+ t<br />

dθ<br />

=<br />

dt.<br />

2 2 3/2 2<br />

[ r + r + t]<br />

4r<br />

p<br />

p<br />

A integração sobre a variável θ po<strong>de</strong> ser efetuada fazendo a seguinte transformação<br />

<strong>de</strong> variáveis:<br />

t = − 2 r r cosθ<br />

→ dt = 2 r r senθ<br />

dθ.<br />

(5.7)<br />

P<br />

+<br />

Esta transformação afeta apenas a integral em θ , vamos escrevê-la como:<br />

2<br />

( π r senθ<br />

( rP<br />

− rcosθ<br />

)<br />

I r)<br />

= ∫0<br />

2 2<br />

[ r + r − 2 r r cosθ<br />

]<br />

3/2<br />

p<br />

P<br />

dθ.<br />

O integrando po<strong>de</strong> ser preparado para integração da seguinte forma:<br />

2<br />

r senθ<br />

( rP<br />

− r cosθ<br />

)<br />

2 2<br />

[ r + r − 2 r r cosθ<br />

]<br />

p<br />

P<br />

3/2<br />

2<br />

3<br />

( r rp<br />

senθ<br />

− r senθ<br />

cosθ<br />

)<br />

dθ<br />

= dθ<br />

=<br />

2 2<br />

3/2<br />

[ r + r − 2 r r cosθ<br />

]<br />

p<br />

P<br />

P<br />

Assim, ficamos com:<br />

em que:<br />

2<br />

= ρ R + 2r r<br />

P r (2r<br />

t)<br />

R<br />

P<br />

+ ρ r<br />

Ez<br />

dr<br />

dt = I ( r)<br />

dr,<br />

2 2 2 3/2<br />

2<br />

2ε<br />

∫ 0 ∫−<br />

2r r<br />

P 4r<br />

[ r + r + t]<br />

ε ∫0<br />

4r<br />

1<br />

0<br />

2<br />

( 2r r<br />

P (2rP<br />

+ t)<br />

I1 r)<br />

≡ ∫ + dt.<br />

−2<br />

r r 2 2<br />

P [ r + r + t]<br />

3/2<br />

p<br />

P<br />

p<br />

2 2<br />

Fazendo uma nova transformação <strong>de</strong> variáveis: u = r + rP + t,<br />

po<strong>de</strong>mos notar que<br />

2 2 2<br />

u − r + rP = 2rP<br />

+ t,<br />

d o que nos permite reescrever a integral acima como:<br />

I ( r)<br />

≡<br />

1<br />

2<br />

(2rP<br />

+ t)<br />

2 2<br />

[ r + r + t]<br />

2 2<br />

( r+<br />

r<br />

P<br />

) ( u − r + r<br />

dt = . ∫ 2<br />

( r−r<br />

P<br />

) [ u]<br />

+ 2r r<br />

P<br />

∫−<br />

2r r<br />

3/2<br />

3/2<br />

P p<br />

0<br />

P<br />

2<br />

P<br />

)<br />

du<br />

98<br />

99


Tal que<br />

I ( r)<br />

=<br />

1<br />

( r+<br />

r )<br />

2<br />

P<br />

( r−r<br />

)<br />

2<br />

P<br />

∫<br />

⎡(<br />

r − r<br />

⎢<br />

⎣ u<br />

2 2<br />

P<br />

3/2<br />

2 2<br />

) 1 ⎤ ⎡(<br />

rP<br />

− r ) 1 ⎤<br />

+ du<br />

1/2 ⎥ = ⎢ +<br />

3/2 1/2 ⎥<br />

u ⎦ ⎣ u u ⎦<br />

2 2<br />

2 2<br />

⎡ ( rP<br />

− r ) ( rP<br />

− r )<br />

= 2⎢−<br />

+ ( r + rP<br />

) + − | r<br />

⎣ ( r + rP<br />

)<br />

| rP<br />

− r |<br />

P<br />

⎤<br />

− r | ⎥,<br />

⎦<br />

2<br />

( r+<br />

rP<br />

)<br />

2<br />

( r−rP<br />

)<br />

2<br />

on<strong>de</strong> | rP<br />

− r |= ( rP<br />

− r)<br />

. É preciso ter muito cuidado com as duas raízes. Portanto é<br />

E vemos portanto que o campo elétrico cresce para pontos <strong>de</strong>ntro da esfera à<br />

medida que a carga interna à superfície esférica on<strong>de</strong> se encontra<br />

crescendo.<br />

r<br />

P<br />

vai<br />

Um gráfico do campo elétrico obtido, como função da distância a partir da origem é<br />

mostrado na Figura 5.6. Note que o campo elétrico é contínuo para<br />

r P<br />

= R , conforme<br />

po<strong>de</strong> ser testado das duas expressões obtidas para ele, <strong>de</strong>ntro e fora da esfera.<br />

necessário usar o módulo e avaliar as duas opções ao fazer as contas. Enfim,<br />

agrupando os termos ficamos com:<br />

⎡ r − r ⎤ ⎧8r<br />

se rP<br />

> r<br />

P<br />

I1 ( r)<br />

= 4r<br />

⎢1<br />

+ ⎥ = ⎨<br />

(5.7)<br />

⎣ | rP<br />

− r | ⎦ ⎩0<br />

se rP<br />

< r<br />

Isto mostra que vamos obter expressões diferentes para o campo se o<br />

calcularmos em pontos <strong>de</strong>ntro ou fora da esfera.<br />

Para os pontos externos,<br />

r P<br />

> r ,logo:<br />

Figura 5.6: Gráfico do campo elétrico em função <strong>de</strong> r.<br />

ou,<br />

3<br />

se q = ρ 4πR<br />

/3.<br />

ρ R r<br />

Ez<br />

=<br />

2ε<br />

∫ 0<br />

4r<br />

0<br />

0 P<br />

2<br />

P<br />

[8r]<br />

dr =<br />

ρ<br />

ε<br />

0<br />

4R<br />

12<br />

3<br />

1<br />

r<br />

2<br />

P<br />

q<br />

Ez<br />

= ,<br />

(5.8)<br />

2<br />

4πε<br />

r<br />

Mostre que o campo elétrico é contínuo em<br />

ATIVIDADE 5.5<br />

r P<br />

= R .<br />

Para pontos internos, temos que<br />

r<br />

P<br />

está entre zero e R ; portanto <strong>de</strong>vemos<br />

dividir a integral em duas partes e notar que a contribuição para<br />

enquanto que para 0 < r < R , I ( r)<br />

= 8r<br />

. Portanto:<br />

r > rP<br />

é nula,<br />

ρ<br />

Ez<br />

=<br />

ε<br />

r<br />

ρ<br />

ρ r<br />

r<br />

P<br />

R<br />

P<br />

p<br />

∫ [8r]<br />

dr + 0 dr = .<br />

0 2<br />

3<br />

0 4r<br />

r<br />

P<br />

ε ∫<br />

=<br />

(5.9)<br />

0 P 3ε<br />

0<br />

4πε<br />

0 R<br />

q<br />

r<br />

100<br />

101


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

Ativida<strong>de</strong> 5.1<br />

A direção da força é radial e o sentido, do meio do aro para o centro (note o sinal<br />

negativo na fórmula do campo elétrico e como o vetor unitário i está dirigido).<br />

Ativida<strong>de</strong> 5.3<br />

A força sobre a carga q =10,0 μC é:<br />

r r r<br />

F = qE = E<br />

qQ<br />

) =<br />

4π ε z<br />

( z<br />

P<br />

2<br />

0 P<br />

Ativida<strong>de</strong> 5.2<br />

A força exercida pela carga no arco é:<br />

kˆ<br />

.<br />

Para calcular o campo elétrico para pontos muito distantes do disco utilize a equação<br />

5.4 fazendo o limite para para z P<br />

>> R . O parâmetro adimensional que caracteriza<br />

essa condição é:<br />

x =<br />

R<br />

z P<br />

z<br />

P<br />

2<br />

P<br />

z ⎤<br />

P σ<br />

⎥ zˆ<br />

=<br />

2 2<br />

R + z ⎥ 2ε<br />

P<br />

0<br />

⎦<br />

⎤ σ ⎡ 1<br />

⎥zˆ.<br />

= 1<br />

2<br />

2<br />

⎢ −<br />

⎥ ε<br />

0 ⎣ (1+<br />

x )<br />

⎦<br />

o campo elétrico será<br />

σ<br />

2<br />

[ 1−<br />

0] zˆ<br />

= zˆ<br />

0<br />

ε<br />

0<br />

1/2<br />

2<br />

⎤ σ ⎡ x ⎤<br />

⎥zˆ<br />

= ⎢1<br />

− (1 − ) ⎥zˆ<br />

= 0<br />

⎦ 2ε<br />

0 ⎣ 2 ⎦<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear <strong>de</strong> cargas é:<br />

q 6,00µ<br />

C<br />

λ = = = 2,8µ<br />

C / m.<br />

L 2,1m<br />

Como veremos mais adiante, esse é o valor do campo elétrico <strong>de</strong> um plano infinito <strong>de</strong><br />

cargas.<br />

Então:<br />

9<br />

−6<br />

9,0<br />

× 10 × 1,73 × 2,8 × 10 Nm<br />

4<br />

F =<br />

= 4,4 × 10 N.<br />

1,0<br />

m<br />

Ativida<strong>de</strong> 5.5<br />

Você não encontrará resposta para essa ativida<strong>de</strong>.<br />

102<br />

103


PROBLEMAS<br />

P2.8) Um elétron com velocida<strong>de</strong><br />

8<br />

v = 5,0×<br />

10 m/s é lançado paralelamente a um<br />

P2.1) Duas cargas elétricas iguais e <strong>de</strong> sinais contrários valendo q=50 μC são<br />

separadas <strong>de</strong> 20 cm. Qual o campo elétrico no ponto médio da linha que une as<br />

cargas?<br />

P2.2) Duas cargas elétricas iguais <strong>de</strong> 10 μC são alinhadas e separadas por uma<br />

distância <strong>de</strong> 10 cm. Calcule o campo elétrico gerado no ponto P da mediatriz da reta<br />

que une as argas, à distância <strong>de</strong> 15 cm <strong>de</strong>la.<br />

campo elétrico uniforme E = 1,0 × 10<br />

3<br />

N/C que o freia.<br />

(a) Qual a distância que o elétron percorre até parar?<br />

(b) Quanto tempo ele leva para parar?<br />

c) Se o campo elétrico se esten<strong>de</strong> por uma região <strong>de</strong> 0,80 cm <strong>de</strong> comprimento, que<br />

fração <strong>de</strong> energia cinética inicial o elétron per<strong>de</strong> ao atravessar o campo?<br />

P2.9) Um elétron é lançado em um campo elétrico uniforme compreendido entre duas<br />

placas como mostrado na figura abaixo.<br />

P2.3) Qual <strong>de</strong>ve ser o valor da carga elétrica se o campo gerado por ela vale 4,0 N/C à<br />

distância <strong>de</strong> 70 cm <strong>de</strong>la?<br />

P2.4) Uma carga elétrica -5q é colocada à distância a <strong>de</strong> outra +2q. Em que ponto ou<br />

pontos da linha reta que passa pelas cargas o campo elétrico é nulo?<br />

P2.5) A figura 3.9 representa um quadrupólo elétrico. Ele é composto por dois dipólos<br />

com momentos opostos.<br />

Figura 3.10 – Elétron no campo uniforme entre duas placas<br />

6<br />

A velocida<strong>de</strong> inicial do elétron é v = 6,0×<br />

10 m/s e o ângulo <strong>de</strong> lançamento é θ = 45°.<br />

3<br />

Se E = 2,0×<br />

10 N/C, L =10,0 cm e d =2,0 cm, (a) o elétron se choca contra alguma<br />

das placas? (b) se sim, qual e a que distância do lançamento ele se choca?<br />

Figura 3.9 – O quadrupólo elétrico<br />

Calcule o campo elétrico do quadrupólo no ponto P, situado à distância r>>a.<br />

P2.6) Duas pequenas esferas possuem uma carga total +140 μC. (a) Se elas se<br />

repeliriam com uma força <strong>de</strong> 60 N quando separadas <strong>de</strong> 0,60 m, quais são as cargas<br />

das esferas? (b) se elas se atraem com uma força <strong>de</strong> 60 N, quais as cargas em cada<br />

uma <strong>de</strong>las?<br />

P2.7) Uma carga <strong>de</strong> +6,0 μC é colocada no ponto P <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (2,5;-3,0) m. Uma<br />

outra carga <strong>de</strong> -5,5 μC é colocada no ponto Q <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (-2,0;2,0) m. Determine<br />

o vetor campo elétrico gerado por elas no ponto R <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (3,0;1,5) m.<br />

104<br />

105


UNIDADE 3<br />

LEI DE GAUSS E SUAS APLICAÇÕES<br />

A lei <strong>de</strong> Gauss representa um método alternativo extremamente útil para<br />

calcular o campo eletrostático gerado por uma distribuição <strong>de</strong> cargas, e simplifica<br />

espantosamente os cálculos, sempre que simetrias estejam envolvidas, como é, por<br />

exemplo no do campo eletrostático gerado por uma esfera uniformemente carregada.<br />

Além disso, a lei <strong>de</strong> Gauss evi<strong>de</strong>ncia a relação entre a carga elétrica e o campo elétrico<br />

gerado por ela, ao contrário do que ocorre na lei e Coulomb que pressupõe uma<br />

interação à distância entre as cargas. Portanto a lei <strong>de</strong> Gauss é consi<strong>de</strong>rada um dos<br />

pilares dos eletromagnetismo.<br />

106<br />

107


AULA 6: LEI DE GAUSS<br />

OBJETIVOS<br />

• ENUNCIAR A LEI DE GAUSS<br />

• DEFINIR FLUXO ELÉTRICO E RELACIONÁ-LO COM A DENSIDADE DE LINHAS DE FORÇA<br />

• MOSTRAR QUE CARGAS ELÉTRICAS EXTERNAS À SUPERFÍCIE DA GAUSS NÃO<br />

CONTRIBUEM PARA O CAMPO ELÉTRICO<br />

6.1 FLUXO DO CAMPO ELÉTRICO<br />

Vamos começar com uma abordagem intuitiva. O caso mais simples possível é<br />

o <strong>de</strong> uma carga puntiforme q situada na origem <strong>de</strong> um referencial. O campo por ela<br />

gerado a uma distância r é dado por:<br />

r<br />

E<br />

1 q<br />

rˆ.<br />

4π ε r<br />

=<br />

2<br />

0<br />

Na figura 6.1 estão representados alguns vetores da intensida<strong>de</strong> do campo elétrico em<br />

alguns pontos gerado pela carga + q .<br />

Devido ao fato do campo <strong>de</strong>cair com<br />

2<br />

1/r , os vetores ficam menores quando<br />

nos afastamos da origem; mas eles sempre apontam para fora, no caso <strong>de</strong> q ser uma<br />

carga positiva. As linhas <strong>de</strong> força nada mais são do que as linhas contínuas que dão<br />

suporte a esses vetores. Po<strong>de</strong>mos pensar <strong>de</strong> imediato que a informação sobre o campo<br />

elétrico foi perdida ao usarmos as linhas contínuas. Mas não foi. A magnitu<strong>de</strong> do<br />

campo, como já discutimos, estará contida na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força: ela é<br />

maior mais perto da carga e diminui quando nos afastamos <strong>de</strong>la, pois a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

linhas <strong>de</strong> força diminui com<br />

mesmo para qualquer superfície lembre-se que<br />

esfera.<br />

2<br />

N/4π<br />

R , on<strong>de</strong> N é o número <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força, que é o<br />

A<br />

π<br />

2<br />

= 4 R é a área da superfície da<br />

Em outras palavras: duas superfícies esféricas com centros na carga, uma com<br />

raio R<br />

1 e outra com raio R<br />

2, ( R1<br />

< R2<br />

) são atravessadas pelas mesmas linhas <strong>de</strong> força.<br />

No entanto, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força, <strong>de</strong>finida como o número <strong>de</strong> linhas por<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área, é maior sobre as esferas menores. Como a área cresce com o<br />

quadrado do raio, o campo <strong>de</strong>cresce da mesma forma, isto é, com o quadrado da<br />

2<br />

2<br />

distância à fonte. Ou seja, se R<br />

1<br />

< R2<br />

temos que ( N/4π R1 ) > ( N/4πR<br />

2<br />

) e como<br />

E<br />

E > .<br />

2<br />

∝ N/4π<br />

R , concluimos que<br />

1<br />

E2<br />

Neste ponto, cabe uma observação conceitual importante: a<br />

discussão acima mostra que a <strong>de</strong>pendência do campo elétrico com o inverso<br />

do quadrado da distância é consequência da maneira <strong>de</strong> como ele se propaga<br />

no espaço livre.<br />

Como po<strong>de</strong>mos quantificar essa idéia, que parece importante e nos diz "quantas<br />

linhas <strong>de</strong> força" atravessam uma dada superfície S? As aspas referem-se ao fato <strong>de</strong><br />

que, obviamente o número <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força é infinito, mas sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, isto é, o<br />

número <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área, é finito.<br />

A quantida<strong>de</strong> procurada, é <strong>de</strong>nominada fluxo do vetor E r<br />

superfície A e <strong>de</strong>finida como:<br />

através da<br />

Φ = ∫ E<br />

r • nda ˆ<br />

(6.1)<br />

E<br />

S<br />

Figura 6.1: Vetores campo elétrico.<br />

Em que o vetor nˆ é um vetor unitário normal à área da . O fluxo é proporcional ao<br />

número <strong>de</strong> linhas que atravessam a área infinitesimal da , figura 6.2.<br />

108<br />

109


em primeiro lugar, ele não é paralelo a nenhum dos eixos <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas; em<br />

segundo lugar, ele varia <strong>de</strong> ponto a ponto no espaço e seu valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

coor<strong>de</strong>nada y do ponto consi<strong>de</strong>rado.<br />

O fluxo através do cubo é obtido da seguinte maneira:<br />

a - dividimos a área o cubo em 6 áreas, cada uma correspon<strong>de</strong>ndo a uma <strong>de</strong> suas<br />

faces;<br />

b – calculamos o fluxo em cada uma <strong>de</strong>las;<br />

Figura 6.2: Orientações relativas do campo elétrico E e da normal à superfície.<br />

Note que, na expressão 6.1, o produto escalar leva em conta apenas a<br />

componente <strong>de</strong> dE<br />

r<br />

perpendicular ao elemento <strong>de</strong> área da ; em outras palavras, é<br />

apenas a área no plano perpendicular a E r<br />

que levamos em conta quando<br />

falamos da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> força.<br />

c - somamos os resultados para obter o fluxo total.<br />

Seja a face AEFC, que é perpendicular ao eixo Oy. Para ela, nˆ<br />

= − ˆj<br />

e o fluxo é:<br />

Φ<br />

1<br />

=<br />

∫<br />

r<br />

E ⋅ nˆ<br />

da =<br />

S<br />

∫<br />

(3,0 iˆ<br />

+ 2,0y<br />

ˆj<br />

+ 2,0 kˆ)<br />

• ( − ˆ) j da =<br />

∫<br />

− 2,0 y da = −2,0<br />

y<br />

∫∫<br />

dx dz<br />

em que os últimos termos foram obtidos efetuando o produto escalar no integrando.<br />

Sobre a face AEFC a coor<strong>de</strong>nada y não varia e tem o valor y=2,0m. Então:<br />

EXEMPLO 6.2<br />

CÁLCULO DO FLUXO DO CAMPO ELÉTRICO<br />

r<br />

Calcule o fluxo do campo elétrico, dado por E = 3,0ˆ i + 2,0 yj ˆ + 2,0kˆ<br />

N/Cm através <strong>de</strong><br />

um cubo <strong>de</strong> lado a=2,0m, figura 6.5, tal que sua face seja paralela ao plano xz e<br />

situada à distância <strong>de</strong> 2,0 m <strong>de</strong>ste plano.<br />

Φ ∫∫<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1<br />

= −2,0<br />

( N / Cm)<br />

× 2,0 m dx dz = −4,0<br />

a ( N / C)<br />

m = −16,0(<br />

N / C)<br />

m .<br />

Seja agora a face BDGH, que também é perpendicular ao eixo Oy. Para ela,<br />

fluxo é:<br />

Φ<br />

2<br />

=<br />

∫ E ⋅ nda ˆ = ∫ (3,0ˆ i + 2,0 yj ˆ + 2,0kˆ)<br />

• ( ˆ) j da = ∫ 2,0 y da =<br />

S<br />

r<br />

2,0 y<br />

∫∫<br />

dx dz<br />

nˆ = ˆj<br />

e o<br />

Sobre a face BDGH a coor<strong>de</strong>nada y não varia e tem o valor y=4,0m. Então:<br />

Φ ∫∫<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

= 2,0 ( N / Cm)<br />

× 4,0 m dx dz = 8,0 a ( N / C)<br />

m = 32,0( N / C)<br />

m .<br />

Na face ABEH temos nˆ = iˆ<br />

. Então:<br />

Figura 6.5: Cubo atravessado por campo elétrico.<br />

Φ<br />

∫<br />

( 3,0ˆ ˆ<br />

m<br />

2<br />

3<br />

= i + 2,0yj<br />

+ 2,0kˆ)<br />

• (ˆ) i da = 3,0 ( N / C)<br />

dy dz = 3,0 ( N / C)<br />

a = 12,0 ( N / C)<br />

∫∫<br />

2<br />

Solução: Antes <strong>de</strong> resolver o problema, notemos algumas proprieda<strong>de</strong>s do campo:<br />

110<br />

111


Na face FGDC temos nˆ<br />

= −iˆ<br />

. Então:<br />

Φ<br />

∫<br />

( 3,0ˆ ˆ ˆ)<br />

m<br />

4<br />

= i + 2,0yj<br />

+ 2,0kˆ)<br />

• ( −i<br />

da = −3,0 ( N / C)<br />

dy dz = −12,0 ( N / C)<br />

∫∫<br />

2<br />

ATIVIDADE 6.2<br />

Determine qual é o fluxo do campo elétrico através das três superfícies da figura 6.5.<br />

Na face ABCD temos nˆ<br />

= −kˆ<br />

. Então:<br />

ˆ<br />

2<br />

2<br />

Φ<br />

5<br />

= (3,0ˆ i + 2,0 yj + 2,0kˆ)<br />

• ( −kˆ)<br />

da = −2,0 ( N / C)<br />

dy dx = −2,0 ( N / C)<br />

a = −8,0(<br />

N / C)<br />

m ,<br />

∫<br />

Finalmente, na face EFGH nˆ = kˆ<br />

. Então:<br />

∫∫<br />

Φ<br />

∫<br />

( 3,0ˆ ˆ ˆ)<br />

m<br />

2<br />

5<br />

= i + 2,0 yj + 2,0kˆ)<br />

• ( k da = 2,0 ( N / C)<br />

dy dx = 2,0 ( N / C)<br />

a = 8,0( N / C)<br />

∫∫<br />

2<br />

O fluxo total é:<br />

2<br />

Φ = Φ1 + Φ<br />

2<br />

+ Φ<br />

3<br />

+ Φ<br />

4<br />

+ Φ<br />

5<br />

+ Φ<br />

6<br />

= ( −16,0<br />

+ 32,0 + 12,0 −12,0<br />

− 8,0 + 8,0) ( N / C)<br />

m ,<br />

2<br />

Φ = 16,0( N / C)<br />

m .<br />

ATIVIDADE 6.1<br />

Figura 6.5 Três superfícies Gaussianas<br />

Seja o vetor<br />

r<br />

E = 3,0ˆ i + 2,0 ˆj<br />

N/C atravessando um paralelepípedo da figura 6.4, <strong>de</strong><br />

lados a=3,0 cm, b=2,0 cm e c=2,5 cm. Calcule o fluxo do campo elétrico através do<br />

paralelepípedo.<br />

6.2 A LEI DE GAUSS<br />

Figura 6.4 : Paralelepípedo atravessado por campo elétrico.<br />

Vimos que as linhas <strong>de</strong> campo que se originam numa carga positiva, precisam<br />

atravessar uma superfície ou morrer numa carga negativa <strong>de</strong>ntro da superfície. Por<br />

outro lado, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga fora da superfície não vai contribuir em nada para o<br />

fluxo total, uma vez que as linhas entram por um lado e saem por outro. Essa<br />

argumentação claramente sugere que o fluxo através <strong>de</strong> qualquer superfície<br />

fechada seja proporcional à CARGA TOTAL <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssa superfície. Esta é a<br />

essência da lei <strong>de</strong> Gauss.<br />

112<br />

113


Vamos torná-la quantitativa, então:<br />

1<br />

∫ E<br />

r • nˆ<br />

da = Q,<br />

(6.4)<br />

S<br />

ε<br />

em que Q é a carga líquida <strong>de</strong>ntro da superfície. Essa é a lei <strong>de</strong> Gauss, que é<br />

válida para qualquer superfície fechada.<br />

6.3 FERRAMENTAS MATEMÁTICAS: CÁLCULO DA INTEGRAL DE<br />

SUPERFÍCIE NA LEI DE GAUSS<br />

O que é preciso saber <strong>de</strong> matemática para usar a lei <strong>de</strong> Gauss corretamente?<br />

Antes <strong>de</strong> mais nada, é preciso saber calcular o fluxo do campo elétrico<br />

∫ E<br />

r<br />

• nˆ<br />

da<br />

sobre uma superfície fechada. Assim:<br />

0<br />

1 - Escolhemos uma superfície compatível com a simetria do problema,<br />

que passa pelo ponto P, on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejamos calcular a intensida<strong>de</strong> do<br />

S<br />

no caso da carga puntiforme: o módulo do campo elétrico é constante e normal à<br />

qualquer superfície esférica concêntrica com a carga q .<br />

Se não houver simetria essa integral po<strong>de</strong> ser bastante complicada e até inútil,<br />

pois para resolvê-la teríamos que conhecer o vetor E r (módulo, direção e sentido) em<br />

todos os pontos da superfície e o objetivo agora é usar a lei <strong>de</strong> Gauss para simplificar<br />

os cálculos do campo elétrico. A importância da lei <strong>de</strong> Gauss fica mais clara quando o<br />

problema tratado possui alguma simetria espacial.<br />

EXEMPLO 6.3<br />

Verifique a lei <strong>de</strong> Gauss para o caso <strong>de</strong> uma carga puntiforme positiva q .<br />

SOLUÇÃO: Comecemos seguindo os passos indicados no início <strong>de</strong>ssa seção.<br />

1) De acordo com o que vimos anteriormente, as linhas <strong>de</strong> força do campo<br />

gerado por uma carga q são radiais com origem na carga. Portanto, se escolhermos<br />

uma superfície esférica <strong>de</strong> raio r (distância da carga ao ponto on<strong>de</strong> queremos calcular<br />

o campo), a normal a esta superfície terá também direção radial em qualquer ponto;<br />

campo elétrico;<br />

2 - Definimos o elemento <strong>de</strong> área relevante;<br />

3 - Definimos o vetor unitário normal à essa área;<br />

2) o elemento <strong>de</strong> área é da e nˆ<br />

da = rˆ<br />

da , sendo da o elemento <strong>de</strong> área <strong>de</strong><br />

uma esfera, como ilustra a figura 6.6. Não vamos precisar <strong>de</strong> sua forma diferencial.<br />

4 - Fazemos o produto escalar entre E r e nˆ<br />

5 – Calculamos o fluxo da campo elétrico:<br />

r<br />

Φ = ∫ E • nˆ<br />

da =<br />

S<br />

∫<br />

E cos θ da,<br />

S<br />

(6.5)<br />

on<strong>de</strong> cosθ = Eˆ<br />

⋅nˆ<br />

.<br />

Figura 6.6: Elemento <strong>de</strong> área <strong>de</strong> uma superfície esférica.<br />

A que simetria nos referimos acima? Aquelas, por exemplo, como a que vimos<br />

Assim: n ˆ da = rˆ<br />

( r senθ<br />

dφ)<br />

dθ,<br />

114<br />

115


e o campo elétrico para uma carga puntiforme é:<br />

Então:<br />

r<br />

E<br />

1 q<br />

4π ε 0<br />

r<br />

=<br />

2<br />

rˆ<br />

r<br />

E • nˆ<br />

da =<br />

1<br />

4π ε<br />

0<br />

q<br />

2<br />

r<br />

(6-6)<br />

rˆ<br />

• n da,<br />

Ativida<strong>de</strong> 6.3<br />

Verifique a lei <strong>de</strong> Gauss para o caso <strong>de</strong> uma carga puntiforme negativa q .<br />

Ativida<strong>de</strong> 6.4<br />

No exemplo 6.2, qual <strong>de</strong>ve ser a condição para que o fluxo elétrico através do cubo<br />

seja nulo?<br />

como r é constante sobre a superfície, temos:<br />

r 1 q<br />

∫ E • nˆ<br />

da =<br />

2<br />

4π ε r<br />

0<br />

∫<br />

da.<br />

Então, vemos que tudo que necessitaremos é a área da esfera, assim teremos:<br />

1 q<br />

∫E<br />

r<br />

• nˆ<br />

da = ⋅ 4π<br />

r<br />

2<br />

4π ε r<br />

=<br />

0<br />

ε<br />

0<br />

Inversamente, po<strong>de</strong>ríamos ter <strong>de</strong>scoberto o campo elétrico, sabendo apenas que, por<br />

simetria ele <strong>de</strong>ve ser constante sobre superfícies esféricas concêntricas com q . Vamos<br />

ver como funciona:<br />

∫<br />

sup.<br />

<strong>de</strong><br />

raio r<br />

r<br />

E • n da = E<br />

∫<br />

2<br />

ˆ<br />

i<strong>de</strong>m<br />

2<br />

q<br />

da =| E | 4π<br />

r .<br />

Usando a lei <strong>de</strong> Gauss, sabemos que o fluxo calculado tem que ser igual à carga total<br />

2<br />

<strong>de</strong>ntro da esfera, q dividida por ε<br />

0 . Então E ⋅ 4π<br />

r = q/<br />

ε<br />

0<br />

, finalmente:<br />

1 q<br />

E =<br />

2<br />

4π ε r<br />

0<br />

.<br />

No caso <strong>de</strong> uma carga puntiforme, o campo elétrico por ela gerado é:<br />

r<br />

E<br />

1 q<br />

4π ε 0<br />

r<br />

=<br />

2<br />

A força elétrica que atua sobre uma carga <strong>de</strong> prova q0<br />

colocada em um ponto P, é<br />

dada por:<br />

r r<br />

F = q E<br />

0<br />

rˆ<br />

1 qq<br />

4π ε r<br />

0<br />

=<br />

2<br />

0<br />

que é exatamente a expressão para a lei <strong>de</strong> Coulomb.<br />

A Lei <strong>de</strong> Gauss nos <strong>de</strong>screve a relação entre a carga elétrica e o campo<br />

elétrico gerado por ela. Segundo a lei <strong>de</strong> Gauss, o fluxo do campo elétrico em<br />

uma região finita do espaço é gerado por uma carga ou uma distribuição <strong>de</strong><br />

cargas elétricas. Ela está portanto, diretamente ligada ao conceito <strong>de</strong> campo<br />

elétrico. Isso não ocorre com a lei <strong>de</strong> Coulomb, on<strong>de</strong> a interação entre as<br />

cargas é feita sem nenhum agente intermediário.<br />

rˆ<br />

Note que, <strong>de</strong>vido ao produto escalar, a lei <strong>de</strong> Gauss não nos diz nada sobre a<br />

direção do campo, apenas sobre o seu módulo. Mas nos casos em que é<br />

interessante usar a lei <strong>de</strong> Gauss, como neste, sabemos por simetria, a direção do<br />

campo. Por exemplo, no caso <strong>de</strong> distribuições esféricas, a direção será radial.<br />

Encontramos um caso semelhante na Mecânica, on<strong>de</strong> a lei <strong>de</strong> gravitação<br />

<strong>de</strong>screve a interação gravitacional direta entre duas massas, enquanto que o campo<br />

gravitacional gerado por uma massa ou distribuição <strong>de</strong> massas é relacionado com<br />

estas massas pelo fluxo do vetor campo gravitacional g v que nada mais é que o fluxo<br />

do vetor aceleração da gravida<strong>de</strong>.<br />

116<br />

117


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 6.1<br />

Você po<strong>de</strong> calcular os fluxos sobre cada uma das faces do paralelepípedo e somá-los<br />

para obter o fluxo total. Entretanto, o trabalho po<strong>de</strong> ser simplificado pois o campo é<br />

paralelo ao plano xy. Assim, o fluxo sobre as faces perpendiculares ao eixo Oz será<br />

nulo porque a normal a estas faces é perpendicular ao campo. Da mesma forma, o<br />

fluxo sobre as faces perpendiculares ao eixo Ou também será nulo. Sobram apenas as<br />

faces perpendiculares ao eixo Ox. Como as normais a estas faces são <strong>de</strong> sentidos<br />

opostos, os produtos escalares do campo pelas normais terão sinais opostos. Além<br />

disso, o campo elétrico em cada uma <strong>de</strong>las é o mesmo (mesmo módulo, direção e<br />

sentido). Portanto, a soma dos fluxos nestas duas superfícies dará o resultado nulo.<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR6.1) Uma esfera condutora oca tem uma carga positiva +q localizada em seu<br />

centro. Se a esfera tiver carga resultante nula o que você po<strong>de</strong> dizer acerca da carga<br />

na superfície interior e exterior <strong>de</strong>ssa esfera?<br />

PR6.2) Qual é o fluxo elétrico em um ponto <strong>de</strong>ntro da esfera condutora e fora da<br />

esfera condutora da questão anterior?<br />

PR6.3) Qual seria o fluxo elétrico através <strong>de</strong> uma superfície envolvendo um dipolo<br />

elétrico?<br />

ATIVIDADE 6.2<br />

No caso do campo gerado por uma carga negativa, nˆ<br />

= −rˆ<br />

. A equação 6-4 fica:<br />

r<br />

E<br />

1 q<br />

− rˆ.<br />

4π ε r<br />

=<br />

2<br />

0<br />

A partir daí, todas as equações se repetem com o sinal negativo, indicando que o<br />

sentido do campo é para <strong>de</strong>ntro da superfície <strong>de</strong> Gauss. Então o fluxo é negativo. Mas<br />

a expressão do módulo do campo elétrico não tem sinal negativo!<br />

ATIVIDADE 6.3<br />

O fluxo não é nulo por causa da componente y do campo elétrico; ela cresce com a<br />

distância ao plano xz. Portanto, para que o fluxo seja nulo, é preciso que, ou a<br />

componente y do campo seja nula. Ou que ela seja in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da distância ao plano<br />

xz.<br />

ATIVIDADE 6.4<br />

Você não encontrará resposta para essa ativida<strong>de</strong>.<br />

118<br />

119


AULA 7: APLICAÇÕES DA LEI DE GAUSS<br />

OBJETIVOS<br />

• APLICAR A LEI DE GAUSS PARA O CÁLCULO DO CAMPO ELÉTRICO<br />

∫ E<br />

r ⋅nda<br />

ˆ = E ⋅ 4π<br />

R<br />

S<br />

Vamos calcular a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga interna a essa superfície:<br />

4 3<br />

q = ρ ⋅ π R .<br />

3<br />

2<br />

P<br />

.<br />

7.1 COMO USAR A LEI DE GAUSS<br />

A dificulda<strong>de</strong> mais comum na aplicação da lei <strong>de</strong> Gauss está na<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se distinguir claramente a superfície <strong>de</strong> Gauss, que é arbitrária,<br />

da superfície que envolve o volume das cargas em questão. Suponha que<br />

queiramos calcular o campo elétrico gerado pela esfera dielétrica <strong>de</strong> raio R,<br />

uniformemente carregada com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cargas uniforme ρ, para pontos<br />

<strong>de</strong>ntro e fora da mesma, agora usando a lei <strong>de</strong> Gauss.<br />

Para evitar a confusão que costuma acontecer vamos sempre i<strong>de</strong>ntificar a área<br />

relativa à lei <strong>de</strong> Gauss com o índice P como fizemos anteriormente, P sendo o<br />

"ponto <strong>de</strong> observação".<br />

Usando a lei <strong>de</strong> Gauss:<br />

temos que:<br />

ρ<br />

π<br />

3<br />

como q = (4/3) R , vem:<br />

q<br />

∫ E<br />

r<br />

⋅ nda ˆ =<br />

S<br />

ε<br />

2 ρ 4 3<br />

E ⋅ 4π<br />

Rp = ⋅ π R ,<br />

ε 3<br />

E<br />

0<br />

0<br />

1 q<br />

. .<br />

4πε<br />

R<br />

=<br />

2<br />

0 P<br />

Primeiramente vamos calcular o campo elétrico para pontos exteriores à esfera.<br />

A figura 7.1 ilustra a superfície <strong>de</strong> Gauss escolhida.<br />

Note que R , o raio da distribuição <strong>de</strong> cargas NÃO COINCIDE com o raio<br />

da superfície <strong>de</strong> Gauss. O erro comum é o uso <strong>de</strong> uma única letra R para<br />

todos os raios envolvidos no problema (nunca faça isso com as leis da<br />

Física!). Tente perceber o que elas <strong>de</strong> fato são e <strong>de</strong>pois em como expressar esse<br />

conteúdo matematicamente).<br />

Vamos agora calcular o campo elétrico para pontos no interior da esfera. É o<br />

caso mais crítico. Vejamos como é a superfície <strong>de</strong> Gauss. Desenhe-a e escolha o seu<br />

Figura 7.1: Pontos exteriores à esfera dielétrica <strong>de</strong> raio R uniformemente carregada.<br />

raio<br />

R<br />

P , distinguindo bem<br />

figura 7.2.<br />

R<br />

P do raio da esfera em questão, como indicado na<br />

O campo será radial e seu módulo será constante sobre superfícies esféricas<br />

concêntricas com a distribuição. Então, po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

120<br />

121


7.2 APLICAÇÕES DA LEI DE GAUSS<br />

Vejamos agora como aplicar a Lei <strong>de</strong> Gauss para diferentes situações que<br />

envolvem uma distribuição <strong>de</strong> cargas com simetria.<br />

EXEMPLO 7.1<br />

Figura 7.2: Superfície <strong>de</strong> Gauss interior à esfera dielétrica <strong>de</strong> raio R.<br />

Campo gerado por uma esfera metálica carregada<br />

Consi<strong>de</strong>re agora uma esfera metálica <strong>de</strong> raio R com carga total Q . Calcule o campo<br />

elétrico para pontos exteriores e interiores a essa esfera.<br />

O fluxo do campo elétrico é:<br />

A carga total <strong>de</strong>ntro da superfície é:<br />

2<br />

∫ E<br />

r<br />

⋅ nda ˆ = E ⋅ 4π<br />

RP<br />

.<br />

S<br />

4 3<br />

q = ρ ⋅ π R P<br />

.<br />

3<br />

Note que, neste caso, o raio que <strong>de</strong>limita a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga que vai contribuir,<br />

COINCIDE com R<br />

P . Ou seja, a carga que contribui para o fluxo é q ( RP<br />

).<br />

SOLUÇÃO:<br />

A primeira questão a consi<strong>de</strong>rar antes <strong>de</strong> pensar em qualquer fórmula é o tipo<br />

<strong>de</strong> material do qual estamos falando. No caso anterior tratava-se <strong>de</strong> uma esfera<br />

dielétrica. Como sabemos, as cargas não têm mobilida<strong>de</strong> em dielétricos e portanto elas<br />

po<strong>de</strong>m estar uniformemente distribuídas nele. Agora estamos falando <strong>de</strong> uma<br />

esfera condutora, isto significa imediatamente que para pontos internos a essa<br />

esfera:<br />

E = 0.<br />

int.<br />

Desenvolvendo a lei <strong>de</strong> Gauss fica:<br />

ou:<br />

q(<br />

R<br />

∫ E r<br />

⋅ nda ˆ =<br />

S ε<br />

0<br />

p<br />

)<br />

Como vimos anteriormente, em materiais condutores as cargas se concentram na<br />

superfície dos mesmos; então não temos cargas no interior da esfera.<br />

2 ρ 4 3<br />

E ⋅ 4π<br />

R P<br />

= ⋅ π R P<br />

.<br />

ε 3<br />

0<br />

Finalmente:<br />

ρ<br />

E =<br />

3ε<br />

O mesmo resultado que obtivemos laboriosamente fazendo uma integral<br />

tridimensional.<br />

0<br />

R P<br />

.<br />

Figura 7.3: Superfície <strong>de</strong> Gauss para uma esfera metálica.<br />

E os pontos exteriores? Escolhemos como superfície <strong>de</strong> Gauss uma superfície esférica<br />

122<br />

123


arbitrária <strong>de</strong> raio<br />

ou:<br />

R<br />

P . Então (Figura 7.3):<br />

E ⋅ 4π<br />

R<br />

E<br />

2<br />

P<br />

Q<br />

= ,<br />

ε<br />

0<br />

1 Q<br />

.<br />

4πε<br />

R<br />

=<br />

2<br />

0 P<br />

cada elemento infinitesimal <strong>de</strong> volume do fio que escolhermos, tem um simétrico em<br />

relação a P; <strong>de</strong>ssa forma, a componente do campo elétrico paralela ao fio se anula,<br />

restando apenas a componente perpendicular ao fio.<br />

Para pontos fora do fio, a superfície <strong>de</strong> Gauss será um cilindro concêntrico ao fio,<br />

como mostra a figura 7.5:<br />

ATIVIDADE 7.1<br />

Resolva o exemplo 7.1 para uma esfera com carga negativa. Use a Lei <strong>de</strong> Gauss para<br />

mostrar que o campo no interior da esfera é nulo.<br />

Figura 7.5: Superfície <strong>de</strong> Gauss para um fio infinito.<br />

EXEMPLO 7.2<br />

CAMPO GERADO POR FIO RETILÍNEO INFINITO<br />

Consi<strong>de</strong>re agora um fio retilíneo <strong>de</strong> comprimento infinito, raio R e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

volumétrica <strong>de</strong> cargas ρ como na figura 7.4. Usando a lei <strong>de</strong> Gauss calcule o campo<br />

elétrico para pontos no interior e no exterior do fio.<br />

Note que a simetria existe porque o fio é infinito; para um fio finito, as suas<br />

extremida<strong>de</strong>s impe<strong>de</strong>m a existência sempre <strong>de</strong> um simétrico a qualquer<br />

elemento <strong>de</strong> volume do fio. Perto <strong>de</strong>ssas extremida<strong>de</strong>s, portanto, o campo<br />

não é mais uniforme e dirigido perpendicularmente ao fio.<br />

Uma vez escolhida a superfície <strong>de</strong> Gauss, calculamos a carga interior a ela:<br />

q = ρ ⋅π R 2 ⋅ L.<br />

Em que L é a altura do cilindro <strong>de</strong> Gauss e R, o raio <strong>de</strong> suas bases.<br />

Figura 7.4: Fio infinito <strong>de</strong> raio R e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas ρ .<br />

SOLUÇÃO: Para calcular o campo em um ponto P fora do fio, vamos utilizar o<br />

resultado <strong>de</strong> que o campo elétrico, por razões <strong>de</strong> simetria, é uniforme e<br />

dirigido radialmente para fora do fio. A razão disso é que, como o fio é infinito,<br />

124<br />

Como as normais às bases do cilindro <strong>de</strong> Gauss são perpendiculares ao campo<br />

elétrico, o produte escalar <strong>de</strong>las pelo vetor campo elétrico é nulo. Basta então,<br />

calcular o fluxo através da superfície restante, paralela ao eixo do cilindro. Neste caso,<br />

a normal a esta superfície é coinci<strong>de</strong>nte com o vetor campo elétrico.<br />

Po<strong>de</strong>mos escrever, então, que o fluxo nessa superfície para<br />

E ⋅ 2π<br />

R<br />

P<br />

ρπ R<br />

L =<br />

ε<br />

0<br />

2<br />

L<br />

.<br />

R p<br />

> R é dado por:<br />

125


Note que<br />

R P<br />

≠ R . Resolvendo a equação acima para o campo:<br />

ρ R<br />

E =<br />

2ε<br />

2<br />

0<br />

R P<br />

.<br />

se negativamente carregada. Qual é o raio <strong>de</strong>ssa coluna <strong>de</strong> ar se as moléculas que a<br />

compõem são capazer <strong>de</strong> suportar um campo elétrico até<br />

ionização?<br />

6<br />

4 × 10 N/C sem sofrer<br />

Para ponto internos do fio ( R p<br />

< R ),<br />

e<br />

2<br />

p<br />

q(<br />

R ) = π R Lρ<br />

p<br />

SOLUÇÃO: Vejamos a Física envolvida no problema. A idéia importante para fazer a<br />

mo<strong>de</strong>lagem é consi<strong>de</strong>rar que, embora a coluna não seja infinitamente longa, po<strong>de</strong>mos,<br />

obter sua or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za, ao aproximá-la por uma linha <strong>de</strong> cargas como ilustra a<br />

figura 7.7.<br />

E ⋅ 2π<br />

R<br />

p<br />

ρ<br />

E = ε<br />

0<br />

L = π R<br />

R p<br />

2<br />

p<br />

L<br />

ρ<br />

ε<br />

0<br />

Note que as duas expressões coinci<strong>de</strong>m quando<br />

R p<br />

= R . A Figura 7.6 mostra o<br />

gráfico do campo elétrico em pontos no interior e exterior do fio.<br />

Figura 7.7: Superfície <strong>de</strong> Gauss para um linha <strong>de</strong> cargas.<br />

Como a linha está negativamente carregada, o campo elétrico estará apontando<br />

para <strong>de</strong>ntro da superfície gaussiana. A carga total é Q = λL<br />

.<br />

Figura 7.6: Gráfico do campo elétrico gerado pelo fio.<br />

ATIVIDADE 7.2<br />

Mostre que, para R P<br />

= R , os campos interno e externo são iguais.<br />

EXEMPLO 7.3<br />

Que tal agora um pouco mais <strong>de</strong> física?<br />

−3<br />

Uma coluna <strong>de</strong> ar <strong>de</strong> comprimento L e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear λ = −1,2<br />

× 10 C/m encontra-<br />

126<br />

A segunda hipótese fundamental é a <strong>de</strong> que a superfície da coluna carregada<br />

negativamente <strong>de</strong>va estar no raio r<br />

P<br />

on<strong>de</strong> a intensida<strong>de</strong> do campo elétrico é<br />

6<br />

4 × 10<br />

N/C, pois as moléculas do ar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>sse raio serão ionizadas. Lembre-se que o<br />

campo fica cada vez maior a partir daí na direção horizontal e no sentido <strong>de</strong> fora para<br />

<strong>de</strong>ntro da coluna. Portanto a área pela qual teremos fluxo será A = π r P<br />

L .<br />

L<br />

A Lei <strong>de</strong> Gauss nos dá: E ⋅ 2 r L = ,<br />

ou: E = ,<br />

2 r<br />

Portanto, para obter o raio da coluna temos:<br />

π<br />

P<br />

P<br />

λ<br />

ε 0<br />

λ<br />

πε<br />

0 P<br />

2<br />

P<br />

127


−3<br />

= λ<br />

1,2 × 10 C/<br />

m<br />

r P<br />

=<br />

= 5,4 m.<br />

−12<br />

2 2<br />

2π ε E (2π<br />

)(8,85 × 10 C / Nm )(4×<br />

10<br />

6 N/<br />

C)<br />

0<br />

e<br />

r<br />

E ⋅ ˆn = 0<br />

(na superfície).<br />

EXEMPLO 7.4<br />

PLANO NÃO CONDUTOR INFINITO DE CARGAS<br />

Calcular o campo elétrico <strong>de</strong> um plano não condutor infinito <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

superficial σ.<br />

Portanto, somando todas as contribuições a lei <strong>de</strong> Gauss nos fornecerá<br />

E(2A)<br />

= σ A<br />

ε<br />

σ<br />

E =<br />

2 ε<br />

0<br />

0<br />

SOLUÇÃO: Se o plano é infinito, a simetria nesse caso é uma simetria linear e o<br />

campo <strong>de</strong>ve estar orientado perpendicular ao plano. Não há como produzir<br />

componentes paralelas ao plano, elas vão se cancelar sempre.<br />

(na direção perpendicular à tampa do cilindro). Vemos que esse campo é uniforme.<br />

Uma observação sobre fios e superfícies infinitas. É óbvio que tais<br />

sistemas não po<strong>de</strong>m existir fisicamente. Entretanto, os resultados obtidos<br />

com eles ainda são aplicáveis na prática. Para isso, basta consi<strong>de</strong>rarmos o<br />

campo em pontos suficientemente próximos do fio ou da superfície, para que<br />

as dimensões <strong>de</strong>les sejam consi<strong>de</strong>radas muito maiores que a distância do<br />

ponto em que se calcula o campo até eles.<br />

EXEMPLO 7.5<br />

ESFERAS CARREGADAS CONCÊNTRICAS<br />

comprimento<br />

Figura 7.8: Superfície <strong>de</strong> Gauss<br />

A superfície <strong>de</strong> Gauss será o cilindro indicado na Figura 7.8, <strong>de</strong> raio<br />

L<br />

P<br />

. A carga <strong>de</strong>ntro do cilindro consi<strong>de</strong>rado é:<br />

correspon<strong>de</strong>nte à base do cilindro.<br />

por isso:<br />

R<br />

P<br />

e<br />

q = σ A , sendo A a área<br />

O campo elétrico é perpendicular às bases e paralelo à superfície do cilindro,<br />

r<br />

E ⋅nˆ<br />

= E (nas bases)<br />

A figura 7.9 mostra uma carga<br />

+ q uniformemente distribuída sobre uma esfera não<br />

condutora <strong>de</strong> raio a que está localizada no centro <strong>de</strong> uma casca esférica condutora <strong>de</strong><br />

raio interno b e raio externo c. A casca externa possui uma carga<br />

E (r) :<br />

a) No interior da esfera ( r < a)<br />

;<br />

b) Entre a esfera e a casca ( a < r < b)<br />

;<br />

c) Dentro da casca ( b < r < c)<br />

;<br />

d) Fora da casca ( r > c)<br />

;<br />

− q . Determine<br />

128<br />

129


e) Que cargas surgem sobre as superfícies interna e externa da casca?<br />

ou:<br />

q R<br />

E =<br />

4π ε a<br />

0<br />

P<br />

3<br />

( 0 < r < a)<br />

Para a < r < b , a carga no interior <strong>de</strong> qualquer superfície gaussiana esférica será igual<br />

a q . Pela lei <strong>de</strong> Gauss, temos:<br />

E ⋅ 4π<br />

R<br />

2<br />

P<br />

q<br />

= .<br />

ε<br />

0<br />

Figura 7.9: Esferas carregadas concêntricas.<br />

Ou:<br />

q<br />

E =<br />

4πε<br />

2<br />

0<br />

R P<br />

( a < r < b)<br />

SOLUÇÃO: A casca externa é condutora e a interna é isolante. Sabemos como se<br />

comportam cargas adicionadas a esses materiais.<br />

Vamos começar com a esfera dielétrica; como a lei <strong>de</strong> Gauss nos garante que apenas<br />

as cargas internas à superfície gaussiana influenciam no campo, po<strong>de</strong>mos escrever<br />

rapidamente esta resposta:<br />

Para b < r < c , estaremos <strong>de</strong>ntro da casca condutora. Sabemos que o campo <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>ssa casca tem que ser nulo. As cargas vão se distribuir nas superfícies interna e<br />

externa <strong>de</strong> maneira a garantir isto.<br />

Portanto, para b < r < c temos E = 0 .<br />

Mas sabemos que para E = 0,<br />

<strong>de</strong>ve haver uma superposição do campo gerado pela<br />

esfera interior com o campo <strong>de</strong>vido à parte interna da casca condutora. Seja<br />

da superfície gaussiana e seja q′ a carga gerada em<br />

R<br />

P o raio<br />

r = b . A lei <strong>de</strong> Gauss nos<br />

Para<br />

Figura 7.10: Superfície <strong>de</strong> Gauss para a esfera dielétrica.<br />

r < a a carga contida <strong>de</strong>ntro da superfície <strong>de</strong>senhada é:<br />

3<br />

3<br />

( Volume <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> RP<br />

4π<br />

RP/3<br />

RP<br />

q RP<br />

) ×<br />

= q = q .<br />

3<br />

Volume total 4π<br />

a /3 a<br />

3<br />

A lei <strong>de</strong> Gauss sobre a superfície <strong>de</strong>senhada (Figura 7.10) nos fornece:<br />

q R<br />

E ⋅ 4π R =<br />

ε a<br />

2 q(<br />

RP<br />

)<br />

p<br />

=<br />

ε<br />

0<br />

0<br />

3<br />

P<br />

3<br />

fornece:<br />

Como E = 0 , <strong>de</strong>scobrimos que q′ = −q<br />

.<br />

2 q + q′<br />

E ⋅ 4π<br />

RP<br />

= . ( b < r < c)<br />

ε<br />

Se existe uma carga − q em r = b , e sabemos que esta é a carga sobre o condutor,<br />

toda ela vai se mover para a superfície interna da casca condutora. Então, o campo<br />

elétrico para pontos fora do conjunto, isto é<br />

cargas no seu interior é zero. Então:<br />

E = 0<br />

( r > c)<br />

0<br />

r > c , será nulo, uma vez que a soma das<br />

130<br />

131


ATIVIDADE 7.3<br />

Consi<strong>de</strong>re a mesma configuração do exemplo 7.5, porém consi<strong>de</strong>re que o condutor<br />

esteja <strong>de</strong>scarregado.<br />

1 q<br />

Φ =<br />

38ε<br />

0<br />

ATIVIDADE 7.4<br />

EXEMPLO 7.6<br />

CARGA NO VÉRTICE DE UM CUBO<br />

Uma carga puntiforme q está localizada no centro <strong>de</strong> um cubo <strong>de</strong> aresta d (Figura<br />

7.11).<br />

a) Qual é o valor <strong>de</strong><br />

∫E r<br />

⋅ nˆ<br />

dA estendida a uma face do cubo?<br />

b) A carga q é <strong>de</strong>slocada até um vértice do cubo da figura 7.11. Qual é agora o valor<br />

do fluxo <strong>de</strong> campo elétrico através <strong>de</strong> cada uma das faces do cubo?<br />

Sobre cada vértice <strong>de</strong> um cubo há uma carga +q. Qual é agora o valor do fluxo <strong>de</strong><br />

campo elétrico através <strong>de</strong> cada uma das faces do cubo?<br />

EXEMPLO 7.7<br />

CAMPO EM CAVIDADES ESFÉRICAS<br />

Um condutor esférico A contém duas cavida<strong>de</strong>s esféricas (figura 7.12). A carga total<br />

do condutor é nula. No entanto, há uma carga puntiforme<br />

cavida<strong>de</strong> e<br />

q<br />

c no centro da outra. A uma gran<strong>de</strong> distância r está outra<br />

força que age em cada um dos quatro corpos<br />

A ,<br />

q<br />

b no centro <strong>de</strong> uma<br />

q<br />

d . Qual a<br />

, q q b c e q<br />

d ? Quais <strong>de</strong>ssas respostas,<br />

se há alguma, são apenas aproximadas e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> r ser relativamente gran<strong>de</strong>?<br />

Figura 7.11: Superfície cúbica<br />

Solução:<br />

(a) O fluxo total é q /ε<br />

0 . O fluxo através das faces em que ele não é nulo tem que ser o<br />

mesmo em todas elas, por simetria. Portanto, através <strong>de</strong> cada uma das seis faces:<br />

∫<br />

face<br />

r<br />

E ⋅ ndA ˆ =<br />

(b) Como o campo <strong>de</strong> q é paralelo à superfície das faces<br />

q<br />

ε<br />

0<br />

A, B e C , (as linhas <strong>de</strong><br />

força s!ao tangentes às faces) o fluxo através das faces que formam o vértice tem que<br />

ser nulo!<br />

O total do fluxo sobre as outras três faces precisa ser q /(8 0<br />

) porque esse cubo<br />

é um dos oito cubos que cirundam q . Essas três faces estão simetricamente dispostas<br />

em relação a q <strong>de</strong> modo que o fluxo através <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las é:<br />

ε<br />

SOLUÇÃO: A força sobre<br />

Figura 7.12: Condutor esférico com cavida<strong>de</strong>s.<br />

q<br />

b<br />

é zero. O campo <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong> esférica é<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> qualquer coisa fora <strong>de</strong>la. Uma carga<br />

distribuída sobre a superfície condutora. O mesmo vale para<br />

− qb<br />

fica uniformemente<br />

q<br />

c . Como a carga total no<br />

condutor A é zero, uma carga q<br />

b<br />

+ qc<br />

fica distribuída sobre sua superfície externa. Se<br />

q<br />

d não existisse o campo fora <strong>de</strong> A seria simétrico e radial:<br />

132<br />

133


E =<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

( q<br />

q<br />

c<br />

)<br />

,<br />

2<br />

r<br />

que é o mesmo campo <strong>de</strong> uma carga puntual situada no centro da esfera.<br />

A influência <strong>de</strong><br />

b +<br />

.<br />

q<br />

d alterará ligeiramente a distribuição <strong>de</strong> carga em A , mas sem<br />

afetar a carga total. Portanto para r gran<strong>de</strong>, a força sobre<br />

1 q<br />

F =<br />

4 πε<br />

0<br />

d<br />

( qb<br />

+<br />

c<br />

2<br />

r<br />

q )<br />

q<br />

d será aproximadamente:<br />

Figura 7.13: Cavida<strong>de</strong> esférica no interior <strong>de</strong> uma esfera uniformemente carregada.<br />

Usando o conceito <strong>de</strong> superposição mostre que o campo elétrico, em todos os pontos<br />

no interior da cavida<strong>de</strong> é uniforme e vale:<br />

r<br />

r<br />

ρa<br />

E = ,<br />

3<br />

on<strong>de</strong> a r é o vetor que vai do centro da esfera ao centro da cavida<strong>de</strong>. Note que ambos<br />

os resultados são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes dos raios da esfera e da cavida<strong>de</strong>.<br />

ε 0<br />

A força em A precisa ser exatamente igual e oposta à força em<br />

q<br />

d .<br />

O valor exato da força em<br />

força que agiria em<br />

q<br />

d é a soma da força aproximada <strong>de</strong> A sobre<br />

q<br />

d mais a<br />

q<br />

d se a carga total sobre e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> A fosse zero, que<br />

correspon<strong>de</strong> à atração <strong>de</strong>vido a indução <strong>de</strong> cargas sobre a superfície da esfera.<br />

ATIVIDADE 7.5<br />

ESFERA UNIFORMEMENTE CARREGADA DE DENSIDADE VOLUMÉTRICA ρ<br />

Uma região esférica está uniformemente carregada com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong><br />

carga ρ . Seja r o vetor que vai do centro da esfera a um ponto genérico P no<br />

interior da esfera.<br />

a) Mostre que o campo elétrico no ponto P é dado por:<br />

r ρr<br />

E = rˆ<br />

3<br />

ε 0<br />

7.3 CARGAS E CAMPO ELÉTRICOS NA SUPERFÍCIE DE CONDUTORES<br />

No Exemplo 7.1 vimos que as cargas elétricas em um condutor se distribuem<br />

em sua superfície. Em geral, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> cargas na superfície é variável.<br />

Para pontos próximos à superfície, o campo elétrico é perpendicular à superfície; se<br />

isso não ocorresse, haveria uma componente <strong>de</strong>ste campo paralela à superfície, que<br />

produziria movimento <strong>de</strong> cargas até que a nova distribuição <strong>de</strong>las anulasse esta<br />

componente.<br />

Po<strong>de</strong>mos calcular facilmente o valor do campo elétrico nos pontos próximos à<br />

superfície do condutor usando a lei <strong>de</strong> Gauss. A Figura 7.14 mostra um condutor <strong>de</strong><br />

forma qualquer e um ponto P próximo a ele, on<strong>de</strong> vamos <strong>de</strong>terminar o campo.<br />

Como P está muito próximo à superfície do condutor, po<strong>de</strong>mos escolher uma<br />

superfície <strong>de</strong> Gauss na forma <strong>de</strong> uma caixa cilíndrica com uma base na superfície E<br />

outra, passando por P.<br />

b) Uma cavida<strong>de</strong> esférica é aberta na esfera, como nos mostra a figura 7.13.<br />

Figura 7.14 : Superfície <strong>de</strong> Gauss para uma região na superfície <strong>de</strong> um condutor<br />

134<br />

135


No interior do condutor, o campo elétrico é nulo; assim, a única contribuição<br />

ao fluxo do campo elétrico é dada pela superfície que contém P. Seja A a sua área, a<br />

lei <strong>de</strong> Gaus nos fornece:<br />

σA<br />

∫ E r<br />

⋅ ndA ˆ = EA = .<br />

ε 0<br />

De on<strong>de</strong> vem:<br />

σ<br />

E = .<br />

ε 0<br />

(7.1)<br />

O fato das cargas elétricas em condutores se colocarem na superfície externa<br />

<strong>de</strong>les tem gran<strong>de</strong> importância prática pois está na origem da chamada gaiola <strong>de</strong><br />

Figura 7.15 Experiência com interferência e blindagem eletrostática<br />

Faraday, usada por ele para <strong>de</strong>monstrar este fato. A gaiola <strong>de</strong> Faraday nada mais é<br />

que uma gaiola metálica que, se carregada, não oferece perigo algum para pessoas<br />

que se colocarem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la, pois, ao tocarem a gaiola por <strong>de</strong>ntro, não ficam em<br />

contato com as cargas elétricas e não correm risco <strong>de</strong> choques eletricos. A gaiola <strong>de</strong><br />

Faraday é usada em ativida<strong>de</strong>s que envolvem altas correntes elétricas.<br />

SOLUÇÃO:<br />

Sem afastar o aparelho elétrico do dispositivo, Ricardo <strong>de</strong>veria ter envolvido o<br />

aparelho com a cúpula metálica, e não o dispositivo.<br />

Da mesma forma, um condutor oco po<strong>de</strong> ser usada para produzir blindagem<br />

eletrostática. Quando queremos proteger um aparelho <strong>de</strong> qualquer outra influência<br />

elétrica, nós envolvemos esse aparelho com uma capa metálica. Nestas condições<br />

dizemos que o aparelho está blindado, pois nenhum fenômeno elétrico externo po<strong>de</strong>rá<br />

aferá-lo.<br />

Se você observar o interior <strong>de</strong> uma TV po<strong>de</strong>rá notar que alguns dispositivos se<br />

apresentam envolvidos por capas metálicas, estando portanto, blindados por esses<br />

EXEMPLO 7.7: MÉTODO DA CARGA IMAGEM<br />

Consi<strong>de</strong>re uma carga q a uma distância h acima <strong>de</strong> um plano condutor, que<br />

tomaremos como infinito. Seja q > 0 . a) Desenhe as linhas <strong>de</strong> campo elétrico; b) Em<br />

que ponto da superfície do condutor se encontra uma linha que nasce na carga<br />

puntiforme e sai <strong>de</strong>la horizontalmente, isto é, paralelamente ao plano?<br />

condutores.<br />

EXEMPLO 7.6<br />

BLINDAGEM ELETROSTÁTICA<br />

Ricardo verificou que a presença <strong>de</strong> uma dispositivo carregado estava perturbando o<br />

funcionamento <strong>de</strong> um aparelho elétrico, colocado próximo à ele. Para resolver o<br />

problema <strong>de</strong> interferência o estudante envolveu o dispositivo com uma cúpula<br />

metálica, como mostra a figura 7.15. Contudo ele não foi bem sucedido. Como<br />

Ricardo <strong>de</strong>veria ter agido, sem afastar o dispositivo do aparelho elétrico?<br />

Figura 7.16: Linhas <strong>de</strong> campo Figura 7.17: Visão em close up<br />

136<br />

137


Solução: Vamos chamar <strong>de</strong> z o eixo perpendicular ao plano que passa pela carga q .<br />

Esperamos que a carga positiva q atraia carga negativa do plano. Claro que a carga<br />

negativa não se acumulará numa concentração infinitamente <strong>de</strong>nsa no pé da<br />

perpendicular que passa por q .<br />

Também lembremos que o campo elétrico é sempre perpendicular à superfície do<br />

condutor, nos pontos da superfície. Muito próximo à carga q , por outro lado, a<br />

presença do plano condutor só po<strong>de</strong> fazer uma pequena diferença.<br />

Po<strong>de</strong>mos usar um artifício. Procuramos um problema facilmente solúvel cuja solução<br />

(ou parte <strong>de</strong>la) po<strong>de</strong> ser ajustada ao problema em questão.<br />

Consi<strong>de</strong>re duas cargas iguais e opostas, puntiformes, separadas pela distância 2h.<br />

Figura 7.19: Ângulo do campo<br />

Assim o campo elétrico aí é dado por:<br />

2kq<br />

− θ<br />

2kq<br />

E = cos = −<br />

z 2 2<br />

2 2 2<br />

( r + h ) ( r + h ) ( r +<br />

h<br />

h )<br />

2 1/2<br />

2kqh<br />

= −<br />

2<br />

( r + h )<br />

2 3/2<br />

Figura 7.18: Artifício da carga imagem.<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga no plano condutor, po<strong>de</strong> ser calculada usando a lei <strong>de</strong><br />

Gauss. Não há fluxo através so "fundo" da caixa. Logo, pela lei <strong>de</strong> Gauss:<br />

No plano bissetor da reta que une as cargas (reta AA) o campo elétrico é em todos os<br />

pontos perpendicular ao plano.<br />

A meta<strong>de</strong> superior do <strong>de</strong>senho acima satisfaz a todos os requisitos do problema da<br />

carga e do plano infinito.<br />

Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>ssa forma calcular a intensida<strong>de</strong> e a direção do campo sobre o plano<br />

condutor em qualquer ponto.<br />

Consi<strong>de</strong>re um ponto na superfície a uma distância r da origem.<br />

A componente z do campo <strong>de</strong> q neste ponto é<br />

A "carga imagem",<br />

E = kq<br />

− cosθ<br />

z 2<br />

( r + h<br />

2 )<br />

− q , sob o plano, contribui com uma componente z igual.<br />

ou:<br />

on<strong>de</strong><br />

∫E r<br />

• ndA ˆ =<br />

q<br />

E A = ⇒<br />

n<br />

E n<br />

ε<br />

0<br />

q<br />

ε<br />

=<br />

0<br />

σ<br />

ε<br />

E<br />

n é a componente normal do campo. Portanto<br />

σ =<br />

−<br />

1<br />

2qh<br />

=<br />

E z<br />

ε<br />

0<br />

=<br />

ε<br />

2 2 3/2 0<br />

ε<br />

2 2 3/2 0<br />

2<br />

4π ε<br />

0 ( r + h ) 4π ε<br />

0<br />

( r + h ) 2π<br />

( r +<br />

0<br />

2qh<br />

Apenas para verificação, a carga superficial total <strong>de</strong>ve igualar a<br />

On<strong>de</strong> usamos:<br />

Q<br />

total<br />

= ∫ ∞ σ 2π<br />

rdr<br />

o<br />

= −<br />

qh<br />

h<br />

2<br />

)<br />

3/2<br />

− q . De fato, ela é:<br />

138<br />

139


∫<br />

∞<br />

∫<br />

∞<br />

dxdy<br />

=<br />

∫<br />

2π<br />

∞<br />

∫<br />

−∞<br />

−∞<br />

0 0<br />

rdrdθ<br />

− hrdr<br />

q ∫ ∞ −q<br />

( r + h )<br />

=<br />

0 2 2<br />

= 3/2<br />

Este e o chamado método das imagens! Voltando à solução do nosso problema, nós<br />

<strong>de</strong>terminaremos R , a distância a partir da origem que a linha <strong>de</strong> campo que parte<br />

horizontalmente <strong>de</strong> q , atinge o plano como sendo a distância que <strong>de</strong>termina a<br />

meta<strong>de</strong> da carga induzida no plano (isto é, − q/2<br />

), confinada num círculo <strong>de</strong> raio R .<br />

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 7.1<br />

A solução é semelhante à do exemplo 7.1. A diferença está no sinal do produto escalar<br />

r<br />

E ⋅ nˆ<br />

, que, agora é negativo, pois o campo elétrico aponta <strong>de</strong> fora para <strong>de</strong>ntro da<br />

superfície. Daqui em diante o sinal negativo aparece, indicando apenas o sentido do<br />

vetor campo elétrico (lembre-se que o módulo é sempre positivo).<br />

ou:<br />

Ou, ainda:<br />

1<br />

=<br />

2<br />

∫<br />

0<br />

R<br />

hrdr<br />

2 2<br />

( R + h )<br />

q<br />

− =<br />

3/2<br />

2 2<br />

h + R<br />

2<br />

∫ ∞<br />

0<br />

= [ −<br />

= 4h<br />

σ 2π rdr<br />

h<br />

]<br />

2<br />

h + R<br />

2<br />

R<br />

2<br />

0<br />

⇒ R =<br />

=<br />

3h.<br />

h<br />

2 2<br />

h + R<br />

1<br />

=<br />

2<br />

ATIVIDADE 7.2<br />

Você não encontrará resposta para essa ativida<strong>de</strong>.<br />

ATIVIDADE 7.3<br />

Neste caso o problema<br />

superfície b tem que ser<br />

r = b é idêntico ao anterior. Vimos que a carga sobre a<br />

− q para que não haja campo elétrico entre b e c. Mas<br />

agora, como não há cargas "extras" sobre o condutor, os elétrons vão migrar para a<br />

superfície interna <strong>de</strong>ixando necessariamente um excesso <strong>de</strong> carga positiva<br />

superfície exterior à casca. Neste caso o campo na região externa será:<br />

ATIVIDADE 7.4<br />

E<br />

q rˆ<br />

.<br />

4π ε r<br />

=<br />

2<br />

0 P<br />

+ q na<br />

Pelos mesmos argumentos <strong>de</strong> simetria, qualquer carga q numa das faces do cubo terá<br />

campo paralelo àquela face, tal que o fluxo nessa face será zero. Portanto, por essa<br />

mesma face só passará o fluxo criado pelas outras quatro cargas na face oposta do<br />

cubo. O fluxo total sobre essa face será equivalente à quatro vezes o fluxo que uma<br />

carga q cria através <strong>de</strong> uma face, calculado no exemplo. Assim, o fluxo total por uma<br />

4 q<br />

face será Φ = .<br />

3 8ε<br />

ATIVIDADE 7.5<br />

0<br />

140<br />

141


a) Desenhando a superfície <strong>de</strong> Gauss, ilustrado na figura 7.20, e tomando um ponto<br />

genérico sobre ele, teremos, usando a lei <strong>de</strong> Gauss:<br />

E ⋅ 4π<br />

r<br />

2<br />

P<br />

4π<br />

r<br />

= ρ<br />

3ε<br />

r ρ<br />

ou: E = r rˆ<br />

P<br />

.<br />

3ε<br />

0<br />

3<br />

P<br />

0<br />

consi<strong>de</strong>ramos esse problema somado com o problema <strong>de</strong> uma distribuição uniforme,<br />

r r r<br />

com carga oposta localizada em â :<br />

= a +<br />

. O fluxo do campo elétrico que atravessa<br />

a superficie <strong>de</strong> Gauss é:<br />

P<br />

2 ρ 4π<br />

r<br />

E2<br />

⋅4π rP<br />

= − ×<br />

ε 3<br />

0<br />

ρ r p<br />

E2⋅<br />

= − .<br />

3ε<br />

r<br />

r<br />

ρrP<br />

ρ rP<br />

P<br />

ρ r<br />

Tal que: E = rˆ<br />

= = (<br />

).<br />

2<br />

3 3 r 3<br />

a r<br />

−<br />

P<br />

− − −<br />

ε ε ε<br />

0<br />

0<br />

P<br />

0<br />

3<br />

P<br />

0<br />

O campo total é dado por E<br />

1<br />

( a)<br />

+ E2<br />

:<br />

Figura 7.20: Superfície <strong>de</strong> Gauss.<br />

r ρ r ρ r r<br />

E =<br />

− (<br />

− a)<br />

=<br />

3ε<br />

3ε<br />

3<br />

0<br />

0<br />

ρ<br />

ε<br />

0<br />

r<br />

a.<br />

b) A maneira <strong>de</strong> calcular o campo <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong> é usar o princípio da<br />

superposição. Se a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> carga também preenchesse a cavida<strong>de</strong><br />

teríamos que o campo num ponto <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong> rˆ (ver figura 7.21):<br />

r r ρ<br />

E (<br />

) = rrˆ<br />

1<br />

3ε<br />

0<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR7.1) Como você po<strong>de</strong> explicar o fato do campo <strong>de</strong>vido a uma placa <strong>de</strong> carga infinita<br />

ser uniforme, tendo a mesma intensida<strong>de</strong> em todos os pontos, não importando a sua<br />

distância até a superfície carregada?<br />

PR7.2) Por que o campo elétrico <strong>de</strong> uma haste infinita carregada não é infinito se a<br />

carga também é infinita? A lei <strong>de</strong> Coulomb estaria sendo violada?<br />

Figura 7.21: Superfície <strong>de</strong> Gauss.<br />

Para incluir o efeito da cavida<strong>de</strong>, usamos o princípio da superposição, isto é,<br />

142<br />

143


AULA 8: APLICAÇÕES DA ELETROSTÁTICA<br />

ATIVIDADE 8.3<br />

OBJETIVOS<br />

• UTILIZAR OS CONCEITOS DE FORÇA ELÉTRICA, CAMPO ELÉTRICO, LEI DE COULOUM E<br />

LEI DE GAUSS PARA RESOLVER PROBLEMAS MAIS ELABORADOS DA ELETROSTÁTICA<br />

NÃO PASSE PARA A PRÓXIMA AULA SEM RESOLVER AS ATIVIDADES DESSA AULA!<br />

A figura 8.3 mostra uma seção <strong>de</strong> um tubo longo <strong>de</strong> metal. Ele possui um raio<br />

R=3,00 cm e está carregado com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga<br />

−8<br />

λ = 2,00.10 C m.<br />

Determine o módulo do campo elétrico E a uma distância radial<br />

(a) r = R 2 e (b) r = 2R<br />

. (c) Faça um gráfico <strong>de</strong> E em função <strong>de</strong> r no intervalo<br />

0 ≤ r ≤ 2R .<br />

8.1 ATIVIDADES COM APLICAÇÕES DA ELETROSTÁTICA<br />

ATIVIDADE 8.1<br />

Na figura 8.1, as linhas <strong>de</strong> campo elétrico do lado direito têm separação duas vezes<br />

menor do que no lado esquerdo. No ponto A, o campo elétrico vale 40N/C. (a) Qual<br />

é o módulo da força sobre um próton colocado em A? (b) Qual é o módulo do<br />

campo elétrico no ponto B?<br />

Figura 8.3: Seção reta <strong>de</strong> um tubo longo <strong>de</strong> metal carregado.<br />

ATIVIDADE 8.4<br />

Figura 8.1: Linhas <strong>de</strong> campo elétrico.<br />

ATIVIDADE 8.2<br />

Três partículas são mantidas fixas nos vértices <strong>de</strong> um triângulo eqüilátero, como<br />

ilustra a figura 8.2. As cargas valem q 1<br />

= q 2<br />

= + e e q3 = + 2e<br />

. A distância a=6,00<br />

µm. Determine (a) o módulo e (b) a direção do campo elétrico no ponto P.<br />

A figura 8.4 mostra dois cilindros concêntricos <strong>de</strong> raios a e b. Ambos possuem a<br />

mesma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear <strong>de</strong> carga λ. Calcule o campo elétrico no ponto P situado à<br />

distância r do eixo dos cilindros, tal que:<br />

a) r


ATIVIDADE 8.7<br />

ATIVIDADE 8.5<br />

Consi<strong>de</strong>re um disco circular <strong>de</strong> plástico <strong>de</strong> raio R carregado uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

superficial <strong>de</strong> cargas positivas σ , figura 8.6. Qual é o campo elétrico no ponto P,<br />

situado no eixo central a uma distância z do disco?<br />

Em uma placa fina, infinita, não-condutora com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong><br />

carga σ , foi aberto um pequeno furo circular <strong>de</strong> raio R. O eixo z é perpendicular à<br />

placa e está no centro do furo. Determine o campo elétrico no ponto P que está a<br />

um distância z da placa. Dica: Utilize o princípio da superposição.<br />

Figura 8.7: Furo circular numa placa.<br />

ATIVIDADE 8.8<br />

Uma pequena esfera não-condutora <strong>de</strong> massa m e carga q está pendurada em fio<br />

Figura 8.5: Disco carregado com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> cargas positivas σ .<br />

ATIVIDADE 8.6<br />

não-condutor que faz um ângulo θ com uma placa vertical, não-condutora,<br />

uniformemente carregada, figura 8.7 Consi<strong>de</strong>rando a força gravitacional a que a<br />

esfera está submetida e supondo que a placa possui uma gran<strong>de</strong> extensão, calcule<br />

a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> cargas σ da placa.<br />

Dois discos muito gran<strong>de</strong>s com a mesma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, mas com cargas <strong>de</strong><br />

sinais contrários são colocados face a face como na figura 8.6. Calcule o campo<br />

elétrico na região entre eles<br />

Figura 8.7: Ilustração da ativida<strong>de</strong> 8.8.<br />

Figura 8.6: Campo elétrico entre discos carregados<br />

146<br />

147


ATIVIDADE 8.9<br />

A figura 8.9 mostra duas esferas maciças <strong>de</strong> raio R, com distribuições uniformes <strong>de</strong><br />

cargas. O ponto P está sobre a reta que liga os centros da esferas, a uma distância<br />

R 2 do centro da esfera 1. O campo elétrico no ponto P é nulo, qual a razão entre<br />

a carga da esfera 2 e da esfera 1?<br />

Figura 8.9: Esferas maciças da ativida<strong>de</strong> 8.9<br />

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

Ativida<strong>de</strong> 8.1<br />

(a) Através da figura vemos que o campo elétrico aponta da direita para a<br />

esquerda. A força elétrica é dada por:<br />

r<br />

F = 1,6 × 10<br />

×<br />

( − 40) iˆ<br />

= 6,4 × 10 iˆ<br />

−19 −18<br />

(b) Como discutido anteriormente, o módulo da campo elétrico é proporcional à<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> campo elétrico, então o campo elétrico no ponto B vale 20<br />

N/C.<br />

.<br />

Ativida<strong>de</strong> 8.2<br />

(a) Note que as cargas q1<br />

e q2<br />

tem o mesmo módulo, por simetria po<strong>de</strong>mos concluir<br />

que sua contribuições se anulam no ponto P. A magnitu<strong>de</strong> do campo no ponto P<br />

será:<br />

r 1 2e<br />

E = =<br />

2<br />

4πε<br />

r<br />

0<br />

p<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

2e<br />

( a 2 )<br />

2<br />

= 160 N C .<br />

(b) O campo tem o mesmo sentido da linha que une a carga 3 ao ponto P.<br />

Ativida<strong>de</strong> 8.3<br />

Consi<strong>de</strong>re uma superfície cilíndrica <strong>de</strong> área A e e raio<br />

cilindro. Fazendo uso da lei <strong>de</strong> Gauss po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

r<br />

q<br />

∫ E • nˆ<br />

da = 2 π rp<br />

E = .<br />

A<br />

ε<br />

r<br />

p , concêntrico ao eixo do<br />

(a) No interior do cilindro o campo elétrico é nulo, pois não há cargas no interior da<br />

superfície gaussiana.<br />

(b) Para r p<br />

> R temos que = λ.<br />

<strong>de</strong> λ e r<br />

p<br />

temos:<br />

q Então ( r)<br />

enc<br />

0<br />

λ<br />

E = . Substituindo os valores<br />

2π<br />

r p<br />

ε 0<br />

3<br />

E = 5.99 × 10 N<br />

C.<br />

(c) O gráfico <strong>de</strong> E versus r é mostrado abaixo:<br />

148<br />

149


ada por ela é nula, o campo fora dos cilindros também será nulo.<br />

Ativida<strong>de</strong> 8.5<br />

Vamos dividir o disco em anéis concêntricos e calcular o campo elétrico no ponto P<br />

integrando sobre todos os anéis. Na figura 8.6 estão representados esses anéis. A<br />

carga do anel é dada por:<br />

dq = σ dA = σ 2π<br />

r dr,<br />

Figura 8.12: Gráfico <strong>de</strong> E versus r .<br />

O valor máximo para o campo elétrico é dado para r = 0, 030m<br />

e vale:<br />

Ativida<strong>de</strong> 8.4<br />

λ<br />

4<br />

E<br />

max<br />

= = 1,2 × 10 N C.<br />

2π<br />

rε<br />

Pela figura 8.4, po<strong>de</strong>mos ver que o campo elétrico tem direção radial.<br />

(a) Consi<strong>de</strong>remos uma superfície <strong>de</strong> Gauss cilíndrica <strong>de</strong> comprimento L e raio<br />

r p<br />

< a . Aplicando a lei <strong>de</strong> Gauss para ela, temos:<br />

r<br />

qenc<br />

∫ E • nˆ<br />

da = E (2π<br />

rp<br />

L)<br />

= = 0<br />

A<br />

porque não há carga elétrica nas regiões em que rb. Como a carga total encer<br />

Em que os índices positivo e negativo indicam as placas. A expressão do módulo do<br />

campo elétrico <strong>de</strong> cada placa é dada pela equação final da Ativida<strong>de</strong> 8.5. Nela, a<br />

coor<strong>de</strong>nada z <strong>de</strong>ve ser substituida por x, posto que o eixo paralelo ao campo agora<br />

150<br />

151


é o eixo Ox. Fazendo a conta para o campo em um ponto <strong>de</strong>ntro da região das<br />

placas, com coor<strong>de</strong>nada x, obtemos:<br />

Ativida<strong>de</strong> 8.7<br />

σ ˆ<br />

− σ σ<br />

E = i − ( −iˆ)<br />

=<br />

2ε<br />

2ε<br />

ε<br />

0<br />

A distribuição <strong>de</strong> carga neste problema é equivalente a uma placa carregada com<br />

uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga σ mais um disco circular com raio R carregado<br />

com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga − σ . O campo produziso pela placa<br />

chamaremos <strong>de</strong> E r placa<br />

e o campo produzido pelo disco <strong>de</strong> E r<br />

disco , utilizando o<br />

princípio da superposição po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

r<br />

E<br />

total<br />

r r<br />

= E + E .<br />

placa<br />

Utilizando os resultados obtidos em ativida<strong>de</strong>s anteriores, o campo será dado por:<br />

Ativida<strong>de</strong> 8.8<br />

( − σ )<br />

0<br />

disco<br />

E<br />

r ⎛ σ ⎞<br />

ˆ<br />

⎛ z ⎞<br />

1<br />

ˆ σ z<br />

= k ⎜<br />

⎟ k<br />

total ⎜<br />

⎟ +<br />

=<br />

2<br />

−<br />

2 2<br />

2<br />

⎝ ε<br />

0 ⎠ ε<br />

0 ⎝ z + R ⎠ 2ε<br />

z + R<br />

2 2<br />

0<br />

A esfera faz um ângulo θ com a placa. Estando em equilíbrio, as forças sobre a<br />

esfera <strong>de</strong>vem se anular. A figura 8.13 ilustra as forças que atuam na esfera.<br />

0<br />

kˆ.<br />

E =<br />

σ<br />

ε<br />

2 0<br />

Dividindo 8.2 por 8.1 e substituindo o valor <strong>de</strong> E temos:<br />

Ativida<strong>de</strong> 8.9<br />

.<br />

qσ<br />

2ε<br />

0mg<br />

tanθ<br />

= mg tanθ<br />

→ σ =<br />

.<br />

2ε<br />

q<br />

0<br />

O campo eletrico no interior e exterior <strong>de</strong> uma esfera carregada já foi calculado nas<br />

aulas anteriores. O campo <strong>de</strong>vido à esfera 1 é:<br />

E o campo da esfera 2 é:<br />

q1<br />

E1<br />

=<br />

3<br />

4πε<br />

R<br />

A razão entre as cargas será:<br />

1<br />

0<br />

q1<br />

r1<br />

=<br />

4πε<br />

R<br />

2<br />

2<br />

=<br />

2<br />

4πε<br />

0r<br />

4πε<br />

0<br />

R<br />

0<br />

3<br />

⎛ R ⎞ q1<br />

⎜ ⎟ =<br />

⎝ 2 ⎠ 8πε<br />

R<br />

q q<br />

E = .<br />

( 1,5 ) 2<br />

q2<br />

9<br />

= = 1,125.<br />

q 8<br />

1<br />

0<br />

2<br />

.<br />

Figura 8.13: Diagrama <strong>de</strong> forças que atuma na esfera.<br />

Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>compor a tensão na corda e aplicar a condição <strong>de</strong> equilíbrio, ∑ F r = 0 .<br />

Assim teremos:<br />

e<br />

T cos θ = mg<br />

(8.1)<br />

Tsen θ = qE.<br />

(8.2)<br />

O campo criado por uma placa já é conhecido e tem módulo:<br />

152<br />

153


UNIDADE 4<br />

ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA E POTENCIAL ELÉTRICO<br />

Nas unida<strong>de</strong>s anteriores estudamos o campo elétrico gerado por diversas<br />

distribuições <strong>de</strong> carga. No entanto, <strong>de</strong>vido à sua natureza vetorial, o cálculo <strong>de</strong><br />

torna-se complicado. Nesta unida<strong>de</strong> começaremos o estudo <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong>za<br />

escalar: o potencial elétrico, que permitirá calcular o campo elétrico <strong>de</strong> forma mais<br />

simples. Antes <strong>de</strong> discutir o conceito <strong>de</strong> Potencial faremos uma análise do trabalho<br />

realizado pela força elétrica no <strong>de</strong>slocamento das cargas e da energia potencial<br />

elétrica associada com a configuração <strong>de</strong> cargas em sistemas discretos ou<br />

contínuos. Por último, apren<strong>de</strong>remos a relação entre o campo elétrico e o potencial<br />

e discutiremos uma generalização da noção <strong>de</strong> energia eletrostática.<br />

→<br />

E<br />

154<br />

155


AULA 9: ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA<br />

Portanto, o trabalho realizado por<br />

campo gerado pela carga Q é:<br />

→<br />

F no <strong>de</strong>slocamento da carga<br />

e<br />

q<br />

o<br />

através do<br />

OBJETIVOS<br />

• DEFINIR A ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA<br />

• CALCULAR A ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA PARA DISTRIBUIÇÕES SIMPLES DE<br />

CARGAS ELÉTRICAS<br />

9.1 TRABALHO E ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA<br />

Consi<strong>de</strong>re uma carga Q situada em um ponto do espaço cujo vetor-posição<br />

relativo a um dado referencial O seja r Q<br />

. Esta carga cria um campo elétrico<br />

→<br />

E em<br />

outro ponto P do espaço, <strong>de</strong> vetor-posição r P<br />

. Uma carga q<br />

0<br />

, situada em P, sofrerá<br />

uma força elétrica<br />

F r e<br />

exercida pelo campo elétrico <strong>de</strong> Q sobre ela. A Figura 9.1<br />

mostra o referencial O, os vetores-posição r Q<br />

ao referencial, assim como o vetor-posição (<br />

carga Q.<br />

e rr P<br />

r r − P Q<br />

das duas cargas relativamente<br />

) do ponto P relativamente à<br />

B → →<br />

Qq B<br />

B<br />

o 1 Qqo<br />

dr<br />

WAB<br />

= ∫ Fe<br />

• ds = ∫ rˆ<br />

• rˆ<br />

dr =<br />

A<br />

A 2<br />

r<br />

∫A<br />

2<br />

4πε<br />

4πε<br />

r<br />

em que fizemos, para simplificar a notação, a seguinte substituição:<br />

Observe que<br />

v r r<br />

r = P<br />

−<br />

Q<br />

e<br />

o<br />

r r<br />

P<br />

−<br />

Q<br />

rˆ<br />

= r r<br />

−<br />

W<br />

AB é uma função apenas da distância entre as cargas e,<br />

portanto, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do caminho usado para calcular a integral <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> A<br />

até B. Então, po<strong>de</strong>mos concluir que a força Coulombiana é uma força<br />

conservativa.<br />

Assim, quando q<br />

o<br />

se <strong>de</strong>sloca <strong>de</strong> A até B, po<strong>de</strong>mos, associar ao trabalho realizado por<br />

→<br />

F , uma função energia potencial que só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos pontos A e B, <strong>de</strong> tal forma<br />

e<br />

que a variação da energia potencial U<br />

B<br />

− U<br />

A entre os pontos B e A seja igual ao<br />

negativo do trabalho<br />

carga <strong>de</strong> A até B:<br />

P<br />

W<br />

AB realizado pela força elétrica no <strong>de</strong>slocamento da<br />

Q<br />

o<br />

B → →<br />

Fe<br />

• ds<br />

A<br />

∫<br />

U − U = − W = −<br />

(9.2)<br />

B<br />

A<br />

Lembre-se que, no SI, a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia e trabalho é o Joule [J].<br />

AB<br />

Figura 9.1: Os vetores-posição da carga Q e do ponto P<br />

A força elétrica que a carga Q exerce sobre q<br />

0<br />

é:<br />

→ →<br />

1<br />

Fe<br />

= qo<br />

E =<br />

4πε<br />

o<br />

Qqo<br />

v r<br />

r −<br />

P<br />

Q<br />

2<br />

r r<br />

P<br />

−<br />

Q<br />

r r<br />

−<br />

P<br />

Q<br />

(9.1)<br />

EXEMPLO 9.1<br />

Na figura 9.3, suponha que uma carga<br />

q o<br />

= +4, 5 nC<br />

se <strong>de</strong>sloque em uma<br />

3<br />

região on<strong>de</strong> o campo elétrico seja dado por E = ( 2,00×<br />

10 N / C) j<br />

variação da energia potencial<br />

→<br />

∆ U quando q<br />

o<br />

vai <strong>de</strong>:<br />

(a) A para B. (b) B para C (c) A para C.<br />

ˆ . Calcule a<br />

r<br />

r P Q<br />

Essa expressão mostra que a força elétrica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas da distância<br />

r − entre as cargas e está sempre dirigida ao longo da linha que as une.<br />

157<br />

156


OB<br />

cosθ<br />

= = AB<br />

3<br />

2 2<br />

2 + 3<br />

=<br />

3<br />

= 0.83<br />

13<br />

Então:<br />

U<br />

B<br />

−U<br />

A<br />

= −W<br />

AB<br />

= −<br />

-9<br />

3<br />

−2<br />

2 2<br />

−2<br />

2<br />

( 4,5×<br />

10 C)( 2,0×<br />

10 N/C) ( 0,83) ( 2,0 × 10 m ) + ( 3,0 × 10 m ) 2<br />

U B<br />

−U<br />

A<br />

= − 2,7 × 10<br />

-7<br />

J<br />

Figura 9.3<br />

b) Quando q<br />

o<br />

se <strong>de</strong>sloca <strong>de</strong> B para C o trabalho realizado pela força elétrica é<br />

Solução:<br />

Para todos os casos a variação da energia potencial entre os pontos assinalados<br />

po<strong>de</strong> ser obtida através do trabalho realizado pela força elétrica ao <strong>de</strong>slocar<br />

entre os dois pontos. Portanto:<br />

→ →<br />

Como F = q E<br />

e o<br />

,<br />

a) para a trajetória <strong>de</strong> A para B,<br />

W<br />

∫<br />

= B AB A o<br />

W<br />

AB<br />

W<br />

W<br />

→<br />

3<br />

q (2,0 × 10 N/C) ĵ•<br />

ds<br />

3<br />

= q (2,0 × 10 N/C)<br />

o<br />

∫<br />

B<br />

A<br />

→<br />

ĵ•<br />

ds<br />

B → →<br />

AB = ∫ Fe<br />

• ds<br />

A<br />

B<br />

= ∫ q<br />

AB A<br />

o<br />

• →<br />

→ →<br />

•<br />

Observe atentamente pela figura que ( ) θ<br />

→ →<br />

E e ds .<br />

Mas:<br />

W<br />

AB<br />

WAB<br />

3<br />

= q (2,0×<br />

10 N/C)<br />

o<br />

= (4,5×<br />

10<br />

-9<br />

∫<br />

B<br />

A<br />

cosθ<br />

ds<br />

3<br />

C) (2,0×<br />

10 C) cosθ<br />

E<br />

ds<br />

q<br />

o<br />

ĵ ds = ds cos , on<strong>de</strong> θ é o ângulo entre<br />

∫<br />

B<br />

A<br />

ds<br />

dado por<br />

C<br />

BC = ∫ qo<br />

B<br />

W<br />

W<br />

∫<br />

= C BC o<br />

B<br />

W<br />

BC<br />

→ →<br />

•<br />

E<br />

ds<br />

→<br />

3<br />

3<br />

q (2,0 × 10 N/C) ĵ•<br />

ds = q (2,0 × 10 N/C)<br />

3<br />

= q (2,0×<br />

10 N/C)<br />

o<br />

∫<br />

C<br />

B<br />

cosφ<br />

ds<br />

on<strong>de</strong>, para este caso, φ é o ângulo entre<br />

o<br />

→<br />

E e<br />

∫<br />

C<br />

B<br />

→<br />

ĵ•<br />

ds<br />

figura 9.3. Lembre que é sempre o menor ângulo entre os vetores<br />

-9<br />

3<br />

W = (4,5×<br />

10 C)(2,0×<br />

10 N/C) cos φ<br />

BC<br />

W<br />

BC<br />

=<br />

∫<br />

C<br />

B<br />

ds<br />

-9<br />

3<br />

o<br />

(4,5 × 10 C) (2,0 × 10 N/C) cos135 ×<br />

−7<br />

W BC<br />

= −2,6<br />

× 10<br />

U<br />

C<br />

c) O vetor<br />

−U<br />

B<br />

= −W<br />

BC<br />

J<br />

= + 2,6×<br />

10<br />

-5<br />

J<br />

→<br />

ds . I<strong>de</strong>ntifique esse ângulo na<br />

-2 2<br />

( 4,2 10 m )<br />

→<br />

E e ds<br />

r . Então:<br />

→<br />

→<br />

E é perpendicular ao vetor ds em qualquer ponto da trajetória e <strong>de</strong>sse<br />

modo o trabalho realizado pela força elétrica <strong>de</strong> A para C é nulo. Em outras<br />

palavras, a diferença <strong>de</strong> energia potencial elétrica entre C e A é nula.<br />

W<br />

C → →<br />

= ∫ q E • ds<br />

AC A<br />

o<br />

-9<br />

3<br />

W = (4,5×<br />

10 C) (2,0×<br />

10 N/C) cos β ds<br />

AC<br />

∫<br />

C<br />

A<br />

158<br />

159


sendo β o ângulo entre<br />

W<br />

AC<br />

W<br />

AC<br />

U<br />

C<br />

= (4,5×<br />

10<br />

= 0<br />

− U<br />

A<br />

= 0<br />

-9<br />

→<br />

E e<br />

→<br />

ds quando<br />

3<br />

C) (2,0×<br />

10 N/C) cos 90<br />

q<br />

o<br />

se <strong>de</strong>sloca <strong>de</strong> A para C. Então:<br />

o<br />

∫<br />

ATIVIDADE 9.1<br />

No Exemplo 9.1, verifique se o trabalho realizado pela força no <strong>de</strong>slocamento da<br />

carga <strong>de</strong> A até B, passando pelo ponto O, dá o mesmo valor que foi calculado no<br />

Exemplo.<br />

C<br />

A<br />

ds<br />

nível <strong>de</strong> energia potencial, teremos uma energia potencial infinita.<br />

→<br />

Como a força F é a força que atua entre duas cargas, a energia potencial é<br />

e<br />

uma função do conjunto das cargas. Assim, não é correto falarmos em energia<br />

potencial <strong>de</strong> uma carga apenas. Entretanto, quando tratamos <strong>de</strong> carga elétrica<br />

em um campo elétrico (o qual é gerado por uma ou várias outras cargas), po<strong>de</strong>mos<br />

falar na energia potencial <strong>de</strong> uma carga (por exemplo,<br />

q<br />

o<br />

) em um ponto P do<br />

campo elétrico, em relação a um dado nível <strong>de</strong> energia potencial. Fica, então,<br />

subentendido que a energia potencial é do sistema constituído pela carga<br />

outras que geram o campo no qual está q<br />

o<br />

.<br />

q<br />

o<br />

e as<br />

Tomando a energia potencial em um ponto A, U<br />

A<br />

= 0 , para um ponto P<br />

qualquer po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

U<br />

P → →<br />

P = − qo<br />

∫ E • ds<br />

A<br />

(9.4)<br />

PENSE E RESPONDA<br />

r<br />

−3<br />

O que aconteceria com U<br />

B<br />

− U<br />

A e W<br />

AB se E = −2,0<br />

× 10 ˆj<br />

N/C?<br />

9.2 ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA DE DUAS CARGAS PONTUAIS<br />

Para obter a energia potencial elétrica <strong>de</strong> um sistema constituído por uma<br />

carga Q <strong>de</strong> vetor-posição r Q<br />

e <strong>de</strong> outra<br />

q<br />

o<br />

, <strong>de</strong> vetor-posição r 0<br />

, ambos referidos a<br />

9.1.1 NÍVEL ZERO DE ENERGIA POTENCIAL<br />

A equação 9-2 nos mostra que não <strong>de</strong>finimos energia potencial em termos<br />

absolutos, mas apenas a diferença <strong>de</strong> energia potencial entre dois pontos <strong>de</strong><br />

um campo elétrico. Por causa disso, costumamos escolher um ponto do campo e<br />

estabelecer arbitrariamente que, nele, a energia potencial é zero. Este ponto é<br />

chamado <strong>de</strong> nível zero <strong>de</strong> energia potencial. Assim, a diferença <strong>de</strong> energia<br />

potencial entre qualquer ponto P do campo e o nível (por exemplo, o ponto A) é<br />

numericamente igual à energia potencial no ponto P. Então:<br />

U − 0 = − W<br />

P<br />

AP<br />

= −<br />

P → →<br />

Fe<br />

• ds<br />

A<br />

∫<br />

(9.3)<br />

O nível zero <strong>de</strong> energia potencial é escolhido, geralmente, no ponto<br />

em que a força é nula. No caso da força elétrica exercida por uma carga ou<br />

distribuição discreta <strong>de</strong> cargas, o nível é um ponto situado a uma distância infinita<br />

da carga sobre a qual a força atua. Devemos, entretanto, ter cuidado com o caso<br />

<strong>de</strong> uma distribuição infinita <strong>de</strong> cargas. Nesse caso, se escolhermos o infinito como<br />

um mesmo referencial O, temos que lembrar que o vetor campo elétrico para uma<br />

distribuição discreta <strong>de</strong> cargas é dado por:<br />

→<br />

E =<br />

1<br />

4πε<br />

De acordo com a equação 9.3, e fazendo:<br />

r<br />

temos que: ds<br />

= rˆ<br />

dr e:<br />

U<br />

r r<br />

=<br />

P<br />

U<br />

= −q<br />

P<br />

r<br />

o<br />

Q<br />

r r<br />

−<br />

0<br />

− rQ<br />

e rˆ<br />

∫<br />

o<br />

∞<br />

P →<br />

→<br />

0<br />

E • ds = −q<br />

r<br />

o<br />

Q<br />

1<br />

4πε<br />

2<br />

o<br />

r r<br />

0<br />

−<br />

r r<br />

−<br />

0<br />

Q<br />

Q<br />

r r<br />

0<br />

−<br />

= r r<br />

−<br />

∫<br />

r<br />

∞<br />

0<br />

Q<br />

Q<br />

Q<br />

rˆ<br />

• rˆ<br />

dr<br />

2<br />

r<br />

Qqo<br />

1 Qqo<br />

⎛ 1 1 ⎞<br />

= − − = − ⎜ − + ⎟<br />

4πε<br />

r 4πε<br />

⎝ r ∞ ⎠<br />

o<br />

∞<br />

o<br />

160<br />

161


Então:<br />

Colocando uma terceira carga q<br />

3<br />

próxima <strong>de</strong>ssa distribuição, ela irá interagir<br />

U<br />

P<br />

1 Qq<br />

=<br />

4πε<br />

r<br />

o<br />

o<br />

1<br />

=<br />

4πε<br />

o<br />

Qq<br />

o<br />

r − r<br />

0<br />

Q<br />

(9.5)<br />

com as cargas q<br />

1<br />

e q<br />

2<br />

. As energias potenciais dos sistemas constituídos por q<br />

1<br />

e<br />

q<br />

3<br />

e por q<br />

2<br />

e q<br />

3<br />

são respectivamente:<br />

A equação 9.5 nos dá a energia potencial elétrica <strong>de</strong> duas cargas Q e<br />

separadas por uma distância r<br />

r r = − 0<br />

. Não fizemos nenhuma restrição aos sinais<br />

Q<br />

qo<br />

U<br />

1<br />

q q<br />

1 3<br />

13<br />

= r r<br />

e<br />

4 πε<br />

o<br />

3 − 1'<br />

U<br />

23<br />

1<br />

=<br />

4 πε<br />

o<br />

q2q3<br />

r r<br />

− 3<br />

2'<br />

das cargas. Se uma <strong>de</strong>las for negativa a energia potencial <strong>de</strong>sse sistema será<br />

negativa e se ambas forem positivas, a energia potencial será positiva, como é<br />

possível ver pela equação 9.5.<br />

9.3 ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA DE VÁRIAS CARGAS PONTUAIS<br />

Consi<strong>de</strong>re um sistema constituído <strong>de</strong> duas cargas q<br />

1 e q<br />

2 , separadas por<br />

r r<br />

uma distância<br />

2 −<br />

1 ' , como mostra a figura 9.5. Sabemos que a energia potencial<br />

elétrica <strong>de</strong>sse sistema é dada pela equação 9.5, tomando U = 0 quando as cargas<br />

estão separadas por uma distância infinitamente gran<strong>de</strong>. Ou seja,<br />

U<br />

12<br />

1<br />

=<br />

4 πε<br />

o<br />

q1q2<br />

r r<br />

− 2<br />

1'<br />

ou:<br />

Então a energia potencial total do sistema constituído das três cargas será:<br />

U =<br />

1<br />

4πε<br />

o<br />

2<br />

U = U +<br />

q1q2<br />

r r +<br />

−<br />

1'<br />

12<br />

+ U13<br />

U<br />

23<br />

1<br />

4πε<br />

o<br />

q1q3<br />

r r +<br />

−<br />

3<br />

1'<br />

1<br />

4πε<br />

o<br />

q2q3<br />

r r<br />

−<br />

Po<strong>de</strong>mos aplicar esse raciocínio para sistemas com mais <strong>de</strong> três cargas.<br />

Assim, a energia potencial <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> várias cargas em um ponto P do<br />

espaço, cada uma <strong>de</strong>las gerando um campo elétrico neste ponto, é a soma das<br />

energias potenciais associadas a cada carga<br />

ponto:<br />

q<br />

i<br />

e uma carga<br />

3<br />

2'<br />

q<br />

j<br />

colocada neste<br />

U =<br />

1<br />

4πε<br />

N<br />

∑<br />

qi<br />

q<br />

j<br />

r r<br />

o i < j rj<br />

− ri<br />

(9-6)<br />

on<strong>de</strong><br />

r r − j é a distância entre a carga i<br />

i<br />

q e a j-ésima carga. Para não contarmos<br />

duas vezes as interações entre duas cargas e como não existe energia potencial <strong>de</strong><br />

um sistema constituído <strong>de</strong> uma carga apenas, fizemos na soma da equação 9.5,<br />

i < j . Note que aqui também adotamos para o sistema <strong>de</strong> N cargas U = 0 quando<br />

r = ∞ .<br />

i<br />

EXEMPLO 9.2<br />

r r − 2 Figura 9.5: Duas cargas pontuais q<br />

1 e q2<br />

estão separadas por uma distância 1<br />

; uma<br />

terceira carga q<br />

3 é colocada próximo das outras duas, separada <strong>de</strong> q<br />

1 por uma distância<br />

r r<br />

r<br />

3 − 1' e <strong>de</strong> q<br />

2 , por r 3 2<br />

Duas cargas pontuais positivas<br />

q o<br />

= 6,0µC<br />

e q<br />

1<br />

= 4,0µ<br />

C estão no<br />

plano xy e possuem coor<strong>de</strong>nadas (0,0<br />

cm; 0,0 cm) e (8,0 cm; 0,0 cm),<br />

respectivamente. Uma carga também Figura 9.6<br />

r − . 163<br />

162


pontual e negativa q<br />

2<br />

= −5,0µ<br />

C é trazida lentamente e com velocida<strong>de</strong> constante<br />

do infinito até a o ponto P com coor<strong>de</strong>nadas (12 cm; 0 cm). Calcule a energia<br />

potencial elétrica do sistema formado pelas três cargas.<br />

Resolução:<br />

A energia potencial das três cargas é dada pela equação 9.5:<br />

U =<br />

1<br />

4πε<br />

o<br />

qoq1<br />

r r<br />

−<br />

1<br />

0'<br />

+<br />

1<br />

4πε<br />

o<br />

qoq2<br />

r r<br />

−<br />

On<strong>de</strong> r ij<br />

é a distância entre a carga<br />

2<br />

0'<br />

+<br />

1<br />

4πε<br />

o<br />

q1q2<br />

r r<br />

−<br />

2<br />

1'<br />

q<br />

i<br />

e a carga<br />

q<br />

j<br />

. Então:<br />

−6<br />

−6<br />

−6<br />

−6<br />

−6<br />

−6<br />

( 6,0 × 10 C)( 4,0 × 10 C) ( 6,0 × 10 C)( −5,0<br />

× 10 C) ( 4,0 × 10 C)( −5,0<br />

× 10 C)<br />

1 ⎛<br />

U = ⎜<br />

+<br />

+<br />

−2<br />

−2<br />

−2<br />

4πε<br />

o ⎝ 8,0 × 10 m<br />

12×<br />

10 m<br />

4,0 × 10 m<br />

Então:<br />

U = −4, 0J<br />

Três cargas pontuais<br />

<strong>de</strong> um triângulo eqüilátero <strong>de</strong> lado<br />

do sistema formado pelas três cargas.<br />

ATIVIDADE 9.2<br />

q = 1<br />

9, 4 mC , q −5, 2 mC<br />

2<br />

= e q3 = 6, 0 mC estão nos vértices<br />

l = 3, 0 mm. Calcule a energia potencial elétrica<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

Figura 9.7: Dipolo elétrico em um campo elétrico<br />

O campo elétrico exerce uma força elétrica sobre cada carga do dipolo como<br />

mostrado na figura. Essas forças são iguais e <strong>de</strong> sentidos contrários, <strong>de</strong> modo que a<br />

força elétrica resultante sobre o dipolo é nula. Entretanto, porque não possuem a<br />

mesma linha <strong>de</strong> ação, elas exercem um torque sobre o dipolo, <strong>de</strong> modo que o<br />

torque total é:<br />

r r r r r<br />

τ = a × F F<br />

+<br />

+ a ×<br />

Em que a r é o vetor-posição da carga (positiva ou negativa) relativamente ao ponto<br />

r r<br />

O. Como a força elétrica que atua nas cargas é F = q E , o módulo do torque é,<br />

então:<br />

r<br />

τ a F senθ<br />

+ a F senθ<br />

= a q E senθ<br />

= p senθ<br />

=<br />

+ −<br />

2<br />

porque ambos os torques têm a direção perpendicular à folha <strong>de</strong> papel e o sentido<br />

para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la. Nessa equação, usamos a notação<br />

−<br />

p = 2aq. Consi<strong>de</strong>rando que o<br />

vetor momento <strong>de</strong> dipolo p r está dirigido da carga negativa para a positiva, a<br />

ATIVIDADE 9.3<br />

Nos vértices <strong>de</strong> um quadrado <strong>de</strong> lado l estão quatro cargas<br />

q<br />

1<br />

= + e , q2 = + 5e<br />

,<br />

q3 = −e e q = 2e<br />

. Obtenha a energia potencial elétrica <strong>de</strong>ssa configuração <strong>de</strong><br />

cargas.<br />

4<br />

−<br />

9.4 DIPOLO ELÉTRICO EM UM CAMPO ELÉTRICO<br />

Consi<strong>de</strong>remos um dipolo elétrico colocado em um campo elétrico uniforme (Figura<br />

9.7) <strong>de</strong> modo tal que o momento <strong>de</strong> dipolo p r faça um ângulo θ com o sentido do<br />

campo.<br />

equação vetorial do torque fica:<br />

r r<br />

τ = p×<br />

E<br />

r<br />

Quando um dipolo está em um campo magnético, por causa do torque exercido<br />

pela força elétrica sobre ele, é preciso realizar um trabalho externo para mudar sua<br />

orientação relativa ao campo. O trabalho realizado pelo torque para variar a<br />

orientação <strong>de</strong> um ângulo θ<br />

0<br />

a outro θ , é:<br />

θ<br />

W = ∫ τ dθ<br />

= ∫ p E senθ<br />

dθ<br />

= p E∫<br />

θ0<br />

θ<br />

θ0 θ0<br />

θ<br />

θ<br />

sen θ dθ<br />

= p E − cosθ<br />

= − p E (cosθ<br />

− cosθ<br />

0<br />

)<br />

A este trabalho, po<strong>de</strong>mos associar uma energia potencial. Escolhendo o nível zero<br />

na posição θ<br />

0<br />

= π / 2 , po<strong>de</strong>mos escrever que:<br />

r r<br />

U = − p E cos θ = − p • E<br />

(9.7)<br />

θ0<br />

164<br />

165


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 9.1<br />

RESPOSTA COMENTADA:<br />

O trabalho<br />

então, po<strong>de</strong>mos obter<br />

W<br />

AB<br />

é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da trajetória, pois a força elétrica é conservativa,<br />

∆ U a partir <strong>de</strong> qualquer trajetória, por exemplo, a trajetória<br />

do ponto A até o ponto O (origem do sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas) e do ponto O para o<br />

ponto B.<br />

W<br />

AB<br />

= W<br />

AO<br />

+ W<br />

OB<br />

⇒ W<br />

Observe que quando<br />

ao vetor<br />

AB<br />

=<br />

∫<br />

O<br />

A<br />

o<br />

→<br />

→<br />

∫<br />

q E • ds +<br />

B<br />

O<br />

→ →<br />

q E • ds<br />

o<br />

q<br />

o<br />

vai do ponto A para o ponto O, o vetor<br />

→<br />

E é perpendicular<br />

→<br />

o<br />

ds , ou seja, θ<br />

1<br />

= 90 e, por isso, o trabalho realizado pela força elétrica<br />

nesse percurso é nulo. Com efeito:<br />

W<br />

O → →<br />

AO = ∫ qo<br />

E • ds<br />

A<br />

3<br />

W = q (2,0×<br />

10 N/C) cosθ<br />

1<br />

ds<br />

AO<br />

o<br />

3<br />

W = q (2,0×<br />

10 N/C) cos90º<br />

AO<br />

W AO<br />

= 0<br />

o<br />

∫<br />

B<br />

A<br />

∫<br />

B<br />

A<br />

ds<br />

O trabalho no <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> O até B é:<br />

W<br />

B → →<br />

= ∫ q E • ds<br />

OB O<br />

o<br />

Como W = W + W ,<br />

AB<br />

AO<br />

−7<br />

W AB<br />

= 0 + 2,7 × 10<br />

−7<br />

W AB<br />

= 2,7 × 10<br />

E então<br />

efetuado por<br />

J<br />

J<br />

OB<br />

-7<br />

∆U = − 2,7×<br />

10 J . Esse resultado po<strong>de</strong> ser obtido para qualquer trajeto<br />

q<br />

o<br />

quando ela se <strong>de</strong>sloca do ponto A para o ponto B. Lembre que a<br />

força elétrica é uma força conservativa!<br />

ATIVIDADE 9.2<br />

RESPOSTA COMENTADA:<br />

Para as cargas nos vértices do triangulo equilátero, po<strong>de</strong>mos utilizar a<br />

equação 9.5, po<strong>de</strong>mos obter a energia potencial elétrica <strong>de</strong>ssa distribuição <strong>de</strong><br />

cargas. Como as distâncias entre cada uma das cargas é l , temos:<br />

U =<br />

1<br />

4πε<br />

⎛ q<br />

⎜<br />

⎝<br />

o<br />

1 1<br />

U =<br />

4 πε l<br />

1q<br />

l<br />

2<br />

q1q<br />

+<br />

l<br />

3<br />

q2q<br />

+<br />

l<br />

3<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

( q q + q q + q q )<br />

1 2<br />

Substituindo os valores<br />

teremos:<br />

U = −7 ,1 × 10<br />

ATIVIDADE 9.3<br />

o<br />

1 3<br />

RESPOSTA COMENTADA:<br />

7<br />

J<br />

2<br />

3<br />

q = 1<br />

9, 4mC<br />

, q −5, 2mC<br />

2<br />

= , q3 = 6, 0mC<br />

e l = 3, 0mm,<br />

3<br />

W = q (2,0×<br />

10 N/C) cosθ<br />

2<br />

ds<br />

OB<br />

o<br />

3<br />

W = q (2,0×<br />

10 N/C) cos0<br />

OB<br />

o<br />

∫<br />

B<br />

O<br />

Atente para a figura e perceba que, nesse caso, θ = 2<br />

0 .<br />

W OB<br />

=<br />

o<br />

∫<br />

B<br />

O<br />

ds<br />

9<br />

3<br />

-2 2<br />

( 4 ,5×<br />

10<br />

− C) ( 2,0x10 N/C) ( 3,0 × 10 m )<br />

W<br />

OB<br />

= 2,7 × 10<br />

-7<br />

J<br />

Figura 9.8<br />

De acordo com a figura 9.8, para as quatro cargas nos vértices do quadrado<br />

166<br />

167


temos:<br />

1 ⎛ q1q<br />

U = ⎜<br />

4πε<br />

o ⎝ l<br />

Então:<br />

U<br />

= −<br />

2<br />

q1q3<br />

q1q<br />

+ +<br />

l 2 l<br />

4<br />

q2q<br />

+<br />

l<br />

( e)( − e)<br />

3<br />

q2q4<br />

q3q<br />

+ +<br />

l 2 l<br />

4<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

( 5e)( − 2e)<br />

1 1⎛<br />

U = ⎜( e)( 5e)<br />

+ + ( e)( − 2e) + ( 5e)( − e)<br />

+ + e<br />

4πε<br />

o<br />

l ⎝<br />

2<br />

2<br />

1<br />

4πε<br />

o<br />

2<br />

2<br />

11 2 e 11 2 e<br />

= −<br />

2 l 8πε<br />

l<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

o<br />

⎞<br />

( − e)( − 2 )⎟<br />

⎠<br />

E9.1) Uma gotícula em suspensão está carregada com uma carga q = 2,3 nC.<br />

Partindo do repouso em A ela é acelerada <strong>de</strong>vido ao campo elétrico da Terra que<br />

aponta para o seu centro, sendo a força gravitacional sobre a partícula <strong>de</strong>sprezível.<br />

Após <strong>de</strong>slocar 3,0 cm e chegar em B a gotícula adquire energia cinética igual a<br />

1,04x10 -8 J. Determine:<br />

a) O trabalho realizado sobre a partícula.<br />

b) A diferença <strong>de</strong> energia potencial elétrica entre os pontos A e B.<br />

b) x = 1,5 cm; y = 1,5 cm.<br />

c) x = 0; y = 3,0 cm.<br />

E9.5) Duas cargas q 1 = 5,3 nC e q 2 = 6,5 nC estão no plano xy com<br />

coor<strong>de</strong>nadas (0,0 cm; 00 cm) e (0,0 cm; 3,0 cm), respectivamente.<br />

Determine o vetor campo elétrico e a energia potencial elétrica nas posições:<br />

a) x = 6,0 cm; y = 0,0 cm.<br />

b) x = 3,5 cm; y = 0,0 cm.<br />

c) x = 0; y = 2,0 cm.<br />

E9.6) Uma carga pontual positiva com carga igual a q = 2,5 µC está na<br />

origem. Consi<strong>de</strong>re três pontos A, B e C com coor<strong>de</strong>nadas x A = 0,50 m, y A = 0;<br />

x B = -1,0 m, y B = 0; x C = 0, y C = 1,5 m, respectivamente. Determine a<br />

diferença <strong>de</strong> energia potencial elétrica:<br />

a) entre os pontos A e B.<br />

b) entre os pontos A e C.<br />

c) entre os pontos B e C.<br />

E9.2) Coloca-se uma carga q entre duas placas metálicas, paralelas e carregadas<br />

com cargas Q =1,5 nC e Q = - 1,5 nC.<br />

a) Calcule o trabalho realizado pela força elétrica quando a carga q se<br />

<strong>de</strong>sloca do ponto A para o ponto B, do ponto A para o ponto C e do ponto<br />

A para o ponto D.<br />

b) Obtenha a diferença <strong>de</strong> energia potencial U AB entre os pontos A e B, U AC<br />

entre os pontos A e C e U AD entre os pontos A e D.<br />

E9.3) Determine a diferença <strong>de</strong> energia potencial elétrica entre duas placas infinitas<br />

carregadas com cargas <strong>de</strong> sinais opostos e <strong>de</strong> mesmo valor com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

superficial <strong>de</strong> carga σ = 10,6 µC separadas entre si por uma distância <strong>de</strong> 1,00 mm.<br />

E9.4) Uma carga q = 4,3 nC está na origem do sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas<br />

cartesianas. Determine o campo elétrico E e a energia potencial elétrica nas<br />

posições:<br />

a) x = 3,0 cm; y = 0.<br />

168<br />

169


AULA 10 POTENCIAL ELÉTRICO<br />

OBJETIVOS<br />

DEFINIR POTENCIAL ELÉTRICO<br />

OBTER O POTENCIAL ELÉTRICO DE SISTEMAS COM VÁRIAS CARGAS ELÉTRICAS<br />

A equação (10.1) po<strong>de</strong> ser escrita em termos do campo elétrico. Com efeito, <strong>de</strong>sta<br />

equação vem:<br />

V<br />

BA<br />

W<br />

= −<br />

q<br />

AB<br />

o<br />

1<br />

= −<br />

q<br />

o<br />

∫<br />

B<br />

A<br />

r r<br />

q E • ds<br />

o<br />

10.1 O POTENCIAL ELÉTRICO<br />

ou:<br />

V<br />

BA<br />

B r r<br />

=−∫ E • ds<br />

A<br />

(10.2)<br />

Na aula anterior <strong>de</strong>finimos a energia potencial elétrica em um ponto P do<br />

espaço. Contudo, ela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das cargas que geram o campo elétrico bem como<br />

da carga<br />

<strong>de</strong><br />

q<br />

o que sofre a ação do campo nesse ponto. Para eliminar a <strong>de</strong>pendência<br />

q<br />

o e especificar diretamente o campo elétrico em P, introduzimos uma nova<br />

gran<strong>de</strong>za, chamada potencial elétrico.<br />

A diferença <strong>de</strong> potencial elétrico<br />

V<br />

BA<br />

, entre dois pontos B e A <strong>de</strong> um campo<br />

elétrico é <strong>de</strong>finida como a diferença <strong>de</strong> energia potencial elétrica<br />

<strong>de</strong> carga<br />

q<br />

o entre estes dois pontos; ou seja:<br />

V<br />

V<br />

U −U<br />

W<br />

= −<br />

∆ U por unida<strong>de</strong><br />

B A AB<br />

B<br />

−<br />

A<br />

=<br />

(10.1)<br />

qo<br />

qo<br />

Se o nível zero <strong>de</strong> potencial for tomado no ponto A, a equação acima nos mostra<br />

que o potencial no ponto B (relativo ao ponto A) é:<br />

B r r<br />

V = −∫ E • ds<br />

10.2 POTENCIAL ELÉTRICO DE UMA CARGA PUNTIFORME<br />

B<br />

A<br />

Consi<strong>de</strong>remos uma carga Q situada em um ponto do espaço cujo vetorposição<br />

relativo a um dado referencial O é<br />

r Q<br />

. O potencial em outro ponto P do<br />

espaço, <strong>de</strong> vetor-posição r P<br />

, é dado, em relação ao infinito, por:<br />

Tal como no caso da energia potencial, não <strong>de</strong>finimos potencial em<br />

termos absolutos; apenas a diferença <strong>de</strong> potencial entre dois pontos B e A.<br />

Essa diferença será numericamente igual ao potencial em um ponto B se,<br />

arbitrariamente, consi<strong>de</strong>rarmos o ponto A como nível zero <strong>de</strong> potencial, no qual o<br />

potencial é tomado arbitrariamente como nulo. Como na energia potencial, o nível<br />

normalmente é tomado a uma distância infinita das cargas que geram o campo<br />

elétrico.<br />

É preciso, mais uma vez, tomar um cuidado especial com o caso <strong>de</strong><br />

distribuições infinitas <strong>de</strong> cargas. Nessas situações, se escolhermos o infinito como<br />

nível <strong>de</strong> potencial, obteremos um potencial infinito; então, a possibilida<strong>de</strong> mais<br />

conveniente é escolher o nível zero <strong>de</strong> potencial coinci<strong>de</strong>nte com a origem do<br />

sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas e situada na distribuição <strong>de</strong> cargas.<br />

No SI a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> potencial elétrico é o Joule por Coulomb, que<br />

recebe o nome <strong>de</strong> Volt em homenagem a Alessandro Volta (1745 - 1827),<br />

inventor da pilha <strong>de</strong> Volta.<br />

Então: 1 Volt = 1 Joule/1 Coulomb.<br />

V =<br />

U<br />

q<br />

o<br />

=<br />

1<br />

4π ε<br />

o<br />

Q<br />

r r<br />

−<br />

P<br />

Q<br />

(10.3)<br />

r r r<br />

Note que o vetor = P<br />

−<br />

Q<br />

é o vetor-posição do ponto P<br />

relativamente à carga Q; seu módulo é igual à distância entre a carga Q e o<br />

ponto P. Essa distância in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do referencial usado para especificar os<br />

vetores-posição da carga Q e do ponto P. Este fato é que simplifica<br />

enormemente o problema <strong>de</strong> especificarmos o campo elétrico em um ponto<br />

através do potencial.<br />

que:<br />

Se escolhermos o referencial na carga que gera o campo, po<strong>de</strong>mos escrever<br />

U 1 Q 1 Q<br />

V = = r ≡<br />

(10.4)<br />

q 4π ε<br />

4π<br />

ε r<br />

10.3 POTENCIAL ELÉTRICO DE VÁRIAS CARGAS<br />

o<br />

o<br />

o<br />

170<br />

171


O potencial em um ponto P, <strong>de</strong> vetor-posição r P<br />

em relação a um dado<br />

referencial, em um campo elétrico gerado por várias cargas q i <strong>de</strong> vetores-posição r i<br />

em relação ao mesmo referencial, é a soma algébrica dos potenciais <strong>de</strong>vido a cada<br />

uma das cargas separadamente:<br />

V<br />

1<br />

4<br />

q<br />

N<br />

i<br />

= ∑ r r<br />

(10.5)<br />

πε<br />

0 i=1<br />

P −<br />

i<br />

Você nem precisaria resolver o problema algebricamente. Note que as distâncias<br />

das cargas ao centro do quadrado são as mesmas. Como as cargas estão<br />

distribuídas simetricamente (em posição e sinal) relativamente ao centro, o<br />

potencial tem que ser zero.<br />

ATIVIDADE 10.1<br />

ou, em termos da distância entre as cargas e o ponto P:<br />

V ≡<br />

1<br />

4πε<br />

N<br />

∑<br />

0 i=1<br />

qi<br />

r<br />

EXEMPLO 10.1<br />

i<br />

(10.6)<br />

Três cargas q<br />

1<br />

= + e , q2 = −e<br />

e q3 = + 2e<br />

em que e é a carga do elétron, estão<br />

nos vértices <strong>de</strong> um retângulo <strong>de</strong><br />

dimensões (10x20) cm como mostra a<br />

figura 10.2. Determine o potencial<br />

elétrico no ponto P. Figura 10.2<br />

A figura 10.1 mostra quatro cargas q<br />

1<br />

= q2<br />

= q3<br />

= q4<br />

= 1,0 µ C , nos vértices <strong>de</strong> um<br />

quadrado <strong>de</strong> lado um quadrado <strong>de</strong> lado<br />

a = 4, 2 cm . Determine o potencial elétrico<br />

ATIVIDADE 10.2<br />

no centro C do quadrado.<br />

Figura 10-1:Potencial no centro do quadrado<br />

Solução: Para obter o potencial eletrico no centro C do quadrado, utilizamos a<br />

equação 10.6. Escolhendo como referencial o centro do quadrado, temos que<br />

r r r r<br />

= 0 e P<br />

−<br />

q<br />

=<br />

i<br />

. Então:<br />

P<br />

V =<br />

1<br />

4πε<br />

4<br />

∑<br />

qi<br />

,<br />

r<br />

0 i=1<br />

i<br />

⎛<br />

1 ⎜ + q + q − q<br />

V = ⎜ + + +<br />

4πε<br />

a 2 a 2 a 2<br />

⎝ 2 2 2<br />

0 a<br />

V = 0<br />

− q<br />

2<br />

2<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎟<br />

⎠<br />

Três partículas carregadas<br />

q<br />

1<br />

= +e , q2 = + 2e<br />

e q3 = −e<br />

estão nos<br />

vértices <strong>de</strong> um triângulo retângulo com<br />

catetos <strong>de</strong> lados l = 1<br />

2, 0cm<br />

e<br />

l2 = 2, 0cm (veja a figura 10.3).<br />

Determine o potencial elétrico <strong>de</strong>sse<br />

sistema nos pontos P 1 e P 2 (ponto médio<br />

da hipotenusa).<br />

10.2.1. POTENCIAL ELÉTRICO DE UM DIPOLO ELÉTRICO<br />

Figura 10.3<br />

Consi<strong>de</strong>remos um dipolo elétrico conforme mostra a Figura 10-4. Sejam: r +<br />

o vetor-posição da carga positiva relativamente à origem O do sistema <strong>de</strong><br />

coor<strong>de</strong>nadas; r −<br />

o vetor-posição da carga negativa e r o vetor-posição do ponto P<br />

on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejamos calcular o potencial elétrico.<br />

O potencial elétrico em P é a soma algébrica dos potenciais produzidos pelas duas<br />

cargas:<br />

172<br />

173


V ( r)<br />

=<br />

1<br />

4πε<br />

q<br />

r<br />

−<br />

1<br />

4πε<br />

q<br />

r<br />

=<br />

0 +<br />

0 −<br />

4<br />

q r−<br />

− r<br />

πε r r<br />

0<br />

−<br />

+<br />

+<br />

(10.7)<br />

Como<br />

obtendo:<br />

r >> a , po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>senvolver a raiz quadrada pelo teorema binomial,<br />

⎡ 1 2a<br />

cosθ ⎤ ⎡ a cosθ ⎤<br />

r+<br />

≅ r ⎢1<br />

− ⎥ ≅ r ⎢1<br />

−<br />

⎣ 2 r ⎦ ⎣ r ⎥<br />

⎦<br />

⎡ 1 2a<br />

cosθ ⎤ ⎡ a cosθ ⎤<br />

r−<br />

≅ r ⎢1<br />

+ ⎥ ≅ r ⎢1<br />

+<br />

⎣ 2 r ⎦ ⎣ r ⎥<br />

⎦<br />

Então:<br />

⎡ a cosθ<br />

a cosθ<br />

⎤ 2a<br />

cosθ<br />

r −<br />

− r +<br />

= r ⎢1 + −1+<br />

= r = 2a<br />

cosθ<br />

⎣ r r ⎥<br />

⎦ r<br />

( r )( r ) = r<br />

−<br />

+<br />

2<br />

Figura 10.4: Potencial produzido por um dipolo elétrico<br />

Levando esses valores em (10.5), obtemos:<br />

Na figura 10.4, temos:<br />

2 2 2<br />

a) no triângulo P(+q)O : r+<br />

= r + a − 2ar<br />

cosθ<br />

2 2 2<br />

b) no triângulo P(-q)O : r<br />

−<br />

= r + a + 2ar<br />

cosθ<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos tirar que:<br />

r+<br />

= r<br />

⎣<br />

r−<br />

= r<br />

⎣<br />

1<br />

2<br />

2<br />

⎡ 2 cos<br />

⎢ 1 a a θ ⎤<br />

+ −<br />

2 ⎥ ⎦<br />

r<br />

1<br />

2<br />

2<br />

⎡ 2 cos<br />

⎢ 1 a a θ ⎤<br />

+ +<br />

2 ⎥ ⎦<br />

No dipolo, o ponto P está situado a uma distância<br />

<strong>de</strong>sprezar os termos quadráticos <strong>de</strong>ntro da raiz quadrada e escrever:<br />

r<br />

r<br />

r<br />

1<br />

2<br />

⎡ 2 cos<br />

⎢ 1 a θ ⎤<br />

r+<br />

≅ r −<br />

⎣ r ⎥ ⎦<br />

1<br />

2<br />

⎡ 2 cos<br />

⎢ 1 a θ ⎤<br />

r−<br />

≅ r +<br />

⎣ r ⎥ ⎦<br />

r >> a . Assim, po<strong>de</strong>mos<br />

em que<br />

1 2a<br />

qcosθ<br />

1 p cosθ<br />

V ( r)<br />

=<br />

= (10.8)<br />

2<br />

2<br />

4πε<br />

r 4πε<br />

r<br />

0<br />

p = 2aq<br />

é o momento <strong>de</strong> dipolo. O ângulo θ é o ângulo que o vetor<br />

momento do dipolo p r faz com a direção do ponto on<strong>de</strong> se calcula o potencial (ver<br />

figura 10.4).<br />

A equação (10.8) mostra que o potencial elétrico do dipolo varia com o<br />

inverso do quadrado da distância ao dipolo.<br />

Como sabemos, o momento <strong>de</strong> dipolo é representado por um vetor com módulo<br />

p = 2a q , direção da linha que une as duas cargas e sentido da carga negativa para<br />

a positiva. Com ele, a equação (10.8) po<strong>de</strong> ser escrita vetorialmente como:<br />

V ( r)<br />

=<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

p<br />

r r •<br />

3<br />

r<br />

ATIVIDADE 10.3<br />

0<br />

Determine o potencial elétrico em um ponto P próximo a um dipolo elétrico <strong>de</strong><br />

174<br />

175


→<br />

−15<br />

momento <strong>de</strong> dipolo p −( 1,60 × 10 C m) i<br />

= ˆ que está na mediatriz da reta que liga<br />

−9<br />

as duas cargas <strong>de</strong> módulo igual a e = 1,60 × 10 C , conforme a figura 10.5.<br />

A Figura 10.6 mostra as linhas <strong>de</strong> força (linhas cheias) do campo elétrico gerado por<br />

uma carga positiva e as interseções sobre a folha <strong>de</strong> papel, das superfícies<br />

equipotenciais para a mesma carga (linhas tracejadas). Note que as superfícies<br />

equipotenciais, neste caso, são superfícies esféricas (linhas tracejadas).<br />

Figura 10.5<br />

10.4 SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS<br />

O potencial <strong>de</strong> uma carga elétrica isolada, <strong>de</strong> acordo com a equação (10-3),<br />

varia com o inverso da distância a ela. Então, todos os pontos do espaço situados à<br />

mesma distância r da carga terão o mesmo potencial e estarão sobre a superfície <strong>de</strong><br />

uma esfera <strong>de</strong> raio r, que é <strong>de</strong>nominada superfície equipotencial. Qualquer<br />

configuração <strong>de</strong> cargas gera superfícies equipotenciais, cuja forma <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

distribuição.<br />

Uma proprieda<strong>de</strong> importante da superfície equipotencial é que, quando uma<br />

carga elétrica se <strong>de</strong>sloca sobre ela, a força elétrica não realiza trabalho<br />

sobre a carga, porque dois pontos da superfície terão sempre o mesmo<br />

potencial.<br />

Figura 10.6: Linhas <strong>de</strong> força e superfícies equipotenciais do<br />

campo elétrico gerado por uma carga positiva.<br />

A figura 10.7 mostra as linhas <strong>de</strong> força (linhas cheias) do campo elétrico gerado por<br />

duas cargas <strong>de</strong> sinais contrários, assim como as interseções das superfícies<br />

equipotenciais com a folha <strong>de</strong> papel (linhas tracejadas).<br />

Outra conseqüência é que o campo elétrico em cada ponto da superfície<br />

equipotencial <strong>de</strong>ve ser sempre perpendicular à superfície. Com efeito, como:<br />

V<br />

BA<br />

B r r<br />

=−∫ E • ds<br />

A<br />

e como a variação do potencial entre dois pontos A e B da superfície equipotencial é<br />

r r<br />

r<br />

nula, o produto escalar E • ds<br />

<strong>de</strong>ve ser nulo também. Logo, como ds<br />

é sempre<br />

tangente à superfície equipotencial, segue-se que E r <strong>de</strong>ve ser perpendicular à<br />

superfície.<br />

Figura 10.7: Linhas <strong>de</strong> força e superfícies equipotenciais do<br />

campo elétrico gerado por duas cargas <strong>de</strong> sinais contrários.<br />

176<br />

177


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 10.1:<br />

V<br />

2<br />

=<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

l<br />

2e<br />

2 / 2<br />

=<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

4e<br />

l<br />

2<br />

Seja a=0,10 m e b=0,20 m as dimensões dos lados do retângulo da Figura 10.2.<br />

Colocando o referencial no ponto P, r = 0 . Então, da equação 10.5, temos:<br />

−19<br />

Com e = 1,60 × 10 C, obtemos:<br />

1 ⎡ e 2e<br />

V = ⎢ + −<br />

4πε<br />

0 ⎣a<br />

b<br />

P<br />

e<br />

2 2<br />

a + b<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎦<br />

ATIVIDADE 10.3:<br />

Lembre-se da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> momento <strong>de</strong> dipolo:<br />

p<br />

r = −qd<br />

iˆ<br />

Em que d é a distância entre as duas cargas e p r é um vetor orientado da<br />

carga negativa para a carga positiva. Dessa forma,<br />

V<br />

ou:<br />

= 9<br />

× 10<br />

9<br />

2 2<br />

N m / C × 1,6 × 10<br />

−19<br />

⎡<br />

C ⎢<br />

⎢⎣<br />

1<br />

0,10<br />

+<br />

m<br />

2<br />

0,20<br />

−<br />

m<br />

1<br />

2 2<br />

0,10 + 0,20<br />

⎤<br />

⎥<br />

m⎥⎦<br />

r<br />

p<br />

d = =<br />

q<br />

−30<br />

1,60<br />

× 10<br />

−11<br />

−19<br />

C m<br />

= 1,00 × 10<br />

1,60 × 10 C<br />

m<br />

V = 14×<br />

10<br />

−10<br />

−8<br />

[ 10 + 10 − 4,5] N / C = 2,2×<br />

10 V<br />

ATIVIDADE 10.2:<br />

Figura 10-9<br />

Figura 10.8: configuração das cargas<br />

Consi<strong>de</strong>remos o referencial na carga 2e. A distância do ponto P<br />

1<br />

a ela é d<br />

1<br />

= l 2<br />

e a distância do ponto P<br />

2<br />

a ela é d<br />

2<br />

= l 2 / 2 . Pela simetria da configuração <strong>de</strong><br />

cargas, vemos que, como as cargas e são iguais e <strong>de</strong> sinais contrários, a<br />

contribuição <strong>de</strong>las para o potencial total é nula, tanto no ponto P<br />

1<br />

quanto no ponto<br />

P<br />

2<br />

pois elas estão às mesmas distâncias <strong>de</strong>stes pontos. Então, o potencial total no<br />

ponto P<br />

1<br />

é:<br />

E, no ponto P<br />

2<br />

, o potencial é:<br />

V<br />

1<br />

=<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

2e<br />

l<br />

2<br />

Observe a figura 10.9. Tomando como referencial o ponto médio da linha<br />

que separa as cargas do dipolo, temos que:<br />

r<br />

d ˆj<br />

r v − d r d r<br />

r iˆ<br />

+<br />

=<br />

1<br />

=<br />

= r = i<br />

2<br />

2<br />

r P<br />

= 7<br />

− 2<br />

Pelo Teorema <strong>de</strong> Pitágoras:<br />

De acordo com a equação 10.1:<br />

2<br />

2 2 d<br />

r<br />

1<br />

= 49d<br />

+<br />

4<br />

r1 = r2<br />

= 7,00×<br />

10<br />

−12<br />

m<br />

1 ⎛ + e ( −e)<br />

⎞<br />

V =<br />

⎜ +<br />

⎟<br />

4πε<br />

0 ⎝ r1<br />

r2<br />

⎠<br />

178<br />

179


Substituindo os valores obtemos:<br />

V = 0<br />

Ou seja, o potencial no ponto P assinalado na figura 10.5 é igual a zero.<br />

Se você prestar atenção na equação (10.5), verá que, para pontos sobre a<br />

mediatriz do segmento que une as duas cargas do dipolo, o ângulo θ = 90º<br />

. Logo, a<br />

própria equação (10-5) dá diretamente V = 0 .<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E10.1) Determine o potencial elétrica entre duas placas infinitas carregadas com<br />

cargas <strong>de</strong> sinais opostos e <strong>de</strong> mesmo valor com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga σ =<br />

10,6 µC separadas entre si por uma distância <strong>de</strong> 1,00 mm.<br />

E10.2) Uma carga q = 4,3 nC está na origem do sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas<br />

cartesianas. Determine o potencial elétrico nas posições:<br />

a) x = 3,0 cm; y = 0.<br />

b) x = 1,5 cm; y = 1,5 cm.<br />

c) x = 0; y = 3,0 cm.<br />

E10.3) Duas cargas q 1 = 5,3 nC e q 2 = 6,5 nC estão no plano xy com coor<strong>de</strong>nadas<br />

(0,0 cm; 00 cm) e (0,0 cm; 3,0 cm), respectivamente. Determine o potencial<br />

elétrico nas posições:<br />

a) x = 6,0 cm; y = 0,0 cm.<br />

b) x = 3,5 cm; y = 0,0 cm.<br />

c) x = 0; y = 2,0 cm.<br />

E10.4) Uma carga pontual positiva com carga igual a q = 2,5 µC está na origem.<br />

Consi<strong>de</strong>re três pontos A, B e C com coor<strong>de</strong>nadas x A = 0,50 m, y A = 0; x B = -1,0 m,<br />

y B = 0; x C = 0, y C = 1,5 m, respectivamente. Determine a diferença <strong>de</strong> potencial<br />

elétrico:<br />

a) entre os pontos A e B.<br />

b) entre os pontos A e C.<br />

c) entre os pontos B e C.<br />

180


AULA 11 POTENCIAL ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES<br />

CONTÍNUAS DE CARGA ELÉTRICA<br />

2<br />

• dV = r sinθ<br />

dr dφ<br />

dθ<br />

para coor<strong>de</strong>nadas esféricas.<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas, chamada <strong>de</strong> ρ indica o número <strong>de</strong><br />

cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume.<br />

OBJETIVOS<br />

• DETERMINAR O POTENCIAL ELÉTRICO DE SISTEMAS COM DISTRIBUIÇÃO<br />

CONTÍNUA DE CARGAS ELÉTRICAS.<br />

11.2 POTENCIAL ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES LINEARES DE<br />

CARGA<br />

11.1 POTENCIAL ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES CONTÍNUAS DE<br />

CARGA<br />

O potencial <strong>de</strong> uma distribuição contínua <strong>de</strong> carga é calculado dividindo esta<br />

distribuição em elementos <strong>de</strong> carga dq , cada um <strong>de</strong>les situado à distância r do<br />

ponto on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>seja calcular o potencial e integrando sobre toda a distribuição:<br />

1 dq<br />

(11.1)<br />

V = ∫ dV =<br />

4π ε o<br />

∫<br />

r<br />

Para resolver problemas que envolvem o cálculo do potencial elétrico <strong>de</strong><br />

distribuições contínuas <strong>de</strong> carga em duas e três dimensões, é importante relembrar<br />

os elementos <strong>de</strong> área dA e <strong>de</strong> volume dV .<br />

(a) Para distribuições superficiais <strong>de</strong> cargas:<br />

• dA = dx dy para coor<strong>de</strong>nadas cartesianas em uma superfície plana.<br />

• dA = rdr dθ<br />

para coor<strong>de</strong>nadas polares (por exemplo, em um disco).<br />

O elemento <strong>de</strong> carga elétrica dq contido em um elemento dx <strong>de</strong><br />

comprimento da distribuição <strong>de</strong> cargas é dq = λ dx . O potencial gerado por este<br />

elemento dq situado à distância r do ponto P <strong>de</strong> vetor-posição r P<br />

é dado por:<br />

1 dq 1 λ dx<br />

dV ( r P<br />

) = =<br />

4πε 0<br />

r 4πε<br />

0<br />

r<br />

e o potencial gerado pela distribuição é, então:<br />

1 λ dx<br />

V ( r P<br />

) =<br />

4πε 0<br />

∫<br />

r<br />

(11.2)<br />

A seguir, veremos alguns exemplos <strong>de</strong> cálculo do potencial e mostraremos num<br />

exemplo on<strong>de</strong> já calculamos o campo elétrico, como o cálculo do potencial fica mais<br />

fácil e simples.<br />

Exemplo 11.1<br />

Um fio retilíneo e homogêneo <strong>de</strong> comprimento<br />

AB = 2l<br />

está carregado<br />

uniformemente com carga q . Calcular o potencial elétrico gerado por este fio no<br />

ponto P que está na mediatriz do fio (figura 11.1).<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial σ indica o número <strong>de</strong> cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área.<br />

(b) Distribuição volumétrica <strong>de</strong> cargas: o elemento <strong>de</strong> volume dV po<strong>de</strong><br />

ser expresso como:<br />

• dV = dx dy dz para coor<strong>de</strong>nadas cartesianas.<br />

• dV = r dr dφ<br />

dz para coor<strong>de</strong>nadas cilíndricas.<br />

Figura 11.1: Fio retilíneo homogêneo<br />

Solução: Seja o sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas com origem em O, ponto médio do fio,<br />

181<br />

182


com eixo Oz perpendicular ao papel e saindo <strong>de</strong>le. Sem perda <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong>,<br />

po<strong>de</strong>mos escolher o ponto P situado no plano yz; as coor<strong>de</strong>nadas serão P(0,y,0).<br />

Neste sistema, temos:<br />

2<br />

r P<br />

= y r = x +<br />

O elemento <strong>de</strong> carga dq produz um potencial dV no ponto P igual a:<br />

dV ( y)<br />

=<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

λ dx<br />

y<br />

2 2<br />

x + y<br />

em que r é a distância entre o elemento <strong>de</strong> carga dq e o ponto P. Então, como a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear λ é constante:<br />

Portanto,<br />

1 l dx<br />

V ( y)<br />

= λ<br />

4πε<br />

∫ − l 2<br />

0 x + y<br />

1 q ⎛<br />

V = ln ⎜<br />

4πε<br />

l ⎜<br />

0<br />

2<br />

⎝<br />

2<br />

2<br />

2 2<br />

y + l<br />

2 2<br />

y + l<br />

+ l ⎞<br />

⎟<br />

− l ⎟<br />

⎠<br />

(11.3)<br />

Observe que obter o potencial <strong>de</strong> um fio retilíneo carregado foi mais fácil do que<br />

obter o campo elétrico que ele cria. Naturalmente isso se <strong>de</strong>ve ao fato do potencial<br />

elétrico ser uma gran<strong>de</strong>za escalar e não vetorial como o campo elétrico, que nos<br />

obrigaria a incluir a direção e o sentido do campo elétrico e calculá-lo a partir <strong>de</strong><br />

suas componentes.<br />

Exemplo 11.2<br />

Calcule o potencial elétrico em um ponto P, a uma distância y , <strong>de</strong> um fio retilíneo<br />

infinito carregado uniformemente com carga Q (figura 11.2).<br />

Figura 11.2: Fio retilíneo infinito carregado.<br />

Solução: No Exemplo 11.1 encontramos, para um fio finito <strong>de</strong> comprimento<br />

2 l e<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear <strong>de</strong> cargas λ , que o potencial relativo ao infinito é dado pela<br />

equação (11.3).<br />

Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar um fio infinito como um caso limite <strong>de</strong>ssa expressão, quando<br />

l >> y , e escrever:<br />

1 ⎡ l<br />

V ( y)<br />

= λ ln⎢<br />

4πε<br />

o ⎢⎣<br />

l<br />

2<br />

2<br />

+ y<br />

2<br />

+ y<br />

2<br />

+ l ⎤ 1 ⎡<br />

⎥ = λ ln⎢<br />

− l ⎥ 4πε<br />

⎦<br />

o ⎢⎣<br />

1+<br />

y<br />

1+<br />

y<br />

Desenvolvendo a raiz quadrada com o Teorema Binomial, temos:<br />

que levada na expressão do potencial nos dá:<br />

Logo:<br />

2<br />

2 2 1 ⎛ y ⎞<br />

1+<br />

y / l ≈ 1+<br />

⎟<br />

⎠<br />

⎜<br />

2 ⎝ l<br />

2<br />

⎛ y ⎞<br />

2 +<br />

2<br />

1<br />

⎜<br />

2l<br />

⎟<br />

V ( y)<br />

= λ ln<br />

⎝ ⎠<br />

2<br />

4πε<br />

o<br />

y<br />

2<br />

2l<br />

2<br />

1 ⎡ ⎛ 4l<br />

⎞⎤<br />

V ( y)<br />

= λ⎢ln<br />

⎜ + 1<br />

⎟<br />

2 ⎥<br />

4πε<br />

o ⎣ ⎝ y ⎠⎦<br />

Aplicando, agora, a esta expressão, o <strong>de</strong>senvolvimento do logaritmo:<br />

obtemos, com<br />

infinito, pois<br />

α = 2l / y :<br />

2<br />

α<br />

ln(1 + α ) = 1+<br />

+K<br />

2<br />

1 ⎛ 2l<br />

⎞<br />

V ( y)<br />

≈ λ ln⎜<br />

⎟<br />

2πε<br />

o ⎝ y ⎠<br />

2<br />

2<br />

/ l<br />

/ l<br />

2<br />

2<br />

+ 1⎤<br />

⎥.<br />

−1⎥⎦<br />

Observe que tomando o fio infinito teremos o potencial V (y)<br />

também<br />

l → ∞ . Isso ocorre porque a própria distribuição <strong>de</strong> carga é infinita.<br />

Alertamos nas aulas 9 e 10 sobre o cuidado com a escolha do nível <strong>de</strong> potencial<br />

para distribuições infinitas <strong>de</strong> cargas. Esse exemplo nos mostra que não po<strong>de</strong>mos<br />

escolher o infinito como nosso nível <strong>de</strong> referência. Po<strong>de</strong>mos escolher, por exemplo,<br />

um ponto A qualquer, situado a uma distância<br />

y do fio infinito, on<strong>de</strong> V = 0 .<br />

o<br />

o<br />

183<br />

184


Dessa forma teremos:<br />

Figura 11.4: Arco <strong>de</strong> raio R<br />

ou:<br />

V ( y)<br />

−V<br />

( y ) = V ( y)<br />

− 0 =<br />

0<br />

1<br />

2πε<br />

o<br />

⎛ 2l<br />

λ ln⎜<br />

⎝ y<br />

⎞<br />

⎟ −<br />

⎠<br />

1<br />

2πε<br />

o<br />

⎛ 2l<br />

⎞<br />

λ ln<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎝ y0<br />

⎠<br />

Solução: Temos que:<br />

V ( r)<br />

=<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

dq<br />

∫ r<br />

Lembrando que:<br />

teremos que:<br />

V ( y)<br />

=<br />

2<br />

λ<br />

πε o<br />

⎡ ⎛ 2l<br />

⎞<br />

⎢ln⎜<br />

⎣ ⎝ y<br />

⎟ −<br />

⎠<br />

⎛ a ⎞<br />

ln a − ln b = ln ⎜ ⎟<br />

⎝ b ⎠<br />

⎛ 2l<br />

⎞⎤<br />

ln<br />

⎜<br />

⎟⎥<br />

⎝ y0<br />

⎠⎦<br />

1 ⎛ yo<br />

V ( y)<br />

= λ ln⎜<br />

2πε<br />

o ⎝ y<br />

ATIVIDADE 11.1<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

Seja o elemento <strong>de</strong> comprimento do arco como mostrado na Figura 11.4. Temos<br />

que: dq = λ R dθ ' e como a distância <strong>de</strong> dq ao centro do arco é constante e igual<br />

ao raio R do arco, vem:<br />

λ<br />

V r)<br />

=<br />

4πε<br />

R λ<br />

dθ<br />

' = ( θ2<br />

−θ<br />

)<br />

R 4πε<br />

θ2<br />

( ∫<br />

1<br />

θ1<br />

0<br />

0<br />

Note que os ângulos são medidos em radianos!<br />

Ativida<strong>de</strong> 11.2<br />

Obtenha o valor do potencial no centro do arco quando o ângulo subentendido pelo<br />

arco neste centro for <strong>de</strong> 70º a a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear <strong>de</strong> carga for 10 mC/m.<br />

Obtenha uma expresssão para o potencial elétrico em um ponto P situado a uma<br />

distância r <strong>de</strong> um cilindro infinito, com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear <strong>de</strong> cargas λ .<br />

Exemplo 11.4<br />

Calcule o potencial elétrico no centro <strong>de</strong> curvatura <strong>de</strong> um arco <strong>de</strong> círculo <strong>de</strong> raio R,<br />

com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> linear <strong>de</strong> carga constante λ (figura 11.4).<br />

11.3 POTENCIAL ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES SUPERFICIAIS DE<br />

CARGA<br />

Para distribuições superficiais <strong>de</strong> carga, o elemento <strong>de</strong> carga dq é<br />

substituído pelo produto da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga σ pelo elemento <strong>de</strong><br />

superfície dA; a integral é calculada sobre a superfície on<strong>de</strong> a carga está<br />

distribuída.<br />

EXEMPLO 11.5<br />

POTENCIAL ELÉTRICO DE UM DISCO CARREGADO<br />

Consi<strong>de</strong>re um disco <strong>de</strong> raio R uniformememente carregado com carga q . Calcule<br />

o potencial gerado por ele em um ponto P do eixo <strong>de</strong> simetria do disco e situado à<br />

distância x <strong>de</strong>ste centro.<br />

SOLUÇAO: Um elemento <strong>de</strong> carga dq cria um potencial elétrico dV a uma<br />

2 2<br />

distância r ' = R + x do ponto P, dado por:<br />

185<br />

186


dq<br />

dV ( x)<br />

=<br />

4πε<br />

1<br />

'<br />

0<br />

r<br />

11.4 POTENCIAL ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÕES VOLUMÉTRICAS DE<br />

CARGA<br />

No caso <strong>de</strong> distribuições volumétricas <strong>de</strong> carga, o elemento <strong>de</strong> carga dq é<br />

substituído pelo produto da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica ρ pelo elemento <strong>de</strong> volume dV<br />

e a integral é calculada sobre o volume on<strong>de</strong> a carga está distribuída.<br />

EXEMPLO 11.5<br />

POTENCIAL ELÉTRICO DE UMA CASCA ESFÉRICA CARREGADA<br />

Vamos <strong>de</strong>terminar o potencial em um ponto P <strong>de</strong>vido a uma casca esférica <strong>de</strong> raio<br />

Figura 11.5: disco carregado<br />

Para resolver o problema, vamos usar coor<strong>de</strong>nadas polares. Assim, o<br />

elemento <strong>de</strong> carga dq é dado por dq = σ r′ dθ ′ dr′<br />

. Integrando a equação acima<br />

R , que possui uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> carga uniforme. Usaremos o infinito<br />

como ponto <strong>de</strong> referência.<br />

obtemos:<br />

2π<br />

R σ r′<br />

V ( x)<br />

= ∫ dθ<br />

′<br />

0 ∫0<br />

4πε<br />

2 2<br />

0 r′<br />

+ x<br />

dr′<br />

Aqui, a integral em d θ′ po<strong>de</strong> ser feita imediatamente e vale 2 π . Então:<br />

2π σ<br />

V ( x)<br />

=<br />

4πε<br />

r′<br />

r′<br />

R<br />

∫0<br />

2 2<br />

0<br />

+ x<br />

dr′<br />

A integral em r′ é, feita a partir da substituição:<br />

Obtemos, então, para V (x)<br />

a expressão:<br />

σ<br />

V ( x)<br />

=<br />

2 ε<br />

2<br />

ou, como σ = Q/ π R , vem:<br />

∫<br />

2 2<br />

u = x + r′<br />

→ du = 2 r′<br />

dr′<br />

.<br />

1 du<br />

=<br />

2 u 4<br />

σ<br />

ε<br />

1/ 2<br />

⎡u<br />

⎤<br />

⎢ ⎥<br />

⎣1/<br />

2 ⎦<br />

2 2<br />

x + R<br />

0 0<br />

2 2 ε<br />

x<br />

0<br />

σ<br />

V ( x)<br />

= [ x<br />

2ε<br />

0<br />

2<br />

+ R<br />

2<br />

=<br />

σ<br />

− x]<br />

2 2<br />

[ x + R − x]<br />

Figura 11.8: Coor<strong>de</strong>nadas do elemento <strong>de</strong> área<br />

No sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas da Figura 11.8, temos:<br />

Então:<br />

2 2<br />

r P<br />

= z r = R + z − 2 R z cosθ ′<br />

1<br />

dq<br />

dV ( z)<br />

=<br />

4πε 2 2<br />

0 R + z − 2 R z cosθ<br />

′<br />

Vamos usar coor<strong>de</strong>nadas esféricas para resolver o problema da integração da<br />

equação acima; temos , então, que:<br />

Q<br />

V ( x)<br />

=<br />

2πε<br />

R<br />

0<br />

2<br />

[<br />

2 2<br />

x + R − x].<br />

2<br />

q<br />

dq = σ dA = σ R sinθ<br />

′ dθ<br />

′ dφ′<br />

e σ =<br />

2<br />

4π<br />

R<br />

187<br />

188


Assim,<br />

2<br />

σ R sinθ<br />

′ dθ<br />

′ dφ′<br />

dV ( r P<br />

) =<br />

,<br />

4πε<br />

2 2<br />

0 R + z − 2 R z cosθ<br />

′<br />

b) para pontos <strong>de</strong>ntro da esfera z < R e tomamos o sinal negativo da raiz<br />

quadrada, que fica:<br />

2<br />

( R − z)<br />

= R − z<br />

Integrando, temos:<br />

Então:<br />

V ( z)<br />

=<br />

σ<br />

4πε<br />

0<br />

∫<br />

2π<br />

0<br />

π<br />

dφ<br />

′<br />

∫<br />

0<br />

2<br />

R sinθ<br />

′<br />

dθ<br />

′<br />

2 2<br />

R + z − 2 R z cosθ<br />

′<br />

Rσ<br />

V ( z)<br />

= [( R + z)<br />

− ( R − z)]<br />

2ε<br />

z<br />

0<br />

A integral em φ′ po<strong>de</strong> ser efetuada imediatamente, uma vez que o integrando<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> φ′ . A integral em θ ′ se faz com a mudança <strong>de</strong> variável:<br />

ou:<br />

Rσ<br />

V ( z)<br />

=<br />

ε<br />

0<br />

( r ≤ R).<br />

x = 2 R z cosθ ′ → dx = −2<br />

R z sinθ<br />

′ dθ<br />

′<br />

Ativida<strong>de</strong> 11.3<br />

o que dá:<br />

σ<br />

V ( z)<br />

= R<br />

4πε<br />

0<br />

− dx/2Rz<br />

+ 2Rz<br />

2<br />

⋅ 2π<br />

∫ =<br />

2Rz<br />

2 2 4ε<br />

0<br />

σR<br />

=<br />

2ε<br />

z<br />

0<br />

R + z − x<br />

σ<br />

R<br />

z<br />

2 2<br />

2 2<br />

[ R + z + 2 R z − R + z − 2 R z ]<br />

σR<br />

2<br />

2<br />

= [ ( R + z)<br />

− ( R − z)<br />

].<br />

2ε<br />

z<br />

0<br />

2<br />

−2<br />

2 2<br />

[ R + z − x] Rz<br />

+ 2Rz<br />

Determinar, a partir dos resultados do Exemplo 11.5, o potencial elétrico <strong>de</strong>ntro e<br />

fora <strong>de</strong> uma casca esférica condutora <strong>de</strong> raio R.<br />

Ativida<strong>de</strong> 11.4<br />

Faça um esboço do gráfico do potencial elétrico para pontos <strong>de</strong>ntro e fora<br />

<strong>de</strong> uma casca esférica condutora carregada eletricamente com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

superficial <strong>de</strong> carga σ e raio R .<br />

Neste ponto <strong>de</strong>vemos ter cuidado ao extrair a raiz quadrada, cujo valor <strong>de</strong>ve ser<br />

um número real:<br />

a) para pontos fora da esfera, z > R e tomamos o sinal positivo da raiz quadrada,<br />

que fica:<br />

Então:<br />

ou:<br />

2<br />

( R − z)<br />

= z − R<br />

Rσ<br />

V ( z)<br />

= [( R + z)<br />

− ( z − R)]<br />

2ε<br />

z<br />

0<br />

2<br />

R σ<br />

V ( z)<br />

=<br />

ε z<br />

0<br />

( r > R)<br />

189<br />

190


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

Rσ<br />

V ( R)<br />

= =<br />

ε<br />

RQ<br />

4πε<br />

R<br />

=<br />

2<br />

0 0<br />

4<br />

1<br />

πε<br />

0<br />

Q<br />

R<br />

ATIVIDADE 11.1<br />

Po<strong>de</strong>mos pensar em um cilindro infinito como um fio infinito que possui um<br />

raio R como sugere a figura 11.9. O potencial <strong>de</strong> um cilindro infinito carregado é<br />

semelhante ao produzido por um fio infinito; contudo calculamos o potencial para<br />

pontos em que<br />

superfície do cilindro, on<strong>de</strong><br />

y > R . Nesse caso po<strong>de</strong>mos tomar como nível <strong>de</strong> potencial a<br />

y = R . Dessa forma teremos:<br />

ATIVIDADE 11.4<br />

A figura 11.10 mostra um esboço dos gráficos do campo elétrico e do<br />

potencial elétrico para pontos <strong>de</strong>ntro e fora <strong>de</strong> uma casca esférica condutora<br />

carregada.<br />

V =<br />

1<br />

2πε<br />

o<br />

⎛ R ⎞<br />

λ ln⎜<br />

⎟<br />

⎝ y ⎠<br />

Figura 11.9: Cilindro infinito carregado.<br />

Figura 11.10: Gráficos do campo elétrico e potencial elétrico <strong>de</strong> uma esfera<br />

carregada.<br />

ATIVIDADE 11.2<br />

Se o ângulo subentendido é <strong>de</strong> 70°, a figura 11.4 nos mostra que θ = −35°<br />

e θ = + 35°<br />

. Então,<br />

2<br />

V (0) =<br />

4<br />

λ<br />

πε<br />

0<br />

( θ −θ<br />

) = 9×<br />

10<br />

2<br />

1<br />

9<br />

2 2<br />

N m / C<br />

× 10×<br />

10<br />

− 3<br />

π<br />

C × [35º −(<br />

−35º )] ×<br />

180º<br />

Em que o último termo dá a transformação <strong>de</strong> graus para radianos.<br />

Numericamente, então, temos:<br />

1<br />

No interior da esfera o campo elétrico é nulo, sendo o potencial constante.<br />

Para pontos fora da esfera o campo é inversamente proporcional ao quadrado <strong>de</strong> r<br />

, enquanto o potencial é inversamente proporcional a r .<br />

ATIVIDADE 11.5<br />

Obtivemos no Exemplo 11.5 o potencial elétrico para pontos interiores e<br />

exteriores a uma casca esférica condutora carregada. Para pontos fora da casca o<br />

potencial é inversamente proporcional a distância do centro da casca. E para pontos<br />

<strong>de</strong>ntro da casca o potencial é constante. Veja a figura 11.11:<br />

V (0) = 1,75 × 10<br />

−2<br />

V<br />

ATIVIDADE 11.3<br />

Como a esfera é metálica, a carga elétrica se distribui na sua superfície. Então, <strong>de</strong><br />

acordo com o Exemplo 11.5, o potencial <strong>de</strong>ntro da esfera é o mesmo que na sua<br />

superfície:<br />

191<br />

192


da questão anterior se o terminal positivo <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>las estivesse em contato com<br />

o terminal positivo da outra?<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E11.1) Obtenha o potencial elétrico em um ponto P situado no eixo <strong>de</strong> um anel <strong>de</strong><br />

raio igual a 10 cm carregado uniformemente com carga <strong>de</strong> 1,5 nC a uma distância<br />

<strong>de</strong> 20 cm do seu centro.<br />

carregada.<br />

Figura 11.11: Gráfico do potencial elétrico para uma casca esférica<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR11.1) Para pontos situados a uma distância z >> R , o potencial <strong>de</strong> uma espira<br />

carregada se reduz ao <strong>de</strong> uma carga puntiforme?<br />

PR11.2) Se fizermos o raio <strong>de</strong> um disco carregado com uma carga Q for muito<br />

gran<strong>de</strong>, qual é o potencial elétrico em um ponto situado à distância z do centro do<br />

disco ( z


AULA 12 RELAÇÃO ENTRE CAMPO E POTENCIAL ELÉTRICO<br />

r r r<br />

V ( z)<br />

= −∫<br />

E • ds = −∫<br />

z<br />

σ r σ<br />

( k • kˆ)<br />

ds = − z<br />

2ε<br />

r0 0<br />

0<br />

2ε<br />

0<br />

OBJETIVOS<br />

DETERMINAR A RELAÇÃO ENTRE POTENCIAL E CAMPO ELÉTRICO<br />

12.1 OBTENDO O POTENCIAL A PARTIR DO CAMPO ELÉTRICO<br />

A equação do potencial no ponto P(x,y,z) <strong>de</strong> um campo elétrico:<br />

V<br />

P → →<br />

P = ∫ dV = − ∫ E • ds<br />

A<br />

(12.1)<br />

em que A é o nível <strong>de</strong> potencial, nos dá a relação entre o potencial e o campo<br />

elétrico no ponto P, na forma integral. Ela nos permite <strong>de</strong>terminar o potencial no<br />

ponto P quando conhecemos o campo elétrico neste ponto. Vejamos alguns<br />

exemplos <strong>de</strong> sua aplicação.<br />

EXEMPLO 12.1<br />

Potencial <strong>de</strong> uma distribuição plana infinita <strong>de</strong> carga<br />

Calcular o potencial elétrico gerado por uma distribuição plana infinita <strong>de</strong> carga<br />

em um ponto P situado a uma distância z da distribuição.<br />

Solução: Tomando um sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas com origem no plano <strong>de</strong> cargas e<br />

eixo Oz com direção perpendicular a ele (os eixos Ox e Oy estão situados no<br />

r<br />

plano), temos que<br />

P<br />

= z e:<br />

r p<br />

r r<br />

V ( z)<br />

= −∫ E • ds<br />

r0<br />

ATIVIDADE 12.1<br />

Calcule o potencial em um ponto P situado à distância y <strong>de</strong> um fio infinito com<br />

distribuição uniforme <strong>de</strong> cargas.<br />

EXEMPLO 12.2<br />

Calcule o potencial no ponto P situado sobre o eixo <strong>de</strong> uma espira circular <strong>de</strong> raio<br />

R, à distância z do centro <strong>de</strong>la, supondo a espira carregada positivamente com<br />

uma distribuição linear uniforme <strong>de</strong> cargas.<br />

Solução: O campo elétrico gerado por uma espira circular <strong>de</strong> raio R em um ponto<br />

<strong>de</strong> seu eixo e à distância z <strong>de</strong> seu centro é:<br />

Q z<br />

E z)<br />

=<br />

4 πε<br />

2 2<br />

0<br />

( R + z )<br />

( 3/ 2<br />

r<br />

Então, com ds<br />

= dz kˆ<br />

, o potencial no ponto P, relativo ao infinito, é:<br />

r<br />

r<br />

Q<br />

z<br />

V z<br />

z<br />

( z)<br />

= −∫<br />

E • ds = − ∫<br />

( k • k dz = −<br />

∞ 2 2 3/ 2<br />

R + z<br />

∫∞<br />

2 2 3/<br />

4πε<br />

R + z<br />

2<br />

0<br />

( )<br />

4πε<br />

0<br />

( )<br />

ou, com a mudança <strong>de</strong> variável:<br />

2 2<br />

2 2<br />

u = R + z → du = 2 z dz z = ∞ → u = ∞ z = z → u = R + z<br />

vem:<br />

ˆ<br />

ˆ)<br />

kˆ<br />

Q<br />

z<br />

dz<br />

em que r 0<br />

se refere à posição do nível <strong>de</strong> potencial. No caso do plano infinito, é<br />

melhor escolhermos o nível zero <strong>de</strong> potencial coincidindo com o plano. Na<br />

Q<br />

V ( z)<br />

= −<br />

4πε<br />

0<br />

1<br />

2<br />

∫<br />

2 2<br />

R + z<br />

∞<br />

du<br />

u<br />

3/ 2<br />

Q<br />

= −<br />

4πε<br />

0<br />

1<br />

2<br />

2<br />

−<br />

u<br />

1/ 2<br />

∞<br />

2 2<br />

R + z<br />

Q<br />

=<br />

4πε<br />

0<br />

1<br />

2 2<br />

R + z<br />

expressão acima, conhecemos o campo elétrico gerado pelo plano infinito. Ele é<br />

uniforme e é dado por:<br />

r<br />

E =<br />

σ<br />

2ε<br />

0<br />

em que kˆ é o unitário do eixo Oz. Assim, o potencial em um ponto P(x,y,z) do<br />

r<br />

espaço será, com ds<br />

= dskˆ<br />

:<br />

kˆ<br />

ATIVIDADE 12.2<br />

Calcule o potencial no ponto P situado sobre o eixo <strong>de</strong> uma espira circular <strong>de</strong> raio<br />

R, à distância z do centro <strong>de</strong>la, supondo a espira carregada negativamente com<br />

uma distribuição linear uniforme <strong>de</strong> cargas.<br />

196<br />

197


EXEMPLO 12.3<br />

POTENCIAL DE UMA ESFERA DIELÉTRICA CARREGADA<br />

Calcular o potencial <strong>de</strong> uma esfera dielétrica maciça <strong>de</strong> raio R , carregada<br />

uniformemente com carga total Q positiva em um ponto P <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la ( r P<br />

< R ).<br />

carga <strong>de</strong>ntro volume da esfera <strong>de</strong> raio r , então:<br />

q Q<br />

= ⇒<br />

3 3<br />

r R<br />

Então, a expressão do campo elétrico fica:<br />

r<br />

q =<br />

R<br />

3<br />

3<br />

Solução: Temos:<br />

V ( r )<br />

P<br />

r P<br />

r<br />

= −∫ E •<br />

∞<br />

em que o nível <strong>de</strong> energia potencial foi escolhido situado no infinito. Para um ponto<br />

P do campo, a distâncias<br />

elétrico é:<br />

r<br />

E<br />

r<br />

ds<br />

r<br />

P<br />

ao centro da esfera, tais que ∞<br />

1 Q<br />

ˆ<br />

4πε 0<br />

r<br />

( R ≤ r < ∞)<br />

= r<br />

2<br />

P<br />

R ≤ r P<br />

<<br />

Para um ponto P interior à esfera ( 0 ≤ r P<br />

≤ R ), o campo elétrico é dado por:<br />

r 1 q<br />

E = rˆ<br />

0 ≤<br />

2<br />

4πε 0<br />

r<br />

( r R)<br />

P<br />

≤<br />

em que q é a carga da esfera contida <strong>de</strong>ntro do raio<br />

P<br />

, o campo<br />

r ≤ r e rˆ é o unitário<br />

dirigido do centro para a superfície da esfera porque a carga é positiva. Estas duas<br />

expressões mostram que a carga elétrica contida em uma esfera <strong>de</strong> raio r P<br />

não é a<br />

mesma para ambos os casos. Assim, para calcular o potencial em relação a um<br />

nível no infinito, vamos dividir o problema em dois: calculamos o potencial na<br />

superfície da esfera e somamos (algebricamente) o resultado à diferença <strong>de</strong><br />

potencial entre o ponto P interior à esfera carregada e à superfície:<br />

[ V ( R)<br />

−V<br />

( r )] ≡ V ( R)<br />

− [ V ( R)<br />

−V<br />

( r )]<br />

V ( rP<br />

< R)<br />

= V ( R)<br />

−V<br />

( ∞)<br />

−<br />

P<br />

P<br />

O potencial na superfície da esfera já nos é familiar:<br />

V ( R)<br />

=<br />

1<br />

4πε<br />

A diferença <strong>de</strong> potencial entre a superfície da esfera e o ponto P é:<br />

0<br />

Q<br />

R<br />

R r r<br />

V ( R)<br />

−V<br />

( r ) = −∫ E • ds<br />

P<br />

Portanto, precisamos calcular o campo elétrico no ponto P <strong>de</strong>ntro da esfera. Como<br />

a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> volumétrica <strong>de</strong> cargas é constante, po<strong>de</strong>mos escrever que, se q é<br />

rp<br />

r 1 Q<br />

E = r rˆ<br />

3<br />

4πε 0<br />

R<br />

( r ≤ )<br />

No <strong>de</strong>slocamento do ponto P ( r = ), até a superfície r = R temos que:<br />

rP<br />

R r r Q<br />

V ( R)<br />

−V<br />

( rP<br />

) = −∫<br />

E • ds = −<br />

r<br />

3<br />

p 4π<br />

ε R<br />

Mas, no <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> R até r P<br />

,<br />

Logo:<br />

r ˆ • ds<br />

r = dr e, então:<br />

0<br />

r P<br />

∫<br />

R<br />

rP<br />

r<br />

r (ˆ r • ds)<br />

2<br />

R r r Q R Q ⎛ R − r<br />

V ( R)<br />

−V<br />

( r ) = −∫ • = − ∫ = −<br />

⎜<br />

P<br />

E ds<br />

r dr<br />

r<br />

3<br />

3<br />

P 4π ε<br />

r<br />

0<br />

R P 4π<br />

ε<br />

0<br />

R ⎝ 2<br />

V ( r<br />

P<br />

V<br />

< R)<br />

= V ( R)<br />

−<br />

ou, efetuando as simplificações:<br />

< R)<br />

= V ( R)<br />

− [ V ( R)<br />

−V<br />

( r )]=<br />

( rP<br />

P<br />

1<br />

Q<br />

2<br />

⎛ R − r<br />

P<br />

[ V ( R)<br />

−V<br />

( r )] = +<br />

⎜<br />

4 4<br />

2 ⎟ P<br />

3<br />

πε<br />

0<br />

R π ε<br />

0<br />

R ⎠<br />

V ( r<br />

2<br />

Q ⎛ 3 R − r<br />

R)<br />

=<br />

⎜<br />

8πε<br />

0 ⎝ R<br />

P<br />

<<br />

3<br />

12.2 OBTENDO O CAMPO ELÉTRICO A PARTIR DO POTENCIAL<br />

A equação (12.1)<br />

V<br />

P → →<br />

P = ∫ dV = − ∫ E • ds<br />

A<br />

nos permite calcular o campo elétrico em um ponto P a partir do potencial neste<br />

ponto. Para fazer isso, consi<strong>de</strong>remos um sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas cartesianas (po<strong>de</strong><br />

ser também qualquer outro, mas, para simplificar, usaremos as coor<strong>de</strong>nadas<br />

cartesianas). Neste sistema, sejam:<br />

r<br />

ds<br />

= dx iˆ + dy ˆj<br />

+ dz kˆ<br />

o vetor <strong>de</strong>slocamento no ponto P, e:<br />

2<br />

P<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

Q<br />

⎝<br />

2<br />

2<br />

P<br />

⎞<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

(12.2)<br />

198<br />

199


o vetor campo elétrico em P; então:<br />

isto é:<br />

r<br />

E = E iˆ + E ˆj<br />

+ E kˆ<br />

x<br />

y<br />

r<br />

E • ds<br />

r = E dx( iˆ<br />

• iˆ)<br />

+ E dy ( ˆj<br />

• ˆ) j + E dz ( kˆ<br />

• kˆ)<br />

x<br />

r<br />

E • ds<br />

r = Ex dx + E<br />

y<br />

dy + E<br />

y<br />

z<br />

z<br />

z<br />

dz<br />

(12.3)<br />

(12.4)<br />

∂V<br />

∂<br />

=<br />

∂x<br />

∂x<br />

( x<br />

∂V<br />

∂<br />

=<br />

∂y<br />

∂y<br />

( x<br />

∂V<br />

∂<br />

=<br />

∂z<br />

∂z<br />

( x<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1<br />

2 2<br />

+ y + z )<br />

1<br />

2 2<br />

+ y + z )<br />

1<br />

2 2<br />

+ y + z )<br />

1<br />

2<br />

1<br />

2<br />

1<br />

2<br />

=<br />

=<br />

=<br />

1<br />

2 2<br />

( x<br />

1<br />

2 2<br />

( x<br />

1<br />

2 2<br />

( x<br />

2 x<br />

2 2<br />

+ y + z )<br />

2 y<br />

2 2<br />

+ y + z )<br />

2 z<br />

2 2<br />

+ y + z )<br />

3<br />

2<br />

3<br />

2<br />

3<br />

2<br />

=<br />

( x<br />

2<br />

=<br />

( x<br />

=<br />

( x<br />

2<br />

2<br />

x<br />

2 2<br />

+ y + z )<br />

y<br />

2 2<br />

+ y + z )<br />

z<br />

2 2<br />

+ y + z )<br />

3<br />

2<br />

3<br />

2<br />

3<br />

2<br />

Lembrando que:<br />

∂V<br />

∂V<br />

∂V<br />

dV = dx + dy + dz<br />

(12.5)<br />

∂x<br />

∂y<br />

∂z<br />

o potencial V(x,y,z) po<strong>de</strong> ser escrito como:<br />

∂V<br />

∂V<br />

∂V<br />

V = ∫ dV = ∫ dx + dy + dz<br />

(12.6)<br />

∂x<br />

∂y<br />

∂z<br />

Da equação (12-1), com as equações (12.5) e (12.6) vem, então, que:<br />

∂V<br />

∂V<br />

∂V<br />

dx + dy + dz = − ( Ex dx + E<br />

y<br />

dy + Ez<br />

dz)<br />

∂x<br />

∂y<br />

∂z<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> tiramos:<br />

∂V<br />

∂V<br />

∂V<br />

E x<br />

= − E y<br />

= − E z<br />

= −<br />

(12.7)<br />

∂ x<br />

∂ y<br />

∂ z<br />

Das equações (12.7), temos:<br />

E ∂V<br />

x<br />

= − = −<br />

x<br />

∂x<br />

+<br />

2 2 2<br />

( x + y z<br />

E ∂V<br />

y<br />

= − = −<br />

y<br />

∂y<br />

+<br />

2 2 2<br />

( x + y z<br />

E ∂V<br />

z<br />

= − = −<br />

z<br />

∂z<br />

+<br />

2 2 2<br />

( x + y z<br />

)<br />

3<br />

2<br />

)<br />

)<br />

3<br />

2<br />

3<br />

2<br />

r r<br />

Como:<br />

= x iˆ + y j + z kˆ<br />

, =<br />

que:<br />

r<br />

r<br />

( x + y + z ) e E = E iˆ + E j + E kˆ<br />

, vem<br />

1<br />

2 2 2 2<br />

r<br />

r<br />

r<br />

r<br />

r<br />

Q x i + y j + z kˆ<br />

Q<br />

1 Q<br />

E =<br />

= =<br />

3<br />

3/ 2<br />

2<br />

4πε<br />

2 2 2<br />

0<br />

2<br />

( x + y + z ) 4πε<br />

0<br />

r 4πε<br />

0<br />

r r<br />

x<br />

y<br />

z<br />

que são as relações entre o potencial no ponto P e o campo elétrico neste ponto.<br />

ou:<br />

r 1 Q<br />

E = rˆ<br />

2<br />

4πε 0<br />

r<br />

EXEMPLO 12.4<br />

O potencial em um ponto P situado à distância r <strong>de</strong> uma carga Q que gera o<br />

campo elétrico é:<br />

Calcule o campo elétrico neste ponto.<br />

V =<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

Q<br />

r<br />

EXEMPLO 12.5<br />

O potencial elétrico <strong>de</strong> um dipolo, em um ponto P do espaço <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas (x,y)<br />

é:<br />

1<br />

V =<br />

4π ε<br />

0<br />

r<br />

p • rˆ<br />

2<br />

r<br />

2 2 2 2<br />

Solução: Temos que: r = ( x + y + z ) . Então:<br />

1<br />

em que o vetor rˆ é o unitário da direção que une o centro do dipolo ao ponto P<br />

200<br />

201


(Figura 12.1) e<br />

p = Qd é o momento <strong>de</strong> dipolo. Calcular o campo elétrico em P.<br />

E ∂V<br />

p ∂ ⎡ z ⎤<br />

= − = − ⎢<br />

⎥ =<br />

z 3<br />

∂z<br />

4 πε ∂ ⎢<br />

2 2 2<br />

0<br />

z<br />

2<br />

⎣(<br />

x + y + z ) ⎥⎦<br />

3<br />

⎡ 2 2 2<br />

⎤<br />

= 2<br />

2 2 2 1/ 2<br />

p ( x + y + z ) z (3/ 2)(2z)(<br />

x + y + z )<br />

− ⎢<br />

−<br />

⎥<br />

⎢ + +<br />

+ + ⎥<br />

=<br />

2 2 2 3<br />

2 2 2<br />

4πε<br />

3<br />

0<br />

( x y z ) ( x y z )<br />

⎣<br />

⎦<br />

ou:<br />

2<br />

p ⎡ 1<br />

3z<br />

− ⎢<br />

−<br />

2 2 2 3/ 2 2 2<br />

4πε<br />

⎣(<br />

x + y + z ) ( x + y + z<br />

= 2 5 / 2<br />

0<br />

)<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎦<br />

Figura 12.1: o dipolo elétrico<br />

Solução: Escolhendo o eixo Oz <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas cartesiano com<br />

origem em O (centro do dipolo), temos que: z = r cos θ e:<br />

Então:<br />

1 pz 1<br />

V ( x,<br />

y,<br />

z)<br />

= =<br />

4π ε r 4π ε<br />

E x<br />

p z<br />

3<br />

3<br />

2 2 2<br />

0 0<br />

2<br />

( x + y + z )<br />

∂V<br />

p ∂ ⎡ z<br />

= − = − ⎢<br />

∂x<br />

4 πε ∂x<br />

⎢<br />

2 2<br />

⎣(<br />

x + y + z<br />

3<br />

2<br />

0<br />

2<br />

)<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥⎦<br />

2<br />

∂V<br />

p ⎛ 3z<br />

1 ⎞<br />

− =<br />

⎜ −<br />

⎟<br />

5<br />

∂z<br />

4 πε<br />

0 ⎝ r r ⎠<br />

E z<br />

=<br />

3<br />

ATIVIDADE 12.3<br />

Calcule o campo elétrico em um ponto P situado à distância r no eixo <strong>de</strong> um disco<br />

com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga positiva constante.<br />

ou:<br />

ou, ainda:<br />

Finalmente:<br />

3<br />

⎡ 2 2 2 2<br />

2<br />

p ( x + y + z ) − z (3/ 2)( x + y<br />

− ⎢<br />

2 2 2<br />

4 πε<br />

0 ⎢<br />

( x + y + z )<br />

⎣<br />

E = x<br />

3<br />

⎡<br />

2<br />

p 1<br />

3z<br />

− ⎢<br />

−<br />

3 2 2<br />

4 πε ⎢<br />

2 2 2 2 + +<br />

⎣(<br />

x + y + z ) ( x y z<br />

2<br />

2<br />

+ z )<br />

E = x<br />

2 5 / 2<br />

0<br />

)<br />

E x<br />

∂V<br />

p 3xz<br />

= − =<br />

5<br />

∂x<br />

4 πε r<br />

0<br />

1<br />

2<br />

⎤<br />

⎥<br />

⎥⎦<br />

2 z ⎤<br />

⎥<br />

⎥<br />

⎦<br />

SAIBA MAIS<br />

A equação (12-1) nos diz que, para que o potencial elétrico seja univocamente<br />

<strong>de</strong>terminado em qualquer ponto P <strong>de</strong> um campo elétrico, é necessário que a<br />

integral do segundo membro seja in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da trajetória entre o nível A e o<br />

ponto P; ou seja, que o integrando seja uma diferencial exata. Isto significa que o<br />

potencial seja uma função contínua e tenha <strong>de</strong>rivadas contínuas em todos os<br />

pontos do campo. De acordo com o teorema <strong>de</strong> Schwarz do cálculo <strong>de</strong> funções <strong>de</strong><br />

várias variáveis, a condição <strong>de</strong> diferencial exata é que:<br />

2 2<br />

2 2<br />

2 2<br />

∂ V ∂ V ∂ V ∂ V ∂ V ∂ V<br />

=<br />

=<br />

=<br />

∂y∂x<br />

∂x∂y<br />

∂y∂z<br />

∂z∂y<br />

∂x∂z<br />

∂z∂x<br />

Analogamente:<br />

E y<br />

∂V<br />

p 3yz<br />

= − =<br />

5<br />

∂y<br />

4 πε r<br />

Para a componente segundo o eixo Ox, temos:<br />

0<br />

Então, <strong>de</strong>rivando a primeira das equações (12.7) em relação a y e a segunda em<br />

relação a x, obtemos:<br />

∂ 2 V ∂Ex<br />

∂ 2 V ∂E<br />

y<br />

= −<br />

= −<br />

(12.8)<br />

∂y∂x<br />

∂y<br />

∂x∂y<br />

∂x<br />

202<br />

203


Analogamente, combinando a primeira e terceira expressões, assim como a<br />

segunda e a terceira, obtemos:<br />

∂ 2 V ∂Ex<br />

∂ 2 V ∂E<br />

z<br />

= −<br />

= −<br />

(12.9)<br />

∂z∂x<br />

∂z<br />

∂x∂z<br />

∂x<br />

∂ 2 V ∂E<br />

y ∂ 2 V ∂Ez<br />

= −<br />

= −<br />

(12.10)<br />

∂z∂y<br />

∂z<br />

∂y∂z<br />

∂y<br />

Então, <strong>de</strong> (128), (12.9) e (12.10) vem:<br />

∂E<br />

∂E<br />

x y ∂E<br />

x<br />

∂E<br />

z<br />

∂E<br />

∂E<br />

z y<br />

=<br />

=<br />

=<br />

(12.11)<br />

∂y<br />

∂x<br />

∂z<br />

∂x<br />

∂y<br />

∂z<br />

que dão a condição para que o potencial V(x,y,z) seja univocamente <strong>de</strong>finido em<br />

cada ponto P do campo elétrico. Essa condição mostra também que as três<br />

componentes do vetor campo elétrico não são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes umas das outras, o<br />

que permite reduzir um problema vetorial em um problema escalar.<br />

SAIBA MAIS<br />

A equação (12.12) po<strong>de</strong> ser escrita como:<br />

r r r r<br />

dV = ∇V<br />

• ds = ∇V<br />

cosθ ds<br />

(12.14)<br />

em que θ é o ângulo entre os dois vetores. Ela nos indica que a variação do<br />

potencial com a posição no campo elétrico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da direção consi<strong>de</strong>rada neste<br />

campo. Essa variação é nula quando θ =90º, isto é, quando a direção consi<strong>de</strong>rada,<br />

dada por<br />

ds<br />

r , for perpendicular ao gradiente <strong>de</strong> potencial; ela é máxima para θ<br />

=0º, ou quando esta direção for paralela ao gradiente <strong>de</strong> potencial. Esse fato nos<br />

indica que o gradiente é um vetor que nos <strong>de</strong>fine uma <strong>de</strong>rivada direcional, cujo<br />

valor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da direção consi<strong>de</strong>rada em seu cálculo. A equação (12.13) nos diz<br />

então que a direção <strong>de</strong> maior valor do campo elétrico é a mesma do gradiente <strong>de</strong><br />

potencial; além disso, o sentido do campo é oposto ao do gradiente <strong>de</strong> potencial.<br />

A equação (12.5) nos permite dizer que o potencial po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado<br />

como o produto escalar <strong>de</strong> dois vetores: o vetor<br />

ds<br />

r , e um outro vetor<br />

∇ r V ,<br />

<strong>de</strong>nominado gradiente do potencial, cujas componentes cartesianas são as<br />

<strong>de</strong>rivadas parciais do potencial relativamente às coor<strong>de</strong>nadas:<br />

∂V<br />

V<br />

V iˆ<br />

∂<br />

∇ r<br />

= +<br />

∂x<br />

∂y<br />

ˆ<br />

∂V<br />

j + kˆ<br />

∂z<br />

Assim, <strong>de</strong> (12.5) vem:<br />

r r<br />

dV = ∇V<br />

• ds<br />

(12.12)<br />

Então, po<strong>de</strong>mos escrever uma relação vetorial em termos do gradiente do<br />

potencial e o campo elétrico:<br />

E r = −∇V<br />

r<br />

(12.13)<br />

Esta equação nos mostra que o campo elétrico tem a mesma direção que o<br />

gradiente <strong>de</strong> potencial, mas seu sentido é oposto ao do gradiente <strong>de</strong><br />

potencial.<br />

204<br />

205


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

Ativida<strong>de</strong> 12.3<br />

Ativida<strong>de</strong> 12.1<br />

O campo elétrico gerado por um fio infinito com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> uniforme <strong>de</strong> carga, em<br />

um ponto a uma distância y do fio, é:<br />

O potencial elétrico gerado por um disco com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> cargas<br />

constante, em um ponto <strong>de</strong> seu eixo <strong>de</strong> simetria, situado à distância z do disco é:<br />

r<br />

E =<br />

λ ˆj<br />

πε y<br />

2<br />

0<br />

Em que o unitário está dirigido perpendicularmente ao fio. Então, com<br />

vem:<br />

r<br />

ds<br />

= dy ˆj<br />

V ( z)<br />

= −∫0<br />

2<br />

z<br />

dz = −<br />

0<br />

2<br />

0<br />

Como o potencial é função apenas da coor<strong>de</strong>nada z, temos:<br />

σ<br />

ε<br />

σ<br />

ε<br />

z<br />

=<br />

r r y λ<br />

−∫<br />

• = − ∫ • = − ∫<br />

y dy<br />

V E ds<br />

ˆ<br />

λ<br />

λ<br />

( j ˆ) j dy<br />

=<br />

y<br />

2πε<br />

y<br />

2πε<br />

y0<br />

y 2 πε<br />

0<br />

em que y<br />

0 é o raio do fio.<br />

0<br />

0<br />

0<br />

⎛ y0<br />

ln⎜<br />

⎝ y<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

∂V<br />

E(<br />

z)<br />

= −<br />

∂z<br />

σ<br />

=<br />

2ε<br />

0<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

Ativida<strong>de</strong> 12.2<br />

O campo elétrico gerado por uma espira circular <strong>de</strong> raio R em um ponto <strong>de</strong> seu eixo<br />

e à distância z <strong>de</strong> seu centro é:<br />

Q<br />

E z)<br />

= −<br />

4πε<br />

( R<br />

z<br />

2<br />

z )<br />

( 2 3/ 2<br />

0<br />

+<br />

r<br />

Então, com ds<br />

= dz kˆ<br />

, o potencial no ponto P, relativo ao infinito, é:<br />

kˆ<br />

E12.1) No exemplo 12.2 foi calculado o potencial elétrico <strong>de</strong> um ponto sobre o eixo<br />

<strong>de</strong> uma espira carregada. Calcule o campo elétrico a partir do potencial. Compare<br />

seu resultado com a equação 5.1.<br />

E12.2) O potencial elétrico em um ponto sobre o eixo central <strong>de</strong> um disco<br />

uniformemente carregado foi calculado no exemplo 11.4. A partir <strong>de</strong>ssa equação,<br />

<strong>de</strong>termine uma expressão para o campo elétrico.<br />

r<br />

r<br />

Q<br />

z<br />

V z<br />

z<br />

( z)<br />

= −∫<br />

E • ds = ∫<br />

( k • k dz =<br />

∞ 2 2 3/ 2<br />

R + z<br />

∫∞<br />

2 2 3/<br />

4πε<br />

R + z<br />

2<br />

0<br />

( )<br />

4πε<br />

0<br />

( )<br />

ou, com a mudança <strong>de</strong> variável:<br />

ˆ<br />

ˆ)<br />

Q<br />

z<br />

dz<br />

E12.3) Calcule o campo elétrico para uma casca esfera carregada utilizando os<br />

resultados obtidos no exemplo 11.5.<br />

E12.4) O potencial elétrico <strong>de</strong> uma certa distribuição <strong>de</strong> cargas é<br />

V(x,y,z)=2,00xyz 2 . Calcule o campo elétrico no ponto (3;-2,4).<br />

2 2<br />

2 2<br />

u = R + z → du = 2 z dz z = ∞ → u = ∞ z = z → u = R + z<br />

vem:<br />

Q<br />

V ( z)<br />

=<br />

4πε<br />

0<br />

1<br />

2<br />

∫<br />

2 2<br />

R + z<br />

∞<br />

du<br />

u<br />

3/ 2<br />

Q<br />

=<br />

4πε<br />

0<br />

1<br />

2<br />

2<br />

−<br />

u<br />

1/ 2<br />

∞<br />

2 2<br />

R + z<br />

Q<br />

= −<br />

4πε<br />

0<br />

1<br />

2 2<br />

R + z<br />

206<br />

207


UNIDADE 5 – CAPACITORES<br />

Nesta unida<strong>de</strong> estudaremos os capacitores. Eles são um dos muitos tipos <strong>de</strong><br />

dispositivos usados em circuitos elétricos, como por exemplo, em rádios,<br />

computadores, televisores, celulares e vi<strong>de</strong>o-games. A importância <strong>de</strong>les está<br />

principalmente na proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenar carga elétrica, bem como <strong>de</strong> criar<br />

campos elétricos com a simetria <strong>de</strong>sejada.<br />

Os capacitores em circuitos elétricos frequentemente, aparecem ligados<br />

entre si. Por isso, é necessário saber qual a capacitância equivalente <strong>de</strong>ssas<br />

associações. A capacitância equivalente da associação <strong>de</strong> capacitores é a<br />

capacitância que teria um único capacitor que substituiria os capacitores que<br />

formam a associação. Existem essencialmente duas maneiras <strong>de</strong> conectar<br />

capacitores: em série ou em paralelo.<br />

208<br />

209


AULA 13: CAPACITÂNCIA<br />

e paralelas separadas por uma distância d; a figura 13.1c mostra os vários tipos <strong>de</strong><br />

capacitor comumente usados.<br />

OBJETIVOS<br />

DEFINIR CAPACITÂNCIA E ESTUDAR SUAS PROPRIEDADES<br />

CALCULAR A CAPACITÂNCIA EQUIVALENTE DE ASSOCIAÇÕES DE CAPACITORES<br />

13.1 CAPACITÂNCIA<br />

Um condutor isolado, quando carregado com uma carga Q , gera um<br />

potencial elétrico que é proporcional à carga e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> também da forma e das<br />

dimensões do condutor. Como as cargas elétricas no condutor se alojam na sua<br />

superfície, quanto maior for a área do condutor, mais carga ele po<strong>de</strong> alojar para<br />

produzir um dado potencial. A relação entre a carga do condutor e o potencial<br />

gerado por ela, é <strong>de</strong>nominada capacitância do condutor:<br />

Q<br />

C = (13.1)<br />

V<br />

Por exemplo, um condutor esférico gera um potencial em pontos fora <strong>de</strong>le,<br />

situados à distância R do condutor, que é dado por:<br />

e a capacitância <strong>de</strong>ste condutor é:<br />

V =<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

Q<br />

R<br />

Q<br />

= 4πε R<br />

V<br />

C =<br />

0<br />

Esse exemplo nos mostra que a capacitância é uma proprieda<strong>de</strong><br />

associada à geometria do condutor e ao meio que ele se situa.<br />

A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> capacitância no SI é o Farad (F), assim <strong>de</strong>nominado em<br />

homenagem a Michael Faraday.<br />

13.2 CAPACITORES<br />

1C<br />

1F<br />

= .<br />

1V<br />

Um capacitor é um sistema constituído <strong>de</strong> qualquer par <strong>de</strong> condutores<br />

isolados e carregados com cargas <strong>de</strong> sinais opostos, como mostra o esquema das<br />

figuras 13.1a. A figura 13.1b mostra um capacitor formado por duas placas planas<br />

210<br />

Figura 13.1. (a) Um capacitor constituído por dois condutores isolados e carregados;<br />

(b) um capacitor <strong>de</strong> placas planas e paralelas; (c) alguns tipos <strong>de</strong> capacitores disponíveis<br />

comercialmente.<br />

A importância dos capacitores está principalmente na proprieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> armazenar carga elétrica, bem como <strong>de</strong> criar campos elétricos com a<br />

simetria <strong>de</strong>sejada.<br />

A gran<strong>de</strong>za que <strong>de</strong>fine as proprieda<strong>de</strong>s do capacitor é a capacitância, que<br />

me<strong>de</strong> a capacida<strong>de</strong> que ele tem para armazenar carga elétrica. De acordo com a<br />

equação 13.1:<br />

Q<br />

C = . ∆V<br />

em que, neste caso, Q é o módulo da carga elétrica líquida no conjunto <strong>de</strong><br />

condutores e ∆ V é o módulo da diferença <strong>de</strong> potencial entre eles.<br />

Consequentemente, a capacitância C é sempre positiva.<br />

Os capacitores usuais tem capacitâncias da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> microfarads,<br />

−6<br />

1µ F = 1×<br />

10 F .<br />

EXEMPLO 13.1<br />

Calcule a capacitância <strong>de</strong> um capacitor formado por placas planas e paralelas <strong>de</strong><br />

área A separadas pela distância L no vácuo (Figura 13.2).<br />

211


Note a <strong>de</strong>pendência dos fatores geométricos A e L e vê-se portanto que a<br />

capacitância cresce com a área e <strong>de</strong>cresce com a distância. Isso nos mostra<br />

duas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alterar a capacitância <strong>de</strong> dispositivos em geral.<br />

ATIVIDADE 13.1<br />

Consi<strong>de</strong>re um capacitor <strong>de</strong> placas planas e paralelas <strong>de</strong> área igual a 15 cm 2 . A<br />

distâcia entre as placas é 5,1 mm e o módulo da carga em cada placa é 6,0 nC.<br />

Figura 13.2: Capacitor <strong>de</strong> placas paralelas carregadas com carga Q e separadas por uma<br />

distância L.<br />

SOLUÇÃO: A diferença <strong>de</strong> potencial entre duas placas condutoras <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

carga nessas placas. É conveniente, portanto, obter primeiro a expressão para a<br />

diferença <strong>de</strong> potencial elétrico entre as duas placas:<br />

r r<br />

∆V<br />

= V+ −V−<br />

= −∫ E • dl<br />

O campo elétrico entre as placas planas e paralelas é uniforme e está dirigido da<br />

placa positiva para a negativa; então, escolhendo um eixo Ox na direção e sentido<br />

do campo, com a origem O na placa positiva, a diferença <strong>de</strong> potencial entre as<br />

placas é:<br />

a) Qual é a capacitância <strong>de</strong>sse capacitor quando ele se encontra no vácuo?<br />

b) Determine a diferença <strong>de</strong> potencial entre as suas placas.<br />

c) Determine o valor do campo elétrico entre suas placas.<br />

EXEMPLO 13.2<br />

Vamos consi<strong>de</strong>rar agora o caso <strong>de</strong> uma esfera e uma casca esférica concêntricas e<br />

condutoras <strong>de</strong> raios<br />

R<br />

a<br />

e<br />

R<br />

b<br />

, com cargas<br />

+ Q e − Q respectivamente, como<br />

ilustra a figura 13.3. Qual a capacitância <strong>de</strong>sse capacitor esférico?<br />

∆V<br />

= V<br />

+<br />

−V<br />

−<br />

0<br />

= −∫ E dl = E L<br />

Utilizando a Lei <strong>de</strong> Gauss, po<strong>de</strong>mos escrever o campo elétrico no interior das placas<br />

como a soma vetorial dos campos gerados por cada uma das placas:<br />

r<br />

E = E<br />

r r+<br />

+ −<br />

L<br />

| Q | | Q | | Q |<br />

E = iˆ<br />

+ iˆ<br />

= iˆ<br />

2ε<br />

A 2ε<br />

A A<br />

0 0<br />

ε<br />

0<br />

on<strong>de</strong> î é o unitário do eixo Ox.<br />

A diferença <strong>de</strong> potencial entre as placas dos capacitores é:<br />

QL<br />

∆ V = ε 0<br />

A<br />

Figura 13.3: Capacitor esférico.<br />

Solução: Como a capacitância é:<br />

| Q |<br />

C =<br />

| ∆V<br />

|<br />

Portanto,<br />

| Q | ε A<br />

= =<br />

| ∆V<br />

| L<br />

C<br />

0<br />

precisamos calcular, antes <strong>de</strong> mais nada, o campo elétrico existente entre essas<br />

placas, para <strong>de</strong>pois obter<br />

caso simétrico é usar a lei <strong>de</strong> Gauss:<br />

∆ V . A melhor forma <strong>de</strong> obter o campo elétrico nesse<br />

212<br />

213


para<br />

Q<br />

∫ E r<br />

• nˆ<br />

dA =<br />

ε<br />

As cargas estão nas superfícies dos condutores e portanto o campo elétrico<br />

R < Ra<br />

é nulo. Entre os capacitores há um campo elétrico radial como<br />

mostrado na figura 13.3. O campo elétrico é constante sobre a superfície <strong>de</strong> Gauss<br />

<strong>de</strong> raio<br />

R<br />

P<br />

, e portanto:<br />

E∫<br />

dA = ε<br />

Q<br />

0<br />

0<br />

parâmetro que é pequeno e escrever a expressão em termos <strong>de</strong>sse parâmetro.<br />

Depois disso, faz-se uma expansão em torno do valor zero para o parâmetro. Esse<br />

parâmetro é em geral adimensional, dado que frequentemente é expresso como<br />

1<br />

uma razão entre duas gran<strong>de</strong>zas físicas γ<br />

1 e γ<br />

2<br />

, sendo que


13.3 ENERGIA EM UM CAPACITOR<br />

Figura 13.4: Superfície <strong>de</strong> Gauss cilíndrica em cabos coaxiais<br />

O campo elétrico entre os fios que constituem o cabo coaxial é radial e tem sentido<br />

do fio <strong>de</strong> raio menor para o fio <strong>de</strong> raio maior. Então, po<strong>de</strong>mos aplicar a lei <strong>de</strong><br />

Gauss escolhendo uma superfície gaussiana cilíndrica, <strong>de</strong> raio r, concêntrica com o<br />

eixo dos fios. Assim, para esta superfície, temos:<br />

Q<br />

∫ E r<br />

• nˆ<br />

dA =<br />

ε<br />

Para o comprimento L do cabo coaxial, a superfície <strong>de</strong> Gauss tem uma área lateral<br />

que vale<br />

A = 2π r L . Então:<br />

Assim, o campo elétrico entre os fios é:<br />

A diferença <strong>de</strong> potencial entre os fios é:<br />

V −V<br />

= −<br />

a<br />

b<br />

a<br />

∫b<br />

r r<br />

E • dl =<br />

Q<br />

E (2π<br />

r L)<br />

=<br />

ε<br />

0<br />

Q<br />

E =<br />

2π<br />

ε 0<br />

L r<br />

0<br />

Q b dr Q<br />

∫ =<br />

2π ε L a<br />

0<br />

r 2π<br />

ε<br />

0<br />

⎛ b ⎞<br />

ln⎜<br />

⎟<br />

L ⎝ a ⎠<br />

Para calcular a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia armazenada em um capacitor, vamos utilizar<br />

um capacitor <strong>de</strong> placas planas e paralelas mas o raciocínio po<strong>de</strong> ser estendido a um<br />

capacitor qualquer, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da forma e dos condutores que o<br />

constituem.<br />

Consi<strong>de</strong>remos, então, um capacitor <strong>de</strong> placas planas e paralelas. Quando ele está<br />

sendo carregado, há um acúmulo <strong>de</strong> cargas elétricas <strong>de</strong> um dado sinal em uma das<br />

placas do capacitor, o que provoca a repulsão <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> mesmo sinal na outra<br />

placa do capacitor. Esse acúmulo faz com que, em um <strong>de</strong>terminado instante, cada<br />

placa contenha a mesma carga q (em módulo).<br />

Observe, no entanto que uma das placas conterá um excesso <strong>de</strong> cargas positivas e<br />

a outra placa um excesso <strong>de</strong> cargas negativas, estabelecendo assim um campo<br />

elétrico E v entre as placas do capacitor. A diferença <strong>de</strong> potencial entre as duas<br />

placas é, então, V = q / C , sendo C a capacitância do capacitor.<br />

Imagine, agora, que se queira acumular mais uma carga elementar positiva dq na<br />

placa positiva. A diferença <strong>de</strong> potencial entre as placas fica aumentada. Esse<br />

aumento é equivalente ao trabalho por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga que seria necessário para<br />

transferir essa mesma carga elementar positiva dq da placa negativa para a placa<br />

positiva do capacitor. Preste bem atenção na palavra “equivalente”, pois<br />

durante o processo <strong>de</strong> carga do capacitor NÃO tem cargas atravessando <strong>de</strong><br />

um lado para outro. A razão é simples: se isso acontecesse, ele não<br />

acumularia cargas, função principal <strong>de</strong> um capacitor. Enfim, o trabalho por<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga é armazenado no capacitor sob a forma <strong>de</strong> energia potencial<br />

elétrica U , dada por:<br />

A capacitância é, então:<br />

Q<br />

C =<br />

V −V<br />

a<br />

b<br />

2π ε<br />

0<br />

L<br />

=<br />

⎛ b ⎞<br />

ln⎜<br />

⎟<br />

⎝ a ⎠<br />

dU = V dq =<br />

q<br />

dq<br />

C<br />

A energia potencial armazenada quando o capacitor é carregado até ter uma carga<br />

total Q é:<br />

ATIVIDADE 13.3<br />

Consi<strong>de</strong>re o capacitor <strong>de</strong> cabos coaxiais do Exemplo 13.3. O que acontece no limite<br />

quando, b >> a ?<br />

2<br />

1 q 1 Q<br />

U = dq<br />

2<br />

∫ =<br />

C 2 C<br />

Que também po<strong>de</strong> ser escrita em termos da diferença <strong>de</strong> potencial e da<br />

capacitância:<br />

216<br />

217


1<br />

U = CV<br />

2<br />

Em um capacitor <strong>de</strong> placas planas e paralelas, <strong>de</strong>sprezando a região das suas<br />

bordas, o campo elétrico é uniforme. Assim, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia u <strong>de</strong>le, isto é<br />

a energia por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume, também <strong>de</strong>verá ser uniforme. Então:<br />

u =<br />

U<br />

A d<br />

2<br />

1<br />

CV<br />

=<br />

2<br />

A d<br />

em que Ad é o volume contido entre as placas. Substituindo a capacitância C pela<br />

sua expressão:<br />

obtemos:<br />

C =<br />

ε 0<br />

d<br />

A<br />

2<br />

2<br />

ε<br />

0 ⎛V<br />

⎞<br />

u = ⎜ ⎟<br />

2 ⎝ d ⎠<br />

(13.2)<br />

⎛V<br />

⎞<br />

Mas ⎜ ⎟ é o campo elétrico no capacitor. Substituindo então, na equação acima,<br />

⎝ d ⎠<br />

obtemos:<br />

u ε2 E<br />

0 2<br />

= (13.3)<br />

Po<strong>de</strong>-se mostrar que esta fórmula é geral e vale para a energia armazenada em<br />

uma região on<strong>de</strong> existe um campo elétrico.<br />

ATIVIDADE 13.4<br />

Calcule a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia entre as placas <strong>de</strong> um capacitor submetidas a uma<br />

diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> 500 V no ar. A distância entre as placas é igual a 3,00<br />

mm e a sua carga é <strong>de</strong> 9,30 µF.<br />

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 13.1<br />

0<br />

A<br />

a) A capacitância <strong>de</strong> um capacitor plano <strong>de</strong> placas paralelas é C = ε tal que:<br />

L<br />

E portanto:<br />

−4<br />

2<br />

15×<br />

10 m<br />

F / m<br />

5,1 × 10 m<br />

−12<br />

C = 8,85 × 10<br />

−3<br />

12<br />

C = 2,6 × 10<br />

− F = 2, 6 pF<br />

b) Através da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> capacitâcia po<strong>de</strong>mos obter facilmente a diferença <strong>de</strong><br />

potencial entre as placas <strong>de</strong>ste capacitor uma vez que é conhecida a carga Q e sua<br />

capacitância C :<br />

Q<br />

∆ V =<br />

C<br />

−9<br />

6,0×<br />

10 C<br />

∆ V =<br />

−12<br />

2,6×<br />

10 F / m<br />

3<br />

∆ V = 2 ,6×<br />

10 V<br />

c) O campo elétrico entre as placas é constante e seu módulo po<strong>de</strong> ser obtido por<br />

E =<br />

∆V<br />

d<br />

2,6×<br />

10<br />

5,1 × 10<br />

−3<br />

E =<br />

−3<br />

V<br />

m<br />

E = 5,1 N / C<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR13.1) Qual é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia armazenada em um campo elétrico<br />

uniforme <strong>de</strong> 10 V/m.<br />

ATIVIDADE 13.2<br />

a) Utilizando a equação que obtemos para um capacitor esférico temos:<br />

4πε<br />

0Ra<br />

R<br />

C =<br />

R − R<br />

b<br />

a<br />

b<br />

.<br />

218<br />

219


C<br />

4π<br />

−12<br />

−3<br />

−3<br />

( 8,85 × 10 F / m)( 85×<br />

10 m)( 100×<br />

10 m) .<br />

=<br />

−3<br />

−3<br />

100×<br />

10<br />

m − 85×<br />

10<br />

C = 0, 63pF<br />

m<br />

Dessa forma<br />

C → 2πε L o<br />

b) De acordo com a Lei <strong>de</strong> Gauss a casca esférica externa não contribui para o<br />

campo elétrico entre os condutores; apenas a esfera condutora interna. O campo<br />

elétrico criado pelo condutor interno é radial, dado pela equação<br />

Q<br />

4πε 0<br />

r<br />

→<br />

E =<br />

2<br />

rˆ<br />

ATIVIDADE 13.4<br />

Como em um capacitor <strong>de</strong> placas planas e paralelas,<br />

V 500V<br />

= =<br />

−<br />

d 3,0 × 10 m<br />

E<br />

3<br />

6<br />

E = 1,7 × 10 V / m<br />

V = Ed<br />

Da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> capacitância temos:<br />

Q = C ∆V<br />

E, portanto, o valor do campo elétrico E a um ponto situado a uma distância r do<br />

centro é:<br />

C∆V<br />

E =<br />

4πε<br />

r<br />

0<br />

2<br />

Utilizando a equação 13.3,<br />

=<br />

u 0 2 ε2 E<br />

(8,85 × 10<br />

u =<br />

−12<br />

6<br />

F / m)(1,7<br />

× 10 V / m)<br />

2<br />

E portanto,<br />

3<br />

u = 0,12<br />

J / m<br />

.<br />

2<br />

Em r 1 = 86 mm:<br />

E em r 2 = 97 mm:<br />

E1<br />

=<br />

4 π<br />

E2<br />

=<br />

4 π<br />

−12<br />

( 0,63×<br />

10 F / m)( 220V<br />

)<br />

−12<br />

−3<br />

( 8,85 × 10 F / m)( 86×<br />

10 m) 2<br />

2<br />

E = 1,7 10 V / m<br />

1<br />

×<br />

−12<br />

( 0,63×<br />

10 F / m)( 220V<br />

)<br />

−12<br />

−3<br />

( 8,85 × 10 F / m)( 97×<br />

10 m) 2<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E13.1) Qual <strong>de</strong>ve ser a carga elétrica das placas <strong>de</strong> um capacitor <strong>de</strong> capacitância<br />

9,5 nF para que a diferença <strong>de</strong> potencial entre elas seja <strong>de</strong> 110 V?<br />

E13.2) Determine a capacitância, a diferença <strong>de</strong> potencial entre suas placas e o<br />

módulo do campo elétrico entre as placas <strong>de</strong> um capacitor com placas paralelas <strong>de</strong><br />

área igual a 50 mm 2 , com carga igual a 7,5 nC e distância entre as placas igual a<br />

1,5 m<br />

ATIVIDADE 13.3<br />

Observe que quando<br />

b >> a :<br />

2<br />

E = 1,3 10 V / m<br />

2<br />

×<br />

a<br />

⎛ a ⎞<br />

→ 0 e ln⎜<br />

⎟ →1<br />

b<br />

⎝ b ⎠<br />

E13.3) Determine:<br />

a) a capacitância por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> um capacitor cilíndrico em que o<br />

condutor interno tem raio 2,0 mm e o condutor externo 3,5 mm.<br />

b) a carga <strong>de</strong> cada condutor sabendo que o potencial do condutor externo está a<br />

um potencial 5,0 V mais elevado do que o potencial do condutor interno<br />

E13.4) Determine a razão entre os raios <strong>de</strong> um capacitor cilíndrico em que sua<br />

capacitância por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento é igual a 70 pF/m.<br />

220<br />

221


AULA 14 ASSOCIAÇÃO DE CAPACITORES<br />

OBJETIVO<br />

CALCULAR A CAPACITÂNCIA EQUIVALENTE DE ASSOCIAÇÕES DE CAPACITORES<br />

Para calcular a capacitância equivalente a esses dois capacitores C<br />

1<br />

e C<br />

2<br />

,<br />

vamos primeiramente calcular a diferença <strong>de</strong> potencial entre as placas <strong>de</strong>les. Para o<br />

primeiro capacitor temos:<br />

∆ V = V y<br />

−V<br />

,<br />

1 x<br />

e para o segundo:<br />

∆ V = V z<br />

− V .<br />

2 y<br />

14.1 – ASSOCIAÇÃO EM SÉRIE DE CAPACITORES<br />

Em circuitos, representaremos os capacitores pelos símbolos:<br />

cujas linhas verticais representam os condutores ligados a fios <strong>de</strong> um circuito<br />

elétrico, representado pelas linhas horizontais.<br />

Na associação em série, uma das placas <strong>de</strong> um capacitor é conectada, por<br />

meio <strong>de</strong> fios condutores, a uma placa <strong>de</strong> um outro capacitor como ilustra a figura<br />

14.1.<br />

A diferença <strong>de</strong> potencial entre os pontos z e x é:<br />

∆ V<br />

= ∆V1 + ∆V2<br />

x<br />

= V z<br />

−V<br />

.<br />

Os capacitores estão submetidos a diferenças <strong>de</strong> potencial diferentes mas o<br />

capacitor equivalente <strong>de</strong>ve estar submetido à diferença <strong>de</strong> potencial<br />

∆ V . Como o<br />

capacitor equivalente <strong>de</strong>ve ter a mesma carga Q que os capacitores ligados em<br />

série, <strong>de</strong>vemos ter:<br />

Q<br />

Q Q<br />

∆ V = = ∆V1<br />

+ ∆V2<br />

= +<br />

C<br />

C C<br />

Assim, a capacitância equivalente obe<strong>de</strong>ce à equação:<br />

1<br />

2<br />

.<br />

1 1 1<br />

= + ,<br />

(14.2)<br />

C C 1<br />

C 2<br />

e é menor do que a capacitância dos capacitores individuais.<br />

Figura 14.1: Associação em série <strong>de</strong> capacitores.<br />

Se colocarmos uma carga elétrica negativa<br />

− Q na placa do capacitor C<br />

1<br />

,<br />

ligada pelo fio ao ponto x, aparecerá, por indução, uma carga igual e <strong>de</strong> sinal<br />

contrário<br />

+ Q na placa da direita do capacitor. Como esta placa está ligada por<br />

outro fio, à placa da esquerda do capacitor C<br />

2<br />

, também por indução aparecerá<br />

uma carga<br />

− Q nesta placa. Novamente por indução, surgirá uma carga + Q na<br />

EXEMPLO 14.1<br />

A figura 14.2 mostra uma associação <strong>de</strong> capacitores. Sabendo que a carga elétrica<br />

nos capacitores é Q = 50,0 µ C e que as capacitâncias dos capacitores são,<br />

respectivamente, C = 1<br />

5,0 µ F , C = 6,0 µ F<br />

2 e C 3,0 µ F<br />

3<br />

= , calcule a diferença <strong>de</strong><br />

potencial nos terminais <strong>de</strong> cada capacitor e a capacitância equivalente da<br />

associação.<br />

placa da direita do capacitor C<br />

2<br />

. Assim, as cargas nas placas dos capacitores<br />

serão iguais em módulo. É este o raciocínio simples que leva às expressões<br />

usualmente <strong>de</strong>duzidas nos cursos elementares. Raciocine sempre o mais que pu<strong>de</strong>r<br />

e tente não <strong>de</strong>corar essas expressões.<br />

222<br />

Figura 14.2: Associação <strong>de</strong> capacitores<br />

223


Solução:<br />

Temos que:<br />

Q2<br />

C2<br />

=<br />

∆<br />

V xz<br />

.<br />

A capacitância equivalente é:<br />

Q 50,0 µ C<br />

V1 = = = 10, 0 V<br />

C 5,0 µ F<br />

1<br />

Q 50,0 µ C<br />

V2 = = = 8, 3 V<br />

C 6,0 µ F<br />

2<br />

Q 50,0 µ C<br />

V31 = = = 16, 7 V<br />

C 3,0 µ F<br />

3<br />

1 1 1 1 1 1 1<br />

1<br />

−1<br />

= + + = + + = (0,20 + 0,17 + 0,33)( µ F)<br />

− = 0,70( µ F)<br />

C<br />

C<br />

1<br />

C<br />

2<br />

C<br />

3<br />

5,0 µ F<br />

6,0 µ F<br />

3,0 µ F<br />

ou: C = 1,4µ<br />

F<br />

14.2 – ASSOCIAÇÃO EM PARALELO DE CAPACITORES<br />

A carga total nas placas dos capacitores é a soma das cargas nos<br />

capacitores individuais:<br />

Q = Q , 1<br />

+ Q2 e essa é a carga do capacitor equivalente.<br />

ou seja,<br />

A capacitância equivalente é dada por:<br />

Q<br />

C =<br />

∆V<br />

xz<br />

C1∆Vxz<br />

+ C2∆V<br />

=<br />

∆V<br />

xz<br />

xz<br />

,<br />

C = C . 1<br />

+ C2 (14.3)<br />

Para capacitores ligados em paralelo, a capacitância do capacitor equivalente<br />

é sempre maior do que as capacitâncias individuais.<br />

Os capacitores em paralelo, estão ilustrados na figura 14.3. Você consegue<br />

pensar nesta caso o que vai ser comum aos dois capacitores? Note em seguida que<br />

esse é o ingrediente físico da <strong>de</strong>monstração da fórmula matemática. Não a <strong>de</strong>core!<br />

EXEMPLO 14.2<br />

Calcule a capacitância equivalente do circuito mostrado na figura 14.4, nas<br />

seguintes condições: a) A chave S está aberta; b) A chave S está fechada.<br />

Eles são ligados <strong>de</strong> maneira a estarem submetidos à mesma<br />

diferença <strong>de</strong> potencial.<br />

Figura 14.4: Associação <strong>de</strong> capacitores.<br />

SOLUÇÃO:<br />

Figura 14.3: Associação em paralelo <strong>de</strong> capacitores.<br />

Então, po<strong>de</strong>mos escrever que:<br />

e<br />

C<br />

1 =<br />

Q<br />

∆<br />

1<br />

V xz<br />

a) Nos exercícios envolvendo vários capacitores a primeira coisa a fazer é<br />

i<strong>de</strong>ntificar quais estão ligados em série e quais estão ligados em paralelo. No caso<br />

acima, com a chave S aberta, vemos imediatamente que C<br />

1<br />

e C<br />

4<br />

estão em série e<br />

C<br />

2<br />

e C<br />

3<br />

também estão em série. Os capacitores equivalentes a C<br />

1<br />

e C<br />

4<br />

e a C<br />

2<br />

e<br />

C<br />

3<br />

estarão em paralelo. Então, primeiro precisamos das capacitâncias equivalentes<br />

224<br />

225


dos capacitores em série:<br />

1 1 1<br />

C1C4<br />

= + → C1,4<br />

=<br />

C C C<br />

C + C<br />

1,4<br />

1<br />

4<br />

1<br />

4<br />

Após um pouco <strong>de</strong> álgebra simples obtemos:<br />

( C1<br />

+ C2)(<br />

C3<br />

+ C4)<br />

C =<br />

.<br />

( C + C + C + C )<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

e<br />

1 1 1<br />

C2C<br />

= + → C2,3<br />

=<br />

C C C<br />

C +<br />

3<br />

2,3 2 3<br />

2<br />

C3<br />

.<br />

Note que, outra vez, o limite <strong>de</strong> todos os capacitores iguais (e iguais a C′ ) nos<br />

fornece:<br />

C = C ′.<br />

Agora esses novos dois capacitores C<br />

1,4<br />

e C<br />

2,3<br />

<strong>de</strong>vem ser associados em paralelo.<br />

Portanto a capacitância final resultante é dada por:<br />

C = C<br />

1,4<br />

+ C2,3<br />

=<br />

C1C<br />

4<br />

C2C3<br />

+<br />

C + C C + C<br />

1<br />

Note que se todos os capacitores tiverem a mesma capacitância<br />

C = C = C = C = C′<br />

1 2 3 4<br />

, teremos:<br />

2 2<br />

C′<br />

C′<br />

C = + = C′<br />

.<br />

2C′<br />

2C′<br />

Fazer limites simples para testar a resposta a qual chegamos é sempre uma boa<br />

estratégia para achar erros <strong>de</strong> conta. Se houver algum erro <strong>de</strong> conta, em boa parte<br />

das vezes, ele po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectado fazendo-se um limite conhecido.<br />

b) O que muda quando fechamos a chave S ? A diferença <strong>de</strong> potencial entre C<br />

1<br />

e<br />

C<br />

2<br />

será a mesma, nessas condições, isto implica imediatamente que o conjunto<br />

estará em paralelo, assim como C<br />

3<br />

e C<br />

4<br />

. Os respectivos capacitores equivalentes<br />

estarão em série uma vez que a diferença <strong>de</strong> potencial entre eles <strong>de</strong>ve ser a soma<br />

das diferenças <strong>de</strong> potencial dos capacitores equivalentes.<br />

4<br />

2<br />

3<br />

ATIVIDADE 14.1<br />

A figura 14.5 mostra uma associação <strong>de</strong> capacitores. Sabendo que a diferença <strong>de</strong><br />

potencial nos terminais dos fios é 10,0 V e que as capacitâncias dos capacitores<br />

são, respectivamente, C = 1<br />

5,0 µ F , C = 6,0 µ F<br />

2 e C 3,0 µ F<br />

3<br />

= , calcule a carga em<br />

cada capacitor e a capacitância equivalente da associação.<br />

Figura 14.5: Associação em paralelo <strong>de</strong> capacitores<br />

EXEMPLO 14.3<br />

Calcule a capacitâcia equivalente dos capacitores em série da figura 14.6, em que<br />

a seção interna tem comprimento b, po<strong>de</strong>ndo se movimentar verticalmente.<br />

Mostre que a capacitância equivalente não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da posição da seção central.<br />

C<br />

3<br />

e C<br />

4<br />

:<br />

Calculemos então, primeiro a capacitância equivalente entre C<br />

1<br />

e C<br />

2<br />

e entre<br />

C +<br />

= C C<br />

1,2 1 2<br />

e: C C + .<br />

3, .4<br />

=<br />

3<br />

C4<br />

e pelo raciocínio acima:<br />

Figura 14.6: Capacitores em série<br />

1 1 1 1 1<br />

= + = +<br />

C C C C + C C + C<br />

1,2<br />

3,4<br />

1<br />

2<br />

3<br />

4<br />

SOLUÇÃO: Temos dois capacitores em série; o primeiro consiste na placas<br />

superiores e o segundo, nas inferiores. Temos, então,que:<br />

226<br />

227


1 1 1<br />

= +<br />

C C C<br />

1 2<br />

Se h é a separação das placas superiores, a capacitância do capacitor superior é:<br />

E a do capacitor inferior é:<br />

Então:<br />

Finalmente:<br />

1<br />

=<br />

ε<br />

0<br />

A<br />

C1<br />

=<br />

h<br />

ε<br />

0<br />

A<br />

C2<br />

=<br />

a − ( b + h)<br />

h<br />

ε A<br />

a − b − h a − b<br />

+ =<br />

ε A ε A<br />

C<br />

0<br />

0<br />

0<br />

C<br />

ε A<br />

a − b<br />

= 0<br />

Esta equação mostra que a capacitância não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da posição da seção móvel<br />

central; ela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas da dimensão linear (b) <strong>de</strong>sta seção e da separação<br />

(a) entre as placas fixas.<br />

pontos x e z é<br />

V xz<br />

= 50V<br />

.<br />

a) Determine a capacitância equivalente <strong>de</strong>ssa combinação.<br />

b) Calcule o módulo da carga em cada capacitor.<br />

c) Determine a diferença <strong>de</strong> potencial entre os pontos x e y .<br />

Figura 14.8 associação <strong>de</strong> três capacitores<br />

ATIVIDADE 14.2<br />

Quatro capacitores <strong>de</strong> capacitâncias<br />

C = 1<br />

5,0 µ F<br />

,<br />

C = 2<br />

5,0 µF , C = 3,2 µ F<br />

3 e<br />

C = 3,2 µF estão em um circuito conforme mostra a figura 14.7. A diferença <strong>de</strong><br />

4<br />

potencial entre os pontos x e z é V xz<br />

= 50V<br />

. Determine a capacitância<br />

equivalente <strong>de</strong>ssa combinação.<br />

Figura 14.7 associação <strong>de</strong> quatro capacitores<br />

ATIVIDADE 14.3<br />

Três capacitores <strong>de</strong> capacitâncias C = 1<br />

5,0 µ F<br />

,<br />

C = 2<br />

5,0 µF e 3,2 F<br />

3<br />

C = µ estão em<br />

um circuito conforme mostra a figura 14.8. A diferença <strong>de</strong> potencial entre os<br />

228<br />

229


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 14.1<br />

Como os capacitores estão em paralelo, a capacitância equivalente é:<br />

C = C + C + C = 5,0 µ F + 56,0 µ F + 3,0 µ F 14, 0µ<br />

F<br />

1 2 3<br />

=<br />

A carga em cada capacitor é:<br />

Q<br />

1<br />

= C1V<br />

= 5,0µ F × 10,0V<br />

= 50, 0 µ C<br />

Q<br />

2<br />

= C2<br />

V = 6,0µ F × 10,0V<br />

= 60, 0µ<br />

C<br />

Q<br />

3<br />

= C3V<br />

= 3,0µ F × 10,0V<br />

= 30, 0µ<br />

C<br />

ATIVIDADE 14.2<br />

Os capacitores C<br />

1 e C2<br />

estão em série entre si e em paralelo com o capacitor C<br />

3 .<br />

Então a capacitância equivalente <strong>de</strong>sses três capacitores é:<br />

C eq<br />

= C 1<br />

+ C<br />

,2<br />

3<br />

a) Os capacitores C<br />

1<br />

e C2<br />

estão em paralelo entre si e em série com o capacitor C3<br />

. Então a capacitância equivalente <strong>de</strong>ssa combinação é:<br />

1<br />

=<br />

(15 × 10<br />

C eq<br />

1 1 1<br />

= +<br />

C eq<br />

C + C C<br />

1<br />

1<br />

F + 5,0 × 10<br />

2<br />

F)<br />

+<br />

− 6<br />

−6<br />

C eq<br />

= 2,8 x10<br />

.<br />

− 6 F<br />

3<br />

1<br />

(3,2 x10<br />

b) Sabemos que em uma associação em paralelo, a carga total nas placas<br />

dos capacitores é a soma das cargas nos capacitores individuais e que em<br />

uma combinação em série as cargas, em módulo, em todas as placas <strong>de</strong>ve<br />

ser a mesma.<br />

Então a carga no capacitor C<br />

3 é a mesma que a da associação C<br />

12<br />

. E pela <strong>de</strong>finição<br />

<strong>de</strong> capacitância temos:<br />

−6<br />

F)<br />

Mas,<br />

Então:<br />

C<br />

C C<br />

1 2<br />

1,2<br />

= ,<br />

C1<br />

+ C2<br />

Q =<br />

2<br />

+ Q1<br />

Q3<br />

Q3 = CeqV<br />

ou Q 2<br />

+ Q 1<br />

= CeqV<br />

−6<br />

( 2,8 × 10 F )( V )<br />

Q =<br />

50<br />

3<br />

Observe que<br />

C C<br />

C + C<br />

1 2<br />

C eq<br />

= +<br />

1<br />

2<br />

C<br />

C<br />

eq<br />

está em série com C<br />

4<br />

. Então a capacitância equivalente do<br />

circuito formado pelos quatro capacitores,<br />

3<br />

*<br />

C<br />

eq<br />

será igual a:<br />

Q3 = 1,4 × 10<br />

Observe que os capacitores C<br />

1<br />

e C<br />

2<br />

estão no mesmo potencial, então:<br />

−4<br />

C<br />

1<br />

1<br />

C<br />

Q<br />

C<br />

2<br />

2<br />

Q =<br />

1<br />

C<br />

* eqC4<br />

Ceq<br />

=<br />

C + C<br />

eq<br />

4<br />

C<br />

Q =<br />

C<br />

2<br />

2<br />

Q<br />

1<br />

C C<br />

C + C C<br />

1 2<br />

4 3 4<br />

* C1<br />

+ C2<br />

C eq<br />

=<br />

C1C<br />

2<br />

+ C3<br />

+ C4<br />

C1<br />

+ C2<br />

*<br />

C eq<br />

= 2,1 µ F<br />

Então:<br />

5 Q<br />

2 = Q<br />

1<br />

15<br />

4 Q<br />

1 = Q<br />

3<br />

3<br />

ATIVIDADE 14.3<br />

4<br />

( 2,8 × C)<br />

4 −<br />

Q1 = 10<br />

3<br />

230<br />

231


Q1 = 3,7 × 10<br />

−4<br />

C<br />

E portanto,<br />

−4<br />

Q2 = 1,3 × 10 C .<br />

c) Sabemos que<br />

V<br />

= V<br />

+ V<br />

=<br />

xz xy yz<br />

50<br />

Sabemos também da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> capacitância que:<br />

Logo,<br />

Q<br />

C<br />

3<br />

V yz<br />

= e<br />

3<br />

Q<br />

C<br />

1<br />

V<br />

1<br />

V xy<br />

= =<br />

3,7 × 10<br />

15×<br />

10<br />

− 4<br />

V = xy − 6<br />

V xy<br />

= 25V<br />

C<br />

F<br />

Q<br />

C<br />

2<br />

2<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E14.1) Consi<strong>de</strong>re a Ativida<strong>de</strong> 14.2 em que quatro capacitores são colocados em um<br />

circuito, como ilustra a figura 15.7, <strong>de</strong> capacitâncias<br />

C = 3<br />

3,2µF<br />

e C = 3,2µ<br />

F<br />

4 .<br />

a) Calcule o módulo da carga em cada capacitor.<br />

b) Determine a diferença <strong>de</strong> potencial entre os pontos x e y .<br />

C = 1<br />

5,0µ<br />

F , C = 5,0µ<br />

F<br />

2 e<br />

E14.2) Dois capacitores com placas paralelas no vácuo possuem a mesma área e as<br />

distâncias <strong>de</strong> cada uma das placas é d<br />

1<br />

e d<br />

2<br />

. Determine a capacitância equivalente<br />

do circuito quando esses capacitores estão em série.<br />

E14.3) Calcule a capacitância <strong>de</strong> um capacitor <strong>de</strong> placas planas e paralelas com<br />

área A e a distância entre as placas é d<br />

1<br />

+ d<br />

2<br />

. Compare o resultado com o exercício<br />

anterior.<br />

E14.4) Dois capacitores com placas paralela no vácuo possuem áreas A<br />

1<br />

e A<br />

2<br />

e a<br />

distância entre as placas é d . Determine a capacitância equivalente do circuito<br />

quando esses capacitores estão em paralelo.<br />

E14.5) Calcule a capacitância <strong>de</strong> um capacitor <strong>de</strong> placas planas e paralelas <strong>de</strong> área<br />

A<br />

1<br />

+ A 2<br />

e distância entre as placas igual a d . Compare o resultado com o exercício<br />

anterior.<br />

232


AULA 15 CAPACITORES COM DIELÉTRICOS<br />

OBJETIVOS<br />

DETERMINAR A INFLUÊNCIA DE DIELÉTRICOS EM CAPACITORES<br />

Po<strong>de</strong>mos calcular<br />

V<br />

d<br />

da seguinte maneira:<br />

C<br />

d<br />

Q<br />

C<br />

d<br />

= .<br />

(15.3)<br />

V<br />

=<br />

Q<br />

V<br />

d<br />

=<br />

d<br />

Q V0<br />

V V<br />

0 d<br />

,<br />

15.1 INFLUÊNCIA DO DIELÉTRICO<br />

A capacitância <strong>de</strong> um capacitor po<strong>de</strong> ser aumentada se preenchermos a região<br />

entre as placas com um dielétrico. As placas condutoras po<strong>de</strong>m ser fixadas no<br />

dielétrico. O campo elétrico entre as placas com o dielétrico é dado por:<br />

E =<br />

Q<br />

εA<br />

on<strong>de</strong> ε é a permissivida<strong>de</strong> do material do dielétrico. Como ε > ε<br />

0<br />

para os materiais<br />

usualmente utilizados, o campo elétrico diminui. Isso provoca automaticamente<br />

uma diminuição na diferença <strong>de</strong> potencial entre as placas e, assim, um aumento na<br />

capacitância. Por exemplo, a capacitância <strong>de</strong> um capacitor <strong>de</strong> placas planoparalelas<br />

no vácuo, como vimos, é dada por:<br />

C<br />

ε A<br />

.<br />

L<br />

= 0<br />

0<br />

Nessas condições, suponhamos que este capacitor seja <strong>de</strong>sconectado dos fios<br />

externos e seja mantido isolado. Agora tomemos um dielétrico <strong>de</strong> permissivida<strong>de</strong> ε<br />

e o coloquemos em seu interior, preenchendo todo o seu volume. A capacitância vai<br />

mudar para:<br />

C d<br />

E a razão entre as duas capacitâncias é:<br />

C d<br />

C<br />

0<br />

εA = . L<br />

=<br />

ε<br />

= K,<br />

ε<br />

on<strong>de</strong> K é chamado constante dielétrica. A nova capacitância<br />

escrita como:<br />

0<br />

(15.1)<br />

(15.2)<br />

C<br />

d<br />

, po<strong>de</strong> ainda ser<br />

on<strong>de</strong> V<br />

0<br />

é a diferença <strong>de</strong> potencial do capacitor sem dielétrico, cuja capacitância é<br />

Q<br />

C<br />

0<br />

. Mas sabemos que = C0<br />

. Então, temos:<br />

V0<br />

Usando agora a equação (15.2), temos que:<br />

ou:<br />

V0<br />

C<br />

d<br />

= C0<br />

.<br />

(15.4)<br />

V<br />

KC<br />

0 =<br />

C<br />

d<br />

V<br />

0<br />

0<br />

V d<br />

V0<br />

= K<br />

V<br />

d<br />

(15.5)<br />

Isto é, a diferença <strong>de</strong> potencial diminui pelo mesmo fator K quando preenchemos<br />

o capacitor com um dielétrico. Toda essa discussão que fizemos é válida porque o<br />

capacitor está isolado do meio externo e as cargas estão fixas nas placas.<br />

Mas o que aconteceria se fixássemos o potencial ao invés das cargas? As<br />

capacitâncias C<br />

0<br />

e<br />

C<br />

d<br />

são as mesmas que antes, pois como vimos, só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> fatores geométricos e da permissivida<strong>de</strong> do meio ε<br />

0<br />

e ε . Portanto continua<br />

sendo verda<strong>de</strong> que a capacitância, na presença do dielétrico, vai aumentar da<br />

mesma forma. Agora, dado que o potencial é fixo, po<strong>de</strong>mos nos perguntar o que<br />

acontece com as cargas. Para <strong>de</strong>scobrir isto escrevemos:<br />

e<br />

C<br />

d<br />

Q<br />

C<br />

0<br />

=<br />

V<br />

Qd<br />

Qd<br />

Q Qd<br />

= = = C0.<br />

V Q V Q<br />

Portanto, uma vez que C d<br />

= KC<br />

0<br />

, teremos:<br />

233<br />

234


Q d = K,<br />

Q<br />

(15.6)<br />

ou seja, a carga acumulada no capacitor também vai aumentar por um fator igual à<br />

constante dielétrica.<br />

A Tabela 15.1 mostra a constante dielétrica <strong>de</strong> alguns materiais. Observe<br />

que por <strong>de</strong>finição K ≥1.<br />

Tabela 15.1: Constante dielétrica <strong>de</strong> alguns materiais<br />

MATERIAL<br />

CONSTANTE<br />

DIELÉTRICA<br />

MATERIAL<br />

CONSTANTE<br />

DIELÉTRICA<br />

Vácuo 1,00000 Vidro Pyrex 4,5<br />

Ar 1,00054 Bakelite 4,8<br />

Teflon 2,1 Mica 5,4<br />

Polietileno 2,3 Porcelana 6,5<br />

Poliestireno 2,6 Neoprene 6,9<br />

Papel 3,5 Água 78<br />

Quartzo Fundido 3,8 Óxido <strong>de</strong> Titânio 100<br />

figura, que o campo elétrico é:<br />

E<br />

1<br />

=<br />

Q<br />

ε A<br />

Em que o campo elétrico E<br />

2<br />

regiões on<strong>de</strong> há vácuo.<br />

0<br />

E<br />

2<br />

Q<br />

= −<br />

ε A<br />

E<br />

3<br />

=<br />

Q<br />

ε A<br />

no dielétrico tem sentido oposto dos campos nas<br />

A diferença <strong>de</strong> potencial entre as placas do capacitor po<strong>de</strong> ser escrita em termos<br />

das diferenças <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong>vidas aos campos elétricos <strong>de</strong>ntro do capacitor:<br />

Q ⎛ D ⎞<br />

V = V1 + V2<br />

+ V3<br />

= E1<br />

d1<br />

− E2<br />

D + E3<br />

d<br />

2<br />

= ⎜d1<br />

− + d<br />

2 ⎟<br />

ε A ⎝ K ⎠<br />

Mas d 1<br />

+ d 2<br />

= L − D , o que dá:<br />

Q ⎛ D ⎞ Q ⎛ K + 1 ⎞<br />

V = ⎜ L − D − ⎟ = ⎜ L − D⎟<br />

ε 0<br />

A ⎝ K ⎠ ε 0<br />

A ⎝ K ⎠<br />

0<br />

0<br />

A capacitância é, então:<br />

EXEMPLO 15.1<br />

Consi<strong>de</strong>re o capacitor semipreenchido por um dielétrico mostrado na figura 15.1.<br />

C =<br />

Q<br />

V<br />

ε 0<br />

A<br />

=<br />

⎛ K + 1 ⎞<br />

⎜ L − D⎟<br />

⎝ K ⎠<br />

ATIVIDADE 15.1<br />

Consi<strong>de</strong>re o capacitor semipreenchido por dois dielétricos como é mostrado na<br />

figura 15.2.<br />

Figura 15.1: Capacitor semipreenchido por dielétrico.<br />

A área do capacitor plano é A , a distância entre as placas é L = d1<br />

+ D + d<br />

2 e a<br />

espessura do dielétrico é D . O resto do volume do capacitor é ocupado pelo ar.<br />

Qual é a capacitância <strong>de</strong>sse capacitor?<br />

Solução: Consi<strong>de</strong>rando que as cargas das placas induzem uma mesma<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, mas <strong>de</strong> sinal oposto, no dielétrico, temos, nas três regiões da<br />

Figura 15.2: Capacitor semipreenchido por dielétricos.<br />

A área do capacitor plano é A , a distância entre as placas é L = d1<br />

+ D + d<br />

2 e as<br />

235<br />

236


espessuras dos dielétricos, <strong>de</strong> permissivida<strong>de</strong>s ε = 1<br />

K1ε<br />

o e ε = 2<br />

K2ε<br />

o , são d<br />

1<br />

e d<br />

2<br />

respectivamente. O resto do volume do capacitor é ocupado pelo ar. Qual é a<br />

capacitância <strong>de</strong>sse capacitor?<br />

EXEMPLO 15.2<br />

Então:<br />

1 1 1<br />

= + =<br />

C C C'<br />

d<br />

A<br />

2 d 1 d ⎛ 2 1 ⎞ d ε1<br />

+ ε<br />

2<br />

+ 2ε<br />

3<br />

+ =<br />

( ε<br />

1<br />

ε<br />

2<br />

) ε<br />

⎜ + =<br />

3<br />

( ε<br />

1<br />

ε<br />

2<br />

) ε<br />

⎟<br />

+ A A ⎝ +<br />

3 ⎠ A ε<br />

3<br />

( ε1<br />

+<br />

2<br />

)<br />

3<br />

ε<br />

ε<br />

3<br />

( ε1<br />

+ ε<br />

2<br />

)<br />

C =<br />

ε + ε + 2ε<br />

1<br />

2<br />

3<br />

A<br />

d<br />

Na Figura 15.3, a área das placas correspon<strong>de</strong>ntes ao dielétrico ε<br />

3<br />

é A e a área da<br />

placa correspon<strong>de</strong>nte aos dielétricos ε<br />

1 e 2<br />

equivalente do conjunto apresentado.<br />

ε é / 2<br />

A cada. Calcule a capacitância<br />

ATIVIDADE 15.2<br />

Consi<strong>de</strong>re o capacitor mostrado na figura 15.3. Partindo da expressão geral para a<br />

capacitância, discuta os seguintes limites:<br />

(a) ε1 → ε<br />

2 .<br />

(b) ε ε = ε = ε<br />

1<br />

=<br />

2 3<br />

Figura 15.3: Capacitor com dielétricos.<br />

Solução: O arranjo po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como um sistema <strong>de</strong> um capacitores<br />

ligados em série e paralelo, como mostra a figura 15.4:<br />

ATIVIDADE 15.3<br />

A figura 15.5 mostra três dielétricos montados em um capacitor cuja área das<br />

placas é A sendo elas separadas pela distância d. Calcule a capacitância<br />

equivalente do sistema.<br />

Figura 15.5: Capacitor com dielétrico<br />

Figura 15.4: Associação dos acapacitores da Figura 15.3<br />

A capacitância equivalente do sistema é calculada, primeramente calculando a<br />

capacitância equivalente dos capacitores C<br />

1<br />

e C<br />

2<br />

, que estão ligados em paralelo:<br />

ε1<br />

A ε<br />

2<br />

A<br />

C = C + C2<br />

= + = ( ε1<br />

+<br />

2d<br />

2d<br />

' 1<br />

ε<br />

2<br />

A<br />

)<br />

2d<br />

Em seguida, calcula-se a capacida<strong>de</strong> equivalente dos capacitores ligados em série,<br />

isto é, o capacitor C<br />

3 e o capacitor equivalente C ' :<br />

237<br />

15.2 RIGIDEZ DIELÉTRICA<br />

Já vimos anteriormente a diferença entre um dielétrico e um condutor. Nos<br />

dielétricos (ou isolantes) os elétrons estão presos aos núcleos dos átomos e<br />

portanto, ao contrário dos metais, não existem elétrons livres nessa substância.<br />

Dado isto, sabemos que se um campo elétrico for aplicado a um dielétrico,<br />

vai haver uma tendência <strong>de</strong> afastar os elétrons <strong>de</strong> seus núcleos <strong>de</strong>vido à força<br />

externa. Mas o que acontece se aumentarmos muito o campo elétrico externo? É<br />

238


claro que a força que age em cada elétron vai aumentando também,<br />

proporcionalmente. Isto po<strong>de</strong> chegar ao ponto em que a força externa fica maior do<br />

que a força que liga o elétron ao seu núcleo. Quando isto acontece, os elétrons<br />

passarão a ser livres – transformando, então, um dielétrico em um condutor!<br />

Esse processo po<strong>de</strong> ocorrer com qualquer isolante e o campo elétrico aplicado que<br />

o transforma em condutor vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da estrutura <strong>de</strong> cada material.<br />

O valor mínimo do campo elétrico que <strong>de</strong>ve ser aplicado a um<br />

dielétrico para transformá-lo em condutor é <strong>de</strong>nominado rigi<strong>de</strong>z dielétrica.<br />

Cada material tem seu valor próprio <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z dielétrica, dadas as diferentes<br />

estruturas microscópicas <strong>de</strong> cada um.<br />

Verifica-se experimentalmente que a rigi<strong>de</strong>z dielétrica do vidro é<br />

6<br />

14× 10 N/C (unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> campo elétrico!) enquanto a da mica po<strong>de</strong> atingir<br />

6<br />

6<br />

100× 10 N/C . A rigi<strong>de</strong>z dielétrica do ar é bem menor, 3× 10 N/ C .<br />

Consi<strong>de</strong>remos um capacitor <strong>de</strong> placas planas, separadas por uma camada<br />

6<br />

<strong>de</strong> ar. Se o campo elétrico criado por essas placas for inferior a 3× 10 N/ C , o ar<br />

entre elas permancerá isolante e impedirá que haja passagem <strong>de</strong> cargas <strong>de</strong> uma<br />

placa à outra. Entretanto, se o campo exce<strong>de</strong>r esse valor, a rigi<strong>de</strong>z dielétrica do ar<br />

será rompida e o ar se transformará em um condutor.<br />

A introdução <strong>de</strong> um dielétrico entre as placas <strong>de</strong> um capacitor produz uma variação<br />

importante em suas proprieda<strong>de</strong>s. Vamos agora verificar como po<strong>de</strong>mos escrever a<br />

lei <strong>de</strong> Gauss para o caso <strong>de</strong> um meio com dielétrico. Para fixar i<strong>de</strong>ias, escolheremos<br />

um capacitor <strong>de</strong> placas planas e paralelas como exemplo <strong>de</strong> cálculo, mas os<br />

resultados que obteremos serão válidos para qualquer outra situação.<br />

Quando não há dielétrico presente entre as placas do capacitor, a lei <strong>de</strong> Gauss se<br />

escreve:<br />

∫ E<br />

r<br />

• nˆ<br />

dA =<br />

S<br />

Para um capacitor <strong>de</strong> placas plano-paralelas <strong>de</strong> área A, com ar ou vácuo entre elas,<br />

o campo elétrico é:<br />

q<br />

E = 0<br />

ε A<br />

Se introduzirmos o dielétrico, o campo elétrico das cargas no capacitor induzirá<br />

cargas no dielétrico por polarização; as faces do dielétrico apresentarão cargas<br />

elétricas q′ <strong>de</strong> sinais opostos às das placas do capacitor, como po<strong>de</strong>mos ver na<br />

Figura 15.6:<br />

0<br />

q<br />

ε<br />

0<br />

As cargas, neste momento, ficarão livres e serão atraídas para as placas<br />

com cargas opostas a elas. Isso ocasiona uma <strong>de</strong>scarga elétrica entre as placas.<br />

Esta <strong>de</strong>scarga vem acompanhada <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> luz e um estalo que é causado<br />

pela expansão do ar que se aquece com a <strong>de</strong>scarga elétrica.<br />

É interessante notar também que o módulo da rigi<strong>de</strong>z dielétrica dos<br />

materiais utilizados é maior do que o do ar, o que tem como consequência imediata<br />

que esse tipo <strong>de</strong> capacitor po<strong>de</strong> ser submetido a campos mais intensos do que o ar.<br />

Quando a rigi<strong>de</strong>z dielétrica do material é atingida, o capacitor é danificado pois,<br />

como discutimos, ocorrerão <strong>de</strong>scargas elétricas <strong>de</strong> um condutor a outro. Portanto,<br />

colocar um dielétrico <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um capacitor torna-o mais estável. Po<strong>de</strong>mos tornar<br />

essas idéias mais quantitativas.<br />

15.3 A LEI DE GAUSS E OS DIELÉTRICOS<br />

Figura 15.6: Capacitor com dielétrico<br />

Consi<strong>de</strong>rando uma superfície <strong>de</strong> Gauss como mostrado na figura, pelas linhas<br />

tracejadas, a aplicação da lei <strong>de</strong> Gauss nos dá:<br />

ou:<br />

r<br />

ε ∫ E • nˆ<br />

dA E A = q − q′<br />

0<br />

= ε<br />

0<br />

S<br />

E =<br />

q<br />

ε A<br />

0<br />

q′<br />

− (15.7)<br />

ε A<br />

0<br />

Em que E é o campo elétrico <strong>de</strong>vido à carga líquida <strong>de</strong>ntro da superfície <strong>de</strong> Gauss.<br />

Se K é a constante dielétrica do dielétrico, temos, <strong>de</strong> K = ε ε<br />

0<br />

, que:<br />

239<br />

240


E0<br />

E = =<br />

K<br />

q<br />

K<br />

Levando este valor do campo elétrico na equação (15.7), obtemos:<br />

q<br />

=<br />

Kε<br />

A<br />

q<br />

ε A<br />

ε o<br />

A<br />

q′<br />

−<br />

ε A<br />

o 0 0<br />

EXEMPLO 15.3<br />

A Figura 15.6 mostra um capacitor <strong>de</strong> placas plano-paralelas <strong>de</strong> área A e separação<br />

d, sujeito a uma diferença <strong>de</strong> potencial V<br />

0<br />

. O capacitor está isolado quando um<br />

dielétrico <strong>de</strong> espessura b e constante dielétrica K é inserido entre as placas do<br />

capacitor. Se A=100 cm 2 , d=1,0 cm, b=0,50 cm, K = 3, 5 e V<br />

0<br />

= 200 V, calcule:<br />

que, resolvida para a carga induzida nos dá:<br />

⎛ 1 ⎞<br />

q ′ = q ⎜1 − ⎟<br />

(15.8)<br />

⎝ K ⎠<br />

Isso mostra que a carga induzida no dielétrico é sempre menor que a das placas do<br />

capacitor quando o dielétrico não está presente.<br />

A lei <strong>de</strong> Gauss para o capacitor com dielétrico po<strong>de</strong> ser escrita, em termos das<br />

cargas do capacitor e das cargas induzidas como:<br />

Note que q − q′<br />

é a carga <strong>de</strong>ntro da superfície gaussiana.<br />

q − q′<br />

∫ E<br />

r • nˆ<br />

dA =<br />

(15.9)<br />

ε<br />

Uma outra maneira <strong>de</strong> escrever esta equação, <strong>de</strong>ssa vez em termos das cargas nas<br />

placas do capacitor é usando (15.8). Desta equação vem:<br />

e a equação (15.9) fica:<br />

q − q′<br />

=<br />

q<br />

K<br />

r q<br />

K E • nˆ<br />

dA =<br />

ε<br />

∫<br />

0<br />

0<br />

(15.10)<br />

Esta relação, embora <strong>de</strong>duzida com o auxílio <strong>de</strong> um capacitor <strong>de</strong> placas planas e<br />

paralelas, vale para qualquer caso em que o meio é um dielétrico. É importante<br />

notar que:<br />

a) o fluxo do campo elétrico agora contém a constante dielétrica;<br />

b) a carga que aparece no segundo membro é a carga livre do capacitor,<br />

isto é a carga nas suas placas (as cargas induzidas no dielétrico não<br />

entram na equação);<br />

c) o campo elétrico é o campo <strong>de</strong>ntro do dielétrico.<br />

Figura 15.6: Cargas no capacitor com dielétrico<br />

a) a capacitância do capacitor antes do dielétrico ser inserido;<br />

b) a carga no capacitor nesta situação;<br />

c) o campo elétrico sem o dielétrico;<br />

d) o campo elétrico no dielétrico após ele ser inserido entre as placas;<br />

e) a nova diferença <strong>de</strong> potencial entre as placas;<br />

f) a nova capacitância do capacitor.<br />

Solução:<br />

a) Temos que:<br />

b) a carga no capacitor é:<br />

c) o campo elétrico é:<br />

−12<br />

2 2 −2<br />

2<br />

ε<br />

0<br />

A (8,9 × 10 C / N.<br />

m )(10 m )<br />

C0 = =<br />

= 8,9 × 10<br />

−2<br />

d<br />

10 m<br />

−12<br />

q = C0 V0<br />

= 8,9 × 10 F × 200V<br />

= 1,8 × 10<br />

−9<br />

C<br />

−12<br />

−9<br />

q<br />

1,8<br />

× 10 C<br />

4<br />

E = =<br />

= 2,0 10 V / m<br />

0 12 2 2 2 2<br />

A (8,9 × 10 C / N.<br />

m )(10 m )<br />

×<br />

−<br />

−<br />

ε<br />

0<br />

d) o campo elétrico com o dielétrico é:<br />

4<br />

E0<br />

2,0 × 10 V / m<br />

3<br />

E = =<br />

= 5,7 × 10 V / m<br />

K 3,5<br />

F<br />

241<br />

242


e) Para calcular a diferença <strong>de</strong> potencial temos que fazer a integração do campo<br />

sobre uma trajetória em linha reta que da placa inferior (A) do dielétrico até a<br />

superior (B) na figura.<br />

Então:<br />

V<br />

r r B<br />

B<br />

−∫ E • dl = −∫<br />

E cos180º dl = ∫ E dl = E ( d −b)<br />

+ E b<br />

=<br />

0<br />

A<br />

A<br />

4<br />

−3<br />

3<br />

−3<br />

2<br />

V = (2,0 × 10 V / m × 5,0 × 10 m)<br />

+ (5,7 × 10 V / m × 5,0 × 10 m)<br />

= 1,3 × 10 V / m<br />

f) Temos:<br />

C =<br />

q<br />

V<br />

× C<br />

=<br />

= 1,4 × 10<br />

1,3 × 10 V<br />

−9<br />

1,8<br />

10<br />

−12<br />

2<br />

F<br />

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 15.1<br />

Po<strong>de</strong>mos pensar no capacitor resultante como sendo composto por uma<br />

associação em série <strong>de</strong> três capacitores. O primeiro que envolve a distância d<br />

1 e<br />

tem o dielétrico entre as placas com capacitância:<br />

= εA<br />

C1 d<br />

O segundo, formado pelo dielétrico com ar entre as placas:<br />

1<br />

ATIVIDADE 15.4<br />

Consi<strong>de</strong>re um capacitor esférico carregado com carga q preenchido totalmente<br />

com um líquido isolante <strong>de</strong> constante dielétrica K . O condutor interno possui raio<br />

R<br />

a e o condutor externo, raio<br />

R<br />

b . Calcule a capacitância <strong>de</strong>sse capacitor esférico.<br />

C<br />

2<br />

ε o<br />

A<br />

=<br />

D<br />

E o terceiro correspon<strong>de</strong>nte a um capacitor com dielétrico entre as placas, cuja<br />

distância é d<br />

2 :<br />

= εA<br />

C3 d<br />

2<br />

A capacitância resultante é:<br />

1 1 1 1 d1<br />

+ d<br />

2<br />

= + + =<br />

C C C C εA<br />

D<br />

+ .<br />

ε<br />

1 2 3<br />

o<br />

A<br />

Po<strong>de</strong>mos ainda introduzir a distância L = d1<br />

+ D + d2<br />

da seguinte forma:<br />

E, portanto:<br />

1 L − D D<br />

= +<br />

C εA<br />

ε A<br />

1 ε<br />

o(<br />

L − D)<br />

+ εD<br />

=<br />

.<br />

C ε ε<br />

0<br />

A<br />

ε<br />

0εA<br />

C =<br />

ε o<br />

( L − D)<br />

+ εD<br />

εA<br />

C =<br />

( L − D) + KD<br />

o<br />

243<br />

244


on<strong>de</strong> usamos<br />

ε<br />

ε 0<br />

= K<br />

.<br />

Um aspecto interessante da expressão acima é que apren<strong>de</strong>mos que a<br />

capacitância resultante NÃO DEPENDE da posição do dielétrico entre as placas<br />

( d e 2)<br />

1<br />

d<br />

, mas apenas da sua espessura.<br />

Po<strong>de</strong>mos avaliar o resultado final obtido acima, testando o caso em que o<br />

capacitor está preenchido completamente com ar. Nesse caso tomamos o limite<br />

quando<br />

D → L . Então, como se esperava:<br />

A A<br />

→<br />

ε = ε<br />

KL L<br />

C<br />

0<br />

Po<strong>de</strong>mos também testar o caso em que o capacitor está completamente<br />

preenchido pelo dielétrico, isto é, D → 0 . Então, como se esperava:<br />

ATIVIDADE 15.3<br />

Po<strong>de</strong>mos pensar no capacitor resultante como sendo composto por uma<br />

associação em paralelo <strong>de</strong> dois capacitores<br />

C = ε A 1<br />

1<br />

e<br />

d<br />

este último resulta da combinação em série <strong>de</strong> C<br />

A capacitância resultante é:<br />

ATIVIDADE 15.4<br />

C eq<br />

= 1<br />

1<br />

C'<br />

2<br />

ε A/<br />

2<br />

e C<br />

d<br />

ε1A<br />

2ε<br />

2ε<br />

3 A ⎡ 2ε<br />

2ε<br />

⎤<br />

3 A<br />

= + = ⎢ε<br />

1<br />

+ ⎥ .<br />

d ( ε<br />

2<br />

+ ε<br />

3)<br />

d ⎣ ( ε<br />

2<br />

+ ε<br />

3)<br />

⎦ d<br />

2ε<br />

2ε<br />

3<br />

A<br />

=<br />

, sendo que<br />

( ε + ε ) d<br />

2<br />

3<br />

= 2<br />

2<br />

ε A / 2<br />

.<br />

d<br />

εA<br />

εA<br />

C =<br />

→<br />

K ( L − D)<br />

+ L L<br />

Aplicando a Lei <strong>de</strong> Gauss, utilizamos uma superfície esférica <strong>de</strong> raio<br />

Utilizando a equação 15.10 temos então:<br />

R <<br />

a<br />

< r Rb<br />

.<br />

ATIVIDADE 15.2<br />

Sabemos que para o capacitor em questão<br />

ε →<br />

ε<br />

3<br />

( ε1<br />

+ ε<br />

2<br />

)<br />

C =<br />

ε + ε + 2ε<br />

a) O que significa 1<br />

ε<br />

2 ? Neste caso, teremos dois capacitores em série.<br />

1<br />

2<br />

3<br />

A<br />

d<br />

ε<br />

3<br />

( ε1<br />

+ ε<br />

2<br />

) A ε<br />

3<br />

(2ε<br />

2<br />

) A ε<br />

3<br />

( ε<br />

2<br />

) A<br />

C =<br />

=<br />

=<br />

ε + ε + 2ε<br />

d 2ε<br />

+ 2ε<br />

d ε + ε d<br />

1<br />

2<br />

3<br />

2<br />

A<br />

3<br />

A<br />

Se você calcular a capacitância resultante do conjunto C1<br />

→ C′<br />

2<br />

= e C3<br />

= ,<br />

d d<br />

em série, vai encontrar exatamente a expressão acima.<br />

b) O que significa ε<br />

1<br />

= ε<br />

2<br />

= ε<br />

3<br />

= ε ? Neste caso teremos o capacitor preenchido<br />

completamente com o mesmo dielétrico. Usando que<br />

2<br />

3<br />

2<br />

3<br />

ε<br />

ε<br />

2 d = L , a espessura do<br />

capacitor, recuperamos a expressão geral para a capacitância. Ou seja:<br />

ε<br />

3<br />

( ε1<br />

+ ε<br />

2<br />

)<br />

C =<br />

ε + ε + 2ε<br />

1<br />

2<br />

3<br />

A ε ( ε + ε ) A ε (2ε<br />

) A ε A εA<br />

=<br />

= = =<br />

d ε + ε + 2ε<br />

d 4ε<br />

d 2 d L<br />

r q<br />

K E • nˆ<br />

da =<br />

ε<br />

∫<br />

q<br />

∫ K E da = ε 0<br />

O campo elétrico sobre toda a superfície gaussiana tem o mesmo módulo e por<br />

isso,<br />

Então:<br />

Logo,<br />

∫<br />

K E da =<br />

2<br />

( )( 4π<br />

r )<br />

q<br />

ε 0<br />

q<br />

KE =<br />

ε<br />

1 q<br />

E =<br />

2<br />

4πKε<br />

r<br />

0<br />

1 q<br />

E =<br />

2<br />

4πε<br />

r<br />

0<br />

0<br />

245<br />

246


On<strong>de</strong><br />

ε = Kε<br />

o é a permissivida<strong>de</strong> do material dielétrico colocado entre os<br />

condutores. Já obtivemos a diferença <strong>de</strong> potencial entre dois condutores esféricos<br />

concêntricos:<br />

q Rb<br />

− Ra<br />

∆V<br />

= Va<br />

−Vb<br />

=<br />

4πε<br />

R R<br />

Da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> capacitância, obtemos a capacitância:<br />

C =<br />

q<br />

∆ V<br />

Observe que o campo elétrico se reduz <strong>de</strong> um fator K quando é inserido o dielétrico<br />

entre os condutores. Dessa forma o diferença <strong>de</strong> potencial entre os condutores<br />

aumenta do mesmo fator K.<br />

q<br />

C =<br />

q Rb<br />

− R<br />

4πKε<br />

R R<br />

Portanto a capacitância do capacitor esférico com dielétrico é:<br />

0<br />

b<br />

0<br />

a<br />

4πε Ra<br />

R<br />

C =<br />

R − R<br />

a<br />

b<br />

b<br />

a<br />

a<br />

b<br />

distância entre as placas é <strong>de</strong> 3,0 mm. Suponha que inicialmente, o capacitor seja<br />

ligado a uma fonte <strong>de</strong> tensão em 1000 V. Depois <strong>de</strong> retirada a fonte é inserido um<br />

material dielétrico entre as planas, quando a diferença <strong>de</strong> potencial entre suas<br />

placas diminui para 500 V.<br />

a) Determine a capacitância C A antes e C D <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> inserido o dielétrico.<br />

b) Calcule o valor da carga elétrica Q <strong>de</strong> cada placa e o valor da carga elétrica<br />

induzida Q i quando foi inserido o dielétrico.<br />

c) Determine a constante dielétrica do material que foi inserido entre suas<br />

placas.<br />

E15.3) Consi<strong>de</strong>re o capacitor do exercício 15.1.<br />

a) Calcule o valor do campo elétrico antes e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser inserido o dielétrico<br />

entre as suas placas.<br />

b) Determine a energia potencial elétrica acumulada antes e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser<br />

inserido o dielétrico.<br />

c) A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia muda quando o dielétrico é inserido entre as placas<br />

do capacitor? Determine a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia antes e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser<br />

inserido o dielétrico.<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR15.1) Na Ativida<strong>de</strong> 15.3 discuta o que ocorre com o capacitor nos seguintes<br />

limites: (a) ε<br />

2<br />

→ ε<br />

3<br />

(b) ε ε = ε = ε<br />

1<br />

=<br />

2 3<br />

.<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E15.1) Um capacitor <strong>de</strong> placas paralelas tem capacitância 9,0 pF quando<br />

preenchido com ar. Colocando-se um dielétrico entre as placas, a capacitância<br />

muda para 18 pF. Determine a constante dielétrica do material inserido no<br />

capacitor.<br />

E15.2) Consi<strong>de</strong>re um capacitor <strong>de</strong> placas planas paralelas com área <strong>de</strong> 100 cm 2 . A<br />

247<br />

248


AULA 16 VETORES POLARIZAÇÃO E DESLOCAMENTO ELÉTRICO<br />

OBJETIVOS<br />

DEFINIR OS VETORES POLARIZAÇÃO E DESLOCAMENTO ELÉTRICO<br />

q<br />

A<br />

⎛ q ⎞ q′<br />

= ε 0 ⎜ +<br />

K<br />

o<br />

A<br />

⎟<br />

(16.1)<br />

⎝ ε ⎠ A<br />

O último termo <strong>de</strong>sta equação é a carga induzida por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área no dielétrico.<br />

Ele é chamado <strong>de</strong> módulo do vetor polarização elétrica, sendo representado por<br />

→<br />

P :<br />

16.1 OS VETORES POLARIZAÇÃO E DESLOCAMENTO ELÉTRICO<br />

→<br />

q′<br />

P =<br />

A<br />

(16.2)<br />

Quando trabalhamos com problemas simples, em eletromagnetismo, as<br />

fórmulas apresentadas na seção anterior satisfazem perfeitamente à <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong><br />

um campo elétrico no vácuo e em um dielétrico. Entretanto, encontramos com<br />

muita frequência problemas que envolvem campos elétricos não uniformes ou<br />

simetrias mais complicadas do que as exemplificadas antes. Para esses casos mais<br />

difíceis, há uma maneira <strong>de</strong> trabalhar que facilita bastante nossa tarefa. Ela<br />

consiste em usar alguns vetores que <strong>de</strong>finiremos a seguir usando um capacitor <strong>de</strong><br />

placas paralelas. Entretanto, ao fazermos isso, não significa que esses vetores só<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>finidos para este tipo <strong>de</strong> capacitor. Na realida<strong>de</strong>, eles são muito gerais<br />

e se aplicam a todo tipo <strong>de</strong> problema envolvendo dielétricos.<br />

Consi<strong>de</strong>remos um capacitor <strong>de</strong> placas planas e paralelas com uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cargas<br />

σ = q<br />

0<br />

/<br />

A . Se introduzirmos um dielétrico <strong>de</strong> constante dielétrica K entre<br />

as placas do capacitor, o campo elétrico E no dielétrico fica:<br />

E =<br />

q<br />

ε A<br />

0<br />

q′<br />

−<br />

ε A<br />

Em que q′ é a carga elétrica induzida nas faces do dielétrico. Substituindo na<br />

equação acima, o valor do campo elétrico no dielétrico, por seu valor:<br />

e reescrevendo a equação, obtemos:<br />

ou, ainda:<br />

E0<br />

E = =<br />

K<br />

q<br />

ε A<br />

0<br />

q<br />

K<br />

ε o<br />

q<br />

= +<br />

Kε<br />

A<br />

A<br />

q′<br />

A<br />

0 o<br />

ε<br />

0<br />

249<br />

Uma outra <strong>de</strong>finição para<br />

→<br />

P , que também é usada, consiste em multiplicar o<br />

numerador e o <strong>de</strong>nominador da expressão acima pela espessura (d) do dielétrico:<br />

→<br />

q′<br />

d<br />

P =<br />

A d<br />

O numerador é o produto das cargas <strong>de</strong> polarização (iguais e <strong>de</strong> sinais contrários)<br />

pela separação <strong>de</strong>las e po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado como o momento <strong>de</strong> dipolo<br />

induzido do dielétrico. O <strong>de</strong>nominador é o volume do dielétrico.<br />

Portanto<br />

→<br />

P significa o momento <strong>de</strong> dipolo induzido por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume do<br />

dielétrico. Ele po<strong>de</strong> ser também consi<strong>de</strong>rado como o módulo <strong>de</strong> um vetor que, tal<br />

como o momento <strong>de</strong> dipolo <strong>de</strong> cargas elétricas, tem seu sentido indo das cargas<br />

negativas para as positivas. Assim, po<strong>de</strong>mos escrever a equação (16.1) como:<br />

q<br />

A<br />

ε E + P<br />

(16.3)<br />

= 0<br />

A quantida<strong>de</strong> do primeiro membro aparece sempre em situações da eletrostática.<br />

Por isso, damos a ela o nome <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento elétrico<br />

(16.3) fica:<br />

com:<br />

→<br />

D . Assim a equação<br />

D ε E + P<br />

(16.4)<br />

= 0<br />

q<br />

D = (16.5)<br />

A<br />

Como o campo elétrico e a polarização são vetores, o <strong>de</strong>slocamento elétrico<br />

também <strong>de</strong>ve ser. Então, no caso geral, a equação (16.5) fica:<br />

r r r<br />

D ε E + P<br />

(16.6)<br />

= 0<br />

250


A figura 16.1 mostra os três vetores. No caso do capacitor <strong>de</strong> placas planas, os três<br />

são vetores constantes em cada ponto do dielétrico, <strong>de</strong> modo que a natureza<br />

vetorial <strong>de</strong>les, neste caso, não é importante. Entretanto, isso nem sempre acontece<br />

e temos que trabalhar com eles como vetores que realmente são.<br />

d) o campo elétrico<br />

região.<br />

→<br />

D e<br />

→<br />

E é o que <strong>de</strong>termina a força elétrica que atua na<br />

→<br />

P são apenas quantida<strong>de</strong>s auxiliares para facilitar o cálculo<br />

em problemas mais complexos. Por isso, po<strong>de</strong>mos expressar os vetores<br />

em função <strong>de</strong><br />

→<br />

E . Com efeito,<br />

→ →<br />

D e P<br />

q ⎛ q ⎞<br />

D = = Kε = K<br />

A<br />

⎜<br />

Kε<br />

o<br />

A<br />

⎟<br />

⎝ ⎠<br />

0<br />

ε 0<br />

E<br />

ou:<br />

r r r<br />

D = K ε<br />

0<br />

E = ε E<br />

(16.7)<br />

q′<br />

q ⎛ 1 ⎞ ⎛ 1 ⎞ ⎛ 1 ⎞<br />

P = = ⎜1 − ⎟ = D ⎜1<br />

− ⎟ = K ε<br />

0<br />

E ⎜1<br />

− ⎟ = ε<br />

0<br />

−1<br />

A A ⎝ K ⎠ ⎝ K ⎠ ⎝ K ⎠<br />

( K ) E<br />

ou:<br />

r<br />

r<br />

P = ε<br />

0<br />

( K −1) E<br />

(16.8)<br />

Esta equação mostra que, na ausência <strong>de</strong> dielétrico ( K = 1), o vetor polarização se<br />

anula.<br />

A constante χ = K −1<br />

é <strong>de</strong>nominada susceptibilida<strong>de</strong> elétrica do dielétrico. Ela<br />

Figura 16.1: Os três vetores elétricos<br />

Devemos notar alguns pontos muito importantes sobre os vetores:<br />

a)<br />

→<br />

D está ligado apenas à carga livre, isto é, à carga externa ao dielétrico<br />

(no caso, a das placas do capacitor); note que, na figura, as linhas <strong>de</strong> força <strong>de</strong><br />

→<br />

D ligam apenas as cargas nas placas;<br />

b)<br />

→<br />

P está ligado apenas às cargas <strong>de</strong> polarização, isto é, à cargas<br />

induzidas; na figura, as linhas <strong>de</strong> força <strong>de</strong><br />

nas faces do dielétrico;<br />

c)<br />

→<br />

P ligam essas cargas, que se situam<br />

→<br />

E está ligado às cargas realmente presentes, sejam elas livres ou<br />

induzidas;<br />

é sempre maior que a unida<strong>de</strong>, pois K > 1. Em termos <strong>de</strong>la a equação (16.8) se<br />

escreve:<br />

r r<br />

P = χ ε 0<br />

E<br />

(16.9)<br />

A <strong>de</strong>finição do vetor <strong>de</strong>slocamento elétrico, dada por (16.7), permite que<br />

modifiquemos a lei <strong>de</strong> Gauss e a escrevamos para um meio dielétrico:<br />

r<br />

∫ D • nˆ<br />

da = q<br />

(16.10)<br />

em que q é a carga livre (a carga induzida é excluída!).<br />

EXEMPLO 16.1<br />

A Figura 16.2 mostra um capacitor <strong>de</strong> placas plano-paralelas <strong>de</strong> área A e<br />

251<br />

252


separação d, sujeito a uma diferença <strong>de</strong> potencial V<br />

0<br />

. O capacitor está isolado<br />

quando um dielétrico <strong>de</strong> espessura b e constante dielétrica K é inserido entre as<br />

placas do capacitor. Se A=100 cm 2 , d=1,0 cm, b=0,50 cm, K = 3, 5 e V<br />

0<br />

= 200<br />

V, calcule:<br />

On<strong>de</strong><br />

ĵ<br />

é o vetor unitário na direção do eixo y.<br />

b) O campo elétrico estabelecido na região sem o dielétrico ser obtido a partir da<br />

Lei <strong>de</strong> Gauss:<br />

∫ E r<br />

• nˆ<br />

dA =<br />

q<br />

ε<br />

0<br />

On<strong>de</strong> q é a carga nas placas do capacitor. Da equação acima temos:<br />

E =<br />

q<br />

A<br />

ε o<br />

Figura 16.2: Cargas no capacitor com dielétrico<br />

E portanto:<br />

a) o vetor <strong>de</strong>slocamento;<br />

b) o vetor campo elétrico na região sem dielétrico;<br />

c) o vetor polarização.<br />

Solução:<br />

a) Para um capacitor <strong>de</strong> placas planas paralelas sem o dielétrico:<br />

−12<br />

2 2 −2<br />

2<br />

ε<br />

0<br />

A (8,9 × 10 C / N.<br />

m ) (10 m )<br />

C0 = =<br />

= 8,9 × 10<br />

−2<br />

d<br />

10 m<br />

Como a carga nas placas do capacitor é<br />

−12<br />

−9<br />

q = C0 V0<br />

= 8,9 × 10 F × 200V<br />

= 1,8 × 10 C ,<br />

o módulo do vetor <strong>de</strong>slocamento é dado pela equação 16.5:<br />

q<br />

D =<br />

A<br />

1,8 × 10<br />

D =<br />

100 × 10<br />

D =<br />

−9<br />

−4<br />

C<br />

m<br />

−7<br />

2<br />

1,8<br />

× 10 C / m<br />

Adotando o eixo y perpendicular às placas temos:<br />

2<br />

−12<br />

F<br />

E<br />

−9<br />

1,8 × 10 C<br />

−12<br />

−4<br />

(8,85 × 10 F / m)(100<br />

× 10 m<br />

= 2<br />

4<br />

E = 2,0×<br />

10 V / m<br />

De acordo com a figura 16.2 po<strong>de</strong>mos observar que o campo elétrico é<br />

perpendicular às placa e portanto:<br />

→<br />

E = −(2,0<br />

× 10<br />

4<br />

V / m)<br />

ˆj<br />

c) O vetor polarização é dado pela equação 16.9:<br />

→<br />

P = (3,5 −1)(8,85<br />

× 10<br />

→<br />

→<br />

P = χ ε<br />

0<br />

−12<br />

P = −(4,4<br />

× 10<br />

→<br />

E<br />

F / m)(<br />

−2,0<br />

× 10<br />

−7<br />

2<br />

C / m ) ˆj<br />

4<br />

)<br />

V / m)<br />

ˆj<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR16.1) Consi<strong>de</strong>re o capacitor do exercício E15.2. Calcule os vetores <strong>de</strong>slocamento<br />

elétrico e polarização elétrica antes e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ser inserido o dielétrico entre suas<br />

placas.<br />

→<br />

−7 2<br />

D = −( 1,8 × 10 C / m )j ˆ<br />

253<br />

254


AULA 17 TRABALHO E ENERGIA DE DISTRIBUIÇÕES DE CARGA<br />

Agora, vamos trazer uma terceira carga q<br />

3<br />

; isso vai requerer um trabalho q 3<br />

V 12<br />

( r 3<br />

)<br />

, on<strong>de</strong> V 12 é o potencial <strong>de</strong>vido às cargas q 1 e q<br />

2 no ponto r 3<br />

, isto é:<br />

OBJETIVO<br />

CALCULAR A ENERGIA DE UMA DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS<br />

W<br />

3<br />

=<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

⎛ q<br />

⎜<br />

1<br />

q2<br />

q3<br />

+<br />

r r r r<br />

⎝<br />

3<br />

− 1<br />

3<br />

−<br />

2<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

17.1 TRABALHO E ENERGIA DE UMA DISTRIBUIÇÃO DISCRETA DE<br />

CARGAS<br />

Para se construir uma dada distribuição <strong>de</strong> cargas elétricas, é necessário<br />

realizar um trabalho contra as forças elétricas que atuam entre elas. Pela<br />

conservação da energia, este trabalho <strong>de</strong>ve ser armazenado na distribuição, e, <strong>de</strong><br />

acordo com o ponto <strong>de</strong> vista que adotarmos, há duas maneiras <strong>de</strong> explicar on<strong>de</strong> ele<br />

é armazenado.<br />

Se pensarmos na ação à distância, a energia é localizada nas cargas<br />

elétricas da distribuição, sob a forma <strong>de</strong> energia potencial elétrica entre elas.<br />

Entretanto, se adotarmos a idéia <strong>de</strong> campo elétrico, a energia fica armazenada no<br />

campo. Na eletrostática, em que as cargas estão sempre em repouso, esses pontos<br />

<strong>de</strong> vista são equivalentes, mas, na eletrodinâmica, on<strong>de</strong> não po<strong>de</strong>mos pensar em<br />

ação à distância, eles não o são.<br />

Calculemos a energia armazenada em uma distribuição <strong>de</strong> cargas elétricas<br />

puntiformes, através do trabalho realizado para trazer cada uma <strong>de</strong>las do infinito<br />

até a sua posição na distribuição.<br />

Generalizando, teremos que o trabalho necessário para reunir N cargas<br />

puntiformes numa distribuição <strong>de</strong>sejada será:<br />

a restrição<br />

N<br />

1 qiq<br />

j<br />

W = ∑∑ r r<br />

(17.1)<br />

4 πε<br />

0 i=1<br />

j> i rj<br />

− ri<br />

j > i serve para evitar dupla contagem. Por exemplo, suponhamos 4<br />

cargas. A expressão acima fica:<br />

i = 1 j = 2<br />

i = 1 j = 3<br />

i = 2 j = 3<br />

W<br />

W<br />

12<br />

13<br />

W<br />

23<br />

=<br />

=<br />

=<br />

1<br />

4 πε<br />

1<br />

4 πε<br />

0<br />

0<br />

1<br />

4 πε<br />

0<br />

q1q2<br />

r r<br />

−<br />

2<br />

3<br />

1<br />

1<br />

q1q3<br />

r r<br />

−<br />

q2q3<br />

r r<br />

−<br />

Então: W = W12 + W13<br />

+ W14<br />

+ W23<br />

3<br />

2<br />

Para trazer a primeira carga q<br />

1 não precisamos realizar trabalho, pois não<br />

há nenhuma outra carga ou campo elétrico na região da distribuição. Para trazer a<br />

segunda carga q<br />

2 , o trabalho necessário é:<br />

W 2<br />

= q 2<br />

V 1<br />

( r 2<br />

).<br />

Na expressão acima, V 1<br />

( r 2<br />

) é o potencial <strong>de</strong>vido a q<br />

1 no ponto r 2 , on<strong>de</strong><br />

estamos colocando a carga q<br />

2 :<br />

1 ⎛ ⎞<br />

⎜<br />

q1<br />

W<br />

⎟<br />

2<br />

= q2<br />

r r<br />

4πε<br />

0 ⎝<br />

2<br />

− 1 ⎠<br />

Note que W<br />

12<br />

= W21<br />

e não entra duas vezes na conta. Por isso, o índice inferior do<br />

segundo somatório diz que<br />

j > i .<br />

Na equação (17.1), se colocarmos como índice inferior do segundo somatório a<br />

condição<br />

j ≠ i , todos os termos serão computados, com duplicação <strong>de</strong>les pois<br />

W<br />

ij<br />

= W ji<br />

. Se fizermos isso, a equação (17.1) fica:<br />

W<br />

1<br />

=<br />

2<br />

1<br />

4πε<br />

N<br />

∑<br />

0 i=1<br />

q<br />

∑<br />

i<br />

j≠i<br />

q<br />

j 1<br />

r r =<br />

−<br />

2<br />

j<br />

i<br />

n<br />

∑<br />

q V ( r )<br />

i<br />

i=1<br />

i<br />

(17.2)<br />

255<br />

256


on<strong>de</strong> o fator 1/2 "toma conta" das contagens duplas. (Convença-se <strong>de</strong>sta<br />

expressão!)<br />

ATIVIDADE 17.1<br />

Mostre que a expressão 17.2 produz um resultado semelhante ao da equação<br />

(17.1) para quatro cargas pontuais.<br />

SOLUÇÃO: Vamos numerar as cargas no sentido horário a partir do vértice<br />

superior esquerdo do quadrado. Então:<br />

expressão para trabalho total é:<br />

W<br />

T<br />

1<br />

=<br />

2<br />

1<br />

4πε<br />

q<br />

1<br />

= + q , q2 = −q<br />

, q<br />

3<br />

= + q e q4 = −q<br />

. A<br />

4<br />

∑<br />

0 i=1<br />

q<br />

j<br />

q ∑ r r<br />

−<br />

i<br />

j≠i<br />

j<br />

i<br />

Note agora que a expressão (17.2) não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da or<strong>de</strong>m que usamos<br />

para juntar as cargas, uma vez que todos os pares aparecem na soma. Então,<br />

vamos isolar<br />

q<br />

i<br />

:<br />

n ⎛ n<br />

1<br />

⎞<br />

⎜<br />

q<br />

j<br />

W = ⎟<br />

∑q<br />

i<br />

⎜∑<br />

r r<br />

(17.3)<br />

8 πε ⎟<br />

0 i=1<br />

j≠i<br />

⎝<br />

j<br />

−<br />

i ⎠<br />

Observe que o termo entre parênteses é o potencial no ponto r i<br />

(a posição<br />

Então:<br />

i = 1<br />

i = 1<br />

i = 1<br />

j = 2<br />

j = 3<br />

j = 4<br />

W<br />

W<br />

W<br />

21<br />

31<br />

41<br />

1 ( + q)(<br />

−q)<br />

=<br />

4πε<br />

a<br />

0<br />

1 ( + q)(<br />

+ q)<br />

=<br />

4πε<br />

a 2<br />

0<br />

1 ( + q)(<br />

−q)<br />

=<br />

4πε<br />

a<br />

0<br />

<strong>de</strong> q<br />

i<br />

) <strong>de</strong>vido a todas as outras cargas. Então temos:<br />

n<br />

1 1 q<br />

j 1<br />

W = ∑ qi<br />

∑ r r =<br />

2 4πε<br />

−<br />

2<br />

i=1<br />

0<br />

j≠i<br />

j<br />

i<br />

n<br />

∑<br />

q V ( r )<br />

i<br />

i=1<br />

i<br />

(17.4)<br />

Este é o trabalho necessário para juntar todas as cargas; é a energia<br />

i = 2<br />

i = 2<br />

j = 1<br />

j = 3<br />

W<br />

W<br />

12<br />

32<br />

1 ( −q)(<br />

+ q)<br />

=<br />

4πε<br />

a<br />

0<br />

1 ( −q)(<br />

+ q)<br />

=<br />

4πε<br />

a<br />

0<br />

contida nessa configuração.<br />

i = 2<br />

j = 4<br />

W<br />

42<br />

1 ( −q)(<br />

−q)<br />

=<br />

4πε<br />

a 2<br />

0<br />

EXEMPLO 17.1<br />

i = 3<br />

j = 1<br />

W<br />

13<br />

1 ( + q)(<br />

+ q)<br />

=<br />

4πε<br />

a 2<br />

0<br />

Determine uma expressão para o trabalho necessário para colocar quatro cargas<br />

reunidas como mostra a figura 17.1.<br />

i = 3<br />

j = 2<br />

W<br />

23<br />

1 ( + q)(<br />

−q)<br />

=<br />

4πε<br />

a<br />

0<br />

i = 3<br />

j = 4<br />

W<br />

43<br />

1 ( + q)(<br />

−q)<br />

=<br />

4πε<br />

a<br />

0<br />

i = 4<br />

j = 1<br />

W<br />

14<br />

1 ( −q)(<br />

+ q)<br />

=<br />

4πε<br />

a<br />

0<br />

i = 4<br />

j = 2<br />

W<br />

24<br />

1 ( −q)(<br />

+ q)<br />

=<br />

4πε<br />

a 2<br />

0<br />

Figura 17.1: Reunião <strong>de</strong> cargas.<br />

257<br />

258


i = 4<br />

j = 3<br />

W<br />

34<br />

1 ( −q)(<br />

+ q)<br />

=<br />

4πε<br />

a<br />

0<br />

n<br />

1<br />

W = ∑ qi<br />

V ( ri<br />

),<br />

(17.5)<br />

2<br />

i=1<br />

Portanto:<br />

1 1 ⎡(<br />

+ q)(<br />

−q)<br />

( + q)(<br />

+ q)<br />

( + q)(<br />

−q)<br />

⎤<br />

W T<br />

= ⎢ + + +<br />

2 4πε<br />

⎥<br />

0 ⎣ a a 2 a ⎦<br />

1 ⎡(<br />

−q)(<br />

+ q)<br />

( −q)(<br />

+ q)<br />

( −q)(<br />

−q)<br />

⎤<br />

+ ⎢ + + ⎥ +<br />

4πε<br />

0 ⎣ a a a 2 ⎦<br />

1 ⎡(<br />

+ q)(<br />

+ q)<br />

( + q)(<br />

−q)<br />

( + q)(<br />

−q)<br />

⎤<br />

+ ⎢ + + ⎥ +<br />

4πε<br />

0 ⎣ a 2 a a ⎦<br />

1<br />

⎤<br />

⎢<br />

⎡ ( −q)(<br />

+ q)<br />

( −q)(<br />

−q)<br />

( −q)(<br />

+<br />

+ +<br />

+ q)<br />

4πε<br />

⎥<br />

0 ⎣ a a 2 a ⎦<br />

Então:<br />

se a distribuição <strong>de</strong> cargas for contínua, teremos:<br />

dv sendo o volume infinitesimal e V o potencial.<br />

ou<br />

∫<br />

1<br />

W = ρ(<br />

r)<br />

V ( r)<br />

dv<br />

2<br />

∫<br />

(17.6)<br />

As integrais para distribuições lineares e superficiais seriam<br />

σ ( r ) V ( r)<br />

dA , respectivamente.<br />

EXEMPLO 17.2<br />

∫ λ( L ) V ( L)<br />

dL<br />

W T<br />

=<br />

1<br />

2<br />

1<br />

4<br />

2<br />

2<br />

2<br />

q ⎛ 4 ⎞ 1 q ⎛ 1 ⎞ 1 q<br />

⎜ − 8⎟<br />

= ⎜ − 2⎟<br />

= −<br />

a ⎝ 2 ⎠ 2 πε<br />

0<br />

a ⎝ 2 ⎠ 2 πε<br />

0<br />

πε<br />

ATIVIDADE 17.2<br />

0<br />

a<br />

⎛<br />

⎜<br />

2 −<br />

⎝<br />

2 ⎞<br />

⎟<br />

2<br />

⎠<br />

Encontre a energia <strong>de</strong> uma casca esférica uniformemente carregada com carga<br />

total Q e raio R .<br />

SOLUÇÃO: Vamos usar a <strong>de</strong>finição:<br />

Calcule agora o trabalho necessário para trazer do infinito a carga faltante no<br />

sistema mostrado na figura 17.1.<br />

1<br />

W = σ V dA.<br />

2<br />

∫<br />

Como sabemos, o potencial na superfície da esfera é constante e dado por:<br />

1<br />

V =<br />

4 πε<br />

0<br />

Q<br />

R<br />

Então:<br />

W<br />

1<br />

=<br />

2<br />

2<br />

2<br />

1 Q 1 Q ( σ 4π<br />

R ) 1 Q<br />

σ dS =<br />

4πε<br />

0<br />

R<br />

∫<br />

=<br />

8πε<br />

0<br />

R 8πε<br />

0<br />

R<br />

Figura 17.1: Trazendo uma carga do infinito.<br />

EXEMPLO 17.3<br />

17.2 TRABALHO E ENERGIA DE UMA DISTRIBUIÇÃO CONTÍNUA DE<br />

CARGAS<br />

Retomemos a expressão que nos fornece a energia total <strong>de</strong> um sistema<br />

discreto <strong>de</strong> cargas:<br />

259<br />

Encontre a energia <strong>de</strong> uma esfera uniformemente carregada com carga total q e<br />

raio R .<br />

Solução: Dividamos a esfera em cascas esféricas elementares <strong>de</strong> raio r e<br />

260


espessura dr. A carga em cada casca é:<br />

dq = 4π r<br />

2 ρ dr<br />

e o potencial no ponto r <strong>de</strong>vido à carga interna ao raio r da esfera é:<br />

Mas:<br />

V ( r)<br />

=<br />

1 q ( r)<br />

4πε 0<br />

r<br />

potencial elétrica associada ao campo elétrico é uma gran<strong>de</strong>za escalar. Então,<br />

po<strong>de</strong>mos ecrever:<br />

u = C<br />

r<br />

• r<br />

= C E<br />

0<br />

( E E)<br />

em que C<br />

0<br />

é uma constante. Para <strong>de</strong>terminá-la, consi<strong>de</strong>remos o campo elétrico<br />

gerado por uma esfera <strong>de</strong> raio R em um ponto à distância r <strong>de</strong> seu centro ( r > R ):<br />

E =<br />

1<br />

4πε<br />

0<br />

Q<br />

2<br />

r<br />

0<br />

2<br />

Levando na integral, obtemos:<br />

Como:<br />

1 1<br />

W =<br />

2 4πε<br />

0<br />

∫<br />

0<br />

R<br />

4π<br />

r<br />

4<br />

q ( r)<br />

= π r<br />

3 ρ<br />

3<br />

4<br />

ρ dr ⋅ π r<br />

3<br />

r<br />

2<br />

ρ<br />

4π<br />

2<br />

= ρ<br />

3ε<br />

3<br />

0<br />

∫<br />

0<br />

R<br />

r<br />

4<br />

5<br />

4π<br />

2 R<br />

dr = ρ<br />

3ε<br />

5<br />

0<br />

Portanto, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia é:<br />

u = C<br />

0<br />

2<br />

Q<br />

(4πε<br />

)<br />

A energia total do campo elétrico será, então:<br />

0<br />

2<br />

1<br />

4<br />

r<br />

2<br />

2<br />

2<br />

Q r dr Q<br />

U = ∞4π<br />

∫ u dv = C0 C<br />

2<br />

0<br />

(4πε<br />

)<br />

∫ =<br />

R 4<br />

r (4πε<br />

)<br />

2<br />

0<br />

0<br />

4π<br />

R<br />

A expressão <strong>de</strong> W fica:<br />

Q<br />

ρ =<br />

4<br />

π R<br />

3<br />

W =<br />

3<br />

5<br />

3<br />

2<br />

Q<br />

4πε<br />

R<br />

0<br />

Mas, <strong>de</strong> acordo com o Exemplo 17.3, temos que:<br />

2<br />

Q<br />

U =<br />

8 πε R<br />

Igualando essas duas últimas expressões, obtemos:<br />

C<br />

0<br />

0<br />

2<br />

2<br />

Q 4π<br />

Q<br />

=<br />

2<br />

( 4πε<br />

) R 8πε<br />

R<br />

0<br />

0<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem:<br />

17.3 DENSIDADE DE ENERGIA<br />

A equação (17.6) po<strong>de</strong> ser escrita em termos do campo elétrico ao invés do<br />

potencial. Para isso, partimos da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que em cada ponto <strong>de</strong> um campo elétrico<br />

existe uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas do módulo do vetor<br />

campo elétrico e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da direção no espaço consi<strong>de</strong>rada, porque a energia<br />

ε<br />

0<br />

C<br />

0<br />

=<br />

2<br />

E, finalmente, po<strong>de</strong>mos escrever que a energia total armazenada no campo elétrico<br />

é:<br />

0 2<br />

U = ε E<br />

2<br />

(17.7)<br />

261<br />

262


EXEMPLO 17.4<br />

Encontre a energia <strong>de</strong> uma casca esférica uniformemente carregada com carga<br />

total Q e raio R .<br />

SOLUÇÃO: Vamos usar a equação:<br />

r 1 Q<br />

Dentro da esfera, E = 0 ; fora E = rˆ<br />

.<br />

2<br />

4πε<br />

r<br />

ε<br />

0<br />

U =<br />

2<br />

∫<br />

fora<br />

1<br />

( )<br />

4πε<br />

0<br />

2<br />

Q<br />

r<br />

2<br />

4<br />

0<br />

ε 2<br />

U = 0<br />

E d υ ,<br />

2<br />

∫<br />

Portanto:<br />

2<br />

1<br />

r dr sinθ<br />

dθ<br />

dφ<br />

= Q<br />

2<br />

32π<br />

ε<br />

0<br />

2<br />

4π<br />

∫<br />

∞<br />

R<br />

dr<br />

=<br />

2<br />

r<br />

1<br />

8πε<br />

0<br />

2<br />

Q<br />

.<br />

R<br />

17.4 UMA APARENTE INCONSISTÊNCIA NA DESCRIÇÃO DA ENEGIA<br />

A equação:<br />

2<br />

U =<br />

ε 0 E d υ ,<br />

2<br />

∫<br />

(17.8)<br />

todo espaço<br />

implica que toda energia <strong>de</strong> uma distribuição <strong>de</strong> cargas estacionárias é<br />

sempre positiva. Por outro lado, a equação:<br />

n<br />

1<br />

W = U = ∑ qi<br />

V ( ri<br />

)<br />

(17.9)<br />

2<br />

po<strong>de</strong> ser positiva ou negativa. O que está errado? A resposta é que ambas as<br />

equações estão corretas, elas apenas representam situações ligeiramente<br />

diferentes. A equação (17.8) não leva em conta o trabalho necessário para "fazer"<br />

as partículas: ela parte do princípio <strong>de</strong> que as cargas já estão "prontas".<br />

i=1<br />

Note que se tomarmos a equação (17.9), a energia <strong>de</strong> uma carga<br />

pontiforme é infinita:<br />

A equação (17.9) é mais completa no sentido <strong>de</strong> que nos diz qual é a energia<br />

TOTAL contida numa configuração <strong>de</strong> cargas, mas a equação (17.8) é mais<br />

apropriada quando estamos tratando <strong>de</strong> cargas puntiformes porque preferimos<br />

<strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> contar a energia (infinita!) necessária para fabricar as cargas.<br />

Mas, matematicamente, on<strong>de</strong> entrou essa inconsistência? A<br />

inconsistência está na transformação que fizemos para ir da <strong>de</strong>scrição discreta para<br />

contínua. Na discreta, o termo V r ) representa o potencial <strong>de</strong>vido a todas as<br />

cargas exceto<br />

( i<br />

q<br />

i<br />

. Para uma distribuição contínua não haverá essa distinção e ela<br />

contém também o que chamamos <strong>de</strong> "auto-energia", que é a energia<br />

necessária para formar cada carga.<br />

As equações (17.8) e (17.9) representam duas maneiras diferentes <strong>de</strong><br />

calcular a mesma coisa. A primeira é uma integral sobre o campo elétrico; a<br />

segunda, é uma integral sobre a distribuição <strong>de</strong> cargas. Então, essas duas integrais<br />

envolvem duas regiões completamente distintas. Afinal, on<strong>de</strong> fica armazenada a<br />

energia? A primeira equação parece sugerir que ela está guardada no campo e a<br />

segunda, na carga. No nível <strong>de</strong>ste curso não é possível <strong>de</strong>cidir essa questão. No<br />

contexto da teoria da radiação é útil (e em Relativida<strong>de</strong> Geral é fundamental)<br />

pensar que a energia está no campo, mas no contexto da eletrostática, não<br />

po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>cidir isso.<br />

Note que, como a energia eletrostática é quadrática, ela não obe<strong>de</strong>ce<br />

ao princípio da superposição. A energia <strong>de</strong> um sistema composto por dois<br />

campos não será apenas a soma das energias <strong>de</strong> cada um, mas vai conter também<br />

termos cruzados.<br />

ou:<br />

ε<br />

0 2 ε<br />

0<br />

= E dυ<br />

= ( E1<br />

E2<br />

) dυ<br />

2<br />

∫<br />

+<br />

2<br />

∫<br />

U total<br />

2<br />

ε<br />

0 2 2<br />

U = ( E1<br />

+ E2<br />

+ 2E1<br />

⋅ E2<br />

) dυ<br />

= W1<br />

+ W2<br />

+ ε<br />

0<br />

E1<br />

⋅ E2<br />

2<br />

∫<br />

∫<br />

dυ<br />

U<br />

ε<br />

2<br />

q 2<br />

q<br />

r dr sinθ<br />

dθ<br />

dφ<br />

=<br />

8πε<br />

2<br />

= ∞<br />

0<br />

2 4<br />

2(4πε<br />

)<br />

∫<br />

∫0<br />

2<br />

0<br />

r<br />

0<br />

dr<br />

→ ∞.<br />

r<br />

(17.10)<br />

263<br />

Os dois primeiros termos são as "auto-energias" dos campos E<br />

1 e E<br />

2 e o<br />

outro termo representa a energia proveniente da interação entre esses<br />

campos.<br />

264


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 17.1:<br />

Temos, com a equação (17.1):<br />

i = 1 j = 2<br />

W<br />

12<br />

=<br />

1<br />

4 πε<br />

0<br />

q1q2<br />

r r<br />

−<br />

2<br />

1<br />

− q<br />

Wq<br />

= [ V+ q<br />

( a)<br />

+ V−q<br />

( a 2) + V+<br />

q<br />

( a)]<br />

=<br />

4πε<br />

2<br />

− q ⎡q<br />

q q⎤<br />

− q ⎡<br />

=<br />

= 2<br />

4<br />

⎢ − +<br />

0<br />

a a 2 a<br />

⎥<br />

4<br />

0a<br />

⎢ −<br />

πε ⎣<br />

⎦ πε ⎣<br />

PENSE E RESPONDA<br />

0<br />

1 ⎤<br />

⎥ = 2<br />

2 ⎦<br />

W T<br />

.<br />

i = 1 j = 3<br />

i = 1 j = 4<br />

W<br />

13<br />

W<br />

14<br />

=<br />

=<br />

1<br />

4 πε<br />

0<br />

1<br />

4 πε<br />

0<br />

q1q3<br />

r r<br />

−<br />

3<br />

4<br />

1<br />

q1q4<br />

r r<br />

−<br />

1<br />

PR17.1) O potencial (em relação a um ponto no infinito) sobre um ponto<br />

equidistante <strong>de</strong> duas cargas iguais e sinais opostos é igual a zero. É possível trazer<br />

uma carga do infinito até esse ponto <strong>de</strong> modo que o trabalho seja igual a zero em<br />

qualquer trecho da trajetória? Caso seja possível, <strong>de</strong>screva como. Caso não seja,<br />

explique por quê.<br />

i = 2 j = 3<br />

i = 2 j = 4<br />

i = 3 j = 4<br />

W<br />

W<br />

W<br />

23<br />

24<br />

34<br />

=<br />

=<br />

=<br />

1<br />

4 πε<br />

0<br />

1<br />

4 πε<br />

0<br />

1<br />

4 πε<br />

0<br />

q2q3<br />

r r<br />

−<br />

3<br />

4<br />

2<br />

q2q4<br />

r r<br />

−<br />

4<br />

2<br />

q3q4<br />

r r<br />

−<br />

Com a equação 13.2 obtemos para as cargas q 1 e q<br />

2 :<br />

i = 1 j = 2<br />

i = 2 j = 1<br />

V =<br />

V =<br />

1<br />

4<br />

q<br />

3<br />

W<br />

1<br />

= πε<br />

q q<br />

2<br />

1 2<br />

r r<br />

12 r r<br />

πε<br />

0<br />

2 −<br />

1<br />

4<br />

0<br />

2 −<br />

1<br />

1<br />

4<br />

q<br />

W<br />

1<br />

= πε<br />

q q<br />

1<br />

1 2<br />

r r<br />

21 r r<br />

πε<br />

0<br />

1 −<br />

2<br />

4<br />

0<br />

1 −<br />

2<br />

Repetindo para todas as outras combinações <strong>de</strong> pares <strong>de</strong> cargas, chegamos a um<br />

resultado semelhante no caso <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las. Na soma <strong>de</strong> todos os termos,<br />

obtemos o dobro dos termos que quando usamos a equação (17.1). Portanto, os<br />

trabalhos são contados duas vezes (note a mesma expressão para W<br />

12 e W<br />

21). Daí<br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dividir por dois o resultado final.<br />

Ativida<strong>de</strong> 17.2<br />

O trabalho necessário para trazer uma carga<br />

vazio é:<br />

− q do infinito e colocá-la no vértice<br />

265<br />

PR17.2) É possível fazer um arranjo <strong>de</strong> duas cargas puntiformes, separadas por<br />

uma distância finita, <strong>de</strong> modo que a energia potencial elétrica seja igual à energia<br />

potencial quando a distância entre as cargas for finita?<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E17.1) Uma carga puntual q<br />

1<br />

= −6,0µ<br />

C é mantida na origem. Uma carga também<br />

puntual<br />

q<br />

2<br />

= 3,0µ<br />

C é colocada sobre o eixo y em y = 12cm<br />

. Determine a energia<br />

potencial do sistema constituído das duas cargas.<br />

E17.2) Uma carga puntual Q = 6,0µ<br />

C <strong>de</strong> massa M = 2,5µ<br />

g é mantida na origem.<br />

Uma carga também puntual<br />

eixo x em<br />

q = 4,0µ<br />

C <strong>de</strong> massa m = 0,5µ<br />

g é colocada sobre o<br />

x = 20cm<br />

e mantida em repouso. Em <strong>de</strong>terminado momento as cargas<br />

ficam livres para se mover.<br />

a) Determine a energia potencial do sistema constituído das duas cargas em<br />

repouso.<br />

b) Determine a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Q em x = 35cm<br />

e em x = 42cm<br />

.<br />

c) Determine a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> q em x = −5cm<br />

e em x = −12cm<br />

.<br />

E17.3) Consi<strong>de</strong>re três cargas puntuais<br />

nos vértices <strong>de</strong> um triângulo equilátero <strong>de</strong> lado<br />

potencial <strong>de</strong>ssa distribuição <strong>de</strong> cargas.<br />

q<br />

1<br />

= −2,0µ<br />

C , q<br />

2<br />

= −2,5µ<br />

C e q<br />

3<br />

= −3,0µ<br />

C<br />

l = 2, 0mm<br />

. Calcule a energia<br />

266


E17.4) São colocadas quatro cargas<br />

q<br />

1<br />

= −2,0µ<br />

C , q<br />

2<br />

= −1,0µ<br />

C , q<br />

3<br />

= −2,0µ<br />

C e<br />

q<br />

3<br />

= 1,0 µC nos vértices <strong>de</strong> um quadrado <strong>de</strong> lado l = 2, 0mm<br />

. Qual é a energia<br />

potencial <strong>de</strong>sse sistema?<br />

U5.3) Na figura abaixo temos quatro capacitores<br />

C = 1<br />

10,0µ<br />

F , C = 5,0µ<br />

F<br />

2 ,<br />

C<br />

3<br />

= 8,0µF<br />

C = 9,0µ<br />

F . A diferença <strong>de</strong> potencial entre xy é <strong>de</strong> 50 ,0 V . (a)<br />

4<br />

Determine a capacitância equivalente entre x e y. (b) Qual é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga<br />

armazenada nessa combinação? (c) Qual é a carga nos capacitores <strong>de</strong><br />

9 ,0µF ?<br />

10 ,0µ F e<br />

E17.5) Uma casca esférica <strong>de</strong> raio r = 2, 0cm<br />

está carregada com carga q = 2, 2nC<br />

.<br />

Calcule a sua energia potencial.<br />

E17.6) Duas cargas puntiformes estão localizadas no eixo Ox, sendo que,<br />

q = −e<br />

está na origem e q<br />

2<br />

= + e está localizada em x = a . (a) Calcule o trabalho realizado<br />

por uma força externa para trazer uma terceira carga puntiforme<br />

infinito até o ponto<br />

constituído pelas três cargas.<br />

1<br />

q<br />

3<br />

= + e do<br />

x = 2a<br />

. (b) Calcule a energia potencial total do sistema<br />

E17.7) Três cargas puntiformes, inicialmente muito afastadas entre si, estão sobre<br />

os vértices <strong>de</strong> um triângulo equilátero <strong>de</strong> lado igual a d . Duas <strong>de</strong>ssas cargas<br />

possuem carga q . Qual o valor da terceira carga se <strong>de</strong>sejamos realizar um trabalho<br />

líquido igual a zero para colocar as três cargas nos vértices do triângulo?<br />

PROBLEMAS DA UNIDADE<br />

U5.1) Um capacitor <strong>de</strong> placas paralelas, separadas por uma distância <strong>de</strong><br />

0 ,328mm<br />

e com carga <strong>de</strong> 0,148µ<br />

F em cada uma <strong>de</strong>las, possui capacitância <strong>de</strong> 0 ,245 pF . (a)<br />

Qual é a diferença <strong>de</strong> potencial entre elas? (b) Qual é a área <strong>de</strong> cada placa? (c)<br />

Qual é o módulo do campo elétrico entre as placas? (d) Qual é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

carga em cada placa?<br />

U5.2) Um capacitor é constituído <strong>de</strong> dois cilindros ocos <strong>de</strong> ferro co-axiais. O raio do<br />

cilindro interno é 0 ,50mm<br />

e o do cilindro externo é 5 ,0mm<br />

. As cargas nos cilindros<br />

são iguais e valem<br />

10 ,0 pC , mas o cilindro interno está carregado negativamente e<br />

o externo possui cargas positivas. O comprimento <strong>de</strong> cada cilindro é <strong>de</strong><br />

18 ,0cm<br />

. (a)<br />

Qual é a capacitância? (b) Qual é a diferença <strong>de</strong> potencial necessária para produzir<br />

essas cargas no cilindro?<br />

Figura do exercício 5.3<br />

U5.4) Três capacitores idênticos estão ligados <strong>de</strong> modo a proporcionarem uma<br />

capacitância equivalente máxima <strong>de</strong><br />

15 ,0µ F . (a) Descreva a montagem dos<br />

capacitores. (b) Além <strong>de</strong>sta ainda existe três outras maneiras <strong>de</strong> se ligarem os<br />

capacitores. Quais as capacitâncias equivalentes <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>stas montagens?<br />

U5.5) Um capacitor <strong>de</strong> placas paralelas é carregado por uma bateria até que haja<br />

uma diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong><br />

12 ,5V<br />

entre suas placas. A capacitância do capacitor<br />

é 13 ,5 pF . A bateria é <strong>de</strong>sligada e uma placa <strong>de</strong> porcelana ( k = 6, 50 k= 6,50) é<br />

introduzida entre as placas. Qual é a energia do capacitor (a) antes da introdução<br />

da placa e (b) <strong>de</strong>pois da introdução da placa?<br />

U5.6) Duas placas paralelas possuem cargas iguais e opostas. Quando existe vácuo<br />

entre as placas, o módulo do campo elétrico é<br />

5<br />

3,20 × 10 V / m . Um dielétrico é<br />

5<br />

colocado entre as placas e o campo elétrico passa a ser 2,50 × 10 V / m . (a) Qual é<br />

a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga em cada superfície do dielétrico? (b) Qual é o valor da<br />

constante dielétrica?<br />

U5.7) Uma carga <strong>de</strong><br />

− 9,0nC<br />

está distribuída uniformemente em um anel fino <strong>de</strong><br />

plástico situado no plano yz, com o centro do anel situado na origem. Uma carga<br />

pontual <strong>de</strong><br />

raio do anel é<br />

− 6,0µ C -6,0 pC está situada sobre o eixo x, no ponto x = 3, 0m<br />

. Se o<br />

1 ,5m<br />

, qual <strong>de</strong>ve ser o trabalho executado por uma força externa<br />

sobre a carga pontual para <strong>de</strong>slocá-la até a origem?<br />

267<br />

268


U5.8) Dois elétrons são mantidos fixos, separados por uma distância <strong>de</strong><br />

2 ,0cm<br />

.<br />

Outro elétron é arremessado a partir do infinito e pára no ponto médio entre os<br />

dois elétrons. Qual é a velocida<strong>de</strong> inicial do terceiro elétron?<br />

269


UNIDADE 6<br />

FORÇA ELETROMOTRIZ, CORRENTE E RESISTÊNCIA<br />

Introduzimos nesta unida<strong>de</strong> os conceitos básicos necessários à <strong>de</strong>scrição dos<br />

circuitos elétricos <strong>de</strong> corrente contínua. Descrevemos o que se <strong>de</strong>nomina força<br />

eletromotriz, necessária para manter cargas em movimento em um circuito elétrico<br />

e fazemos uma <strong>de</strong>scrição esquemática <strong>de</strong> um gerador <strong>de</strong> força eletromotriz<br />

específico, que é a célula <strong>de</strong> Volta.<br />

Definimos as gran<strong>de</strong>zas macroscópicas corrente elétrica e resistência<br />

elétrica, e as gran<strong>de</strong>zas microscópicas correspon<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente e<br />

resistivida<strong>de</strong>.<br />

Introduzimos os conceitos <strong>de</strong> condutores, isolantes, semicondutores e<br />

supercondutores e analisamos seus comportamentos quanto a variações em sua<br />

temperatura. No caso dos condutores apresentamos um mo<strong>de</strong>lo clássico da<br />

resistivida<strong>de</strong>, com algumas correções quânticas que aproximam os resultados<br />

calculados dos valores observados.<br />

Finalmente analisamos a produção <strong>de</strong> calor com o uso da eletricida<strong>de</strong>, um<br />

processo conhecido como Efeito Joule.<br />

270<br />

271


AULA18 FORÇA ELETROMOTRIZ, CORRENTE E DENSIDADE DE<br />

CORRENTE<br />

Sabemos que a matéria é, normalmente, neutra e que, por exemplo, uma<br />

corrente <strong>de</strong> água em um rio, embora constitua um fluxo <strong>de</strong> matéria, não está<br />

associada a qualquer corrente elétrica.<br />

OBJETIVOS<br />

• DEFINIR FORÇA ELETROMOTRIZ (FEM)<br />

• DESCREVER O FUNCIONAMENTO DE GERADOR DE FEM (PILHA)<br />

• ENTENDER OS CONCEITOS DE CORRENTE E DENSIDADE DE CORRENTE<br />

Sabemos também que a matéria é constituída, basicamente, por partículas,<br />

algumas neutras, outras positivas e outras negativas (nêutrons, prótons e<br />

elétrons).<br />

Constata-se, no entanto, que, das partículas carregadas em diversos materiais,<br />

algumas po<strong>de</strong>m ter mobilida<strong>de</strong> muito maior que outras, sempre que forçadas a<br />

se mover pela ação <strong>de</strong> campos elétricos.<br />

18.1 FORÇA ELETROMOTRIZ<br />

Nas aulas anteriores apren<strong>de</strong>mos a <strong>de</strong>screver, e a calcular, campos elétricos<br />

e diferenças <strong>de</strong> potencial elétrico produzidas por diversas distribuições estáticas <strong>de</strong><br />

cargas e essa parte <strong>de</strong> nosso estudo, é por isso, <strong>de</strong>nominada eletrostática.<br />

Entretanto, a energia elétrica que consumimos em nosso dia a dia, seja em<br />

nossas casas, seja nas indústrias, ou outros setores da socieda<strong>de</strong>, se <strong>de</strong>ve ao<br />

trabalho realizado por cargas elétricas que, <strong>de</strong> alguma maneira, são forçadas a se<br />

mover.<br />

Por este motivo, quando as luzes <strong>de</strong> uma residência se apagam<br />

repentinamente, diz-se que faltou corrente.<br />

Nesse contexto surgem duas questões fundamentais, que são:<br />

a) O que é a corrente elétrica?<br />

b) O quê é necessário para que surja uma corrente e para que ela<br />

permaneça durante o período <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> que precisamos?<br />

Estas questões po<strong>de</strong>m ser respondidas separadamente.<br />

a) Quanto à primeira, po<strong>de</strong>-se dizer que a palavra corrente está associada,<br />

usualmente, ao fluxo <strong>de</strong> matéria.<br />

É o caso dos metais nos quais temos íons positivos que constituem uma re<strong>de</strong><br />

cristalina, mas com alguns elétrons, usualmente um por cada átomo, que<br />

po<strong>de</strong>m se mover por todo o corpo metálico. O comportamento <strong>de</strong>sses elétrons,<br />

conhecidos como elétrons <strong>de</strong> condução, em muitos aspectos, se aproxima ao <strong>de</strong><br />

um gás.<br />

Quando são forçados a se mover preferencialmente em <strong>de</strong>terminada direção<br />

pela ação <strong>de</strong> algum campo elétrico, são esses elétrons, mais ou menos livres,<br />

que constituem uma corrente elétrica, enquanto os íons positivos permanecem<br />

em torno <strong>de</strong> suas posições <strong>de</strong> equilíbrio. Aqui há corrente elétrica associada a<br />

uma pequena corrente <strong>de</strong> matéria, já que a massa dos elétrons é muito menor<br />

que a dos íons que constituem a re<strong>de</strong> cristalina.<br />

No caso <strong>de</strong> uma solução salina aquosa, temos íons positivos e negativos que<br />

po<strong>de</strong>m se mover “livremente”. Quando forçados pela ação <strong>de</strong> campos elétricos,<br />

os cátions se movem em sentido contrário ao dos ânions. Ambos os tipos <strong>de</strong><br />

íons contribuem para a corrente elétrica, embora possa ocorrer que não haja<br />

qualquer fluxo <strong>de</strong> matéria.<br />

Será apresentada, mais adiante, uma <strong>de</strong>finição matemática rigorosa da<br />

gran<strong>de</strong>za física <strong>de</strong>nominada corrente elétrica.<br />

b) Quanto à segunda questão é necessário que sejam produzidos campos elétricos<br />

no interior da matéria que forcem as cargas elétricas disponíveis (“livres”) a se<br />

mover em <strong>de</strong>terminada direção.<br />

272<br />

273


Quando em uma tempesta<strong>de</strong> forma-se uma nuvem muito carregada, um campo<br />

elétrico muito intenso é criado entre aquela e a superfície da Terra. Isto po<strong>de</strong><br />

provocar um raio, que é a passagem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga elétrica da<br />

Terra para a nuvem ou da nuvem para a Terra.<br />

interligadas, com <strong>de</strong>senvolvimentos tecnológicos posteriores que aumentam sua<br />

eficiência e seu manuseio.<br />

Este fluxo <strong>de</strong> cargas, <strong>de</strong>nominado corrente corona, é muito intenso e tem uma<br />

duração muito curta, cessando assim que a nuvem se <strong>de</strong>scarrega, ou assim que<br />

<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir uma diferença <strong>de</strong> potencial entre a nuvem e a Terra.<br />

Mas não é disso que precisamos se queremos, por exemplo, manter acesas as<br />

luzes <strong>de</strong> uma residência por mais que alguns décimos <strong>de</strong> segundo.<br />

Para isto é necessário que se possa criar e manter um campo elétrico, que<br />

representa a força (eletro)motriz que provoca o movimento das cargas<br />

elétricas.<br />

Isto é, necessita-se <strong>de</strong> um dispositivo que possa gerar uma separação <strong>de</strong><br />

cargas positivas e negativas e que essa separação permaneça, mesmo<br />

quando haja um fluxo contínuo <strong>de</strong> cargas passando pelo dispositivo.<br />

Tal dispositivo constitui um gerador <strong>de</strong> corrente ou <strong>de</strong> força eletromotriz.<br />

18.2 GERADORES DE CORRENTE E FORÇA ELETROMOTRIZ<br />

A solução para o problema <strong>de</strong> criar um campo elétrico estável foi encontrada<br />

por Alessandro Giuseppe Antonio Anastasio Volta (1745-1827), que, em 1800,<br />

inventou um dispositivo, hoje conhecido com o nome <strong>de</strong> célula voltaica, que é<br />

capaz <strong>de</strong> produzir uma diferença <strong>de</strong> potencial pequena, porém estável<br />

entre dois polos, ou eletrodos, o que permite manter cargas em movimento<br />

por longos períodos <strong>de</strong> tempo. Os eletrodos são constituídos por dois metais<br />

diferentes que são imersos em uma solução salina, o eletrólito, e espontaneamente<br />

<strong>de</strong>senvolvem uma diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong>vido à reação química envolvendo os<br />

eletrodos e o eletrólito.<br />

Cada célula apresenta uma diferença <strong>de</strong> potencial entre seus polos que<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> exclusivamente dos metais utilizados. As diversas pilhas e baterias<br />

elétricas, às quais estamos tão acostumados, são conjuntos <strong>de</strong> células voltaicas<br />

Figura 18.1: Representação esquemática <strong>de</strong> uma célula voltaica.<br />

A figura 18.1 mostra esquematicamente o funcionamento <strong>de</strong> uma célula<br />

voltaica em que os eletrodos são <strong>de</strong> cobre e <strong>de</strong> zinco. Nela, temos uma solução <strong>de</strong><br />

CuSO 4 e ZnSO 4 em água, on<strong>de</strong> são imersos os eletrodos. Inicialmente, alguns<br />

átomos <strong>de</strong> cada eletrodo per<strong>de</strong>m dois elétrons e se integram à solução como íons<br />

positivos. Com isto, os eletrodos se tornam negativos com relação ao eletrólito, que<br />

inicialmente é uma “sopa” neutra e uniforme <strong>de</strong> moléculas <strong>de</strong> água e <strong>de</strong> íons H + ,<br />

OH – 2<br />

, SO – 4 , Cu 2+ e Zn 2+ .<br />

A diferença na energia <strong>de</strong> ionização dos diferentes metais faz com que os<br />

eletrodos fiquem com potenciais diferentes e haja uma redistribuição das cargas no<br />

eletrólito. Neste caso o eletrodo <strong>de</strong> zinco fica em um potencial mais baixo e é<br />

<strong>de</strong>nominado polo negativo; o eletrodo <strong>de</strong> cobre, por sua vez, é <strong>de</strong>nominado<br />

polo positivo e seu potencial elétrico está 1,1 V acima do potencial do polo<br />

negativo.<br />

Os elétrons e íons negativos que se encontram próximos do polo negativo,<br />

têm energia maior do que aqueles que se localizam próximos do polo positivo. Já os<br />

íons positivos próximos do polo negativo tem energia menor do que aqueles que se<br />

encontram em torno do polo positivo.<br />

Quando ligamos os eletrodos externamente com um fio condutor,<br />

elétrons do polo negativo fluem para o polo positivo. Ali, alguns íons <strong>de</strong><br />

cobre, Cu 2+ , que se encontram no eletrólito, recebem dois elétrons, cada<br />

um <strong>de</strong>les, tornando-se neutros, e se <strong>de</strong>positam nesse eletrodo saindo da<br />

solução. Enquanto isso, átomos <strong>de</strong> zinco <strong>de</strong>ixam elétrons no polo negativo<br />

e se integram ao eletrólito como íons Zn 2+ .<br />

274<br />

275


Enquanto houver um circuito externo haverá um fluxo contínuo <strong>de</strong><br />

cargas elétricas: ao mesmo tempo em que elétrons chegam ao polo<br />

positivo pelo circuito externo e se recombinam com íons <strong>de</strong> cobre,<br />

aumentando a massa <strong>de</strong>sse eletrodo, vão surgindo outros elétrons no polo<br />

negativo que vai per<strong>de</strong>ndo massa enquanto enriquece o eletrólito com íons<br />

<strong>de</strong> zinco. No interior da célula há um fluxo líquido <strong>de</strong> íons positivos do polo<br />

negativo para o positivo.<br />

Quando os elétrons percorrem o fio externo saindo do eletrodo negativo,<br />

on<strong>de</strong> tem mais energia, e se dirigem ao polo positivo, on<strong>de</strong> sua energia é menor,<br />

observa-se que essa diferença <strong>de</strong> energia surge na forma <strong>de</strong> calor no fio.<br />

De forma simplificada po<strong>de</strong>mos representar o que ocorre no interior da<br />

célula com a equação:<br />

Cu 2+ + Zn → Cu + Zn 2+ (18.1)<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista da Química esta reação é classificada como exotérmica,<br />

pois a energia dos produtos é menor que a dos reagentes. A diferença <strong>de</strong> energia,<br />

no entanto, não aparece como energia térmica e sim como energia potencial<br />

elétrica, que po<strong>de</strong> ser utilizada para gerar calor, mas po<strong>de</strong> também ser usada para<br />

realizar trabalho utilizando um motor elétrico.<br />

Na figura 18.2, representamos <strong>de</strong> maneira simplificada um dispositivo, como<br />

uma célula voltaica, capaz <strong>de</strong> manter uma diferença <strong>de</strong> potencial permanente entre<br />

seus terminais. Existem vários tipos <strong>de</strong> dispositivos, além das pilhas e baterias, que<br />

têm essa capacida<strong>de</strong>, sendo que em cada um <strong>de</strong>les temos uma forma diferente <strong>de</strong><br />

energia que é transformada em energia elétrica.<br />

cargas ou íons em seu interior, estão sujeitas à uma espécie <strong>de</strong> força não<br />

conservativa (à qual não se po<strong>de</strong> associar um potencial) <strong>de</strong>vida à interação entre os<br />

diferentes íons. Essa força gera a distribuição <strong>de</strong> cargas que produz o campo entre<br />

os terminais do dispositivo. Já que não há nenhum fluxo líquido <strong>de</strong> cargas, essa<br />

força é igual e oposta à força produzida pelo campo elétrico.<br />

Portanto, para uma carga qualquer, livre para se mover no interior do<br />

dispositivo, <strong>de</strong>vemos ter:<br />

r<br />

F NC<br />

r<br />

= − qE<br />

(18.2)<br />

Dividindo esta equação pelo valor da carga, multiplicando escalarmente por<br />

um <strong>de</strong>slocamento infinitesimal,<br />

dl<br />

r , e integrando do polo negativo até o positivo,<br />

encontramos o trabalho por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, realizado pelo dispositivo para<br />

manter a diferença <strong>de</strong> potencial que o caracteriza:<br />

W<br />

q<br />

1 + r r + r r<br />

= ∫ FNC<br />

• dl = −<br />

− ∫ E • dl<br />

q<br />

−<br />

(18.3)<br />

Esta equação nos mostra que cargas positivas atravessando tais dispositivos<br />

indo do polo negativo para o positivo, ou cargas negativas que os atravessam em<br />

sentido oposto, recebem energia. Damos o nome <strong>de</strong> força eletromotriz do<br />

dispositivo, ε , a esta energia por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga. Ela é igual à diferença <strong>de</strong><br />

potencial V entre seus polos, quando não há nenhum circuito externo, ou seja:<br />

+<br />

E r →<br />

–<br />

ε = V<br />

(18.4)<br />

Figura 18.2: Esquema <strong>de</strong> um dispositivo qualquer, gerador <strong>de</strong> força eletromotriz, com a<br />

direção do campo elétrico em seu interior representado por uma seta.<br />

Para qualquer um <strong>de</strong>sses dispositivos, há uma diferença <strong>de</strong> potencial entre<br />

os polos, tal que, em seu interior, existe um campo elétrico cujo sentido é do polo<br />

positivo para o negativo. Não há qualquer campo elétrico externo aplicado e, então,<br />

o campo em seu interior <strong>de</strong>veria ser nulo. Entretanto, isso não ocorre porque as<br />

276<br />

Esses dispositivos são <strong>de</strong>nominados geradores <strong>de</strong> força eletromotriz, ou<br />

geradores <strong>de</strong> fem, embora a palavra força esteja sendo usada <strong>de</strong> forma imprópria<br />

por motivos históricos; talvez eles pu<strong>de</strong>ssem ser mais apropriadamente<br />

<strong>de</strong>nominados “geradores <strong>de</strong> energia eletromotriz”.<br />

Um dispositivo conhecido como gerador <strong>de</strong> van <strong>de</strong>r Graaf é um exemplo<br />

<strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> equipamento. Esse gerador consiste <strong>de</strong> uma cinta <strong>de</strong> borracha que<br />

recebe cargas e as leva para o interior <strong>de</strong> uma esfera metálica on<strong>de</strong> são<br />

<strong>de</strong>positadas. Essas cargas se dirigem para a superfície da esfera que adquire então<br />

277


um potencial superior ao da Terra. É necessária a energia fornecida por um motor<br />

para forçar a cinta <strong>de</strong> borracha a transportar mais cargas, <strong>de</strong> mesmo sinal que as<br />

que já estão acumuladas na esfera, <strong>de</strong>vido à repulsão entre estas e as que a cinta<br />

está trazendo.<br />

ATIVIDADE 18.1<br />

Assista ao ví<strong>de</strong>o sobre o Gerador <strong>de</strong> van <strong>de</strong>r Graaf e discuta seu funcionamento<br />

com seus colegas.<br />

Outro tipo <strong>de</strong> dispositivo, que será estudado mais adiante, é o dínamo,<br />

on<strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> energia mecânica força um conjunto <strong>de</strong> espiras a girar em um<br />

campo magnético, gerando um campo elétrico. Essa fonte <strong>de</strong> energia mecânica é<br />

semelhante à queda d’água em uma usina hidrelétrica, ou ao fluxo <strong>de</strong> vapor<br />

aquecido em uma usina nuclear.<br />

EXEMPLO 18.1<br />

quantos átomos foram <strong>de</strong>positados. A massa molecular do cobre é m Cu<br />

= 63, 54g<br />

,<br />

portanto, sendo<br />

m<br />

Cu<br />

a massa <strong>de</strong> cobre <strong>de</strong>positada no eletrodo e N<br />

A<br />

o número <strong>de</strong><br />

Avogadro, o número <strong>de</strong> átomos é:<br />

m<br />

N<br />

9,50 × .6,02 × .10<br />

23<br />

Cu A<br />

22<br />

N<br />

atm<br />

= =<br />

= 9,00×<br />

10<br />

(18.6)<br />

M<br />

Cu<br />

63,54<br />

Então po<strong>de</strong>mos calcular a variação <strong>de</strong> temperatura da água:<br />

2 e N<br />

∆T<br />

=<br />

m c<br />

ag<br />

atm<br />

ag<br />

−19<br />

ε 2.1,60 × 10 × 9,00 × 10<br />

=<br />

1000×<br />

4,18<br />

Qual a diminuição na massa <strong>de</strong> zinco<br />

22<br />

ATIVIDADE 18.2<br />

× 1,1<br />

o<br />

= 7,58 C . (18.7)<br />

m<br />

Zn<br />

, do eletrodo negativo <strong>de</strong> uma célula<br />

como a da figura 18.1, quando esta é utilizada para aumentar a temperatura, <strong>de</strong><br />

um litro <strong>de</strong> água, em 10º C, sabendo que a massa molecular do zinco é<br />

M Zn<br />

= 65, 4g .<br />

Uma célula voltaica como a da figura 18.1, foi utilizada para aquecer um litro <strong>de</strong><br />

água. Depois <strong>de</strong> efetuado o processo observou-se que o eletrodo <strong>de</strong> cobre teve sua<br />

massa aumentada em<br />

9 ,5 g . Desprezando eventuais perdas <strong>de</strong> energia para o<br />

meio ambiente, qual a variação da temperatura da água?<br />

PENSE E RESPONDA<br />

SOLUÇÃO: Quando ligamos os terminais da célula a um condutor metálico que é<br />

imerso na água, <strong>de</strong>vemos igualar a energia ganha pelas cargas em seu interior ao<br />

calor cedido externamente à água. A temperatura da água aumenta, portanto, <strong>de</strong><br />

acordo com a equação:<br />

on<strong>de</strong><br />

da água,<br />

∆ Q = m c ∆T<br />

qε<br />

(18.5)<br />

agua agua<br />

=<br />

∆Q<br />

é o calor absorvido pela água, m<br />

agua<br />

sua massa, c<br />

agua<br />

o calor específico<br />

∆ T a variação <strong>de</strong> sua temperatura, q a carga que passa pela célula e<br />

ε = 1,1V é a fem (abreviatura <strong>de</strong> força eletromotriz) da célula.<br />

Para encontrar a carga total que passou pela célula, sabendo que cada íon <strong>de</strong><br />

cobre absorve dois elétrons ao se <strong>de</strong>positar no polo positivo, <strong>de</strong>vemos saber<br />

PR18.1) Qual é a diferença entre fem (força eletromotriz) e ddp (diferença <strong>de</strong><br />

potencial)? Em que condições a ddp nos terminais <strong>de</strong> uma bateria é igual à fem da<br />

bateria? Em que condições elas são diferentes?<br />

PR18.2) Uma pilha ou bateria é sempre i<strong>de</strong>ntificada pela fem especificada no<br />

rótulo; por exemplo, uma pilha AA usada em lanternas é especificada para “1,5<br />

volt”. Seria também apropriado colocar um rótulo em uma bateria para especificar<br />

a corrente que ela fornece? Por quê?<br />

PR18.3) Oito pilhas <strong>de</strong> lanterna em série fornecem uma fem aproximada <strong>de</strong><br />

12,0 V<br />

, igual à fem da bateria <strong>de</strong> um carro. Você po<strong>de</strong> usar essas pilhas para dar a<br />

partida do motor quando a bateria do carro está <strong>de</strong>scarregada?<br />

278<br />

279


18.3 CORRENTE ELÉTRICA<br />

Geradores <strong>de</strong> força eletromotriz po<strong>de</strong>m manter fluxos contínuos <strong>de</strong> carga<br />

através <strong>de</strong> circuitos condutores. A figura 18.3 mostra um gerador <strong>de</strong> fem com seus<br />

polos ligados externamente através <strong>de</strong> fios metálicos <strong>de</strong> diferentes espessuras.<br />

Nesses fios são representados alguns elétrons ( ) cujas velocida<strong>de</strong>s médias são<br />

indicadas por setas. No interior do gerador, supondo que seja do tipo <strong>de</strong> uma célula<br />

voltaica, são mostrados íons positivos ( ) que se movem em sentido contrário ao<br />

do campo elétrico, forçados pela diferença entre os potenciais eletroquímicos dos<br />

eletrodos. No circuito externo são mostradas com linhas tracejadas algumas<br />

superfícies, indicadas com os símbolos sr, sr’, so e sh, com seus vetores normais,<br />

por on<strong>de</strong> fluem os elétrons <strong>de</strong> condução.<br />

positivos. Cada átomo contribui com um elétron para a banda <strong>de</strong> condução.<br />

O gás <strong>de</strong> partículas negativas é, em cada momento e em cada ponto do<br />

corpo, neutralizado eletricamente pela re<strong>de</strong> positiva.<br />

Quando não há campo elétrico aplicado, a velocida<strong>de</strong> média dos<br />

elétrons é nula, ou seja, não há nenhuma direção privilegiada quanto ao<br />

movimento <strong>de</strong>ssas partículas, assim como acontece com a velocida<strong>de</strong> média das<br />

moléculas <strong>de</strong> um gás encerrado em uma garrafa. Em cada região há elétrons<br />

passando em todas as direções e o módulo <strong>de</strong> sua velocida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser estimada<br />

supondo que o conjunto <strong>de</strong> elétrons se comporta como um gás i<strong>de</strong>al à temperatura<br />

ambiente.<br />

EXEMPLO 18.2<br />

+<br />

–<br />

sr’ so<br />

sh<br />

A<br />

F<br />

sr<br />

C<br />

D<br />

B<br />

E<br />

Fig. 18.3 – Célula voltaica e um circuito externo composto <strong>de</strong> fios condutores <strong>de</strong> diferentes<br />

espessuras. Alguns elétrons nos fios externos são representados com setas que indicam seu<br />

movimento. No interior r do dispositivo, íons positivos se <strong>de</strong>slocam em direção contrária. Uma<br />

seção reta, sr, uma seção oblíqua, so, uma horizontal, sh e parte <strong>de</strong> uma seção reta, sr’, são<br />

mostradas com seus vetores normais.<br />

Cada átomo constituinte da matéria é, geralmente, neutro, contendo o<br />

mesmo número <strong>de</strong> prótons e <strong>de</strong> elétrons. Quando esses átomos se associam<br />

po<strong>de</strong>mos ter diferentes situações <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo dos tipos <strong>de</strong> átomos que se juntam e<br />

das condições termodinâmicas.<br />

Em sólidos condutores, como os metais, alguns elétrons das órbitas<br />

mais externas ernas <strong>de</strong> cada átomo <strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> estar ligados a estes e ficam livres<br />

para percorrer todo o corpo. Temos, então, íons positivos que vibram em<br />

torno <strong>de</strong> posições fixas, formando uma re<strong>de</strong> cristalina, e os elétrons, da<br />

chamada banda <strong>de</strong> condução, que se comportam como um gás <strong>de</strong><br />

partículas livres que, eventualmente, po<strong>de</strong>m se chocar com a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> íons<br />

Encontre a velocida<strong>de</strong> quadrática média dos elétrons <strong>de</strong> condução em um metal à<br />

temperatura ambiente, supondo que se comportam como um gás i<strong>de</strong>al.<br />

SOLUÇÃO: De acordo com a teoria cinética dos gases a energia cinética média das<br />

partículas <strong>de</strong> um gás i<strong>de</strong>al é:<br />

1 3<br />

mu<br />

2 = k<br />

B<br />

T<br />

(18.8)<br />

2 2<br />

on<strong>de</strong> m é a massa do elétron, u sua velocida<strong>de</strong> quadrática média,<br />

k<br />

B a constante<br />

<strong>de</strong> Boltzmann e T é a temperatura. Na temperatura ambiente (T ~ 300 K) a<br />

velocida<strong>de</strong> quadrática média dos elétrons é:<br />

u<br />

1<br />

2<br />

=<br />

−<br />

−23<br />

⎛ 3k<br />

B<br />

T ⎞ ⎛ 3. × 1,4 × 10 × 300 ⎞<br />

5<br />

⎜ ⎟ =<br />

= 1,2 × 10 m / s.<br />

31<br />

m<br />

⎜<br />

9,1 10<br />

⎟<br />

⎝ ⎠ ⎝ × ⎠<br />

1<br />

2<br />

(18.9)<br />

Este resultado, baseado no teorema da equipartição da energia, é bem menor que<br />

o resultado obtido com a teoria quântica, que é próximo <strong>de</strong> 1,6 x 10 6 m/s. Isto<br />

mostra que esse teorema não se aplica a esse gás mas serviu, historicamente, para<br />

se ter uma primeira aproximação para essa velocida<strong>de</strong>.<br />

Na figura 18.3 a diferença <strong>de</strong> potencial entre os terminais A e F criada pelo<br />

gerador estabelece um campo elétrico no interior dos fios do circuito externo<br />

280<br />

281


que, diferentemente do caso eletrostático, não se anula, mas força os elétrons<br />

livres nos fios a adquirirem uma velocida<strong>de</strong> média diferente <strong>de</strong> zero e a se<br />

moverem no sentido contrário ao do campo elétrico (ou seja, no sentido<br />

horário nessa figura). Os elétrons não se acumulam no terminal A, pois ali se<br />

recombinam com íons positivos que se movem, no interior da célula, do terminal F<br />

para o terminal A. Para cada par <strong>de</strong> elétrons que se recombinam em A surgem dois<br />

elétrons em F, como já dissemos, com energia maior que os que chegaram em A.<br />

Você po<strong>de</strong> achar estranho o movimento dos íons positivos <strong>de</strong> F para A, já<br />

que o campo elétrico <strong>de</strong>ntro da célula, aponta do terminal positivo para o terminal<br />

negativo (i.e, no sentido horário nessa figura) e as cargas positivas <strong>de</strong>veriam<br />

mover-se naturalmente <strong>de</strong> F para A. Mas lembre-se que a função da célula é<br />

justamente dar energia às cargas levando-as do potencial mais baixo para o mais<br />

alto. Portanto, <strong>de</strong>ntro da célula, as cargas positivas se movem <strong>de</strong> F para A (ou seja,<br />

no sentido anti-horário nessa figura).<br />

Se o gerador <strong>de</strong> fem for <strong>de</strong> outro tipo, como um dínamo ou um termopar, as<br />

cargas móveis em seu interior serão também elétrons, que se movem <strong>de</strong> A para F,<br />

e há um fluxo contínuo <strong>de</strong> cargas negativas que não se acumulam em qualquer<br />

parte, mantendo a neutralida<strong>de</strong> da matéria em todos os pontos do circuito. Isto<br />

sugere que o fluxo <strong>de</strong> íons positivos <strong>de</strong> F para A, numa célula voltaica é, em termos<br />

<strong>de</strong> efeitos elétricos, equivalente a um fluxo <strong>de</strong> cargas negativas em sentido<br />

contrário em outros tipos <strong>de</strong> geradores. De fato, um fluxo <strong>de</strong> cargas positivas<br />

em um sentido é equivalente a um fluxo <strong>de</strong> cargas negativas em sentido<br />

oposto; com exceção do que ocorre em um fenômeno específico, o efeito Hall, que<br />

envolve campos elétricos e magnéticos e será estudado mais à frente.<br />

Na própria célula voltaica há íons negativos que se movem no sentido<br />

contrário aos positivos mas que não foram representados para manter a clareza do<br />

<strong>de</strong>senho; o fluxo que importa em cada região é a soma da carga positiva que flui<br />

em um sentido com a carga negativa que se move em sentido oposto.<br />

Por outro lado, duas cargas <strong>de</strong> mesmo módulo, mas <strong>de</strong> sinais contrários,<br />

movendo-se no mesmo sentido não representam qualquer fluxo líquido <strong>de</strong> cargas e<br />

seus efeitos elétricos se anulam. É o que ocorre quando temos um átomo neutro<br />

em movimento: trata-se <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> cargas positivas e negativas que se<br />

movem sem que haja qualquer fluxo líquido <strong>de</strong> cargas.<br />

282<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR18.4) Está claro para mim em que sentido as cargas estão se movendo?<br />

Consi<strong>de</strong>re a seção reta sr, indicada na fig. 18.3, que em um intervalo <strong>de</strong><br />

tempo ∆t é atravessada por uma carga líquida ∆q. Definimos a corrente elétrica,<br />

i , que a atravessa como:<br />

∆ q<br />

i = (18.10)<br />

∆ t<br />

A corrente elétrica, ou simplesmente a corrente, é a taxa com que a<br />

carga líquida atravessa uma <strong>de</strong>terminada superfície. Definida a superfície que<br />

estamos consi<strong>de</strong>rando, contamos, durante um intervalo <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>terminado, a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cargas positivas que a atravessam em um sentido, por exemplo, <strong>de</strong><br />

A para B se consi<strong>de</strong>ramos a superfície “sr” na figura 18.3, <strong>de</strong>scontando as que<br />

passam em sentido contrário. Contamos também as cargas negativas que cruzam a<br />

superfície <strong>de</strong> B para A, <strong>de</strong>scontadas as que passam <strong>de</strong> A para B e somamos seu<br />

valor absoluto ao das positivas. O resultado obtido é dividido pelo intervalo <strong>de</strong><br />

tempo em questão.<br />

A taxa com que a carga elétrica atravessa uma <strong>de</strong>terminada superfície em<br />

um circuito po<strong>de</strong> variar com o tempo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong> circuito e do tipo <strong>de</strong><br />

gerador que é utilizado. Por isto <strong>de</strong>finimos a corrente elétrica, <strong>de</strong> forma mais geral,<br />

tomando um limite diferencial, e que transforma o segundo membro da equação<br />

anterior em uma <strong>de</strong>rivada:<br />

d q<br />

i = (18.11)<br />

d t<br />

A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente elétrica no SI, Coulomb por segundo, recebe o<br />

nome <strong>de</strong> Ampère:<br />

1 Ampère = 1 A = 1 C/s . (18.12)<br />

A superfície “so” na figura 18.3 é uma seção oblíqua do condutor. Como não<br />

há acúmulo <strong>de</strong> cargas em qualquer parte do circuito, a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

cargas que passa pela superfície “sr” passa por “so”, no mesmo intervalo <strong>de</strong> tempo.<br />

Mesmo tendo áreas <strong>de</strong> suas superfícies diferentes, as correntes que passam por<br />

ambas são iguais.<br />

283


Quanto à superfície horizontal “sh”, a corrente que a atravessa é nula, pois o<br />

movimento líquido <strong>de</strong> cargas é paralelo à superfície, ou perpendicular à seu vetor<br />

normal.<br />

Já a superfície sr’ é atravessada apenas por parte das cargas que<br />

atravessam “so” ou “sr”. Tanto em “sr” quanto em sr’ o movimento líquido das<br />

cargas é paralelo aos vetores normais das superfícies e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cargas que<br />

as atravessam <strong>de</strong>vem ser proporcionais a suas áreas.<br />

No trecho EDCB o fluxo <strong>de</strong> elétrons é obrigado a atravessar seções retas<br />

com áreas diferentes. Embora a corrente seja a mesma em todas as seções retas<br />

do circuito, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área varia bastante, sendo<br />

muito maior no trecho DC do que em outros pontos do circuito.<br />

18.4 DENSIDADE DE CORRENTE ELÉTRICA<br />

A figura 18.4 mostra, esquematicamente, um trecho <strong>de</strong> um condutor, <strong>de</strong><br />

seção reta A, percorrido por uma corrente i. Se não houvesse campo elétrico no<br />

interior do condutor os elétrons da banda <strong>de</strong> condução teriam um movimento<br />

caótico, cuja velocida<strong>de</strong> média seria nula, apesar da velocida<strong>de</strong> quadrática média<br />

ser <strong>de</strong> aproximadamente 1600 km/s. Quando há um campo, os elétrons passam a<br />

ter, superposto a esse movimento caótico, um movimento em sentido contrário ao<br />

da corrente convencional. Ou seja, a velocida<strong>de</strong> média <strong>de</strong>sses elétrons <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser<br />

nula e assume um valor, que como veremos é muito menor que a velocida<strong>de</strong><br />

quadrática média dos elétrons, mas é a que está ligada ao valor da corrente. Esta<br />

velocida<strong>de</strong> média é <strong>de</strong>nominada velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste,<br />

v r a<br />

, e é representada na<br />

figura como se cada portador <strong>de</strong> carga tivesse apenas esse movimento, na mesma<br />

direção, mas em sentido contrário ao do campo.<br />

18.3.1 A CORRENTE ELÉTRICA CONVENCIONAL<br />

No interior <strong>de</strong> cada fio, com área da seção reta constante, o campo elétrico<br />

que se estabelece é uniforme e paralelo ao eixo do fio condutor, mesmo que este<br />

seja dobrado ou enrolado <strong>de</strong> alguma maneira arbitrária. O campo força as cargas<br />

positivas a se moverem em sua direção e sentido, enquanto as cargas negativas<br />

são forçadas a se moverem em sentido contrário ao do campo.<br />

Em um metal, sabemos que são elétrons os responsáveis pela condução<br />

elétrica; em um acelerador <strong>de</strong> partículas po<strong>de</strong>-se gerar um feixe <strong>de</strong> prótons, que<br />

constitui uma corrente elétrica; já em uma solução salina tanto íons positivos<br />

quanto negativos se <strong>de</strong>slocam, resultando na corrente total. É conveniente<br />

adotar uma corrente convencional, composta apenas por cargas positivas,<br />

em que as cargas negativas que se movem contra o campo são substituídas por<br />

cargas positivas movendo-se no sentido do campo. Sendo assim, na figura 18.3 a<br />

corrente convencional percorre o circuito externo no sentido ABCDEF enquanto os<br />

portadores <strong>de</strong> carga reais, os elétrons da banda <strong>de</strong> condução em cada condutor, se<br />

<strong>de</strong>slocam no sentido indicado pelas setas.<br />

Portanto, quando dizemos, por exemplo, que um fio metálico é percorrido<br />

por uma corrente em um sentido, sabemos que na realida<strong>de</strong> temos um fluxo <strong>de</strong><br />

elétrons no sentido contrário, mas que, para todos os efeitos que nos interessam<br />

aqui, se comporta como a corrente convencional.<br />

284<br />

Figura 18.4: Trecho <strong>de</strong> um condutor percorrido por uma corrente convencional, i, em que<br />

elétrons <strong>de</strong> condução são representados com sua velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste.<br />

Em um intervalo <strong>de</strong> tempo<br />

∆ t =<br />

L<br />

v a<br />

, todos os elétrons <strong>de</strong> condução no<br />

trecho <strong>de</strong> comprimento L , indicado na figura 18.4, irão atravessar a seção reta<br />

marcada com a letra A. Consi<strong>de</strong>rando que temos n portadores <strong>de</strong> carga por unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> volume no condutor e que cada portador tem carga q , a corrente po<strong>de</strong> ser<br />

relacionada à velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste:<br />

∆ q n q L A<br />

i = = = n q va<br />

A<br />

(18.13)<br />

∆ t L v<br />

a<br />

Vemos que a corrente é proporcional à área da seção reta do fio. Dividindo a<br />

corrente por essa área temos a corrente por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área que atravessa o fio.<br />

Essa gran<strong>de</strong>za representa o módulo do vetor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente que se<br />

relaciona à corrente pela expressão:<br />

285


em que<br />

r r<br />

i = ∫ J • ⋅ dA<br />

(18.14)<br />

S<br />

dA<br />

r é um vetor normal à superfície consi<strong>de</strong>rada em cada ponto e cujo<br />

módulo é um elemento diferencial <strong>de</strong> área. J r é o vetor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente,<br />

que tem a direção da velocida<strong>de</strong> média dos portadores <strong>de</strong> carga e sentido igual ao<br />

da corrente convencional. Sua unida<strong>de</strong> no SI é Ampère por metro quadrado, e é<br />

dado pela equação:<br />

r r<br />

J = nqv a<br />

(18.15)<br />

Esta expressão mostra que um fluxo <strong>de</strong> cargas positivas, em uma direção e<br />

sentido, produz um vetor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente idêntico ao que é produzido por<br />

um fluxo da mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga negativa, na mesma direção, mas em<br />

sentido contrário.<br />

Enquanto a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente é um vetor, conforme po<strong>de</strong>mos notar<br />

na equação 18.15, a corrente é um escalar. Embora a corrente tenha um<br />

sentido, não se po<strong>de</strong> falar <strong>de</strong> direção da mesma. Em um fio, com encapamento<br />

dielétrico, ligado a uma fem, a corrente não se altera se ele é dobrado <strong>de</strong> diversas<br />

maneiras, assumindo diferentes formas e orientações no espaço.<br />

Por outro lado, a corrente é uma gran<strong>de</strong>za macroscópica, no sentido<br />

<strong>de</strong> que me<strong>de</strong> a carga que passa através <strong>de</strong> uma dada superfície, cuja área<br />

é mensurável, enquanto a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente é uma gran<strong>de</strong>za<br />

microscópica, que nos fornece uma visão do que ocorre em cada ponto no<br />

interior do condutor.<br />

EXEMPLO 18.3<br />

Qual o número <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> condução por milímetro cúbico em um fio <strong>de</strong> cobre,<br />

3<br />

cuja <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> é 8,96<br />

g / cm ?<br />

SOLUÇÃO: Cada átomo <strong>de</strong> cobre contribui com um elétron para a banda <strong>de</strong><br />

condução, portanto o número <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong> condução é igual ao número <strong>de</strong><br />

átomos em um milímetro cúbico. Temos nesse volume uma massa <strong>de</strong> 8,96<br />

mg / cm<br />

; sendo a massa molecular do cobre <strong>de</strong> 63 ,54 g , encontramos o número <strong>de</strong>sejado:<br />

n =<br />

mCu<br />

N<br />

M<br />

Cu<br />

A<br />

− 3<br />

8,96 × 10 × 6,022×<br />

10<br />

=<br />

63,54<br />

23<br />

ATIVIDADE 18.3<br />

= 8,49 × 10<br />

19<br />

portadores/<br />

mm<br />

Qual a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste dos elétrons <strong>de</strong> condução em um fio <strong>de</strong> cobre cuja<br />

2<br />

área da seção reta é <strong>de</strong> 1,0<br />

mm e que é percorrido por uma corrente <strong>de</strong> 2 ,00A<br />

?<br />

ATIVIDADE 18.4<br />

Encontre a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste dos elétrons em um fio <strong>de</strong> prata com dois<br />

milímetros quadrados <strong>de</strong> seção reta, percorrido por uma corrente <strong>de</strong> 5,00 A,<br />

3<br />

sabendo que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da prata é <strong>de</strong> 10,5<br />

g / cm e que sua massa molecular é<br />

<strong>de</strong><br />

108 g .<br />

3<br />

3<br />

Se o condutor tiver mais <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> portador <strong>de</strong> carga, como é o caso <strong>de</strong><br />

uma solução salina, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente terá a contribuição <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les:<br />

r<br />

J<br />

∑<br />

r<br />

= ni<br />

qi<br />

vi<br />

(18.16)<br />

Os portadores mais leves são mais efetivos na condução <strong>de</strong> corrente, pois<br />

sua velocida<strong>de</strong> é usualmente maior.<br />

286<br />

287


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 18.1<br />

O ví<strong>de</strong>o estará disponível no ambiente virtual <strong>de</strong> aprendizagem.<br />

ATIVIDADE 18.2<br />

A energia gasta para aumentar a temperatura <strong>de</strong> um litro <strong>de</strong> água em <strong>de</strong>z graus<br />

Celsius é:<br />

∆Q<br />

= m<br />

agua<br />

c<br />

agua<br />

3<br />

4<br />

∆T<br />

= 4,18×<br />

10 × 10 = 4,18×<br />

10 J<br />

Como no exemplo 18.3, <strong>de</strong>vemos calcular o número <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> carga por<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume no fio <strong>de</strong> prata:<br />

n<br />

d<br />

Ag<br />

N<br />

=<br />

M<br />

10,5<br />

22<br />

3<br />

=<br />

= 5,85 10 portadores / cm .<br />

23<br />

6,022 × 10 × 108<br />

A<br />

Ag<br />

×<br />

Ag<br />

Este valor é um pouco menor que no caso do cobre. Po<strong>de</strong>mos agora, como<br />

na Ativida<strong>de</strong> 18.2, calcular a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste:<br />

v a<br />

5 −4<br />

=<br />

= 2,7 × 10<br />

− 6<br />

28<br />

−19<br />

2.10 × 5,85 × 10 × 1,6 × 10<br />

m<br />

.<br />

s<br />

on<strong>de</strong> fizemos uso dos valores conhecidos da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da água igual a 1 ,00 kg / l ,<br />

0<br />

<strong>de</strong> seu calor específico igual 1 ,00 kcal / g C e do equivalente mecânico do calor:<br />

1 ,00 cal = 4, 18J .<br />

Desprezando qualquer perda para o meio ambiente igualamos este calor à<br />

energia elétrica consumida para encontrar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga que atravessa a<br />

célula voltaica durante o processo:<br />

4<br />

∆Q<br />

4,18 × 10<br />

4<br />

q = = = 3,8 × 10 C<br />

ε 1,1<br />

’<br />

O valor <strong>de</strong>sta carga dividida pelo dobro da carga do elétron nos dá o número<br />

<strong>de</strong> átomos <strong>de</strong> zinco que <strong>de</strong>ixam o polo negativo e se integram à solução. Dividindo<br />

este número pelo número <strong>de</strong> Avogadro temos o número <strong>de</strong> moles que multiplicado<br />

pela massa molecular do zinco fornece a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> massa perdida por este<br />

eletrodo:<br />

m<br />

N<br />

ATIVIDADE 18.3<br />

Sendo, na equação 18.13,<br />

4<br />

3,8 × 10<br />

,4<br />

19<br />

2×<br />

1,6 × 10 × 6,022 × 10<br />

atm<br />

Zn<br />

= M<br />

Zn<br />

= 65 =<br />

−<br />

23<br />

N<br />

A<br />

13g.<br />

−19<br />

q = e = 1,60 × 10 C , a carga do elétron e n o valor<br />

calculado no exemplo 18.3, encontramos a velocida<strong>de</strong>:<br />

2,00<br />

5 m<br />

v = a<br />

= 1,5.10 .<br />

19<br />

− 19<br />

6<br />

8,5 × 10 × 1,6 × 10 × 1,0 × 10<br />

− s<br />

ATIVIDADE 18.4<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E18.1) Uma bateria <strong>de</strong> motocicleta com uma força eletromotriz <strong>de</strong><br />

carga inicial <strong>de</strong><br />

12 ,0 V tem uma<br />

120 Ah . Supondo que a diferença <strong>de</strong> potencial entre os terminais<br />

permaneça constante até que a bateria se <strong>de</strong>scarregue, quantas horas a bateria é<br />

capaz <strong>de</strong> fornecer uma potência <strong>de</strong><br />

E18.2) Uma corrente elétrica <strong>de</strong><br />

100 W ?<br />

Coulombs fluem através <strong>de</strong>sse chuveiro em<br />

3 ,6 A flui através <strong>de</strong> um chuveiro. Quantos<br />

3 ,0 h ?<br />

E18.3) Por um fio <strong>de</strong> cobre <strong>de</strong> 2,5 mm <strong>de</strong> diâmetro passa uma corrente <strong>de</strong><br />

−10<br />

1,20 × 10 A . O número <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> carga por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume é<br />

8,49<br />

28 −3<br />

× 10 m . Supondo que a corrente é uniforme, calcule (a) a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

corrente e (b) a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>riva dos elétrons.<br />

8<br />

E18.4) Um feixe <strong>de</strong> partículas possui 2 ,0 × 10 íons positivos duplamente carregados<br />

por centímetro cúbico, todos eles se movem para o norte com uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

5<br />

1,0 × 10 m / s . Determine (a) o módulo e (b) a direção da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente J r .<br />

(c) É possível <strong>de</strong>terminar a corrente total associada? Justifique.<br />

E18.5) O fusível é projetado para abrir um circuito quando a corrente ultrapassar<br />

um certo valor. Suponha que o material a ser usado em um fusível sofra fusão<br />

2<br />

quando a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente ultrapassar 440A<br />

/ cm . Que diâmetro <strong>de</strong> fio<br />

cilíndrico <strong>de</strong>ve ser usado para fazer um fusível que limite a corrente <strong>de</strong><br />

0 ,5A<br />

?<br />

288<br />

289


AULA 19 RESISTÊNCIA ELÉTRICA, RESISTIVIDADE E LEI DE<br />

OHM<br />

OBJETIVOS<br />

• DISCUTIR OS CONCEITOS RELACIONADOS À RESISTÊNCIA E À RESISTIVIDADE ELÉTRICAS<br />

Lembre-se que V é a variação da energia potencial elétrica <strong>de</strong> cada unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> carga que percorre o condutor; portanto o produto<br />

R i representa a perda <strong>de</strong><br />

energia potencial elétrica quando uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga atravessa um condutor e<br />

esta energia aparece como energia térmica no próprio condutor que, nesse caso,<br />

<strong>de</strong>nominamos resistor.<br />

A razão Volt/Ampère, que é a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resistência, por sua<br />

importância, recebe o nome <strong>de</strong> Ohm cujo símbolo é Ω :<br />

19.1 RESISTÊNCIA ELÉTRICA<br />

Quando ligamos externamente os pólos <strong>de</strong> um gerador <strong>de</strong> força eletromotriz<br />

com algum condutor, surge, uma corrente elétrica, cujo sentido convencional, como<br />

vimos, é do pólo positivo para o pólo negativo. De fato, o que acontece é que<br />

elétrons saem do pólo negativo, per<strong>de</strong>m energia potencial elétrica, que surge como<br />

energia térmica no fio condutor, e chegam ao pólo positivo.<br />

Já que a tensão entre os terminais dos geradores <strong>de</strong> força eletromotriz é<br />

característica <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les, uma pergunta que se po<strong>de</strong> fazer neste ponto é:<br />

com que facilida<strong>de</strong> fluirão as cargas, quando esses terminais são ligados<br />

externamente? Equivalentemente: qual o valor da corrente que percorrerá o<br />

circuito?<br />

A resposta é que a corrente obtida <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> principalmente das<br />

características do circuito externo: o comprimento, a seção reta dos fios utilizados<br />

os materiais <strong>de</strong> que são feitos, são fatores que influenciam o resultado.<br />

Quando se aplica uma diferença <strong>de</strong> potencial às extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um<br />

condutor provocando a passagem <strong>de</strong> uma corrente elétrica, <strong>de</strong>fine-se a resistência<br />

elétrica (ou, simplesmente, resistência), R , entre esse dois pontos, como a<br />

razão entre a tensão aplicada, V , e a corrente gerada, i .<br />

V<br />

R = . (19.1)<br />

i<br />

Quanto maior for a resistência do condutor menor será a corrente, para um<br />

dado potencial aplicado.<br />

V<br />

1 Ohm = 1 Ω = 1 . (19.2)<br />

m<br />

19.2 LEI DE OHM<br />

A equação 19.1 <strong>de</strong>fine o que é a resistência <strong>de</strong> um condutor, mas não nos<br />

fornece qualquer informação a respeito do comportamento <strong>de</strong>ssa gran<strong>de</strong>za, quando<br />

aplicamos diferentes valores <strong>de</strong> tensão às extremida<strong>de</strong>s do condutor.<br />

A tensão aplicada às extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um condutor e a conseqüente corrente<br />

que o percorre são gran<strong>de</strong>zas macroscópicas que po<strong>de</strong>m ser medidas com<br />

aparelhos <strong>de</strong>nominados respectivamente voltímetro e amperímetro. Tais aparelhos<br />

serão <strong>de</strong>scritos em uma aula posterior.<br />

Para termos uma noção mais clara do que ocorre quando fazemos variar o<br />

valor da tensão aplicada a um condutor, apresentamos os resultados <strong>de</strong> nossas<br />

medidas <strong>de</strong> tensão e corrente <strong>de</strong> forma gráfica.<br />

Na figura 19.1 po<strong>de</strong>mos ver diferentes comportamentos da corrente em<br />

função da tensão aplicada a: (a) um condutor linear ou ôhmico; (b) uma válvula<br />

diodo, que só conduz corrente em um sentido; (c) um diodo semicondutor, cuja<br />

resistência não só varia com a tensão aplicada, mas apresenta valores muito<br />

diferentes quando se inverte sua polarida<strong>de</strong>.<br />

Nessas medidas <strong>de</strong> corrente e tensão, a temperatura <strong>de</strong> cada condutor é<br />

mantida constante, pois, como veremos, os valores das resistivida<strong>de</strong>s dos diversos<br />

materiais apresentam alguma <strong>de</strong>pendência com a temperatura..<br />

290<br />

291


Diversos dispositivos construídos pelo ser humano não apresentam esse<br />

comportamento. Nas figuras 19.1 (b) e (c) temos dois exemplos <strong>de</strong> condutores que<br />

não têm comportamento linear e cujo uso em circuitos elétricos advém exatamente<br />

<strong>de</strong> seus comportamentos incomuns na natureza. Estes são <strong>de</strong>nominados<br />

condutores não lineares ou não ôhmicos.<br />

Figura 19.1: Gráficos <strong>de</strong> corrente em função da tensão aplicada: (a) condutor<br />

ôhmico, (b) válvula <strong>de</strong> diodo e (c) diodo semicondutor.<br />

Nos três casos apresentados, e <strong>de</strong> forma geral, o inverso multiplicativo da<br />

inclinação em cada ponto <strong>de</strong> cada curva representa a resistência para cada valor da<br />

tensão.<br />

Em outras palavras, a inclinação representa a condutância do material em<br />

cada ponto da curva. A condutância, S, é <strong>de</strong>finida pela expressão i = SV, mas<br />

raramente é utilizada.<br />

A imensa maioria, <strong>de</strong>ntre todos os objetos condutores, tem um<br />

comportamento <strong>de</strong>scrito pela curva apresentada na figura 19.1a.<br />

Essa curva correspon<strong>de</strong> a uma reta que passa pela origem, ou seja, trata-se<br />

<strong>de</strong> uma proporção direta entre a corrente e a tensão. Isto indica que uma infinida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> objetos têm resistências cujos valores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das tensões a que estão<br />

submetidos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que mantidas inalteradas suas temperaturas.<br />

Esta observação correspon<strong>de</strong> à lei <strong>de</strong> Ohm (Georg Simon Ohm, 1781-<br />

1854):<br />

A lei <strong>de</strong> Ohm é uma relação empírica obtida da observação <strong>de</strong> que a<br />

maioria dos materiais apresenta o comportamento sugerido pela figura<br />

19.1(a).<br />

Po<strong>de</strong>mos fazer, no entanto, uma <strong>de</strong>dução clássica da lei <strong>de</strong> Ohm, baseada<br />

em um mo<strong>de</strong>lo microscópico que consi<strong>de</strong>ra um condutor como uma re<strong>de</strong> cristalina<br />

envolta por um gás <strong>de</strong> partículas que têm, por se chocarem constantemente com a<br />

re<strong>de</strong>, um movimento aleatório, com velocida<strong>de</strong> quadrática média em torno <strong>de</strong> 1600<br />

km/s.<br />

Quando é aplicado um campo elétrico esses elétrons são acelerados,<br />

ganhando, portanto, energia cinética. Ao se chocarem novamente com íons<br />

positivos, per<strong>de</strong>m completamente esta energia para a re<strong>de</strong>. Este processo continua<br />

e os elétrons ganham um pouco <strong>de</strong> energia, que é logo entregue à re<strong>de</strong> cristalina.<br />

Desta forma, os elétrons adquirem uma velocida<strong>de</strong> média, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

arraste<br />

v<br />

a<br />

, que permanece constante.<br />

Esse processo é diferente do que ocorre com elétrons sob a ação <strong>de</strong> um<br />

campo, no espaço livre, que são acelerados e têm sua velocida<strong>de</strong> aumentada<br />

continuamente.<br />

Consi<strong>de</strong>remos que o tempo médio entre dois choques <strong>de</strong> um elétron com a<br />

re<strong>de</strong> seja τ e que o tempo <strong>de</strong> duração <strong>de</strong> cada choque seja <strong>de</strong>sprezível; então, a<br />

cada intervalo <strong>de</strong> tempo τ cada elétron, em média, adquire (<strong>de</strong>vido à ação do<br />

campo elétrico) e per<strong>de</strong> (<strong>de</strong>vido aos choques com a re<strong>de</strong>) uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

A resistência da maioria dos condutores in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos valores <strong>de</strong> tensão<br />

a eles aplicados, sendo a corrente produzida, em cada caso, diretamente<br />

proporcional à tensão aplicada.<br />

movimento<br />

mv<br />

a<br />

. Po<strong>de</strong>mos então dizer que a re<strong>de</strong> cristalina funciona como<br />

um meio viscoso que exerce uma força média contrária à que é exercida<br />

pelo campo elétrico, que leva os elétrons terem uma velocida<strong>de</strong> terminal: a<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste.<br />

Devido à forma da curva obtida nos gráficos como o da figura 19.1(a) os<br />

condutores que se comportam <strong>de</strong> acordo com a lei <strong>de</strong> Ohm são<br />

<strong>de</strong>nominados condutores ôhmicos ou lineares.<br />

elétrica:<br />

Igualando a perda média <strong>de</strong> momento por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo à força<br />

292<br />

293


mv a<br />

= eE,<br />

τ<br />

(19.3)<br />

o que nos fornece a resistivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um condutor:<br />

on<strong>de</strong> m é a massa e e a carga do elétron, encontramos a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste<br />

como função da intensida<strong>de</strong> do campo elétrico e do intervalo <strong>de</strong> tempo médio entre<br />

choques.<br />

E mu<br />

ρ = =<br />

J n e<br />

2 L .<br />

(19.6)<br />

EXEMPLO 19.1<br />

Qual o tempo médio entre as colisões dos elétrons com a re<strong>de</strong> em um fio <strong>de</strong> cobre<br />

2<br />

com 1,0<br />

mm <strong>de</strong> seção reta, 1 ,0 m <strong>de</strong> comprimento, percorrido por uma corrente <strong>de</strong><br />

2 ,0 A ?<br />

SOLUÇÃO: De acordo com a ativida<strong>de</strong> 18.2, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste dos elétrons é<br />

<strong>de</strong> 1,5.10<br />

−4<br />

m / s . O campo elétrico po<strong>de</strong> ser calculado usando-se:<br />

Portanto o tempo médio entre choques é:<br />

τ =<br />

−8<br />

1,7<br />

∗10<br />

Ωm<br />

× 2,0A<br />

−2<br />

E = ρ J =<br />

3,4 ∗10<br />

V / m .<br />

−6<br />

2<br />

1,0 ∗10<br />

m<br />

−31<br />

m a 9,11∗<br />

10<br />

− 14<br />

v<br />

e E<br />

=<br />

1,6 ∗10<br />

−19<br />

−4<br />

kg × 1,5 ∗10<br />

m / s<br />

= 2,5∗10<br />

−2<br />

C × 3,4∗10<br />

V / m<br />

s<br />

A velocida<strong>de</strong> quadrática média não é afetada pelo campo elétrico, pois,<br />

como vimos, este produz um efeito sobre os elétrons que é sua velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

arraste, um valor<br />

10<br />

10 vezes menor que a velocida<strong>de</strong> u .<br />

O livre caminho médio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colisão entre os elétrons<br />

e os íons da re<strong>de</strong>. No mo<strong>de</strong>lo clássico, esta probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das dimensões<br />

dos íons da re<strong>de</strong> e do número <strong>de</strong>stes por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume, sendo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> qualquer campo aplicado.<br />

Nenhuma das <strong>de</strong>mais gran<strong>de</strong>zas que aparecem nesta expressão para a<br />

resistivida<strong>de</strong> clássica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do campo elétrico. Ela está, portanto, <strong>de</strong> acordo com<br />

a lei <strong>de</strong> Ohm.<br />

Embora o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> elétrons como bolas <strong>de</strong> bilhar, chocando-se<br />

inelasticamente com ‘pinos’ em uma mesa tridimensional, seja bastante grosseiro,<br />

e necessário o uso da teoria quântica para se obter resultados mais condizentes<br />

com os obtidos experimentalmente, esta expressão é qualitativamente correta.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que os elétrons se movem, entre os choques, com velocida<strong>de</strong>s<br />

em torno da velocida<strong>de</strong> quadrática média, introduzimos o conceito <strong>de</strong> livre<br />

caminho médio, ( L ), que é a média das distâncias percorridas pelos<br />

elétrons entre dois choques:<br />

L = uτ ,<br />

(19.4)<br />

ATIVIDADE 19.1<br />

Qual o livre percurso médio dos elétrons no fio <strong>de</strong> cobre do exemplo 19.1?<br />

19.3 RESISTIVIDADE E CONDUTIVIDADE<br />

O que nos dá o tempo entre colisões como função da velocida<strong>de</strong> quadrática média e<br />

do livre caminho médio.<br />

Levando estes resultados à equação 18.16 encontramos<br />

2<br />

ne L<br />

J = n eva = E,<br />

(19.5)<br />

mu<br />

A resistência é uma característica <strong>de</strong> um condutor como um todo: aplica-se<br />

uma tensão às extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um objeto macroscópico e observa-se a corrente<br />

que o atravessa.<br />

Para compreen<strong>de</strong>r o que ocorre em cada ponto no interior do<br />

condutor, adotamos um ponto <strong>de</strong> vista microscópico. Ao aplicarmos uma diferença<br />

<strong>de</strong> potencial às extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um condutor, criamos um campo elétrico que força<br />

294<br />

295


os portadores <strong>de</strong> carga a adquirirem uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste, criando, assim,<br />

uma corrente elétrica.<br />

A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente, como vimos anteriormente, é diretamente<br />

proporcional à velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste dos portadores <strong>de</strong> carga. A razão entre o valor<br />

do campo elétrico e o valor da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente em cada ponto do condutor<br />

<strong>de</strong>fine a gran<strong>de</strong>za que <strong>de</strong>nominamos resistivida<strong>de</strong> resistivida<strong>de</strong>, ρ , do material:<br />

r r<br />

E = ρ J . (19.7)<br />

Esta equação indica que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente tem a mesma direção<br />

e sentido do campo elétrico em cada ponto.<br />

o que nos leva à expressão:<br />

L<br />

R = ρ .<br />

(19.10)<br />

A<br />

A resistência <strong>de</strong> um fio é tanto maior quanto maior for seu comprimento e<br />

tanto menor maior a área <strong>de</strong> sua seção reta.<br />

Este comportamento é análogo ao <strong>de</strong> um canudinho usado para beber<br />

líquidos. Quanto maior for seu comprimento e quanto menor a área <strong>de</strong> sua seção<br />

reta, maior será sua resistência à passagem do líquido. Por isso, na figura 18.3, a<br />

resistência do trecho CD <strong>de</strong>ve ser bem maior que a do trecho AB ou do trecho EF,<br />

se o material for o mesmo em todos os trechos do circuito externo.<br />

EXEMPLO 19.2<br />

Se um condutor é constituído por algum material cuja composição varia <strong>de</strong><br />

um ponto a outro a resistivida<strong>de</strong> também po<strong>de</strong> variar ao longo do volume do corpo.<br />

Consi<strong>de</strong>rando corpos homogêneos, a resistivida<strong>de</strong> é uma característica <strong>de</strong> cada<br />

material e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das dimensões dos condutores consi<strong>de</strong>rados.<br />

Frequentemente é utilizada a gran<strong>de</strong>za, também característica <strong>de</strong> cada<br />

material, <strong>de</strong>nominada condutivida<strong>de</strong>, σ , que é o inverso multiplicativo da<br />

resistivida<strong>de</strong>.<br />

2<br />

Cabos <strong>de</strong> aço com 2,0<br />

cm <strong>de</strong> seção reta e 300 km <strong>de</strong> comprimento são utilizados<br />

para conectar uma usina hidrelétrica a uma cida<strong>de</strong>. Qual a resistência elétrica <strong>de</strong><br />

cada um <strong>de</strong>les?<br />

−8<br />

SOLUÇÃO: De acordo com a tabela 19.1 a resistivida<strong>de</strong> do aço é <strong>de</strong> 18 ,0×<br />

10 Ωm<br />

.<br />

Portanto a resistência <strong>de</strong> cada cabo é:<br />

5<br />

−8<br />

3.10<br />

R = 18.10<br />

= 270Ω<br />

(19.11)<br />

−4<br />

2.10<br />

Po<strong>de</strong>mos, então, reescrever a equação 19.7 na seguinte forma:<br />

r r<br />

J = σ E . (19.8)<br />

ATIVIDADE 19.2<br />

−8<br />

Um fio <strong>de</strong> Kanthal, liga metálica cuja resistivida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> 140 × 10 Ωm<br />

, tem uma<br />

resistência <strong>de</strong> 5 ,6Ω<br />

, comprimento <strong>de</strong> 4 ,0 m e seção reta retangular.<br />

a) Qual a área <strong>de</strong> sua seção reta?<br />

Se uma diferença <strong>de</strong> potencial é aplicada a um fio <strong>de</strong> seção reta constante,<br />

A , e <strong>de</strong> comprimento L , a relação entre a tensão e o campo é<br />

corrente e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente é<br />

V = E L ; e entre a<br />

i = J A . De acordo com a equação 19.1<br />

b) O fio é cortado ao meio, resultando em dois fios <strong>de</strong> um metro que são<br />

colocados lado a lado, formando um único fio mais curto, porém mais grosso. Qual<br />

será sua nova resistência?<br />

teremos:<br />

EL<br />

R = ,<br />

(19.9)<br />

JA<br />

296<br />

297


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 19.1<br />

De acordo com a expressão para o livre caminho médio, tomando o valor da<br />

velocida<strong>de</strong> quadrática média com 1600 km/s e o tempo médio entre choques<br />

calculado no exemplo 20.1 temos:<br />

6<br />

L = v.<br />

τ = 1,6 × 10 .2,5 × 10<br />

−14<br />

= 4 × 10<br />

ATIVIDADE 19.2<br />

a) De acordo com a equação 19.6, a área da seção reta do fio é:<br />

−8<br />

L 140.10<br />

..4<br />

−6<br />

2<br />

2<br />

A = ρ = = 1,0.10 m = 1,0mm<br />

.<br />

R 5,6<br />

O fio tem uma seção reta quadrada com um milímetro <strong>de</strong> lado.<br />

b) Temos um novo resistor com comprimento<br />

po<strong>de</strong>mos calcular a nova resistência:<br />

−8<br />

m.<br />

L<br />

L ' = e área A' = 2A<br />

. Portanto<br />

2<br />

Determine (a) a corrente no fio, (b) o módulo da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente e (c) a<br />

resistivida<strong>de</strong> do material do fio.<br />

E19.2) Um certo fio possui resistência R . Qual será a resistência <strong>de</strong> um outro fio<br />

<strong>de</strong> mesmo material com meta<strong>de</strong> do comprimento e meta<strong>de</strong> do diâmetro?<br />

E19.3) Uma diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> 4,50V é aplicada entre as extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um fio <strong>de</strong> 2,50 m <strong>de</strong> comprimento e raio 0,654 mm. A corrente resultante é 17,6 A.<br />

Qual é a resistivida<strong>de</strong> do fio?<br />

E19.4) Um aluno possui dois condutores <strong>de</strong> mesmo material e mesmo<br />

comprimento: o primeiro é um fio maciço <strong>de</strong> 1,0 mm <strong>de</strong> diâmetro e o segundo é<br />

um tubo oco com diâmetro externo <strong>de</strong> 2,0 mm e diâmetro interno <strong>de</strong> 1,0 mm. Qual<br />

é a razão entre as resistências dos condutores?<br />

E19.5) Qual é a carga que passa por uma seção reta <strong>de</strong> um fio cobre em 3,0 ms se<br />

uma diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> 3,0 nV é aplicada entre suas extremida<strong>de</strong>s. O fio<br />

possui 2 cm <strong>de</strong> comprimento e raio <strong>de</strong> 2,0 mm.<br />

'<br />

R<br />

'<br />

L<br />

= ρ<br />

'<br />

A<br />

L R<br />

= ρ = = 1,4Ω.<br />

4A<br />

4<br />

Portanto a nova resistência é quatro vezes menor que a original.<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR19.1) Três fios <strong>de</strong> mesmo diâmetro são ligados entre dois pontos mantidos a<br />

uma mesma diferença <strong>de</strong> potencial. As resistivida<strong>de</strong>s e comprimentos dos fios são<br />

ρ e L (fio A), 1,2 ρ e 1,2 L (fio B) e 0,9 ρ e L (fio C). Coloque os fios em or<strong>de</strong>m<br />

crescente <strong>de</strong> resistência.<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E19.1) Uma diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> 23,0 V é aplicada nas extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um<br />

fio <strong>de</strong> 4,0 m <strong>de</strong> comprimento e 6,0 mm <strong>de</strong> diâmetro e resistência <strong>de</strong> 15,0 Ω .<br />

298<br />

299


AULA 20 RESISTIVIDADE DOS MATERIAIS E POTÊNCIA<br />

ELÉTRICA<br />

OBJETIVOS<br />

• CONHECER E APLICAR A LEI DE OHM<br />

• APLICAR O CONCEITO DE POTÊNCIA ELÉTRICA<br />

20.1 RESISTIVIDADE E EFEITO DA TEMPERATURA<br />

Qualquer material submetido a uma tensão conduz alguma corrente, sendo,<br />

portanto, um condutor. Entretanto, observa-se que os valores <strong>de</strong> suas<br />

resistivida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m ser muito próximos, se compararmos dois metais, ou muito<br />

diferentes, se compararmos um metal com um objeto <strong>de</strong> vidro.<br />

Materiais como o vidro, a borracha, a ma<strong>de</strong>ira, diversos tipos <strong>de</strong> plásticos<br />

etc., que têm resistivida<strong>de</strong>s muito altas, são <strong>de</strong>nominados isolantes ou<br />

dielétricos. Materiais, como os metais, que apresentam valores muito pequenos<br />

<strong>de</strong> sua resistivida<strong>de</strong> são <strong>de</strong>nominados condutores.<br />

Existem materiais cujas resistivida<strong>de</strong>s apresentam valores<br />

intermediários e por isto são <strong>de</strong>nominados semicondutores. Há ainda materiais<br />

que, quando resfriados abaixo <strong>de</strong> temperaturas características,<br />

<strong>de</strong>nominadas temperaturas críticas, apresentam valores nulos <strong>de</strong><br />

resistivida<strong>de</strong>; eles são <strong>de</strong>nominados supercondutores. Neste último caso é<br />

possível a existência <strong>de</strong> correntes elétricas sem perda <strong>de</strong> energia elétrica e<br />

conseqüente geração <strong>de</strong> calor.<br />

ATIVIDADE 20.1<br />

Pesquise sobre aplicações tecnológicas dos semicondutores e dos supercondutores.<br />

A tabela 20.1 mostra valores <strong>de</strong> resistivida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diversos materiais à temperatura<br />

<strong>de</strong> referência<br />

0<br />

T0 = 20 C . Isto é importante, pois, em geral, os valores das<br />

resistivida<strong>de</strong>s mudam com a variação da temperatura. Po<strong>de</strong>mos representar esta<br />

<strong>de</strong>pendência, aproximadamente, através da equação<br />

300<br />

on<strong>de</strong> ρ<br />

0<br />

é a resistivida<strong>de</strong> a<br />

[ + ( T − )],<br />

ρ = ρ α<br />

(20.1)<br />

0<br />

1 T0<br />

20 0 C , T a temperatura e α é o coeficiente <strong>de</strong><br />

temperatura da resistivida<strong>de</strong>, cujos valores são também relacionados na tabela<br />

20.1.<br />

0<br />

Tabela 20.1: Resistivida<strong>de</strong>s e coeficientes <strong>de</strong> temperatura ( T0 = 20 C ) <strong>de</strong> alguns materiais<br />

Substância Resistivida<strong>de</strong> ( Ω m ) α ( o C -1 )<br />

CONDUTORES<br />

Metais<br />

Prata<br />

Cobre<br />

Ouro<br />

Alumínio<br />

Ferro<br />

Chumbo<br />

Mercúrio<br />

Ligas<br />

Aço<br />

Manganino<br />

Constantan<br />

Níquel-Cromo<br />

SEMICONDUTORES<br />

Carbono<br />

Germânio<br />

Silício<br />

Silício tipo n a<br />

Silício tipo p b<br />

DIELÉTRICOS<br />

Ma<strong>de</strong>ira<br />

Âmbar<br />

Vidro<br />

Mica<br />

Teflon<br />

Enxofre<br />

1,6 x 10 -8<br />

1,7 x 10 -8<br />

3,8 x 10 -3<br />

2,5 x 10 -8<br />

3,9 x 10 -3<br />

2,2 x 10 -8<br />

3,4 x 10 -3<br />

10 x 10 -8<br />

22 x 10 -8<br />

3,9 x 10 -3<br />

95 x 10 -8<br />

5,0 x 10 -3<br />

4,3 x 10 -3<br />

18 x 10 -8<br />

45 x 10 -8<br />

8,8 x 10 -4<br />

48 x 10 -8<br />

100 x 10 -8<br />

3,5 x 10 -5<br />

~ 10 -6<br />

0,45<br />

< 10 -5<br />

2,3 x 10 3<br />

4,0 x 10 -4<br />

8,7 x 10 -4<br />

2,8 x 10 -3<br />

– 5 x 10 -4<br />

10 8 a 10 11<br />

– 4,8 x 10 -2<br />

5 x 10 14<br />

10 10 a 10 14<br />

– 7,0 x 10 -2<br />

10 11 a 10 15<br />

> 10 13<br />

1,0 x 10 15<br />

a – silício dopado com 10 17 átomos <strong>de</strong> fósforo por mm 3 ; b – silício dopado com 10 17 átomos <strong>de</strong> alumínio<br />

por mm 3<br />

301


Vemos na tabela 20.1 que os metais puros são os melhores condutores e<br />

que suas resistivida<strong>de</strong>s são da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

20<br />

10 vezes menores que a resistivida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

alguns dielétricos. Os metais são também bons condutores <strong>de</strong> calor, pois os<br />

elétrons, responsáveis pela condução elétrica, têm também papel relevante na<br />

condução térmica.<br />

De forma geral po<strong>de</strong>-se afirmar que bons condutores <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> são<br />

bons condutores <strong>de</strong> calor. No entanto as diferenças entre as condutivida<strong>de</strong>s<br />

térmicas dos materiais são muito menores. Não há condutores <strong>de</strong> calor tão<br />

eficientes quanto o são os bons condutores elétricos, assim como não há isolantes<br />

térmicos com a eficiência dos isolantes elétricos. Isto permite que manipulemos<br />

fluxos <strong>de</strong> cargas elétricas com muito mais facilida<strong>de</strong> do que se po<strong>de</strong> fazer com a<br />

energia térmica.<br />

PR20.1) Como você espera que ocorra a variação da resistivida<strong>de</strong> com a<br />

temperatura <strong>de</strong> um bom isolante tal como vidro ou poliestireno?<br />

<strong>de</strong>slocamento diferencial e integrarmos do pólo negativo até o positivo<br />

encontraremos:<br />

1<br />

q<br />

+ r 1 + r 1<br />

FNC<br />

dl +<br />

− ∫ E • dl =<br />

−<br />

∫<br />

r r + r r<br />

• ∫ ∆F<br />

• dl<br />

q q<br />

−<br />

(20.3)<br />

A primeira integral é a força eletromotriz do gerador; a segunda é o<br />

negativo da diferença <strong>de</strong> potencial entre seus pólos positivo e negativo; e a<br />

terceira é a energia necessária, por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, para manter as<br />

cargas em movimento, e que aparece como energia térmica no próprio<br />

gerador.<br />

gerador,<br />

Esta energia por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga é igual à resistência interna do<br />

r , multiplicada pela corrente que o atravessa. Po<strong>de</strong>mos, então,<br />

reescrevendo esta última equação, mostrar a relação entre a diferença <strong>de</strong> potencial<br />

entre os terminais <strong>de</strong> um gerador e sua força eletromotriz, agora em um circuito<br />

fechado:<br />

20.2 POTÊNCIA EM CIRCUITOS ELÉTRICOS<br />

V+ −<br />

= ε − ri. (circuito fechado) (20.4)<br />

Quando não há qualquer circuito externo que possibilite a passagem <strong>de</strong><br />

corrente, a diferença <strong>de</strong> potencial entre os terminais <strong>de</strong> um gerador <strong>de</strong> força<br />

eletromotriz é igual à força eletromotriz <strong>de</strong>sse gerador.<br />

Quando ligamos seus terminais, externamente, com um condutor, elétrons<br />

<strong>de</strong>ixam o pólo negativo, indo para o pólo positivo e há uma ligeira diminuição na<br />

diferença <strong>de</strong> potencial entre os pólos, com uma conseqüente diminuição do campo<br />

no interior do gerador. Esta diminuição é necessária para manter uma corrente no<br />

circuito.<br />

Note que, quando o circuito estava aberto, a força elétrica sobre as cargas<br />

era igual e contrária à força não conservativa, que caracteriza a força eletromotriz<br />

do gerador, e isto mantinha as cargas com velocida<strong>de</strong> média nula. Devemos ter,<br />

portanto:<br />

on<strong>de</strong><br />

r<br />

F NC<br />

r r<br />

+ qE = ∆F ,<br />

(20.2)<br />

∆ F r<br />

é força necessária para manter a corrente no interior do gerador. Se<br />

multiplicarmos um produto escalar dos membros <strong>de</strong>ssa equação por um<br />

302<br />

Em geral, a resistência interna dos geradores, que i<strong>de</strong>almente seria nula, é<br />

pequena, comparada às resistências presentes no circuito externo. Em uma pilha<br />

comercial, que usamos em aparelhos elétricos, a fem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos materiais<br />

utilizados em sua produção, e é uma característica, imutável, <strong>de</strong>sse dispositivo. Sua<br />

resistência interna, no entanto, que inicialmente não é gran<strong>de</strong> e assim permanece<br />

por um bom tempo, tem um gran<strong>de</strong> aumento <strong>de</strong>vido a uma diminuição do número<br />

<strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> carga disponíveis, ao final <strong>de</strong> sua vida útil. Por isso, se medimos a<br />

diferença <strong>de</strong> potencial entre seus terminais encontramos uma tensão muito<br />

próxima do valor <strong>de</strong> sua fem. Quando a colocamos em um aparelho que requer<br />

uma corrente razoavelmente maior, a voltagem cai bastante <strong>de</strong>vido ao termo<br />

equação 20.4, e a pilha já não faz funcionar o aparelho.<br />

20.2.1 POTÊNCIA E EFEITO JOULE<br />

r i da<br />

Um gerador <strong>de</strong> força eletromotriz é usado para entregar energia elétrica a<br />

uma série <strong>de</strong> dispositivos que têm características e usos diversos. Em um resistor<br />

303


temos a transformação <strong>de</strong> energia elétrica em calor; em um motor temos a<br />

realização <strong>de</strong> trabalho; em capacitores po<strong>de</strong> se acumular energia nos campos<br />

elétricos gerados entre suas placas etc.<br />

Em qualquer circuito elétrico é importante a taxa com que um dispositivo<br />

entrega energia elétrica, ou a taxa com que o outro recebe esta energia. Imagine<br />

uma caixa que, externamente, tem dois contatos elétricos, mas que não nos<br />

permite saber o que há <strong>de</strong>ntro. Isto é uma “caixa preta” da qual só sabemos o que<br />

há <strong>de</strong>ntro quando ligamos nesses contatos dois eletrodos que fornecem uma<br />

diferença <strong>de</strong> potencial V e observa-se a passagem <strong>de</strong> uma corrente i .<br />

Quando uma pequena quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga convencional dq atravessa a<br />

caixa, indo do potencial mais alto para o mais baixo ela entrega para o dispositivo<br />

<strong>de</strong>ntro da caixa uma energia V dq . A taxa com que o dispositivo recebe energia, ou<br />

seja, a potência, P , recebida é esta quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia dividida pelo intervalo<br />

<strong>de</strong> tempo dt gasto pela carga para atravessar o elemento <strong>de</strong> circuito consi<strong>de</strong>rado.<br />

Po<strong>de</strong>mos, então, <strong>de</strong> acordo com a equação 20.1, escrever que, não importando que<br />

tipo <strong>de</strong> artefato esteja <strong>de</strong>ntro da caixa, a potência entregue é:<br />

P = Vi<br />

(20.5)<br />

Quando submetemos a uma diferença <strong>de</strong> potencial, não um dispositivo<br />

qualquer, mas um resistor, há produção <strong>de</strong> calor. Este efeito, que analisamos<br />

quando fizemos uma <strong>de</strong>dução clássica da lei <strong>de</strong> Ohm, é conhecido como efeito<br />

Joule.<br />

Usando a equação 19.1, po<strong>de</strong>mos eliminar a corrente na equação 20.5:<br />

ou po<strong>de</strong>mos eliminar a tensão e escrever:<br />

2<br />

V<br />

P = (20.6)<br />

R<br />

potência na forma <strong>de</strong> calor. Isto mostra que a resistência <strong>de</strong> um chuveiro elétrico,<br />

que dissipa uma potência <strong>de</strong> aproximadamente cinco quilowatts, é cinqüenta vezes<br />

menor que a <strong>de</strong> uma lâmpada <strong>de</strong> 100 watts.<br />

A equação 20.7 nos informa que se ligamos vários dispositivos em<br />

um circuito único, ou seja, em que todos os elementos são percorridos por uma<br />

mesma corrente, aquele que tiver maior resistência dissipará maior potência. No<br />

caso do chuveiro elétrico, queremos que haja geração apreciável <strong>de</strong> calor apenas<br />

na região por on<strong>de</strong> passa a água; por isso os fios que conduzem a corrente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

gerador até o chuveiro <strong>de</strong>vem ter resistência muito mais baixa que a do chuveiro.<br />

Isso é obtido usando fios condutores <strong>de</strong> cobre, que tem baixa resistivida<strong>de</strong>,<br />

razoavelmente grossos, e no chuveiro um resistor feito <strong>de</strong> alguma liga como níquelcromo,<br />

que tem alta resistivida<strong>de</strong> (<strong>de</strong>ntre os metais) e razoavelmente <strong>de</strong>lgado. O<br />

resistor do chuveiro não po<strong>de</strong> ser excessivamente fino, pois é necessário que ele<br />

dissipe a energia recebida, sem se fundir por excesso <strong>de</strong> temperatura; isso requer<br />

que o resistor tenha uma área mínima <strong>de</strong> contato com a água.<br />

EXEMPLO 20.1<br />

Qual a maior potência que um gerador, que tem resistência interna é r e cuja fem<br />

é ε , po<strong>de</strong> fornecer a um aquecedor cuja resistência é variável?<br />

SOLUÇÃO<br />

De acordo com as equações 20.1 e 20.10, ligando o gerador diretamente aos<br />

terminais do aquecedor <strong>de</strong> resistência R, temos que:<br />

ε − ri = Ri<br />

(20.8)<br />

o que nos permite encontrar a corrente que percorre o circuito:<br />

i =<br />

ε<br />

( R + r)<br />

(20.9)<br />

2<br />

P = Ri<br />

(20.7)<br />

A equação 20.13 po<strong>de</strong>, então, ser escrita como função das resistências:<br />

A equação 20.6 nos diz que se submetermos as extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> vários<br />

resistores a uma diferença <strong>de</strong> potencial fixa, aquele que tiver menor resistência, vai<br />

receber uma maior potência do gerador <strong>de</strong> fem e, obviamente, vai dissipar a maior<br />

304<br />

⎡<br />

P = R⎢<br />

⎣<br />

ε<br />

⎤<br />

2<br />

2<br />

ε R<br />

=<br />

R + r<br />

( ) ( ) . 2<br />

R + r<br />

⎥<br />

⎦<br />

(20.10)<br />

305


Igualando a zero a <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong>ssa expressão com relação a R encontramos:<br />

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

1<br />

2R<br />

− =<br />

2<br />

( R + r) ( R + r)<br />

0<br />

(20.11)<br />

ATIVIDADE 20.1 Não haverá resposta para essa ativida<strong>de</strong>.<br />

PENSE E RESPONDA<br />

o que nos fornece o valor <strong>de</strong> R para o qual a potência dissipada no aquecedor é<br />

máxima (sua <strong>de</strong>rivada segunda é negativa):<br />

PR20.2) Quando uma corrente elétrica passa através <strong>de</strong> um resistor, ela per<strong>de</strong><br />

energia, transformando a energia perdida em energia térmica do resistor. A<br />

corrente elétrica per<strong>de</strong> energia cinética, energia potencial ou uma combinação das<br />

duas?<br />

R = r<br />

(20.12)<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E a potência máxima é:<br />

P<br />

max<br />

2<br />

ε<br />

= (20.13)<br />

4r<br />

E20.1) Quando um resistor <strong>de</strong> valor <strong>de</strong>sconhecido é ligado aos terminais <strong>de</strong> uma<br />

bateria <strong>de</strong> 3,0 V, a potência dissipada é 0,540 W. Quando o mesmo resistor é<br />

ligado aos terminais <strong>de</strong> uma bateria <strong>de</strong> 1,50 V, qual é a potência dissipada?<br />

O gerador entrega sua potência máxima quando a resistência externa é igual à<br />

resistência interna. Neste caso o próprio gerador adquire uma energia térmica igual<br />

à que ele ce<strong>de</strong> ao aquecedor.<br />

Quando a resistência externa é muito pequena, ten<strong>de</strong>ndo a zero, a potência nela<br />

dissipada também ten<strong>de</strong> a zero. No entanto, como a corrente ten<strong>de</strong> para o valor<br />

ε / R , a potencia que surge no próprio gerador ten<strong>de</strong> para ε<br />

2 / R . Isto é o que<br />

<strong>de</strong>nominamos “curto-circuito”, causa <strong>de</strong> muitos incêndios aci<strong>de</strong>ntais. Sendo a<br />

resistência interna do gerador muito pequena, po<strong>de</strong> ser perigoso ligar seus<br />

terminais com um condutor <strong>de</strong> resistência quase nula.<br />

E20.2) Uma corrente uniformemente distribuída percorre um fio <strong>de</strong> cobre com<br />

seção reta <strong>de</strong><br />

2,0<br />

m<br />

−6<br />

2<br />

× 10 e comprimento <strong>de</strong> ,00 m<br />

4 . (a) Qual é o módulo do<br />

campo elétrico no interior do fio? (b) Qual é a energia elétrica transformada em<br />

energia térmica em 30 min.?<br />

E20.3) Uma diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> 15,0 V é aplicada aos terminais <strong>de</strong> um<br />

resistor , o que gera uma potência <strong>de</strong> 327 W. (a) Qual é a resistência? (b) Qual é a<br />

corrente que passa no resistor?<br />

E20.4) Consi<strong>de</strong>re um resistor <strong>de</strong> comprimento L , resistivida<strong>de</strong> uniforme ρ , área<br />

<strong>de</strong> seção reta A conduzindo uma corrente elétrica com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> uniforme J .<br />

Utilizando a equação 20.12, calcule a potência elétrica dissipada por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

volume. Expresse o resultado em termos <strong>de</strong> (a) J e E , (b) J e ρ e (c) ρ e E .<br />

E20.5) Um estudante manteve um rádio <strong>de</strong> 9,0 V, 7,0 W ligado no volume máximo<br />

durante 5 horas. Qual foi a carga que atravessou o rádio?<br />

E20.6) Um aquecedor <strong>de</strong> 500 W é ligado a uma diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> 120 V. (a)<br />

Qual é a resistência do elemento <strong>de</strong> aquecimento? (b) Qual é a corrente no<br />

elemento <strong>de</strong> aquecimento?<br />

306<br />

307


AULA 21: CONDUTORES, DIELÉTRICOS E SEMICONDUTORES<br />

OBJETIVOS<br />

• DIFERENCIAR OS VÁRIOS ASPECTOS MICROSCÓPICOS DA CONDUÇÃO ELÉTRICA<br />

• DISTINGUIR ENTRE CONDUTORES, DIELÉTRICOS E SEMICONDUTORES<br />

21.1 VISÃO MICROSCÓPICA DA CONDUÇÃO ELÉTRICA<br />

A teoria clássica da resistivida<strong>de</strong> nos fornece um resultado que está <strong>de</strong><br />

acordo com a lei <strong>de</strong> Ohm, já que, com essa teoria, a expressão encontrada para<br />

essa gran<strong>de</strong>za in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do campo elétrico no interior dos condutores. No entanto,<br />

é necessário fazermos algumas modificações na teoria clássica para encontrarmos<br />

valores da resistivida<strong>de</strong> mais condizentes com a realida<strong>de</strong>. A primeira <strong>de</strong>las está no<br />

valor da velocida<strong>de</strong> quadrática média dos elétrons. A teoria quântica prevê um<br />

valor para esta velocida<strong>de</strong> essencialmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da temperatura, cerca <strong>de</strong><br />

13 vezes maior que a calculada usando a teoria cinética dos gases à temperatura<br />

ambiente.<br />

Ela também prevê que, se a re<strong>de</strong> formada pelos átomos que constitui o<br />

material sólido for completamente periódica, não há espalhamento dos elétrons por<br />

colisões com os átomos e entre eles, e o valor do livre caminho médio dos elétrons<br />

livres ten<strong>de</strong> para o infinito. O espalhamento dos elétrons é resultado da existência<br />

<strong>de</strong> inomogeneida<strong>de</strong>s na re<strong>de</strong>, resultantes <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos e vibrações da própria re<strong>de</strong>,<br />

impurezas e tipos diferentes <strong>de</strong> átomos, como acontece nas ligas metálicas.<br />

Nos metais puros temos apenas um tipo <strong>de</strong> átomo, com a presença <strong>de</strong><br />

impurezas em pequenas quantida<strong>de</strong>s e com certo número <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos no<br />

empilhamento dos átomos. As inhomogeneida<strong>de</strong>s se <strong>de</strong>vem, principalmente, às<br />

vibrações térmicas da re<strong>de</strong>; por isso, quando cai a temperatura, a resistivida<strong>de</strong> dos<br />

metais puros cai bastante. O livre caminho médio diminui com o aumento da<br />

temperatura (que provoca um aumento na agitação dos íons da re<strong>de</strong>).<br />

resistivida<strong>de</strong> com a temperatura é muito menor que nos metais puros. Isto po<strong>de</strong><br />

ser visto nos valores dos coeficientes <strong>de</strong> temperatura apresentados na Tabela 19.1.<br />

As correções quânticas produzem, para os condutores, previsões bastante<br />

coerentes com os resultados experimentais, mas não indicam o porquê das<br />

diferenças <strong>de</strong> comportamento entre condutores, isolantes e semicondutores.<br />

Os elétrons em um átomo isolado po<strong>de</strong>m ter valores <strong>de</strong> energia muito bem<br />

<strong>de</strong>finidos, enquanto outros valores <strong>de</strong> energia são totalmente proibidos. Geralmente<br />

a separação entre os níveis <strong>de</strong> mais baixa energia é <strong>de</strong> alguns elétrons-volt. Todos<br />

os átomos isolados, <strong>de</strong> uma mesma espécie, têm os mesmos níveis <strong>de</strong> energia<br />

permitidos. Quando dois átomos são colocados próximos, seus níveis <strong>de</strong> energia<br />

são perturbados mutuamente e dão origem a um conjunto <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> energia<br />

comuns aos elétrons dos dois átomos.<br />

Se tomarmos, por exemplo, um nível <strong>de</strong> energia na camada 2p em cada<br />

átomo, teremos dois níveis correspon<strong>de</strong>ntes, com energias ligeiramente diferentes,<br />

no conjunto dos dois átomos. Se agregarmos um número muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> átomos,<br />

10 23 átomos por mol, cada um contribui com um nível <strong>de</strong> energia e forma-se uma<br />

banda <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> energia com espaçamento muito pequeno entre eles.<br />

Separada <strong>de</strong>ssa banda por uma diferença apreciável <strong>de</strong> energia encontraremos<br />

outra banda <strong>de</strong> energia, correspon<strong>de</strong>ndo a outro nível dos átomos individuais, a<br />

banda 3s, por exemplo. Assim sendo, em um sólido temos diversas bandas com<br />

muitos níveis com energias muito próximas, separadas razoavelmente <strong>de</strong> outras<br />

bandas que por sua vez tem muitos níveis muito próximos também.<br />

Os elétrons nos átomos, <strong>de</strong> acordo com o princípio <strong>de</strong> exclusão <strong>de</strong><br />

Pauli, não po<strong>de</strong>m ter o mesmo conjunto <strong>de</strong> números quânticos. Por isso os<br />

níveis <strong>de</strong> energia vão sendo ocupados pelos elétrons das energias mais<br />

baixas para as mais altas. Quando a camada 2p, por exemplo, é completada por<br />

seis elétrons, o próximo elétron terá <strong>de</strong> ocupar um nível da camada 3s. Nos sólidos<br />

temos bandas <strong>de</strong> energia em que todos os níveis disponíveis estão ocupados por<br />

elétrons, separadas <strong>de</strong> alguns elétrons-volt <strong>de</strong> outras bandas igualmente ocupadas,<br />

até que se chega às bandas ocupadas pelos elétrons <strong>de</strong> maior energia. A separação<br />

entre as bandas <strong>de</strong> maior energia é menor que entre as bandas <strong>de</strong> menor energia.<br />

Ainda assim elas po<strong>de</strong>m estar razoavelmente espaçadas. Mas as bandas po<strong>de</strong>m<br />

chegar até a se superpor, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong> átomos e dos tipos <strong>de</strong> ligações<br />

entre os átomos.<br />

No caso das ligas metálicas a resistivida<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ve tanto à agitação térmica<br />

quanto ao fato da re<strong>de</strong> ser constituída <strong>de</strong> átomos diferentes. Por isso a redução da<br />

308<br />

21.1.1 ESTRUTURA DE BANDAS<br />

309


No caso dos condutores a banda ocupada com maior energia tem níveis não<br />

ocupados por elétrons. Esta banda po<strong>de</strong> estar separada da próxima banda vazia por<br />

um intervalo <strong>de</strong> energias <strong>de</strong>nominado banda proibida ou po<strong>de</strong> se superpor a esta.<br />

Quando se aplica um campo, os elétrons po<strong>de</strong>m ganhar pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

energia <strong>de</strong>sse campo, mudando para níveis <strong>de</strong> energia ligeiramente maiores, na<br />

mesma banda, no caso representado na figura 21.1a, ou mesmo para níveis <strong>de</strong><br />

outra banda, no caso representado na figura 21.1c, <strong>de</strong> forma a adquirirem a<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arrasto responsável pela corrente elétrica no material.<br />

entre as bandas é muito menor que no caso dos dielétricos. Isto faz com que um<br />

número muito maior <strong>de</strong> elétrons possam ser promovidos termicamente para a<br />

banda <strong>de</strong> condução. O resultado é uma resistivida<strong>de</strong> muito menor que a dos<br />

dielétricos, mas bem maior que a dos condutores. O aumento <strong>de</strong> temperatura<br />

promove mais elétrons para a banda <strong>de</strong> condução sendo responsável por uma<br />

queda na resistivida<strong>de</strong>, ao contrário do que ocorre com os condutores, em que o<br />

aumento da temperatura aumenta a agitação da re<strong>de</strong> aumentando a resistivida<strong>de</strong><br />

do material.<br />

21.1.2 ADIÇÃO DE IMPUREZAS EM SEMICONDUTORES<br />

A resistivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> isolantes e semicondutores po<strong>de</strong> ser bastante alterada<br />

pela adição, por um processo <strong>de</strong>nominado dopagem, <strong>de</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

“impurezas”, cujos átomos têm um elétron a mais ou a menos que os da matriz.<br />

Isto modifica ligeiramente a estrutura <strong>de</strong> bandas do cristal original, alterando<br />

drasticamente o número <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> carga disponíveis.<br />

Figura 21.1: Estrutura <strong>de</strong> bandas: (a) condutor, (b) isolante, (c) condutor e (d)<br />

semicondutor.<br />

No caso dos isolantes, ou dielétricos, cuja estrutura <strong>de</strong> bandas está<br />

representada na figura 21.1b, todos os níveis da banda superior estão ocupados e<br />

há uma distância gran<strong>de</strong> para a próxima banda, que está virtualmente <strong>de</strong>socupada.<br />

Quando um campo elétrico é aplicado, os elétrons não têm níveis <strong>de</strong> energia<br />

próximos, disponíveis, para que possam ganhar energia do campo, e este não po<strong>de</strong><br />

dar energia suficiente para que os elétrons passem para outra banda. Este fato<br />

seria responsável por uma resistivida<strong>de</strong> infinita. No entanto, <strong>de</strong>vido à pequena<br />

energia térmica, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,02 eV, uns poucos elétrons no sólido po<strong>de</strong>m ser<br />

promovidos da chamada banda <strong>de</strong> valência (a última camada totalmente<br />

ocupada) para a banda <strong>de</strong> condução (a próxima camada <strong>de</strong>socupada). Isto faz<br />

com que, mesmo um isolante, tenha ainda alguns poucos portadores <strong>de</strong> carga que<br />

po<strong>de</strong>m absorver pequenas quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> energia, contribuindo para uma pequena<br />

condutivida<strong>de</strong>. Entretanto, enquanto nos metais po<strong>de</strong>mos ter um portador <strong>de</strong> carga<br />

por átomo, nos isolantes esse número é muitas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za menor.<br />

Se os átomos das impurezas têm um elétron a mais, os níveis que po<strong>de</strong>m<br />

ser ocupados por este ficam acima da banda <strong>de</strong> valência dos átomos da matriz e<br />

bastante próximos <strong>de</strong> sua banda <strong>de</strong> condução, po<strong>de</strong>ndo facilmente ser promovidos<br />

para esta. Isto po<strong>de</strong> ser visto esquematicamente na figura 21.2a. Essas impurezas<br />

são <strong>de</strong>nominadas doadoras, pois ce<strong>de</strong>m elétrons que vão participar da condução<br />

elétrica no cristal. Estes semicondutores são do tipo n, por serem os<br />

portadores <strong>de</strong> carga negativos.<br />

Por outro lado, se os átomos das impurezas têm um elétron a menos que os<br />

da matriz haverá níveis <strong>de</strong> energia vazios logo acima da banda <strong>de</strong> valência, como<br />

mostra a figura 21.2b. Estes átomos po<strong>de</strong>m receber elétrons <strong>de</strong> átomos da<br />

matriz, <strong>de</strong>ixando um “buraco” na banda <strong>de</strong> condução da matriz, que é a falta<br />

<strong>de</strong>sse elétron. Um elétron <strong>de</strong> outro átomo da matriz po<strong>de</strong> ocupar o lugar <strong>de</strong>sse<br />

buraco, que por sua vez se move para o átomo que ce<strong>de</strong>u o elétron. Dessa forma<br />

um buraco se <strong>de</strong>sloca como se fosse uma carga positiva caminhando no<br />

sentido do campo aplicado. Estes semicondutores são, portanto, do tipo p.<br />

Nos semicondutores, cuja estrutura <strong>de</strong> bandas está mostrada na figura<br />

21.1d, a banda <strong>de</strong> valência está cheia, como nos isolantes, entretanto, a separação<br />

310<br />

311


U6.4) Um fio <strong>de</strong> 4,00 m <strong>de</strong> comprimento e 6,00 mm <strong>de</strong> diâmetro tem uma<br />

resistência <strong>de</strong> 15,0 m Ω . Uma diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> 23,0 V é aplicada às<br />

extremida<strong>de</strong>s do fio. (a) Qual é a corrente no fio? (b) Qual é o módulo da<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente? (c) Calcule a resistivida<strong>de</strong> do material do fio.<br />

Figura 21.2: Estrutura <strong>de</strong> banda <strong>de</strong> semicondutores: (a) tipo n e (b) tipo p.<br />

U6.5) Um fio com uma resistência <strong>de</strong> 8,0 Ω é esticado até que seu comprimento<br />

fique três vezes maior do que o comprimento original. Determine a resistência do<br />

fio após a operação. Suponha que a resistivida<strong>de</strong> e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do material<br />

permaneçam constantes.<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR21.1) Discuta em termos da estrutura da banda <strong>de</strong> energia eletrônica, as razões<br />

para a diferença na condutivida<strong>de</strong> elétrica entre os metais, os semicondutores e os<br />

isolantes.<br />

PR21.2) Explique sucintamente a diferença entre semicondutores do tipo p e do<br />

tipo n.<br />

PR21.3) Do ponto <strong>de</strong> vista microscópico, como po<strong>de</strong>mos explicar o fato <strong>de</strong> alguns<br />

sólidos serem condutores e outros não?<br />

PROBLEMAS DA UNIDADE<br />

U6.6) Uma mola comprimida é formada por 75 espiras com diâmetro igual a 3,50<br />

cm, e é feita <strong>de</strong> um fio metálico isolante com 3,25 mm <strong>de</strong> diâmetro. Um ohmímetro<br />

conectado através <strong>de</strong> suas extremida<strong>de</strong>s opostas registra 1,74 Ω . Qual é a<br />

resistivida<strong>de</strong> do metal?<br />

U6.7) Um receptor <strong>de</strong> GPS opera com uma bateria <strong>de</strong> 9,0 V e consome uma<br />

corrente elétrica <strong>de</strong> 0,13 A. Qual é a energia elétrica que ele consome durante uma<br />

hora e meia?<br />

U6.8) A potência <strong>de</strong> um resistor <strong>de</strong> carbono <strong>de</strong> 10000 Ω, usado em circuitos<br />

eletrônicos, é <strong>de</strong> 25,0 W. (a) Qual a corrente máxima que o resistor suporta? (b)<br />

Qual a voltagem máxima que po<strong>de</strong> ser aplicada ao resistor?<br />

U6.1) Uma correia <strong>de</strong> 50 cm <strong>de</strong> largura está se movendo com uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

30,0 m/s entre uma fonte <strong>de</strong> carga e uma esfera. A correia transporta as cargas<br />

para a esfera a uma taxa correspon<strong>de</strong>nte a 100,0<br />

µ A.<br />

Determine a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

U6.9) Uma lâmpada <strong>de</strong> 25,0 Ω está conectada aos terminais <strong>de</strong> uma bateria <strong>de</strong><br />

12,0 V com 3,5 Ω <strong>de</strong> resistência interna. Qual é a porcentagem da potência da<br />

bateria que é dissipada através da resistência interna?<br />

superficial <strong>de</strong> cargas na correia.<br />

U6.2) Uma corrente elétrica passa através <strong>de</strong> uma solução <strong>de</strong> cloreto <strong>de</strong> sódio. Em<br />

1,0 s,<br />

16<br />

2 ,68× 10 íons Na + chegam ao eletrodo negativo e<br />

16<br />

3 ,92× 10 íons <strong>de</strong> Cl -<br />

chegam ao eletrodo positivo. (a) Qual é a corrente elétrica que passa entre os<br />

eletrodos? (b) Qual é o sentido da corrente?<br />

U6.3) Em instalações elétricas resi<strong>de</strong>nciais se usa fios <strong>de</strong> cobre com diâmetro <strong>de</strong><br />

2,05 mm. Calcule a resistência <strong>de</strong> um fio <strong>de</strong> cobre com comprimento igual a 24,0<br />

m.<br />

312<br />

313


UNIDADE 7<br />

CIRCUITOS DE CORRENTE CONTÍNUA<br />

O uso <strong>de</strong> circuitos elétricos teve um impacto imenso sobre o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das socieda<strong>de</strong>s humanas. Suas aplicações são muito variadas,<br />

como na iluminação pública, em sistemas para aquecimento, nas gran<strong>de</strong>s indústrias<br />

ou em nossas moradias. Não se po<strong>de</strong> conceber a maioria dos avanços tecnológicos<br />

do século XX sem a existência <strong>de</strong> tais circuitos.<br />

Na unida<strong>de</strong> anterior foram introduzidos os conceitos básicos necessários à<br />

<strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> circuitos elétricos <strong>de</strong> corrente contínua. Nesses circuitos as correntes<br />

fluem sempre no mesmo sentido, pois são alimentados por fontes <strong>de</strong> força<br />

eletromotriz cuja polarida<strong>de</strong> se mantém ao longo do tempo. Mais adiante<br />

estudaremos os circuitos <strong>de</strong> corrente alternada, em que as cargas, em vez <strong>de</strong> se<br />

moverem sempre em um mesmo sentido, executam movimentos oscilatórios, com<br />

os sentidos das correntes se invertendo <strong>de</strong> forma periódica.<br />

Nesta unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>screveremos vários circuitos <strong>de</strong> corrente contínua e as<br />

forma <strong>de</strong> resolvê-los, ou seja, como encontrar todas as diferenças <strong>de</strong> potenciais, ou<br />

tensões, a que cada um <strong>de</strong> seus elementos está submetido bem como a corrente<br />

que percorre cada um <strong>de</strong>les.<br />

Ao mesmo tempo em que foram elaboradas as teorias que <strong>de</strong>screvem estes<br />

fenômenos, também foram sendo <strong>de</strong>senvolvidos aparelhos para a sua mensuração;<br />

os quais serão <strong>de</strong>scritos no final <strong>de</strong>sta unida<strong>de</strong>.<br />

314<br />

315


AULA 22: LEIS DE KIRCHHOFF<br />

OBJETIVOS<br />

• APLICAR A LEI DAS MALHAS<br />

• APLICAR A LEI DOS NÓS<br />

eletromotriz. O resistor é representado por um trecho na forma <strong>de</strong> um <strong>de</strong>nte <strong>de</strong><br />

serra e é indicado pela letra R . O sentido da corrente convencional, i , que se<br />

estabelece no circuito está indicado na figura 22.1a pelas setas. O sentido é o<br />

mesmo nas figuras 22.1b e 22.1c.<br />

R 1<br />

22.1 LEI DAS MALHAS<br />

E<br />

P<br />

i<br />

i<br />

i<br />

R<br />

E R 2<br />

P<br />

R 3<br />

E<br />

r<br />

R<br />

Um circuito elétrico é um sistema constituído por um ou vários condutores<br />

ligados aos polos <strong>de</strong> um gerador <strong>de</strong> força eletromotriz, <strong>de</strong> modo que uma corrente<br />

elétrica possa fluir através <strong>de</strong>ste e dos elementos condutores.<br />

Como vimos em aulas anteriores, quando uma carga elétrica positiva passa<br />

pelo interior <strong>de</strong> um gerador <strong>de</strong> fem, indo do polo negativo para o positivo, o seu<br />

potencial elétrico é elevado (ou, equivalementemente a diferença <strong>de</strong> potencial entre<br />

os polos <strong>de</strong>sse gerador aumenta). Definimos um gerador i<strong>de</strong>al como sendo aquele<br />

em que o valor da diferença <strong>de</strong> potencial entre seus polos é igual à fem do gerador,<br />

mesmo quando este é percorrido por uma corrente. Isto equivale a dizer que em<br />

um gerador i<strong>de</strong>al a resistência interna é nula.<br />

Externamente ao gerador, as cargas que saem do polo positivo (on<strong>de</strong> o<br />

potencial é mais alto) passam pelos diversos dispositivos que por ventura estejam<br />

no circuito e vão para o polo negativo (on<strong>de</strong> o potencial é mais baixo). Portanto, ao<br />

atravessar o circuito externo ao gerador, a corrente que se estabelece é tal que as<br />

cargas convencionais se dirigem do potencial mais alto para o potencial mais baixo.<br />

Na figura 22.1 apresentamos alguns circuitos, muito simples, <strong>de</strong> corrente<br />

contínua. Em cada um <strong>de</strong>les há apenas uma malha, isto é, há apenas um percurso<br />

fechado on<strong>de</strong> po<strong>de</strong> haver fluxo <strong>de</strong> cargas.<br />

Na figura 22.1a temos um gerador <strong>de</strong> fem i<strong>de</strong>al ao qual é ligado um resistor,<br />

com o auxílio <strong>de</strong> fios cujas resistências supomos serem <strong>de</strong>sprezíveis (ou i<strong>de</strong>almente<br />

nulas). Os fios <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong>sprezível são representados por segmentos <strong>de</strong> reta.<br />

O gerador é representado por dois traços, paralelos entre si e<br />

perpendiculares aos fios que estão ligados aos seus polos, sendo que o<br />

traço menor representa o polo negativo e o traço maior o polo positivo. Ao<br />

lado <strong>de</strong>ste escrevemos a letra ε , comumente usada para representar força<br />

(a) (b) (c)<br />

Figura 22.1: Alguns circuitos <strong>de</strong> uma malha: (a) Resistor <strong>de</strong> resistência R ligado a um<br />

gerador i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> fem ε . O sentido da corrente convencional, i , está indicado pelas setas.<br />

Nas <strong>de</strong>mais figuras o sentido da corrente é o mesmo e não foi indicado; (b) Resistores R<br />

1 ,<br />

R<br />

2 e R<br />

3 ligados em série a um gerador <strong>de</strong> fem ε . (c) Um gerador não i<strong>de</strong>al apresenta uma<br />

resistência interna, r , que po<strong>de</strong> ser representada como um resistor ligado em série ao<br />

gerador.<br />

Para encontrarmos o valor da corrente que percorre o circuito utilizamos a<br />

primeira regra <strong>de</strong> Kirchhoff, também <strong>de</strong>nominada lei das malhas que diz:<br />

quando percorremos um circuito elétrico, a partir <strong>de</strong> um ponto qualquer,<br />

somando todas as variações <strong>de</strong> potencial ao longo do percurso e voltamos<br />

ao ponto inicial, encontramos um resultado nulo.<br />

Isto se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> que, se percorremos qualquer circuito elétrico saindo<br />

<strong>de</strong> um ponto com potencial elétrico <strong>de</strong>finido e voltamos ao mesmo ponto, <strong>de</strong>vemos<br />

encontrar o mesmo potencial, ou a noção <strong>de</strong> potencial não teria qualquer utilida<strong>de</strong>.<br />

Para computarmos tais variações <strong>de</strong> potencial estabelecemos que, ao<br />

percorrermos o circuito, se atravessamos um gerador <strong>de</strong> fem do polo negativo para<br />

o positivo há um aumento <strong>de</strong> potencial igual ao valor da fem (em um gerador i<strong>de</strong>al)<br />

e quando percorremos um resistor no mesmo sentido da corrente convencional há<br />

uma queda <strong>de</strong> potencial (uma variação negativa) cujo valor absoluto é o produto da<br />

resistência <strong>de</strong>sse resistor pela intensida<strong>de</strong> da corrente que o percorre.<br />

Evi<strong>de</strong>ntemente, se percorremos cada um <strong>de</strong>sses elementos em sentido contrário,<br />

as variações <strong>de</strong> potencial terão seus sinais invertidos.<br />

316<br />

317


Na figura 22.1a, saindo do ponto indicado pela letra P, percorrendo o circuito<br />

no sentido horário e voltando ao mesmo ponto encontramos:<br />

computada ao percorrer o gerador do polo negativo para o positivo é dada pela<br />

equação 20.10. Portanto, aplicando a lei das malhas a esse circuito temos:<br />

ε − Ri<br />

= 0,<br />

o que nos fornece imediatamente o valor da corrente:<br />

ε<br />

i = ,<br />

(22.1)<br />

R<br />

um resultado que já havíamos encontrado em aulas anteriores.<br />

ε − ri − Ri<br />

= 0,<br />

ou ainda, i = ε .<br />

R + r<br />

(22.4)<br />

Esta expressão indica que um gerador real se comporta como um gerador<br />

i<strong>de</strong>al em série com um resistor, <strong>de</strong> resistência r . Esta resistência interna se soma à<br />

resistência externa equivalente. Este fato está representado na figura 22.1c.<br />

22.1.1 ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM SÉRIE<br />

22.2 LEI DOS NÓS<br />

Na figura 22.1b temos uma ligação em série <strong>de</strong> três resistores no circuito,<br />

ou seja, os resistores estão ligados <strong>de</strong> forma que todos são percorridos pela mesma<br />

corrente. Aplicando a lei das malhas, a partir do ponto P, indicado na figura, temos<br />

a equação:<br />

ε − R i<br />

1<br />

− R2i<br />

− R3i<br />

=<br />

que nos permite encontrar o valor da corrente:<br />

i =<br />

R<br />

ε<br />

1<br />

+ R2<br />

+ R3<br />

0,<br />

. (22.2)<br />

Po<strong>de</strong>mos tomar vários resistores e ligá-los a um gerador <strong>de</strong> fem <strong>de</strong> tal forma<br />

que a mesma diferença <strong>de</strong> potencial seja aplicada às extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada resistor.<br />

Isto está representado na figura 22.2.<br />

Os pontos P 1 e P 2 indicados nessa figura são <strong>de</strong>nominados nós e são pontos<br />

on<strong>de</strong> há mais <strong>de</strong> um caminho para a passagem <strong>de</strong> cargas. A lei dos nós ou<br />

segunda regra <strong>de</strong> Kirchhoff nos diz que, como há conservação da carga, a soma<br />

das correntes que chegam a um nó tem que ser igual à soma das correntes<br />

que saem <strong>de</strong>sse nó.<br />

Este resultado po<strong>de</strong> ser generalizado consi<strong>de</strong>rando um circuito <strong>de</strong> uma<br />

malha com N resistores ligados em série. Todos são percorridos pela mesma<br />

corrente e po<strong>de</strong>m ser substituídos por um único resistor equivalente,<br />

R<br />

S<br />

, cuja<br />

resistência é igual à soma das resistências dos N resistores. Ou seja,<br />

N<br />

∑<br />

R S<br />

= R j<br />

. (resistores ligados em série) (22.3)<br />

j = 1<br />

A resistência equivalente <strong>de</strong> uma associação em série <strong>de</strong> resistores é sempre<br />

maior que a resistência <strong>de</strong> cada um dos resistores presentes na associação.<br />

Quando ligamos um resistor a um gerador <strong>de</strong> fem real, ou seja, um gerador<br />

que possui uma resistência interna não <strong>de</strong>sprezível a variação <strong>de</strong> potencial a ser<br />

Figura 22.2: Resistores ligados em paralelo, sujeitos à mesma tensão ε , fornecida pela fonte i<strong>de</strong>al. A<br />

corrente, i , que passa pela fonte se divi<strong>de</strong>, no ponto<br />

P<br />

1<br />

, nas correntes<br />

i<br />

1<br />

, 2<br />

i e i<br />

3 , que passam<br />

respectivamente pelos resistores R<br />

1 , R<br />

2 e R<br />

3 . No ponto P 2 as três correntes se juntam novamente<br />

formando novamente a corrente i , que é a soma das outras três.<br />

318<br />

319


A corrente, i , que passa pelo gerador <strong>de</strong> fem se divi<strong>de</strong> no ponto P<br />

1 , que<br />

constitui um nó, em três correntes, i 1 , i 2 e i 3<br />

, que percorrem respectivamente os<br />

resistores R<br />

1 , R<br />

2 e R<br />

3<br />

. De acordo com a lei dos nós, aplicada ao ponto P<br />

1 , temos:<br />

EXEMPLO 22.1<br />

Temos três resistores idênticos, cada um com resistência elétrica igual a 60,0 Ω .<br />

De que maneiras os três po<strong>de</strong>m ser interligados e que valores das resistências<br />

equivalentes po<strong>de</strong>m ser obtidos?<br />

i = i +<br />

(22.5)<br />

.<br />

1<br />

+ i2<br />

i3 A aplicação da mesma lei ao ponto P<br />

2 não nos fornece nada <strong>de</strong> novo, pois<br />

SOLUÇÃO: Na figura 22.1b temos representada a associação em série <strong>de</strong> três<br />

resistores e, como vimos, a resistência equivalente é igual à soma das resistências<br />

dos três resistores:<br />

encontramos novamente esta última equação.<br />

22.1.2 – ASSOCIAÇÃO DE RESISTORES EM PARALELO<br />

R S<br />

= R1 + R2<br />

+ R3<br />

= 60,0 Ω + 60,0 Ω + 60,0 Ω = 180,0 Ω.<br />

Como cada resistor está submetido à mesma tensão, ε , as correntes nos<br />

resistores são dadas, respectivamente, pelas expressões:<br />

Na figura 22.2 está representada a ligação em paralelo <strong>de</strong> três resistores, cuja<br />

resistência equivalente, <strong>de</strong> acordo com a equação 22.11, é:<br />

ε<br />

i1<br />

= ,<br />

R<br />

1<br />

ε<br />

ε<br />

i2<br />

= e i3<br />

= .<br />

R<br />

R<br />

2<br />

3<br />

1<br />

R<br />

P<br />

1 1 1 1<br />

+ + =<br />

60,0 Ω 60,0 Ω 60,0 Ω 20,0 Ω<br />

⇒<br />

=<br />

P<br />

R<br />

= 20,0 Ω.<br />

Somando estas correntes, encontramos a corrente que passa pelo gerador:<br />

ε ε ε<br />

i = + + =<br />

R<br />

ε<br />

1<br />

R2<br />

R3<br />

R1<br />

+ R2<br />

+ R3<br />

.<br />

(22.6)<br />

A figura 22.3 mostra as outras duas configurações possíveis. Na primeira <strong>de</strong>las,<br />

figura 22.3a, temos um resistor associado em série aos dois outros que se<br />

encontram, entre si, associados em paralelo.<br />

Este resultado nos indica que em uma ligação <strong>de</strong>ste tipo, <strong>de</strong>nominada<br />

ligação em paralelo <strong>de</strong> N resistores, po<strong>de</strong>mos substituí-los por um único resistor<br />

equivalente, cuja resistência,<br />

R<br />

P , é dada pela expressão<br />

N<br />

1 1<br />

= ∑ .<br />

R P<br />

R<br />

j = 1<br />

j<br />

(resistores ligados em paralelo) (22.7)<br />

A resistência equivalente <strong>de</strong> uma associação <strong>de</strong> resistores em<br />

paralelo é sempre menor que a resistência <strong>de</strong> qualquer um dos resistores presentes<br />

na associação.<br />

Figura 22.3: (a) Resistor ligado em série a um conjunto <strong>de</strong> dois resistores ligados em paralelo e (b)<br />

Resistor ligado em paralelo a um conjunto <strong>de</strong> dois resistores ligados em série.<br />

320<br />

321


Encontramos a resistência equivalente ao conjunto, que <strong>de</strong>nominamos<br />

dois passos:<br />

R<br />

SP<br />

, em<br />

R S<br />

= R + R = 60,0 Ω + 60,0 Ω = 120,0 ..<br />

2 2 3<br />

Ω<br />

1) Primeiramente calculamos a resistência equivalente dos resistores ligados<br />

em paralelo, R<br />

P2<br />

. Em seguida encontramos resistência equivalente da<br />

ligação em série do primeiro resistor com um resistor com essa resistência<br />

calculada. Este segundo passo está representado na figura 22.4a.<br />

4) Em seguida a resistência equivalente a todo o conjunto é calculada<br />

associando o primeiro resistor em paralelo com um resistor <strong>de</strong> resistência<br />

R<br />

S 2 , como mostrado na figura 22.4b.<br />

R 1<br />

R P2<br />

R 1<br />

1<br />

R<br />

PS<br />

1 1 1 1<br />

+ = + ⇒<br />

R R 60,0 Ω 120,0 Ω<br />

= RPS<br />

1<br />

S 2<br />

= 40,0 Ω.<br />

R S2<br />

(a)<br />

E<br />

(b)<br />

E<br />

Encontramos, portanto, quatro valores para as resistências equivalentes das quatro<br />

possíveis associações <strong>de</strong>sses três resistores idênticos: 180,0 Ω , 20,0 Ω , 90,0 Ω e<br />

40,0 Ω .<br />

Figura 22.4: (a) Resistor ligado em série com um resistor equivalente a um conjunto <strong>de</strong> dois<br />

resistores ligados em paralelo e (b) Resistor ligado em paralelo a um resistor equivalente a um<br />

conjunto <strong>de</strong> dois resistores ligados em série.<br />

ATIVIDADE 22.1<br />

Como no exemplo 22.1, temos três resistores que <strong>de</strong>vem ser associados, mas dois<br />

2) Utilizando a equação 22.11 encontramos a resistência equivalente aos dois<br />

resistores em paralelo:<br />

<strong>de</strong>les têm resistência <strong>de</strong> 50,0 Ω e um <strong>de</strong>les tem resistência <strong>de</strong> 80,0 Ω . Quais os<br />

valores das resistências equivalentes possíveis?<br />

R R<br />

2 3<br />

R P 2<br />

=<br />

R2<br />

+ R3<br />

Com os valores das resistências, obtemos: R<br />

P2 = 30,0 Ω.<br />

.<br />

A resistência final é então:<br />

Ou, numericamente: R = 90,0<br />

Ω.<br />

SP<br />

R<br />

SP<br />

= R + R<br />

1<br />

P2<br />

R1R2<br />

+ R1<br />

R3<br />

+ R2R3<br />

=<br />

R + R<br />

Na figura 22.3b temos a última configuração possível, na qual um resistor é ligado<br />

em paralelo a um conjunto com dois resistores associados em série. Novamente<br />

fazemos o cálculo em dois passos:<br />

3) Calculamos a resistência equivalente <strong>de</strong>sses dois resistores ligados em série,<br />

R<br />

S 2<br />

.<br />

2<br />

3<br />

EXEMPLO 22.2<br />

Sendo o valor da fem, ε = 12,0 V, encontre os valores das correntes que<br />

percorrem a fonte e cada um dos resistores, em cada uma das associações<br />

possíveis do exemplo 22.1.<br />

SOLUÇÃO: No exemplo mencionado, cada uma das associações possíveis foi<br />

reduzida ao caso <strong>de</strong> um único resistor equivalente ligado a uma fonte. Portanto,<br />

em cada caso a corrente que percorre a fonte tem seu valor dado pelo valor da<br />

fem dividido pela resistência equivalente.<br />

Na figura 22.1b, on<strong>de</strong> temos representada a associação em série temos apenas<br />

uma corrente, i f<br />

, que percorre a fonte e os resistores. Seu valor é:<br />

322<br />

323


i<br />

ε 12,0<br />

V<br />

−2<br />

= = = 6,67 × 10 A<br />

R 180,0 Ω<br />

f<br />

=<br />

s<br />

66,7 mA.<br />

(22.18)<br />

Na figura 22.2, on<strong>de</strong> temos a ligação em paralelo, a corrente que percorre a fonte,<br />

O outro resistor é percorrido pela corrente i R , que é:<br />

12<br />

i R<br />

= = 0,2A<br />

= 200mA.<br />

R 60<br />

= ε ATIVIDADE 22.2<br />

i<br />

f<br />

, se divi<strong>de</strong> em três correntes idênticas, i R , <strong>de</strong>vido ao fato das três resistências<br />

serem as mesmas. Temos então:<br />

V<br />

i = ε 12,0<br />

= = 0, A<br />

f<br />

R<br />

6<br />

P<br />

20,0 Ω<br />

12,0 V i<br />

f<br />

i<br />

0,2 A<br />

R 60,0 3<br />

.<br />

R<br />

= ε = = =<br />

Ω<br />

Sendo o valor da fem, ε = 12,0 V, encontre os valores das correntes que percorrem<br />

a fonte e cada um dos resistores, para cada uma das associações possíveis da<br />

ativida<strong>de</strong> 22.1.<br />

Na figura 22.3a, a resistência equivalente é<br />

passa pela fonte é:<br />

ε 12,0<br />

V<br />

−2<br />

i<br />

f<br />

= = = 1,3 × 10 A = 13 mA<br />

R 90,0 Ω<br />

SP<br />

R<br />

SP<br />

= 90Ω<br />

, portanto a corrente que<br />

Esta mesma corrente atravessa o primeiro resistor e se divi<strong>de</strong> em duas outras, i<br />

P2<br />

,<br />

idênticas, que passam pelos resistores que estão ligados em paralelo. Ou seja:<br />

−2<br />

i<br />

f 1,3 × 10<br />

−2<br />

iP2 = = = 6,7 × 10 A = 67 mA<br />

2 2<br />

Na figura 22.3b a resistência equivalente é<br />

R = 40Ω<br />

e a corrente que passa pela<br />

PS<br />

fonte é:<br />

i<br />

= ε<br />

R<br />

12,0 V<br />

=<br />

40,0 Ω<br />

f<br />

=<br />

PS<br />

0,3 A.<br />

Esta corrente se divi<strong>de</strong> em duas. Cada um dos dois resistores em série, cujo<br />

conjunto tem a resistência equivalente<br />

dada por:<br />

R<br />

S 2<br />

= 120Ω<br />

é percorrido pela corrente i<br />

S 2<br />

,<br />

i<br />

12,0 V<br />

=<br />

120,0 Ω<br />

R<br />

1<br />

S 2<br />

= 0,<br />

S 2<br />

A<br />

= ε 325<br />

324


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

1<br />

R P 2b<br />

1 1 13<br />

= + = =<br />

80 Ω 50 Ω 400 Ω<br />

1<br />

30,8<br />

Ω<br />

ATIVIDADE 22.1<br />

As associações possíveis com três resistores diferentes são as mesmas das<br />

figuras 22.1b, 22.2, 22.3a e 22.3b. Contudo, <strong>de</strong>vido ao fato dos resistores serem<br />

diferentes temos <strong>de</strong> ficar atentos à posição <strong>de</strong> cada um. Vamos lá:<br />

A) Nas associações das figuras 22.1b e 22.2 temos apenas uma possibilida<strong>de</strong> em<br />

cada uma <strong>de</strong>las. A associação em série nos dá o mesmo resultado que o do<br />

exemplo 22.1:<br />

R<br />

S<br />

B) A associação em paralelo nos dá:<br />

ou: R = 19 Ω .<br />

S<br />

= 50 Ω + 50 Ω + 80 Ω = 180 Ω<br />

1 1 1 1 21 1<br />

= + + = =<br />

50 Ω 50 Ω 80 Ω 400 Ω 19 Ω<br />

R S<br />

Estes dois resultados in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da or<strong>de</strong>m em que são colocados os<br />

diferentes resistores.<br />

ou:<br />

R<br />

P2b<br />

= 30, 8 Ω<br />

A resistência equivalente total é:<br />

R = 50 + 30,8 = 80, 8 Ω .<br />

SPb<br />

Estes dois últimos resultados po<strong>de</strong>m ser encontrados usando diretamente a<br />

equação 22.15.<br />

D) No caso da figura 22.3b temos também duas situações possíveis<br />

D1) O resistor <strong>de</strong> 80 Ω , quando ligado em paralelo ao conjunto dos dois<br />

resistores <strong>de</strong> 50 Ω ligados em série nos dá:<br />

R<br />

S 2a<br />

A resistência total é:<br />

1<br />

R PSa<br />

= 50 Ω + 50 Ω = 100 Ω<br />

1 1<br />

= + =<br />

80 Ω 100 Ω<br />

De on<strong>de</strong> obtemos R = 44, 4 Ω .<br />

PSa<br />

18<br />

800<br />

=<br />

1<br />

44,4<br />

Ω<br />

C) No caso da figura 22.3a, po<strong>de</strong>mos ter duas situações diferentes:<br />

C1) Na primeira situação o resistor <strong>de</strong> 80 Ω é o primeiro resistor, em série<br />

com o conjunto dos dois resistores <strong>de</strong> 50 Ω associados em paralelo.<br />

Temos então, como no exemplo 22.1,<br />

ou:<br />

1<br />

R P2a<br />

1 1 1<br />

= + =<br />

50 Ω 50 Ω 25 Ω<br />

R<br />

P2a<br />

= 25 Ω<br />

A resistência equivalente total será:<br />

R = 80 + 25 = 105 Ω .<br />

SPa<br />

C2) Na segunda situação o resistor <strong>de</strong> 80 Ω é ligado em paralelo com um dos<br />

resistores <strong>de</strong> 50 Ω e esse conjunto é ligado em série ao outro resistor <strong>de</strong><br />

o resistor <strong>de</strong> 50 Ω . Assim temos:<br />

D2) E quando o resistor <strong>de</strong> 80 Ω é ligado em série com um dos <strong>de</strong> 50 Ω temos<br />

a última situação:<br />

R<br />

S 2b<br />

e a resistência total é:<br />

1<br />

R PSb<br />

ou R = 36, 1 Ω .<br />

PSb<br />

= 80 Ω + 50 Ω = 130 Ω<br />

1 1 18<br />

= + =<br />

50 Ω 130 Ω 650 Ω<br />

Estes dois resultados po<strong>de</strong>m ser encontrados usando a equação 22.17.<br />

Em resumo, os valores encontrados, com todas as seis configurações possíveis<br />

foram 180 Ω , 19 Ω , 105 Ω , 80,8 Ω , 44,4 Ω e 36,1 Ω .<br />

326<br />

327


ATIVIDADE 22.2<br />

Consi<strong>de</strong>ramos, primeiramente a associação em série dos três resistores.<br />

A) Neste caso, os três resistores e a fonte são percorridos pela mesma corrente,<br />

que é dada pela razão entre a força eletromotriz e a resistência equivalente no<br />

circuito:<br />

ε V<br />

i<br />

12 −<br />

= = = 6,67 × 10<br />

2 66,<br />

R 180 Ω<br />

≅<br />

S<br />

7<br />

S<br />

mA .<br />

B) Com os três resistores em paralelo, a corrente que passa pela fem é:<br />

ε ⎛ 1 1 1 ⎞ 12 V<br />

−1<br />

iP = = 12 V ×<br />

= = 6,3×<br />

10 A ≅ 630 mA<br />

R<br />

⎜ + +<br />

P<br />

50 50 80<br />

⎟<br />

.<br />

⎝ Ω Ω Ω ⎠ 19 Ω<br />

Cada resistor é percorrido por uma corrente igual ao valor da fem dividido<br />

por sua própria resistência.<br />

Isso significa que cada resistor <strong>de</strong> cinqüenta ohms é percorrido por uma<br />

corrente:<br />

V<br />

i 12 −<br />

P<br />

2,4 10<br />

1<br />

50<br />

= = × A ≅ 240 mA ,<br />

50 Ω<br />

enquanto o resistor <strong>de</strong> oitenta ohms é percorrido pela corrente:<br />

V<br />

i 12 −<br />

P<br />

1,5 10<br />

1<br />

80<br />

= = × A ≅ 150 mA .<br />

80 Ω<br />

Obviamente, a soma <strong>de</strong>ssas três correntes é igual à corrente que passa pela<br />

fonte.<br />

C) Na figura 22.3a consi<strong>de</strong>ramos, como primeira opção, o resistor <strong>de</strong> oitenta ohms<br />

ligado em série com a associação em paralelo dos dois resistores <strong>de</strong> cinqüenta<br />

ohms.<br />

A corrente que percorre a fonte é dada por sua força eletromotriz dividida<br />

pela resistência equivalente <strong>de</strong>sta associação:<br />

V<br />

i 12 −<br />

SPa<br />

= = 1,14 × 10<br />

2 A ≅ 114 mA .<br />

105 Ω<br />

Esta mesma corrente percorre o resistor <strong>de</strong> oitenta ohms e se divi<strong>de</strong> em<br />

duas correntes idênticas que percorrem os resistores <strong>de</strong> cinqüenta ohms:<br />

i<br />

iSPa<br />

= iSPa<br />

mA e iSPa50 = = 57, 1mA.<br />

2<br />

SPa80 = 114<br />

D) Na segunda opção o resistor <strong>de</strong> cinqüenta ohms é colocado em série com a<br />

associação em paralelo do resistor <strong>de</strong> oitenta ohms com o outro resistor <strong>de</strong><br />

cinqüenta ohms. A corrente que atravessa a fonte e o primeiro resistor é dada,<br />

como sempre, pela fem dividida pela resistência da associação:<br />

V<br />

i i<br />

12 =<br />

SPb<br />

=<br />

SPb<br />

1,49 10<br />

1<br />

1<br />

= = × A ≅ 149<br />

80,8 Ω<br />

mA .<br />

Os dois resistores associados em paralelo estão submetidos à tensão<br />

produzida pela fonte subtraída da queda <strong>de</strong> tensão no primeiro resistor. Esta queda<br />

é dada pela resistência do primeiro resistor multiplicada pela corrente que o<br />

atravessa:<br />

V<br />

= R i 7, V .<br />

SPb1 1 SP<br />

= 43<br />

As correntes nos dois outros resistores serão, portanto:<br />

( 12 −7,43)<br />

V<br />

−2<br />

i SPb 2<br />

=<br />

= 5,8 × 10 A≅<br />

58 mA<br />

80 Ω<br />

e<br />

( 12 − 7,43) V<br />

−2<br />

i SPb 3<br />

=<br />

= 9,1 × 10 A = 91 mA .<br />

50 Ω<br />

E) Na associação da figura 22.3b, consi<strong>de</strong>rando o resistor <strong>de</strong> oitenta ohms em<br />

paralelo com a associação em série dos dois <strong>de</strong> cinqüenta ohms a corrente na<br />

fonte é<br />

ε V<br />

i<br />

12 −<br />

PSa<br />

= = = 2,70 × 10<br />

1 A ≅ 270 mA<br />

R 44,4 Ω<br />

PSa<br />

O resistor <strong>de</strong> oitenta ohms é percorrido pela corrente:<br />

ε V<br />

i<br />

12 −<br />

PSa<br />

1,5 10<br />

1<br />

80<br />

= = = × A ≅ 150 mA<br />

R 80Ω<br />

PSa<br />

328<br />

329


enquanto o restante da corrente passa por ambos os resistores <strong>de</strong> cinqüenta ohms:<br />

i<br />

= i − i = (270−150)<br />

mA mA .<br />

PSa50 PSa PSa80<br />

= 120<br />

Este último valor é igual à força eletromotriz dividida pela resistência<br />

equivalente à da associação, em série, <strong>de</strong> dois resistores <strong>de</strong> cinqüenta ohms.<br />

F) Consi<strong>de</strong>ramos, finalmente, um resistor <strong>de</strong> cinqüenta ohms ligado em paralelo<br />

com a associação em série do resistor <strong>de</strong> oitenta ohms com o outro resistor <strong>de</strong><br />

cinqüenta ohms.<br />

Encontramos a corrente que atravessa a fonte dividindo a força eletromotriz<br />

pela resistência equivalente da associação:<br />

ε V<br />

i<br />

12 −<br />

PSb<br />

= = = 3,3 × 10<br />

1 A ≅ 330<br />

R 36,1 Ω<br />

PSb<br />

mA .<br />

A corrente no primeiro resistor <strong>de</strong> cinqüenta ohms é a fem dividida por esta<br />

resistência e a corrente que passa pelo resistor <strong>de</strong> oitenta ohms e pelo segundo<br />

resistor <strong>de</strong> cinqüenta ohms é a corrente total subtraída da corrente que passa no<br />

primeiro resistor ou a força eletromotriz dividida pela resistência equivalente da<br />

ligação em série, que é <strong>de</strong> 130 Ω:<br />

ε V<br />

i 12 −<br />

SB<br />

2,4 10<br />

1<br />

50<br />

= = = × A ≅ 240 mA .<br />

R 50Ω<br />

50<br />

ε<br />

V<br />

i<br />

i i<br />

12 −<br />

SB PSb PSb<br />

9,23 10<br />

2<br />

130<br />

= = −<br />

50<br />

= = × A ≅ 923mA<br />

.<br />

R<br />

130 Ω<br />

130<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E22.1) Um resistor <strong>de</strong> 32 Ω é ligado em paralelo com um resistor <strong>de</strong> 20 Ω e o<br />

conjunto é conectado a uma fonte <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> 240 V. (a) Qual é a resistência<br />

equivalente da associação em paralelo? (b) Qual é a corrente total da combinação<br />

em paralelo? (c) Qual é a corrente através <strong>de</strong> cada resistor?<br />

E22.2) Mostre que quando dois resistores são ligados em paralelo, a resistência<br />

equivalente da combinação é sempre menor do que a resistência <strong>de</strong> qualquer um<br />

dos resistores.<br />

E22.3) A corrente em um circuito <strong>de</strong> uma malha e uma resistência R é 5,0 A.<br />

Quando uma resistência <strong>de</strong> 2,0 Ω é ligada em série com R , a corrente diminui<br />

para 4,0 A. Qual o valor <strong>de</strong> R ?<br />

E22.4) Três resistores <strong>de</strong> 1,60 Ω , 2,40 Ω e 4,80 Ω são ligados em paralelo a uma<br />

bateria <strong>de</strong> 28,0 V que possui resistência interna <strong>de</strong>sprezível. Calcule (a) a<br />

resistência equivalente da combinação, (b) a corrente através <strong>de</strong> cada resistor, (c)<br />

a corrente total através da bateria, (d) a voltagem através <strong>de</strong> cada resistor, (e) a<br />

energia dissipada em cada resistor.<br />

E22.5) Uma lâmpada <strong>de</strong> 60 W e 120 V e outra lâmpada <strong>de</strong> 200 W e 120 V são<br />

conectadas em série com uma fonte <strong>de</strong> 240 V. Sabemos que as resistências das<br />

lâmpadas não variam com a corrente. (a) Calcule a corrente que passa nas<br />

lâmpadas e (b) <strong>de</strong>termine a potência dissipada em cada lâmpada. Observação: A<br />

<strong>de</strong>scrição da lâmpada fornece a potência que ela dissipa quando é ligada à<br />

diferença <strong>de</strong> potencial especificada.<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR22.1) Por que as luzes <strong>de</strong> um automóvel ficam com pouca intensida<strong>de</strong> no<br />

momento em que o motor <strong>de</strong> arranque é acionado?<br />

PR22.2) As luzes <strong>de</strong> uma casa caem <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> no momento em que ligamos a<br />

máquina <strong>de</strong> lavar ou um ferro elétrico. Por quê?<br />

PR22.3) Em uma lanterna com duas pilhas, elas são geralmente ligadas em série.<br />

Por que não ligá-las em paralelo? Qual seria uma possível vantagem na conexão <strong>de</strong><br />

pilhas idênticas em paralelo?<br />

330<br />

331


AULA 23 CIRCUITOS DE MAIS DE UMA MALHA<br />

OBJETIVOS<br />

• APLICAR A LEI DAS MALHAS A CIRCUITOS ELÉTRICOS<br />

23.1 CIRCUITOS ELETRICOS<br />

Na aula anterior consi<strong>de</strong>ramos associações <strong>de</strong> resistores cujas resistências<br />

po<strong>de</strong>m ser reduzidas à uma resistência equivalente. Isto nos permite encontrar a<br />

corrente que atravessa o gerador. Usando os conceitos <strong>de</strong> ligações em série e em<br />

paralelo, foi possível encontrar as correntes em cada resistor. Muitas vezes é<br />

possível resolver circuitos razoavelmente complicados fazendo várias reduções <strong>de</strong><br />

conjuntos <strong>de</strong> resistores às suas resistências equivalentes.<br />

Entretanto, é muito comum encontrarmos circuitos elétricos em que há<br />

ligações que não po<strong>de</strong>m ser classificadas como ligações em série ou em paralelo.<br />

Na figura 23.1 mostramos um circuito em que há três resistores que nem<br />

são percorridos pela mesma corrente, como ocorre em uma ligação em série, nem<br />

estão submetidos a uma mesma diferença <strong>de</strong> potencial, como acontece com as<br />

ligações em paralelo.<br />

No circuito da figura 23.1 temos três correntes distintas e <strong>de</strong>vemos<br />

encontrar um sistema <strong>de</strong> três equações envolvendo essas correntes. Temos dois<br />

nós, que estão indicados pelas letras “b” e “e”. As correntes que saem <strong>de</strong> um nó ou<br />

chegam nele diferem entre si, e geralmente não sabemos <strong>de</strong> antemão quais são os<br />

seus sentidos no circuito; então, para resolver o problema <strong>de</strong> encontrar o valor e o<br />

sentido <strong>de</strong>ssas correntes, basta adotarmos arbitrariamente um sentido para elas.<br />

No final dos cálculos, aqueles sentidos que foram escolhidos corretamente nos dão<br />

um valor positivo para a corrente; se o sentido adotado não for o real, o valor da<br />

corrente encontrado será negativo<br />

Escolhendo o sentido das correntes como mostrado na Figura 23.1, e<br />

aplicando a lei dos nós ao primeiro dos nós, encontramos que i 1 é igual à soma <strong>de</strong><br />

i<br />

2 com i 3<br />

, o que nos fornece a primeira equação:<br />

i<br />

1<br />

= i2<br />

+<br />

3<br />

i3.<br />

(23.1)<br />

A aplicação da mesma lei ao nó indicado pela letra “e” não nos fornece<br />

qualquer informação nova e resulta na mesma equação.<br />

De forma geral quando temos N nós em um circuito a lei dos nós po<strong>de</strong> ser<br />

usada N −1<br />

vezes.<br />

R 1<br />

R 3<br />

R 2<br />

a b c<br />

i 1 i 2<br />

E 1<br />

E 2<br />

R 1<br />

R 3<br />

R 2<br />

a b c<br />

i 1 i 2<br />

E 1 i 3<br />

f<br />

e<br />

d<br />

E 2<br />

i 3<br />

f<br />

e<br />

d<br />

Figura 23.1: Circuito com mais <strong>de</strong> uma malha. Cada resistor é submetido a uma tensão<br />

específica e é percorrido por uma corrente diferente da dos <strong>de</strong>mais.<br />

Figura 23.1: Circuito com mais <strong>de</strong> uma malha. Cada resistor é submetido a uma tensão<br />

específica e é percorrido por uma corrente diferente da dos <strong>de</strong>mais.<br />

Temos três malhas (caminhos fechados) distintas neste circuito, que são<br />

indicadas pelas letras “abc<strong>de</strong>fa”, “abefa” e “bc<strong>de</strong>b”.<br />

Aplicando a lei das malhas ao caminho “fabef”, encontramos a equação:<br />

Neste caso <strong>de</strong>vemos aplicar a lei dos nós e a lei das malhas para obtermos<br />

um sistema com tantas equações quantos forem o número <strong>de</strong> correntes no circuito.<br />

332<br />

ε − R i − R i 0.<br />

(23.2)<br />

1 1 1 3 3<br />

=<br />

Aplicando novamente a lei das malhas ao percurso “bc<strong>de</strong>b” encontramos:<br />

333


− R i + ε + R i 0.<br />

(23.3)<br />

2 2 2 3 3<br />

=<br />

A aplicação <strong>de</strong>ssa mesma lei ao circuito “abc<strong>de</strong>fa” nos fornece uma equação<br />

que é a soma <strong>de</strong>ssas duas últimas equações, não acrescentando qualquer<br />

informação nova.<br />

Po<strong>de</strong>mos aqui também afirmar que se temos M malhas em um<br />

circuito a primeira regra <strong>de</strong> Kirchhoff po<strong>de</strong> ser aplicada M −1<br />

vezes.<br />

o que nos leva a:<br />

∆<br />

1<br />

= − ε1R2<br />

− ε<br />

2R3<br />

− ε1R3,<br />

(23.10)<br />

∆ (23.11)<br />

2<br />

= − ε1R3<br />

− ε<br />

2R1<br />

− ε<br />

2R3<br />

∆ . (23.12)<br />

3<br />

= − ε<br />

1R2<br />

+ ε<br />

2R1<br />

Temos as três equações necessárias para encontrar os valores das três<br />

correntes presentes no circuito. Vamos reescrevê-las <strong>de</strong> forma conveniente:<br />

i − i − i 0,<br />

(23.3)<br />

1 2 3<br />

=<br />

R i + R i =<br />

(23.4)<br />

1 1 3 3<br />

ε1<br />

R<br />

2i2<br />

− R3i3<br />

= ε 2.<br />

(23.5)<br />

Usamos o método <strong>de</strong> Kramer para resolver este sistema <strong>de</strong> equações.<br />

Escrevemos uma matriz com os coeficientes das correntes e calculamos seu<br />

<strong>de</strong>terminante. Este é o <strong>de</strong>terminante principal.<br />

⎛ 1 −1<br />

−1<br />

⎞<br />

⎜<br />

⎟<br />

∆<br />

P<br />

= <strong>de</strong>t ⎜ R1<br />

0 R3<br />

⎟ = − R1R2<br />

− R2R3<br />

− R1R3<br />

. (23.6)<br />

⎜ 0 R2<br />

R ⎟<br />

⎝ −<br />

3 ⎠<br />

Substituindo a coluna correspon<strong>de</strong>nte a cada corrente por uma coluna com<br />

os valores dos membros da direita <strong>de</strong>ssas equações encontramos os <strong>de</strong>terminantes<br />

correspon<strong>de</strong>ntes a cada corrente:<br />

⎛ 0 −1<br />

−1<br />

⎞<br />

⎜<br />

⎟<br />

∆1<br />

= <strong>de</strong>t ⎜ε 1<br />

0 R3<br />

⎟ ,<br />

(23.7)<br />

⎜<br />

⎟<br />

⎝ε<br />

2<br />

R2<br />

− R3<br />

⎠<br />

⎛ 1<br />

⎜<br />

∆2<br />

= <strong>de</strong>t ⎜ R1<br />

⎜<br />

⎝ 0<br />

0 −1<br />

⎞<br />

⎟<br />

ε<br />

1<br />

R3<br />

⎟<br />

(23.8)<br />

ε − ⎟<br />

2<br />

R3<br />

⎠<br />

⎛ 1 −1<br />

0 ⎞<br />

⎜<br />

⎟<br />

∆3<br />

= <strong>de</strong>t ⎜ R<br />

1<br />

0 ε1<br />

⎟.<br />

(23.9)<br />

⎜ 0 ⎟<br />

⎝ R2<br />

ε<br />

2 ⎠<br />

334<br />

As correntes são dadas, respectivamente, por estes <strong>de</strong>terminantes divididos<br />

pelo <strong>de</strong>terminante principal:<br />

R<br />

3<br />

Consi<strong>de</strong>rando<br />

= 15, 0 Ω<br />

, encontramos:<br />

2<br />

∆ P<br />

= − 350,0<br />

Ω , ∆ = − 475,0 VΩ<br />

e as correntes são dadas por:<br />

∆1<br />

∆<br />

2<br />

∆<br />

3<br />

i1<br />

= , i2<br />

= , i3<br />

= .<br />

(23.13)<br />

∆ ∆ ∆<br />

P<br />

P<br />

P<br />

ε = 10,0<br />

1<br />

V , ε = 15,0 V<br />

2 , R = 10, 0 Ω<br />

1 , R<br />

2<br />

= 10, 0 Ω e<br />

1 , ∆<br />

2<br />

= − 525,0 VΩ<br />

, ∆3 = 50,0 VΩ<br />

(23.14)<br />

i = ,36 A , i = 1,50 A , i = − 0.143 .<br />

(23.15)<br />

1<br />

1<br />

2<br />

3<br />

A<br />

O valor negativo encontrado para i 3 significa que o sentido da corrente é o<br />

contrário daquele que foi suposto inicialmente, ao fazer o <strong>de</strong>senho da figura 23.1.<br />

Quando temos um motor em um circuito, ou seja, um dispositivo que<br />

transforma energia elétrica em trabalho mecânico, este é <strong>de</strong>nominado gerador <strong>de</strong><br />

força contra-eletromotriz e é caracterizado por uma força contra-eletromotriz<br />

(fcem),<br />

ε<br />

m , que tem a mesma unida<strong>de</strong> que as fem do circuito. Ao percorremos o<br />

circuito no sentido da corrente, há uma diminuição no potencial <strong>de</strong> valor<br />

ε<br />

m , quando passamos pelo motor. Eventualmente esse motor po<strong>de</strong>rá ter uma<br />

resistência interna não <strong>de</strong>sprezível e, para representá-la, simplesmente<br />

consi<strong>de</strong>ramos, como nas fem não i<strong>de</strong>ais, uma resistência, r m , em série com a fcem<br />

do motor. A potência <strong>de</strong>senvolvida pelo motor, na forma <strong>de</strong> trabalho mecânico, é<br />

dada pelo valor <strong>de</strong> sua fcem multiplicado pelo valor da corrente que o atravessa.<br />

335


EXEMPLO 23.1<br />

Encontre as correntes que percorrem o motor e cada uma das fontes,<br />

representados na figura 23.2. Analise as potências produzidas ou consumidas por<br />

cada elemento do circuito Consi<strong>de</strong>re ε<br />

M<br />

= 40 V , ε = 60 V , R<br />

1<br />

= 8 Ω , R<br />

2<br />

= 12 Ω e<br />

R = 5 Ω .<br />

M<br />

De acordo com a lei dos nós temos a equação:<br />

i i − i 0.<br />

(23.16)<br />

1<br />

+<br />

2 M<br />

=<br />

A lei das malhas aplicada ao circuito que envolve o motor e a fonte da esquerda nos<br />

dá:<br />

R i + R i = ε − ε<br />

1 1 M M<br />

M<br />

.<br />

(23.17)<br />

Quando aplicada à malha que envolve as duas fontes, nos fornece:<br />

Figura 23.2: Duas fontes <strong>de</strong> força eletromotriz ε alimentam um motor <strong>de</strong> força<br />

contra-eletromotriz<br />

são indicadas.<br />

E<br />

R M<br />

R 1 R 2<br />

M<br />

ε<br />

m . As resistências internas <strong>de</strong> cada gerador <strong>de</strong> fem e do motor<br />

E<br />

R i − R i 0.<br />

(23.18)<br />

1 1 2 2<br />

=<br />

Utilizando o método <strong>de</strong> Kramer encontramos o <strong>de</strong>terminante principal para este<br />

conjunto <strong>de</strong> equações e os <strong>de</strong>terminantes associados a cada corrente.<br />

Como cada gerador possui uma resistência interna, parte da energia produzida<br />

surge como calor, a uma taxa que é igual ao valor da resistência multiplicada pelo<br />

quadrado da corrente. Ou seja:<br />

e<br />

2<br />

2<br />

Q = R i = 8,0 Ω× (1,2 A)<br />

12 W<br />

(23.19)<br />

1 1 1<br />

=<br />

E M<br />

337<br />

SOLUÇÃO: Como temos três correntes diferentes no circuito <strong>de</strong>vemos encontrar<br />

três equações para po<strong>de</strong>rmos encontrá-las.<br />

Na figura 23.3 mostramos os sentidos escolhidos para as correntes i 1<br />

, i 2<br />

e<br />

i<br />

M , que percorrem os resistores R<br />

1 , R<br />

2 e<br />

E<br />

i M<br />

R M<br />

R<br />

M , respectivamente.<br />

R 1 R 2<br />

M<br />

i 1<br />

i 2<br />

E<br />

2<br />

2<br />

Q = R i = 12 Ω × (0,8 A)<br />

8, 0 W . (23.20)<br />

2 2 2<br />

=<br />

Temos, portanto, que a fonte da esquerda fornece ao motor uma potência <strong>de</strong> 60 W,<br />

enquanto que a fonte da esquerda fornece uma potência <strong>de</strong> 40 W.<br />

No total o motor recebe uma potência <strong>de</strong> 1,0 x 10 2 W.<br />

Parte <strong>de</strong>ssa energia aparece como calor no motor, que se aquece, quando em<br />

funcionamento:<br />

2<br />

2<br />

QM = RM<br />

⋅ ( iM<br />

) = 5,0 Ω × (2,0 A)<br />

= 20 W . (23.21)<br />

Os restantes 80 W são transformados em trabalho mecânico pelo motor. Este valor<br />

é igual à fcem do motor multiplicado pela corrente:<br />

P<br />

= ε i = 40 V × 2,0 A 80 W.<br />

(23.22)<br />

mec M M<br />

=<br />

Figura 23.3: Duas fontes <strong>de</strong> força eletromotriz E alimentam um motor <strong>de</strong> força<br />

contra-eletromotriz ε<br />

m . As resistências internas <strong>de</strong> cada gerador <strong>de</strong> fem e do<br />

motor, bem como as correntes que percorrem cada um <strong>de</strong>les, são indicadas.<br />

ATIVIDADE 23.1<br />

Quatro resistores <strong>de</strong> 18,0 Ω são ligados em paralelo a uma fonte i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> 25,0 V.<br />

Qual é a corrente na fonte?<br />

336


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

V ab<br />

= 78V . (a) O elemento ? está absorvendo ou ce<strong>de</strong>ndo energia ao circuito? (b)<br />

Qual é a potencia absorvida ou fornecida pelo elemento?<br />

ATIVIDADE 23.1 Nao haverá resposta para esta ativida<strong>de</strong>.<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR23.1) A ligação <strong>de</strong> resistores po<strong>de</strong> ser sempre reduzida a combinações em série<br />

e paralelo? Caso existam exceções forneça exemplos.<br />

PR23.2) Você liga diversas lâmpadas idênticas a uma pilha <strong>de</strong> lanterna. O que<br />

ocorre com o brilho das lâmpadas à medida que o número <strong>de</strong> lâmpadas aumenta<br />

quando a ligação é (a) em série? e em (b) paralelo? (c) A bateria dura mais quando<br />

a ligação é em série ou quando é em paralelo?<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E23.1) Um resistor <strong>de</strong> 32Ω é ligado em paralelo com um resistor <strong>de</strong> 20Ω e o<br />

conjunto é conectado a uma fonte <strong>de</strong> tensa <strong>de</strong> 240 V. Qual é (a) a resistência<br />

equivalente da ligação em paralelo, (b) a corrente total da combinação em paralelo<br />

e (c) a corrente que passa através <strong>de</strong> cada resistor.<br />

Figura 23.5: Circuito do exercício 23.4<br />

E23.4) Duas resistências A e B são ligadas em série e a resistência equivalente é<br />

16 ,0 Ω . Quando estão ligadas em paralelo, a resistência equivalente é 3 ,0 Ω .<br />

Determine (a) a menor e (b) a menor das resistências A e B.<br />

E23.5) Qual é a resistência equivalente do circuito da figura 23.6? Calcule a<br />

corrente que passa em cada resistor e na bateria do circuito.<br />

E23.2) Calcule a resistência equivalente do circuito mostrado na figura 23.4 e<br />

calcule a corrente que passa em cada resistor. A resistência interna da bateria é<br />

<strong>de</strong>sprezível.<br />

Figura 23.6: Circuito do exercício 23.6<br />

Figura 23.4: Circuito do exercício 23.2<br />

E23.3) No circuito mostrado abaixo, as resistências são<br />

R = 2 Ω , R = 4 Ω<br />

R = 6, 0 Ω e a corrente i = 6, 0 A . A diferença <strong>de</strong> potencial entre os pontos A e B é<br />

3<br />

1<br />

2<br />

338<br />

339


AULA 24 APARELHOS DE MEDIDAS I<br />

OBJETIVOS<br />

• DISCUTIR O FUNCIONAMENTO DO GALVANÔMETRO E DO AMPERÍMETRO<br />

• RELACIONAR ESSES APARELHOS COM AS MEDIDAS DE TENSÃO E CORRENTE ELÉTRICAS<br />

24.1 GALVANÔMETRO<br />

A compreensão dos fenômenos elétricos e magnéticos teve gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento, nos séculos XVII e XIX, com as pesquisas realizadas,<br />

principalmente, nas universida<strong>de</strong>s européias. Ao mesmo tempo em que eram<br />

elaboradas as teorias que <strong>de</strong>screvem estes fenômenos, foram sendo <strong>de</strong>senvolvidos<br />

aparelhos para a sua mensuração.<br />

O mais importante dos aparelhos <strong>de</strong> medidas elétricas é, talvez, o<br />

galvanômetro, criado pelo físico inglês Michael Faraday, que permite fazer medições<br />

<strong>de</strong> pequenas correntes elétricas. A figura 24.1 mostra o esquema <strong>de</strong> funcionamento<br />

<strong>de</strong> um galvanômetro <strong>de</strong> bobina móvel, o mais comumente utilizado.<br />

Quando uma corrente percorre a bobina, esta provoca um torque, <strong>de</strong>vido à<br />

interação do campo magnético do ímã com as cargas em movimento que<br />

constituem a corrente elétrica. Os <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong>ssa interação serão tratados nas<br />

próximas aulas <strong>de</strong>ste livro.<br />

Por ora, consi<strong>de</strong>ramos apenas que o torque sobre a bobina é proporcional à<br />

intensida<strong>de</strong> da corrente e que in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua posição angular, o que é obtido<br />

com uma geometria a<strong>de</strong>quada do ímã.<br />

Quando não há corrente, a posição da bobina é aquela em que a mola<br />

espiral permanece relaxada.<br />

Quando percorrida por uma corrente, i , a bobina gira <strong>de</strong> um ângulo θ , e a<br />

nova posição da bobina é a que correspon<strong>de</strong> ao equilíbrio entre o torque produzido<br />

pelo campo magnético e o torque restaurador da mola, que é proporcional ao<br />

<strong>de</strong>slocamento angular relativo à posição da mola relaxada.<br />

Po<strong>de</strong>mos então escrever a equação:<br />

α i = K θ ,<br />

(24.1)<br />

on<strong>de</strong> α e K são duas constantes <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vemos que a<br />

corrente é proporcional ao ângulo <strong>de</strong> rotação da bobina.<br />

Um ponteiro e uma escala conveniente nos permitem fazer a leitura da<br />

posição angular da bobina e, portanto, da corrente que a percorre.<br />

Figura 24.1: Esquema <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um galvanômetro <strong>de</strong> bobina móvel. Esta é<br />

imersa em um campo magnético e po<strong>de</strong> girar em torno <strong>de</strong> um eixo perpendicular ao plano<br />

da figura. A passagem <strong>de</strong> corrente provoca um torque que é equilibrado pelo torque<br />

restaurador <strong>de</strong> uma mola espiral. O <strong>de</strong>slocamento angular mostrado por um ponteiro sobre<br />

uma escala é proporcional à corrente.<br />

Uma bobina retangular <strong>de</strong> fio condutor é colocada entre os pólos <strong>de</strong> um ímã<br />

permanente e po<strong>de</strong> girar em torno <strong>de</strong> um eixo, ao qual é fixada por uma mola<br />

espiral.<br />

Figura 24.1: Esquema <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um galvanômetro <strong>de</strong> bobina móvel. Esta é<br />

imersa em um campo magnético e po<strong>de</strong> girar em torno <strong>de</strong> um eixo perpendicular ao plano<br />

da figura. A passagem <strong>de</strong> corrente provoca um torque que é equilibrado pelo troque<br />

restaurador <strong>de</strong> uma mola espiral. O <strong>de</strong>slocamento angular mostrado por um ponteiro sobre<br />

uma escala é proporcional à corrente.<br />

340<br />

341


valores entre<br />

As resistências internas,<br />

R<br />

G<br />

, <strong>de</strong> galvanômetros comuns costumam ter<br />

5 Ω e 30 Ω e as correntes <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> escala (as que provocam<br />

<strong>de</strong>flexões máximas do ponteiro),<br />

i<br />

G, max<br />

, têm valores típicos entre 0,1 mA e 10 mA.<br />

Se multiplicarmos a resistência interna <strong>de</strong> um galvanômetro pela corrente<br />

que o percorre encontraremos a tensão a que este está submetido. Em outras<br />

palavras, po<strong>de</strong>-se dizer que um galvanômetro me<strong>de</strong> tanto pequenas correntes<br />

como pequenas diferenças <strong>de</strong> potencial. Isto é:<br />

V<br />

G<br />

= RGiG.<br />

(24.2)<br />

SAIBA MAIS<br />

Um exemplo on<strong>de</strong> se faz uso <strong>de</strong> um galvanômetro é um circuito elétrico,<br />

conhecido como ponte <strong>de</strong> Wheatstone, utilizado para se encontrar valores <strong>de</strong><br />

resistências, com boa precisão.<br />

A figura 24.2 mostra o referido circuito, sendo R o resistor cuja resistência<br />

<strong>de</strong>seja-se medir. Nela, R<br />

1<br />

e R<br />

2<br />

são dois resistores com resistências fixas,<br />

geralmente idênticas, e conhecidas;<br />

Rx<br />

é um resistor cuja resistência po<strong>de</strong> ser<br />

variada continuamente e cujo valor po<strong>de</strong> sempre ser conhecido.<br />

a<br />

R 2<br />

b<br />

G<br />

c<br />

E<br />

R<br />

d<br />

R x<br />

Variando a resistência do resistor<br />

R<br />

x<br />

po<strong>de</strong>-se encontrar uma situação em<br />

que não há passagem <strong>de</strong> corrente através do galvanômetro. Nesta situação a<br />

diferença <strong>de</strong> potencial ente os pontos “a” e “b” é igual à diferença <strong>de</strong> potencial<br />

entre os pontos “a” e “c”. Da mesma forma a tensão entre os pontos “b” e “d” é<br />

idêntica à tensão entre os pontos “c” e “d”.<br />

Além disto, nessa mesma situação, a corrente i 1<br />

, que passa por R<br />

1<br />

, é a<br />

mesma que passa por R e a corrente i 2<br />

, que passa por R<br />

2<br />

, é a mesma que passa<br />

por<br />

R<br />

x . Po<strong>de</strong>mos, portanto escrever as equações:<br />

R = (24.3)<br />

1i1<br />

R2i2<br />

Ri1 = Rxi 2<br />

.<br />

(24.4)<br />

Dividindo uma equação pela outra e rearranjando termos encontramos que:<br />

R1<br />

R = Rx<br />

.<br />

(24.5)<br />

R<br />

2<br />

Normalmente diz-se que a ponte <strong>de</strong> Wheatstone fornece um valor muito<br />

preciso para a resistência que procuramos medir.<br />

O que se po<strong>de</strong> dizer é que esta última equação é um resultado teoricamente<br />

exato, ou seja, obtido sem que se fizessem aproximações matemáticas. No entanto<br />

a precisão do resultado obtido experimentalmente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da precisão com que os<br />

valores <strong>de</strong> R<br />

1<br />

, R<br />

2<br />

e R<br />

x<br />

são conhecidos.<br />

Se, por exemplo, cada uma <strong>de</strong>ssas resistências é conhecida com uma<br />

incerteza relativa <strong>de</strong> cinco por cento, a incerteza relativa encontrada para R é <strong>de</strong><br />

aproximadamente nove por cento.<br />

Para se realizar medidas com este circuito utilizam-se, como R<br />

1<br />

e R<br />

2<br />

, dois<br />

R 1<br />

343<br />

Figura 24.2: Ponte <strong>de</strong> Wheatstone. Quando a corrente no galvanômetro é anulada,<br />

ajustando-se o valor <strong>de</strong><br />

é igual à corrente em R<br />

2 .<br />

R<br />

x , a corrente em R é igual à corrente em R<br />

1 e a corrente em<br />

Neste circuito é conveniente utilizar um galvanômetro <strong>de</strong> zero central, que<br />

po<strong>de</strong> indicar correntes em qualquer sentido. Quando há alguma diferença <strong>de</strong><br />

potencial entre os pontos “b” e “c” o galvanômetro acusa a passagem <strong>de</strong> corrente,<br />

se essa diferença <strong>de</strong> potencial é invertida o galvanômetro indica uma corrente <strong>de</strong><br />

sinal contrário.<br />

R<br />

x<br />

fios <strong>de</strong> seção reta uniforme, <strong>de</strong> mesmo comprimento, constituídos <strong>de</strong> materiais<br />

condutores com resistivida<strong>de</strong>s bem conhecidas.<br />

R<br />

x<br />

é também um fio, <strong>de</strong> mesmo material dos anteriores e mesma área da<br />

seção transversal, mas <strong>de</strong> comprimento variável, o que é obtido com um contato<br />

móvel. O valor <strong>de</strong>ssa resistência po<strong>de</strong> ser conhecido com boa precisão.<br />

Os galvanômetros são aparelhos que suportam somente pequenas<br />

diferenças <strong>de</strong> potencial e a aplicação <strong>de</strong> tensões pouco elevadas po<strong>de</strong>riam danificá-<br />

342


los. Por isto, como medida <strong>de</strong> proteção, ao se iniciar uma medida, usa-se em série<br />

com o galvanômetro, um resistor que não permita a passagem <strong>de</strong> uma corrente<br />

maior que a <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> escala do aparelho em questão. Equilibra-se, assim, a<br />

ponte <strong>de</strong> forma grosseira, para em seguida retirar este resistor e fazer um ajuste<br />

mais fino.<br />

O esquema <strong>de</strong> funcionamento do amperímetro, para corrente contínua, é<br />

mostrado na figura 24.3b.<br />

De acordo com a lei dos nós, a corrente a ser medida, i , se divi<strong>de</strong> em uma<br />

parcela que percorre o galvanômetro, i G<br />

, e o restante, geralmente a maior parte,<br />

passa pelo “shunt”, i p<br />

.<br />

24.2 AMPERÍMETRO<br />

Normalmente é necessário medir correntes bem mais intensas que as que<br />

po<strong>de</strong>m ser medidas diretamente com um galvanômetro.<br />

Uma ducha <strong>de</strong> banho elétrica, por exemplo, po<strong>de</strong> ser percorrida por uma<br />

corrente <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> em torno <strong>de</strong> cinqüenta amperes, que é cem mil vezes<br />

maior que uma corrente <strong>de</strong> fundo, usual em galvanômetros, <strong>de</strong> meio miliampere.<br />

Para medirmos correntes maiores que a corrente <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> um<br />

galvanômetro, construímos o aparelho, a que damos o nome <strong>de</strong> amperímetro. Este<br />

nada mais é que um galvanômetro associado, em paralelo, a um condutor, <strong>de</strong><br />

pequena resistência, que, em geral, permite a passagem da maior parte da<br />

corrente, enquanto apenas uma pequena parcela passa pelo galvanômetro.<br />

No jargão da eletrotécnica, esse resistor, colocado em paralelo com o<br />

galvanômetro, é conhecido como shunt, palavra inglesa cujo significado é <strong>de</strong>svio.<br />

A figura 24.3a mostra um amperímetro inserido em um circuito simples. A<br />

corrente no circuito passa pelo amperímetro que, para perturbar minimamente o<br />

circuito, <strong>de</strong>ve ter uma resistência interna bastante pequena. Um amperímetro i<strong>de</strong>al<br />

seria aquele que apresentasse resistência nula, o que não é possível obter em<br />

aparelhos comuns.<br />

E 1<br />

A<br />

R<br />

i<br />

iG<br />

r G<br />

G<br />

i p<br />

i<br />

R P<br />

Além disto, como o galvanômetro está ligado em paralelo com<br />

estão submetidos à mesma diferença <strong>de</strong> potencial.<br />

Po<strong>de</strong>mos então escrever as equações:<br />

R<br />

p<br />

, ambos<br />

i = i G<br />

+ i p<br />

(24.6)<br />

r<br />

GiG<br />

= R<br />

pi<br />

p.<br />

(24.7)<br />

Eliminando a corrente que passa pelo <strong>de</strong>svio encontramos:<br />

⎛ r ⎞<br />

G<br />

i = ⎜ + 1⎟<br />

i G<br />

.<br />

(24.8)<br />

R<br />

⎝ p ⎠<br />

Po<strong>de</strong>m-se construir amperímetros que meçam quaisquer valores <strong>de</strong> corrente<br />

maiores que a corrente <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> escala do galvanômetro. O fator entre<br />

parênteses, neta última equação é <strong>de</strong>nominado fator <strong>de</strong> amplificação do<br />

amperímetro.<br />

Quando a corrente <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> escala do amperímetro é poucas vezes maior<br />

que a do galvanômetro, o valor <strong>de</strong><br />

R<br />

p<br />

é poucas vezes menor que r G<br />

e a unida<strong>de</strong>,<br />

que aparece no fator <strong>de</strong> amplificação, é relevante. Usualmente um amperímetro<br />

po<strong>de</strong> medir correntes muito maiores que a corrente <strong>de</strong> fundo do galvanômetro.<br />

Nesse caso<br />

R<br />

p<br />

é muito menor que r G<br />

e po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>sprezar aquela unida<strong>de</strong>.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 24.3: (a) Amperímetro inserido em um circuito é percorrido pela corrente a ser<br />

medida. (b) A corrente a ser medida é dividida: uma pequena parcela passa pelo<br />

galvanômetro, cuja resistência interna está representada por um resistor em série com este,<br />

e a maior parte da corrente passa por um resistor em paralelo que atua como <strong>de</strong>svio.<br />

344<br />

345


EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E24.1) A resistência <strong>de</strong> uma bobina <strong>de</strong> um galvanômetro é igual a<br />

25 ,0 Ω e a<br />

corrente necessária para atingir uma <strong>de</strong>flexão até o fundo da escala é <strong>de</strong> 500 ,0 µ F .<br />

Mostre em um diagrama como converter o galvanômetro em um amperímetro<br />

capaz <strong>de</strong> fornecer uma leitura até o fundo da escala igual a 20,0 mA e calcule a<br />

resistência <strong>de</strong> shunt.<br />

E24.2) A resistência da bobina <strong>de</strong> um galvanômetro é igual a<br />

9 ,36 Ω e uma<br />

corrente <strong>de</strong> 0,0224 A produz nele uma <strong>de</strong>flexão até o fundo da escala. O único<br />

shunt disponível possui resistência <strong>de</strong><br />

0.025<br />

Ω 0,025 Ω. Qual é o valor da<br />

resistência R que <strong>de</strong>ve ser conectada em série com a bobina, veja a figura 24.4?<br />

Figura 24.4: Circuito do exercício 24.2.<br />

346


AULA 25 APARELHOS DE MEDIDAS II<br />

OBJETIVOS<br />

• DISCUTIR O FUNCIONAMENTO DO VOLTÍMETRO E OHMÍMETRO<br />

• RELACIONAR ESSES APARELHOS COM AS MEDIDAS DE TENSÃO E RESISTÊNCIA ELÉTRICAS<br />

25.1 – VOLTÍMETRO<br />

Quando queremos medir tensões maiores que as que po<strong>de</strong>m ser medidas<br />

diretamente com um galvanômetro construímos um voltímetro que, assim como o<br />

amperímetro, usa um galvanômetro, mas com um resistor associado a ele em<br />

série.<br />

Desta forma, quando vamos medir uma <strong>de</strong>terminada tensão há apenas uma<br />

pequena diferença <strong>de</strong> potencial entre os terminais do galvanômetro ficando a maior<br />

parte da diferença <strong>de</strong> potencial entre os terminais do resistor em série.<br />

A figura 25.1a mostra a utilização <strong>de</strong> um voltímetro. Este é ligado em<br />

paralelo ao elemento <strong>de</strong> circuito que está submetido à tensão que queremos medir,<br />

no caso, a tensão a que está submetido o resistor R<br />

2<br />

.<br />

Na figura 25.1b temos o esquema <strong>de</strong> funcionamento do voltímetro, em que,<br />

usualmente, a resistência em série é responsável por quase toda a queda <strong>de</strong><br />

potencial. A tensão a ser medida é:<br />

( R r ) i .<br />

V = +<br />

(25.1)<br />

S<br />

G<br />

Quando a tensão máxima a ser medida é poucas vezes maior que aquela<br />

suportada pelo galvanômetro a resistência interna <strong>de</strong>ste é importante nesta<br />

equação. Usualmente as tensões a serem medidas são muito maiores que as que<br />

po<strong>de</strong>m ser medidas com o galvanômetro. Neste caso a resistência em série é muito<br />

maior que r G<br />

e po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>sprezar o valor <strong>de</strong>sta frente ao daquela.<br />

25.2 – OHMÍMETRO<br />

Para medirmos resistências <strong>de</strong> diversos condutores, <strong>de</strong>vemos aplicar uma<br />

tensão conhecida aos terminais dos resistores e medir as correntes<br />

correspon<strong>de</strong>ntes.<br />

Para tal po<strong>de</strong>mos usar o esquema mostrado na figura 25.2, on<strong>de</strong> temos uma<br />

fonte <strong>de</strong> fem <strong>de</strong> valor ε , um galvanômetro, com resistência interna r G<br />

<strong>de</strong> fundo <strong>de</strong> escala<br />

i<br />

G, max<br />

, e um resistor, R<br />

s<br />

, ligados em série.<br />

G<br />

e corrente<br />

R 1<br />

E 1<br />

R s r G<br />

R 2<br />

V<br />

G<br />

iG<br />

(a) (b)<br />

R s<br />

r G<br />

E<br />

b<br />

R ex<br />

G<br />

a<br />

Figura 25.2: Em um ohmímetro, uma fem e um resistor são ligados em série com um<br />

Figura 25.1: (a) Um voltímetro é ligado em paralelo com o elemento <strong>de</strong> circuito submetido à<br />

tensão que se <strong>de</strong>seja medir. (b) Em um voltímetro a maior parte da queda <strong>de</strong> tensão se dá<br />

em um resistor associado em série com um galvanômetro. Neste a queda <strong>de</strong> tensão é bem<br />

pequena.<br />

Ao ligarmos o voltímetro, como mostrado na figura 25.1a, ocorre uma<br />

diminuição na resistência equivalente no circuito. Para que haja um mínimo <strong>de</strong><br />

alteração no circuito, a resistência <strong>de</strong> um voltímetro <strong>de</strong>ve ser, portanto, bem<br />

gran<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>almente infinita.<br />

galvanômetro. A resistência<br />

R<br />

s é escolhida <strong>de</strong> forma que quando os terminais “a” e “b” são<br />

interligados a corrente é máxima e correspon<strong>de</strong> a uma resistência externa nula. Quando os<br />

terminais são <strong>de</strong>sligados a corrente é nula e correspon<strong>de</strong> a uma corrente externa infinita.<br />

Quando um resistor externo é ligado entre os terminais a corrente tem um valor<br />

intermediário que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do valor <strong>de</strong> sua resistência.<br />

O valores <strong>de</strong> ε e <strong>de</strong><br />

R<br />

s<br />

são escolhidos forma que a corrente no<br />

galvanômetro seja máxima quando os terminais “a” e “b” são interligados, o que<br />

correspon<strong>de</strong> a uma resistência nula, no mostrador do ohmímetro.<br />

347<br />

348


Quando um resistor externo, cuja resistência <strong>de</strong>seja-se medir, é ligado aos<br />

terminais há passagem <strong>de</strong> uma corrente menor que a máxima. Se o resistor é<br />

retirado e o circuito fica aberto, temos corrente nula que correspon<strong>de</strong> ao limite <strong>de</strong><br />

uma resistência infinita.<br />

A resistência do ohmímetro é:<br />

R = R + r<br />

(25.2)<br />

Ohm<br />

Inserindo o resistor externo no circuito da figura 25.2 e aplicando a lei das<br />

malhas encontramos:<br />

R<br />

S<br />

ext<br />

R Ohm<br />

G<br />

.<br />

= ε − . (25.3)<br />

i<br />

Como a força eletromotriz é dada pelo produto da resistência do ohmímetro<br />

pelo valor da corrente máxima no galvanômetro, po<strong>de</strong>-se expressar o valor da<br />

resistência externa usando como parâmetros os valores da corrente máxima e da<br />

resistência do ohmímetro:<br />

⎛ imax<br />

⎞<br />

Rext = ROhm<br />

⎜ − 1⎟.<br />

(25.4)<br />

⎝ i ⎠<br />

Um mostrador <strong>de</strong> um ohmímetro é representado na figura 25.3.<br />

Figura 25.3 – (figura 25-24 do livro Tipler, P. A.; Física, vol. 2ª, 2 a ed.)<br />

R<br />

ext<br />

R ohm<br />

em função da razãoi<br />

imax<br />

. Resistências com valores muito maiores que o<br />

da resistência do ohmímetro são medidas com baixa precisão.<br />

R/R Ohm<br />

20<br />

18<br />

16<br />

14<br />

12<br />

10<br />

8<br />

6<br />

4<br />

2<br />

0<br />

0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0<br />

i/i max<br />

Figura 25.4: Razão entre a resistência a ser medida e a resistência interna <strong>de</strong> um<br />

ohmímetro como função da razão entre a corrente e a corrente máxima no<br />

galvanômetro. Quando a resistência externa é maior que cinco ou seis vezes a<br />

resistência interna do ohmímetro, a precisão se torna muito baixa.<br />

EXEMPLO 25.1<br />

Figura 25.3: Em um ohmímetro a corrente máxima correspon<strong>de</strong> a uma resistência<br />

externa nula, enquanto a corrente nula correspon<strong>de</strong> a uma resistência infinita. A<br />

escala não é linear como nos voltímetros e amperímetros.<br />

Deseja-se construir um voltímetro a partir <strong>de</strong> um galvanômetro, com fundo <strong>de</strong><br />

escala <strong>de</strong> 10 mA e resistência interna<br />

r<br />

G<br />

= 6, 0Ω<br />

, e um conjunto <strong>de</strong> três resistores<br />

idênticos, que po<strong>de</strong>m ser interligados <strong>de</strong> quatro maneiras como já analisamos em<br />

aulas anteriores. O menor fundo <strong>de</strong> escala que se <strong>de</strong>seja é <strong>de</strong> 6,0 V. Qual o valor<br />

das resistências <strong>de</strong> cada resistor e quais os outros fundos <strong>de</strong> escala possíveis?<br />

SOLUÇÃO: De acordo com a equação 25.1 <strong>de</strong>vemos ter:<br />

Po<strong>de</strong>mos ver que a relação entre o valor da resistência externa e a<br />

intensida<strong>de</strong> da corrente não é linear. O gráfico da figura 25.4 representa a razão<br />

(25.5)<br />

6,0 =<br />

( R S<br />

+ 6,0) × 10<br />

−2 A.<br />

Encontramos então o valor da resistência necessária para obtermos o menor fundo<br />

349<br />

350


<strong>de</strong> escala <strong>de</strong>sejado.<br />

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

R = 5,9 × 10<br />

2 Ω.<br />

(25.6)<br />

sp<br />

Esta é a menor resistência possível e correspon<strong>de</strong> à ligação dos três resistores em<br />

paralelo, cuja resistência equivalente é <strong>de</strong> um terço do valor <strong>de</strong> cada resistência.<br />

Encontramos, portanto, o valor <strong>de</strong> cada uma:<br />

(25.7)<br />

R =<br />

1,78 × 10<br />

3 Ω.<br />

As <strong>de</strong>mais combinações dos três resistores têm as resistências equivalentes iguais<br />

ao valor <strong>de</strong> R multiplicado pelos fatores 2/3, 3/2 e 3.<br />

ATIVIDADE 25.1<br />

Para termos o maior fundo <strong>de</strong> escala possível, em um amperímetro,<br />

<strong>de</strong>vemos ter o <strong>de</strong>svio com a menor resistência possível, como se po<strong>de</strong> ver na<br />

equação 24.8. Esta resistência, então, correspon<strong>de</strong> à ligação em paralelo dos três<br />

resistores, sendo sua resistência equivalente igual a 1/3 do valor <strong>de</strong> cada<br />

resistência individual.<br />

Utilizando, naquela equação, os valores <strong>de</strong> 1,00 A para a corrente máxima,<br />

10 mA para a corrente <strong>de</strong> fundo do galvanômetro e 6 ,00 Ω para a resistência<br />

interna do galvanômetro encontramos o valor da resistência <strong>de</strong> cada resistor:<br />

3<br />

Com o fator 2/3 encontramos R = 1,78 × 10 Ω e temos o fundo <strong>de</strong> escala:<br />

sps<br />

R = 3R<br />

p<br />

rG<br />

iG<br />

= 3<br />

i − i<br />

max<br />

max<br />

G max<br />

= 0,182Ω<br />

.<br />

(25.8)<br />

3<br />

−2<br />

V ps<br />

= (1,78 × 10 + 6,0) × 10 = 12,5 V.<br />

Encontramos então os <strong>de</strong>mais fundos <strong>de</strong> escala usando i G igual a 10 mA e<br />

R<br />

p igual a 2/3, 3/2 e 3 vezes o valor <strong>de</strong> R, na equação 24.8:<br />

3<br />

Com o fator 3/2 encontramos R = 2,62 × 10 Ω e temos o fundo <strong>de</strong> escala:<br />

ssp<br />

3<br />

−2<br />

V sp<br />

= (2,67 × 10 + 6) × 10 = 26,8 V.<br />

(25.9)<br />

Finalmente, com o fator 3 encontramos<br />

escala do voltímetro é:<br />

3<br />

R = 5,35 × 10 Ω e o maior fundo <strong>de</strong><br />

3<br />

−2<br />

V s<br />

= (5,35 × 10 + 6,0) × 10 = 53,5 V.<br />

(25.10)<br />

ATIVIDADE 25.1<br />

Utilizando três resistores idênticos, que po<strong>de</strong>m ser associados das quatro maneiras<br />

analisadas no exemplo 22.1, encontre o valor <strong>de</strong> cada resistência se <strong>de</strong>sejamos<br />

construir um amperímetro cujo maior fundo <strong>de</strong> escala seja <strong>de</strong> 1.00 A. Consi<strong>de</strong>re um<br />

galvanômetro como o do exemplo 25.1 e encontre os <strong>de</strong>mais fundos <strong>de</strong> escala.<br />

351<br />

s<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

⎛ 6<br />

⎜<br />

⎝ 0,121<br />

⎞<br />

⎟ ×<br />

⎠<br />

3<br />

i ps<br />

= + 1 10 = 5,05 × 10<br />

⎛<br />

3<br />

i 6 ⎞<br />

sp<br />

= + 1 10 = 2,30 × 10<br />

−<br />

⎜<br />

⎝ 0,273<br />

⎛ 6<br />

⎜<br />

⎝ 0,546<br />

⎟ ×<br />

⎠<br />

⎞<br />

⎟ ×<br />

⎠<br />

3<br />

i s<br />

= + 1 10 = 1,20 × 10<br />

E25.1) Uma bateria <strong>de</strong> 90,0 V possui uma resistência interna<br />

A<br />

A<br />

A<br />

r = 8, 23 Ω . (a) Qual é<br />

a leitura <strong>de</strong> um voltímetro com resistência R = 425 Ω quando ele é conectado aos<br />

terminais da bateria? (b) Qual <strong>de</strong>ve ser o valor máximo da razão<br />

V<br />

r / RV<br />

r/R V para<br />

que o erro associado com a leitura da fem da bateria não seja maior do que 4,0 %?<br />

E25.2) Dois voltímetros <strong>de</strong> 150 V, com uma resistência interna <strong>de</strong><br />

com resistência interna igual a<br />

10 ,0 kΩ<br />

e outro<br />

90 ,0 kΩ<br />

, são conectados em série com uma fonte<br />

<strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> 120 V. Calcule o valor da leitura <strong>de</strong> cada voltímetro? Observação: Um<br />

voltímetro <strong>de</strong> 150 V é aquele no qual ocorre uma <strong>de</strong>flexão completa em sua escala<br />

quando existe uma tensão <strong>de</strong> 150 V aplicada em seus terminais.<br />

352


AULA 26 CIRCUITO RC<br />

OBJETIVOS<br />

• COMPREENDER O COMPORTAMENTO DA CARGA, CORRENTE E TENSÃO EM UM CIRCUITO RC<br />

26.1 ANÁLISE DE UM CIRCUITO RC<br />

Até agora analisamos circuitos <strong>de</strong> corrente contínua em que os valores das<br />

correntes são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do tempo. Veremos agora um circuito <strong>de</strong> corrente<br />

contínua em que, embora a corrente não mu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentido (o que caracterizaria um<br />

circuito <strong>de</strong> corrente alternada) a intensida<strong>de</strong> da corrente varia com o passar do<br />

tempo.<br />

Na figura 26.1 temos um circuito com uma fem, um resistor e um capacitor,<br />

que são ligados em série quando a chave “ch” é ligada ao terminal “a”.<br />

Estando o capacitor inicialmente <strong>de</strong>scarregado surge uma corrente que irá<br />

carregar o capacitor.<br />

Aplicando a lei das malhas encontramos a equação que <strong>de</strong>screve o<br />

comportamento temporal da carga no capacitor e da corrente que o carrega.<br />

R<br />

a<br />

ch b i<br />

E<br />

C<br />

i<br />

Figura 26.1: Circuito RC. Quando a chave “ch” é ligada ao terminal “a”, com o capacitor<br />

<strong>de</strong>scarregado, surge uma corrente que irá carregar o capacitor. Quando a chave é ligada ao<br />

terminal “b”, com o capacitor carregado, este se <strong>de</strong>scarrega. A resistência no circuito limita o<br />

valor da corrente.<br />

A corrente, que é a taxa com que as cargas chegam às placas do capacitor,<br />

é simplesmente a <strong>de</strong>rivada da carga com relação ao tempo, o que nos permite<br />

escrever:<br />

q<br />

C<br />

+<br />

dq<br />

R = ε . (26.1)<br />

dt<br />

Esta é uma equação diferencial <strong>de</strong> primeira or<strong>de</strong>m, pois envolve <strong>de</strong>rivadas<br />

até a primeira or<strong>de</strong>m da carga. Po<strong>de</strong>mos integrá-la, rearranjando seus termos e<br />

notando que enquanto o tempo varia <strong>de</strong> zero a t, a carga no capacitor varia <strong>de</strong> zero<br />

a q(t):<br />

O resultado <strong>de</strong>ssas integrais é:<br />

∫<br />

q(<br />

t)<br />

dq<br />

q − C<br />

0 ε<br />

que, finalmente, po<strong>de</strong> ser escrito como:<br />

=<br />

⎡q(<br />

t)<br />

− Cε<br />

⎤ − t<br />

ln⎢<br />

= ,<br />

C ⎥<br />

⎣ − ε ⎦ RC<br />

∫<br />

t<br />

0<br />

− dt<br />

. (26.2)<br />

RC<br />

(26.3)<br />

−t<br />

⎛ ⎞<br />

( ) = ⎜1<br />

⎟<br />

−<br />

RC<br />

q t Cε e<br />

.<br />

(26.4)<br />

⎝ ⎠<br />

Derivando esta expressão em relação ao tempo encontramos a expressão<br />

para a corrente no circuito:<br />

−t<br />

RC<br />

i = ε e<br />

(26.5)<br />

R<br />

A equação 26.4 nos diz que a carga inicial é nula e que seu valor ten<strong>de</strong> para<br />

C ε , ou equivalentemente, que a diferença <strong>de</strong> potencial entre as placas do capacitor<br />

ten<strong>de</strong> para ε , que é a tensão gerada pela fonte <strong>de</strong> força motriz.<br />

Entretanto, o capacitor não é carregado instantaneamente. De acordo com<br />

aquela equação é necessário um intervalo <strong>de</strong> tempo infinito para atingir tal valor.<br />

O produto da resistência do resistor pela capacitância do capacitor é<br />

conhecido como constante <strong>de</strong> tempo do circuito RC:<br />

τ RC.<br />

(26.6)<br />

C<br />

=<br />

Da equação (26.4), po<strong>de</strong>mos ver que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o instante inicial até o instante<br />

<strong>de</strong> tempo igual a<br />

τ<br />

C<br />

, a carga no capacitor (e, conseqüentemente, a diferença <strong>de</strong><br />

potencial entre suas placas) atinge aproximadamente 63,2% do valor máximo. A<br />

carga será 86,5% do valor máximo quando t = 2τ<br />

C<br />

e 95,0% quando t = 3τ<br />

C<br />

.<br />

353<br />

354


ATIVIDADE 26.1<br />

Mostre que, para t = τ<br />

C<br />

, t = 2τ<br />

C<br />

, t = 3τ<br />

C<br />

, a carga no capacitor atinge,<br />

respectivamente, os valores 63,2%, 86,5% e 95% da carga máxima no capacitor.<br />

tempo.<br />

Na figura 26.3 mostramos o valor da corrente no circuito como função do<br />

1,0<br />

0,8<br />

A corrente inicial, <strong>de</strong> acordo com a equação 26.5, é igual ao valor da fem<br />

dividido pelo da resistência. Como inicialmente não há carga no capacitor, toda a<br />

tensão fornecida pela fem aparece no resistor. Com o passar do tempo a diferença<br />

<strong>de</strong> potencial no capacitor aumenta enquanto a tensão no resistor diminui, ou seja,<br />

a carga no capacitor aumenta enquanto o valor da corrente diminui.<br />

Em um intervalo <strong>de</strong> tempo igual à constante <strong>de</strong> tempo do circuito, a corrente<br />

diminui para aproximadamente 37% <strong>de</strong> seu valor inicial.<br />

Se essa corrente permanecesse com o valor inicial o capacitor seria<br />

carregado completamente (a diferença <strong>de</strong> potencial entre suas placas atingiria o<br />

valor ε ) em um intervalo igual à constante <strong>de</strong> tempo do circuito. Isto po<strong>de</strong> ser<br />

visto na figura 26.2, on<strong>de</strong> mostramos, com traço cheio, a evolução temporal da<br />

diferença <strong>de</strong> potencial no capacitor ( V = q / C ) e, com linha tracejada, como esta<br />

evoluiria, se o valor da corrente fosse mantido constante e igual ao seu valor inicial.<br />

i/i o<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,0<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

Figura 26.3: Fração da corrente no circuito RC relativa ao valor da corrente inicial. O<br />

intervalo <strong>de</strong> tempo é dado em termos da constante <strong>de</strong> tempo do circuito,<br />

τ<br />

C = RC. Quando<br />

se passa um intervalo igual a uma constante <strong>de</strong> tempo o valor da corrente é <strong>de</strong><br />

aproximadamente 37% <strong>de</strong> seu valor inicial e é <strong>de</strong> 5% quando o intervalo <strong>de</strong> tempo é <strong>de</strong> três<br />

vezes o valor daquela constante.<br />

t/τ c<br />

1,0<br />

V/E<br />

0,8<br />

0,6<br />

0,4<br />

0,2<br />

0,0<br />

0 1 2 3 4 5<br />

Conforme já dissemos, o intervalo <strong>de</strong> tempo necessário para se atingir a<br />

situação em que todo o potencial gerado pela fem esteja no capacitor e corrente<br />

seja nula ten<strong>de</strong> ao infinito.<br />

Entretanto, nas figuras 26.2 e 26.3, po<strong>de</strong>mos ver que, quando se passa um<br />

intervalo <strong>de</strong> tempo em torno <strong>de</strong> cinco ou seis vezes a constante <strong>de</strong> tempo, po<strong>de</strong>-se<br />

consi<strong>de</strong>rar que tanto a corrente no circuito quanto a diferença <strong>de</strong> potencial no<br />

capacitor atingem seu valor <strong>de</strong> equilíbrio, zero e ε , respectivamente.<br />

Vamos analisar agora o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga do capacitor, ou seja, quando<br />

a diferença <strong>de</strong> potencial entre as placas do capacitor representado na figura 26.1<br />

atinge um valor arbitrário V<br />

0<br />

, estando a chave ligada ao terminal “a”, passa-se a<br />

Figura 26.2: Fração da diferença <strong>de</strong> potencial entre as placas do capacitor, relativo a<br />

seu valor máximo, durante o processo <strong>de</strong> carga (linha cheia). Quando o intervalo <strong>de</strong> tempo<br />

atinge o valor <strong>de</strong> uma constante <strong>de</strong> tempo do circuito, a diferença <strong>de</strong> potencial atinge 63%<br />

do valor da fem presente no circuito. A diferença <strong>de</strong> potencial que teríamos se a<br />

corrente fosse constante, e igual ao valor inicial, é dada pela linha tracejada.<br />

t/τ c<br />

chave para o terminal “b”.<br />

Ocorre nesse instante a eliminação da fonte <strong>de</strong> força eletromotriz no<br />

circuito, que passa a ser <strong>de</strong>scrito pela equação:<br />

356<br />

355


q<br />

C<br />

+<br />

dq<br />

R = 0.<br />

dt<br />

(26.7)<br />

Como no caso da carga, po<strong>de</strong>mos integrar esta equação, consi<strong>de</strong>rando nulo<br />

o tempo no momento em que a chave é ligada em “b”:<br />

cento <strong>de</strong> seu valor máximo.<br />

Com uma fem <strong>de</strong> 12 V e com a chave na posição “a” o capacitor é carregado,<br />

inicialmente, até a tensão <strong>de</strong> 10 V, quando se inicia o funcionamento, passando a<br />

chave para a posição “b”.<br />

q ( t )<br />

∫<br />

0<br />

∫<br />

q<br />

dq<br />

q<br />

= t<br />

0<br />

− dt<br />

.<br />

RC<br />

(26.8)<br />

3<br />

Consi<strong>de</strong>rando os valores <strong>de</strong> R = 200 Ω.<br />

e C = 3 ,00×<br />

10 µ F , quais os valores<br />

máximo e mínimo da tensão no capacitor e qual o valor da corrente máxima?<br />

O resultado das integrais é:<br />

⎡q(<br />

t)<br />

⎤ − t<br />

ln⎢<br />

⎥ = .<br />

⎣ q0 ⎦ RC<br />

(26.9)<br />

Quanto tempo a lâmpada permanece acesa e quanto tempo permanece apagada se<br />

ela só emite luz quando a corrente é igual ou superior a cinqüenta por cento seu<br />

valor máximo?<br />

Po<strong>de</strong>mos, finalmente, escrever a carga no capacitor como função do tempo e<br />

sua <strong>de</strong>rivada temporal que é a corrente:<br />

−t<br />

RC<br />

q( t)<br />

q e<br />

(26.10)<br />

= 0<br />

e<br />

−t<br />

q0 RC<br />

i = − e .<br />

(26.11)<br />

RC<br />

A carga no capacitor diminui exponencialmente, governada pela mesma<br />

constante <strong>de</strong> tempo do processo <strong>de</strong> carga. Tanto a carga quanto a corrente<br />

diminuem para algo em trono <strong>de</strong> 37% <strong>de</strong> seu valor inicial em um intervalo igual a<br />

uma constante <strong>de</strong> tempo.<br />

A corrente tem, em cada instante, um valor igual à diferença <strong>de</strong> potencial,<br />

q ( t)<br />

/ C , aplicada ao resistor, dividida pelo valor da resistência. Este resultado é o<br />

esperado, pois, como foi retirada a fonte do circuito, apenas a diferença <strong>de</strong> potencial<br />

do capacitor é a responsável pela corrente que percorre o resistor.<br />

Além disso, o sinal da corrente encontrada é negativo. Isto que indica que,<br />

durante a <strong>de</strong>scarga, a corrente que percorre o circuito tem, como é <strong>de</strong> se esperar, o<br />

sentido contrário ao indicado na figura 26.1.<br />

EXEMPLO 26.1<br />

Em <strong>de</strong>terminado sistema “pisca-pisca” usa-se um circuito como o da figura 26.1,<br />

em que o resistor é, na verda<strong>de</strong>, uma pequena lâmpada e a chave é um dispositivo<br />

automático que alterna sua posição, toda vez que a corrente diminui para vinte por<br />

RESOLUÇÃO: Inicialmente encontramos o valor da constante <strong>de</strong> tempo do circuito:<br />

3<br />

−3<br />

RC = (200Ω)<br />

× (3,00 × 10 µ F)<br />

= 200×<br />

2 × 10 = 0,600s.<br />

(26.12)<br />

De acordo com a equação 26.11, o valor máximo da corrente é o da corrente<br />

inicial. Como<br />

q<br />

0<br />

/ C é a tensão inicial, que é máxima, vemos que:<br />

i = V / R = 10 / 200 = 50,0mA.<br />

(26.13)<br />

max<br />

0<br />

Igualando a exponencial naquela equação a 0,2 (20%) encontramos o intervalo <strong>de</strong><br />

tempo durante o qual a chave permanece na posição “b”, enquanto o capacitor se<br />

<strong>de</strong>scarrega, isto é:<br />

t<br />

Rc<br />

( 5) = 1,61RC<br />

0,966 s<br />

0 ,2 = e<br />

− ⇒ t = RC ln<br />

= . (26.14)<br />

Após este tempo, em que a diferença <strong>de</strong> potencial no capacitor cai para 20% da<br />

inicial, ou seja, 2,00 V, a chave passa para a posição “a”, e o capacitor passa a ser<br />

carregado.<br />

Igualando essa mesma exponencial a 0,5 obtemos o intervalo <strong>de</strong> tempo,<br />

que a lâmpada permanece acesa durante a <strong>de</strong>scarga:<br />

t<br />

Rc<br />

( 2) = 0,693RC<br />

0,416 s<br />

∆ ta<br />

, em<br />

0 ,5 = e<br />

− ⇒ ∆t<br />

= RC ln<br />

= . (26.15)<br />

a<br />

Dessa forma a lâmpada permanece apagada por um intervalo <strong>de</strong> tempo igual a<br />

0 ,916 RC = 0, 550s .<br />

Para encontrarmos o tempo <strong>de</strong> carga do capacitor <strong>de</strong>vemos integrar a equação 26.1<br />

usando como limite inferior da carga, seu valor quando o potencial atinge o valor<br />

357<br />

358


mínimo <strong>de</strong> dois volts. O resultado é:<br />

10<br />

Cε<br />

− q<br />

Cε<br />

− q<br />

min<br />

= e<br />

− t<br />

RC<br />

.<br />

(26.16)<br />

8<br />

Rearranjando os termos <strong>de</strong>sta equação encontramos a carga (ou o potencial) no<br />

capacitor:<br />

t<br />

( C − q ) ⎛1<br />

− e .<br />

−<br />

q = q +<br />

min ⎜ RC<br />

⎟<br />

⎞<br />

mim<br />

ε (26.17)<br />

⎝ ⎠<br />

Derivando em relação ao tempo encontramos a expressão para a corrente:<br />

Tensão (V)<br />

6<br />

4<br />

2<br />

− V −t<br />

min RC<br />

i = ε e .<br />

(26.18)<br />

R<br />

Po<strong>de</strong>mos ver que, sendo 2,00 V a tensão mínima e 12,0 V a fem do circuito, a<br />

corrente máxima durante a carga do capacitor é a mesma que encontramos na<br />

<strong>de</strong>scarga. A corrente cairá para 20% <strong>de</strong>ste valor em um intervalo <strong>de</strong> tempo idêntico<br />

ao da <strong>de</strong>scarga, que é tempo necessário para a exponencial atingir o valor 0,2.<br />

Usando este valor da exponencial na expressão da carga encontramos o potencial<br />

máximo durante a carga:<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

Tempo (s)<br />

Figura 26.4: A tensão no capacitor varia entre o valor mínimo <strong>de</strong> 2,0 V ao valor máximo <strong>de</strong><br />

10 V, alimentado por uma fem <strong>de</strong> 12 V e controlado por uma chave automática que alterna<br />

sua polarida<strong>de</strong> quando a tensão atinge os valores limites.<br />

60<br />

V = ,2V<br />

+ 0,8ε = 0,400 V + 9,6 V = 10,0 V.<br />

(26.19)<br />

max<br />

0<br />

min<br />

Igualmente, a lâmpada permanece acesa por um intervalo <strong>de</strong> tempo igual ao<br />

encontrado durante a <strong>de</strong>scarga.<br />

Resumindo: A lâmpada permanece acesa durante por 416 ms e apagada por 550<br />

ms, tanto durante a carga do capacitor quanto durante a <strong>de</strong>scarga. A tensão no<br />

capacitor varia entre o máximo <strong>de</strong> <strong>de</strong>z volts e o mínimo <strong>de</strong> dois volts.<br />

Na figura 26.4 mostramos a evolução da tensão no capacitor e na figura 26.5 a da<br />

corrente no circuito. Nesta última vemos setas horizontais que indicam os momento<br />

em que a lâmpada <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> emitir luz, voltando a acen<strong>de</strong>r toda vez que a chave<br />

alterna sua posição.<br />

359<br />

Corrente (mA)<br />

40<br />

20<br />

0<br />

-20<br />

-40<br />

-60<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

Tempo (s)<br />

Figura 26.5: Corrente no circuito do pisca-pisca. Durante a carga do capacitor a corrente,<br />

inicialmente com valor <strong>de</strong> 50 mA, diminui até o valor <strong>de</strong> 10 mA. Nesse instante a chave<br />

alterna sua polarida<strong>de</strong> para que o capacitor se <strong>de</strong>scarregue. A corrente passa a ser<br />

negativa, com valor inicial <strong>de</strong> 50 mA, que diminui até 10 mA, quando <strong>de</strong> novo o capacitor<br />

volta a ser carregado. As setas mostram os instantes em que a lâmpada <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> emitir luz.<br />

360


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 26.2<br />

Deseja-se carregar um capacitor até a tensão <strong>de</strong> 20,0 V. Se usássemos uma fem <strong>de</strong><br />

20,0 V para carregá-lo, o tempo <strong>de</strong> carga seria infinito. Por isto utilizamos uma fem<br />

<strong>de</strong> 21 V. Qual o tempo <strong>de</strong> carga nesta situação se sua capacitância é C = 106 µ F e<br />

se há uma resistência em série com este cuja resistência é <strong>de</strong> R = 300 Ω.<br />

? Qual o<br />

tempo necessário para que o capacitor, com uma diferença <strong>de</strong> potencial inicial entre<br />

suas placas <strong>de</strong> 20,0 V se <strong>de</strong>scarregue através da resistência interna <strong>de</strong> um<br />

voltímetro <strong>de</strong> valor R V<br />

= 47 kΩ.<br />

até atingir a tensão <strong>de</strong> 1,00 V?<br />

ATIVIDADE 26.1<br />

Substitua t = τ na equação 26.10 e faça os cálculos, lembrando que se <strong>de</strong>seja o<br />

C<br />

percentual da carga máxima no tempo em questão. Por exemplo:<br />

⎛<br />

q( t)<br />

Cε<br />

⎜<br />

1 − e<br />

⎝<br />

q(<br />

t<br />

=<br />

−<br />

t<br />

RC<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

⎛<br />

RC)<br />

= Cε<br />

⎜<br />

1 − e<br />

⎝<br />

⎞<br />

⎟<br />

= Cε<br />

⎠<br />

−RC<br />

=<br />

RC<br />

−<br />

1<br />

( 1 − e ) = Cε<br />

( 1 − 0,368) = Cε<br />

( 0,632)<br />

q(<br />

t = RC)<br />

= 0,632 = 63,2%<br />

Cε<br />

ATIVIDADE 26.2<br />

A constante <strong>de</strong> tempo do circuito, durante a carga do capacitor é:<br />

−6<br />

τ<br />

C<br />

= RC = 300Ω × 106 × 10 F =<br />

31,8 ms.<br />

De acordo com a equação 26.4, o tempo <strong>de</strong> carga é dado por:<br />

20 ,0V<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> tiramos o intervalo <strong>de</strong> tempo.<br />

⎛<br />

21,0 V ⎜1<br />

− e<br />

⎝<br />

−t<br />

=<br />

τ c<br />

⎞<br />

⎟<br />

⎠<br />

t = τ ln[ 21] = 3,04τ<br />

= 96, ms .<br />

c c<br />

7<br />

Com o capacitor carregado e <strong>de</strong>sligado do circuito, medimos sua tensão com<br />

um voltímetro cuja resistência interna é <strong>de</strong> 47 k Ω.<br />

. Neste caso, ao começarmos a<br />

medição, a diferença <strong>de</strong> potencial é <strong>de</strong> 20,0 V e vai caindo <strong>de</strong> acordo com a nova<br />

constante <strong>de</strong> tempo que é o produto da capacitância do capacitor pela resistência<br />

interna do voltímetro:<br />

3<br />

−6<br />

τ<br />

C<br />

= RC = 47 × 10 Ω × 106 × 10 F =<br />

4,98 s.<br />

O tempo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga é, <strong>de</strong> acordo com a equação 26.10, dado por:<br />

−t<br />

c<br />

1=<br />

20. e τ ,<br />

ou seja t = τ ln( 20,0) = 3,00τ<br />

14,9 s.<br />

C C<br />

=<br />

361<br />

362


PENSE E RESPONDA<br />

PROBLEMAS DA UNIDADE<br />

PR26.1) Quando um resistor, uma bateria e um capacitor são ligados em série, o<br />

resistor influencia a carga máxima que po<strong>de</strong> ser armazenada no capacitor? Por<br />

quê? Para que serve o resistor?<br />

PR26.2) Para uma resistência muito gran<strong>de</strong> é fácil construir um circuito RC com<br />

uma constante <strong>de</strong> tempo da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> alguns segundos ou minutos. Como esse<br />

resultado po<strong>de</strong>ria servir para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> uma resistência tão gran<strong>de</strong> que<br />

não pu<strong>de</strong>sse ser medida com os instrumentos comuns?<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

P26.1) Que múltiplo da constante <strong>de</strong> tempo τ é tempo necessário para que um<br />

capacitor inicialmente <strong>de</strong>scarregado em um circuito RC série seja carregado com 99<br />

% da carga final?<br />

P26.2) Mostre que o produto RC possui dimensão <strong>de</strong> tempo.<br />

P26.3) No circuito mostrado abaixo R = 10 Ω.<br />

. Qual é a resistência equivalente<br />

entre os pontos A e B? Dica: Imagine que os pontos A e B estão ligados a uma<br />

fonte.<br />

E26.1) Um capacitor com uma carga inicial q<br />

0<br />

é <strong>de</strong>scarregado através <strong>de</strong> um<br />

2,0 R<br />

B<br />

resistor. Que múltiplo da constante <strong>de</strong> tempo τ é necessário para que o capacitor<br />

<strong>de</strong>scarregue (a) um terço da carga inicial; (b) dois terços da carga inicial?<br />

4,0 R R<br />

6,0 R<br />

E26.2) Um capacitor <strong>de</strong><br />

1 µ F com uma energia inicial <strong>de</strong> 0,50 J é <strong>de</strong>scarregado<br />

através <strong>de</strong> um resistor <strong>de</strong> 1 M Ω.<br />

. (a) Qual é a carga inicial do capacitor? (b) Qual é<br />

a corrente no resistor quando a <strong>de</strong>scarga começa?<br />

A<br />

3,0 R<br />

Figura 26.6: Circuito do problema 26.3.<br />

E26.3) Num circuito RC série, C = 1,80 µ F , R = 1,40<br />

MΩ.<br />

e ε = 12,0V<br />

. (a) Qual é a<br />

constante <strong>de</strong> tempo? (b) Qual a carga máxima que o capacitor po<strong>de</strong> receber ao ser<br />

<strong>de</strong>scarregado? (c) Quanto tempo é necessário para que a carga do capacitor atinja<br />

o valor <strong>de</strong> C = 16,0 µ F ?<br />

P26.4) No circuito mostrado abaixo, R<br />

1<br />

= 20,0 Ω.<br />

, R<br />

2<br />

= 10,0 Ω.<br />

e a força<br />

eletromotriz da fonte i<strong>de</strong>al é<br />

ε = 120 V<br />

. Determine a corrente no ponto a (a) com<br />

apenas a chave S<br />

1 fechada. (b) Com apenas a chave S<br />

1 e S<br />

2 fechadas e (c) com<br />

as três chaves fechadas.<br />

E26.4) Um resistor R = 850 Ω.<br />

carregado com capacitância dada por<br />

é conectado com as placas <strong>de</strong> um capacitor<br />

C = 4,62 µ F . Imediatamente antes da<br />

conexão ser feita, a carga no capacitor é 8,10 mC. (a) Qual é a energia<br />

armazenada inicialmente no capacitor? (b) Qual é a potência elétrica dissipada no<br />

resistor imediatamente após a conexão ser feita? (c) Qual é a potência elétrica<br />

dissipada no resistor no instante em que a energia armazenada no capacitor se<br />

reduziu à meta<strong>de</strong> do valor calculado no item (a)?<br />

Figura 26.7: Circuito do problema 26.4.<br />

363<br />

364


P26.4) Determine a potência dissipada em um resistor sujeito a uma <strong>de</strong> potencial<br />

constante <strong>de</strong> 120 V se sua resistência é <strong>de</strong> (a) 5,0<br />

Ω . e (b) 10,0<br />

Ω ..<br />

P26.5) Uma bateria possui uma fem ε e uma resistência r . Quando um resistor <strong>de</strong><br />

5,0<br />

Ω . é conectado entre seus terminais, a corrente é <strong>de</strong> 0,50 A. Quando esse<br />

resistor é substituído por outro 11 Ω . , a corrente passa a ser 0,25 A. Determine (a)<br />

a fem ε e (b) a resistência interna r .<br />

P26.6) Uma corrente I = 6,0 A passa por uma parte <strong>de</strong> um circuito, como mostrado<br />

na figura 26.7. As resistências são R = R = ,0R<br />

= 2,0R<br />

= 4,0 .. Qual é a<br />

corrente i 1 no resistor R<br />

1 ?<br />

1 2<br />

2<br />

3<br />

4<br />

Ω<br />

Figura 26.7: Parte do circuito do problema 26.6.<br />

P26.7) Um fio com 1 m <strong>de</strong> comprimento tem uma resistência <strong>de</strong> 0,3<br />

Ω . . Ele é<br />

estendido uniformemente até um comprimento <strong>de</strong> 2 m. Qual será a sua nova<br />

resistência?<br />

365


UNIDADE VIII<br />

CAMPO MAGNÉTICO<br />

Nesta unida<strong>de</strong> será discutida a origem do campo magnético gerado por um<br />

imã permanente e por um fio pelo qual circula uma corrente estacionária. A relação<br />

entre os vetores força magnética e indução magnética será <strong>de</strong>finida em função dos<br />

experimentos. Assim po<strong>de</strong>remos discutir as várias aplicações tecnológicas que<br />

utilizam o campo magnético.<br />

366<br />

367


27.2 O CAMPO MAGNÉTICO<br />

AULA 27 CAMPO MAGNÉTICO E FORÇA MAGNÉTICA<br />

- DEFINIR CAMPO MAGNÉTICO<br />

- DEFINIR FORÇA MAGNÉTICA<br />

27.1 UM POUCO DE HISTÓRIA<br />

OBJETIVOS<br />

A cida<strong>de</strong> grega <strong>de</strong> Magnésia já era conhecida na Antiguida<strong>de</strong> por existir, na<br />

sua região, um mineral ( Fe 3O4<br />

) cuja característica era atrair pequenos pedaços <strong>de</strong><br />

ferro. Esse mineral, hoje conhecido como magnetita, tem seu nome relacionado ao<br />

da cida<strong>de</strong>, assim como as palavras magnético e magnetismo.<br />

Aristóteles atribuiu a Thales (625 aC – 545 aC) a primeira discussão sobre<br />

magnetismo. Na China, as primeiras referências ao magnetismo datam do quarto<br />

século antes da Era Cristã e o primeiro estudo sobre a utilização <strong>de</strong> uma bússola<br />

magnética foi feito por Shen Kuo (1031 – 1095), que mostrou a sua utilida<strong>de</strong> para<br />

a navegação. A bússola magnética é constituída basicamente por uma agulha <strong>de</strong><br />

magnetita, capaz <strong>de</strong> se orientar numa direção próxima da direção Norte-Sul<br />

geográfica. Essa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> orientação foi explicada por William Gilbert em<br />

1600, no seu livro De magnete, Magnetisque Corporibus et <strong>de</strong> Magno Magnete<br />

Tellure (Sobre os magnetos, e corpos magnéticos e sobre o gran<strong>de</strong> magneto da<br />

Terra). Gilbert mostrou experimentalmente que a Terra podia ser comparada a um<br />

enorme imã.<br />

Em 1819 começa o estudo da relação entre magnetismo e eletricida<strong>de</strong>, com a<br />

<strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> Hans Christian Oersted (1777-1851) que um fio percorrido por uma<br />

corrente elétrica influenciava uma bússola: quando esta era colocada paralelamente<br />

ao fio, ela se orientava no sentido perpendicular a ele. Paralelamente, André Marie<br />

Ampère (1775--1836), Carl Friedrich Gauss (1777-1855) e Michael Faraday<br />

(1791—1867) <strong>de</strong>senvolveram trabalhos mostrando outras relações entre<br />

eletricida<strong>de</strong> e magnetismo. Finalmente, coube a James Clerk Maxwell (1831—1879)<br />

sintetizar e expandir os resultados obtidos pelos seus antecessores, unificando<br />

eletricida<strong>de</strong>, magnetismo e óptica em uma única disciplina, <strong>de</strong>nominada<br />

eletromagnetismo. A nova teoria era muito po<strong>de</strong>rosa, mas tinha inconsistências em<br />

alguns casos, as quais foram resolvidas por Albert Einstein (1879—1955) na sua<br />

Teoria da Relativida<strong>de</strong> Restrita.<br />

Um imã permanente tem nas suas extremida<strong>de</strong>s o que chamamos <strong>de</strong> polos<br />

magnéticos (nome dado por Gilbert em analogia aos polos geográficos). A eles,<br />

damos os nomes <strong>de</strong> polo Norte e polo Sul. A experiência nos mostra que<br />

quando aproximamos polos <strong>de</strong> mesmo nome, eles se repelem; ao contrário,<br />

os polos que possuem nomes diferentes se atraem quando colocados<br />

próximos um do outro. Essa situação é semelhante à das cargas elétricas e<br />

po<strong>de</strong>ria sugerir a existência separada dos dois tipos <strong>de</strong> polos, tal como no caso das<br />

cargas elétricas. Entretanto, as experiências realizadas até hoje mostraram<br />

que não existe um polo magnético isolado na Natureza. Quando se quebra<br />

um imã em dois pedaços, polos iguais porém opostos, aparecem nas extremida<strong>de</strong>s<br />

dos dois fragmentos, resultando na formação <strong>de</strong> dois imãs.<br />

Da mesma forma que na eletricida<strong>de</strong>, as interações magnéticas são <strong>de</strong>scritas<br />

através da noção <strong>de</strong> campo magnético. As proprieda<strong>de</strong>s fundamentais dos<br />

campos magnéticos, observadas experimentalmente, são as seguintes:<br />

1) Os campos magnéticos se originam <strong>de</strong> cargas elétricas em<br />

movimento. Uma carga elétrica cria um campo elétrico quer esteja em repouso<br />

quer esteja em movimento. Entretanto, o campo magnético só é gerado por cargas<br />

elétricas em movimento. Estas cargas (em movimento), no caso <strong>de</strong> imãs,<br />

encontram-se nos átomos que os constituem.<br />

2) Uma corrente elétrica cria um campo magnético.<br />

A figura 27.1 ilustra o campo magnético existente num ímâ, na Terra e num<br />

fio transportando corrente.<br />

Figura 27.1: Ilustração do campo megnético (a) num ímã, (b) na Terra e (c) num fio<br />

tranportando corrente.<br />

368<br />

369


27.3 INDUÇÃO MAGNÉTICA E FORÇA MAGNÉTICA<br />

Quando estudamos o campo elétrico, nós o <strong>de</strong>finimos como sendo a razão<br />

entre a força elétrica exercida sobre uma carga teste pelo módulo da carga teste,<br />

isto é:<br />

r<br />

r F<br />

E =<br />

E<br />

q 0<br />

.<br />

coincidirem com o <strong>de</strong>do indicador e a direção e sentido do vetor indução magnética<br />

com o <strong>de</strong>do médio; a direção e o sentido da força magnética é dada pelo <strong>de</strong>do<br />

polegar (Figura 27.2).<br />

Por que não se <strong>de</strong>fine B r PENSE E RESPONDA 27.1<br />

na mesma direção <strong>de</strong> F r , como é feito para E r ?<br />

Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir o campo magnético <strong>de</strong> forma análoga, isto é, pelo seu efeito<br />

sobre uma carga q que se move com velocida<strong>de</strong> v r .<br />

Para <strong>de</strong>finir uma gran<strong>de</strong>za que represente o campo magnético, temos que<br />

nos basear em experiências <strong>de</strong> comportamento <strong>de</strong> cargas elétricas em movimento<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma região on<strong>de</strong> existe (obviamente) um campo magnético. Essas<br />

experiências nos permitem medir o efeito do campo sobre as cargas e esse efeito<br />

se manifesta através da força magnética<br />

F r B<br />

e é através <strong>de</strong>la que <strong>de</strong>finimos o vetor<br />

indução magnética ( B r ).<br />

A indução magnética é erroneamente <strong>de</strong>nominada campo magnético em<br />

muitos livros editados ou traduzidos no Brasil. A razão disso é que a indução<br />

magnética tem sempre a mesma direção e o mesmo sentido que o campo<br />

magnético; por isso, costuma-se i<strong>de</strong>ntificar um com o outro (faz-se o mesmo com a<br />

intensida<strong>de</strong> do campo elétrico e o campo elétrico). Entretanto, a indução<br />

magnética é uma medida do campo magnético. Devemos ter cuidado com a<br />

linguagem usada em ciência, <strong>de</strong> modo que neste curso, procuraremos usar a<br />

terminologia correta sempre que possível, mesmo porque o campo magnético po<strong>de</strong><br />

ser representado por outros vetores, como veremos posteriormente.<br />

Por <strong>de</strong>finição, a indução magnética é o vetor ( B r ) tal que a força magnética<br />

sobre uma carga <strong>de</strong> prova positiva q<br />

0<br />

, movendo-se com velocida<strong>de</strong> v r em um<br />

campo magnético, é dada pela expressão:<br />

Isto é,<br />

r r r<br />

= q 0<br />

v × B,<br />

F B<br />

(27.1)<br />

F r B<br />

é sempre perpendicular à velocida<strong>de</strong> da carga q<br />

0<br />

e também ao<br />

campo magnético existente na região. A direção e sentido da força magnética que<br />

atua sobre uma carga elétrica positiva em movimento num campo magnético são<br />

dadas pela regra da mão direita: Fazemos a direção e sentido do vetor velocida<strong>de</strong><br />

370<br />

Figura 27.2: Direção e sentido da força magnéticaque atua sobre uma carga elétrica<br />

relativamente ao campo e à velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa carga.<br />

Se o campo magnético é direcionado para o norte e uma partícula positivamente<br />

carregada está se movendo para leste, qual é a direção da força magnética sobre a<br />

partícula?<br />

Com efeito,<br />

Ela age <strong>de</strong> modo a <strong>de</strong>fletir as cargas elétricas, mas sem realizar trabalho.<br />

W<br />

PENSE E RESPONDA 27.2<br />

porque a força é sempre perpendicular ao vetor velocida<strong>de</strong> e, portanto, o produto<br />

escalar <strong>de</strong>la pelo vetor veolcida<strong>de</strong> é sempre nulo.<br />

mag<br />

r r r r r<br />

= dW = F • ds = q v × B • ( v dt)<br />

= 0<br />

∫<br />

mag<br />

∫<br />

A equação (27.1) mostra que o módulo da força magnética que atua sobre<br />

uma carga elétrica <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do ângulo formado entre a direção <strong>de</strong> movimento da<br />

carga e a direção do campo magnético. A força é máxima se a carga se move<br />

perpendicularmente ao campo magnético; é nula se a carga se move na direção do<br />

campo. Este último fato nos permite <strong>de</strong>terminar experimentalmente a direção do<br />

B<br />

371


campo magnético em uma região do espaço: ela é a mesma que a direção <strong>de</strong><br />

movimento <strong>de</strong> uma carga positiva que possui movimento retilíneo.<br />

A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indução magnética no Sistema Internacional é o TESLA (T):<br />

Se a velocida<strong>de</strong> v r e a indução B r forem perpendiculares, o movimento será uma<br />

circunferência, e a força magnética irá fazer o papel da força centrípeta (figura<br />

27.3):<br />

1 N 1 N<br />

1T<br />

= = .<br />

1C<br />

× 1 m A⋅<br />

m<br />

s<br />

Um campo magnético <strong>de</strong> 1 T é muito intenso (lembre que 1 C é uma unida<strong>de</strong><br />

que contém uma carga muito gran<strong>de</strong>). Por causa disso, costuma-se<br />

frequentememente usar uma outra unida<strong>de</strong>, o GAUSS (G):<br />

O raio da trajetória é:<br />

mv<br />

F = qvB =<br />

r<br />

mv<br />

r =<br />

qB<br />

2<br />

1 G = 10<br />

.<br />

− 4 T<br />

O campo magnético da Terra é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,6 G. Nos trabalhos <strong>de</strong> pesquisa<br />

em laboratórios, po<strong>de</strong>mos produzir campo magnéticos muito intensos, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

algumas centenas <strong>de</strong> Tesla. Entretanto, tais valores são conseguidos durante<br />

intervalos <strong>de</strong> tempo muito pequenos.<br />

Note que o raio da trajetória é diretamente proporcional ao momento<br />

linear da partícula.<br />

Outra informação importante po<strong>de</strong> ser extraída da frequência angular do<br />

movimento <strong>de</strong>ssa partícula, ou seja:<br />

ω =<br />

v<br />

r<br />

qB<br />

= .<br />

m<br />

Concluímos que ω é proporcional à relação carga/massa da partícula em<br />

EXEMPLO 27.1<br />

Descreva, o movimento <strong>de</strong> uma partícula carregada em um campo magnético <strong>de</strong><br />

indução B r , entrando no plano da página (indicado pelo símbolo X), como mostra<br />

a Figura 27.3.<br />

questão.<br />

Essa frequência angular é <strong>de</strong>nominada frequência cíclotron, porque, em um<br />

<strong>de</strong>terminado tipo <strong>de</strong> acelerador <strong>de</strong> partículas atômicas e subatômicas -- o<br />

cíclotron -- partículas carregadas circulam exatamente com essa frequència.<br />

SOLUÇÃO: Lembre-se <strong>de</strong> que a força magnética altera a direção da velocida<strong>de</strong>,<br />

mas não o seu módulo. Por isso toda partícula carregada mergulhada num<br />

campo magnético mantém sua energia cinética.<br />

ATIVIDADE 27.1<br />

Um elétron com energia cinética <strong>de</strong> 15 eV (1 eV=<br />

1,60<br />

−19<br />

× 10 J) é lançado<br />

perpendicularmente a um campo magnético <strong>de</strong> indução B = 1, 0 G entrando no<br />

plano da página.<br />

(a) Qual é o raio <strong>de</strong> sua órbita?<br />

(b) Qual é a sua freqüência cíclotron?<br />

(c) Qual é o período <strong>de</strong> seu movimento?<br />

(d) Qual é o sentido <strong>de</strong> seu movimento circular quando visto por um observador<br />

olhando na mesma direção e sentido do campo?<br />

(e) Qual é o sentido <strong>de</strong> seu movimento circular quando visto por um observador<br />

olhando na mesma direção mas no sentido oposto ao do campo?<br />

Figura 27.3 : Carga positiva em campo magnético.<br />

EXEMPLO 27.2<br />

372<br />

373


Uma partícula carregada positivamente penetra num campo magnético com uma<br />

velocida<strong>de</strong>:<br />

r<br />

v = v iˆ<br />

v ˆ<br />

x y<br />

j v<br />

zk<br />

ˆ<br />

0<br />

+<br />

0<br />

+<br />

0<br />

Supondo que B r seja constante e que esteja apontando na direção x <strong>de</strong> um<br />

sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas, <strong>de</strong>termine o movimento da partícula em função do<br />

tempo, a partir <strong>de</strong> t=0. Faça um esboço da trajetória.<br />

Solução: Ao penetrar no camo magnético, a partícula ficará sujeita a uma força<br />

magnética<br />

r r r<br />

= q v × B<br />

Portanto, equação <strong>de</strong> movimento da partícula será:<br />

r<br />

dv r r<br />

m = qv × B<br />

dt<br />

r<br />

Como: B = B iˆ<br />

, vem:<br />

r<br />

iˆ<br />

ˆj<br />

k<br />

r r<br />

r<br />

v × B = v v v = 0iˆ<br />

+ v B ˆj<br />

− v B kˆ<br />

Então:<br />

x<br />

B<br />

v<br />

0<br />

F B<br />

z<br />

0<br />

0<br />

dv<br />

m<br />

x = 0<br />

dt<br />

Integrando essa equação com a condição <strong>de</strong> que, em t = 0 ,<br />

x<br />

= v<br />

x<br />

, obtemos,<br />

z<br />

y<br />

v<br />

0<br />

para a componente da velocida<strong>de</strong> da partícula ao longo do eixo Ox:<br />

vx<br />

= v0x<br />

Integrando esta equação, obtemos a componente do vetor-posição da partícula<br />

ao longo <strong>de</strong> Ox:<br />

x = x + v<br />

0<br />

em que esta equação é obtida com a condição <strong>de</strong> que, em t = 0,<br />

x = x0<br />

. Então, o<br />

movimento da partícula ao longo do eixo Ox é retilíneo e uniforme.<br />

Para a componente do movimento segundo Oy, temos:<br />

t<br />

0 x<br />

dv<br />

y<br />

m = + q vz<br />

B<br />

(27.3)<br />

dt<br />

e, para a componete do movimento segundo Oz:<br />

(27.4)<br />

dvz<br />

m = −q v<br />

y<br />

B<br />

dt<br />

Essas duas equações não po<strong>de</strong>m ser resolvidas separadamente pois nelas,<br />

aparecem as duas componentes da velocida<strong>de</strong>. Para resolver esse sistema,<br />

<strong>de</strong>rivemos a equação 27-4 em relação ao tempo:<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> tiramos:<br />

2<br />

d v<br />

2<br />

dt<br />

z<br />

dv<br />

y<br />

= −ω<br />

dt<br />

dv<br />

dt<br />

y<br />

= −<br />

1 d v<br />

ω dt<br />

2<br />

z<br />

2<br />

⎛ qB ⎞<br />

⎜ω<br />

= ⎟<br />

⎝ m ⎠<br />

Levando a equação (27.3) nesta ultima e lembrando o valor <strong>de</strong> ω , obtemos:<br />

ou:<br />

q v<br />

z<br />

B<br />

m<br />

d v<br />

dt<br />

= −<br />

1 d v<br />

ω dt<br />

2<br />

z 2<br />

+ ω v<br />

2<br />

z<br />

2<br />

z<br />

2<br />

= 0<br />

Esta equação é a mesma <strong>de</strong> um oscilador harmônico simples, cuja solução é uma<br />

função seno (ou co-seno) da componente da velocida<strong>de</strong> segundo o eixo Oz. Seja,<br />

então a solução:<br />

v z<br />

= A sen ( ω t + φ)<br />

em que A e φ são constantes a serem <strong>de</strong>terminadas. Levando esta equação na<br />

equação diferencial para<br />

que, integrada, nos dá:<br />

v<br />

y<br />

, obtemos:<br />

dv<br />

y<br />

= ω v<br />

y<br />

= ω A sen ( ωt<br />

+ φ)<br />

dt<br />

v y<br />

= −C cos(<br />

ω t + φ)<br />

As constantes <strong>de</strong> integração <strong>de</strong>ssas componentes da velocida<strong>de</strong> segundo os eixos<br />

Oy e Oz são <strong>de</strong>terminadas com os valores iniciais da posição e da velocida<strong>de</strong> da<br />

carga elétrica.<br />

374<br />

375


A integração <strong>de</strong>ssas equações resulta em:<br />

C<br />

A<br />

y = − sen ( ω t + φ)<br />

z = − cos ( ω t + ϕ)<br />

ω<br />

ω<br />

O movimento da partícula ao longo dos eixos Oy e Oz é uma composição <strong>de</strong> dois<br />

movimentos oscilatórios, que, projetado sobre o plano yz resulta em um círculo<br />

<strong>de</strong> raio:<br />

2 2<br />

( A + C )<br />

r =<br />

ω<br />

1<br />

2<br />

move em uma região do espaço contendo um campo elétrico e outro magnético, o<br />

campo elétrico é quem acelera a carga; o campo magnético só a <strong>de</strong>flete. A energia<br />

total é conservada.<br />

ATIVIDADE 27.2<br />

Numa experiência que visa medir a intensida<strong>de</strong> da indução magnética <strong>de</strong> um<br />

conjunto <strong>de</strong> bobinas, aceleram-se elétrons a partir do do repouso através <strong>de</strong> uma<br />

diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> 350 V e o feixe <strong>de</strong> elétrons <strong>de</strong>screve uma trajetória<br />

curva <strong>de</strong> raio<br />

feixe:<br />

a) qual o módulo <strong>de</strong> B r ?<br />

7,5 cm . Admitindo que o campo magnético seja perpendicular ao<br />

b) qual a frequência angular <strong>de</strong> revolução dos elétrons?<br />

c) qual o seu período <strong>de</strong> revolução?<br />

A Figura 27.4 mostra a trajetória da partícula.<br />

27.4 CONFINAMENTO DE PARTÍCULAS USANDO O CAMPO<br />

MAGNÉTICO<br />

Aqui vamos ver que apenas com os conhecimento básicos adquiridos po<strong>de</strong>mos<br />

compreen<strong>de</strong>r a física <strong>de</strong> fenômenos importantes.<br />

Figura 27.4: Trajetória da partícula com velocida<strong>de</strong> v<br />

27.4.1 A GARRAFA MAGNÉTICA<br />

Como po<strong>de</strong>mos ver na Figura, enquanto a partícula se move com velocida<strong>de</strong><br />

constante na direção Ox, ela também <strong>de</strong>screve um círculo no plano<br />

perpendicular a esta direção, cujo raio é <strong>de</strong>finido pela amplitu<strong>de</strong> das<br />

componentes da velocida<strong>de</strong> nas direções y e z.<br />

Quando partículas carregadas se movem num campo magnético que não é<br />

uniforme, seu movimento po<strong>de</strong> ser bastante complicado. Uma "garrafa magnética"<br />

é construída da seguinte forma: tomemos duas espiras <strong>de</strong> corrente como indicado<br />

na figura 27.5:<br />

27.3.1 FORÇA DE LORENTZ<br />

Quando uma carga elétrica se move em uma região do espaço on<strong>de</strong><br />

coexistem um campo elétrico e um campo magnético, ela fica sujeita a uma força<br />

resultante, dada por:<br />

r<br />

F<br />

r r r r r r<br />

E + q v × B = q ( E + v × )<br />

(27.5)<br />

= q0 0<br />

0<br />

B<br />

que também é conhecida com o nome <strong>de</strong> força <strong>de</strong> Lorentz. Devido ao caráter das<br />

forças elétricas e magnéticas, é preciso ressaltar que, quando uma carga elétrica se<br />

376<br />

Figura 27.5: A garrafa magnética.<br />

Nessas circunstâncias, uma partícula carregada que comece seu movimento<br />

numa das extremida<strong>de</strong>s do campo fixada por uma das espiras, irá espiralar em<br />

torno das linhas <strong>de</strong> campo até chegar à outra extremida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> inverte a direção<br />

377


e espirala para trás. As partículas carregadas po<strong>de</strong>m assim ficar confinadas <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>ssa configuração <strong>de</strong> campo magnético.<br />

Essa idéia foi usada para cofinar gases muito quentes ( T > 10 6 K)<br />

constituídos<br />

por elétrons e íons positivos, os chamados plasmas. Este esquema <strong>de</strong> confinamento<br />

<strong>de</strong> plasma po<strong>de</strong> ter papel relevante em processos <strong>de</strong> fusão nuclear controlada, que<br />

nos proporcionariam uma fonte essencialmente inesgotável <strong>de</strong> energia.<br />

Infelizmente, as garrafas magnéticas não são perfeitas: quando um número muito<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> partículas estiver confinado, haverá colisões entre elas, que vazarão do<br />

sistema.<br />

27.4.2 OS CINTURÕES DE VAN ALLEN E AS AURORAS BOREAIS<br />

Os cinturões <strong>de</strong> Van Allen são constituídos por partículas carregadas (na sua<br />

maioria elétrons e prótons) que envolvem a Terra em formato <strong>de</strong> roscas conforme<br />

ilustrado na figura 27.6. Esses cinturões <strong>de</strong> radiação foram <strong>de</strong>scobertos em 1958<br />

por James Van Allen, que usou os dados reunidos pela instrumentação embarcada<br />

no satélite Explorer I. As partículas carregadas capturadas pelo campo magnético<br />

(não uniforme!) da Terra, espiralam em torno das linhas <strong>de</strong>sse campo, <strong>de</strong> um lado<br />

para outro. Essas partículas provêm, em sua maior parte do Sol, mas algumas<br />

provém <strong>de</strong> estrelas e outros corpos celestes. Por essa razão esses feixes <strong>de</strong><br />

partículas são <strong>de</strong>nominados raios cósmicos.<br />

A maior parte dos raios cósmicos é <strong>de</strong>sviada pelo campo magnético da Terra e<br />

nunca a atinge. No entanto, algumas são capturadas e formam o cinturão<br />

mencionado. Quando essas partículas estão na atmosfera terrestre, sobre os polos,<br />

coli<strong>de</strong>m com átomos da atmosfera e provocam emissão <strong>de</strong> luz por esses átomos. É<br />

essa a origem das auroras boreais.<br />

PENSE E RESPONDA 27.3<br />

Pesquise sobre as auroras boreais na internet e compartilhe com seus colegas no<br />

ambiente virtual <strong>de</strong> aprendizagem.<br />

27.5 APLICAÇÕES TECNOLÓGICAS DO USO DE UM CAMPO<br />

MAGNÉTICO<br />

27.5.1 FILTRO DE VELOCIDADE<br />

Em muitas experiências que envolvem o movimento <strong>de</strong> partículas<br />

carregadas, é importante ter uma fonte <strong>de</strong> partículas que se movem com uma<br />

mesma velocida<strong>de</strong>. Isso po<strong>de</strong> ser conseguido pela aplicação simultânea <strong>de</strong> um<br />

campo elétrico e um campo magnético, orientados como na Figura 27.7.<br />

Figura 27.7: Filtro <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s.<br />

O campo elétrico está orientado para baixo enquanto que o campo<br />

magnético é aplicado perpendicularmente a ele, como indicado.<br />

Admitindo que a carga q das partículas seja positiva, vemos que a força<br />

magnética está dirigida para cima e a elétrica para baixo (Figura 27.8).<br />

Figura 27.6: Cinturões <strong>de</strong> Van Allen, ilustrando o campo magnético da terra e a<br />

trajetória das partículas.<br />

378<br />

Figura 27.8: Forças envolvidas na carga.<br />

379


Se os campos forem escolhidos <strong>de</strong> tal forma que a força elétrica equilibre a<br />

magnética, a partícula se moverá numa reta horizontal e sairá da região entre os<br />

campos à direita. A velocida<strong>de</strong> que ela terá é dada por:<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> vem:<br />

qvB = qE ,<br />

E<br />

v = . B<br />

Note então, que apenas as partículas com essa velocida<strong>de</strong> passam sem<br />

<strong>de</strong>svio pela região dos campos cruzados E e B . Na prática, E e B são ajustados<br />

para selecionar uma certa velocida<strong>de</strong>. As outras partículas serão <strong>de</strong>sviadas para<br />

cima ou para baixo já que a velocida<strong>de</strong> da partícula filtrada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> tanto <strong>de</strong> sua<br />

massa, quanto <strong>de</strong> sua carga!<br />

PENSE E RESPONDA 27.4<br />

Ao entrarem no campo magnético B<br />

0<br />

, os íons <strong>de</strong>screvem uma trajetória<br />

semi-circular até atingir uma chapa fotográfica em P . Como já vimos,<br />

então:<br />

mv<br />

r<br />

2<br />

m<br />

q<br />

= qvB ,<br />

=<br />

rB0<br />

v<br />

Se admitirmos que o módulo do campo magnético na região do filtro <strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong>s seja B , teremos:<br />

.<br />

m rB0B<br />

=<br />

q E<br />

Note que todas as quantida<strong>de</strong>s envolvidas são mensuráveis. Assim, po<strong>de</strong>mos<br />

medir a relação carga/massa <strong>de</strong> partículas, através da medida do raio <strong>de</strong> curvatura<br />

da trajetória da partícula no campo B<br />

0<br />

.<br />

Como ficam as forças se a carga q for negativa.<br />

27.5.2 O ESPECTRÔMETRO DE MASSA<br />

O espectrômetro <strong>de</strong> massa é um instrumento que separa íons, sejam eles<br />

atômicos ou moleculares, conforme a relação carga-massa que possuam. Um feixe<br />

<strong>de</strong> íons passa por um filtro <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>pois entra numa região com um<br />

campo magnético <strong>de</strong> indução B<br />

0<br />

, como mostra a figura 27.9:<br />

ATIVIDADE 27.3<br />

Faça uma representação esquemática dos vetores v r r r r<br />

, v × B e F para a partícula na<br />

região do campo magnético <strong>de</strong> indução B r<br />

da Figura 27.8 em vários instantes <strong>de</strong><br />

0<br />

tempo para verificar a trajetória mostrada na figura.<br />

27.5.3 O CÍCLOTRON<br />

Figura 27.9: Espectrômetro <strong>de</strong> massas.<br />

Inventado em 1932 por Ernest Lawrence (1902-1958), o cíclotron é um<br />

aparelho que consegue acelerar partículas até que atinjam velocida<strong>de</strong>s muito altas.<br />

Num ciclo <strong>de</strong> operação <strong>de</strong>ste aparelho, os campos elétrico e magnético têm papel<br />

fundamental, como veremos. As partículas muito energéticas que emergem <strong>de</strong> um<br />

cíclotron são usadas para bombar<strong>de</strong>ar outros núcleos; esse bombar<strong>de</strong>io, por sua<br />

vez, provoca reações nucleares <strong>de</strong> interesse para a pesquisa <strong>de</strong> Física <strong>de</strong> partículas<br />

e altas energias. Muitos hospitais usam cíclotrons para fabricar substâncias<br />

radioativas usadas para diagnósticos e para o tratamento <strong>de</strong> algumas<br />

enfermida<strong>de</strong>s.<br />

380<br />

381


A figura 27.10 mostra um esquema <strong>de</strong> um cíclotron.<br />

O cíclotron usa uma diferença <strong>de</strong> potencial mo<strong>de</strong>rada ( 10<br />

5 V )<br />

≈ para acelerar<br />

as partículas <strong>de</strong> modo que elas <strong>de</strong>vem dar muitas voltas para chegarem à<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejada (são necessárias cerca <strong>de</strong> 100 voltas para que a energia da<br />

partícula atinja 10 Mev, com a diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong><br />

10 5 V . O campo<br />

magnético é alto, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 2 T e a região em que as partículas se movimentam<br />

é mantida à pressão da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

6<br />

10 − mm Hg para evitar colisões com as<br />

moléculas <strong>de</strong> ar.<br />

Figura 27.10: O cíclotron.<br />

O movimento das cargas ocorre em duas peças semicirculares na forma <strong>de</strong><br />

um D . Uma voltagem elevada, alternada pelo oscilador, é aplicada a esses "dês" e<br />

um campo magnético uniforme (gerado por um eletroimã) é orientado<br />

perpendicularmente ao plano dos "dês". Os íons positivos, injetados em S na<br />

vizinhança do centro dos “dês”, <strong>de</strong>screvem uma trajetória semi-circular sobre um<br />

D (o <strong>de</strong> cima na figura) e atingem a faixa <strong>de</strong> interrupção num intervalo <strong>de</strong> tempo<br />

T /2 on<strong>de</strong> T é o período <strong>de</strong> revolução. A frequência da voltagem aplicada se ajusta<br />

<strong>de</strong> modo que a diferença <strong>de</strong> potencial V entre os “dês” seja positiva; assim, os<br />

íons serão acelerados ao passarem para o “D” inferior e a variação da energia<br />

cinética acumulada neles será qV .<br />

Os íons, então se movem numa trajetória semicircular <strong>de</strong> raio maior porque<br />

a velocida<strong>de</strong> aumentou. Depois do intervalo <strong>de</strong> tempo T /2 os íons chegam<br />

novamente no intervalo entre os “dês”. Neste instante, o potencial nesse espaço foi<br />

invertido (<strong>de</strong> modo que o “dê” <strong>de</strong> cima está agora negativo) e os íons recebem um<br />

outro impulso ao passar pelo intervalo aberto entre as peças do aparelho. O<br />

movimento continua e em cada volta os íons são acelerados <strong>de</strong><br />

eles são <strong>de</strong>sviados por uma placa e jogados para fora do aparelho.<br />

PENSE E RESPONDA 27.5<br />

2 qV . Finalmente,<br />

Faça um esboço dos campos E r e B r que resultam na aceleração dos íons no<br />

cíclotron.<br />

EXEMPLO 27.3<br />

Qual a energia cinética máxima dos prótons num cíclotron <strong>de</strong> raio<br />

campo magnético <strong>de</strong><br />

0,35 T ?<br />

0,50 m num<br />

SOLUÇÃO: Aplicando para o cíclotron, a expressão que obtivemos para a força<br />

centrípeta que atua na carga em campo magnético:<br />

temos que:<br />

2 2 2<br />

1 2 q B R<br />

K = mv =<br />

2 2m<br />

2<br />

mv = qvB<br />

r<br />

−19<br />

2 2<br />

(1,60×<br />

10 C)<br />

(0,35) (0,50)<br />

=<br />

−27<br />

2(1,67×<br />

10 kg)<br />

2<br />

= 2,34×<br />

10<br />

Note que a energia cinética adquirida pelos prótons nesse acelerador é equivalente<br />

à aquela que receberiam se atravessassem uma diferença <strong>de</strong> potencial <strong>de</strong> 1,46<br />

milhões <strong>de</strong> Volts.<br />

ATIVIDADE 27.4<br />

Qual a velocida<strong>de</strong> do próton que possui a energia do Exemplo 27.3?<br />

27.5.4 A DESCOBERTA DO ELÉTRON<br />

A experiência feita por J. J. Thomson em 1897, que permitiu a <strong>de</strong>scoberta<br />

da relação carga massa do elétron, também faz uso das forças elétrica e<br />

magnética. A importância <strong>de</strong>ssa experiência foi o impulso que levou a investigação<br />

e posterior <strong>de</strong>scoberta dos átomos na matéria. Por quê? Vamos acompanhar suas<br />

observações:<br />

−13<br />

J<br />

382<br />

383


1) Thomson mostrou que os raios <strong>de</strong> um tubo <strong>de</strong> raios catódicos podiam ser<br />

<strong>de</strong>sviados, tanto por campos elétricos quanto por campos magnéticos e que,<br />

portanto, <strong>de</strong>veriam ser constituídos por partículas carregadas.<br />

2) Medindo o <strong>de</strong>svio das partículas, Thomson mostrou que todas tinham a<br />

mesma relação<br />

q/ m , mesmo as que eram provenientes <strong>de</strong> materiais diferentes.<br />

Essas partículas eram, portanto, um dos constituintes fundamentais da matéria. O<br />

passo seguinte, é claro, sabendo que a matéria é neutra, foi buscar as partículas<br />

positivas que também <strong>de</strong>vem fazer parte <strong>de</strong> toda a matéria para torná-la neutra.<br />

A velocida<strong>de</strong> dos elétrons é <strong>de</strong>terminada aplicando-se um campo magnético<br />

perpendicular ao campo elétrico tal que:<br />

então:<br />

E e<br />

q E = qv B ,<br />

E<br />

v = , B<br />

B são parâmetros que po<strong>de</strong>mos controlar nos experimentos. Nessa<br />

velocida<strong>de</strong>, o elétron tem uma trajetória retilínea até se chocar contra a tela em P.<br />

Portanto, variando o campo magnético ou o elétrico, po<strong>de</strong>mos chegar à velocida<strong>de</strong>;<br />

com ela, a equação para y po<strong>de</strong> ser resolvida, resultando em:<br />

e 2 y E = .<br />

m B<br />

2 L 2<br />

Figura 27.11: Desvio das partículas carregadas.<br />

Na experiência <strong>de</strong> Thomson, (figura 27.11) os elétrons são emitidos por uma<br />

fonte <strong>de</strong> elétrons (cátodo). Um campo elétrico, orientado para baixo na figura,<br />

acelera os elétrons que passam pelo capacitor. Se não houver campo elétrico entre<br />

as placas, os eletrons percorrem uma trajetória retilínea como mostrado pela linha<br />

tracejada na figura e se chocarão contra uma tela no ponto P. Quando o capacitor<br />

está carregado, o campo elétrico entre as suas placas faz os eletrons se <strong>de</strong>sviarem<br />

da trajetória retilínea que teriam e se chocam contra a tela em um ponto situado a<br />

uma distância <strong>de</strong> P dada por:<br />

y<br />

e E L<br />

2m v<br />

2<br />

= 2<br />

em que L = x 1<br />

+ x2<br />

, distância total percorrida <strong>de</strong>ntro do capacitor ( x<br />

1<br />

) e fora <strong>de</strong>le ( x<br />

2<br />

).<br />

Nesta equação, E , L,<br />

y são mensuráveis. Quando a velocida<strong>de</strong> v for conhecida, a<br />

relação carga/massa do elétron po<strong>de</strong> ser calculada, e a carga, <strong>de</strong>terminada.<br />

,<br />

384<br />

385


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 27.1<br />

a) A velocida<strong>de</strong> do elétron que possui uma energia cinética K é dada por:<br />

−19<br />

2K<br />

2×<br />

15eV<br />

× 1,60 × 10 J / eV<br />

6<br />

v = = = 2,3 × 10 m / s<br />

−31<br />

m<br />

9,1 × 10 kg<br />

b) o raio da trajetória é:<br />

−31<br />

6<br />

mv (9,1 × 10 kg)<br />

(2.3×<br />

10 m/<br />

s)<br />

r = = = 0, 13 m<br />

−19<br />

−4<br />

e B (1,6 × 10 C)<br />

(1,0 × 10 T)<br />

c) a freqüência <strong>de</strong> cíclotron é:<br />

−19<br />

−4<br />

e B<br />

C T<br />

f = (1,6 × 10 ) (1,0 × 10 )<br />

= = 2,8 10<br />

31<br />

2 m 6,28 × (9,1 × 10 kg)<br />

×<br />

−<br />

π<br />

d) O período <strong>de</strong> revolução é:<br />

T 1 1<br />

−7<br />

= =<br />

= 3,6 × 10 s = 0,36 s<br />

f 2,8 10 rev / s<br />

µ<br />

6<br />

×<br />

6<br />

Hz<br />

7<br />

v 1,11×<br />

10 m/<br />

s<br />

8<br />

b) ω = =<br />

= 1,48×<br />

10 rad/<br />

s<br />

r 0,075m<br />

2π<br />

O período é dado por: T = = 42,5ns.<br />

ω<br />

ATIVIDADE 27.3<br />

Ao entrar na região <strong>de</strong> campo magnético, a regra da mão direita indica que a força<br />

que atua em cada íon do feixe está dirigida para P. Na direção <strong>de</strong> 45º em relação a<br />

PP’, a força continua a ter a direção do ponto P, assim como em qualquer outro<br />

ponto da trajetória, que é uma circunferência. O feixe <strong>de</strong>ixa o campo magnético em<br />

P’.<br />

ATIVIDADE 27.4<br />

A velocida<strong>de</strong> é, em função da energia cinética:<br />

−13<br />

2 K 2×<br />

2,34 × 10 J<br />

7<br />

v = ==<br />

= 1,67 × 10 m / s<br />

−27<br />

m 1,67 × 10 kg<br />

e) da regra da mão direita, uma carga positiva teria um movimento circular no<br />

sentido anti-horário quando visto do sentido oposto ao do campo. O elétron, por ter<br />

carga negativa, se moverá, então no sentido horário quando visto na mesma<br />

direção mas no sentido oposto ao do campo<br />

ATIVIDADE 27.2<br />

a) Devido à diferença <strong>de</strong> potencial, os elétrons vão adquirir energia cinética <strong>de</strong><br />

acordo com a conservação da energia<br />

1 −19<br />

2<br />

2 | e | V 2(1,60×<br />

10 C)(350V<br />

)<br />

mv =| e | V → v = =<br />

= 1,11×<br />

10<br />

7 m/<br />

s<br />

−31<br />

2<br />

m (9,11×<br />

10 kg)<br />

Conhecendo o raio, usamos o problema anterior e <strong>de</strong>terminamos o campo<br />

magnético:<br />

−31<br />

7<br />

mv (9,11×<br />

10 kg)(1,11×<br />

10 m/<br />

s)<br />

B = =<br />

= 8,43×<br />

10<br />

−19<br />

| e | r (1,60×<br />

10 C)(0,075m)<br />

−4<br />

T<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

r<br />

6<br />

E27.1) Um elétron possui velocida<strong>de</strong>, v<br />

m s iˆ<br />

6<br />

= (2,0 × 10 ) + (3,0 × 10 m s)<br />

ˆj<br />

, e está<br />

r<br />

se movendo em uma região on<strong>de</strong> existe um campo B = ( 0,030T<br />

)ˆ i − (0,15T<br />

) ˆj<br />

. (a)<br />

Determine a força que age sobre o elétron. (b) Repita o cálculo para um próton<br />

com a mesma velocida<strong>de</strong>.<br />

E27.2) Um campo magnético uniforme <strong>de</strong> módulo 1,48 T está no sentido positivo<br />

<strong>de</strong> z . Encontre a força exercida pelo campo sobre um próton se sua velocida<strong>de</strong> é<br />

r<br />

(a) v = (2,7 Mm s)<br />

iˆ<br />

r<br />

, (b) v = (3,7 Mm s)<br />

ˆ<br />

r<br />

j e (c) v = (6,8 Mm s)<br />

kˆ<br />

.<br />

E27.3) Um próton tem uma trajetória que faz um ângulo <strong>de</strong> 23 o com a direção <strong>de</strong><br />

−17<br />

um campo magnético <strong>de</strong> 2,60 mT. Ele está sujeito a uma força <strong>de</strong> 6,5 × 10 N .<br />

Calcule (a) a velocida<strong>de</strong> do próton e (b) a energia cinética em elétrons-volts.<br />

E27.4) Um campo magnético uniforme é aplicado perpendicularmente a um feixe<br />

6<br />

<strong>de</strong> elétrons que se movem com uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1,3 × 10 m / s . Qual é o valor do<br />

386<br />

387


campo se a trajetória dos elétrons seja um arco <strong>de</strong> circunferência com 0,350 m <strong>de</strong><br />

raio?<br />

E27.5) Um próton se move em uma órbita circular com raio <strong>de</strong> 65 cm perpendicular<br />

a um campo magnético uniforme <strong>de</strong> módulo 0,75 T. (a) Qual é o período <strong>de</strong>sse<br />

movimento? (b) Qual é a velocida<strong>de</strong> do próton? (c) Qual é a sua energia cinética?<br />

388


AULA 28 FORÇA MAGNÉTICA SOBRE CORRENTE ELÉTRICA<br />

r<br />

r j<br />

v d = ,<br />

ne<br />

OBJETIVO<br />

CALCULAR O EFEITO DE CAMPO MAGNÉTICO SOBRE CORRENTES ELÉTRICAS<br />

28.1 FORÇA MAGNÉTICA SOBRE UM FIO CONDUZINDO CORRENTE<br />

ELÉTRICA<br />

A figura 28.1 mostra um pequeno segmento <strong>de</strong> um fio condutor <strong>de</strong><br />

comprimento l e área <strong>de</strong> seção reta A .<br />

a expressão da força magnética fica:<br />

r<br />

r ⎛ j ⎞ r r r<br />

F B<br />

= n Al e<br />

⎜ B = Al j × B<br />

n e<br />

⎟ ×<br />

⎝ ⎠<br />

Mas j A = i , que é a corrente elétrica no fio. Essa corrente é produzida pelo<br />

movimento <strong>de</strong> elétrons, que são cargas negativas. Entretanto, o movimento <strong>de</strong><br />

cargas negativas em um sentido é o mesmo que o movimento <strong>de</strong> cargas positivas<br />

iguais no sentido contrário. Como a corrente elétrica é pensada em termos <strong>de</strong><br />

cargas positivas, se <strong>de</strong>finirmos o unitário û como um vetor <strong>de</strong> mesmo sentido que<br />

r<br />

o do movimento <strong>de</strong> cargas positivas, temos que j = j uˆ<br />

; portanto, a força<br />

magnética sobre o segmento será dada por:<br />

r<br />

r r<br />

=( A j)<br />

l uˆ × B = iluˆ<br />

× B<br />

F B<br />

ou:<br />

Figura 28.1: Segmento <strong>de</strong> fio condutor conduzindo corrente elétrica<br />

Se aplicarmos uma diferença <strong>de</strong> potencial às extremida<strong>de</strong>s do fio, ele será<br />

percorrido por uma corrente elétrica i , e se o fio estiver numa região on<strong>de</strong> há um<br />

campo magnético <strong>de</strong> indução B , uma força magnética F r B atuará sobre cada carga.<br />

r r r<br />

Essa força será dada por F = qv × B , on<strong>de</strong> v r<br />

d<br />

é a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste das<br />

B<br />

d<br />

cargas. O efeito <strong>de</strong>ssa força é transmitido para o fio, que fica sob a ação da soma<br />

das forças que atuam sobre as cargas que constituem a corrente elétrica.<br />

r r r<br />

= il × B,<br />

(28.1)<br />

F B<br />

r<br />

on<strong>de</strong> l = l uˆ<br />

é um vetor cujo módulo correspon<strong>de</strong> ao comprimento do condutor e<br />

cuja direção e sentido coinci<strong>de</strong>m com as da corrente elétrica (que, por<br />

convenção, é o movimento <strong>de</strong> cargas positivas). A direção e o sentido da força<br />

que atua no condutor são dados pela regra da mão direita. A Figura 28.2 mostra<br />

algumas situações com diferentes direções e sentidos da corrente, do vetor indução<br />

magnética e da força magnética.<br />

A corrente i no fio é produzida pelo movimento o dos elétrons livres do metal.<br />

Se o número <strong>de</strong> cargas por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume no fio for n , o número total <strong>de</strong><br />

cargas será o produto <strong>de</strong><br />

o produto <strong>de</strong> n pelo volume do fio Al . Então, a força<br />

sentida pelo segmento do condutor, será:<br />

r r r<br />

F = ( ev × B)(<br />

n Al).<br />

B<br />

d<br />

. Então, a força magnética,<br />

Da relação entre a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente:<br />

Figura 28.2: Direções e sentidos da força, indução magnética e corrente elétrica.<br />

389<br />

390


Po<strong>de</strong>mos generalizar a equação 28.1 para casos nos quais o condutor não<br />

seja necessariamente retilíneo, nem o campo, uniforme. A força sobre um elemento<br />

<strong>de</strong> corrente genérico é dado por<br />

r r r<br />

dF = i dl × B,<br />

(28.2)<br />

on<strong>de</strong><br />

dl<br />

r é um vetor que representa um elemento <strong>de</strong> comprimento dl do fio; sua<br />

direção é tangente ao fio na posição do elemento dl e seu sentido é o sentido da<br />

corrente elétrica.<br />

EXEMPLO 28.1<br />

O fio AB está no plano do papel e é percorrido por uma corrente elétrica i.<br />

Represente o vetor força se a corrente tem sentido <strong>de</strong> A para B e o vetor indução<br />

magnética tem direção vertical e sentido para baixo.<br />

Figura 28.5: Elemento <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> fio com corrente elétrica.<br />

(a) a corrente tem o sentido <strong>de</strong> A para B e a indução magnética tem direção<br />

perpendicular ao papel e sentido para <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>le;<br />

(b) a corrente tem sentido <strong>de</strong> B para A e a indução magnética é perpendicular ao<br />

papel e tem sentido para fora <strong>de</strong>le.<br />

EXEMPLO 28.2<br />

Por um fio retilíneo com 2,5 m <strong>de</strong> comprimento possa uma corrente elétrica <strong>de</strong><br />

15,0 A. Coloca-se o fio em um campo magnético <strong>de</strong> indução B = 3, 5 T, fazendo um<br />

ângulo <strong>de</strong> 30º com a direção do campo. Calcule a força que atua sobre fio.<br />

SOLUÇÃO: A figura 28.6 ilustra o nosso problema:<br />

Figura 28.3 Elemento <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> fio com corrente elétrica.<br />

Solução:<br />

r r r<br />

Sabemos que a forçã magnética vale F B<br />

= il × B . O vetor dl<br />

r tem a mesma<br />

orientação da corrente. Aplicando a regra da mão direita temos a situação<br />

ilustrada na figura 28.4:<br />

Figura 28.6: Ilustração do exemplo 28.2.<br />

Figura 28.4: Fio transportando corrente com o sentido da força magnética indicada.<br />

ATIVIDADE 28.1<br />

O fio AB está no plano do papel e é percorrido por uma corrente elétrica i.<br />

Represente o vetor força nos seguintes casos:<br />

Temos que: i = 15 A;<br />

L = 2,5 m;<br />

B = 3,5 T;<br />

θ = 30º<br />

.<br />

r r r<br />

Então: F = i l × B = i l B senθ<br />

F r<br />

= 15 A×<br />

2,5 m×<br />

3,5 T × 0,5<br />

r<br />

F = 65, 6 N<br />

391<br />

392


PENSE E RESPONDA 28.1<br />

Qual seria o valor <strong>de</strong> F<br />

B se θ = 0º<br />

e θ = 90º<br />

?<br />

EXEMPLO 28.3<br />

Um fio <strong>de</strong> metal <strong>de</strong> comprimento d <strong>de</strong>sliza sem atrito sobre duas barras metálicas<br />

paralelas, também separadas pela distância d conforme mostra a figura 28.7. Uma<br />

corrente constante i no fio é mantida por uma fonte <strong>de</strong> força eletromotriz.<br />

Supondo que o fio está inicialmente em repouso, <strong>de</strong>termine a velocida<strong>de</strong> do fio em<br />

função do tempo, sabendo que a indução magnética é uniforme e perpendicular ao<br />

plano do fio e dos suportes.<br />

F B<br />

= −i<br />

d B iˆ<br />

Essa força é constante porque a indução magnética é constante. Portanto, o fio<br />

será <strong>de</strong>slocado por ela para a esquerda (sentido oposto ao do eixo Ox). De acordo<br />

com a segunda lei <strong>de</strong> Newton, po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

dvx m = −i<br />

d B<br />

dt<br />

Da equação acima, vem, por integração, com a condição <strong>de</strong> que, em t = 0 , = 0<br />

Pois<br />

m<br />

v<br />

∫0<br />

i<br />

, d e B são constantes. Então:<br />

x<br />

t<br />

∫0<br />

dv = −i<br />

d B<br />

i d B<br />

v = t<br />

m<br />

dt<br />

v :<br />

ATIVIDADE 28.2<br />

Qual é a aceleração do fio no exemplo 28.4?<br />

Figura 28.7: Fio com corrente elétrica sobre suportes metálicos.<br />

SOLUÇÃO: Sobre o fio atua uma força magnética dada por:<br />

r r r<br />

= il × B<br />

F B<br />

EXEMPLO 28.3<br />

Um fio condutor tem a forma <strong>de</strong> meia circunferência <strong>de</strong> raio R , no plano xy . O fio<br />

é percorrido por uma corrente i , como mostra a figura 28.8. Há um campo<br />

r<br />

magnético homogêneo <strong>de</strong> indução magnética B = B kˆ<br />

, perpendicular ao plano da<br />

meia circunferência. Calcule a força do campo sobre ela.<br />

que, <strong>de</strong> acordo com a regra da mão direita, está situada no plano do circuito<br />

formado pelo fio e pelos suportes metálicos; sua direção é perpendicular ao fio<br />

(paralela aos suportes) e seu sentido, para a esquerda na Figura 28-3.<br />

Seja o sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas mostrado na figura 28.4. Como a indução<br />

magnética é perpendicular ao plano do circuito, temos que:<br />

r<br />

r<br />

B = B ˆ j e l = d kˆ<br />

A força magnética que atua sobre o fio é, então:<br />

Figura 28.8: Fio condutor na forma <strong>de</strong> meia-circunferência<br />

393<br />

394


Solução O elemento <strong>de</strong> força<br />

dF<br />

r sobre um segmento do fio dl<br />

r é:<br />

r r r<br />

dF = i dl × B<br />

EXEMPLO 28.4<br />

Consi<strong>de</strong>re o Exemplo 28.3 mas com o fio na forma <strong>de</strong> uma semicircunferência<br />

fechada em seu diâmetro, com o campo magnético situado no plano do arco,<br />

conforme a figura 28.9.<br />

Ele está no plano xy e tem a direção radial como indicado na figura, porque é<br />

perpendicular ao segmento do fio (que está no plano xy) e ao vetor indução<br />

magnética (que coinci<strong>de</strong> com o eixo Oz).<br />

A força total po<strong>de</strong> ser obtida escrevendo-se a expressão <strong>de</strong><br />

fazendo a integração <strong>de</strong> 0 a π . Ou seja, sabendo que:<br />

r<br />

dl<br />

= −d l sinθ iˆ<br />

+ d l cosθ<br />

ˆj<br />

,<br />

dF<br />

r em termos <strong>de</strong> θ , e<br />

com dl = R dθ e B = B kˆ<br />

, temos:<br />

r r r<br />

dF<br />

= i dl × B = ( −i<br />

R sinθ<br />

dθ<br />

iˆ<br />

+ i R cosθ<br />

dθ<br />

ˆ) j × B kˆ<br />

Figura 28.9: arco no plano do campo magnético.<br />

SOLUÇÃO: A força sobre a parte retilínea do fio condutor tem o módulo<br />

tal que:<br />

r<br />

dF<br />

= i R Bcosθ dθ<br />

iˆ<br />

+ iRBsinθdθˆj<br />

F = i l B = i (2 R)<br />

B 2i<br />

R B<br />

1<br />

=<br />

Po<strong>de</strong>mos agora integrar sobre θ e obter:<br />

r<br />

π<br />

π<br />

F = i R Biˆ<br />

∫ cosθ<br />

dθ<br />

+ i R B ˆj<br />

∫ sinθ<br />

dθ<br />

0<br />

0<br />

r<br />

π<br />

π<br />

F i R B ˆj<br />

sinθ<br />

dθ<br />

= iRB[ − cosθ<br />

] ˆj<br />

∫<br />

=<br />

0<br />

0<br />

que é igual:<br />

r<br />

F = 2 i R B ˆj<br />

l 2R<br />

pois = e o fio está perpendicular ao campo. A direção <strong>de</strong> F r 1 é para a frente<br />

r r<br />

da página pois l × B está dirigido para a frente da página (saindo <strong>de</strong>la),<br />

(lembre-se que o produto vetorial é feito levando o primeiro vetor na direção do<br />

segundo, sempre pelo menor ângulo formado pelos dois).<br />

Para encontrar a força sobre a parte encurvada do condutor <strong>de</strong>vemos,<br />

inicialmente, encontrar uma expressão para o diferencial da força num segmento<br />

dl . Se θ for o ângulo entre B e dl então o módulo <strong>de</strong> dF<br />

2<br />

é:<br />

r r<br />

dF = i | dl × B |= i B sinθ<br />

dl<br />

2<br />

ATIVIDADE 28.3<br />

No exemplo anterior, qual é o módulo, direção e sentido da força magnética que<br />

atua na meia circunferência se a corrente elétrica e o campo elétrico tiverem<br />

sentidos opostos aos da Figura 28.8?<br />

e, como dl = Rdθ<br />

, vem que:<br />

dF = i B sinθ<br />

R d .<br />

2<br />

θ<br />

Observe que a direção da força sobre qualquer elemento é a mesma: para trás da<br />

395<br />

396


página (entrando na página) ( dl × B está dirigido neste sentido). Então a força<br />

sobre o condutor encurvado também está dirigida <strong>de</strong> frente para trás da página.<br />

Integrando a expressão acima, vem:<br />

π<br />

2<br />

=<br />

0<br />

−<br />

0<br />

∫<br />

π<br />

F i R B sinθ<br />

dθ<br />

= i R B[<br />

−cosθ<br />

] = −i<br />

R B ( cosπ<br />

cos0)<br />

= 2i<br />

R B<br />

Veja que esse resultado é exatamente o mesmo obtido para a parte reta<br />

da espira, mas com o sentido oposto. Isto mostra que a força total sobre o<br />

circuito fechado é nula.<br />

28.2 O EFEITO HALL<br />

Em 1879, Edwin Hall <strong>de</strong>scobriu que quando um condutor conduzindo uma<br />

corrente elétrica é colocado em um campo magnético, há uma voltagem gerada na<br />

direção perpendicular à corrente e ao campo magnético! Esse efeito po<strong>de</strong> ser<br />

compreendido através das proprieda<strong>de</strong>s das forças magnéticas e é usado com<br />

frequência para <strong>de</strong>terminar o número <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> corrente ou o próprio<br />

campo magnético.<br />

A montagem para observação do efeito Hall é constituída por um condutor<br />

na forma <strong>de</strong> uma fita <strong>de</strong>lgada <strong>de</strong> espessura t e largura d , percorrido por uma<br />

corrente elétrica convencional I na direção y como mostra a figura 28.10:<br />

O campo magnético é aplicado na direção<br />

forem elétrons, eles <strong>de</strong>vem se mover na direção<br />

− x . Se os portadores <strong>de</strong> corrente<br />

− y com velocida<strong>de</strong> v<br />

d<br />

, pois o<br />

movimento dos elétrons se faz no sentido oposto ao da corrente convenional.<br />

Sob a ação do campo magnético, cada elétron sofrerá uma força magnética<br />

para cima na direção + z.<br />

Lembre-se do sinal negativo <strong>de</strong>vido à carga do elétron<br />

quando fizer o produto vetorial. Então haverá um excesso <strong>de</strong> carga positiva na<br />

parte <strong>de</strong> baixo da placa.<br />

Essa migração <strong>de</strong> cargas na direção perpendicular à corrente vai acontecer<br />

até que o potencial eletrostático gerado por essa redistribuição <strong>de</strong> cargas produza<br />

uma força que compense exatamente a força magnética. Se um voltímetro estiver<br />

ligado nos pontos a e b , ele vai medir o que chamamos <strong>de</strong> tensão Hall, que se<br />

relaciona com os outros parâmetros do problema como segue: a corrente elétrica<br />

é:<br />

I = nv qA.<br />

De on<strong>de</strong> tiramos para a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste dos elétrons:<br />

v d<br />

d<br />

I<br />

= , nqA<br />

on<strong>de</strong> A é a área da seção reta do condutor. Quando as forças elétricas e<br />

magnéticas se anularem teremos:<br />

q v B = q EH .<br />

d<br />

De on<strong>de</strong> vem que:<br />

E<br />

H<br />

= v B,<br />

d<br />

a tensão Hall<br />

V<br />

H medida será:<br />

Figura 28.10: Montagem para a observação do efeito Hall.<br />

= E<br />

d = v<br />

I B d<br />

B d = .<br />

n q A<br />

Se t é a espessura do material, po<strong>de</strong>mos escrever<br />

V<br />

H<br />

H<br />

d<br />

A = t d<br />

e teremos:<br />

. = nqt<br />

IB<br />

v d<br />

397<br />

398


Vemos daqui imediatamente que, se B for conhecido,<br />

V<br />

H<br />

po<strong>de</strong> ser<br />

usado para medir o número <strong>de</strong> protadores <strong>de</strong> carga ou, vice versa, se n for<br />

conhecido, B po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminado.<br />

EXEMPLO 28.5<br />

Qual é a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za <strong>de</strong> v<br />

d<br />

?<br />

PENSE E RESPONDA 28.2<br />

28.3 TORQUE EM CIRCUITOS ELÉTRICOS<br />

Uma tira retangular <strong>de</strong> cobre com 1,5 cm <strong>de</strong> largura e 0,1 cm <strong>de</strong> espessura é<br />

percorrida por uma corrente <strong>de</strong> 5 A. Um campo magnético <strong>de</strong> indução magnética<br />

<strong>de</strong> 1,2 T é aplicado perpendicularmente à face da tira. Achar a voltagem Hall<br />

resultante.<br />

Solução: Pela Tabela Periódica obtemos o peso atômico do cobre: 63,5 g/ mol .<br />

Lembre-se que um átomo grama <strong>de</strong> um elemento contém o número <strong>de</strong> Avogadro<br />

<strong>de</strong> átomos do elemento, i.e;<br />

po<strong>de</strong>mos calcular o volume ocupado por<br />

23<br />

6,02× 10 átomos. Sabendo a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> do cobre,<br />

63,5 g <strong>de</strong> cobre:<br />

Como o campo magnético afeta um fio com corrente elétrica, é <strong>de</strong> se esperar<br />

que a sua presença afete também circuitos elétricos. A Figura 28.11 mostra um<br />

circuito retangular <strong>de</strong> lados a e b on<strong>de</strong> há uma corrente elétrica I, colocado em um<br />

campo magnético uniforme. Na parte (a) da figura, vemos as forças magnéticas<br />

que atuam sobre cada ramo do circuito e, na parte (b), a posição do circuito<br />

relativamente ao campo magnético.<br />

m 63,5g<br />

V = = = 7,09cm<br />

3<br />

ρ 8,95g/<br />

cm<br />

3<br />

Se agora admitirmos que cada átomo contribui com 1 elétron:<br />

6,02×<br />

10 elétrons<br />

n ×<br />

7,09cm<br />

23<br />

28<br />

3<br />

= = 8,48 10 elétrons/<br />

m<br />

3<br />

Então, da expressão <strong>de</strong><br />

V<br />

H , temos:<br />

Figura 28.11: Circuiro retangular em campomagnético uniforme.<br />

IB<br />

A T<br />

V = 5 × 1,2<br />

H<br />

=<br />

= 0,442µ<br />

V<br />

28 −3<br />

−19<br />

−<br />

nqt (8,48 × 10 m )(1,60 × 10 C)(0,1×<br />

10<br />

2 m)<br />

Note que a voltagem Hall é muito pequena num bom condutor. Note também que<br />

a largura da fita não <strong>de</strong>sempenha papel algum.<br />

Nos semicondutores, nos quais n é muito menor que nos metais monovalentes, as<br />

voltagens hall são maiores, pois<br />

V<br />

H varia com o inverso <strong>de</strong> n . Nesses materiais, o<br />

nível <strong>de</strong> corrente é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1 mA. As voltagens são da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 mV .<br />

399<br />

Aplicando a regra da mão direita ao produto vetorial da equação (28.1),<br />

<strong>de</strong>terminamos as forças que atuam em cada ramo da circuito. Essas forças estão<br />

mostradas na Figura 28.11a. As forças F r 1 e F r 3 , que atuam sobre os ramos <strong>de</strong><br />

comprimento a do circuito, possuem sentidos opostos porque a corrente elétrica<br />

tem sentidos contrários nos ramos on<strong>de</strong> atuam essas forças. O módulo <strong>de</strong>las é:<br />

F F = I a B<br />

1<br />

= 3<br />

porque o vetor l r é perpendicular ao campo magnético, como po<strong>de</strong> ser visto nas<br />

figuras 28.11a e 28.11b.<br />

400


Da mesma forma, as forças F r 2 e F r 4 , que atuam sobre os outros dois<br />

ramos <strong>de</strong> comprimento b, são iguais e <strong>de</strong> sentidos contrários. Entretanto, como<br />

mostrado na Figura 28.11b, o ângulo entre o vetor l r e o campo magnético é θ ,<br />

diferente <strong>de</strong> 90º. Assim, o módulo das forças F r 2 e F r 4 é:<br />

F = F = I b B sen(90º<br />

−θ<br />

) = I b B cos<br />

2 4<br />

θ<br />

A direção <strong>de</strong>ssas forças é perpendicular ao plano do papel e é comum a<br />

ambas as forças que, portanto, possuem a mesma linha <strong>de</strong> ação.<br />

Entretanto, as forças F<br />

1<br />

e F<br />

3<br />

, embora tenham a mesma direção (paralela à<br />

folha <strong>de</strong> papel), não possuem a mesma linha <strong>de</strong> ação quando o circuito está na<br />

posição mostrada na Figura 28.11b. Isto significa que elas não <strong>de</strong>slocam o circuito,<br />

mas produzem um torque sobre ele, que ten<strong>de</strong> a fazê-lo girar em torno da<br />

mediatriz dos lados <strong>de</strong> comprimento b (linha xx’ da Figura 28.11a). Este torque tem<br />

como módulo:<br />

r r r r r ⎛ b ⎞<br />

τ =<br />

× F1<br />

+<br />

3<br />

× F3<br />

= 2I<br />

a B ⎜ ⎟ senθ<br />

= I a b B sen<br />

⎝ 2 ⎠<br />

Lembrando que rr 1<br />

e r 3<br />

1<br />

θ<br />

são, respectivamente, as distâncias ao centro do<br />

circuito, dos pontos <strong>de</strong> aplicação das forças F r 1<br />

e F r 3<br />

, e que<br />

circuito, o torque também po<strong>de</strong> ser escrito como:<br />

.<br />

.<br />

A = a b é a área do<br />

τ = I A B senθ<br />

(28.3)<br />

Esta fórmula é geral, válida para circuitos <strong>de</strong> qualquer forma, retangulares ou<br />

não. Ela <strong>de</strong>screve o torque que faz o circuito girar em torno <strong>de</strong> seu eixo<br />

perpendicular à direção das forças que não possuem a mesma linha <strong>de</strong> ação (eixo<br />

xx’ na figura 28.11a). Ela também é válida para um sistema <strong>de</strong> várias espiras. Se N<br />

é o número <strong>de</strong> espiras, o torque sobre o conjunto é a soma dos torques sobre cada<br />

espira:<br />

τ = N I A B senθ.<br />

(28.4)<br />

Na equação 28.3, po<strong>de</strong>mos ver que o torque se anula se o plano do circuito<br />

for perpendicular ao campo magnético (ou, se a normal ao plano do circuito for<br />

401<br />

paralela ao campo), pois, nesse caso, as forças F<br />

1<br />

e F<br />

3<br />

terão a mesma linha <strong>de</strong><br />

ação. Em qualquer outra posição, o torque age no sentido <strong>de</strong> alinhar a normal ao<br />

plano do circuito com o campo magnético. Este fato é semelhante ao alinhamento<br />

<strong>de</strong> uma agulha magnética com o campo magnético da Terra.<br />

PENSE E RESPONDA 28.3<br />

Um estudante afirma que, se um raio atingisse o metal do poste que sustenta uma<br />

ban<strong>de</strong>ira, a força exercida sobre o poste pelo campo magnético da Terra seria<br />

suficiente gran<strong>de</strong> para entortar o poste. As correntes típicas <strong>de</strong> um raio são da<br />

or<strong>de</strong>m 104 a 105 A. A opinião do estudante po<strong>de</strong> ser justificada? Explique seu<br />

raciocínio.<br />

Como o torque e a indução magnética são vetores, po<strong>de</strong>mos escrever a<br />

equação (28.4) em uma forma vetorial se <strong>de</strong>finirmos um vetor:<br />

r µ = N I A ˆn,<br />

(28.5)<br />

em que nˆ é um vetor unitário perpendicular ao plano do circuito ou do sistema <strong>de</strong><br />

espiras (veja a figura 28.11b).<br />

O sentido da normal nˆ é dado com a seguinte regra: colocamos os<br />

<strong>de</strong>dos da mão direita aberta <strong>de</strong> modo que eles coincidam com o sentido da<br />

corrente elétrica no circuito. A normal terá, então, o sentido positivo<br />

indicado pelo <strong>de</strong>do polegar. Na Figura 28-8b, po<strong>de</strong>mos ver a que a normal<br />

nˆ faz um ângulo θ com o vetor indução magnética.<br />

O vetor µ r é <strong>de</strong>nominado momento <strong>de</strong> dipolo magnético do circuito ou do<br />

sistema <strong>de</strong> espiras. Com ele, a equação (28.4) fica:<br />

r r<br />

τ = µ × B v .<br />

(28.6)<br />

Como um circuito em um campo magnético sofre ação <strong>de</strong> um torque, é<br />

preciso que um agente externo realize um trabalho para mudar a orientação do<br />

momento <strong>de</strong> dipolo magnético. Portanto, po<strong>de</strong>mos associar ao momento <strong>de</strong> dipolo<br />

magnético uma energia potencial, cujo nível é geralmente tomado na posição em<br />

que o torque é nulo, isto é, na posição em que o plano do circuito seja paralelo ao<br />

402


campo magnético (na figura 28.11b, na posição em que θ = 90º<br />

). Dessa forma, a<br />

energia potencial do momento <strong>de</strong> dipolo magnético em uma posição dada pelo<br />

ângulo θ , relativamente ao nível zero, é:<br />

ou:<br />

U =<br />

∫<br />

θ<br />

90º<br />

τ dθ<br />

= µ B<br />

∫<br />

θ<br />

90º<br />

senθ<br />

dθ<br />

= −µ<br />

B cosθ<br />

r r<br />

U = −µ • B<br />

(28.7)<br />

ATIVIDADE 28.4<br />

Uma espira circular tem o raio <strong>de</strong> 2,0 cm, 10 voltas <strong>de</strong> fio condutor e uma<br />

corrente <strong>de</strong> 3 A. O eixo da espira faz um ângulo <strong>de</strong> 30° com um campo magnético<br />

<strong>de</strong> indução <strong>de</strong> 8000 G. Calcular o módulo do torque sobre a espira.<br />

EXEMPLO 28.7<br />

Um disco não condutor <strong>de</strong> massa M e raio R tem uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong><br />

carga σ e gira com frequência angular ω em torno <strong>de</strong> seu eixo. Calcular o<br />

momento magnético <strong>de</strong>ste disco girante.<br />

EXEMPLO 28.6<br />

Uma espira circular <strong>de</strong> raio R , massa m e corrente I encontra-se sobre uma<br />

superfície horizontal áspera. Um campo magnético <strong>de</strong> indução B é paralelo ao<br />

plano da espira. Qual o valor <strong>de</strong> I para que um lado da espira seja erguido pelo<br />

campo magnético?<br />

Figura 28.13: Disco homogêneo girando.<br />

Primeiro calculamos o momento magnético <strong>de</strong> um elemento circular <strong>de</strong> raio r e<br />

Figura 28.12: Espira circular sendo erguida pelo campo magnético.<br />

A espira principiará a se erguer se o torque magnético for igual ao torque<br />

gravitacional.<br />

2<br />

| τ |= µ B = I π R B<br />

m<br />

2<br />

| τ |= mgR = I π R B<br />

g<br />

largura dr sobre o disco e <strong>de</strong>pois integramos sobre todos os elementos.<br />

dq = σ dA = σ (2π<br />

r dr).<br />

Se a carga for positiva, o momento magnético tem a direção <strong>de</strong> ω :<br />

2<br />

dµ<br />

= ( dI)<br />

A = dI π r .<br />

Então:<br />

I =<br />

mg<br />

π R B<br />

Lembrando que:<br />

dq<br />

ω<br />

dI = = f dq = dq<br />

dt<br />

2π<br />

vem:<br />

⎛ ω ⎞<br />

⎛ ω ⎞<br />

dI = ( σ dA)<br />

⎜ ⎟ = ( σ 2π<br />

r dr)<br />

⎜ ⎟ = σ ω r dr<br />

⎝ 2π<br />

⎠<br />

⎝ 2π<br />

⎠<br />

403<br />

404


Po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

dµ<br />

= ( dI)<br />

π r<br />

2<br />

= ( σ ω r dr)<br />

π r<br />

2<br />

3<br />

= π σ ω r dr.<br />

ATIVIDADE 28.1<br />

As figuras abaixo dão as orientações dos vetores força nos acasos propostos:<br />

Integrando sobre a superfície do disco, obtemos:<br />

R<br />

3 1<br />

4<br />

= π σ ω r dr = π σ ω R<br />

4<br />

0<br />

µ ∫<br />

Observações importantes: Em termos da carga total do disco,<br />

2<br />

σ π e o<br />

Q = R<br />

momento magnético fica:<br />

O momento angular do disco é<br />

E, então:<br />

Esses resultados são gerais.<br />

2 r<br />

r Q R ω<br />

µ = .<br />

4<br />

r ⎛ M<br />

L =<br />

⎜<br />

⎝ 2<br />

r<br />

µ =<br />

2<br />

R<br />

Q<br />

2 M<br />

⎞ r<br />

⎟ω ⎠<br />

r<br />

L<br />

ATIVIDADE 28.5<br />

No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Bohr para o átomo <strong>de</strong> Hidrogênio, um elétron tem uma órbita<br />

circular em torno do próton, cujo raio vale<br />

5,1<br />

10<br />

−11<br />

× cm. A frequência do<br />

ATIVIDADE 28.2<br />

O fio se <strong>de</strong>sloca com aceleração constante:<br />

ATIVIDADE 28.3<br />

i d B<br />

a =<br />

m<br />

A inversão simultânea dos sentidos da corrente elétrica e da indução magnética em<br />

relação aos sentidos mostrados na Figura 28.5, faz com que a direção e o sentido<br />

da força fique o mesmo que no caso da mesma figura.<br />

Ativida<strong>de</strong> 28.4<br />

r<br />

Temos: | τ |=|<br />

r µ × B |= µ B senθ<br />

= µ B sen30°<br />

2<br />

−2<br />

Mas µ = NIA = 10(3A)<br />

π (0,02) = 3,77×<br />

10 Am<br />

2<br />

movimento é<br />

15<br />

6,8× 10 revoluções por segundo. Calcule o momento <strong>de</strong> dipolo<br />

magnético equivalente do eletron.<br />

PENSE E RESPONDA 28.5<br />

ou:<br />

τ = µ B senθ<br />

= (3,77 × 10<br />

−2<br />

τ = 1,51×<br />

10<br />

2<br />

Am )(0,8T<br />

) sen 30°<br />

−2<br />

Nm<br />

Uma força magnética sobre uma partícula carregada nunca po<strong>de</strong> realizar trabalho,<br />

pois a cada instante a força é perpendicular à velocida<strong>de</strong>. O torque exercido por<br />

um campo magnético po<strong>de</strong> realizar trabalho sobre uma corrente quando a espira<br />

gira. Explique como essa aparente contradição po<strong>de</strong> ser conciliada.<br />

Ativida<strong>de</strong> 28.5<br />

O elétron, ao <strong>de</strong>screver um círculo em torno do próton produz uma corrente<br />

elétrica:<br />

i = e f = (1,6 × 10<br />

−19<br />

C)<br />

(6,8 × 10<br />

15<br />

s)<br />

= 1,1 × 10<br />

−3<br />

A<br />

405<br />

406


Como a trajetória do elétron po<strong>de</strong> ser igualada a uma espira circular, o momento<br />

<strong>de</strong> dipolo é:<br />

2 −3<br />

−11<br />

2<br />

−24<br />

µ = i A = i ( π r ) = 1,1×<br />

10 A×<br />

π × (5,1 × 10 m)<br />

= 9,0 × 10 A.<br />

m<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

P8.2) Dois fios paralelos encontram-se separados por uma distância D . Supondo<br />

que eles carreguem correntes antiparalelas <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> i , obtenha o valor da<br />

indução magnética em um ponto P que se situa à uma distância r dos dois fios ao<br />

longo da mediatriz (linha situada a meio caminho entre ambos os fios).<br />

P8.3) Repita o problema anterior supondo que as correntes sejam paralelas.<br />

E28.1) Um fio <strong>de</strong> 1,80 m <strong>de</strong> comprimento é percorrido por uma corrente <strong>de</strong> 13,0 A<br />

e faz um ângulo <strong>de</strong> 35,0 o com um campo magnético uniforme <strong>de</strong> módulo B = 1,50<br />

T. Calcule a força magnética sobre o fio.<br />

E28.2) Uma barra horizontal com 0,20 m <strong>de</strong> comprimento é montada sobre uma<br />

balança e conduz uma corrente. No local da barra existe um campo magnético<br />

uniforme horizontal com módulo igual a 0,067 T e direção perpendicular à barra. A<br />

força magnética sobre a barra medida pela balança é igual a 0,13 N. Qual é o valor<br />

da corrente?<br />

E28.3) Uma espira retangular <strong>de</strong> 5,0 cm x 8,0 cm possui plano paralelo a um<br />

campo magnético <strong>de</strong> 0,19 T. A espira conduz uma corrente igual a 6,2 A. (a) Qual é<br />

o torque que atua sobre a espira? (b) Qual é o módulo do momento magnético da<br />

espira? (c) Qual é o torque máximo que po<strong>de</strong> ser obtido sobre um fio com o mesmo<br />

comprimento total da espira e conduzindo a mesma corrente?<br />

E28.4) Uma corrente <strong>de</strong> 4,51 mA percorre um fio <strong>de</strong> 25,0 cm <strong>de</strong> comprimento. Esse<br />

fio é convertido em uma bobina circular e é submetido a um campo magnético<br />

uniforme <strong>de</strong> módulo 5,71 mT. Se o torque que o campo exerce sobre a espira é o<br />

maior possível, <strong>de</strong>termine (a) o ângulo entre o campo magnético e o momento<br />

dipolar magnético da bobina, (b) o número <strong>de</strong> espiras da bobina e (c) o módulo do<br />

torque máximo.<br />

E28.5) Uma bobina circular com 8,6 cm <strong>de</strong> diâmetro possui 15 espiras e conduz<br />

uma corrente igual a 2,7 A. A bobina está em uma região on<strong>de</strong> o campo magnético<br />

vale 0,56 T. (a) Para qual orientação da bobina o torque atinge seu valor máximo e<br />

qual é esse torque máximo? (b) Para qual orientação da bobina o módulo do torque<br />

é igual a 71% do valor encontrado no item (a).<br />

PROBLEMAS DA UNIDADE<br />

P8.1) Determine a força que age sobre um neutron que possui velocida<strong>de</strong>,<br />

v<br />

r<br />

6<br />

m s iˆ<br />

6<br />

= (3,5 × 10 ) + (2,7 × 10 m s)<br />

ˆj<br />

, e está se movendo em uma região on<strong>de</strong><br />

r<br />

existe um campo B = ( 0,030T<br />

)ˆ i − (0,15T<br />

) ˆj<br />

.<br />

407<br />

408


UNIDADE 9<br />

FONTES DE CAMPO MAGNÉTICO E A LEI DE AMPÈRE<br />

Nesta unida<strong>de</strong> discutiremos como utilizar a Lei <strong>de</strong> Biot-Savart para <strong>de</strong>terminar o<br />

valor da indução magnética gerada por uma corrente elétrica estacionária, por uma<br />

espira e por um solenói<strong>de</strong> em um dado ponto do espaço. Em seguida, discutiremos<br />

a Lei <strong>de</strong> Ampère, que nos ajuda a calcular o campo magnético em situações <strong>de</strong> alta<br />

simetria, além <strong>de</strong> nos ajudar a enten<strong>de</strong>r como a corrente que atravessa uma<br />

superfície <strong>de</strong>limitada por uma curva fechada se relaciona com a integral do campo<br />

magnético através <strong>de</strong>ssa curva. Em outras palavras: como uma corrente elétrica<br />

estacionária gera um campo magnético no espaço.<br />

409<br />

410


AULA 29 A LEI DE BIOT-SAVART<br />

vetor-posição do ponto P relativamente a<br />

dl<br />

r e µ<br />

0 é uma constante<br />

OBJETIVOS<br />

• ESTUDAR A LEI DE BIOT-SAVERT<br />

• APLICÁ-LA EM PROBLEMAS DE GEOMETRIA SIMPLES<br />

29.1 A LEI DE BIOT-SAVART<br />

Em 1820, Oersted <strong>de</strong>scobriu aci<strong>de</strong>ntalmente que um fio conduzindo uma<br />

corrente elétrica podia <strong>de</strong>sviar a agulha imantada <strong>de</strong> uma bússola, estabelecendo,<br />

assim, uma relação entre corrente elétrica e campo magnético. A <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong><br />

Oersted foi estudada por Ampère, J. B. Biot (1774-1862) e F. Savart (1791-1841);<br />

eles mostraram que uma corrente elétrica gera um campo magnético.<br />

Nesta aula veremos como <strong>de</strong>terminar <strong>de</strong> um modo mais geral possível o valor da<br />

indução magnética gerada por uma corrente elétrica estacionária (isto é, constante)<br />

em um ponto do espaço. Essa relação é dada pela Lei <strong>de</strong> Biot-Savart.<br />

<strong>de</strong>nominada permeabilida<strong>de</strong> magnética do vácuo. Seu valor no Sistema<br />

Internacional é:<br />

−7<br />

2<br />

µ<br />

0<br />

= 4π<br />

⋅10<br />

N/<br />

A .<br />

Em relação a um referencial situado em um ponto O do espaço, a equação<br />

acima se escreve <strong>de</strong> outra forma. Com efeito, se r P<br />

é o vetor-posição do ponto P<br />

neste referencial,<br />

Então:<br />

r ' o do elemento do fio dl<br />

r , temos que:<br />

r r r<br />

=<br />

−<br />

' = r uˆ<br />

P<br />

R<br />

uˆ<br />

r<br />

r<br />

r r<br />

µ<br />

0i<br />

dl × (<br />

−<br />

')<br />

dB = r<br />

P r 3<br />

4π<br />

|<br />

−<br />

'|<br />

P<br />

R<br />

r r<br />

P<br />

−<br />

'<br />

= r r<br />

|<br />

−<br />

'|<br />

P<br />

(29.2)<br />

i<br />

Consi<strong>de</strong>re um fio <strong>de</strong> forma qualquer percorrido por uma corrente estacionária<br />

(figura 29.1):<br />

PENSE E RESPONDA 29.1<br />

A lei <strong>de</strong> Biot-Savart é válida somente para correntes contínuas?<br />

Po<strong>de</strong>mos fazer uma analogia com o campo elétrico:<br />

Figura 29.1: Indução magnética gerada por um fio no ponto P.<br />

dQ<br />

dE =<br />

4πε<br />

r<br />

(<br />

r<br />

−<br />

')<br />

P<br />

r r 3<br />

0<br />

|<br />

P<br />

−<br />

' |<br />

Para calcular a indução magnética B r no ponto P, gerado pela corrente que<br />

percorre o fio, vamos consi<strong>de</strong>rar um elemento infinitesimal do fio <strong>de</strong> comprimento<br />

dl . A lei <strong>de</strong> Biot-Savart nos afirma que a indução magnética<br />

elemento no ponto P do espaço é:<br />

dB<br />

r criada por este<br />

r µ i r r<br />

0<br />

dB = dl × R<br />

2<br />

4 π R<br />

(29.1)<br />

Figura 29.2: Elemento <strong>de</strong> Campo Elétrico.<br />

em que<br />

dl<br />

r é um vetor tangente ao fio na posição do elemento consi<strong>de</strong>rado, R r é o<br />

411<br />

412


A equação (29.1) ou (29.2) encerra algumas proprieda<strong>de</strong>s importantes do<br />

campo magnético, que <strong>de</strong>vemos ter sempre em mente:<br />

a) a indução magnética em um ponto P do espaço, <strong>de</strong>vida à corrente<br />

elétrica no fio, varia com o inverso do quadrado da<br />

distância do ponto ao fio;<br />

b) a indução magnética em um ponto P do espaço <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do meio em que<br />

o fio está; quando este meio não é o vácuo, a constante µ<br />

0 muda <strong>de</strong><br />

valor;<br />

c) a indução magnética é um vetor perpendicular ao plano que contém os<br />

vetores dl<br />

r r r r<br />

e R = ( −<br />

') = r uˆ<br />

. Para <strong>de</strong>terminar o sentido do vetor B r ,<br />

P<br />

temos que usar a regra da mão direita do produto vetorial.<br />

R<br />

Aqui também temos algumas observações importantes a consi<strong>de</strong>rar:<br />

a) a integral nas equações (29.4) ou (29.5) é uma integral <strong>de</strong> linha; ela<br />

é portanto feita sobre todo o comprimento do fio. Para isso, temos<br />

que escrever<br />

dl<br />

r (na equação 29.4) ou dl (na equação 29.5) em função<br />

<strong>de</strong> um parâmetro que varie com a forma do fio e seja fácil para a<br />

integração;<br />

r r<br />

b) temos que escrever também os vetores ( − r' ) e seu módulo (na<br />

equação 29.4) ou os unitários<br />

ûT<br />

e<br />

r P<br />

û<br />

R<br />

em termos <strong>de</strong>sse parâmetro.<br />

Antes <strong>de</strong> continuar, note bem a diferença entre as equações<br />

(29.1) e (29.3) e entre as equações (29.4) e (29.5). Preste<br />

r r<br />

atenção nos vetores unitários e nos expoentes <strong>de</strong> − ' que<br />

aparecem nas equações; elas são as mesmas, apenas escritas <strong>de</strong><br />

forma diferente!<br />

r P<br />

A equação (29.2) po<strong>de</strong> ser escrita <strong>de</strong> uma forma mais clara, usando o fato<br />

<strong>de</strong> que o elemento<br />

dl<br />

r do fio po<strong>de</strong> ser substituído por:<br />

r<br />

d l =<br />

dl uˆT<br />

,<br />

EXEMPLO 29.1<br />

Um fio retilíneo <strong>de</strong> comprimento L é percorrido por uma corrente i . Qual a<br />

indução magnética produzida por esse fio num ponto P situado a uma altura y do<br />

fio? Consi<strong>de</strong>re que P está sobre uma perpendicular que passa pelo meio do fio.<br />

em que<br />

equação fica:<br />

ûT<br />

é um vetor unitário tangente ao fio, no ponto on<strong>de</strong><br />

dl<br />

r está. Assim, a<br />

r<br />

dB<br />

µ<br />

0i<br />

uˆ<br />

ˆ<br />

T<br />

× uR<br />

r r dl.<br />

4π<br />

|<br />

−<br />

'|<br />

= 2<br />

P<br />

(29.3)<br />

Dessa forma, a variação do campo magnético com o inverso do quadrado da<br />

distância fica mais explícita.<br />

A indução magnética no ponto P, <strong>de</strong>vida a todo o comprimento do fio<br />

é obtida usando o Princípio <strong>de</strong> Superposição, somando a contribuição <strong>de</strong> todos os<br />

elementos dl do fio:<br />

ou:<br />

r<br />

B<br />

∫<br />

r µ i<br />

=<br />

∫<br />

r r r<br />

dl × (<br />

−<br />

')<br />

r<br />

P r<br />

|<br />

−<br />

' |<br />

0<br />

= dB<br />

3<br />

4π<br />

P<br />

r r µ<br />

0i<br />

uˆ<br />

T<br />

× uˆ<br />

R<br />

B = ∫ dB = ∫ r r dl<br />

2<br />

4π<br />

|<br />

−<br />

'|<br />

P<br />

(29.4)<br />

(29.5)<br />

413<br />

Figura 29.3: Indução magnética <strong>de</strong> fio retilíneo com corrente.<br />

Solução: Vamos escolher a origem do referencial coinci<strong>de</strong>nte com a meta<strong>de</strong> do<br />

fio, como mostra a Figura 29.3, e o plano que contém P e fio como sendo o plano<br />

xy. A escolha da origem <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas é muito importante para simplificar o<br />

problema, como veremos nesse exemplo.<br />

De acordo com a lei <strong>de</strong> Biot-Savart:<br />

r<br />

r<br />

r r<br />

µ<br />

0i<br />

dl × (<br />

−<br />

')<br />

dB = r<br />

P r 3<br />

4π<br />

|<br />

−<br />

'|<br />

P<br />

414


temos, da Figura 29.3:<br />

r<br />

dl<br />

dx iˆ<br />

r<br />

P<br />

= 0iˆ<br />

y ˆ<br />

r<br />

= ′<br />

+<br />

P<br />

j<br />

'= x′<br />

iˆ<br />

(lembre que<br />

Então:<br />

Então:<br />

r ' é o vetor-posição <strong>de</strong> dl<br />

r no sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas escolhido).<br />

r − r ' = −x′<br />

iˆ<br />

+ y<br />

P<br />

r r r<br />

dl<br />

× ( −<br />

') = dx′<br />

iˆ<br />

× [( −x′<br />

) iˆ<br />

+ y ˆ] j = y dx′<br />

kˆ<br />

P<br />

on<strong>de</strong> o unitário kˆ tem a direção perpendicular à folha <strong>de</strong> papel e o sentido para<br />

fora <strong>de</strong>la. Portanto:<br />

r<br />

B<br />

O resultado da integral é:<br />

r<br />

dB<br />

P<br />

µ i y dx′<br />

0<br />

P<br />

2 2<br />

4π<br />

[( x′<br />

) + y ]<br />

ˆj<br />

= 3/2<br />

P<br />

r µ<br />

0<br />

i<br />

dB = y<br />

4π<br />

P<br />

kˆ<br />

dx′<br />

+ y<br />

L / 2<br />

= ∫<br />

P<br />

fio ∫−<br />

L / 2 2 2 3/2<br />

[( x′<br />

)<br />

P<br />

]<br />

P<br />

kˆ<br />

EXEMPLO 29.2<br />

Campo gerado por um fio infinito<br />

Solução: No caso do fio infinito, a integral do Exemplo 29.1 fica:<br />

I<br />

y<br />

dx′<br />

= ∫ + ∞<br />

P<br />

− ∞<br />

2<br />

− ′ + 2<br />

[( x ) ]<br />

3/2<br />

P<br />

x yP<br />

Fazendo -u = xP − x′<br />

vem d x′ = du e a integral fica:<br />

Então:<br />

+∞ du 1 u<br />

I =<br />

=<br />

=<br />

∫<br />

2 2 2<br />

2<br />

[ u + y ] 1 y<br />

−∞ 2 2 3/2 2<br />

[ u + yP<br />

] y<br />

p<br />

p<br />

P<br />

−∞<br />

r<br />

B<br />

µ<br />

0<br />

i yP<br />

2 µ i<br />

× =<br />

2<br />

4π<br />

y 2π<br />

y<br />

=<br />

0<br />

O módulo <strong>de</strong> B r varia com o inverso da distância ao fio e o vetor está no plano<br />

perpendicular ao fio. A Figura 29.4 mostra as linhas <strong>de</strong> força do vetor B r . A<br />

corrente, representada pelo ponto central, tem o sentido para fora da página.<br />

P<br />

P<br />

kˆ<br />

+∞<br />

2<br />

+ L 2<br />

+ L / 2 dx′<br />

1 x'<br />

1 ⎡ L / 2<br />

− L / 2 ⎤<br />

∫ =<br />

= ⎢<br />

−<br />

−L<br />

/ 2 2 2 3/2 2<br />

2<br />

[( x′<br />

) + y ] y<br />

P<br />

P<br />

[( ) ( ) ] [ ] [ ] ⎥ ⎥<br />

2 2 2<br />

2<br />

2 2 2<br />

2 2 1/<br />

x'<br />

+ y<br />

1 y ⎢⎣<br />

+<br />

1/<br />

P ( L / 2) yP<br />

( L / 2) + y<br />

p<br />

P ⎦<br />

−L<br />

2<br />

o que dá:<br />

ou:<br />

r<br />

B<br />

µ<br />

0<br />

i<br />

y<br />

4π<br />

1<br />

2<br />

y<br />

2 L<br />

= P<br />

2 2 1/<br />

P [ L + yP<br />

]<br />

2<br />

r µ<br />

0<br />

i<br />

B =<br />

2 π y<br />

P<br />

L<br />

2 2<br />

[ L + 4y<br />

]<br />

ATIVIDADE 29.1<br />

Determine B r para um ponto Q, simétrico ao ponto P do Exemplo 29.1.<br />

P<br />

1/2<br />

kˆ<br />

kˆ<br />

Figura 29.4: Linhas <strong>de</strong> força da indução magnética <strong>de</strong> um fio longo.<br />

Dos Exemplos 29.1 e 29.2, bem como a Ativida<strong>de</strong> 29.1 po<strong>de</strong>mos<br />

extrair uma maneira <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar a direção do campo magnético em um<br />

ponto P do espaço, gerado por um fio conduzindo uma corrente elétrica.<br />

Basta, com a mão direita aberta, fazer coincidir o polegar com o sentido da<br />

corrente elétrica no fio. Em seguida, fechemos a mão. A direção da indução<br />

magnética em P será perpendicular ao plano contendo P e o fio e o sentido,<br />

o <strong>de</strong> fechamento da mão.<br />

EXEMPLO 29.3<br />

Consi<strong>de</strong>re o circuito abaixo (Figura 29.5), on<strong>de</strong> as linhas curvas são semicírculos<br />

com centro comum C . O raio do maior semicírculo é b e o do menor é a = b/ 2 .<br />

415<br />

416


As porções retas são perfeitamente horizontais. Encontre a indução magnética em<br />

C .<br />

PENSE E RESPONDA 29.2<br />

Porque a superposição dos campos é uma subtração?<br />

Figura 29.5: Cálculo do campo na origem.<br />

Solução: Os prolongamentos dos segmentos retos do circuito passam pelo ponto<br />

C. Assim, dl<br />

r e r r r<br />

são paralelos ao longo <strong>de</strong>les e, portanto, dl × = 0 . Logo, os<br />

segmentos retos não contribuem para a indução magnética em C.<br />

A indução magnética no ponto C <strong>de</strong>vida ao semi-círculo <strong>de</strong> raio b é, <strong>de</strong> acordo<br />

com (29.3),dada por:<br />

r<br />

B<br />

r r r<br />

µ<br />

0i<br />

dl × (<br />

−<br />

')<br />

4<br />

∫ r<br />

P r<br />

π |<br />

−<br />

'|<br />

=<br />

3<br />

P<br />

Mas dl<br />

r é tangente ao semicírculo <strong>de</strong> raio b em todos os seus pontos. Além disso,<br />

r r r<br />

P<br />

− ' = b e a direção <strong>de</strong> b r é radial, portanto, sempre perpendicular a dl<br />

r . Então,<br />

r r<br />

r µ i dl × b i πb<br />

dl dl b sen i πb<br />

0<br />

µ<br />

0<br />

90º µ<br />

0<br />

dl<br />

B = ∫ = ∫<br />

=<br />

3<br />

π b π 0<br />

2 3<br />

b b π ∫0<br />

2<br />

4<br />

4<br />

4 b<br />

ATIVIDADE 29.2<br />

Um circuito retangular <strong>de</strong> lados a e b , com<br />

a > b , é colocado em um campo<br />

magnético perpendicular ao seu plano. Uma corrente i constante percorre o<br />

circuito. Determine a indução magnética B r no centro do circuito.<br />

29.2 FORÇA ENTRE FIOS PARALELOS<br />

No Exemplo 29.2 vimos que um fio longo com uma corrente elétrica i A<br />

, cria<br />

um campo magnético em redor <strong>de</strong>le, cujas linhas <strong>de</strong> força são círculos concêntricos<br />

com o fio. Se colocarmos um outro fio longo, paralelamente ao primeiro (que<br />

chamaremos <strong>de</strong> fio B), também com uma corrente elétrica i B<br />

, e a uma distância R<br />

<strong>de</strong>le, este segundo fio sofrerá uma força do campo magnético do primeiro fio. A<br />

Figura 29.6 mostra os fios e o campo magnético gerado pelo fio A no fio B<br />

que dá:<br />

µ I<br />

B b<br />

= 0<br />

4 b<br />

(para fora do papel)<br />

Analogamente, para o semi-círculo <strong>de</strong> raio a :<br />

µ I<br />

B a<br />

= 0<br />

4 a<br />

(entrando no papel)<br />

Logo, como a = b/ 2 , a indução magnética do semicírculo <strong>de</strong> raio a é maior que a<br />

do semicírculo <strong>de</strong> raio b . A indução resultante é, então:<br />

Como a = b / 2 vem:<br />

B T<br />

µ I 1 1<br />

= 0 ( − )<br />

4 a b<br />

(entrando no papel)<br />

B I 2 1 I<br />

= µ 0 0<br />

( − ) =<br />

µ (entrando no papel)<br />

T<br />

4 b b 4 b<br />

Figura 29.6: Fios com correntes paralelas.<br />

De acordo com que vimos no Exemplo 29.2, o módulo da indução magnética<br />

no fio B é:<br />

µ<br />

0<br />

iA<br />

BA<br />

= .<br />

2π<br />

R<br />

417<br />

418


O módulo da força magnética que atua sobre um comprimento l do fio B é,<br />

então:<br />

F<br />

AB<br />

r r µ<br />

0<br />

iA<br />

µ<br />

0<br />

iA<br />

iB<br />

l<br />

= iB<br />

l × BA<br />

= iB<br />

l = .<br />

2π<br />

R 2π<br />

R<br />

(29.6)<br />

A direção e o sentido da força obe<strong>de</strong>ce a regra da mão direita para o produto<br />

vetorial (você <strong>de</strong>ve tentar ver claramente isso, fazendo os gestos com a<br />

mão).<br />

Obviamente, como o fio B tem corrente elétrica, o campo magnético gerado<br />

por ele exercerá uma força sobre o fio A. O módulo da força magnética que o<br />

campo <strong>de</strong> B exerce sobre o comprimento l do fio A é:<br />

r<br />

B<br />

µ<br />

0i<br />

uˆ<br />

× ˆ<br />

0<br />

( ˆ ) × ˆ<br />

T<br />

uR<br />

µ i dl uT<br />

u<br />

∫ dl =<br />

2<br />

4π<br />

r 4π<br />

∫<br />

r<br />

= 2<br />

em que colocamos o referencial no ponto A on<strong>de</strong> <strong>de</strong>sejamos calcular o campo<br />

magnético, <strong>de</strong> modo que a distância entre as cargas e este ponto em qualquer<br />

instante é r (Figura 29.7).<br />

R<br />

F<br />

BA<br />

= i<br />

A<br />

r r<br />

l × B<br />

B<br />

µ<br />

0<br />

iB<br />

µ<br />

0<br />

iA<br />

iB<br />

l<br />

= iA<br />

l = ,<br />

2π<br />

R 2π<br />

R<br />

(29.7)<br />

Figura 29.7: Carga elétrica em movimento gerando campos elétrico e magnético em A.<br />

idêntico ao da força que A exerce sobre B. Mas, <strong>de</strong> acordo com a regra da mão<br />

direita para o produto vetorial, a direção da força é a mesma, porém o sentido é<br />

oposto. Isto, aliás, já era <strong>de</strong> se esperar por causa da terceira lei <strong>de</strong> Newton: as<br />

duas forças são <strong>de</strong> ação e reação. Assim, po<strong>de</strong>mos dizer que correntes<br />

paralelas se atraem e correntes antiparalelas se repelem.<br />

PENSE E RESPONDA 29.3<br />

Dois fios transportando corrente são perpendiculares entre si. A corrente <strong>de</strong> um fio<br />

flui verticalmente para cima e a corrente no fio horizontal flui horizontalmente para<br />

o leste. Qual é a direção da força magnética no fio horizontal? Norte, Sul, Leste ou<br />

Oeste? Ou não existe força magnética líquida sobre o fio horizontal?<br />

29.3 CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR CARGA EM MOVIMENTO<br />

Uma corrente elétrica nada mais é que o movimento direcionado <strong>de</strong> cargas<br />

elétricas; assim, o fato <strong>de</strong> uma corrente elétrica gerar um campo magnético indica<br />

que uma carga elétrica sozinha po<strong>de</strong> também gerar um campo magnético. Vamos<br />

tentar <strong>de</strong>terminar as características <strong>de</strong>ste campo; para isso, lançamos mão da lei<br />

<strong>de</strong> Biot-Savart, escrita na forma da equação (29.5):<br />

419<br />

Mas, <strong>de</strong> acordo com a teoria <strong>de</strong> corrente elétrica,<br />

idl uˆ<br />

T<br />

r r<br />

= ( j A)<br />

dl uˆ<br />

= j dV = nqv dV,<br />

T<br />

em que j r é a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente, v r é a velocida<strong>de</strong> das cargas elétricas e dV é o<br />

elemento <strong>de</strong> volume que contém as cargas elétricas que se movem. Com essa<br />

expressão, a integral da indução magnética fica:<br />

como<br />

r<br />

r<br />

µ<br />

0<br />

( i dl uˆ<br />

T<br />

) × uˆ<br />

R<br />

µ<br />

0 ⎛ q v × uˆ<br />

T ⎞<br />

B =<br />

n dV ,<br />

2<br />

2<br />

4<br />

∫<br />

=<br />

r 4<br />

∫⎜<br />

⎟<br />

π<br />

π ⎝ r ⎠<br />

ndV<br />

é o número <strong>de</strong> cargas em um volume dV <strong>de</strong> corrente elétrica, po<strong>de</strong>mos<br />

interpretar o termo entre parênteses do integrando como sendo o campo<br />

magnético gerado por uma carga no ponto A. Então, escrevemos que:<br />

r<br />

r<br />

µ<br />

B =<br />

4π<br />

r<br />

0<br />

qv × uˆ<br />

T<br />

2<br />

(29.8)<br />

é o campo magnético gerado por uma carga elétrica q em um ponto A, a<br />

uma distância r <strong>de</strong>la. A equação nos diz que a direção do campo magnético é<br />

420


perpendicular à <strong>de</strong> r r e v r . As linhas <strong>de</strong> força magnéticas são círculos como<br />

mostrados na figura 29.7. Note que o campo magnético se anula ao longo da linha<br />

<strong>de</strong> movimento da carga e é máximo no plano perpendicular a esta linha, passando<br />

pela carga.<br />

Se supusermos que o campo elétrico E r gerado pela carga em A não é<br />

afetado pelo movimento <strong>de</strong>la, po<strong>de</strong>mos escrever que:<br />

Tirando o valor <strong>de</strong><br />

r 1 q<br />

E =<br />

4π ε r<br />

0<br />

ˆ .<br />

u<br />

2 R<br />

û<br />

R<br />

<strong>de</strong>ssa expressão e levando em (29.8), obtemos:<br />

r r r 1 r r<br />

B = µ<br />

0<br />

ε<br />

0<br />

v × E = v × E,<br />

(29.9)<br />

2<br />

c<br />

que dá a relação entre os campos elétrico e magnético gerados pela carga<br />

q em movimento.<br />

Na expressão (29.9), houve a substituição:<br />

1<br />

8<br />

c = = 2,9979×<br />

10 m/s (29.10)<br />

µ ε<br />

que é a velocida<strong>de</strong> da luz no vácuo.<br />

0<br />

0<br />

Em resumo, uma carga elétrica em repouso gera um campo elétrico; mas,<br />

se ela estiver em movimento, ela gera também um campo magnético. A equação<br />

(29-9) mostra que esses campos são dois aspectos <strong>de</strong> uma proprieda<strong>de</strong><br />

fundamental da matéria. Por isso, é mais correto usar o termo campo<br />

eletromagnético para <strong>de</strong>screver interações que envolvem cargas elétricas.<br />

A equação (29.8) vale quando a velocida<strong>de</strong> da carga é muito menor que a<br />

velocida<strong>de</strong> da luz. Quando isso não acontece, ela <strong>de</strong>ve ser substituída por uma<br />

outra equação <strong>de</strong>rivada da Teoria da Relativida<strong>de</strong>, conforme estudaremos mais<br />

adiante.<br />

SAIBA MAIS<br />

Sobre as unida<strong>de</strong>s do eletromagnetismo<br />

Quando estudamos a lei <strong>de</strong> Coulomb, vimos que a constante<br />

expressão da força elétrica:<br />

F<br />

e =<br />

K<br />

e<br />

q q<br />

r<br />

1 2<br />

2<br />

K<br />

e , que aparece na<br />

era <strong>de</strong>terminada experimentalmente a partir da <strong>de</strong>finição da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga<br />

elétrica, o Coulomb. Ela é expressa em termos <strong>de</strong> uma outra constante – a<br />

permissivida<strong>de</strong> elétrica ε<br />

0 - por:<br />

K<br />

e<br />

1<br />

=<br />

4π ε<br />

Por outro lado, a força magnética que atua entre dois fios retilíneos e longos,<br />

percorridos por uma corrente elétrica e separados <strong>de</strong> uma distância R , é dada<br />

pela equação (29.6) ou (29.7):<br />

F = K<br />

m<br />

m<br />

i<br />

A<br />

0<br />

i<br />

B<br />

l<br />

2π R<br />

Ela contém uma constante <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong><br />

K<br />

m que também é expressa em<br />

termos <strong>de</strong> uma outra constante –a permissivida<strong>de</strong> magnética µ<br />

0 - por:<br />

K m<br />

µ<br />

0<br />

=<br />

4π<br />

A equação (29.10) nos mostra que µ<br />

0 e ε<br />

0 estão relacionados <strong>de</strong> uma maneira<br />

bem <strong>de</strong>finida; assim , o valor <strong>de</strong> uma das constantes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do valor da outra. A<br />

razão disso é que ambas se referem a uma só gran<strong>de</strong>za fundamental – a carga<br />

elétrica – já que a corrente elétrica é carga/tempo. Portanto, ao escolher o ampère<br />

como a quarta unida<strong>de</strong> fundamental do SI (além do quilograma, metro e<br />

segundo), a Conferência Geral <strong>de</strong> Pesos e Medidas <strong>de</strong> 1960 adotou, por<br />

<strong>de</strong>finição, que o valor <strong>de</strong><br />

K<br />

m <strong>de</strong>ve ser:<br />

K m<br />

=<br />

−7<br />

2<br />

10 c<br />

para que a equação (29-10) forneça o valor:<br />

ε<br />

1<br />

1<br />

12 2<br />

0<br />

= =<br />

= 8,854 × 10 C /<br />

2<br />

−7<br />

2<br />

µ<br />

0<br />

c 4π<br />

× 10 c<br />

N m<br />

2<br />

medido experimentalmente.<br />

Dessa forma, a equação (29.6) ou a equação (29.7) po<strong>de</strong> ser usada para <strong>de</strong>finir o<br />

ampère como unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente elétrica que, percorrendo dois condutores<br />

421<br />

422


paralelos separados por uma distância <strong>de</strong> um metro, resulta em uma força<br />

−7<br />

(atrativa ou repulsiva) entre eles valendo 2,0 × 10 N/m <strong>de</strong> cada condutor. Dessa<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Ampère <strong>de</strong>corre, então, a <strong>de</strong>finição do Coulomb (unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga<br />

elétrica), como sendo a carga elétrica que flui por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área e tempo um<br />

condutor que possui uma corrente <strong>de</strong> um ampère.<br />

O campo magnético no centro do circuito é a soma dos campos gerados pelos<br />

quatro fios que fazem o circuito. Pela regra da mão direita, vemos que estes<br />

campos, no ponto P, são perpendiculares ao plano do circuito e têm sentido para<br />

fora do papel. O campo gerado por um fio <strong>de</strong> comprimento L, à distância r do fio é<br />

dado no Exemplo 29.1:<br />

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 29.1<br />

No caso do ponto Q, simétrico a P em telação ao fio, temos, da Figura 29.3:<br />

s<br />

dl<br />

dx iˆ<br />

r<br />

P<br />

= 0iˆ<br />

y ˆ<br />

r<br />

= ′<br />

−<br />

P<br />

j<br />

'= x′<br />

iˆ<br />

(lembre que<br />

Então:<br />

Então:<br />

r ' é o vetor-posição <strong>de</strong> dl<br />

r no sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas escolhido).<br />

r − r ' = −x′<br />

iˆ<br />

− y<br />

P<br />

r r r<br />

dl<br />

× ( −<br />

') = dx′<br />

iˆ<br />

× [( −x′<br />

) iˆ<br />

− y ˆ] j = −y<br />

dx′<br />

kˆ<br />

P<br />

on<strong>de</strong> o unitário kˆ tem a direção perpendicular à folha <strong>de</strong> papel e o sentido para<br />

fora <strong>de</strong>la. Portanto:<br />

r<br />

dB<br />

P<br />

ˆj<br />

µ i y dx′<br />

0<br />

P<br />

−<br />

4 π<br />

2 2<br />

[( x′<br />

) + y ]<br />

= 3/2<br />

P<br />

tem sentido para <strong>de</strong>ntro da página. O resto do cálculo é o mesmo, apenas trocando<br />

o sinal da integral, o que dá, finalmente:<br />

r i L<br />

B = µ<br />

0<br />

− kˆ<br />

2 π y<br />

2 2 1/<br />

P [ L + 4yP<br />

]<br />

2<br />

P<br />

kˆ<br />

P<br />

r<br />

B<br />

µ<br />

0<br />

i<br />

2π<br />

r<br />

L<br />

= 1/ 2<br />

2 2<br />

[ L + 4r<br />

]<br />

em que o vetor unitário kˆ tem o sentido saindo da folha <strong>de</strong> papel.<br />

Os campos magnéticos gerados pelos fios <strong>de</strong> comprimento a são iguais pois o<br />

ponto P está eqüidistante <strong>de</strong>les. A distância entre P e eles vale b / 2. Então, para<br />

esses dois fios, temos:<br />

P<br />

kˆ<br />

B µ<br />

0<br />

i a 2µ<br />

0<br />

i<br />

= 2<br />

=<br />

a<br />

2π<br />

b/<br />

2<br />

+<br />

2 2 2<br />

2 2<br />

[ a + 4b<br />

/ 4] 1/ π b [ a b ] 1/ 2<br />

Analogamente, para os fios <strong>de</strong> comprimento b , temos:<br />

A indução magnética total será:<br />

B=<br />

B<br />

ou, ainda:<br />

+ B<br />

i<br />

B µ<br />

0 b 2µ<br />

0<br />

= 2<br />

=<br />

b<br />

2π<br />

a / 2<br />

+<br />

2 2 2<br />

2 2<br />

[ b + 4a<br />

/ 4] 1/ π a [ a b ] 1/ 2<br />

2µ<br />

0<br />

i a 2µ<br />

0<br />

i b 2µ<br />

0<br />

i<br />

=<br />

+<br />

=<br />

π b<br />

2 2 1/ 2<br />

1/ 2<br />

[ a + b ] π a<br />

2 2<br />

2 2<br />

[ a + b ] π [ a + b ]<br />

a b<br />

1/ 2<br />

B=<br />

π<br />

2 µ i<br />

2<br />

⎛ a + b<br />

⎜<br />

2<br />

⎞ 2 µ<br />

0<br />

i ⎛ ( a + b<br />

⎟ = ⎜<br />

2<br />

2 1/ 2<br />

0 )<br />

⎟<br />

[ ] 2 2 ⎜ ⎟ ⎜<br />

a + b<br />

1/ 2<br />

⎝ ab ⎠ π ⎝ ab ⎠<br />

i<br />

a<br />

b<br />

⎞<br />

⎛ a b ⎞<br />

⎜ + ⎟<br />

⎝ b a ⎠<br />

ATIVIDADE 29.2<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E29.1) Um pequeno elemento <strong>de</strong> corrente<br />

centrado na origem. Encontre o campo magnético<br />

Idl<br />

r com<br />

r<br />

dl<br />

= 2mmkˆ<br />

e<br />

I = 2A<br />

está<br />

dB<br />

r nos seguintes pontos: sobre<br />

o eixo x (a) em x= 3 m, (b) em x= -6 m, sobre o eixo z (c) em z= 3m e sobre o<br />

eixo y (d) em y= 3 m.<br />

Figura 29.29: Circuito percorrido por corrente estacionária<br />

423<br />

E29.2) Dois fios longos retos paralelos distando 8,6 cm transportando correntes <strong>de</strong><br />

424


mesmo módulo I. Os fios paralelos repelem-se mutuamente com uma força por<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> 3,6 nN/m. (a) As correntes são paralelas ou<br />

antiparalelas? (b) Encontre I.<br />

E29.3) Um fio infinitamente longo e isolado está ao longo do eixo x e transporta<br />

uma corrente I na direção positiva do eixo x. Um outro fio infinitamente longo e<br />

isolado está ao longo do eixo y e transporta uma corrente I na direção y positiva.<br />

On<strong>de</strong> no plano xy o campo magnético resultante é nulo?<br />

E29.4) A corrente no fio mostrado na figura 29.9 é <strong>de</strong> 8 A. Encontre B r no ponto P<br />

<strong>de</strong>vido a cada segmento <strong>de</strong> fio e some-os para encontrar o B r resultante.<br />

Figura 29.9: corrente no fio do exercício 29.4<br />

425


AULA 30: CAMPO MAGNÉTICO EM SOLENÓIDES<br />

OBJETIVO<br />

• CALCULAR O CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR UM SOLENÓIDE.<br />

• APLICAR A REGRA DA MÃO DIREITA PARA DEFINIR A DIREÇAO DO VETOR INDUÇÃO<br />

MAGNÉTICA GERADO POR UMA ESPIRA E DENTRO DE UM SOLENÓIDE<br />

30.1 CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR UMA ESPIRA<br />

Nesta aula estudaremos as proprieda<strong>de</strong>s do campo magnético gerado por um<br />

solenói<strong>de</strong>, que é simplesmente um fio enrolado em espiras (Figura 30.1) <strong>de</strong> forma<br />

tal que seu comprimento seja muito maior que seu raio.<br />

Figura 30.1: Um solenoi<strong>de</strong>.<br />

Vamos começar estudando as características da indução magnética gerada por<br />

uma espira, que é a configuração básica <strong>de</strong> um solenói<strong>de</strong>. Vamos aplicar a lei <strong>de</strong><br />

Biot-Savart a uma espira circular <strong>de</strong> raio R, percorrida por uma corrente elétrica i ,<br />

em um ponto P no seu eixo <strong>de</strong> simetria (Figura 30.2).<br />

Aqui, o circuito que mantém a corrente estacionária i na espira não é<br />

mostrado pois estamos interessados <strong>de</strong> fato, apenas no campo produzido pela<br />

espira.<br />

elemento<br />

Seja um sistema <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas com origem no centro da espira. Um<br />

dl<br />

r da espira, localizado com relação à origem pelo vetor<br />

campo magnético <strong>de</strong> indução<br />

centro da espira ( r P<br />

) dada por:<br />

ao eixo<br />

r ' , gera um<br />

dB<br />

r no ponto P <strong>de</strong> vetor posição ( r P<br />

) relativo ao<br />

r<br />

dB<br />

r r r<br />

µ<br />

0i<br />

dl × (<br />

−<br />

')<br />

r<br />

P r .<br />

4π<br />

|<br />

−<br />

'|<br />

=<br />

3<br />

P<br />

Devido à simetria circular do problema no plano xy e também com relação<br />

cilíndricas. Temos:<br />

z (simetria axial) será conveniente trabalharmos em coor<strong>de</strong>nadas<br />

r<br />

P<br />

= z<br />

P<br />

kˆ<br />

r<br />

′ = x′<br />

iˆ<br />

+ y′<br />

ˆj<br />

+ 0kˆ<br />

≡ Rcosθ<br />

iˆ<br />

+ R senθ<br />

ˆj<br />

+ 0 kˆ<br />

( r − r ') = z kˆ<br />

− Rcosθ iˆ<br />

− R sinθ<br />

ˆj<br />

r P<br />

P<br />

2 2<br />

| r<br />

s<br />

'|= z R .<br />

P<br />

− r<br />

P<br />

+<br />

r r r<br />

Precisamos calcular o produto vetorial dl<br />

× ( P<br />

− r' ) e, para isso,<br />

escrevemos dl<br />

r<br />

= R dθ ˆ θ , em que θˆ um vetor unitário que é tangente ao círculo da<br />

espira, <strong>de</strong> mesmo sentido que a corrente elétrica circulando por ela. A Figura 30.3<br />

mostra a espira, o unitário θˆ e suas componentes segundo o sistema Oxyz .<br />

Figura 30.2: Campo Magnético <strong>de</strong> uma espira circular.<br />

Figura 30.3: Unitário tangente ao circulo da espira e suas componentes no sistema Oxyz.<br />

426<br />

427


Ele está no plano xy da espira e, portanto, suas componentes no sistema<br />

r<br />

= r 2π<br />

R µ [ ˆ ˆ<br />

0<br />

i zP<br />

cosθ<br />

i + zP<br />

senθ<br />

j + R kˆ]<br />

B ∫ dB =<br />

dθ.<br />

espira ∫0<br />

2 2<br />

4π<br />

( z + R )<br />

3/2<br />

P<br />

Oxyz são:<br />

As integrações angulares sobre θ são elementares pois R e<br />

zP<br />

são<br />

ˆ θ = −senθ<br />

iˆ<br />

+ cosθ<br />

ˆ. j<br />

constantes. Vale a pena chamar a atenção que as componentes segundo î e ĵ do<br />

campo magnético se anulam <strong>de</strong>vido à simetria axial do problema.<br />

Assim:<br />

r r r<br />

dl<br />

× ( −<br />

') = ( R dθ<br />

) ˆ θ × ( z kˆ<br />

− R cosθ<br />

iˆ<br />

− R senθ<br />

ˆ). j<br />

P<br />

P<br />

ATIVIDADE 30.1<br />

Verifique que as componentes <strong>de</strong> B r segundo os eixos Ox e Oy se anulam.<br />

Usando a equação para θˆ obtemos:<br />

r r r<br />

dl<br />

× ( −<br />

') = ( Rdθ<br />

)( −senθ<br />

iˆ<br />

+ cosθ<br />

ˆ) j × ( z kˆ<br />

− Rcosθ<br />

iˆ<br />

− R senθ<br />

ˆ) j<br />

P<br />

P<br />

Assim, para a componente segundo kˆ , temos:<br />

ou, <strong>de</strong>senvolvendo o produto vetorial e consi<strong>de</strong>rando que i ˆ × iˆ<br />

= ˆj<br />

× ˆj<br />

= 0 vem:<br />

2<br />

[ ˆ<br />

2<br />

− z senθ<br />

(ˆ i × kˆ)<br />

+ R sen θ (ˆ i × ˆ) j + z cosθ<br />

( j × kˆ)<br />

− Rcos<br />

( ˆj<br />

iˆ)<br />

]<br />

r r r<br />

dl<br />

× (<br />

P<br />

−<br />

')<br />

= ( R dθ<br />

)<br />

P<br />

P<br />

θ ×<br />

ou, ainda:<br />

r r r<br />

dl<br />

× (<br />

−<br />

'<br />

P<br />

) = (<br />

[ z sen ˆ<br />

2<br />

j R sen kˆ<br />

z iˆ<br />

2<br />

θ + θ + cosθ<br />

R cos θ kˆ<br />

]<br />

R dθ )<br />

+<br />

P<br />

P<br />

ou:<br />

r<br />

2<br />

= µ 2π<br />

0<br />

i R kˆ<br />

B<br />

+<br />

∫ θ<br />

2 2 3/2<br />

4π<br />

( z R )<br />

d<br />

0<br />

P<br />

r<br />

2<br />

0<br />

i R r<br />

B = µ k.<br />

(30.1)<br />

2 2 3/2<br />

2 ( z + R )<br />

P<br />

Se o ponto P está situado exatamente no centro da espira, z<br />

P<br />

= 0 e:<br />

o que dá:<br />

<strong>de</strong> modo que:<br />

e:<br />

r r r<br />

dl<br />

× ( −<br />

') = R dθ<br />

[ z cosθ<br />

iˆ<br />

+ z senθ<br />

ˆj<br />

R kˆ]<br />

P P<br />

P<br />

+<br />

r µ<br />

0i<br />

[ z<br />

dB = R dθ<br />

4π<br />

P<br />

cosθ<br />

iˆ<br />

+ z ˆ<br />

P<br />

senθ<br />

j + Rkˆ]<br />

2 3/2<br />

( z + R )<br />

2<br />

P<br />

r<br />

B<br />

µ i R<br />

2<br />

kˆ<br />

µ i<br />

= ˆ.<br />

3<br />

R 2R<br />

2<br />

0 0<br />

= k<br />

Então, a indução magnética gerada por uma espira contendo uma<br />

corrente estacionária tem a mesma direção que o eixo da espira. Seu<br />

sentido po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>terminado com a seguinte regra:<br />

Fechamos a mão direita sobre a espira <strong>de</strong> modo que o sentido <strong>de</strong><br />

fechamento coincida com o sentido da corrente na espira. O vetor indução<br />

magnética é perpendicular ao plano da espira com sentido dado pelo<br />

polegar, como motrado na Figura 30.4.<br />

428<br />

429


EXEMPLO 30.2<br />

Suponha que tivéssemos duas espiras separadas por uma distância d, com<br />

correntes <strong>de</strong> mesmos sentidos, <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> i .<br />

(a) Qual seria a indução magnética num ponto sob o eixo <strong>de</strong> simetria das espiras a<br />

meia distância uma da outra?<br />

(b) Qual seria a indução magnética no ponto Q, situado à distância d <strong>de</strong> P?<br />

Figura 30.4: Regra da mão direita para espiras com corrente elétrica.<br />

PENSE E RESPONDA 30.1<br />

O campo magnético é uniforme em algum lugar em uma espira com corrente?<br />

EXEMPLO 30.1<br />

Consi<strong>de</strong>re um ponto a uma distância muito gran<strong>de</strong><br />

indução magnética neste caso.<br />

z P<br />

>> R da espira. Calcule a<br />

Solução: Neste caso, po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>senvolver o <strong>de</strong>nominador <strong>de</strong> (29-7) em série<br />

binomial, o que dá:<br />

( z<br />

1<br />

+ R<br />

)<br />

3 R<br />

≈ 1−<br />

2<br />

2 2 3/2<br />

2<br />

P<br />

z P<br />

2<br />

Figura 30.5: Espiras paralelas com correntes.<br />

SOLUÇÃO:<br />

Como pensar?<br />

Você tem que manter a mão sempre na mesma posição e no sentido da corrente.<br />

É como se tivesse um ímã no centro da espira e o fato do ímã estar a direita ou a<br />

esquerda, o ímã não se inverte, conforme ilustra a figura 30.6<br />

Então, a equação (29-4) fica:<br />

r<br />

B<br />

µ<br />

0<br />

i R<br />

3<br />

2z<br />

2<br />

2<br />

3 R<br />

(1−<br />

) kˆ<br />

2 z<br />

= 2<br />

P<br />

P<br />

r<br />

2<br />

µ<br />

0i<br />

R µ<br />

0<br />

r<br />

ou: B = k ˆ = µ ( z >> R),<br />

3<br />

3<br />

2 z 2π<br />

P<br />

z P<br />

2<br />

on<strong>de</strong> µ = iπ R é o chamado momento <strong>de</strong> dipolo magnético.<br />

De fato, uma espira tem um momento <strong>de</strong> dipolo magnético associado que está<br />

sempre perpendicular ao plano <strong>de</strong>finido pela área, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do fato <strong>de</strong> a<br />

espira ser circular ou não. Lembre mais uma vez da forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição da normal,<br />

conforme discutimos em aulas anteriores.<br />

430<br />

Figura 30.6: Analogia da espira com um ímã, mostrando o sentido dos vetores momento<br />

magnético no ponto P.<br />

(a) Como as espiras são idênticas e possuem a mesma corrente, e como o ponto P<br />

está no meio da distância entre elas, a indução magnética <strong>de</strong>vida a cada uma<br />

<strong>de</strong>las em P será a mesma. A regra da mão direita nos dá que esses vetores estão<br />

ao longo do eixo das espiras e dirigidos para o ponto Q. Assim, a indução total<br />

será duas vezes a dada pela equação 30.1, isto é:<br />

431


B =<br />

1<br />

2 (<br />

µ i R<br />

z<br />

1<br />

2<br />

2<br />

4µ<br />

i R<br />

4R<br />

)<br />

2<br />

2<br />

3/ 2 2<br />

0<br />

0<br />

0<br />

0<br />

=<br />

=<br />

=<br />

2 2 3/2<br />

2<br />

3/2<br />

2 2 3/2 2<br />

P<br />

+ R ) ⎛ d<br />

( d + 4R<br />

) ( d +<br />

2<br />

⎞<br />

⎜<br />

⎝ 4<br />

µ i R<br />

+ R<br />

⎟<br />

⎠<br />

1<br />

2<br />

4<br />

µ i R<br />

2 3/2<br />

(b) A distância da espira à esquerda <strong>de</strong> P até o ponto Q é (3d/2). A distância da<br />

espira à direita <strong>de</strong> P até o ponto Q é d/2. Então, se escolhermos o sentido positivo<br />

do eixo Oz, coinci<strong>de</strong>nte com a linha PQ, da esquerda para a direita, teremos:<br />

1. para a espira à esquerda <strong>de</strong> P, 3d / 2<br />

Exemplo 30.3<br />

Uma espira <strong>de</strong> raio a=20 cm é alinhada com um fio <strong>de</strong> comprimento L=2a <strong>de</strong><br />

modo que seu eixo <strong>de</strong> simetria passa pelo ponto médio do fio (Figura 30.7). A<br />

distância entre a espira e o fio é d=3a.<br />

r<br />

B<br />

2<br />

1 µ<br />

0<br />

i R<br />

2 2<br />

2 ( z + R )<br />

z P<br />

= e:<br />

2<br />

3 / 2 2<br />

2<br />

i R<br />

i R<br />

i R<br />

kˆ<br />

1 µ<br />

0<br />

4<br />

kˆ<br />

1 4 µ<br />

0<br />

µ<br />

0<br />

=<br />

=<br />

=<br />

k<br />

2 2<br />

2 2<br />

3/ 2<br />

2 2 3/2<br />

⎛ 9d<br />

2 (9d<br />

+ 4R<br />

) (9d<br />

+ 4R<br />

)<br />

2 ⎞<br />

⎜ + R<br />

4<br />

⎟<br />

⎝ ⎠<br />

= 1<br />

3/2<br />

3/2<br />

P<br />

2. Para a espira à direita <strong>de</strong> P, z P<br />

= d / 2 e:<br />

r<br />

B<br />

2<br />

1 µ<br />

0<br />

i R<br />

2 2<br />

2 ( z + R )<br />

2<br />

i R<br />

kˆ<br />

1 µ<br />

0<br />

=<br />

2 2<br />

⎛ d 2 ⎞<br />

⎜ + R<br />

4<br />

⎟<br />

⎝ ⎠<br />

3/ 2 2<br />

i R<br />

kˆ<br />

1 4 µ<br />

0<br />

=<br />

2 2<br />

2 ( d + 4R<br />

)<br />

2<br />

4µ<br />

0<br />

i R<br />

=<br />

2 2<br />

( d + 4R<br />

)<br />

= 2<br />

3/2<br />

3 / 2<br />

3/2<br />

3/2<br />

P<br />

Como as correntes possuem o mesmo sentido, teremos:<br />

r<br />

B<br />

r r<br />

2<br />

4µ<br />

0<br />

i R<br />

B1<br />

+ B2<br />

=<br />

2 2<br />

(9d<br />

+ 4R<br />

)<br />

2<br />

i R<br />

kˆ<br />

4µ<br />

0<br />

+<br />

2 2<br />

( d + 4R<br />

)<br />

= 3/2<br />

3/2<br />

kˆ<br />

kˆ<br />

ˆ<br />

Figura 30.7: Espira alinhada com fio<br />

Faz-se passar uma corrente i=2,25 Ampère tanto no fio quanto na espira. Calcule<br />

a indução magnética no ponto P, situado sobre o eixo da espira, à distância <strong>de</strong>la.<br />

Solução: Aplicando a regra da mão direita, tanto para a espira quanto para o fio,<br />

observamos que a indução magnética <strong>de</strong>vida à espira está dirigida ao longo do<br />

eixo Oz, no sentido positivo <strong>de</strong>le; a indução magnética <strong>de</strong>vida ao fio está dirigida<br />

ao longo do eixo Ox (perpendicular à folha <strong>de</strong> papel), com sentido do eixo (saindo<br />

da folha). Temos, então, que a indução magnética em P, <strong>de</strong>vida ao fio é:<br />

r<br />

B<br />

µ<br />

0<br />

i<br />

2π<br />

z<br />

L<br />

= fio<br />

2 2 1/<br />

P [ L + 4z<br />

P<br />

]<br />

2<br />

iˆ<br />

ATIVIDADE 30.2<br />

Conforme foi obtido no Exemplo 29.1. Com<br />

L = 2a<br />

e z P<br />

= 2a<br />

, temos:<br />

No Exemplo 30.2, se as correntes tivessem sentidos opostos:<br />

(a) Qual seria a indução magnética num ponto sob o eixo <strong>de</strong> simetria das espiras<br />

a meia distância uma da outra?<br />

(b) Qual seria a indução magnética no ponto Q, situado à distância d <strong>de</strong> P?<br />

r<br />

µ<br />

0<br />

i<br />

2π<br />

(2a)<br />

2a<br />

2 2<br />

[ 4a<br />

+ 4a<br />

]<br />

i<br />

iˆ<br />

µ<br />

=<br />

2π<br />

a<br />

B = 0<br />

fio<br />

1/ 2<br />

1<br />

iˆ<br />

8<br />

A indução magnética <strong>de</strong>vida à espira é, como foi visto no Exemplo 30.1:<br />

r<br />

B<br />

2<br />

µ<br />

0<br />

i a<br />

2 2<br />

2 ( z + a )<br />

= espira<br />

3/2<br />

P<br />

kˆ<br />

432<br />

433


Com<br />

z P<br />

= a vem:<br />

r<br />

B espira<br />

Então, a indução resultante é:<br />

2<br />

µ i a<br />

i<br />

= 0<br />

kˆ<br />

µ<br />

0<br />

=<br />

2 2 3/2<br />

2 ( a + a ) 2a<br />

1<br />

kˆ<br />

8<br />

EXEMPLO 30.4<br />

Um disco <strong>de</strong> raio R homogêneo tem uma carga Q distribuída por sua superfície e<br />

gira com velocida<strong>de</strong> angular ω constante. Suponha que a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga seja<br />

constante ao longo da sua superfície. Calcule a indução magnética em um ponto P<br />

situado a uma altura h acima do eixo do disco.<br />

r r<br />

B = B<br />

fio<br />

r<br />

+ B<br />

espira<br />

µ i<br />

=<br />

2π<br />

a<br />

1 i<br />

iˆ<br />

+<br />

8 2a<br />

0<br />

µ 0<br />

1<br />

kˆ<br />

8<br />

ou:<br />

r<br />

i ⎛ ⎞<br />

B = B iˆ + B kˆ<br />

µ<br />

0<br />

1 1<br />

x y<br />

= ⎜ iˆ<br />

+ kˆ<br />

⎟<br />

2a<br />

8 ⎝π<br />

⎠<br />

O módulo <strong>de</strong> B r é:<br />

B =<br />

B + B<br />

2<br />

x<br />

2<br />

z<br />

µ<br />

0<br />

i<br />

=<br />

2a<br />

1 ⎛ 1 ⎞<br />

⎜ + 1<br />

2<br />

⎟<br />

8 ⎝ π ⎠<br />

1/ 2<br />

Figura 30.8: Disco carregado com carga Q girante.<br />

O vetor B r está localizado no plano xz, fazendo um ângulo θ com o eixo Oz dado<br />

por:<br />

⎛ B<br />

θ = arctg<br />

⎜<br />

⎝ B<br />

Aplicando os valores numéricos, temos:<br />

x<br />

z<br />

⎞ ⎛ 1 ⎞<br />

⎟ = arctg ⎜ ⎟<br />

⎠ ⎝ π ⎠<br />

−7<br />

( 4π<br />

× 10 T.<br />

m / A)<br />

× 2,25 A<br />

−<br />

B =<br />

× 0,101 + 1 = 2,62 × 10<br />

2 × 0,20 m × 8<br />

θ = arctg( 0,318) = 17º,6<br />

PENSE E RESPONDA 30.2<br />

Desenhe o vetor indução magnética na figura 30.7<br />

6<br />

T<br />

Solução: Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar o disco como uma superposição <strong>de</strong>nsa <strong>de</strong> espiras<br />

<strong>de</strong> espessura<br />

d r′ , cada qual com uma corrente i .<br />

Vamos calcular a "corrente" associada a uma "espira" <strong>de</strong> espessura<br />

disco:<br />

Q dQ<br />

2 =<br />

πR<br />

dA<br />

d r′ sobre o<br />

on<strong>de</strong> dA = r′<br />

dr′<br />

dθ<br />

, Q é a carga contida na espira. Como a corrente elétrica é:<br />

vem:<br />

E, como<br />

dθ<br />

ω = :<br />

dt<br />

dQ<br />

i =<br />

dt<br />

dQ r′<br />

dr′<br />

dθ<br />

Q<br />

=<br />

2<br />

dt π R dt<br />

Q<br />

i = r′<br />

dr′ω<br />

π R<br />

Agora po<strong>de</strong>mos usar a lei <strong>de</strong> Biot e Savart. Para uma espira, lembremos <strong>de</strong> 30.1<br />

que:<br />

2<br />

434<br />

435


B<br />

µ<br />

0i<br />

2 ( z<br />

2<br />

r′<br />

2<br />

+ r′<br />

)<br />

=<br />

2 3/2<br />

P<br />

kˆ<br />

Como<br />

z P<br />

= h , temos que:<br />

r<br />

B<br />

2<br />

µ<br />

0i<br />

r´<br />

2 2<br />

2 ( h + r´<br />

)<br />

=<br />

3/2<br />

kˆ<br />

Figura 30.9: Campo magnético <strong>de</strong> um solenói<strong>de</strong>.<br />

Logo esta espira contribui como um dB para o campo do disco:<br />

r<br />

dB<br />

2<br />

µ<br />

0 Qω<br />

r′<br />

r′<br />

dr′<br />

2<br />

2 2<br />

2 π R ( h + r′<br />

)<br />

= 3/2<br />

kˆ<br />

A figura 30.10 mostra um corte perpendicular às espiras por um plano<br />

paralelo a esta folha <strong>de</strong> papel.<br />

Integrando <strong>de</strong> r ′ = 0 até r ′ = R , obtemos<br />

r<br />

B<br />

3<br />

µ<br />

0<br />

Qω<br />

r′<br />

2 2 2<br />

2π<br />

R ( h + r′<br />

)<br />

=<br />

R<br />

disco ∫0<br />

3/2<br />

dr′<br />

kˆ<br />

ou:<br />

r<br />

B disco<br />

2 2<br />

µ<br />

0<br />

Qω<br />

⎛ R + 2h<br />

⎞<br />

= ⎜ 2⎟<br />

kˆ<br />

2<br />

2 R<br />

−<br />

π<br />

2 2<br />

⎝ h + R ⎠<br />

ATIVIDADE 30.3<br />

No Exemplo 30.4, qual é a indução magnética no centro da espira?<br />

Figura 30.10: Campo magnético nas espiras <strong>de</strong> um solenói<strong>de</strong>.<br />

Os círculos com o X são as interseções das espiras com a corrente<br />

entrando no papel (parte superior da espiras na Figura 30.9); os círculos<br />

com os pontos, são as interseções das espiras com a corrente saindo do<br />

papel (parte inferior das espiras na Figura 30.9).<br />

30.2 DESCRIÇÃO DO CAMPO MAGNÉTICO GERADO POR UM<br />

SOLENÓIDE<br />

A Figura 30.9 mostra as linhas <strong>de</strong> força da indução magnética gerada por<br />

uma corrente que percorre um solenói<strong>de</strong>. Ela é a soma vetorial das induções<br />

magnéticas geradas por cada uma das espiras que o constituem.<br />

As linhas com setas são as linhas da indução magnética gerada<br />

pelo fio das espiras. Po<strong>de</strong>mos ver que existe um cancelamento da indução<br />

magnética entre as porções dos fios adjacentes das espiras, ao passo que<br />

ao longo do solenói<strong>de</strong>, acontece uma superposição construtiva <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong><br />

força, produzindo uma indução magnética que é aproximadamente<br />

uniforme e cilíndrica.<br />

PENSE E RESPONDA 30.3<br />

O campo magnético é nulo para pontos no exterior <strong>de</strong> um solenói<strong>de</strong>?<br />

436<br />

437


Vamos calcular a indução magnética em um ponto P do eixo <strong>de</strong> simetria e no<br />

interior <strong>de</strong> um solenói<strong>de</strong> constituido por espiras circulares <strong>de</strong> raio a e comprimento<br />

L. A figura 30.11 mostra a geometria do problema:<br />

O resultado <strong>de</strong>ssa integral é obtido com a mudança <strong>de</strong> variável<br />

ou por consulta em uma tabela <strong>de</strong> integrais. Temos, então:<br />

z = a tgθ<br />

z2<br />

r µ<br />

0<br />

i N 2 1 z µ<br />

0<br />

i N ⎡ z2<br />

z1<br />

B = a<br />

= ⎢ −<br />

2<br />

2 L a<br />

2 2<br />

2 L<br />

2 2 2 2<br />

z + a<br />

⎢<br />

z<br />

z<br />

1 ⎣ 2<br />

+ a z1<br />

+ a<br />

⎤ r<br />

⎥ k.<br />

⎥<br />

⎦<br />

fazer<br />

Como o solenói<strong>de</strong> tem um comprimento muito maior que seu raio, po<strong>de</strong>mos<br />

z → + ∞ e z → −∞<br />

, obtendo, então:<br />

2<br />

1<br />

Figura 30.11: Geometria para calcular a indução magnética no eixo do solenói<strong>de</strong>.<br />

r µ<br />

0<br />

i N<br />

B = = µ<br />

0<br />

n i kˆ.<br />

L<br />

(30.2)<br />

De acordo com a equação (30.1), a indução magnética no ponto P do eixo<br />

do solenói<strong>de</strong>, gerado por uma espira situada à distância z do ponto P é, na notação<br />

da figura 30.10 (não <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> comparar esta figura com a figura 30.2 e compare<br />

também esta equação com a equação 30.1):<br />

A importância do solenói<strong>de</strong> está no fato <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rmos obter induções<br />

magnéticas bastante uniformes em regiões próximas a seu centro.<br />

r<br />

dB<br />

2<br />

µ<br />

0<br />

i a<br />

2 2<br />

2 ( z + a )<br />

= 3/2<br />

kˆ<br />

Suponhamos que o solenói<strong>de</strong> tenha N espiras no seu comprimento L. Então,<br />

o número <strong>de</strong> espiras por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento é n = N L e o número <strong>de</strong> espiras<br />

no elemento <strong>de</strong> comprimento dz é ndz = ( N L)dz<br />

. A indução magnética no ponto<br />

P do eixo do solenói<strong>de</strong>, gerada pelas espiras contidas em dz, é:<br />

r<br />

dB<br />

2<br />

⎡ µ<br />

0<br />

i a<br />

⎢ 2 2<br />

⎣2(<br />

z + a )<br />

⎤ N ˆ µ<br />

0<br />

i N<br />

⎥ dz k =<br />

⎦ L 2 L ( z<br />

2<br />

a<br />

2<br />

+ a )<br />

= 3/2<br />

2 3/2<br />

dz kˆ.<br />

A indução <strong>de</strong>vida a todas as espiras é a integral <strong>de</strong>ssa expressão sobre todo<br />

o comprimento do solenói<strong>de</strong>. Então:<br />

r<br />

0<br />

i N<br />

B =<br />

µ a<br />

2 L<br />

2<br />

z2<br />

dz<br />

∫ z 2 2<br />

1 ( z + a )<br />

3/2<br />

kˆ.<br />

438<br />

439


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 30.1<br />

A componente <strong>de</strong> B r segundo o eixo Ox é:<br />

ou:<br />

r<br />

B<br />

x<br />

A componente segundo Oy é:<br />

r<br />

B<br />

y<br />

=<br />

=<br />

Ou:<br />

ATIVIDADE 30.2<br />

µ i 2π<br />

z cosθ<br />

dθ<br />

µ i R z<br />

2π<br />

∫<br />

0<br />

cosθ<br />

dθ<br />

π 0 2<br />

4<br />

P<br />

0<br />

P<br />

=<br />

2 2 3/<br />

2<br />

[ ] [ ] ∫<br />

+ 4π<br />

2 2 0<br />

z R<br />

z + R<br />

3/<br />

P<br />

r µ i R<br />

Bx<br />

=<br />

4π<br />

z<br />

0 P<br />

2π<br />

sen θ =<br />

2 2 3/ 2 0<br />

[ z<br />

P<br />

+ R ]<br />

µ 2π<br />

θ θ µ<br />

2π<br />

0<br />

i z<br />

P<br />

cos d<br />

0<br />

i R z<br />

P<br />

∫<br />

=<br />

2<br />

π 0 3/ 2<br />

4<br />

2 2<br />

[ ] [ ] ∫<br />

+ 4π<br />

2 2 0<br />

z R<br />

z + R<br />

3/<br />

P<br />

P<br />

r µ<br />

0<br />

i R zP<br />

2π<br />

By<br />

=<br />

− cosθ<br />

= 0<br />

3/ 2<br />

0<br />

4π<br />

2 2<br />

[ z + R ]<br />

P<br />

P<br />

0<br />

senθ<br />

dθ<br />

(a) Se as correntes tiverem sentidos opostos, o sentido dos vetores B serão<br />

opostos e, como eles são iguais em módulo, a indução resultante seria nula.<br />

E30.1) Uma espira <strong>de</strong> um fio com raio <strong>de</strong> 3 cm transporta uma corrente <strong>de</strong> 2,6 A.<br />

Qual é o módulo <strong>de</strong> B r sobre o eixo da espira em (a) no centro da espira, (b) 1 cm a<br />

partir do centro, (c) 2 cm a partir do centro e (d) 35 cm a partir do centro?<br />

E30.2) Encontra a corrente em uma espira circular com raio <strong>de</strong> 8 cm que irá<br />

fornecer um campo magnético <strong>de</strong> 2 G no centro da espira.<br />

r µ i<br />

E30.3) Mostre que a equação 30.1 reduz-se a B = 0<br />

kˆ<br />

no centro da espira.<br />

2R<br />

E30.4) Um enrolamento circular com raio <strong>de</strong> 5,0 cm possui 12 voltas, encontra-se<br />

em repouso no plano x e está centrado na origem. Ele transporta uma corrente <strong>de</strong><br />

4 A, <strong>de</strong> tal modo que a direção do momento magnético do enrolamento está ao<br />

longo do eixo x. Encontre o campo magnético sobre o eixo x em (a) x=0, (b) x=15<br />

cm e (c) x= 3 m.<br />

E30.5) Um solenói<strong>de</strong> com 30 cm <strong>de</strong> comprimento, raio <strong>de</strong> 12 cm e 300 voltas<br />

transporta uma corrente <strong>de</strong> 2,6 A. Encontre B r sobre o eixo do solenói<strong>de</strong> (a) no<br />

centro, (b) <strong>de</strong>ntro do solenói<strong>de</strong> a um ponto situado a 10 cm <strong>de</strong> uma extremida<strong>de</strong>.<br />

E30.6) Um solenói<strong>de</strong> com o comprimento <strong>de</strong> 2,7 m possui raio <strong>de</strong> 0,85 cm e 600<br />

voltas. Ele transporta uma corrente I <strong>de</strong> 2,5 A. Qual é o campo magnético<br />

aproximado sobre o eixo do solenói<strong>de</strong>?<br />

(b) No caso <strong>de</strong> correntes com sentidos opostos, teremos:<br />

ATIVIDADE 30.3<br />

r<br />

B<br />

r r<br />

2<br />

4 µ<br />

0<br />

i R<br />

B1<br />

+ B2<br />

=<br />

2 2<br />

(9d<br />

+ 4R<br />

)<br />

2<br />

i R<br />

kˆ<br />

4 µ<br />

0<br />

−<br />

2 2<br />

( d + 4R<br />

)<br />

= 3/2<br />

3/2<br />

kˆ<br />

r µ Qω<br />

r<br />

No centro do disco ( h → 0) , temos: B = 0 k<br />

2π<br />

R<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

440<br />

441


AULA 31 LEI DE AMPÈRE<br />

OBJETIVO<br />

• ENUNCIAR A LEI DE AMPÈRE<br />

• APLICAR A LEI DE AMPÈRE EM PROBLEMAS DE GEOMETRIA SIMPLES<br />

• APLICAR A REGRA DA MÃO DIREITA PARA DEFINIR A CONVENÇÃO DE SINAL DO<br />

CÁLCULO DA CIRCULAÇÃO<br />

• MONTAR E CALCULAR A CIRCULAÇÃO DA INDUÇÃO MAGNÉTICA<br />

Portanto, a lei <strong>de</strong> Ampère relaciona a integral da componente tangencial<br />

do vetor B r ao longo <strong>de</strong> uma curva fechada C que <strong>de</strong>limita uma superfície S, com a<br />

corrente estacionária líquida i que atravessa essa superfície.<br />

A equação (31.1) merece algumas observações importantes:<br />

(a) a integral na equação 31.1 é uma integral <strong>de</strong> linha e, portanto, <strong>de</strong>ve ser<br />

calculada sobre a curva (fechada) C (por isso, o círculo sobre o símbolo da<br />

integral). A integral é <strong>de</strong>nominada circulação do vetor B r . O integrando é<br />

31.1 A LEI DE AMPÈRE<br />

O cálculo da indução magnética gerada em um ponto P do espaço por uma<br />

corrente elétrica é feito, como vimos, pela lei <strong>de</strong> Biot-Savart. Ele envolve uma<br />

integral que po<strong>de</strong> ser complicada em muitos casos. Por outro lado, este cálculo<br />

po<strong>de</strong> ser simplificado quando tratamos com sistemas com alto grau <strong>de</strong> simetria,<br />

graças à lei <strong>de</strong> Ampère.<br />

A lei <strong>de</strong> Ampère <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> dois fatos experimentais:<br />

1) Como não há pólos magnéticos isolados na Natureza, as linhas <strong>de</strong><br />

força do campo magnético são linhas fechadas;<br />

2) A integral da indução magnética B r , gerada por uma corrente<br />

estacionária i , ao longo <strong>de</strong> uma linha <strong>de</strong> força do campo magnético,<br />

é proporcional à corrente elétrica que atravessa a superfície limitada<br />

por esta linha <strong>de</strong> força.<br />

Este último resultado po<strong>de</strong> ser generalizado para qualquer curva fechada C e<br />

uma corrente estacionária que atravesse a superfície limitada por esta curva.<br />

Matematicamente, po<strong>de</strong>mos escrever a lei <strong>de</strong> Ampère:<br />

em que<br />

<strong>de</strong>la.<br />

r r<br />

∫ B • dl = µ 0<br />

i,<br />

(31.1)<br />

C<br />

dl<br />

r é o vetor <strong>de</strong>slocamento tangente à curva fechada C em qualquer ponto<br />

442<br />

a componente do vetor B r na direção da tangente à curva C em qualquer<br />

ponto <strong>de</strong>la;<br />

(b) como há duas maneiras <strong>de</strong> se percorrer uma curva fechada, adota-se<br />

como sentido positivo convencional <strong>de</strong> percurso da curva C, aquele<br />

em que a superfície S, limitada por C, fique sempre à esquerda <strong>de</strong> C.<br />

Para o cálculo da circulação na lei <strong>de</strong> Ampère com essa convenção,<br />

consi<strong>de</strong>ra-se a corrente elétrica com o sentido positivo ou negativo, <strong>de</strong><br />

acordo com a regra da mão direita: colocando os <strong>de</strong>dos da mão direita<br />

no sentido positivo <strong>de</strong> percurso da curva, o <strong>de</strong>do polegar dá o<br />

sentido positivo da corrente elétrica.<br />

(c) se houver mais <strong>de</strong> uma corrente atravessando a superfície <strong>de</strong>limitada pelo<br />

percurso <strong>de</strong> integração, a corrente líquida é a soma algébrica dos valores<br />

das correntes existentes, com o sinal coincidindo com a regra da mão<br />

direita.<br />

A Figura 31.1 mostra uma curva C limitando uma superfície S.<br />

Perpendicularmente a S figuram alguns fios retilíneos cujas correntes elétricas têm<br />

os sentidos indicados. O sentido <strong>de</strong> percurso da curva C também está indicado.<br />

Assim, a lei <strong>de</strong> Ampère, aplicada ao circuito C, nos permite escrever:<br />

PENSE E RESPONDA 31.1<br />

r r<br />

∫ B • dl = µ<br />

0 2 3 4<br />

i<br />

C<br />

( − i − i + i + )<br />

Porque i 1<br />

e i 6 não foram levadas em conta no cálculo da circulação?<br />

5<br />

443


EXEMPLO 31.1<br />

Campo <strong>de</strong> um fio infinito com corrente i<br />

Calcular a indução magnética gerada por um fio infinito, percorrido por uma<br />

corrente estacionária i , em um ponto P situado à distância r do fio.<br />

Solução: De acordo com os passos acima <strong>de</strong>scritos, temos:<br />

Figura 31.1: Circuito envolvendo várias correntes elétricas. . A curva C é chamada <strong>de</strong> circuito<br />

<strong>de</strong> Ampère ou curva amperiana.<br />

(a) A Figura 31.2 mostra as linhas <strong>de</strong> força do campo magnético gerado pelo fio.<br />

Como já havíamos visto, elas são círculos concêntricos com cada ponto do fio<br />

e situadas no plano perpendicular ao fio. Essa é, pois a simetria que<br />

<strong>de</strong>sejávamos.<br />

Sabendo que<br />

ATIVIDADE 31.1<br />

i = 1<br />

6mA<br />

, i = 2<br />

5mA<br />

, i 4mA<br />

3<br />

= , i = 4<br />

3mA<br />

, i 2<br />

5<br />

= mA e<br />

i 1mA<br />

6<br />

=<br />

calcule o valor da circulação do vetor B r para o exemplo da figura 31.1<br />

Essas observações nos dão indicações para operarmos corretamente<br />

com a lei <strong>de</strong> Ampère:<br />

(i) ) primeiramente, <strong>de</strong>vemos observar qual a simetria que a situação física<br />

tem para justificar o uso da lei. Se não houver simetria, é inútil aplicarmos a<br />

lei;<br />

(ii) a simetria <strong>de</strong> que falamos vai se manifestar na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

escolhermos uma curva <strong>de</strong> integração a<strong>de</strong>quada para usarmos na integral;<br />

(<strong>iii</strong>) <strong>de</strong>terminamos quais as correntes que atravessam a superfície limitada<br />

pela curva, o sentido da corrente líquida, que <strong>de</strong>ve ser o sentido positivo da<br />

integral.<br />

(d) expressamos o produto escalar do integrando em função <strong>de</strong> um parâmetro<br />

que permita a integração.<br />

Para enten<strong>de</strong>rmos o método acima, vamos fazer como na Lei <strong>de</strong> Gauss,<br />

começando com um exemplo simples.<br />

Figura 31.2: Linhas <strong>de</strong> força do campo magnético gerado pelo fio infinito.<br />

(b) Devido à simetria do campo magnético, para calcular a integral da equação<br />

(31.1) escolhemos como curva <strong>de</strong> integração um círculo <strong>de</strong> raio r , passando pelo<br />

ponto P e perpendicular ao fio, com origem no centro <strong>de</strong>le.<br />

(c) a corrente i é mostrada na Figura. Assim, escolhemos o sentido positivo <strong>de</strong><br />

percurso que, neste caso, coinci<strong>de</strong> com o campo magnético. Com a regra da mão<br />

direita, vemos que a corente elétrica é consi<strong>de</strong>rada positiva.<br />

(d) Como o campo magnético é constante ao longo da trajetória e tangente a ela,<br />

temos:<br />

que dá:<br />

∫<br />

r r<br />

2π<br />

B • dl = B (cos 0) ∫ dl = B × (2π<br />

r)<br />

= µ<br />

0i<br />

C<br />

0<br />

444<br />

445


µ i<br />

B = 0 (31.2)<br />

2π<br />

r<br />

que é o resultado obtido com a lei <strong>de</strong> Biot-Savart, mas <strong>de</strong> modo muito mais fácil.<br />

r<br />

Mas uˆ θ<br />

• dl<br />

é a componente <strong>de</strong> dl<br />

r na direção do vetor unitário ûθ<br />

e vale:<br />

u ˆ • dl<br />

r<br />

= r dθ.<br />

θ<br />

Note que a circulação vale<br />

B2 π r . Entretanto, como a corrente que gera o campo<br />

magnético é constante (consequentemente o segundo membro da lei <strong>de</strong> Ampère<br />

tem que ser constante) o campo magnético tem que <strong>de</strong>cair com r para a circulação<br />

ser constante, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do raio da curva <strong>de</strong> integração.<br />

A escolha da curva <strong>de</strong> integração é semelhante à da superfície <strong>de</strong> Gauss. Ela <strong>de</strong>ve<br />

sempre passar pelo ponto on<strong>de</strong> calculamos a indução magnética.<br />

ou:<br />

Então:<br />

∫<br />

r r<br />

=<br />

µ i 2 µ<br />

0<br />

B • dl r<br />

π dθ<br />

=<br />

i 2<br />

2π<br />

r<br />

∫0<br />

2π<br />

C<br />

∫<br />

0<br />

π<br />

B<br />

r<br />

dl<br />

r<br />

• = µ i, 0<br />

C<br />

,<br />

PENSE E RESPONDA 31.2<br />

A lei <strong>de</strong> Ampère só é válida para correntes estacionárias?<br />

que é a expressão da Lei <strong>de</strong> Ampère. Portanto, a forma da curva não afeta a<br />

aplicação da lei.<br />

Se compararmos a solução do problema dada por este exemplo, com a do<br />

cálculo da indução magnética usando a lei <strong>de</strong> Biot –Savart (Exemplos 29.1 e<br />

29.2),vemos que a simetria do campo magnético ajudou a simplificar a solução.<br />

PENSE E RESPONDA 31.3<br />

Se o módulo do campo magnético situado a uma distância R <strong>de</strong> um fio longo<br />

retilíneo e que carrega uma corrente é B, a que distância do fio o campo terá<br />

módulo equivalente a 3B?<br />

É importante notar que, se escolhermos uma curva arbitrária C envolvendo o<br />

fio, temos (Figura 31.3):<br />

∫<br />

r r r µ i r<br />

0<br />

B • dl = ∫ Buˆ<br />

θ • dl u • dl<br />

C ∫<br />

ˆθ<br />

C<br />

2π<br />

r<br />

C<br />

ATIVIDADE 31.2<br />

A Figura 31.4 mostra quatro fios concêntricos (círculos em negrito) percorridos por<br />

correntes elétricas valendo, respectivamente, i<br />

a<br />

= 8 A saindo do papel, ib<br />

= 10A<br />

entrando no papel, ic<br />

= 3 A entrando no papel e id<br />

= 7 A saindo do papel. Calcule a<br />

circulação da indução magnética em cada circuito circular concêntrico com cada fio<br />

tal que:<br />

Figura 31.3: Lei <strong>de</strong> Ampère e curva arbitrária.<br />

Figura 31.4: Fios concêntricos com correntes elétricas <strong>de</strong> vários sentidos e intensida<strong>de</strong>s<br />

446<br />

447


Então:<br />

(a) compreendido entre os fios a e b;<br />

(b) compreendido entre os fios b e c<br />

(c) compreendido entre os fios c e d<br />

(d) envolvendo todos os fios<br />

(a) Para<br />

a < r < b temos:<br />

∫<br />

r r<br />

B • dl = µ 0<br />

i,<br />

C<br />

EXEMPLO 31.2<br />

ou:<br />

Consi<strong>de</strong>re dois cilindros condutores coaxiais, paralelos a um eixo que tomaremos<br />

como o eixo z (Figura 31.5). O condutor interno tem raio a e carrega uma<br />

corrente i uniformemente distribuída sobre sua área transversal com sentido <strong>de</strong><br />

+ z . O condutor externo tem raio interno b e raio externo c e carrega uma<br />

corrente i uniformemente distribuída sobre sua área transversal com sentido<br />

Encontre o campo magnético nas regiões:<br />

a) a < r < b<br />

b) b < r < c<br />

c) r > c<br />

− z .<br />

∫<br />

r r<br />

2π<br />

B • dl = B (cos 0) ∫ dl = B(2π<br />

r)<br />

= µ<br />

0i<br />

C<br />

e:<br />

µ i<br />

B r<br />

= 0 ˆ. φ<br />

2π<br />

r<br />

(b) b < r < c . Da mesma forma que anteriormente:<br />

∫<br />

C<br />

0<br />

r r<br />

B • dl = µ 0<br />

i'<br />

e:<br />

∫<br />

r r<br />

B • dl = B (2π<br />

r)<br />

C<br />

Figura 31.5: Cilindros condutores coaxiais.<br />

A corrente i’ que atravessa o condutor cilíndrico externo é a diferença entre a<br />

corrente total e a interna ao raio r :<br />

SOLUÇÃO: O problema possui simetria suficiente para usar a lei <strong>de</strong> Ampère. O<br />

circuito <strong>de</strong> integração é um círculo centrado no eixo. O campo magnético é<br />

tangente ao círculo em todos os pontos e po<strong>de</strong> ser escrito como B r<br />

= B(<br />

r)<br />

φˆ em<br />

que φˆ é o unitário da direção tangente ao círculo <strong>de</strong> integração (Figura 31.6).<br />

i´ = −(<br />

i − jA),<br />

on<strong>de</strong> o primeiro termo é a corrente total no cilindro e o segundo, a corrente que<br />

flui na região do cilindro com r>b. O sinal negativo indica que o sentido da<br />

corrente é o <strong>de</strong> –z. A área A é a área do cilindro compreendida entre os raios r e b.<br />

Então:<br />

A = π ( r<br />

2<br />

2<br />

− b ).<br />

Figura 31.6: Unitário φˆ tangente ao circulo <strong>de</strong> integração.<br />

Como a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente no cilindro é constante, po<strong>de</strong>mos escrever que:<br />

448<br />

449


Portanto:<br />

j<br />

i<br />

i<br />

= .<br />

2<br />

π ( c − b )<br />

=<br />

2<br />

Atotal<br />

a indução magnética escolhemos um circuito <strong>de</strong> integração ABCD (circuito <strong>de</strong><br />

Ampère ou curva amperiana) como mostrado nela, <strong>de</strong> modo tal que envolva<br />

apenas uma espira.<br />

2 2<br />

⎛ iπ<br />

( r − b )<br />

( 2 ) =<br />

0<br />

,<br />

2 2<br />

( ) ⎟ ⎞<br />

B π r µ<br />

⎜−<br />

i +<br />

⎝ π c − b ⎠<br />

ou:<br />

B r<br />

µ i ⎡(<br />

r<br />

⎢<br />

2π<br />

r ⎣(<br />

c<br />

2<br />

− c ) ⎤<br />

⎥<br />

ˆ.<br />

− b ) ⎦<br />

2<br />

=<br />

0<br />

2 2<br />

φ<br />

Figura 31.7: Circuito <strong>de</strong> Ampère.<br />

c) r>c. Neste caso, temos que a corrente total que atravessa a área <strong>de</strong>limitada por<br />

um círculo <strong>de</strong> raio r>b é nula, pois as correntes nos dois cilindros possuem<br />

Temos, que:<br />

∫<br />

ABCD<br />

r<br />

B • r r r r r r<br />

dl = ∫ B • dl + ∫ B • dl + ∫ B • dl + ∫<br />

AB<br />

BC<br />

CD<br />

DA<br />

r r<br />

B • dl .<br />

sentidos contrários. Então: B=0.<br />

ATIVIDADE 31.3<br />

Calcule a indução magnética em um ponto P situado a uma distância r <strong>de</strong> um<br />

cilindro maciço <strong>de</strong> raio R, percorrido por uma corrente elétrica <strong>de</strong> <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong><br />

constante j. Suponha que:<br />

a) rR<br />

O trajeto CD é paralelo ao campo magnético, assim como o AB; porém po<strong>de</strong>mos<br />

colocar o trajeto AB do circuito tão longe quanto queiramos <strong>de</strong> modo que o campo<br />

aí se anula. Nos trajetos BC e DA, o campo é perpendicular ao <strong>de</strong>slocamento e,<br />

portanto, as respectivas integrais são nulas. Assim a única contribuição importante<br />

na lei <strong>de</strong> Ampère é a da integral <strong>de</strong> linha ao longo <strong>de</strong> CD.<br />

∫<br />

ABCD<br />

r r<br />

B • dl = ∫<br />

CD<br />

r<br />

B • dl = Ba,<br />

Vamos ver agora como a lei <strong>de</strong> Ampère nos ajuda em geometrias mais<br />

elaboradas.<br />

EXEMPLO 31.3<br />

Usando a Lei <strong>de</strong> Ampère, calcule a indução magnética no interior <strong>de</strong> um solenói<strong>de</strong><br />

muito longo formado por n espiras por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento e percorrido por<br />

uma corrente i .<br />

on<strong>de</strong> a é o comprimento do circuito CD. Pela Lei <strong>de</strong> Ampère:<br />

Ba = µ 0<br />

i',<br />

on<strong>de</strong> i ' é a corrente na região envolvida pelo circuito <strong>de</strong> Ampère e que, portanto,<br />

percorre uma espira do solenói<strong>de</strong>. Então:<br />

i'<br />

B = µ 0 .<br />

a<br />

SOLUÇÃO: Como vimos anteriormente, um solenói<strong>de</strong> muito longo possui um<br />

campo magnético praticamente homogêneo no seu interior, com linhas <strong>de</strong> campo<br />

paralelas ao seu eixo. A Figura 31.7 mostra uma seção do solenói<strong>de</strong>. Para calcular<br />

450<br />

A corrente total i é:<br />

i = nai'<br />

sendo n<br />

comprimento no solenói<strong>de</strong>. Então:<br />

o número <strong>de</strong> espiras por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

451


ou, vetorialmente, com<br />

µ<br />

0<br />

n ai<br />

B = = µ<br />

0<br />

ni,<br />

a<br />

ûx<br />

sendo o unitário do eixo Ox:<br />

r<br />

B −µ<br />

niuˆ<br />

.<br />

=<br />

0 x<br />

Seja um circuito <strong>de</strong> Ampère circular <strong>de</strong> raio r , mostrada na figura 31.9 como uma<br />

linha pontilhada. Se i 0 é a corrente em uma espira, a corrente total compreendida<br />

na região limitada pela linha pontilhada é o produto do número <strong>de</strong> espiras pela<br />

corrente em cada espira, tal que i = N i0<br />

. Então, como as linhas <strong>de</strong> indução<br />

magnética circulam <strong>de</strong>ntro do torói<strong>de</strong>:<br />

∫ Γ<br />

r r<br />

B • dl = µ µ N i<br />

0<br />

i =<br />

0<br />

0<br />

EXEMPLO 31.4<br />

Campo magnético gerado por um torói<strong>de</strong><br />

Consi<strong>de</strong>re um solenói<strong>de</strong>, parecido com o do exercício anterior, <strong>de</strong> tamanho C e<br />

que o torçamos unindo suas extremida<strong>de</strong>s até formar um torói<strong>de</strong> (Figura 31.8).<br />

Usando a Lei <strong>de</strong> Ampère, calcule seu campo magnético.<br />

ou:<br />

B ( 2π r)<br />

= µ<br />

0<br />

N i0.<br />

Mas o torói<strong>de</strong> está limitado pelos raios interno a e externo b. Então, para a


condutor na parte da reta que une o centro dos dois cilindros.<br />

que dá:<br />

2<br />

B i<br />

2π<br />

r = −µ<br />

0<br />

J π a . ( a < r < b)<br />

2) a do cilindro maior:<br />

B e<br />

2π<br />

r = µ J π r<br />

0<br />

2<br />

que dá o campo resultante:<br />

2<br />

µ J ( r<br />

Br<br />

= Be<br />

+ Bi<br />

=<br />

2 r<br />

0<br />

−<br />

2<br />

a )<br />

Figura 31.10: Cilindro condutor com cavida<strong>de</strong> não concêntrica.<br />

SOLUÇÃO: A <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> superficial <strong>de</strong> corrente é relacionada com a corrente<br />

elétrica por:<br />

r<br />

di = J • nˆ<br />

dA.<br />

Então, para uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente constante atravessando uma área circular<br />

2<br />

A = π R :<br />

Calcule a indução magnética para<br />

ATIVIDADE 31.4<br />

r > b no exemplo 31.5<br />

PENSE E RESPONDA 31.4<br />

Quais são as vantagens e <strong>de</strong>svantagens relativas da lei <strong>de</strong> Biot e Savart e da lei <strong>de</strong><br />

Ampère para os cálculos práticos <strong>de</strong> campo magnético?<br />

r I<br />

= ˆ I<br />

J k = k ˆ.<br />

2<br />

A π R<br />

Para resolver o problema é essencial que raciocinemos da maneira que se segue,<br />

uma vez que a quebra <strong>de</strong> simetria introduzida pela cavida<strong>de</strong> cilíndrica feita no<br />

cilindro maciço, faz com que a Lei <strong>de</strong> Ampère não possa ser aplicada<br />

imediatamente, pois não há curva ampereana simples que explore a simetria do<br />

campo magnético<br />

Suponhamos que tivéssemos um cilindro maciço <strong>de</strong> raio b , percorrido por uma<br />

corrente com J constante, e que, no seu interior houvesse uma região <strong>de</strong> raio a ,<br />

cilíndrica, em que houvesse uma corrente <strong>de</strong> sentido contrário, com <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

corrente − J . Então, na região teríamos J = 0 , o que simularia o buraco do ponto<br />

<strong>de</strong> vista eletromagnético. Assim numa região a uma distância r do eixo do cilindro<br />

(com a < r < b ) teríamos duas contribuições:<br />

1) a do cilindro interno <strong>de</strong> raio a:<br />

r r<br />

∫ B • dl = µ<br />

0<br />

I<br />

Γ<br />

455<br />

454


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

raio r do cilindro, e I, a corrente que percorre todo o cilindro, temos que:<br />

ATIVIDADE 31.1<br />

r r<br />

∫ µ<br />

0<br />

A circulação do campo magnético é dada por: B • dl = ( − i − i + i + i )<br />

ATIVIDADE 31.2<br />

(a) O circuito circular compreendido entre os fios a e b só envolve o fio a. O sentido<br />

positivo <strong>de</strong> percurso do circuito é o antihorário e a corrente que percorre o fio e sai<br />

do papel; portanto, pela regra da mão direita, ela tem o sentido positivo. Assim:<br />

∫<br />

r r<br />

B • dl = µ<br />

= 4π<br />

× 10<br />

T.<br />

A<br />

C<br />

× 8 A = 10×<br />

10<br />

−7<br />

−1<br />

−6<br />

0<br />

ia<br />

T<br />

(b) O circuito circular compreendido entre os fios b e c envolve os fios a e b. O<br />

sentido positivo <strong>de</strong> percurso do circuito é o antihorário. Pela regra da mão direita,<br />

como a corrente que percorre o fio b penetra no papel, temos:<br />

∫<br />

r r<br />

B • dl = µ ( i<br />

− i ) = 4π<br />

× 10<br />

T.<br />

A<br />

× (8 A −10<br />

A)<br />

= −2,5<br />

× 10<br />

−7<br />

−1<br />

−6<br />

0 a b<br />

T<br />

(c) O circuito circular compreendido entre os fios c e d envolve os fios a, b e c. O<br />

sentido positivo <strong>de</strong> percurso do circuito é o antihorário. Pela regra da mão direita,<br />

como a corrente que percorre o fio c penetra no papel, temos:<br />

r r<br />

B • dl = µ ( i −<br />

∫<br />

− i ) = 4π<br />

× 10<br />

T.<br />

A<br />

× (8 A −10<br />

A − 3 A)<br />

= −6,3×<br />

10<br />

−7<br />

−1<br />

−6<br />

0 a<br />

ib<br />

c<br />

T<br />

(d) o circuito circular envolve todos os fios e a corrente que percorre o fio d tem<br />

sentido para fora do papel. Então:<br />

r r<br />

B • dl = µ ( i −<br />

∫<br />

−<br />

+ i ) = 4π<br />

× 10<br />

T.<br />

A<br />

× (8 A −10<br />

A − 3 A + 7 A)<br />

= 2,5×<br />

10<br />

−7<br />

−1<br />

−6<br />

0 a<br />

ib<br />

ic<br />

d<br />

T<br />

Devemos consi<strong>de</strong>rar apenas as correntes que estão limitadas pela curva amperiana.<br />

Substituindo os valores das correntes temos:<br />

2<br />

.<br />

3<br />

4<br />

5<br />

.<br />

.<br />

.<br />

i<br />

π r<br />

2<br />

=<br />

I<br />

π R<br />

Se o ponto P, situado à distância r do eixo do cilindro, estiver <strong>de</strong>ntro do cilindro,<br />

teremos rR, o cilindro se comporta como um fio. Portanto: B = I<br />

2π<br />

R<br />

ATIVIDADE 31.4<br />

Do Exemplo 31.4, a indução magnética em um ponto situado a uma distância<br />

do cilindro é calculado com um circuito circular <strong>de</strong> raio r . Temos:<br />

B e<br />

(2π r)<br />

= µ J π<br />

.<br />

2<br />

I<br />

2<br />

0<br />

b<br />

Como a indução <strong>de</strong>ntro do cilindro não varia, a indução total fica, então:<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

2 2<br />

µ<br />

0<br />

J ( b − a )<br />

Br<br />

= Be<br />

+ Bi<br />

=<br />

2 r<br />

.<br />

µ<br />

r > b<br />

E31.1) No interior <strong>de</strong> uma curva fechada exstem diversos condutores. A integral <strong>de</strong><br />

linha<br />

∫ B<br />

r . dl<br />

r<br />

em torno da curva é igual a 3,83.10 -4 T. (a) Qual é a corrente total que<br />

passa nos condutores? (b) Se você fizesse a integral percorrendo a curva em<br />

sentido contrário, qual seria o valor da integral? Explique.<br />

µ<br />

( − i − i + i + i ) = µ ( − mA − 4mA<br />

+ 3mA<br />

+ 2mA) = µ ( − 4 ).<br />

0 2 3 4 5 0<br />

5<br />

0<br />

mA<br />

ATIVIDADE 31.3<br />

Como a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente no cilindro é constante, se i é a corrente <strong>de</strong>ntro do<br />

456<br />

E31.2) A figura 31.9 mostra uma seção reta <strong>de</strong> diversos condutores que<br />

atravessam o plano da página. O sentido das correntes está indicado na figura e<br />

valem I 1 =4,0 A, I 2 =6,0 A e I 3 =2,0 A. Temos quatro trajetórias indicadas na figura.<br />

457


(a) Qual é o valor da integral<br />

∫ B<br />

r . dl<br />

r<br />

para cada uma das trajetórias?<br />

Figura 31.9: Representação do exercício 31.2.<br />

PROBLEMAS DA UNIDADE<br />

P9.1) Uma seção reta <strong>de</strong> um fio cilíndrico longo <strong>de</strong> raio a= 2,00 cm e que conduz<br />

uma corrente <strong>de</strong> 170 A está mostrado na figura 31.10. Qual é o módulo do campo<br />

elétrico produzido pela corrente a uma distância do eixo do fio igual a (a) 0, (b)<br />

1,00 cm, (c) 2,00 cm e (d) 4,00 cm?<br />

Figura 31.10: Seção transversal <strong>de</strong> um fio conduzindo corrente.<br />

P9.2) Um fio cilíndrico longo e retilíneo <strong>de</strong> raio R, transporta uma corrente<br />

uniformemente distribuída sobre sua seção reta. Em qual local o campo magnético<br />

produzido por essa corrente é igual à meta<strong>de</strong> do seu valor máximo? Consi<strong>de</strong>re<br />

pontos internos e externos ao fio.<br />

P9.3) Um solenói<strong>de</strong> é projetado para produzir um campo magnético igual a 0,0270<br />

T em seu centro. Ele possui raio <strong>de</strong> 1,40 cm, comprimento <strong>de</strong> 40,0 cm e o fio<br />

conduz uma corrente máxima <strong>de</strong> 12,0 A. (a) Qual é o comprimento total do fio? (b)<br />

Qual o número mínimo <strong>de</strong> espiras que o solenói<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve possuir?<br />

P31.4) Um fio cilíndrico <strong>de</strong> raio a=3,1 mm é percorrido por uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

corrente, J, que varia linearmente com a distância radial r <strong>de</strong> acordo com a equação<br />

J=J 0 r/a on<strong>de</strong> J 0 =310 A/m 2 . Determine o módulo do campo magnético para (a) r=0,<br />

(b) r= a/2 e (c) r=a.<br />

458


UNIDADE X<br />

LEIS DE FARADAY E DE LENZ E A INDUÇÃO<br />

ELETROMAGNÉTICA<br />

Até agora estudamos fenômenos elétricos e magnéticos <strong>de</strong> forma<br />

completamente separada: a eletrostática e a magnetostática são assuntos<br />

completamente fechados sobre si mesmos. Apren<strong>de</strong>mos ainda que cargas elétricas<br />

estacionárias geram campos elétricos, assim como cargas elétricas em movimento<br />

(correntes) geram campos magnéticos.<br />

A partir <strong>de</strong> agora vamos apren<strong>de</strong>r que tanto o campo elétrico quanto o<br />

campo magnético po<strong>de</strong>m ser gerados por uma fonte que não está mencionada<br />

acima: a variação temporal <strong>de</strong> um campo elétrico (que po<strong>de</strong> gerar um campo<br />

magnético) e reciprocamente, a variação temporal <strong>de</strong> um campo magnético (que<br />

po<strong>de</strong> gerar um campo elétrico).<br />

A lei <strong>de</strong> Faraday trata do caso em que um campo elétrico é gerado a partir<br />

da variação temporal do fluxo do campo magnético. Começamos então a enten<strong>de</strong>r<br />

o porquê do nome Eletromagnetismo. Esse nome só tem sentido se fenômenos<br />

tipicamente elétricos possam gerar fenômenos tipicamente magnéticos e viceversa.<br />

458<br />

459


AULA 32: LEI DE FARADAY E LEI DE LENZ<br />

OBJETIVOS<br />

- ENUNCIAR A LEI DE FARADAY E A LEI DE LENZ<br />

- APLICAR A LEI DE FARADAY E LEI DE LENZ EM DIVERAS SITUAÇÕES<br />

- GERADORES E MOTORES<br />

- RELACIONAR FORÇA ELETROMOTRIZ E CORRENTE INDUZIDA<br />

fluxo do vetor indução magnética tem papel importante. Então, para simplificar a<br />

linguagem, chamaremos o fluxo do vetor indução magnética apenas <strong>de</strong><br />

fluxo magnético. Entretanto, <strong>de</strong>vemos sempre ter em mente que esta<br />

<strong>de</strong>nominação se refere ao fluxo <strong>de</strong> um vetor (no caso B r ) através <strong>de</strong> uma<br />

superfície.<br />

32.2 A LEI DE FARADAY<br />

32.1 O FLUXO DA INDUÇÃO MAGNÉTICA<br />

como:<br />

O fluxo do vetor indução magnética através <strong>de</strong> uma superfície A é <strong>de</strong>finido<br />

Φ<br />

B<br />

r<br />

= ∫ B • nˆ<br />

dA,<br />

on<strong>de</strong> dA é um elemento da superfície consi<strong>de</strong>rada e nˆ , um vetor unitário normal à<br />

superfície. Sua unida<strong>de</strong> é o<br />

2<br />

Tesla× m que também é <strong>de</strong>nominada Weber (Wb), em<br />

homenagem a Wilhelm Eduard Weber (1804-1891), inventor do telégrafo<br />

eletromagnético.<br />

Como não há monopólos magnéticos na Natureza, as linhas <strong>de</strong> força<br />

do campo magnético são fechadas. Como exemplo, lembre-se das linhas <strong>de</strong><br />

força do campo magnético gerado por uma corrente elétrica que percorre um fio<br />

longo ou um solenói<strong>de</strong> (figura 30.8). Em um ímã as linhas <strong>de</strong> força saem pela<br />

extremida<strong>de</strong> a que damos o nome <strong>de</strong> polo magnético Norte e entram na<br />

extremida<strong>de</strong> chamada <strong>de</strong> polo magnético Sul.<br />

Se consi<strong>de</strong>rarmos uma superfície fechada qualquer em um campo magnético,<br />

todas as linhas <strong>de</strong> força que entram nessa superfície saem <strong>de</strong>la. Assim, o fluxo do<br />

vetor indução magnética através <strong>de</strong> uma superfície fechada é sempre nulo.<br />

Matematicamente<br />

Φ<br />

B<br />

r<br />

= ∫ B • nˆ<br />

dA = 0.<br />

Em 1831 Michael Faraday anunciou os resultados <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />

experimentos, incluindo três que <strong>de</strong>screveremos a seguir:<br />

Experimento 1: Consi<strong>de</strong>re um circuito elétrico retangular constituído por<br />

um fio metálico e uma resistência R, colocado em repouso num campo magnético<br />

uniforme <strong>de</strong> indução magnética B r<br />

perpendicular ao plano do circuito (Figura<br />

32.1a). A forma do circuito não é importante: os resultados do experimento são<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>la. Também o fato do campo magnético ser uniforme e<br />

perpendicular ao plano do circuito não muda os resultados. Essas hipóteses são<br />

feitas apenas para simplificar os cálculos e não <strong>de</strong>ixar que eles escondam a<br />

interpretação dos fenômenos físicos envolvidos.<br />

Figura 32.1a: Circuito elétrico em repouso num campo magnético uniforme.<br />

Não havendo força eletromotriz no circuito, não haverá corrente elétrica<br />

através do fio e da resistência que o constituem.<br />

Se agora <strong>de</strong>slocarmos o circuito <strong>de</strong>ntro da região do campo magnético (por<br />

exemplo da esquerda para a direita como na Figura 32.1b), observaremos que,<br />

enquanto ele estiver se movendo totalmente imerso no campo magnético,<br />

não haverá corrente elétrica percorrendo o circuito.<br />

Essa expressão é chamada <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> Gauss para o magnetismo, pela sua<br />

semelhança com a respectiva lei para a eletrostática.<br />

Nesta Unida<strong>de</strong> estaremos interessados em muitos fenômenos nos quais o<br />

460<br />

461


o movimento do ímã (relativamente ao circuito) muda <strong>de</strong> sentido (Figura 32.1d).<br />

Figura 32.1b: Circuito elétrico movendo-se num campo magnético uniforme com velocida<strong>de</strong><br />

v r .<br />

Eventualmente, o circuito elétrico atinge o limite da região contendo o<br />

campo magnético e começa a sair <strong>de</strong>la, como mostra a figura 32.1c:<br />

Figura 32.1d: Imã se aproximando e se afastando <strong>de</strong> um circuito elétrico. Observe que o<br />

sentido da corrente se inverte quando o movimento do imã ocorre no sentido contrário.<br />

PENSE E RESPONDA 32.2<br />

Figura 32.1c: Circuito elétrico saindo <strong>de</strong> uma região contendo um campo magnético<br />

Se o polo sul estivesse inicialmente se aproximando do circuito e <strong>de</strong>pois se<br />

afastando, haveria uma corrente induzida? Como seriam o sentido da corrente em<br />

amboos os casos?<br />

A partir <strong>de</strong>ste momento, uma corrente flui no circuito e ela continua<br />

a existir no circuito enquanto parte <strong>de</strong>le ainda estiver na região contendo o<br />

campo magnético; quando todo o circuito <strong>de</strong>ixa a região, a corrente<br />

elétrica <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> existir.<br />

O mesmo fenômeno acontece quando o circuito, ao invés <strong>de</strong> sair da<br />

região do campo magnético, entra nela: apenas o sentido da corrente é<br />

invertido em relação àquele quando o circuito sai do campo magnético. Da<br />

mesma forma que antes, a corrente continua a existir enquanto parte do circuito<br />

fica <strong>de</strong>ntro da região do campo magnético; quando todo o circuito está <strong>de</strong>ntro ou<br />

fora <strong>de</strong>la não há corrente elétrica no circuito.<br />

PENSE E RESPONDA 32.1<br />

Se o circuito estivesse parado e a região on<strong>de</strong> se encontra B r se movesse para a<br />

direita, apareceria uma corrente no circuito?<br />

Experimento 2: Quando aproximamos ou afastamos um ímã <strong>de</strong> um<br />

circuito, aparece uma corrente elétrica no circuito. A corrente <strong>de</strong>saparece quando o<br />

ímã fica em repouso relativamente ao circuito e volta a aparecer quando o ímã<br />

volta a se movimentar. O sentido da corrente no circuito também se inverte quando<br />

462<br />

Experimento 3: Se o circuito estiver em repouso relativamente ao campo<br />

magnético, ao alterarmos a intensida<strong>de</strong> do vetor indução magnética do campo<br />

magnético, uma corrente elétrica aparece no circuito. Se aumentamos a<br />

intensida<strong>de</strong> da indução magnética a corrente tem um sentido. Se diminuirmos a<br />

intensida<strong>de</strong> da indução magnética a corrente adquireo sentido contrário.<br />

PENSE E RESPONDA 32.3<br />

Se o circuito e a região do campo magnético estivesse em repouso mas<br />

repentinamente a área do circuito aumentasse e diminuisse <strong>de</strong> tamanho, haveria<br />

indução <strong>de</strong> corrente elétrica nesse circuito?<br />

Lembrando que, para que apareça uma corrente elétrica no circuito, é<br />

preciso que apareça um campo elétrico nos fios que o constituem. Você vai notar<br />

imediatamente que o campo elétrico, que produz o movimento das cargas<br />

elétricas, é gerado pela variação <strong>de</strong> alguma coisa. Que coisa é essa? Não é o<br />

campo magnético, pois este fica constante nos dois primeiros experimentos. Não é<br />

o movimento do circuito, que fica parado no experimento 3.<br />

463


Repare, entretanto, que existe uma gran<strong>de</strong>za que varia nos três<br />

experimentos: o fluxo magnético através da área do circuito varia com o<br />

tempo.<br />

Em outras palavras, a variação temporal do fluxo magnético gera o campo<br />

elétrico! E esse campo elétrico po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito através da força eletromotriz<br />

induzida no circuito. A lei <strong>de</strong> Faraday po<strong>de</strong> então ser formulada da seguinte<br />

forma:<br />

A lei <strong>de</strong> Lenz se refere a corrente elétrica em circuitos fechados mas, no caso<br />

<strong>de</strong> circuitos abertos, po<strong>de</strong>mos imaginá-los como fechados e, assim, <strong>de</strong>terminar o<br />

sentido da força eletromotriz.<br />

Para enten<strong>de</strong>rmos bem a lei, consi<strong>de</strong>remos um circuito fechado, na forma <strong>de</strong><br />

uma espira circular. Ao aproximarmos <strong>de</strong>la um ímã como mostrado na Figura 32.2,<br />

o fluxo magnético aumenta através da espira.<br />

A variação do fluxo magnético através <strong>de</strong> uma superfície gera uma<br />

força eletromotriz ε através <strong>de</strong>la.<br />

Expressa matematicamente, a lei fica:<br />

dΦ<br />

ε = − B<br />

, (32.1)<br />

dt<br />

Figura 32.2: (a) Ímã com pólo Norte se aproximando <strong>de</strong> uma espira; (b) os campos<br />

o sinal negativo indica o sentido da força eletromotriz. Faraday, embora sabendo da<br />

existência do sinal, não fez nenhuma menção a ele; foi Heinrich F. E. Lenz (1804-<br />

1865) quem, em 1834 o introduziu na equação (32.1), e estabeleceu, assim, a Lei<br />

<strong>de</strong> Lenz.<br />

É preciso notar que a corrente elétrica induzida no circuito, observada nas<br />

experiências <strong>de</strong> Faraday, existe somente porque o circuito é fechado (como o da<br />

Figura 32.1). Quando o circuito é aberto, a força eletromotriz induzida – que é<br />

medida como uma diferença <strong>de</strong> potencial entre as extremida<strong>de</strong>s do circuito – existe<br />

sempre que há variação do fluxo magnético através do circuito.<br />

PENSE E RESPONDA 32.4<br />

Se não houvesse um circuito real, a variação temporal do fluxo magnético induziria<br />

um campo elétrico no espaço?<br />

32.4 A LEI DE LENZ<br />

magnético do imã ( B r ) e o induzido pelo aumento do fluxo magnético ( B r ) para se opor à<br />

variação do fluxo magnético.<br />

Essa variação temporal do fluxo magnético induz no circuito uma força<br />

eletromotriz e, como ele é fechado, uma corrente elétrica. Esta, por sua vez, induz<br />

um campo magnético que, na área <strong>de</strong>limitada pelo circuito, <strong>de</strong>ve se opor ao<br />

aumento do fluxo. Isto é, o campo magnético induzido <strong>de</strong>ve ter o sentido<br />

oposto ao campo magnético existente. Então, <strong>de</strong> acordo com a regra da mão<br />

direita, o sentido da corrente elétrica induzida no circuito é o sentido anti-horário<br />

para quem observa o circuito do lado do ímã, veja a figura 32.2b. Assim, o fluxo<br />

magnético induzido trabalha no sentido <strong>de</strong> compensar o aumento do fluxo<br />

causado pela aproximação do ímã.<br />

ATIVIDADE 32.1<br />

Descreva , inclusive com <strong>de</strong>senhos,como <strong>de</strong>ve ser o sentido da corrente induzida na<br />

espira se, ao invés do pólo Norte:<br />

i<br />

A lei <strong>de</strong> Lenz estabelece o sentido da corrente elétrica induzida pelo fluxo<br />

magnético variável no tempo que atravessa um circuito. Ela nos diz que:<br />

(a) aproximamos da espira o pólo Sul do ímã;<br />

(b) afastamos da espira o pólo Sul do ímã.<br />

A força eletromotriz induzida pela variação temporal do fluxo magnético<br />

gera uma corrente que ten<strong>de</strong> a se opor à variação <strong>de</strong>ste fluxo magnético.<br />

464<br />

465


ATIVIDADE 32.2<br />

Um solenói<strong>de</strong> com uma corrente i é aproximado <strong>de</strong> uma espira (Figura 32.6). Qual<br />

o sentido da corrente induzida na espira, visto pelo observador?<br />

(a) qual é a magnitu<strong>de</strong> da força eletromotriz induzida no circuito em t = 2, 0 s?<br />

(b) Qual é o sentido da corrente na resistência R=3,0 Ω ?<br />

(c) Qual a corrente neste instante?<br />

Figura 32.6<br />

Quando aproximamos ou afastamos o ímã do circuito, sempre sofremos<br />

uma força que ten<strong>de</strong> a nos impedir <strong>de</strong> continuar o movimento. Portanto,<br />

precisamos realizar um certo trabalho para vencer essa força, trabalho este que,<br />

pela conservação da energia, não fica armazenado no circuito; ele é transformado<br />

em calor e liberado no circuito sob a forma <strong>de</strong> efeito Joule.<br />

Se afastarmos o ímã da espira, o campo magnético na área <strong>de</strong>limitada por<br />

ela vai diminuir e, consequentemente, o fluxo magnético nesta área diminui. Então,<br />

a força eletromotriz induzida <strong>de</strong>ve criar uma corrente tal que o campo magnético<br />

induzido por ela se some ao campo magnético existente e produza um aumento do<br />

fluxo através da área consi<strong>de</strong>rada. Novamente, a regra da mão direita nos mostra<br />

que a corrente <strong>de</strong>ve ter o sentido horário para quem observa a espira do lado do<br />

ímã.<br />

É fundamental notar que o importante aquí é a variação do fluxo<br />

magnético e não do campo magnético: as leis <strong>de</strong> Faraday e <strong>de</strong> Lenz se<br />

referem à variação do fluxo magnético!!!<br />

Uma outra observação, que nunca é <strong>de</strong>mais ser repetida, é que força<br />

eletromotriz induzida só existe enquanto houver variação do fluxo<br />

magnético. Uma vez cessada esta variação, a corrente <strong>de</strong>saparece.<br />

EXEMPLO 32.1<br />

Uma espira quadrada <strong>de</strong> lado a=10,0 cm e resistência R=2,5 Ω é colocada em um<br />

campo magnético cuja indução aumenta com uma taxa <strong>de</strong> 0,45 mT/s. Se o plano<br />

da espira faz um ângulo <strong>de</strong> 60º com a direção do campo magnético, calcule:<br />

(a) a força eletromotriz induzida na espira;<br />

(b) a corrente induzida na espira;<br />

(c) a taxa <strong>de</strong> aquecimento no fio.<br />

SOLUÇÃO:<br />

(a) Enquanto o campo magnético está aumentando, aparece na espira uma força<br />

eletromotriz na espira, dada por:<br />

dΦ<br />

d r d<br />

ε = − = − ∫ B • ndA ˆ = − ∫ Bcos60º<br />

ds<br />

dt dt<br />

dt<br />

ATIVIDADE 32.3<br />

O circuito circular da Figura 32.3 está em um campo magnético cujo sentido é<br />

dirigido perpendicularmente e para <strong>de</strong>ntro da folha <strong>de</strong> papel. O fluxo do campo<br />

magnético varia através do circuito com o tempo <strong>de</strong> acordo com a equação<br />

( ) = 6t<br />

2 + 3t<br />

+ 2<br />

Φ t mWb .<br />

Pois, se o ângulo entre o plano da espira e o campo magnético é <strong>de</strong> 30º, o ângulo<br />

entre a normal à espira e o campo magnético é 90º-30º=60º.<br />

Então:<br />

dB<br />

1 dB<br />

ε = − cos60º<br />

ds = − a<br />

dt<br />

∫<br />

2 dt<br />

2<br />

Numericamente:<br />

Figura 32.3: Circuito em campo magnético<br />

ε = −<br />

1 T −3<br />

2<br />

−6<br />

× 0,45×<br />

10<br />

2<br />

(b) Temos que:<br />

× (0,10 m)<br />

s<br />

= 2,3×<br />

10<br />

V<br />

466<br />

467


−6<br />

2,3×<br />

10 V<br />

i = ε =<br />

= 9,2<br />

×10 −7 A<br />

R 2,5 Ω<br />

(c) A taxa <strong>de</strong> aquecimento no fio é igual à potência liberada por efeito Joule no fio.<br />

Então:<br />

P = i<br />

2 R = 2,1 × 10<br />

−5 J / s<br />

Se nós cortarmos o circuito abrindo-o, o, não ocorrerá mais a força resistiva,<br />

não realizaremos trabalho aproximando ou afastando o ímã do circuito. Entretanto,<br />

haverá uma força eletromotriz nele, mas, tal como numa bateria ligada a um<br />

circuito aberto, não há corrente elétrica gerada e também não há liberação <strong>de</strong> calor<br />

no circuito.<br />

ATIVIDADE 32.4<br />

A Figura 32.4 mostra duas espiras com eixos coinci<strong>de</strong>ntes. Faz-scorrente na espira maior, no sentido horário. Qual o sentido da corrente induzida na<br />

espira menor? A força que atua sobre ela é atrativa ou repulsiva?<br />

passar uma<br />

Figura 32.4: Espiras em paralelo<br />

ATIVIDADE 32.5<br />

Qual o sentido da corrente na resistência da Figura 32.5 imediatamente após o<br />

fechamento da chave S?<br />

EXEMPLO 32.2<br />

Um solenói<strong>de</strong> circular com 50 espiras possui um diâmetro <strong>de</strong> 4,0 cm e resistência<br />

<strong>de</strong> 60,0 Ω . O solenói<strong>de</strong> é colocado em um campo magnético <strong>de</strong> indução B=500 G,<br />

perpendicular ao plano das espiras. Se, subitamente, o sentido do campo<br />

magnético for invertido, qual é a carga total que flui no solenói<strong>de</strong>?<br />

Solução: Quando o campo magnético é invertido, uma força eletromotriz induzida<br />

aparece no solenói<strong>de</strong>, causando uma corrente induzida. Tanto a força eletromotriz<br />

quanto a corrente existem apenas durante a mudança <strong>de</strong> sentido do campo.<br />

Como:<br />

A carga que percorre uma espira é:<br />

Mas, <strong>de</strong> acorco com a lei <strong>de</strong> Faraday,<br />

e:<br />

q =<br />

t<br />

dq<br />

i =<br />

dt<br />

q = ∫ i dt =<br />

0 ∫ 0<br />

∫<br />

t<br />

0<br />

dΦ<br />

ε = −<br />

dt<br />

ε<br />

dt<br />

R<br />

t<br />

1<br />

= −<br />

R<br />

ε<br />

dt<br />

R<br />

∫<br />

t<br />

0<br />

dΦ<br />

dt<br />

dt<br />

Se, em t = 0 o fluxo magnético através <strong>de</strong> uma espira é Φ<br />

1<br />

e em t = t o fluxo é<br />

Φ<br />

2<br />

, a carga total que flui no solenói<strong>de</strong> é:<br />

Mas:<br />

∆Φ = Φ<br />

1 2 1<br />

q = − ∫ Φ dΦ =<br />

R<br />

Φ R<br />

1<br />

∫<br />

( Φ − Φ )<br />

1<br />

r r r<br />

B • n dA − B • nˆ<br />

dA = B • ( nˆ<br />

nˆ<br />

) dA<br />

∫<br />

ˆ<br />

1<br />

− Φ<br />

2<br />

=<br />

1<br />

2<br />

1<br />

−<br />

2<br />

Quando o campo magnético inverte, o unitário nˆ inverte <strong>de</strong> sentido, <strong>de</strong> modo que<br />

nˆ<br />

2<br />

= −nˆ1<br />

e a equação acima fica:<br />

2<br />

∫<br />

Figura32.5<br />

468<br />

∆Φ =<br />

A carga q que percorre uma espira é então:<br />

2∫ B r<br />

• n1 dA = 2 B A<br />

469


Portanto, a carga total nas N espiras é:<br />

Numericamente:<br />

2 B A<br />

q =<br />

R<br />

Q =<br />

2 N B A<br />

R<br />

−4<br />

−2<br />

2<br />

2×<br />

50×<br />

(500×<br />

10 T)<br />

× π × (1,5 × 10 m)<br />

Q =<br />

= 58,9 µ C<br />

60,0 Ω<br />

Seja t = 0 o instante em que o circuito entra na região <strong>de</strong> comprimento D,<br />

on<strong>de</strong> há um campo magnético <strong>de</strong> indução B r<br />

constante em toda a região e<br />

perpendicular ao plano do circuito, também mostrado na Figura 32.8a. Note que,<br />

como o circuito ainda está fora da região do campo magnético, o fluxo da indução<br />

magnética através da área<br />

A = h l é nulo.<br />

O circuito penetra, então, na região do campo magnético com velocida<strong>de</strong> v r .<br />

Seja dl o comprimento do circuito que está <strong>de</strong>ntro do campo magnético após o<br />

intervalo <strong>de</strong> tempo dt (Figura 32.8b).<br />

ATIVIDADE 32.6<br />

Se aumentarmos a resistência do circuito à esquerda da Figura 32.7, qual o sentido<br />

da corrente induzida no circuito da direita?<br />

Figura 32.8b: Circuito parcialmente imerso no campo magnético.<br />

Figura 32.7<br />

32.4 ESTUDO QUANTITATIVO DA LEI DE FARADAY<br />

Vamos agora quantificar as observações <strong>de</strong> Faraday. Consi<strong>de</strong>remos um<br />

circuito retangular (para facilitar o cálculo) <strong>de</strong> lados h e l ( l > h)<br />

com uma<br />

resistência R , movendo-se da esquerda para a direita na com velocida<strong>de</strong> v r . Como<br />

po<strong>de</strong> ser visto na figura 32.8a.<br />

Neste instante, a área dA = h dl do circuito estará contida <strong>de</strong>ntro do campo<br />

magnético. A variação do fluxo magnético através do circuito, no intervalo <strong>de</strong><br />

tempo dt é:<br />

r<br />

r<br />

d Φ = B • nˆ<br />

dA − 0 = B • nˆ<br />

( h dl)<br />

− 0<br />

em que nˆ é um vetor unitário perpendicular ao plano do circuito. O termo “zero” é<br />

para nos lembrar que na parte externa, on<strong>de</strong> não há campo magnético, a variação<br />

do fluxo magnético é nula. Escolhendo o sentido positivo do unitário coinci<strong>de</strong>nte<br />

r<br />

com o do vetor indução magnética, temos que B • nˆ<br />

= B cos0º<br />

= B . A equação<br />

acima fica então:<br />

d Φ = B h dl<br />

Figura 32.8a: Circuito elétrico entrando em uma região <strong>de</strong> campo magnético.<br />

pois h é constante. De acordo com a lei <strong>de</strong> Faraday, a variação do fluxo magnético<br />

através da área do circuito gera uma força eletromotriz:<br />

470<br />

471


ε = −<br />

d Φ<br />

= −<br />

dt<br />

d<br />

dt<br />

[ B h dl]<br />

= −<br />

dl<br />

B h<br />

dt<br />

magnético for constante,<br />

a área do circuito, através da qual há fluxo da indução<br />

magnética não está variando mais, ou seja:<br />

Mas<br />

dl / dt é a taxa <strong>de</strong> aumento do comprimento do circuito à medida que<br />

ele entra na região do campo magnético. Como o circuito se move para <strong>de</strong>ntro da<br />

região com velocida<strong>de</strong> v , <strong>de</strong>vemos ter:<br />

dl<br />

v = .<br />

dt<br />

dA d<br />

= l<br />

dt dt<br />

( h ) = 0<br />

Quando o circuito sai da região <strong>de</strong> campo magnético, ainda com velocida<strong>de</strong><br />

constante v (Figura 32.8d), há variação do fluxo magnético através <strong>de</strong>le. No<br />

intervalo <strong>de</strong> tempo dt , a extremida<strong>de</strong> direita do circuito percorre uma distância dl ,<br />

<strong>de</strong>ixando uma área dA =<br />

h ( l − dl) <strong>de</strong>ntro do campo magnético.<br />

Assim, a força eletromotriz induzida no circuito, <strong>de</strong>vida ao movimento <strong>de</strong>le<br />

relativamente ao campo magnético, fica, então:<br />

ε = −B h v<br />

De acordo com a lei <strong>de</strong> Lenz, essa força eletromotriz gera uma corrente<br />

induzida no circuito. A corrente, por sua vez, induz um campo magnético na área<br />

<strong>de</strong>limitada pelo circuito. A corrente <strong>de</strong>ve ter um sentido tal que o fluxo<br />

magnético induzido por ela se oponha ao aumento do fluxo existente. Na figura<br />

32.8b, o aumento da área <strong>de</strong>ntro do campo magnético aumenta o fluxo. Para<br />

compensar, o campo magnético induzido pela corrente <strong>de</strong>ve ter sentido para fora<br />

da figura. A regra da mão direita nos indica, então, que a corrente induzida tem o<br />

sentido anti-horário no circuito.<br />

Figura 32.8d: Circuito saindo da região do campo magnético.<br />

A variação do fluxo magnético, no intervalo <strong>de</strong> tempo dt é, então:<br />

d Φ = B h( l − dl)<br />

− B hl = −B h dl.<br />

A lei <strong>de</strong> Faraday nos diz que:<br />

ε = −<br />

d Φ<br />

=<br />

dt<br />

dl<br />

B h<br />

dt<br />

Figura 32.8c: Circuito parcialmente imerso no campo magnético. O sentido da corrente<br />

induzida é mostrada no circuito.<br />

ou, tal como anteriormente,<br />

ε = B hv.<br />

Note que somente haverá variação <strong>de</strong> fluxo magnético enquanto o<br />

comprimento (e, portanto, a área) do circuito que está <strong>de</strong>ntro do campo<br />

magnético estiver variando. Quando o circuito estiver totalmente contido no<br />

campo magnético, isto é, quando o comprimento do circuito <strong>de</strong>ntro do campo<br />

472<br />

Note que a força eletromotriz induzida no circuito quando ele está saindo do<br />

campo magnético tem sinal oposto ao da força eletromotriz induzida quando o<br />

circuito está entrando no campo magnético.<br />

473


PENSE E RESPONDA 32.5<br />

Dê argumentos que justifiquema inversão do sentido da corrente induzida.<br />

<strong>de</strong>créscimo da área contida <strong>de</strong>ntro do campo magnético. Finalmente, quando todo o<br />

circuito sai da região do campo magnético (em<br />

x = D ), o fluxo volta a se anular e a<br />

variação do fluxo também. Observe que o fato do fluxo ser zero não implica que a<br />

variação do fluxo também seja necessariamente zero.<br />

Se o circuito estiver fechado, a conclusão que chegamos é que a corrente<br />

elétrica induzida por esta força eletromotriz quando o circuito entra no campo<br />

magnético tem sentido oposto ao da corrente induzida no circuito quando este sai<br />

do campo magnético. Com efeito, ao sair da região <strong>de</strong> campo magnético, a área do<br />

circuito diminui e, conseqüentemente, o fluxo diminui. A corrente induzida <strong>de</strong>ve<br />

gerar um campo magnético que ten<strong>de</strong> a aumentar o fluxo; então, o sentido <strong>de</strong>ste<br />

campo é para <strong>de</strong>ntro da página e, com a regra da mão direita, po<strong>de</strong>mos ver que o<br />

sentido da corrente agora é horário.<br />

Figura 32.9: Gráfico do fluxo<br />

Correspon<strong>de</strong>ndo a essa figura, temos que a força eletromotriz induzida em<br />

cada trecho po<strong>de</strong> ser representada na figura 32.10.<br />

Figura 32.8e: Circuito saindo da região do campo magnético, com o sentido da corrente<br />

induzida no circuito.<br />

A figura 32.9, mostra o fluxo magnético em função da posição da<br />

extremida<strong>de</strong> direita do circuito. O eixo Ox coinci<strong>de</strong> com o lado maior do circuito e<br />

tem origem na posição on<strong>de</strong> o circuito entra no campo magnético. O comprimento<br />

da região com o campo é D.<br />

O fluxo magnético através do circuito é zero enquanto ele está fora da<br />

região do campo magnético ( x < 0 ). O fluxo passa a aumentar à medida que o<br />

circuito começa a entrar nesta região. O aumento é linear porque a variação da<br />

área do circuito <strong>de</strong>ntro do campo magnético é linear. Quando o circuito está todo<br />

<strong>de</strong>ntro do campo (em<br />

máximo:<br />

x = l ), o fluxo da indução magnética atinge seu valor<br />

Φ = B A = B h l<br />

Figura 32.10: Gráfico da força eletromotriz induzida no circuito.<br />

PENSE E RESPONDA 32.6<br />

Sabendo que a <strong>de</strong>rivada é a tangnete à curva explique porque o gráfico da figura<br />

32.10 é uma constante negativa quando o circuito está entre 0 e l e positiva entre<br />

D − l e D .<br />

e permanece constante enquanto o circuito estiver totalmente <strong>de</strong>ntro da região do<br />

campo magnético (em x = D − l ). Quando ele começa a sair da região do campo<br />

magnético, o fluxo da indução magnética passa a diminuir linearmente com o<br />

474<br />

475


EXEMPLO 32.3<br />

Força magnética sobre uma barra <strong>de</strong>slizante<br />

Uma barra, <strong>de</strong> massa m e comprimento l , <strong>de</strong>sliza sobre dois trilhos paralelos, sem<br />

atrito, na presença <strong>de</strong> um campo magnético uniforme, dirigido perpendicularmente<br />

e entrando no plano da página (Figura 32.11). A barra recebe uma velocida<strong>de</strong><br />

inicial v<br />

0<br />

e <strong>de</strong>pois se <strong>de</strong>sloca sobre os trilhos. Achar a velocida<strong>de</strong> da barra em<br />

função do tempo.<br />

duas força magnéticas (não mostradas na Figura), <strong>de</strong> mesma direção e sentidos<br />

opostos que, portanto se anulam e não produzem movimento lateral dos trilhos.<br />

Também sobre o trilho paralelo à barra não há força magnética porque este trilho<br />

não está <strong>de</strong>ntro do campo magnético.<br />

Como a força magnética é a única força paralela ao movimento da barra que atua<br />

sobre ela, pela segunda lei <strong>de</strong> Newton temos:<br />

dp<br />

= −I<br />

h B<br />

dt<br />

Mas, sabemos que a corrente induzida é :<br />

B hv<br />

I = ε = ,<br />

R R<br />

Solução:<br />

Figura 32.11: Barra <strong>de</strong>slizante em campo magnético.<br />

on<strong>de</strong> R é a resistência do circuito (trilhos e barra). Substituindo I na expressão da<br />

segunda lei <strong>de</strong> Newton, obtemos:<br />

Este exemplo é semelhante ao caso do circuito que entra em uma região contendo<br />

o campo magnético, que discutimos logo acima. Note que, à medida que a barra se<br />

<strong>de</strong>sloca para a direita, a área <strong>de</strong> campo magnético <strong>de</strong>ntro do circuito aumenta.<br />

Note também que, <strong>de</strong> acordo com a lei <strong>de</strong> Lenz, a corrente induzida tem sentido<br />

anti-horário.<br />

A força magnética que atua sobre a barra é:<br />

r r r<br />

= I h × B<br />

F m<br />

on<strong>de</strong> h é o comprimento da barra; o vetor h r tem o mesmo sentido da corrente<br />

elétrica. A direção e o sentido da força magnética sobre a barra são obtidos com a<br />

regra da mão direita do produto vetorial e são mostrados na Figura 32.22. O<br />

módulo, da força magnética é:<br />

|<br />

F m<br />

|= − I h B sen 90º<br />

= −<br />

I h B<br />

on<strong>de</strong> o sinal negativo mostra que ela vai ten<strong>de</strong>r a retardar o movimento da barra.<br />

Sobre a parte dos trilhos paralelos que estão <strong>de</strong>ntro do campo magnético, atuam<br />

ou:<br />

Integrando:<br />

obtemos que:<br />

Fazendo:<br />

obtemos:<br />

d(<br />

mv)<br />

⎛ Bhv ⎞<br />

= −⎜<br />

⎟<br />

dt ⎝ R ⎠<br />

2<br />

d(<br />

mv)<br />

B h<br />

= −<br />

dt R<br />

2<br />

d(<br />

mv)<br />

B h<br />

= −<br />

v R<br />

∫<br />

v<br />

v<br />

0<br />

2<br />

dv B h<br />

= −<br />

v mR<br />

1n<br />

v<br />

v<br />

0<br />

τ =<br />

2<br />

( hB)<br />

2<br />

2<br />

B h<br />

= −<br />

mR<br />

B 2<br />

2 h<br />

mR<br />

2<br />

v<br />

dt.<br />

t<br />

∫0<br />

2<br />

dt<br />

t.<br />

476<br />

477


1n<br />

v<br />

v<br />

0<br />

= −<br />

t<br />

τ<br />

ou:<br />

v = v e<br />

.<br />

−t/<br />

τ<br />

0<br />

Portanto, a velocida<strong>de</strong> da barra diminui exponencialmente com o tempo.<br />

Conhecendo v , po<strong>de</strong>mos também <strong>de</strong>terminar a corrente elétrica induzida:<br />

Bhv<br />

I =<br />

R<br />

B hv e<br />

I =<br />

0<br />

R<br />

Uma outra observação importante é que o circuito ten<strong>de</strong> a parar <strong>de</strong>ntro do campo<br />

magnético. Além disso, para que ele se <strong>de</strong>sloque <strong>de</strong>ntro do campo magnético<br />

com velocida<strong>de</strong> constante, é preciso que uma força externa seja aplicada a<br />

ele, com direção igual à da força magnética e sentido oposto ao <strong>de</strong>la.<br />

−t/<br />

τ<br />

.<br />

Figura 32.12: Circuito se dslocando com velocida<strong>de</strong> constante e saindo do campo magnético<br />

Tal como no Exemplo<br />

32.2, o circuito se move para a direita e há uma força<br />

magnética atuando sobre ele (<strong>de</strong>vido à corrente induzida), cujo módulo é:<br />

e que ten<strong>de</strong> a opor-se ao movimento do circuito. Portanto, se o circuito se <strong>de</strong>sloca<br />

para a direita, a força externa, para a direita, <strong>de</strong>ve ter módulo<br />

circuito se movendo com velocida<strong>de</strong> constante. A injeção <strong>de</strong> potência pela força<br />

externa sobre o circuito<br />

F m<br />

= I h B,<br />

elétrica <strong>de</strong>les. A injeção <strong>de</strong> potência no circuito é:<br />

I h<br />

B para manter o<br />

aparece no aquecimento dos fios <strong>de</strong>vido à resistência<br />

P = F v = ( I h B)<br />

v.<br />

Ativida<strong>de</strong> 32.7<br />

Calcule a fem induzida na barra do exemplo 32.3.<br />

Da conservação da energia, vem que:<br />

32.5 FORÇA ELETROMOTRIZ E CORRENTE INDUZIDA<br />

2<br />

I R = I h Bv,<br />

Para sabermos como esta corrente ou força eletromotriz induzida é<br />

produzida, vamos analisar o que ocorre, sob a luz das leis <strong>de</strong> Newton e da<br />

conservação da energia. A Figura 32.12 mostra um circuito saindo com velocida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se tira que:<br />

I R = Bhv = ε.<br />

constante v <strong>de</strong> uma região on<strong>de</strong> há um campo magnético uniforme <strong>de</strong> indução B r .<br />

Para que a velocida<strong>de</strong> seja constante, uma força F r externa é aplicada ao circuito,<br />

perpendicularmente ao lado <strong>de</strong> comprimento h .<br />

Então, vemos pelo balanço <strong>de</strong> energia do circuito, que a força eletromotriz ε<br />

tem <strong>de</strong> ser aquela que calculamos diretamente pela lei <strong>de</strong> Faraday, ou seja:<br />

ε = Ri = Bhv<br />

A outra pergunta que surge é: “Quem faz esse trabalho?”. Certamente não<br />

é a força magnética, que nunca produz trabalho, resta a força externa.<br />

478<br />

479


Como ficam as forças e a conservação <strong>de</strong> energia do ponto <strong>de</strong> vista<br />

<strong>de</strong> um elétron no fio do circuito?<br />

f = f sinθ.<br />

r<br />

m<br />

Se por exemplo a corrente elétrica no fio vertical <strong>de</strong> comprimento l da<br />

esquerda está dirigida para cima, significa que os elétrons <strong>de</strong>slocam-se para baixo.<br />

Visto por um observador em repouso relativamente ao campo magnético, a<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um dado elétron da corrente elétrica é a soma <strong>de</strong> duas componentes:<br />

uma componente vertical para baixo <strong>de</strong>ntro do fio -- a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste ( v r ) --<br />

e uma componente horizontal v , igual à velocida<strong>de</strong> do circuito e dirigida para a<br />

direita na figura 32.13. A velocida<strong>de</strong> líquida v r<br />

e<br />

do elétron, relativa ao observador,<br />

faz então um ângulo θ com a horizontal, como mostra a figura 32.12a.<br />

d<br />

pare<strong>de</strong>s<br />

Assim, o trabalho efetuado sobre o elétron é feito pela força <strong>de</strong> reação das<br />

f r r<br />

. Quando o elétron se <strong>de</strong>sloca para baixo no fio, este <strong>de</strong>sloca-se para a<br />

direita; portanto, o elétron segue uma trajetória inclinada <strong>de</strong> comprimento S tal<br />

que:<br />

l = S senθ.<br />

O trabalho efetuado sobre o elétron, à medida que ele percorre o<br />

comprimento total do fio<br />

l = S senθ<br />

, é:<br />

W = f cosθ S = ( f senθ<br />

) cosθ<br />

S = ( f cosθ<br />

) ( senθ<br />

) S = f cosθ<br />

l<br />

r<br />

m<br />

W = ( f<br />

m<br />

cosθ<br />

) ( senθ<br />

) S<br />

W = f<br />

m<br />

cosθ<br />

l<br />

m<br />

m<br />

ou:<br />

W = e ve B cosθ<br />

l = e B ( ve<br />

cosθ<br />

) = e B v l<br />

Fig 32.13: (a) Velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> eletron no condutor; (b) forças envolvidas no condutor.<br />

W = e B ( cosθ<br />

)<br />

v e<br />

W = e Bvl<br />

v r<br />

e<br />

Temos então:<br />

A força magnética<br />

r<br />

f<br />

m<br />

v e<br />

cosθ<br />

= v<br />

r r<br />

= e v × B que atua sobre o elétron é perpendicular a<br />

e<br />

(figura 32.13a) e, portanto, não realiza trabalho sobre ele; ela apenas <strong>de</strong>flete o<br />

caminho do elétron. Entretanto, o elétron tem que se <strong>de</strong>slocar ao longo do fio, pois,<br />

caso contrário ele sairia do fio em algum momento. Para que a trajetória do<br />

elétron, relativamente ao fio, seja paralela ao fio, é preciso haver uma força f r<br />

r<br />

que<br />

equilibre a componente <strong>de</strong><br />

fr m<br />

perpendicular ao fio, como mostrado na Figura<br />

32.13b. Essa força é a força <strong>de</strong> reação das pare<strong>de</strong>s do fio sobre o elétron. Então,<br />

po<strong>de</strong>mos escrever que:<br />

480<br />

W = Bvl<br />

e<br />

W<br />

=<br />

e<br />

ε<br />

Portanto vemos que o trabalho por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga é a força eletromotriz<br />

ε = Bvl <strong>de</strong> acordo com o resultado da lei <strong>de</strong> Faraday.<br />

32.6 GERADORES E MOTORES<br />

A Lei <strong>de</strong> Faraday tem uma importância prática muito gran<strong>de</strong>. Ela <strong>de</strong>screve<br />

o fenômeno da indução eletromagnética, que está na base <strong>de</strong> um número enorme<br />

<strong>de</strong> máquinas. Essas máquinas po<strong>de</strong>m ser classificadas basicamente em dois tipos:<br />

481


os geradores e o motores.<br />

Em qualquer dos casos o princípio <strong>de</strong> funcionamento é o seguinte: <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> ímã, colocam-se espiras que po<strong>de</strong>m girar em torno <strong>de</strong> seu eixo <strong>de</strong><br />

simetria. Nas usinas <strong>de</strong> força a energia necessária para girar a espira po<strong>de</strong> provir<br />

<strong>de</strong> várias fontes, por exemplo: numa usina hidrelétrica, a água <strong>de</strong> uma queda<br />

d'água é dirigida contra as palhetas <strong>de</strong> uma turbina a fim <strong>de</strong> provocar o movimento<br />

rotatório; numa usina termelétrica, o calor da queima <strong>de</strong> carvão ou <strong>de</strong> óleo<br />

converte a água em vapor d'água e esse vapor é dirigido contra as palhetas <strong>de</strong> uma<br />

turbina.<br />

Quando a espira gira no campo magnético do ímã, o fluxo magnético<br />

através da mesma se altera com o tempo e, num circuito externo, se induz uma<br />

corrente.<br />

d[<br />

cos(<br />

ω t)]<br />

ε = −NBA<br />

dt<br />

ε = N B Aω<br />

sin(<br />

ωt).<br />

Este resultado mostra que a força eletromotriz varia senoidalmente com o<br />

tempo e tem valor máximo:<br />

ε<br />

max<br />

= NBAω,<br />

que ocorre quando ω t = 90º ou 270º . Em outras palavras, ε = ε<br />

max<br />

quando o<br />

campo magnético estiver no plano da bobina e a taxa <strong>de</strong> variação do fluxo<br />

for máxima. Além disso, ε = 0 se ω t = 0º ou 180º , isto é, quando B for<br />

perpendicular ao plano da bobina e a taxa <strong>de</strong> variação do fluxo for nula.<br />

A frequência <strong>de</strong>sses geradores é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 60Hz. Essa é a frequência que<br />

alimenta nossas lâmpadas.<br />

ATIVIDADE 32.8<br />

Figura 32.13: Gerador <strong>de</strong> energia<br />

Porque não vemos as lâmpadas piscarem com frequência <strong>de</strong> 120 vezes/segundo?<br />

A fim <strong>de</strong> discutir quantitativamente o gerador, cujo esquema básico é<br />

mostrado na Figura 32.13, suponhamos que a bobina tenha N voltas, todas com a<br />

mesma área A e suponhamos que gire com uma velocida<strong>de</strong> angular ω . Se θ for o<br />

ângulo entre o campo magnético e a normal ao plano da bobina, ele varia<br />

periodicamente com o tempo com período<br />

da bobina em qualquer instante será dado por:<br />

2 π / ω . Então o fluxo magnético através<br />

Φ m<br />

= B Acosθ<br />

Φ<br />

m<br />

= B Acos( ω t).<br />

Portanto:<br />

dΦ<br />

m<br />

ε = −N<br />

dt<br />

482<br />

483


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 32.1<br />

(a) Quando aproximamos o pólo Sul <strong>de</strong> um imã <strong>de</strong> uma espira, o fluxo magnético<br />

através da superfície <strong>de</strong>limitada por ela aumenta. Entretanto, as linhas <strong>de</strong> força do<br />

campo magnético entram no pólo Sul. Por tanto, o aumento do fluxo se dá da<br />

esquerda para a direita na figura abaixo.<br />

Para t=2,0 s, ε = 27,0 V.<br />

dΦ<br />

ε = = 12t<br />

+ 3<br />

dt<br />

(b) Como o fluxo está crescendo e o campo se dirige para <strong>de</strong>ntro da folha <strong>de</strong> papel,<br />

a força eletromotriz tem que criar uma corrente que gere um campo magnético<br />

induzido para fora da folha <strong>de</strong> papel. Então, a regra da mão direita nos diz que o<br />

sentido da corrente é horário.<br />

(c) a corrente é dada por:<br />

ε 27,0<br />

i = = = 9,0 A.<br />

R 3,0<br />

ATIVIDADE 32.4<br />

Figura 32.14<br />

Portanto, a corrente elétrica induzida tem que gerar um campo magnético cujo<br />

fluxo <strong>de</strong>ve diminuir o fluxo do campo do imã. Para isso, o campo magnético <strong>de</strong>ntro<br />

região da espira <strong>de</strong>ve apontar para a esquerda na figura. A regra da mão direita dá,<br />

então, o sentido anti-horário da corrente induzida, quando se olha a espira da<br />

esquerda da figura.<br />

A espira da esquerda gera um campo magnético que, na espira da direita está<br />

dirigido para a direita. O fluxo que atravessa esta espira aumenta enquanto a<br />

corrente na espira da esquerda está aumentando. Portanto, na espira da dirita <strong>de</strong>ve<br />

aparecer uma corrente <strong>de</strong> sentido tal que o fluxo magnético gerado por ela<br />

contrabalance a variação do fluxo da espira da direita. A regra da mão direita nos<br />

dá o sentido da corrente induzida: anti-horário. Como os campos magnéticos<br />

possuem sentidos contrários, haverá repulsão entre as espiras.<br />

(b) No caso do imã se afastar da espira, ocorre o contrário e a corrente induzida na<br />

espira terá sentido horário.<br />

ATIVIDADE 32.2<br />

A regra da mão direita nos diz que a extremida<strong>de</strong> do solenói<strong>de</strong> que está mais<br />

próxima da espira se comporta como o pólo Norte <strong>de</strong> um ímã. O fluxo magnético<br />

aumenta quando o solenói<strong>de</strong> se aproxima da espira, com a s linhas <strong>de</strong> força<br />

atravessando a espira da esquerda para a direita. Então, a corrente induzida <strong>de</strong>ve<br />

gerar um campo magnético dirigido da direita para a esquerda. Logo, a corrente<br />

induzida <strong>de</strong>ve percorrer a espira no sentido horário.<br />

ATIVIDADE 32.5<br />

Quando a chave é fechada, aparece no solenói<strong>de</strong> uma corrente dirigida da esquerda<br />

para a direita (regra da mão direita). Então, o campo magnético <strong>de</strong>ntro do<br />

solenói<strong>de</strong> está dirigido da direita para a esquerda. O fluxo aumenta e o circuito com<br />

a resistência <strong>de</strong>ve gerar um campo magnético dirigido da direita para esquerda na<br />

região que envolve o solenói<strong>de</strong>. A regra da mão direita nos mostra que a corrente<br />

induzida <strong>de</strong>ve estar dirigida, na resistência, da direita para a esquerda.<br />

ATIVIDADE 32.6<br />

ATIVIDADE 32.3<br />

(a) Temos que:<br />

484<br />

Na situação da figura 32.6, a corrente elétrica no circuito da esquerda tem sentido<br />

anti-horário. Ela gera um campo magnético na região do circuito da direita,<br />

perpendicular ao plano do circuito e entrando na folha <strong>de</strong> papel. Quando a<br />

resistência no circuito da esquerda é aumentada, a corrente do circuito<br />

485


diminui.Então, o campo magnético na região do circuito da direita diminui <strong>de</strong><br />

intensida<strong>de</strong> e, conseqüentemente, o fluxo <strong>de</strong>ste campo através do circuito diminui.<br />

Para compensar a diminuição do fluxo, surge uma corrente induzida no circuito da<br />

direita no sentido horário para que o fluxo do campo magnético gerado por ela<br />

através do circuito seja aumentado.<br />

ATIVIDADE 32.7<br />

A a força eletromotriz induzida na barra será:<br />

ε = I R<br />

ε = B h v e<br />

0<br />

−t/<br />

τ<br />

.<br />

E32.4) Uma barra metálica com 1,50 m <strong>de</strong> comprimento é puxada para a direita a<br />

uma velocida<strong>de</strong> constante <strong>de</strong> 5,0 m/s. O campo magnético vale 0,750 T. A barra<br />

<strong>de</strong>sliza sobre trilhos metálicos paralelos conectados através <strong>de</strong> um resistor <strong>de</strong> 25,0<br />

Ω, como indica a figura 32.14. A resistência da barra e dos trilhos po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>sprezada.<br />

(a) Calcule o módulo da fem induzida no circuito. Determine o sentido da corrente<br />

induzida no circuito<br />

(b) utilizando a força magnética sobre as cargas na barra que se move,<br />

(c) usando a lei <strong>de</strong> Faraday e<br />

(d) usando a lei <strong>de</strong> Lenz.<br />

(e) Calcule a corrente através do resistor.<br />

Note que a força eletromotriz existe enquanto a velocida<strong>de</strong> da barra for diferente<br />

<strong>de</strong> zero, isto é, enquanto hover aumento da área do circuito, ou, ainda, enquando<br />

houver aumento do fluxo magnetico através do circuito.<br />

ATIVIDADE 32.8<br />

Porque seus olhos não conseguem acompanhar variações <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> numa<br />

freqüência tão alta.<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E32.1) Uma bobina com 500 espiras circulares com raio igual a 4,0 cm é colocada<br />

entre os pólos <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> eletroímã on<strong>de</strong> o campo magnético é uniforme e<br />

forma um ângulo <strong>de</strong> 60º com o plano da bobina. O campo magnético diminui com<br />

uma taxa igual a 0,200 T/s. Qual é o módulo e o sentido da fem induzida?<br />

Figura 32.14: Exercício E32.4.<br />

E32.5) Um campo magnético uniforme B r é perpendicular ao plano <strong>de</strong> uma espira<br />

com 10,0 cm <strong>de</strong> diâmetro, formada por um fio com 2,5 mm e uma resistivida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

−8<br />

1 ,69 × 10 Ωm . Qual <strong>de</strong>ve ser a variação <strong>de</strong> B r para que uma corrente <strong>de</strong> 10 A seja<br />

induzida na espira?<br />

E32.2) Uma espira circular com 12,0 cm <strong>de</strong> raio orientada no plano xy é colocada<br />

numa região on<strong>de</strong> há um campo magnético uniforme <strong>de</strong> 1,5 T, orientado no eixo z<br />

positivo. Determine a fem média que será induzida na espira quando ela for<br />

removida da região do campo num intervalo <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> 2,0 ms.<br />

E32.3) O rotor <strong>de</strong> um pequeno gerador é constituído por uma bobina chata <strong>de</strong><br />

seção reta com 120 espiras quadradas <strong>de</strong> lado igual a 1,60 cm. A bobina gira em<br />

um campo magnético <strong>de</strong> 0,075 T. Qual será a velocida<strong>de</strong> angular da bobina se a<br />

fem máxima produzida for igual a 24,0 mV?<br />

486<br />

487


AULA 33: CAMPO ELÉTRICO VARIÁVEL COM O TEMPO<br />

OBJETIVOS<br />

• DESCREVER AS PROPRIEDADES DO CAMPO ELÉTRICO VARIÁVEL COM O TEMPO<br />

• RELACIONAR E , v E B COM F q<br />

• DIFERENCIAR CAMPOS ELETROSTÁTICOS DE CAMPOS ELÉTRICOS INDUZIDOS<br />

• DESCREVER A ORIGEM DAS CORRENTES DE FOUCAULT<br />

• OBTER ε PARA OBSERVADORES EM MOVIMENTO RELATIVO<br />

33.1 O CAMPO ELÉTRICO INDUZIDO<br />

Vimos que um fluxo magnético variável induz uma força eletromotriz e uma<br />

corrente numa espira condutora. Devemos então concluir que há criação <strong>de</strong><br />

campo elétrico num condutor em consequência <strong>de</strong> um fluxo magnético<br />

variável. Na realida<strong>de</strong>, a lei da indução eletromagnética mostra que sempre há<br />

geração <strong>de</strong> um campo elétrico por um fluxo magnético variável, mesmo no vácuo, e<br />

quando não estão presentes cargas elétricas.<br />

Esse campo elétrico tem proprieda<strong>de</strong>s bastante diferentes do campo<br />

eletrostático induzido por distribuições <strong>de</strong> cargas.<br />

Po<strong>de</strong>mos ilustrar esse ponto pela análise <strong>de</strong> uma espira condutora <strong>de</strong> raio r ,<br />

situada num campo magnético uniforme, perpendicular ao plano da espira (figura<br />

33.1) e que varia com o tempo.<br />

campo é <strong>de</strong>terminado pela lei <strong>de</strong> Lenz; no caso da Figura 33.1, o fluxo do campo<br />

magnético está aumentando e, por isso, a corrente <strong>de</strong>ve gerar um campo<br />

magnético induzido cujo fluxo ten<strong>de</strong> a compensar este aumento, isto é, saindo do<br />

papel no sentido anti-horário.<br />

ATIVIDADE 33.1<br />

Como ficará o campo elétrico induzido na figura 33.1 se o campo magnético estiver<br />

diminuindo com o tempo? E se o campo magnético estiver saindo do plano do<br />

papel?<br />

O trabalho realizado no <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> uma carga <strong>de</strong> prova q (positiva)<br />

por todo o circuito da Figura 33.1 é:<br />

on<strong>de</strong> a integral é feita sobre todo o circuito.<br />

r r<br />

W = q ∫ E • dl<br />

,<br />

Por outro lado, o trabalho por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga realizado no <strong>de</strong>slocamento<br />

ao longo <strong>de</strong> todo o circuito é igual à força eletromotriz que atua no circuito:<br />

W<br />

q<br />

= ε.<br />

Igualando essas duas equações, encontramos a relação entre a força<br />

eletromotriz e o campo elétrico induzidos no circuito pela variação do fluxo<br />

magnético através <strong>de</strong>le:<br />

r r<br />

ε = ∫ E • dl<br />

(33.1)<br />

Figura 33.1: Espira condutora e força elétrica induzida. Nesse caso, o fluxo magnético está<br />

aumentando.<br />

A lei <strong>de</strong> Lenz nos dá o sentido do campo elétrico ao longo da curva<br />

(fechada) <strong>de</strong> integração.<br />

Se o campo magnético se altera com o tempo, então a lei <strong>de</strong> Faraday nos<br />

diz que ocorre a indução <strong>de</strong> uma força eletromotriz dada por ε = −dΦ<br />

m<br />

/ dt . A<br />

corrente induzida que se produz é consequência do aparecimento do campo elétrico<br />

induzido E r que <strong>de</strong>ve ser tangente à espira em todos os pontos. O sentido do<br />

488<br />

489


EXEMPLO 33.1<br />

Calcule o campo elétrico induzido na espira <strong>de</strong> raio r da Figura 33.1, sabendo que<br />

o campo magnético na região do circuito é uniforme e aumenta com uma taxa<br />

dB / dt .<br />

PENSE E RESPONDA 33.1<br />

dB r<br />

Se for positivo qual é a orientação <strong>de</strong> E ? Ou vice versa?<br />

dt<br />

Solução:<br />

Para <strong>de</strong>terminar o campo elétrico, temos que <strong>de</strong>terminar uma curva <strong>de</strong> integração<br />

para a equação (33.1). Como po<strong>de</strong>mos ver, a simetria do problema nos diz que<br />

esta curva <strong>de</strong>ve ser um círculo <strong>de</strong> raio r. Escolhendo, então, como o sentido<br />

positivo do percurso da curva <strong>de</strong> integração (o sentido <strong>de</strong><br />

mesmo sentido <strong>de</strong> E r , obtemos:<br />

W = q E ( 2π<br />

r),<br />

dl<br />

r ), como sendo o<br />

É importante compreen<strong>de</strong>r que este resultado vale também na<br />

ausência <strong>de</strong> um condutor. Ou seja, o campo elétrico induzido exisirá<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da presença <strong>de</strong> qualquer carga <strong>de</strong> prova! Isso quer<br />

dizer que uma carga livre num campo magnético variável sofrerá a ação<br />

<strong>de</strong>sse mesmo campo elétrico.<br />

No caso geral, como a força eletromotriz induzida é o trabalho por<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga realizado pelo campo elétrico no <strong>de</strong>slocamento da carga<br />

ao longo <strong>de</strong> uma curva <strong>de</strong> integração fechada, po<strong>de</strong>mos escrever que:<br />

on<strong>de</strong> r é o raio da espira. Então, <strong>de</strong> 33.1 vem:<br />

ou:<br />

ε = E ⋅ 2π<br />

r<br />

ε<br />

E =<br />

2π<br />

r<br />

Com este resultado e a lei <strong>de</strong> Faraday, <strong>de</strong>scobrimos que o campo E r assim gerado<br />

é:<br />

ou:<br />

| E |=<br />

Portanto, se a variação <strong>de</strong> B r<br />

2<br />

( Bπ<br />

r )<br />

2<br />

1 ⎛ dΦ<br />

m ⎞ 1 d<br />

π r<br />

⎜−<br />

⎟ = −<br />

= −<br />

2π r ⎝ dt ⎠ 2π<br />

r dt 2π<br />

r<br />

2<br />

( Bπ<br />

)<br />

1 d<br />

| E |= −<br />

r<br />

2π<br />

r dt<br />

2<br />

π r<br />

| E |= −<br />

2π<br />

r<br />

E<br />

dB<br />

dt<br />

r dB<br />

= − .<br />

2 dt<br />

dB<br />

dt<br />

com o tempo for especificada, o campo elétrico<br />

induzido po<strong>de</strong> ser calculado e seu sentido <strong>de</strong>ve ser tal que se oponha à<br />

variação do fluxo magnético<br />

∫<br />

r r dΦ<br />

E • dl = −<br />

dt<br />

m<br />

(33.1)<br />

É sempre bom relembrar que a integral <strong>de</strong> linha da equação acima é feita<br />

ao longo <strong>de</strong> uma curva fechada. Para isso, <strong>de</strong>vemos escolher um sentido <strong>de</strong><br />

percurso da curva como positivo.<br />

1) É importante ter sempre em mente que os campos elétricos criados<br />

por indução não são associados a cargas elétricas, mas sim, a um<br />

fluxo magnético variável no tempo. Há então, uma diferença<br />

fundamental entre o campo gerado por cargas elétricas e o gerado por<br />

indução. Por exemplo, as linhas <strong>de</strong> força <strong>de</strong> um campo associado a cargas<br />

elétricas têm início em uma carga positiva e término em uma carga<br />

negativa. As linhas <strong>de</strong> força <strong>de</strong> campos elétricos induzidos são<br />

sempre linhas fechadas, isto é, sem extremida<strong>de</strong> livre.<br />

2) Outro ponto importante é que o campo elétrico gerado por cargas elétricas é<br />

conservativo. Com efeito, a diferença <strong>de</strong> potencial entre dois pontos <strong>de</strong>ste<br />

campo:<br />

b r r<br />

V −V<br />

= −∫ E • dl<br />

b<br />

a<br />

a<br />

tem sempre o mesmo valor, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da trajetória escolhida para<br />

calcular a integral do campo elétrico. Em particular, quando o ponto A<br />

coinci<strong>de</strong> com o ponto B, obtemos:<br />

490<br />

491


V −V<br />

= −<br />

a<br />

a<br />

∫ a a<br />

r r<br />

E • dl<br />

= 0<br />

isto é, ao longo <strong>de</strong> uma curva fechada, a integral é nula. Por outro lado,<br />

quando o campo elétrico é induzido por uma variação temporal do<br />

fluxo magnético, a integral do campo elétrico ao longo <strong>de</strong> uma curva<br />

fechada não é zero, pois, <strong>de</strong> acordo com a lei <strong>de</strong> Faraday:<br />

r r dΦ<br />

m<br />

∫ E • dl = − ,<br />

dt<br />

ou seja, o campo induzido não é um campo conservativo.<br />

solenói<strong>de</strong> e tomemos a curva da integral <strong>de</strong> linha como um círculo passando pelo<br />

ponto consi<strong>de</strong>rado, com centro no eixo do solenói<strong>de</strong> e raio r (Figura 33.2b). Por<br />

simetria, vemos que o módulo <strong>de</strong> E r é constante sobre essa curva e tangente a ela<br />

em todos os pontos. O fluxo magnético que atravessa a curva é, em um instante<br />

qualquer:<br />

Assim, pela lei <strong>de</strong> Faraday:<br />

∫<br />

r r dΦ<br />

E • dl = − = −<br />

dt<br />

2<br />

∫ B<br />

r • nˆ<br />

dA = B ( π R )<br />

d<br />

dt<br />

2<br />

( B R )<br />

π = −π R<br />

2<br />

dB<br />

dt<br />

3) O campo elétrico iinduzido E r nunca po<strong>de</strong>rá ser um campo eletrostático!<br />

Portanto, a noção <strong>de</strong> potencial e energia potencial para este tipo <strong>de</strong> campo<br />

elétrico não tem significado algum, ou seja, não faz sentido dfinir essas<br />

gran<strong>de</strong>zas para um campo elétrico induzido.<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> se tira:<br />

r r<br />

E • dl = E ⋅ 2π<br />

r = −π<br />

R<br />

∫<br />

2<br />

dB<br />

dt<br />

EXEMPLO 33.2<br />

Um solenói<strong>de</strong> comprido, <strong>de</strong> raio R , tem n espiras por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento e<br />

conduz uma corrente senoidal variável dada por: I = I 0<br />

cos(<br />

ω t)<br />

(Figura 33.2a).<br />

Como<br />

B = µ<br />

0nI<br />

e I = I0cosω<br />

t , temos:<br />

2 d<br />

E ⋅ 2π r = −π R ( µ<br />

0<br />

n I0<br />

cosω<br />

t)<br />

dt<br />

tal que:<br />

E ⋅<br />

2<br />

π r = +π R µ n I ω sin ( ω t).<br />

2<br />

0 0<br />

Logo:<br />

(a) (b)<br />

Figura 33.2: Solenói<strong>de</strong> envolto por arame: (a) visão do lateral do solenói<strong>de</strong>;<br />

(b)visão frontal a partir do lado esquerdo do solenói<strong>de</strong>.<br />

(a) Determinar o campo fora do solenói<strong>de</strong>.<br />

(b) Qual o campo elétrico no interior do solenói<strong>de</strong> a uma distância<br />

centro?<br />

Solução:<br />

r < R do<br />

(a) Primeiramente consi<strong>de</strong>remos um ponto externo à distância r do eixo do<br />

492<br />

2<br />

µ n I<br />

0<br />

ω R<br />

E =<br />

0 sin(<br />

ω t ) ( r > )<br />

2 r<br />

R<br />

Então vemos que o campo elétrico varia senoidalmente com o tempo e sua<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>cai com<br />

1/ r para pontos fora do solenói<strong>de</strong>.<br />

(b) Para pontos <strong>de</strong>ntro do solenói<strong>de</strong>, temos, escolhendo uma curva circular <strong>de</strong><br />

integração <strong>de</strong> raio r, que:<br />

ou:<br />

E ⋅ 2π<br />

r = −π<br />

r<br />

2<br />

dB<br />

dt<br />

493


E = −<br />

2<br />

E<br />

E<br />

E<br />

dB<br />

dt<br />

r d<br />

−<br />

2 dt<br />

( µ n I cos( ω ))<br />

=<br />

0 0<br />

t<br />

r<br />

µ<br />

0<br />

n I ω sin ( ω t)<br />

2<br />

=<br />

0<br />

µ n I ω r<br />

0 sin ( ω t)<br />

( r < )<br />

2<br />

R<br />

=<br />

0<br />

isso colocamos o campo magnético apenas na região interior à borda, <strong>de</strong> tal forma<br />

que o campo magnético seja zero nessa região. Assim, é mesmo o campo elétrico<br />

que faz o disco girar.<br />

Isso mostra que a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> E r no interior do solenói<strong>de</strong> cresce linearmente com<br />

r e varia senoidalmente com o tempo.<br />

ATIVIDADE 33.2<br />

Faça um esboço do campo elétrico em função <strong>de</strong> r .<br />

(a) (b)<br />

Figura 33.3: Disco com linha <strong>de</strong> cargas<br />

EXEMPLO 33.3<br />

Uma linha <strong>de</strong> cargas com condutivida<strong>de</strong> λ é grudada na borda <strong>de</strong> um disco<br />

metálico <strong>de</strong> raio b suspenso horizontalmente, como mostra a figura 33.3a, <strong>de</strong> tal<br />

forma que o disco esteja livre para girar. Na região central, até o raio a , existe um<br />

campo magnético uniforme B 0<br />

. Se o campo for <strong>de</strong>sligado, o que acontecerá?<br />

Solução:<br />

O campo magnético variável no tempo vai induzir um campo elétrico, em torno do<br />

eixo do disco. De acordo com a lei <strong>de</strong> Lenz o campo elétrico induzido terá o sentido<br />

<strong>de</strong> circulação em torno do eixo do disco <strong>de</strong> modo a provocar uma restauração do<br />

fluxo magnético inicial; portanto, ele estará com sentido anti-horário (Figura<br />

33.3b). Como consequência, o campo elétrico induzido exercerá uma força nas<br />

cargas que estão na borda da roda (como que estabelecendo uma corrente elétrica<br />

induzida que circula no mesmo sentido do campo elétrico) e o disco começará a<br />

girar no sentido anti-horário também. Quantitativamente, temos:<br />

ATIVIDADE 33.2<br />

Porque o campo magnético não po<strong>de</strong>ria ocupar toda a área do disco?<br />

33.2 CORRENTES DE FOUCAULT<br />

A Figura 33.4 mostra uma placa metálica que se move para a direita em um<br />

campo magnético. Parte da área da placa está contida no campo magnético e parte<br />

está fora <strong>de</strong>le. Como sabemos, a variação temporal do fluxo magnético através da<br />

área gera uma força eletromotriz e uma corrente elétrica induzidas em volta da<br />

curva que <strong>de</strong>limita a área da placa. O sentido da corrente , indicado na figura, é<br />

resultado da diminuição do fluxo magnético na área do circuito, o que induz uma<br />

fem e corrente induzida que criam um campo magnético induzido entrando na folha<br />

<strong>de</strong> papel. O campo magnético exerce uma força sobre esta corrente cujo sentido é<br />

oposto ao do movimento da placa, opondo-se então ao movimento <strong>de</strong>la.<br />

∫<br />

r r dΦ<br />

E • dl = − = −π<br />

a<br />

dt<br />

2<br />

dB<br />

dt<br />

Note que quem é responsável pela rotação é o campo elétrico induzido. Por<br />

Figura 33.4: Correntes <strong>de</strong> Foucault.<br />

494<br />

495


ATIVIDADE 33.3<br />

O produto nos quatro lados da placa está <strong>de</strong> acordo com a conclusão <strong>de</strong> que a<br />

força atua no sentido oposto ao do movimento da placa?<br />

Dica: Quanto vale o produto no lado direito, fora da região do campo magnético?<br />

As correntes induzidas em várias partes da placa são <strong>de</strong>nominadas correntes<br />

<strong>de</strong> Foucault em homenagem a Jean B. L. Foucault (1819-1868). Ele <strong>de</strong>monstrou<br />

que a frenagem da placa <strong>de</strong>corrente da força magnética sobre as correntes elétricas<br />

nela induzidas, gera calor por efeito Joule, o qual é transferido para o ambiente.<br />

Isto causa uma perda <strong>de</strong> potência no funcionamento <strong>de</strong> motores e geradores.<br />

seja pelo movimento do campo magnético relativo ao circuito ou pela mudança do<br />

fluxo magnético <strong>de</strong>vida à mudança da forma do circuito. Entretanto, observadores<br />

que estão em movimento relativo, embora meçam o mesmo valor da força<br />

eletromotriz, têm <strong>de</strong>scrições microscópicas diferentes para o fenômeno da indução.<br />

Na aula anterior vimos como um observador em repouso, relativamente a<br />

um campo magnético, <strong>de</strong>screve a o aparecimento da força eletromotriz. Vamos<br />

repetir o mesmo raciocínio, só que <strong>de</strong>sta vez usando uma carga positiva ao invés<br />

<strong>de</strong> um elétron.<br />

A potência perdida po<strong>de</strong> ser reduzida aumentando a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção<br />

das correntes induzidas. Por exemplo, uma maneira <strong>de</strong> reduzir as correntes é cortar<br />

a placa no formato <strong>de</strong> um pente, reduzindo assim a área <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong>las.<br />

PENSE E RESPONDA 33.2<br />

Como o formato <strong>de</strong> pente das placas ajuda a reduzir as correntes <strong>de</strong> Foucault?<br />

Figura 33.5: O movimento <strong>de</strong> uma carga elétrica visto por um observador em repouso<br />

relativo a um campo magnético<br />

As correntes <strong>de</strong> Foucault po<strong>de</strong>m também ser usadas <strong>de</strong> modo útil. Em<br />

geral elas são utilizadas para amortecer oscilações, como numa balança mecânica<br />

muito sensível. Quando tocada a balança leva muito tempo até se estabilizar para<br />

que se possa efetuar as medidas; as correntes <strong>de</strong> Foucault auxiliam a reduzir este<br />

tempo <strong>de</strong> oscilação.<br />

Outra aplicação importante está nos sistemas <strong>de</strong> frenagem magnéticos,<br />

como os usados em gran<strong>de</strong>s máquinas como trens. Neles, há um gran<strong>de</strong> eletroímã<br />

colocado acima dos trilhos. Quando o ímã é acionado por uma corrente elétrica, o<br />

campo magnético gerado por ele cria correntes <strong>de</strong> Foucault nos trilhos, as quais,<br />

por sua vez, fornecem uma força <strong>de</strong> frenagem sobre o imã, freando assim o trem.<br />

Seja um observador S em repouso relativamente ao campo magnético,<br />

conforme indicado na figura 33.5. Quando o circuito se move para a direita em<br />

relação a ele, a carga elétrica (positiva agora) é carregada pelo circuito e tem uma<br />

velocida<strong>de</strong> v r para a direita. Ao mesmo tempo ela se <strong>de</strong>sloca sobre o fio do circuito,<br />

e tem uma velocida<strong>de</strong> v r<br />

d<br />

<strong>de</strong> arraste constante em relação ao circuito, com sentido<br />

para cima <strong>de</strong>vido à força eletromotriz induzida. A velocida<strong>de</strong> resultante da carga<br />

elétrica, relativamente ao observador S, é a soma vetorial das duas velocida<strong>de</strong>s e<br />

faz um ângulo θ com o sentido <strong>de</strong> movimento do circuito. A força magnética que<br />

atua sobre a carga é perpendicular à velocida<strong>de</strong> resultante V r , da carga, sendo<br />

dada por:<br />

33.3 A INDUÇÃO E O MOVIMENTO RELATIVO<br />

A lei <strong>de</strong> Faraday <strong>de</strong>screve perfeitamente a força eletromotriz induzida seja<br />

pelo movimento <strong>de</strong> um circuito em relação a um campo magnético que o envolve,<br />

496<br />

r r r<br />

= qV × B.<br />

F m<br />

Ela po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>composta em duas componentes: uma, com módulo<br />

497


F m<br />

senθ e direção do movimento do circuito, mas com sentido oposto a ele; e<br />

como<br />

v d<br />

dt é a mesma distância dl que a carga percorre no condutor, durante o<br />

outra, com módulo<br />

F<br />

m<br />

cosθ<br />

, dirigida para cima na figura 33.5. A primeira<br />

intervalo <strong>de</strong> tempo dt , temos que:<br />

componente ten<strong>de</strong> a fazer a carga elétrica sair pela pare<strong>de</strong> lateral do fio do circuito.<br />

A segunda componente ten<strong>de</strong> a fazer a carga acelerar na direção paralela<br />

ao fio. Entretanto, nenhuma das duas coisas ocorre. A componente paralela ao fio é<br />

equilibrada pelas forças internas <strong>de</strong> colisão a que a carga elétrica fica sujeita ao se<br />

<strong>de</strong>slocar no fio. Isso faz com que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arraste da carga seja constante.<br />

Como a carga elétrica não sai do fio, concluímos que a componente da força<br />

magnética perpendicular ao fio <strong>de</strong>ve ser compensada pela reação normal<br />

N = F senθ da pare<strong>de</strong> do fio sobre a carga elétrica. Esta força é a força externa<br />

m<br />

que <strong>de</strong>ve ser aplicada ao circuito para que este se <strong>de</strong>sloque com velocida<strong>de</strong><br />

constante em relação ao observador S.<br />

PENSE E RESPONDA 33.3<br />

O sentido do vetor N r na figura está consistente com a discussão acima? Desenhe<br />

o vetor que representa as forças internas na figura 33.5<br />

O trabalho realizado pela força<br />

<strong>de</strong>slocamento do circuito em um intervalo <strong>de</strong> tempo dt é:<br />

em que<br />

r r<br />

dW = N • dl =<br />

N r sobre a carga elétrica durante o<br />

( F senθ )( dl) cos0°<br />

= F senθ<br />

( v dt)<br />

m<br />

dW = Fm senθ<br />

( v dt),<br />

dl = v dt é a distância percorrida pelo circuito no intervalo <strong>de</strong> tempo dt .<br />

Substituindo a força magnética por F m<br />

= qv B e senθ<br />

= vd / v vem:<br />

m<br />

dW = qBv dl.<br />

O trabalho total realizado sobre a carga quando ela dá uma volta completa<br />

no circuito é:<br />

l<br />

W = ∫ dW =<br />

+<br />

x<br />

∫ qBvdl + ∫ qBvdl + ∫ qBvdl ∫<br />

0 0<br />

porque os trabalhos efetuados nos ramos superior e inferior do circuito são iguais e<br />

<strong>de</strong> sinais contrários; não há trabalho no ramo do circuito fora do campo magnético;<br />

resta, então, apenas o ramo vertical <strong>de</strong>ntro do campo magnético. Ou seja:<br />

W = qvBl.<br />

Como este trabalho faz mover a carga elétrica, estabelecendo uma corrente<br />

elétrica no circuito, ele po<strong>de</strong> ser visto como uma fonte <strong>de</strong> força eletromotriz. Da<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> força eletromotriz vem, então que:<br />

W ε = = Bl v.<br />

q<br />

Que é exatamente o resultado da lei <strong>de</strong> Faraday obtido<br />

anteriormente. Assim, a força eletromotriz induzida está intimamente<br />

ligada à <strong>de</strong>flexão lateral das cargas elétricas no circuito em movimento em<br />

um campo magnético.<br />

PENSE E RESPONDA 33.4<br />

0<br />

x<br />

o<br />

l<br />

0dl<br />

⎛ vd<br />

⎞<br />

dW = ( qvB)<br />

⎜ ⎟v dt = ( qBv)(<br />

vd<br />

dt)<br />

⎝ v ⎠<br />

dW = ( qvB)( v dt),<br />

498<br />

Certifique-se que<br />

W = qvBl fazendo a integração ao longo do circuito.<br />

Vejamos agora a <strong>de</strong>scrição do fenômeno, visto por um observador S’ em<br />

repouso relativamente ao circuito. Para ele é o campo magnético que se <strong>de</strong>sloca<br />

499


para a esquerda com velocida<strong>de</strong><br />

(Figura 33.6).<br />

− v r e a carga elétrica não se move lateralmente<br />

Resumindo: o observador em repouso relativamente ao campo<br />

magnético só tem conhecimento <strong>de</strong>ste campo, que é responsável pela força<br />

que <strong>de</strong>sloca as cargas elétricas do circuito. Portanto, para ele, esta força é<br />

puramente <strong>de</strong> origem magnética.<br />

A força eletromotriz induzida é dada por:<br />

r r r<br />

ε = ( v × B)<br />

• d l .<br />

(33.3)<br />

∫<br />

Figura 33.6: O movimento <strong>de</strong> uma carga elétrica visto por um observador em repouso<br />

relativo a um circuito que se move em um campo magnético.<br />

O observador vê a carga se <strong>de</strong>slocando no sentido horário no circuito e<br />

explica este fato postulando a existência <strong>de</strong> um campo elétrico induzido no circuito<br />

pelo movimento do campo magnético. Este campo elétrico, que aparece apenas<br />

entre as extremida<strong>de</strong>s do fio vertical da esquerda, está associado a uma força<br />

eletromotriz e gera uma corrente elétrica no circuito. Esta força eletromotriz vale:<br />

r r<br />

ε = ∫ E • dl = E l<br />

porque não há campo elétrico induzido nos fios horizontais do circuito, nem no fio<br />

vertical da direita, que está fora do campo magnético.<br />

As duas expressões para a força eletromotriz, obtidas pelos dois<br />

observadores, <strong>de</strong>vem ser iguais. Então, igualando-as, vem:<br />

ε = Blv = El<br />

E = vB.<br />

Por outro lado, o observador em repouso relativamente ao fio só tem<br />

conhecimento da existência do campo elétrico que, para ele, é o responsável pela<br />

força (elétrica) que move as cargas. Para ele, a força eletromotriz é:<br />

r r<br />

ε = ∫ E • d l<br />

em que E r é o campo elétrico induzido que ele observa nos diferentes pontos do<br />

circuito.<br />

PENSE E RESPONDA 33.5<br />

Comente a expressão: “Observadores em diferentes estados <strong>de</strong> movimento<br />

me<strong>de</strong>m a mesmo força eletromotriz induzida mas discordam sobre a origem da<br />

força que induz o movimento”<br />

Para um observador que vê tanto o circuito quanto o campo magnético se<br />

movendo, a força que produz a corrente elétrica é uma combinação da força<br />

elétrica com a magnética:<br />

r r r r<br />

F = qE + qv × B<br />

tal que:<br />

Lembrando que o vetor E r está dirigido para cima no fio da esquerda, que o<br />

vetor B r é perpendicular a E r e a v r , po<strong>de</strong>mos escrever esta última expressão na<br />

forma vetorial (verifique com a regra da mão direita!):<br />

r<br />

F r r r<br />

= E + v × B.<br />

q<br />

r<br />

E<br />

r r<br />

v × B.<br />

Em outras palavras, cada observador vê forças diferentes,<br />

500<br />

501<br />

= (33.2)


esultantes <strong>de</strong> combinações diferentes <strong>de</strong><br />

r<br />

E v<br />

r r<br />

, e B<br />

mas, quando todas são<br />

RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES<br />

combinadas, todos os observadores formam a mesma combinação para<br />

r<br />

F / q e me<strong>de</strong>m a mesma força eletromotriz induzida no circuito. Portanto, a<br />

força total é a mesma, mas observadores diferentes estimam <strong>de</strong> modo<br />

diferente a contribuição das forças elétricas e magnéticas para a força<br />

total.<br />

ATIVIDADE 33.1<br />

Se o campo magnético estiver diminindo com o tempo, o campo elétrico induido<br />

terá sentido anti-horário. Se o campo campo magnético estiver saindo do plano do<br />

papel, o campo elétrico induzido terá sentido horário se o campo magnético estiver<br />

aumentando e anti-horário <strong>de</strong> tiver diminuindo.<br />

PENSE E RESPONDA<br />

PR33.5) Um anel metálico está com o plano orientado perpendicularmente a um<br />

campo magnético uniforme que aumente a uma taxa constante. Se o raio do anel<br />

for duplicado, por qual fator variará (a) a fem induzida no anel e (b) o campo<br />

elétrico induzido no anel?<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E33.1) Um solenói<strong>de</strong> fino possui 900 espiras por metro e raio igual a 2,50 cm. A<br />

corrente no solenói<strong>de</strong> cresce a uma taxa uniforme <strong>de</strong> 60,0 A/s. Qual é o módulo do<br />

campo elétrico induzido em ponto próximo do centro o solenói<strong>de</strong> e situado a uma<br />

distância do eixo do solenói<strong>de</strong> (a) 0,50 cm e (b) 1,00 cm?<br />

E33.2) O campo magnético <strong>de</strong> um ímã cilíndrico com 3,3 cm <strong>de</strong> diâmetro varia<br />

senoidalmente entre 29,6 3 30,0 T com uma freqüência <strong>de</strong> 15 Hz. Qual é a<br />

amplitu<strong>de</strong> do campo elétrico induzido por esta variação a uma distância <strong>de</strong> 1,6 cm<br />

do eixo do cilindro?<br />

E33.3) Um solenói<strong>de</strong> reto e longo com seção reta <strong>de</strong> área <strong>de</strong> 8,0 cm 2 contém 90<br />

espiras por metro e conduz uma corrente igual a 0,350 A. Um segundo<br />

enrolamento com 12 espiras circunda o centro do solenói<strong>de</strong>. A corrente do<br />

solenói<strong>de</strong> é <strong>de</strong>sligada <strong>de</strong> modo que o campo magnético do solenói<strong>de</strong> se anula em<br />

0,040s. Qual é a fem média induzida no segundo enrolamento?<br />

E33.4) Um anel metálico <strong>de</strong> 4,50 cm <strong>de</strong> raio é colocado entre os pólos norte e sul<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s ímãs, cujos planos <strong>de</strong> área são perpendiculares ao campo magnético.<br />

Esses ímãs produzem um campo inicial uniforme <strong>de</strong> 1,12 T. Os ímãs são <strong>de</strong>slocadas<br />

gradualmente fazendo com que o campo permaneça constante mas diminua a uma<br />

502<br />

503


taxa <strong>de</strong> 0,250 T. (a) Qual é o módulo do campo elétrico induzido no anel? (b) Em<br />

qual sentido a corrente flui, do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> alguém no pólo sul do ímã?<br />

PROBLEMAS DA UNIDADE<br />

504<br />

505


UNIDADE XI<br />

INDUTÂNCIA<br />

Os indutores são dispositivos análogos aos capacitores. Ao serem<br />

atravessados por uma corrente elétrica, nos possibilitam criar e manter campos<br />

magnéticos em <strong>de</strong>terminadas regiões do espaço. Nesta unida<strong>de</strong> começaremos pela<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> indutância. Depois estudaremos a diferença <strong>de</strong> potencial associada<br />

com os indutores e como eles atuam em circuitos elétricos. Por fim, estudaremos a<br />

auto indutância, a associação <strong>de</strong> indutores e sua indutância mútua.<br />

506<br />

507


AULA 34 INDUTORES E INDUTÂNCIA<br />

OBJETIVOS<br />

• APLICAR OS CONCEITOS DE INDUTORES E INDUTÂNCIA<br />

• CALCULAR A DENSIDADE DE ENERGIA EM UM INDUTOR<br />

34.1 INDUTORES E INDUTÂNCIA<br />

Se fizermos variar o valor da corrente que percorre o condutor, o valor do<br />

campo magnético gerado sofrerá uma variação.<br />

Por isso, o fluxo <strong>de</strong>sse campo na região das espiras formadas pelo fio<br />

condutor irá variar e, <strong>de</strong> acordo com a lei <strong>de</strong> Faraday, surgirá uma força<br />

eletromotriz induzida em cada espira <strong>de</strong>sse mesmo condutor.<br />

A força eletromotriz gerada entre os terminais do dispositivo é a soma das<br />

forças eletromotrizes em cada espira.<br />

Para calcularmos esta fem induzida <strong>de</strong>vemos conhecer o fluxo do campo<br />

magnético em cada uma das espiras e assim efetuarmos a soma:<br />

INDUTORES são dispositivos que ao serem atravessados por uma corrente<br />

elétrica, nos possibilitam criar e manter campos magnéticos em <strong>de</strong>terminadas<br />

regiões do espaço.<br />

Os indutores são análogos aos capacitores, os quais nos permitem criar e<br />

manter campos elétricos nas porções do espaço limitadas por suas placas por meio<br />

da separação <strong>de</strong> cargas positivas e negativas<br />

Na figura 34.1 po<strong>de</strong>-se ver um condutor enrolado em forma helicoidal que,<br />

quando percorrido por uma corrente, gera um campo magnético razoavelmente<br />

intenso em seu eixo. Algumas linhas <strong>de</strong> indução do campo magnético são<br />

representadas na figura por linhas tracejadas.<br />

d ϕ ⎞<br />

⎠<br />

d<br />

B<br />

ind<br />

= ∑ ⎜− ⎟ = − ∑ ϕB<br />

espiras dt dt<br />

. (34.1)<br />

espiras<br />

ε<br />

⎛<br />

⎝<br />

Em geral não é possível calcular, exatamente, o campo magnético, e por<br />

conseqüência seu fluxo, em cada espira. Entretanto, em alguns casos específicos,<br />

po<strong>de</strong>mos realizar esse cálculo e encontrar resultados interessantes.<br />

O protótipo dos indutores é um solenói<strong>de</strong>, <strong>de</strong> raio R e comprimento H, com<br />

um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> espiras e com seu comprimento muito maior que seu raio,<br />

como mostrado na figura 34.2.<br />

i<br />

i<br />

Figura 34.2: Um solenói<strong>de</strong> próximo do i<strong>de</strong>al com um comprimento H algumas vezes<br />

maior que seu raio R.<br />

Figura 34.1: Um condutor enrolado em forma helicoidal quando percorrido por uma corrente<br />

gera um campo magnético razoavelmente intenso na parte interna mas bem pequeno na<br />

parte externa. As linhas tracejadas representam algumas linhas <strong>de</strong> indução do campo<br />

magnético.<br />

Neste caso temos um campo aproximadamente uniforme no interior do<br />

dispositivo e praticamente nulo em seu exterior.<br />

Obviamente o campo não é exatamente nulo fora do indutor, sendo<br />

semelhante ao produzido por um longo ímã linear, com os pólos norte e sul<br />

bastante longe um do outro. O campo magnético só é intenso no interior<br />

508<br />

509


do solenói<strong>de</strong> e, no exterior, próximo a suas extremida<strong>de</strong>s, diminuindo<br />

rapidamente quando nos afastamos <strong>de</strong>stas.<br />

Para calcularmos o fluxo conjugado das espiras, <strong>de</strong>sprezamos os<br />

efeitos da <strong>de</strong>formação das linhas <strong>de</strong> indução do campo nas duas extremida<strong>de</strong>s do<br />

solenói<strong>de</strong>. Esta aproximação é equivalente à que se fez ao consi<strong>de</strong>rarmos um<br />

capacitor <strong>de</strong> placas paralelas, com dimensões muito maiores que a distância entre<br />

elas, e admitirmos nesse espaço um campo elétrico uniforme, <strong>de</strong>sprezando o<br />

encurvamento das linhas <strong>de</strong> força nas bordas das placas.<br />

As espiras do solenói<strong>de</strong> <strong>de</strong>finem planos perpendiculares ao seu eixo e seus<br />

vetores normais são, portanto, paralelos a esse eixo, ou seja, têm a mesma direção<br />

do campo magnético. O valor do campo (uniforme) multiplicado pela área da seção<br />

reta do solenói<strong>de</strong> é o fluxo em cada espira. Multiplicado pelo número <strong>de</strong> espiras nos<br />

fornece o que <strong>de</strong>sejamos encontrar, que é o fluxo conjugado <strong>de</strong> todas as<br />

espiras.<br />

O campo magnético no interior <strong>de</strong> um solenói<strong>de</strong>, percorrido por uma<br />

corrente i , po<strong>de</strong> ser calculado com o uso da lei <strong>de</strong> Ampère e é dado pela<br />

expressão:<br />

B sol 0<br />

= µ n i ,<br />

on<strong>de</strong> n = N H é o número <strong>de</strong> espiras por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento.<br />

sendo<br />

O fluxo conjugado no solenói<strong>de</strong> é então:<br />

2<br />

∑ B<br />

N A ( ni ) n V i , (34.2)<br />

ϕ = ϕ = µ = µ<br />

B, sol<br />

0 0<br />

espiras<br />

2<br />

A = πR a área da seção reta e V = AH o volume do solenói<strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>mos ver que o fluxo conjugado é proporcional à corrente que<br />

percorre o solenói<strong>de</strong>.<br />

A constante <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> entre o fluxo e a corrente é o resultado <strong>de</strong><br />

um produto <strong>de</strong> fatores que são constantes e envolvem apenas características<br />

geométricas do dispositivo em questão, além da permeabilida<strong>de</strong> magnética do<br />

vácuo. Devido a sua importância, dá-se o nome específico <strong>de</strong> indutância, a esse<br />

conjunto <strong>de</strong> fatores ou a esta constante <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong>.<br />

Po<strong>de</strong>mos resumir as idéias dizendo que o fluxo conjugado <strong>de</strong> todas<br />

as espiras é igual à indutância do indutor multiplicada pela intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

corrente que o atravessa:<br />

sendo L o símbolo usual utilizado para a indutância.<br />

φ<br />

B , conj<br />

= Li , (34.3)<br />

Esta gran<strong>de</strong>za é também <strong>de</strong>nominada auto-indutância, pois está ligada ao<br />

cálculo do fluxo do campo magnético, na região das espiras, provocado pela<br />

corrente que percorre o próprio dispositivo. Isto é, uma corrente elétrica em um<br />

dispositivo faz com que seja criado um campo magnético que é responsável por um<br />

fluxo <strong>de</strong> campo na região entre suas próprias espiras.<br />

solenói<strong>de</strong>:<br />

Po<strong>de</strong>mos, então, escrever a expressão para a auto-indutância <strong>de</strong> um<br />

2<br />

L sol<br />

µ 0<br />

= n V . (34.4)<br />

A <strong>de</strong>pendência da indutância com o quadrado do número <strong>de</strong> espiras é<br />

esperada, pois o campo que gera um fluxo em cada espira é proporcional a N e o<br />

fluxo conjugado das N espiras <strong>de</strong>ve ser novamente multiplicado por este número.<br />

A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> indutância é o resultado da divisão <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fluxo<br />

magnético por uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente. Por sua importância recebe, no sistema<br />

internacional <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s (SI) o nome <strong>de</strong> henry (abreviatura H) em homenagem a<br />

Joseph Henry que <strong>de</strong>senvolveu, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente, a teoria da<br />

eletromagnética na mesma época que Faraday.<br />

2<br />

1H = 1henry = 1 T. m / A = 1 Wb / A.<br />

indução<br />

Po<strong>de</strong>mos ver, também, da expressão encontrada para a indutância do<br />

solenói<strong>de</strong>, que esta é o produto da constante µ<br />

0 (permeabilida<strong>de</strong> magnética do<br />

510<br />

511


vácuo) por um fator que tem a dimensão <strong>de</strong> comprimento. Por isto, a<br />

permeabilida<strong>de</strong> do vácuo po<strong>de</strong> ser expressa em H / m .<br />

e medindo a força eletromotriz gerada entre seus terminais, <strong>de</strong>vido a esta variação,<br />

encontramos o valor da auto-indutância do dispositivo.<br />

ATIVIDADE 34.2<br />

ATIVIDADE 34.1<br />

Calcule o fluxo magnético através <strong>de</strong> um solenói<strong>de</strong> <strong>de</strong> 5 cm <strong>de</strong> comprimento e raio<br />

<strong>de</strong> 0,5 cm e que possui 100 espiras por centímetro, quando é percorrido por uma<br />

corrente <strong>de</strong> 2 A.<br />

34.2 DIFERENÇAS DE POTENCIAL E ENERGIA EM INDUTORES E DENSIDADE<br />

DE ENERGIA NO CAMPO MAGNÉTICO<br />

Obtenha a equação 34.5 a partir das equações 34.1 e 34.2<br />

Se, em um circuito elétrico nos <strong>de</strong>paramos com indutores como alguns <strong>de</strong><br />

seus elementos, ao percorremos uma malha no sentido da corrente <strong>de</strong>vemos contar<br />

as diferenças <strong>de</strong> potencial como indica a equação 34.5. Assim como para os<br />

resistores as quedas <strong>de</strong> potencial são dadas pelo valor da corrente multiplicado<br />

pelas respectivas resistências.<br />

Como vimos na seção anterior, quando um indutor é percorrido por uma<br />

corrente e é produzida qualquer variação nessa corrente, há uma variação do<br />

campo magnético na região das espiras do indutor o que gera uma fem induzida<br />

nele próprio.<br />

Por se tratar <strong>de</strong> um efeito sobre si mesmo, <strong>de</strong>nominamos este fenômeno <strong>de</strong><br />

auto-indução.<br />

Consi<strong>de</strong>remos que um indutor, como os das figuras 34.1 e 34.2, esteja<br />

sendo percorrido por uma corrente convencional com o sentido da esquerda para a<br />

direita. Se, por algum meio, produzimos um aumento nessa corrente será induzida<br />

uma força eletromotriz com o sentido, <strong>de</strong> acordo com a lei <strong>de</strong> Lenz, que ten<strong>de</strong> a<br />

diminuir essa corrente, ou seja, uma fem da direita para a esquerda.<br />

Se, por outro lado a corrente é diminuída a fem induzida tem o sentido da<br />

esquerda para a direita, ou seja, no sentido <strong>de</strong> reforçar a corrente.<br />

Combinando as equações 34.1 e 34.2 encontramos o valor <strong>de</strong>ssa força<br />

eletromotriz:<br />

di<br />

ε = − L . (34.5)<br />

dt<br />

Esta equação é muito importante porque nos indica a forma <strong>de</strong> medirmos a<br />

auto-indutância <strong>de</strong> um indutor, mesmo quando não sabemos calculá-la<br />

explicitamente, ou seja, conhecendo a taxa <strong>de</strong> variação da corrente em um indutor<br />

512<br />

A figura 34.3 mostra um circuito constituído por uma fonte <strong>de</strong> força<br />

eletromotriz i<strong>de</strong>al, um resistor, um indutor e uma chave que é usada para incluir ou<br />

excluir a fonte.<br />

R<br />

a<br />

ch b<br />

E<br />

L<br />

d<br />

Figura 34.3: Circuito RL composto por um resistor, R, e um indutor, L, ligados em<br />

série a uma fonte <strong>de</strong> força eletromotriz, ε , que po<strong>de</strong> ser incluída ou excluída com o<br />

uso <strong>de</strong> uma chave, ch.<br />

Aplicando a lei das malhas a partir do ponto “d”, supondo que a chave “ch”<br />

está conectada ao ponto “a”, temos:<br />

di<br />

ε − Ri − L = 0<br />

(34.6)<br />

dt<br />

Multiplicando esta equação pela intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente encontramos:<br />

2 di<br />

ε i = Ri + Li .<br />

dt<br />

513


Nesta, o termo do lado esquerdo representa a potência entregue ao<br />

circuito pela fonte e o primeiro termo do lado direito representa a taxa <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> energia térmica no resistor (efeito Joule).<br />

Interpretamos o segundo termo do lado direito como sendo a parte<br />

da potência entregue ao indutor, necessária para criar o campo magnético<br />

em seu interior.<br />

Quando ligamos a chave “ch” no ponto “a”, começa a fluir uma corrente, que<br />

cresce a partir do valor inicial nulo.<br />

Para encontrarmos a energia recebida pelo indutor a partir do momento em<br />

que a chave é ligada ao ponto “a”, <strong>de</strong>vemos integrar esta última equação, mais<br />

especificamente o último termo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o instante inicial ( t = 0)<br />

, quando a corrente<br />

é nula até o instante genérico t , em que a corrente é i ( t ) :<br />

Este resultado mostra que, em um solenói<strong>de</strong>, a energia armazenada<br />

por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volume é proporcional ao quadrado da intensida<strong>de</strong> do<br />

campo magnético.<br />

Embora tenhamos chegado a esta conclusão no caso específico <strong>de</strong> um<br />

solenói<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>mos afirmar que este é um resultado geral e é a expressão para a<br />

<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia associada a um campo magnético, mesmo quando este não é<br />

uniforme ou quando é gerado por quaisquer dispositivos além dos solenói<strong>de</strong>s, ou<br />

ainda quando não estão confinados em regiões restritas do espaço.<br />

Po<strong>de</strong>mos então escrever a expressão para a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia em<br />

qualquer ponto do espaço on<strong>de</strong> haja um campo magnético:<br />

u<br />

2<br />

dU<br />

B B<br />

= . (34.10)<br />

dV 2 µ<br />

B<br />

=<br />

0<br />

U<br />

di<br />

1 i<br />

t<br />

i(<br />

t)<br />

dt Li di L<br />

2<br />

L<br />

= ∫ Li = =<br />

0 dt<br />

∫<br />

. (34.7)<br />

0 2<br />

Esta equação mostra que a energia necessária para se estabelecer<br />

uma corrente em um indutor é proporcional ao quadrado do valor da<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa corrente.<br />

Po<strong>de</strong>mos comparar e ver a equivalência <strong>de</strong>sta expressão com a da energia<br />

armazenada em um capacitor, <strong>de</strong> capacitância C e carregado com uma carga q ,<br />

Também temos uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia associada ao campo elétrico.<br />

Po<strong>de</strong>mos dizer então que, em qualquer região on<strong>de</strong> haja campos elétricos e<br />

magnéticos, há uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia em cada ponto dada por:<br />

2<br />

1 B<br />

= . (34.11)<br />

2 2 µ<br />

2<br />

u EM<br />

ε<br />

0<br />

E +<br />

0<br />

que é:<br />

2<br />

q<br />

U c<br />

= .<br />

2C<br />

Calculamos o valor da energia no caso <strong>de</strong> um solenói<strong>de</strong> e encontramos:<br />

Para encontrar a energia total armazenada em uma região <strong>de</strong>vemos calcular<br />

a integral <strong>de</strong> volume <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> em toda a região.<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

U<br />

sol<br />

1<br />

= µ n i V<br />

2<br />

2 2<br />

0 sol<br />

(34.8)<br />

Utilizando a expressão do campo no interior do solenói<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos<br />

reescrever esta equação na seguinte forma:<br />

2<br />

U<br />

sol<br />

B = sol . (34.9)<br />

V<br />

2 µ<br />

0<br />

E34.1) Um bobina compacta possui 300 espiras e tem uma indutância igual a 9,0<br />

mH. Se ela é percorrida por uma corrente <strong>de</strong> 6,0 mA, calcule o fluxo magnético<br />

através da bobina.<br />

E34.2) Qual é a indutância necessária para se armazenar0,6 kW.h <strong>de</strong> energia em<br />

uma bobina que conduz uma corrente <strong>de</strong> 120 A?<br />

E34.3) Calcule a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> um campo magnético existente entre os<br />

pólos <strong>de</strong> um eletroímã, que produz campos na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 5,8 T?<br />

514<br />

515


AULA 35 ASSOCIAÇÃO DE INDUTORES, AUTO INDUTÂNCIA E<br />

INDUTÂNCIA MÚTUA<br />

Isto po<strong>de</strong> ser generalizado para um número, N , qualquer <strong>de</strong> indutores<br />

associados em série:<br />

N<br />

∑<br />

L série<br />

= L j<br />

. (35.1)<br />

j = 1<br />

OBJETIVOS<br />

• IDENTIFICAR ASSOCIAÇÕES DE INDUTORES EM PARALELO E EM SÉRIE<br />

• COMPREENDER UM CIRCUITO RL<br />

Na figura 35.2 po<strong>de</strong>mos ver dois indutores associados em paralelo.<br />

35.1 ASSOCIAÇÕES DE INDUTORES<br />

L 1<br />

Assim como po<strong>de</strong>mos associar resistores e capacitores em qualquer circuito,<br />

é possível construir associações <strong>de</strong> indutores.<br />

Na figura 35.1 vemos dois indutores, L<br />

1<br />

e L<br />

2<br />

, associados em série e<br />

i<br />

i 1<br />

a<br />

b<br />

i<br />

percorridos por uma corrente, i , on<strong>de</strong> tivemos o cuidado <strong>de</strong> dispô-los distantes um<br />

do outro, com o objetivo <strong>de</strong> tornar <strong>de</strong>sprezível a influência do campo produzido por<br />

cada indutor na posição on<strong>de</strong> se encontra o outro.<br />

i 2<br />

L 2<br />

i L 1<br />

L 2 i<br />

a b c<br />

Figura 35.2: Dois indutores ligados em paralelo. A corrente i se divi<strong>de</strong> nas correntes i 1 e i 2 no<br />

nó indicado pela letra a e ambas se recombinam no nó indicado pela letra b.<br />

Figura 35.1: Dois indutores ligados em série.<br />

A diferença <strong>de</strong> potencial entre os pontos c e a é dada pela soma da diferença<br />

<strong>de</strong> potencial entre os pontos b e a com a diferença <strong>de</strong> potencial entre os pontos c e<br />

b. Como a corrente que percorre ambos os indutores é a mesma po<strong>de</strong>mos escrever<br />

a equação:<br />

di di di<br />

Vca = Vcb − Vba = − L1 − L2<br />

= − Lsérie<br />

,<br />

dt dt dt<br />

on<strong>de</strong> substituímos a soma das duas indutâncias pelo símbolo<br />

L<br />

série<br />

.<br />

Esta substituição matemática nos mostra que dois indutores ligados<br />

em série, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que sua influência mútua seja <strong>de</strong>sprezível, po<strong>de</strong>m ser<br />

substituídos por um único indutor cuja indutância é igual à soma das<br />

indutâncias dos dispositivos.<br />

De acordo com a lei dos nós, a corrente, i , que chega ao ponto “a”, se<br />

divi<strong>de</strong> nas correntes i 1<br />

e i 2<br />

, que novamente se somam no ponto “b”.<br />

Po<strong>de</strong>mos, portanto, escrever para a <strong>de</strong>rivada das correntes:<br />

di di di<br />

= 1<br />

+<br />

2<br />

dt dt dt<br />

Como diferença <strong>de</strong> potencial entre os pontos b e a é dada por:<br />

chegamos à expressão:<br />

di1 di2<br />

V = − ba<br />

L1 L2<br />

dt<br />

= − dt<br />

,<br />

Vba Vba Vba<br />

+ = .<br />

L L L<br />

1 2<br />

paralelo<br />

516<br />

517


Chegamos à conclusão <strong>de</strong> que dois indutores associados em paralelo<br />

po<strong>de</strong>m ser substituído por um único equivalente em que o inverso <strong>de</strong> sua<br />

indutância seja igual à soma dos inversos das indutâncias individuais.<br />

Generalizando, po<strong>de</strong>mos afirmar que um número qualquer <strong>de</strong> indutores<br />

ligados em paralelo po<strong>de</strong>m ser substituídos por um único cuja indutância é dada<br />

pela equação:<br />

No circuito RL, a fonte estabelece uma corrente elétrica, nas espiras do<br />

indutor, que cria um campo magnético ao qual está associada uma energia. Em<br />

ambos os circuitos, parte da energia fornecida pela fonte é dissipada por efeito<br />

Joule no resistor.<br />

Para resolver o circuito RL, representado na figura 35.3, vamos supor<br />

inicialmente que não haja corrente elétrica e que no instante t = 0 a chave é ligada<br />

no ponto “a”.<br />

Assim pelas leis das malhas temos que:<br />

L<br />

N<br />

1 = ∑ 1<br />

. (35.2)<br />

paralelo<br />

j = 1<br />

L<br />

As equações 35.1 e 35.2 tem formas semelhantes às equações para as<br />

associações <strong>de</strong> resistores.<br />

35.2 CIRCUITO RL<br />

O circuito apresentado na figura 35.3, por ser constituído por um resistor e<br />

um capacitor ligados em série a uma fonte, que po<strong>de</strong> eventualmente ser excluída, é<br />

conhecido como circuito RL.<br />

E<br />

ch<br />

a<br />

b<br />

R<br />

Figura 35.3: Circuito RL.<br />

j<br />

L<br />

di<br />

ε − Ri − L = 0 dt<br />

Reescrevendo essa equação <strong>de</strong> uma forma que possa ser integrada<br />

imediatamente, isto é, reagrupando os termos relacionados com a corrente <strong>de</strong> um<br />

lado e com o tempo do outro, obtemos:<br />

di<br />

i −ε R<br />

= −<br />

R<br />

dt .<br />

L<br />

Os limites <strong>de</strong> integração para a corrente são zero e i ( t ) e para o tempo zero<br />

e t , respectivamente.<br />

Integrando a equação acima encontramos uma expressão logarítmica que<br />

po<strong>de</strong> ser invertida usando uma exponencial. O resultado final é:<br />

on<strong>de</strong> introduzimos a constante <strong>de</strong> tempo do circuito RL:<br />

ε −t<br />

τ L<br />

i( t)<br />

= (1 − e ) , (35.3)<br />

R<br />

τ = R<br />

L<br />

L<br />

. (35.4)<br />

Se apenas um resistor, <strong>de</strong> resistência R, é ligado a uma fem, ε , uma<br />

corrente cujo valor é<br />

ε R é estabelecida imediatamente.<br />

É um circuito análogo ao circuito RC que estudamos anteriormente. Naquele<br />

circuito a fonte <strong>de</strong> força eletromotriz ce<strong>de</strong> energia que, em parte, é armazenada na<br />

forma <strong>de</strong> um campo elétrico, no interior do capacitor, gerado pela separação <strong>de</strong><br />

cargas positivas e negativas em suas placas.<br />

Obtenha a equação 35.3.<br />

ATIVIDADE 35.1<br />

518<br />

519


O resultado que acabamos <strong>de</strong> encontrar mostra que, ao introduzirmos um<br />

indutor, a corrente ten<strong>de</strong> para esse mesmo valor, mas, partindo <strong>de</strong> zero, vai<br />

crescendo <strong>de</strong> forma que em um intervalo igual a uma constante <strong>de</strong> tempo atinge<br />

sessenta e três por cento do valor máximo, em um intervalo igual a duas<br />

constantes <strong>de</strong> tempo atinge a oitenta e seis por cento <strong>de</strong>sse valor, etc.<br />

Ainda <strong>de</strong> acordo com este resultado, para atingir o valor máximo,<br />

ε R , o<br />

tempo gasto é infinito, no entanto, em um intervalo igual a algumas poucas<br />

constantes <strong>de</strong> tempo seu valor já é muito próximo do valor da assíntota.<br />

Na figura 35.4 po<strong>de</strong>mos ver a evolução temporal da corrente. Se a corrente<br />

crescesse a uma taxa constante igual à taxa inicial <strong>de</strong> crescimento, que é igual a<br />

ε L , ela atingiria o valor máximo em um intervalo igual a uma constante <strong>de</strong> tempo<br />

do circuito.<br />

Figura 35.5: Queda <strong>de</strong> tensão no indutor, a partir do momento em que se conecta o circuito<br />

à fonte, com uma corrente inicial nula.<br />

No momento inicial a corrente é nula ( V = 0)<br />

R<br />

e a tensão fornecida pela fonte<br />

⎛ di ⎞<br />

cai toda no indutor ⎜VL<br />

= −L ⎟<br />

⎝ dt ⎠ .<br />

Enquanto a corrente, ou a queda <strong>de</strong> tensão no resistor, cresce, a queda <strong>de</strong><br />

tensão no indutor diminui. Em um intervalo <strong>de</strong> tempo igual a algumas constantes<br />

<strong>de</strong> tempo a queda <strong>de</strong> tensão no indutor se torna muito próxima <strong>de</strong> zero enquanto<br />

no resistor se aproxima do valor fornecido pela fem.<br />

Figura 35.4: Evolução temporal da corrente no circuito RL, a partir do instante em<br />

que se conecta o circuito à fonte, com uma corrente inicial nula.<br />

A variação da tensão no indutor é dada por:<br />

V<br />

di<br />

ε<br />

− t<br />

− t<br />

τL<br />

τL<br />

L<br />

= −L<br />

= −L<br />

e =−ε<br />

e<br />

.<br />

dt Rτ<br />

L<br />

Esta queda <strong>de</strong> tensão é representada na figura 35.5.<br />

Alternando a posição da chave, na figura 35.3, para a posição “b”, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

estabelecida uma corrente no circuito, retiramos a fonte. Se tivéssemos apenas um<br />

resistor a corrente cairia a zero imediatamente. Porém, tirando o termo que<br />

representa a fem, na equação 34.3, temos a equação que <strong>de</strong>screve a nova<br />

situação:<br />

di<br />

R i + L = 0 . (35.5)<br />

dt<br />

A solução <strong>de</strong>sta equação é:<br />

− t<br />

τ L<br />

i = i 0<br />

e , (35.6)<br />

havendo portanto uma queda <strong>de</strong> tensão no resistor e um aumento da tensão no<br />

indutor dada por:<br />

V<br />

−1<br />

− t<br />

τ L<br />

L<br />

= − L e = R i0<br />

τ<br />

L<br />

e<br />

− t<br />

τ L<br />

, (35.7)<br />

520<br />

521


i 1<br />

i 2<br />

A 1<br />

A 2<br />

esta tensão é sempre igual e contrária à do resistor.<br />

ATIVIDADE 35.2<br />

Mostre que a equação 35.6 é solução da equação 35.5.<br />

Quando a fonte é retirada surge uma tensão induzida no indutor no sentido<br />

<strong>de</strong> impedir a queda da corrente. O indutor passa então a funcionar como uma fonte<br />

<strong>de</strong> força eletromotriz que mantém uma corrente no resistor. Esta fonte é, no<br />

entanto, efêmera e só existe enquanto há variações <strong>de</strong> corrente. Tanto a corrente<br />

quanto as tensões ten<strong>de</strong>m a se anular. Novamente a constante <strong>de</strong> tempo indica o<br />

tempo gasto para que atinjam aproximadamente 37 % do valor inicial.<br />

Os gráficos que representam estas variações <strong>de</strong> tensão são idênticos ao que<br />

aparece na figura 35.4.<br />

Faça um esboço da forma do gráfico<br />

ATIVIDADE 35.3<br />

V<br />

R<br />

e<br />

VL<br />

em função do tempo.<br />

Na figura 35.5 vemos dois condutores percorridos, cada um, por uma<br />

corrente, cujo valor é in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do valor da corrente no outro condutor.<br />

Cada uma <strong>de</strong>ssas correntes produz um campo magnético que, em princípio,<br />

é dado pela lei <strong>de</strong> Biot-Savart. O condutor percorrido pela corrente i 1 tem a forma<br />

<strong>de</strong> uma elipse que, por ser uma forma que se po<strong>de</strong> representar em termos<br />

matemáticos, po<strong>de</strong> ter o campo produzido calculado exatamente, ainda que este<br />

cálculo não seja fácil <strong>de</strong> realizar. O segundo condutor, no entanto tem uma forma<br />

irregular, que não po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrita analiticamente, por isto o campo produzido<br />

pela corrente i 2 , em cada ponto do espaço, não po<strong>de</strong> ser calculado exatamente.<br />

Ainda assim, po<strong>de</strong>mos afirmar que o campo magnético produzido por um<br />

condutor em qualquer lugar do espaço é sempre proporcional à corrente que o<br />

percorre.<br />

O campo magnético em cada ponto do espaço é, pelo princípio da<br />

superposição, a soma dos campos produzidos por cada uma das correntes,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente. Por isto o fluxo do campo na região <strong>de</strong> cada um dos<br />

condutores, mais especificamente através das superfícies indicadas como A 1 e A 2 na<br />

figura 35.6, po<strong>de</strong> ser escrito como a soma dos fluxos produzidos por cada um<br />

<strong>de</strong>sses campos produzidos pelas duas correntes.<br />

35.3 AUTO INDUTÂNCIA E INDUTÂNCIA MÚTUA<br />

Quando temos dois indutores muito próximos, se fizermos passar,<br />

subitamente, uma corrente em um <strong>de</strong>les, o outro sentirá o efeito da variação do<br />

campo magnético produzido pelo primeiro na região on<strong>de</strong> se encontra o segundo.<br />

Da mesma forma, qualquer variação do campo produzido pelo segundo<br />

indutor gera, <strong>de</strong> acordo com a lei <strong>de</strong> Faraday, uma fem induzida no primeiro<br />

indutor.<br />

A este fenômeno damos o nome <strong>de</strong> indução mútua: efeito da<br />

variação do campo magnético produzido por um dispositivo sobre outro<br />

dispositivo que se encontra em suas imediações.<br />

522<br />

Figura 35.6: Dois circuitos condutores percorridos por correntes in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes produzem<br />

fluxos, sobre cada um <strong>de</strong>les, que são a soma dos fluxos produzidos por cada um<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente.<br />

Po<strong>de</strong>mos então escrever o fluxo do campo magnético através <strong>de</strong> cada<br />

circuito:<br />

e<br />

Φ (35.8)<br />

B , 1<br />

= L1i<br />

1<br />

+ M1,2i2<br />

Φ . (35.9)<br />

B , 2<br />

= L2i2<br />

+ M<br />

2,1i1<br />

523


As constantes L<br />

1<br />

e L<br />

2<br />

, conforme <strong>de</strong>finimos na primeira seção <strong>de</strong>ste<br />

capítulo, é a auto-indutância dos condutores percorridos pelas correntes i 1<br />

e i 2<br />

,<br />

respectivamente.<br />

Cada condutor, neste caso particular, atua como um indutor que gera um<br />

campo magnético, ao mesmo tempo em que sente a presença do campo produzido<br />

por ele mesmo e do campo produzido pelo outro condutor.<br />

As constantes M<br />

1,2<br />

e M<br />

2,1<br />

são <strong>de</strong>nominadas indutâncias mútuas (do<br />

indutor correspon<strong>de</strong>nte ao primeiro índice, com relação ao outro).<br />

Simplesmente, são constantes <strong>de</strong> proporcionalida<strong>de</strong> entre a corrente em<br />

um circuito e o fluxo gerado por essa corrente no outro circuito.<br />

As duas indutâncias mútuas não são, em princípio, iguais. O valor <strong>de</strong> cada<br />

uma <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> fatores geométricos <strong>de</strong> cada condutor e da disposição relativa dos<br />

indutores no espaço.<br />

Se, como mostra a figura 35.6, a corrente no indutor à esquerda é i 1<br />

, a<br />

Na figura 35.7, po<strong>de</strong>mos ver dois solenói<strong>de</strong>s montados sobre o mesmo<br />

suporte, ou seja, os dois enrolamentos são dispostos um sobre o outro, <strong>de</strong> forma<br />

que a área limitada por cada espira <strong>de</strong> um enrolamento é a mesma que a área<br />

limitada por cada espira do outro enrolamento. O comprimento <strong>de</strong> ambos é o<br />

mesmo, mas o número <strong>de</strong> espiras por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento é diferente um do<br />

outro.<br />

i 1<br />

i 1<br />

2R<br />

i 2<br />

H<br />

i 2<br />

Figura 35.7: Dois solenói<strong>de</strong>s ocupam o “mesmo lugar” no espaço: Dois enrolamentos<br />

isolados eletricamente são enrolados sobre um mesmo suporte. Ambos têm o mesmo raio e<br />

mesmo comprimento, mas número <strong>de</strong> espiras diferentes.<br />

corrente no indutor da direita é i<br />

2<br />

e há variações em ambas, as forças<br />

eletromotrizes nos indutores da esquerda e da direita são, respectivamente,<br />

di1<br />

di2<br />

ε<br />

1<br />

= − L1<br />

− M<br />

1,2<br />

, (35.10)<br />

dt dt<br />

di2<br />

di1<br />

ε<br />

2<br />

= − L2<br />

− M<br />

2,1<br />

. (35.11)<br />

dt dt<br />

Como vimos, quando há corrente nos dois enrolamentos, o campo no<br />

interior do dispositivo será a soma dos campos produzidos por cada solenói<strong>de</strong><br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente.<br />

Da mesma maneira, o fluxo do campo em cada espira, seja <strong>de</strong> um ou do<br />

outro enrolamento, é a soma dos fluxos correspon<strong>de</strong>ntes aos dois campos<br />

superpostos.<br />

Lembrando <strong>de</strong> 34.3, as auto-indutâncias dos dois solenói<strong>de</strong>s são:<br />

Se não quisermos, por exemplo, que uma mudança nas posições dos<br />

indutores em um circuito influencie o valor das correntes obtidas, os valores das<br />

indutâncias mútuas <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>sprezíveis. Por isto, em um circuito elétrico, os<br />

indutores <strong>de</strong>vem ser mantidos com um afastamento gran<strong>de</strong> entre si, se quisermos<br />

evitar influências mútuas entre eles.<br />

e<br />

L = µ n<br />

2<br />

1 o 1<br />

π<br />

2<br />

R H<br />

2 2<br />

L = µ n R H .<br />

2 o 2<br />

π<br />

Por outro lado, em <strong>de</strong>terminadas situações, po<strong>de</strong>mos tirar vantagem do<br />

acoplamento entre dois indutores.<br />

A indutância mútua do indutor que <strong>de</strong>nominamos primário com relação ao<br />

outro, que <strong>de</strong>nominamos secundário é:<br />

M<br />

2<br />

2<br />

= N µ n π R = µ n n R H . (35.12)<br />

1,2<br />

1 o 2<br />

o 1 2<br />

π<br />

524<br />

525


Já a indutância mútua do indutor que <strong>de</strong>nominamos secundário com relação<br />

ao primário é:<br />

M<br />

2<br />

2<br />

= N µ n π R = µ n n R H . (35.13)<br />

2,1<br />

2 o 1<br />

o 1 2<br />

π<br />

Este resultado nos diz que se quisermos obter uma fem induzida no<br />

enrolamento secundário muito maior que a fem induzida no primário, basta<br />

construirmos uma bobina com muito mais espiras no secundário relativo ao número<br />

<strong>de</strong> espiras no primário. Da mesma forma um pequeno número <strong>de</strong> espiras no<br />

secundário provocará uma pequena fem induzida.<br />

Neste caso particular, a indutância mútua do indutor secundário com relação<br />

ao primário tem uma expressão idêntica à anterior. Basta, em ambas as equações,<br />

trocar um índice pelo outro e ver que nada se altera.<br />

Comparando com as expressões das duas auto-indutâncias po<strong>de</strong>mos<br />

escrever um resultado que, é preciso ter em mente, é específico <strong>de</strong>sta configuração<br />

<strong>de</strong> indutores:<br />

SAIBA MAIS<br />

BOBINA DE INDUÇÃO<br />

Em motores, a álcool, gás ou gasolina, é necessário produzir uma faísca,<br />

em cada câmara <strong>de</strong> combustão, que precisa durar um curto intervalo <strong>de</strong> tempo. A<br />

faísca é produzida através <strong>de</strong> um arco voltaico em cada vela <strong>de</strong> ignição. Na figura<br />

35.7 representamos uma bobina <strong>de</strong> indução.<br />

M = = .<br />

1,2<br />

M<br />

2,1<br />

L1L<br />

2<br />

R 1<br />

Po<strong>de</strong>mos então reescrever as equações 35.10 e 35.11 para este caso<br />

particular:<br />

di1<br />

di2<br />

ε<br />

1<br />

= − L1<br />

− L1<br />

L2<br />

, (35.14)<br />

dt dt<br />

Eo<br />

a<br />

b<br />

L 1<br />

L 2<br />

R 2<br />

di2<br />

di1<br />

ε<br />

2<br />

= − L2<br />

− L1L<br />

2<br />

. (35.15)<br />

dt dt<br />

Fig. 35.7: Uma bobina <strong>de</strong> indução com um circuito primário composto por uma fonte ε o , um<br />

resistor R 1 e o indutor L 1 , acoplado ao indutor L 2 , no circuito secundário, que é fechado por<br />

um resistor <strong>de</strong> alta resistência, R 2 .<br />

Dividindo-se a força eletromotriz induzida no primário pela raiz quadrada <strong>de</strong><br />

sua auto-indutância, L<br />

1<br />

, encontramos uma expressão que é idêntica à força<br />

eletromotriz induzida no secundário dividida pela raiz quadrada <strong>de</strong> L<br />

2<br />

.<br />

Encontramos, portanto, a relação entre as duas fem’s induzidas:<br />

Um dispositivo, como o da figura 35.6 ou na forma <strong>de</strong> dois torói<strong>de</strong>s<br />

acoplados, é ligado <strong>de</strong> forma que o enrolamento primário é ligado, em série com<br />

um resistor R 1 , a uma fem,<br />

ε<br />

o<br />

, que representa, por exemplo, a bateria <strong>de</strong> 12 V <strong>de</strong><br />

um veículo. O indutor secundário é ligado a um resistor <strong>de</strong> alta resistência, R 2 , que<br />

simula o arco voltaico da vela <strong>de</strong> ignição, on<strong>de</strong> é produzida uma faísca.<br />

ε1<br />

=<br />

ε<br />

2<br />

L1<br />

L<br />

2<br />

n1<br />

N1<br />

= = . (35.16)<br />

n N<br />

2<br />

2<br />

Nota-se que os circuitos elétricos são in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, ou seja, temos duas<br />

malhas em que não há nenhum nó que permita a passagem <strong>de</strong> corrente do circuito<br />

primário para o circuito secundário. No entanto os indutores estão completamente<br />

acoplados quanto ao campo magnético. Os termos proporcionais às indutâncias<br />

526<br />

527


mútuas que aparecem nas equações abaixo representam o efeito elétrico do<br />

acoplamento magnético dos dois solenói<strong>de</strong>s.<br />

Aplicando a lei das malhas encontramos as equações para os circuitos<br />

primário e secundário, respectivamente:<br />

ε − R i + ε 0 , (35.8)<br />

0 1 1 1<br />

=<br />

L2 ε<br />

1<br />

− R2i2<br />

= 0 . (35.9)<br />

L<br />

1<br />

O primeiro termo <strong>de</strong>sta última equação é simplesmente a fem induzida no<br />

secundário, on<strong>de</strong> fizemos uso da equação 35.7.<br />

As equações 35.8 e 35.9 formam um sistema <strong>de</strong> equações diferenciais<br />

acopladas que po<strong>de</strong> ser resolvido com alguma manipulação, com o objetivo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sacoplá-las.<br />

Substituindo, na equação 35.9, a expressão para a fem no primário, dada<br />

pela equação 35.5, encontramos:<br />

di1<br />

di2<br />

L<br />

1<br />

L2<br />

+ L2<br />

+ R2i2<br />

= 0 . (35.10)<br />

dt dt<br />

Precisamos <strong>de</strong> uma relação entre as <strong>de</strong>rivadas das duas correntes para que<br />

possamos eliminar uma <strong>de</strong>las.<br />

Eliminando ε<br />

1 das equações 35.8 e 35.9 po<strong>de</strong>mos expressar a corrente no<br />

primário em termos da corrente no secundário:<br />

o<br />

R L<br />

i = ε +<br />

. (35.11)<br />

2 1<br />

1<br />

i2<br />

R1<br />

R1<br />

L<br />

2<br />

Como o primeiro termo do segundo membro <strong>de</strong>sta relação é constante, a<br />

relação entre as <strong>de</strong>rivadas temporais das correntes é:<br />

di 1<br />

R2<br />

L1<br />

di2<br />

= .<br />

dt R L dt<br />

1<br />

Quando a <strong>de</strong>rivada da corrente no primário é eliminada da equação 35.10<br />

encontramos imediatamente uma equação com termos apenas referentes à<br />

corrente no secundário:<br />

R<br />

R<br />

di<br />

di<br />

2 2<br />

2<br />

L1<br />

+ L2<br />

+ R2i2<br />

=<br />

1<br />

dt dt<br />

2<br />

0 .<br />

Reescrevemos esta equação <strong>de</strong> forma que possa ser integrada:<br />

di<br />

i<br />

2<br />

2<br />

dt<br />

= − .<br />

L1<br />

L2<br />

+<br />

R R<br />

1<br />

Esta equação po<strong>de</strong> ser integrada imediatamente, com os limites <strong>de</strong><br />

integração inferior e superior, respectivamente, zero e t, para o tempo e i 2 (0) e<br />

i 2 (t) para a corrente.<br />

que é:<br />

⎡ i t ⎤<br />

2(<br />

)<br />

ln⎢<br />

i<br />

⎥<br />

⎣ 2(0)<br />

⎦<br />

= −<br />

2<br />

t<br />

. (35.12)<br />

τ<br />

Nesta equação introduzimos a constante <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>ste circuito acoplado<br />

L<br />

L<br />

o<br />

1 2<br />

τ<br />

o<br />

= + . (35.13)<br />

R1<br />

R2<br />

Esta constante <strong>de</strong> tempo é a soma das constantes <strong>de</strong> tempo dos dois<br />

circuitos RL que temos no primário e no secundário. Devemos <strong>de</strong>terminar a<br />

corrente inicial no circuito secundário.<br />

Da equação 35.9 vemos que a corrente inicial no circuito secundário está<br />

relacionada à fem no primário no instante inicial:<br />

i (0)<br />

2<br />

L ε (0)<br />

L R<br />

2 1<br />

= .<br />

1<br />

2<br />

A fem no secundário no instante inicial é dada pela equação 35.8.<br />

528<br />

529


Levando em conta que a corrente inicial no primário é nula, a fem induzida<br />

inicialmente no primário tem o sentido oposto ao da fonte e seu valor é<br />

simplesmente igual ao da fonte.<br />

Com isto encontramos que a corrente no secundário no instante inicial é:<br />

L ε<br />

L R<br />

2 o<br />

2<br />

(0)<br />

= − .<br />

i<br />

Tomando a exponenciação <strong>de</strong> ambos os membros da equação 18 chegamos<br />

à expressão para a corrente no secundário.<br />

1<br />

2<br />

<strong>de</strong> tempo (igual umas poucas constantes <strong>de</strong> tempo), que é o que se necessita em<br />

um circuito <strong>de</strong> ignição.<br />

Não vamos resolver o problema quando a chave é mudada para a posição<br />

“b”, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter permanecido um bom tempo na posição “a”.<br />

Po<strong>de</strong>mos dizer, no entanto, que, sendo a corrente no secundário quase<br />

nula, assim como as duas fem’s induzidas e a corrente no primário quase<br />

constante, ao passar a chave para a posição “b” surge uma fem induzida no<br />

primário com o sentido contrário ao da situação <strong>de</strong>scrita anteriormente. A corrente<br />

no primário ten<strong>de</strong> exponencialmente a zero com a constante <strong>de</strong> tempo dada pela<br />

equação 35.13. No secundário surge uma corrente, também em sentido contrário<br />

ao da situação anterior e que é intensa inicialmente, ten<strong>de</strong>ndo a zero com a<br />

mesma constante <strong>de</strong> tempo.<br />

− t<br />

τ o<br />

2<br />

( t)<br />

= i2(0)<br />

e .<br />

i<br />

Temos então que numa bobina <strong>de</strong> indução é produzida uma faísca, numa<br />

vela do sistema <strong>de</strong> ignição <strong>de</strong> um veículo, toda vez que uma chave em seu circuito<br />

primário é ligada ou <strong>de</strong>sligada.<br />

Com este resultado e com o uso da equação 35.11 encontramos a corrente<br />

no primário:<br />

ε<br />

− t<br />

o<br />

τ o<br />

i1<br />

( t)<br />

= (1 − e ) .<br />

R<br />

1<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E35.1) Calcule a indutância equivalente do circuito mostrado abaixo que está ligado<br />

a uma fonte <strong>de</strong> corrente alternada. Os indutores valem L<br />

1<br />

= 20,0 mH, L<br />

2<br />

= 15,0<br />

mH, L<br />

3<br />

= 25,0 mH e L<br />

4<br />

= 35,0 mH.<br />

Quando ligamos a chave na posição “a” é induzida uma fem no primário,<br />

inicialmente, igual e oposta à da fonte, que impe<strong>de</strong> que a corrente atinja<br />

imediatamente o valor assintótico que é o valor da fem dividido pela resistência no<br />

primário. Esta fem induzida no primário induz uma fem no secundário que<br />

inicialmente tem o valor igual à fem da fonte no primário multiplicada pela razão<br />

entre o número <strong>de</strong> espiras do secundário e do primário.<br />

A fem no secundário gera uma corrente que, inicialmente, tem um valor<br />

máximo e que ten<strong>de</strong> a se anular, à medida que, no primário, a fem induzida ten<strong>de</strong><br />

a zero e a corrente ten<strong>de</strong> a seu valor assintótico.<br />

Como vimos, o acoplamento magnético entre os dois indutores faz com que<br />

o circuito apresente uma constante <strong>de</strong> tempo igual à soma das constates <strong>de</strong> tempo<br />

dos dois circuitos individuais.<br />

Figura 35.8: Circuito do exercício 35.1.<br />

E35.2) Uma bateria é conectada no instante t = 0<br />

<strong>de</strong><br />

τ<br />

L<br />

a corrente atine um valor <strong>de</strong> 0,200% menor que o valor final?<br />

E35.3) Mostre que L R possui unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo.<br />

a um circuito RL. Para qual valor<br />

A corrente no secundário é apreciável apenas durante um pequeno intervalo<br />

530<br />

531


E35.4) Uma bobina e um resistor <strong>de</strong> 15,0 Ω estão conectados em série a uma<br />

bateria <strong>de</strong> 6,3 V . A chave do circuito é aberta e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 2,0 ms a corrente<br />

diminui para 0,210 A . Calcule (a) a constante <strong>de</strong> tempo do circuito? (b) a<br />

indutância da bobina?<br />

P11.6) Em um <strong>de</strong>terminado circuito possuímos dois solenói<strong>de</strong>s. A corrente em um<br />

<strong>de</strong>les diminui 5 A em 2,0 ms e uma força eletromotriz <strong>de</strong> 25 kV é induzida no outro<br />

solenói<strong>de</strong>. Qual é a indutância mútua entre os solenói<strong>de</strong>s?<br />

E35.5) Em um circuito RL a corrente diminui <strong>de</strong> 1,0 A para 10 mA em um segundo,<br />

logo após a fonte ser removida. Determine a resistência do circuito se L= 10 H .<br />

E35.6) Duas bobinas possuem indutância mútua <strong>de</strong> 4,00.10 -4 H . A taxa com que a<br />

corrente cresce na bobina 1 é <strong>de</strong> 800 A/s. Calcule (a) a fem induzida na segunda<br />

bobina? Se essa corrente estivesse na segunda bobina, (b) qual seria a fem<br />

induzida na primeira bobina?<br />

PROBLEMAS DA UNIDADE<br />

P11.1) Calcule a indutância equivalente do circuito mostrado abaixo.<br />

Figura 35.9: Circuito do problema P11.1.<br />

P11.2) Qual é a taxa <strong>de</strong> variação da corrente para que a força eletromotriz num<br />

indutor <strong>de</strong> 12 H seja 60V ? A corrente através do indutor vale 2,0 V .<br />

P11.3) Um resistor <strong>de</strong> 1,20 kΩ é ligado em série a um indutor <strong>de</strong> 6,30<br />

µ H e são<br />

conectados a uma bateria <strong>de</strong> 14,0 V . (a) Qual o tempo necessário para que a<br />

corrente atinga 70 % do valor final? (b) Qual a corrente no resistor em t= 1,5<br />

τ<br />

L<br />

?<br />

P11.4) Uma espira possui raio <strong>de</strong> 70 mm e conduz uma corrente 80 A . Calcule (a)<br />

a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia no centro da espira e (b) a intensida<strong>de</strong> do campo<br />

magnético?<br />

P11.5) Uma fonte <strong>de</strong> 100 V carrega um capacitor <strong>de</strong> 15<br />

µ F e em seguida ele é<br />

conectado em série a um indutor <strong>de</strong> 0.250 mH . Calcule (a) a freqüência <strong>de</strong><br />

oscilação do circuito, (b) a energia armazenada no capacitor no momento da<br />

conexão com o indutor e (c) a energia armazenada no indutor em t= 1,1 ms ?<br />

532<br />

533


UNIDADE 12<br />

OSCILAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS E CIRCUITOS DE CORRENTE<br />

ALTERNADA<br />

Em unida<strong>de</strong>s anteriores estudamos o circuito RC, no qual há apenas um<br />

resistor e um capacitor, e o circuito RL, em que os elementos são um resistor e um<br />

indutor, po<strong>de</strong>ndo, em ambos os casos, serem ligados em série a uma fonte <strong>de</strong> força<br />

eletromotriz.<br />

Vimos que seu comportamento está associado às constantes <strong>de</strong> tempo<br />

τ = RC C , no circuito capacitivo e τ L R , no circuito indutivo.<br />

L<br />

=<br />

Vamos analisar agora, o comportamento <strong>de</strong> um circuito LC, ou seja, um<br />

circuito on<strong>de</strong> temos apenas um indutor e um capacitor, consi<strong>de</strong>rando <strong>de</strong>sprezível<br />

qualquer resistência eventualmente presente. Em seguida introduziremos um<br />

resistor e analisaremos o circuito <strong>de</strong>nominado RLC. Este circuito é utilizado, por<br />

exemplo, em receptores <strong>de</strong> rádio para que seja feita a seleção e ajuste da faixa <strong>de</strong><br />

frequências <strong>de</strong>sejada.<br />

Uma outra aplicação importante do estudo das oscilações eletromagnéticas<br />

se refere aos transformadores. Graças a esses dispositivos que aumentam ou<br />

abaixam a tensão é possível fazer com a energia gerada nas usinas possa chegar a<br />

gran<strong>de</strong>s distâncias sem maiores perdas <strong>de</strong> energia. Além disso, muitos<br />

equipamentos eletrônicos, como a fonte <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong> notebooks, possuem<br />

transformadores que reduzem a tensão <strong>de</strong> entrada, fornecida pela companhia <strong>de</strong><br />

energia elétrica, e fornecem na saída a tensão a<strong>de</strong>quada ao aparelho.<br />

534<br />

535


AULA 36 OSCILAÇÕES EM CIRCUITOS ELÉTRICOS I<br />

campo elétrico, acumulando cargas no capacitor, C . Quando o contato é ligado ao terminal<br />

b, a carga e a corrente oscilam harmonicamente.<br />

De acordo com a lei das malhas po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

OBJETIVOS<br />

• COMPREENDER O COMPORTAMENTO DA CARGA E DA CORRENTE QUE OSCILAM<br />

HARMONICAMENTE EM UM CIRCUITO LC<br />

• ENTENDER A IMPORTÂNCIA DA CONSTANTE DE FASE DA OSCILAÇÃO PARA A<br />

DETERMINAÇÃO DA CARGA E DA CORRENTE EM UM CIRCUITO LC EM UM INSTANTE<br />

DE TEMPO ESPECÍFICO<br />

• SABER DIFERENCIAR E OBTER EM UM CIRCUITO LC A FREQUÊNCIA ANGULAR E AS<br />

AMPLITUDE DA CARGA E CORRENTE<br />

• COMPREENDER QUE A ENERGIA EM UM CIRCUITO LC FICA ARMAZENADA NOS<br />

CAMPOS ELÉTRICO E MAGNÉTICO, ALTERNANDO-SE HARMONICAMENTE ENTRE ELES,<br />

MAS COM VALOR TOTAL CONSTANTE<br />

De on<strong>de</strong> tiramos a equação para o circuito:<br />

di q<br />

V<br />

b<br />

− L − = V b<br />

.<br />

dt C<br />

Lembrando da <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> corrente elétrica,<br />

di q<br />

L + = 0 . (36.1)<br />

dt C<br />

dq<br />

i = ,<br />

dt<br />

e substituindo na equação 36.1 temos:<br />

36.1 O CIRCUITO LC<br />

Consi<strong>de</strong>re o circuito da figura 36.1, no qual o contato móvel, m, é ligado ao<br />

terminal a. A força eletromotriz presente no circuito força a passagem <strong>de</strong> cargas,<br />

que irão carregar o capacitor, estabelecendo uma corrente. Se, em <strong>de</strong>terminado<br />

momento, o contato móvel é ligado ao terminal b, passamos a ter um circuito com<br />

um indutor e um capacitor, apenas.<br />

E<br />

m<br />

a<br />

Figura 36.1: Quando o contato móvel, m, é ligado ao terminal a, a fem, ε , força a<br />

passagem <strong>de</strong> uma corrente que cria um campo magnético no indutor, L , e produz um<br />

b<br />

C<br />

i<br />

+<br />

+<br />

+<br />

L<br />

i<br />

2<br />

d q q<br />

L + = 0. (36.2)<br />

2<br />

dt C<br />

A equação 36.2 é uma equação diferencial <strong>de</strong> segunda or<strong>de</strong>m, pois envolve<br />

a <strong>de</strong>rivada segunda da função da carga em função do tempo q (t)<br />

e tem como<br />

solução combinações lineares <strong>de</strong> funções seno e cosseno com os coeficientes<br />

a<strong>de</strong>quados (você verá como obter soluções da equação 36.2 em seu curso <strong>de</strong><br />

Cálculo).<br />

Quando substituímos q por ( t)<br />

q m 0<br />

cos ω na equação 36.2, por exemplo,<br />

encontramos que esta função, e portanto qualquer combinação linear, é solução<br />

<strong>de</strong>ssa equação diferencial, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que a freqüência angular, ω<br />

0 , seja dada pela<br />

equação<br />

ω = 1<br />

0<br />

LC<br />

. (36.3)<br />

Também po<strong>de</strong>mos escrever a solução para a equação 36.2 como uma<br />

equação do tipo:<br />

q = q cos( ω t + )<br />

m 0 , (36.4)<br />

0<br />

φ<br />

536<br />

537


on<strong>de</strong> as constantes<br />

q<br />

m e φ<br />

0 <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m das cargas e correntes iniciais do circuito.<br />

Não é dificil mostrar que a equação 36.4 é solução da equação diferencial 36.2.<br />

i = −ω ( )<br />

0<br />

qm sen ωot<br />

+ φ0 . (36.7)<br />

Nesta expressão,<br />

q<br />

m , <strong>de</strong>nominado amplitu<strong>de</strong> da carga no capacitor, é o<br />

PENSE E RESPONDA 36.1<br />

Como você po<strong>de</strong>ria mostrar que uma equação do tipo Acos ( ω t)<br />

( ω t)<br />

q =<br />

0 ou<br />

q = B sen<br />

0 satisfaz a equação 36.2? Mostre que essas duas equações são<br />

soluções da equação 36.2.<br />

Inicialmente, quando ligamos o contato móvel m ao terminal b, temos certa<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga no capacitor, q<br />

0, e <strong>de</strong>terminada corrente, i 0 , no circuito. Uma<br />

combinação linear da equação 36.4, também solução da equação diferencial 36.2<br />

que enfatiza este fato é:<br />

q<br />

( i ω ) sen(<br />

ω )<br />

q0 cos(<br />

ω<br />

0t)<br />

+<br />

0 0 0t<br />

= (36.5)<br />

valor máximo atingido pela carga acumulada no capacitor. O valor <strong>de</strong><br />

termos dos valores iniciais da carga e da corrente é dado pela equação<br />

Da equação 36.7 temos,<br />

( i ) 2<br />

2<br />

0 0<br />

ω0<br />

q<br />

m em<br />

q m<br />

= q + . (36.8)<br />

i = − im sen( ω<br />

ot<br />

+φ0)<br />

. (36.9)<br />

Assim como a carga no capacitor, a corrente atinge um valor máximo, que é<br />

<strong>de</strong>nominado amplitu<strong>de</strong> da corrente, i m . Observe que<br />

= ω . (36.10)<br />

im 0<br />

q m<br />

A relação entre o valor da constante <strong>de</strong> fase e os valores iniciais da carga e<br />

da corrente é dada pela equação:<br />

PENSE E RESPONDA 36.2<br />

Como você po<strong>de</strong>ria mostrar que uma combinação linear da equação 36.4, do tipo<br />

( ω t) + Bsen ( ω t)<br />

q = Acos<br />

0<br />

0 satisfaz a equação 36.2? Mostre que essa equação é<br />

solução quando A = qo<br />

e B = i 0<br />

ω0<br />

.<br />

tg<br />

( φ )<br />

−i<br />

0<br />

0<br />

= . (36.11)<br />

ω0<br />

q0<br />

Tanto o valor da carga no capacitor no instante t = 0, como o da corrente no<br />

circuito, nos são fornecidos pela amplitu<strong>de</strong> da carga e por φ<br />

0 , <strong>de</strong>nominado<br />

constante <strong>de</strong> fase da oscilação.<br />

Como a corrente no circuito é a <strong>de</strong>rivada da carga no capacitor em relação<br />

ao tempo, <strong>de</strong>rivamos a equação 36.5 e obtemos:<br />

dq<br />

i = = −ω<br />

0<br />

q0<br />

sen( ω0t)<br />

+ i0<br />

cos( ω0t)<br />

. (36.6)<br />

dt<br />

Se substituirmos o valor t = 0 nas equações 36.5 e 36.6 encontraremos os<br />

valores iniciais q<br />

0 e i 0 , respectivamente, como é <strong>de</strong> se esperar.<br />

As equações 36.5 e 36.6 mostram que tanto a carga quanto a corrente<br />

oscilam harmônicamente, ou seja, seu comportamento po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>scrito<br />

por uma única função harmônica, como são <strong>de</strong>nominadas as funções seno<br />

e cosseno.<br />

A figura 36.2 representa uma oscilação harmônica ( t)<br />

= Y cos( ω t + φ )<br />

y<br />

m<br />

com a constante <strong>de</strong> fase nula e os <strong>de</strong>mais parâmetros em unida<strong>de</strong>s arbitrárias.<br />

0<br />

0<br />

compacta,<br />

Manipulando a equação 36.6, po<strong>de</strong>mos reescrevê-la <strong>de</strong> forma mais<br />

538<br />

539


capacitor e no indutor sejam aproximadamente iguais, usamos as equações 36.4 e<br />

36.9 com o valor da constante <strong>de</strong> fase em torno <strong>de</strong> φ0 = 7π<br />

4 = −π<br />

4:<br />

q = qm cos( ω t + 0) ,<br />

0<br />

φ<br />

i = − i sen( ω t +φ0)<br />

m o<br />

.<br />

Consi<strong>de</strong>ramos que a carga é positiva quando a polarida<strong>de</strong> do capacitor é a<br />

que está indicada na figura 36.1 e negativa quando a polarida<strong>de</strong> do capacitor for<br />

invertida. Da mesma forma, quando a corrente tiver o sentido indicado na figura<br />

36.1 seu sinal será consi<strong>de</strong>rado positivo, sendo negativo se seu sentido for<br />

invertido.<br />

Figura 36.2: Oscilação harmônica: ( t)<br />

= Y cos( ω t + φ )<br />

φ<br />

0<br />

= 0, em unida<strong>de</strong>s arbitrárias.<br />

y<br />

m 0 0 , com ω =1, 0<br />

0 ; = 2, 8 m<br />

Y e<br />

Utilizando a expressão para o cosseno <strong>de</strong> uma soma po<strong>de</strong>mos reescrever a<br />

equação 36.7, para a corrente, como:<br />

i = ω<br />

0<br />

qm cos( ωot<br />

+ φ0<br />

+ π 2) = im<br />

cos( ωot<br />

+ φ0<br />

+ π 2) . (36.12)<br />

A equação 36.12 nos permite dizer que a fase da corrente, como é<br />

<strong>de</strong>nominado o argumento da função cosseno nesta equação, está<br />

adiantada <strong>de</strong> π 2 com relação à fase da carga no capacitor, que é o<br />

argumento da função harmônica na equação 36.4.<br />

Assim que é retirada a força eletromotriz, enquanto a corrente diminui, a<br />

carga no capacitor continuará a aumentar, até atingir um valor máximo,<br />

momento em que a corrente se anula.<br />

q<br />

m , no<br />

A partir daí, a corrente terá seu sinal invertido, começando a <strong>de</strong>scarregar o<br />

capacitor e aumentando gradativamente sua intensida<strong>de</strong>. Quando a carga se anular<br />

no capacitor, a corrente será máxima e igual a<br />

− ω 0<br />

qm<br />

. O processo continua e o<br />

capacitor se carrega, agora com cargas <strong>de</strong> sinal contrário ao inicial, até que a<br />

carga, <strong>de</strong> valor igual a<br />

novamente.<br />

− qm<br />

, seja máxima em valor absoluto e a corrente se anule<br />

Em seguida a corrente volta a ser positiva e vai crescendo enquanto a carga<br />

diminui em valor absoluto. Novamente a corrente é máxima quando a carga se<br />

anula e o capacitor começa a ser carregado positivamente, como no início.<br />

PENSE E RESPONDA 36.3<br />

Pensando nos gráficos <strong>de</strong> carga e corrente em função do tempo para um<br />

circuito LC, o que significa dizer que a fase da corrente está adiantada <strong>de</strong> π 2 em<br />

relação à carga em um circuito LC?<br />

Para <strong>de</strong>screver o que ocorre quando ligamos o contato móvel m ao terminal<br />

b, na figura 36.1, supondo que nesse momento as energias acumuladas no<br />

Um capacitor, <strong>de</strong> capacitância<br />

EXEMPLO 36.1<br />

0 ,25µ F , é carregado até a tensão <strong>de</strong> 20V<br />

e,<br />

em seguida, é <strong>de</strong>sligado da fonte e ligado a uma bobina, com<br />

10 mH <strong>de</strong><br />

indutância. Qual a carga inicial do capacitor e qual o valor máximo da corrente no<br />

circuito resultante?<br />

SOLUÇÃO: A carga inicial é dada pelo produto da tensão ao qual o capacitor foi<br />

submetido pelo valor <strong>de</strong> sua capacitância:<br />

−6<br />

( 0,25×<br />

10 F )( V )<br />

q = CV =<br />

20 ,<br />

0<br />

540<br />

541


q<br />

0<br />

= 5,0µC<br />

.<br />

A corrente máxima é a carga máxima multiplicada pela freqüência angular:<br />

1<br />

im<br />

= ω<br />

0<br />

qm<br />

= qm<br />

, pois<br />

LC<br />

ω = 1<br />

0<br />

LC<br />

,<br />

−3<br />

−6<br />

−<br />

2<br />

( H<br />

F ) 1<br />

−<br />

10×<br />

10 × 0,25×<br />

10 ( 5,0 × 10 C)<br />

6<br />

i m<br />

= ,<br />

i m<br />

= 0, 10A .<br />

Encontramos duas possibilida<strong>de</strong>s para tg<br />

−1 ( −1,74 ), que são os ângulos <strong>de</strong><br />

120 o e <strong>de</strong> 300 o ou – 60 o . Mas ( 0<br />

)<br />

m<br />

cos φ = q é negativo, portanto, encontramos:<br />

q 0<br />

o 2π<br />

φ<br />

0<br />

= 120 = rad .<br />

3<br />

(c) A amplitu<strong>de</strong> da carga é dada pela equação 36.5:<br />

2<br />

−6<br />

2<br />

−3<br />

3 −1<br />

2<br />

( i ω ) = ( 10x10<br />

C) + ( 87x10<br />

A 5,0 x10<br />

s ) 20 C<br />

2<br />

q m<br />

= q +<br />

µ<br />

0 0 0<br />

=<br />

E a amplitu<strong>de</strong> da da corrente pela equação:<br />

.<br />

EXEMPLO 36.2<br />

Em um circuito LC que oscila, a capacitância é <strong>de</strong><br />

40 mH . A carga inicial é q<br />

0<br />

= −10µ<br />

C e a corrente inicial é i0 = −87mA<br />

.<br />

(a) Em t = 0, o capacitor estava sendo carregado ou <strong>de</strong>scarregado?<br />

(b) Qual o valor da constante <strong>de</strong> fase?<br />

1 ,0µ F e a indutância <strong>de</strong><br />

Portanto,<br />

im =ω0<br />

q m<br />

3<br />

−<br />

( 5,0 × 10 s) × ( 20×<br />

10 C)<br />

i m<br />

6<br />

= ,<br />

i m<br />

= 0, 10A .<br />

(c) Quais os valores da amplitu<strong>de</strong> da carga e da amplitu<strong>de</strong> da corrente?<br />

SOLUÇÃO:<br />

(a) Como a carga inicial é negativa e a corrente inicial também é negativa o<br />

capacitor estava sendo carregado inicialmente com uma polarida<strong>de</strong> contrária à<br />

indicada na figura 36.1.<br />

(b) A constante <strong>de</strong> fase é dada pela equação 36.11, on<strong>de</strong> aparece a frequência<br />

angular que vale:<br />

ATIVIDADE 36.1<br />

Consi<strong>de</strong>re o circuito LC mostrado na figura 36.1, em que a capacitância é<br />

15 µ F e a indutância é 1 ,0m H . Logo após o capacitor ter sido carregado com<br />

uma carga <strong>de</strong> 2 ,0µ C o contato m é ligado ao contato b, sendo i = 0<br />

50m A .<br />

a) Determine a frequência angular.<br />

b) Determine as amplitu<strong>de</strong>s da carga e da corrente elétrica.<br />

Temos então:<br />

0<br />

−1<br />

( ) 2<br />

ω = LC<br />

−3<br />

−6<br />

( 40×<br />

10 H ) × ( 1,0 × F )<br />

ω<br />

0<br />

=<br />

10 ,<br />

( )<br />

0<br />

= 5,0 × 10 s<br />

3 −1<br />

ω .<br />

tg<br />

( φ )<br />

−i<br />

0<br />

0<br />

= ,<br />

ω0<br />

q0<br />

−3<br />

− 87×<br />

10 A<br />

tg φ = 1,74 .<br />

0<br />

= −<br />

−<br />

3 −1<br />

6<br />

( 5×<br />

10 s ) × ( 10×<br />

10 C)<br />

Os valores iniciais da carga e da corrente são arbitrários. O que os <strong>de</strong>fine,<br />

em cada caso, é a maneira como o sistema é posto a oscilar. Um mesmo circuito LC<br />

po<strong>de</strong> ser ter sido alimentado, por exemplo, por fontes <strong>de</strong> diferentes tensões, o que<br />

po<strong>de</strong> produzir diferentes valores iniciais para a carga e para a corrente. Da mesma<br />

forma, diferentes maneiras <strong>de</strong> excitar o circuito LC produzem diferentes amplitu<strong>de</strong>s<br />

e diferentes constantes <strong>de</strong> fase.<br />

Enquanto os valores da carga e da corrente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> agentes externos,<br />

po<strong>de</strong>mos ver claramente, das equações 36.3, 36.4 e 36.9, que a carga no capacitor<br />

e a corrente no circuito oscilam com uma frequência angular que só <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos<br />

valores da capacitância e da indutância.<br />

542<br />

543


A freqüência f <strong>de</strong>ssa oscilação, que é a frequência angular ω dividida por<br />

2 π , é <strong>de</strong>nominada frequência natural da oscilação, ou mesmo, frequência<br />

natural do circuito. Seu valor é uma característica particular <strong>de</strong> cada circuito LC,<br />

assim como nos circuitos RC e RL encontramos suas constantes <strong>de</strong> tempo<br />

características.<br />

O período T das oscilações é, portanto:<br />

1<br />

T = = 2π<br />

LC . (36.13)<br />

f<br />

EXEMPLO 36.3<br />

Em um circuito sintonizador <strong>de</strong> um rádio há um indutor com indutância <strong>de</strong><br />

1 ,0mH e um capacitor variável. A faixa <strong>de</strong> freqüências sintonizadas é <strong>de</strong> 530 kHz a<br />

1710 kHz . Quais são os valores máximo e mínimo da capacitância?<br />

SOLUÇÃO: Como sabemos que:<br />

1<br />

T = = 2π<br />

LC<br />

f<br />

,<br />

rearranjamos esta última equação e encontramos para a capacitância a expressão:<br />

fica armazenada no campo elétrico criado entre as placas do capacitor. Como vimos<br />

anteriormente na aula 13 esta energia é dada pela equação<br />

2<br />

q<br />

U E<br />

= . 2 C<br />

Igualmente, para estabelecer uma corrente em um indutor é necessária uma<br />

energia que fica armazenada no campo magnético criado pela corrente. Esta<br />

energia é:<br />

1 i<br />

2<br />

U L<br />

2<br />

B<br />

= .<br />

No circuito LC há certa quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia que se distribui entre o campo<br />

elétrico no capacitor e o campo magnético no indutor. Em qualquer instante a<br />

energia no circuito é a soma <strong>de</strong>ssas duas energias:<br />

U<br />

q<br />

2C<br />

1<br />

2<br />

2<br />

2<br />

= U<br />

E<br />

+ U<br />

B<br />

= + Li<br />

(36.14)<br />

Substituindo aqui as equações 36.4 e 36.9 que nos dão os valores da carga<br />

e da corrente em função do tempo, encontramos:<br />

2<br />

q 2<br />

1 2 2 2<br />

U = cos ( ω<br />

0t<br />

+ φ0)<br />

+ Lω0<br />

qm<br />

sen ( ω0t<br />

+ φ0)<br />

2C<br />

2<br />

m<br />

.<br />

Portanto teremos:<br />

2 2 −1<br />

( 4 f ) .<br />

C = π L<br />

C = max<br />

90 pF e C<br />

min<br />

= 8, 7 pF .<br />

Como<br />

L ω 2<br />

1 C , os fatores que multiplicam os quadrados da senói<strong>de</strong> e da<br />

0 =<br />

cossenói<strong>de</strong> são idênticos; além disso, ω = q i m<br />

. Portanto, po<strong>de</strong>mos escrever:<br />

0<br />

2<br />

2<br />

[ cos ( ω t + φ ) + sen ( ω + φ )]<br />

m<br />

2<br />

qm U =<br />

0 0<br />

0t<br />

0<br />

. (36.15)<br />

2C<br />

ATIVIDADE 36.2<br />

Qual a faixa <strong>de</strong> valores da capacitância em um circuito receptor <strong>de</strong> rádio em que<br />

há um indutor <strong>de</strong><br />

freqüências entre 1 ,2MHz<br />

e 7 ,2MHz<br />

.<br />

2 ,0mH<br />

<strong>de</strong> indutância e que <strong>de</strong>ve sintonizar estações com<br />

ou ainda,<br />

2<br />

qm<br />

1 2<br />

U = = Lim<br />

. (36.16)<br />

2C<br />

2<br />

36.2 ENERGIA NO CIRCUITO LC<br />

Para carregar um capacitor é necessário que algum agente externo realize<br />

trabalho para separar cargas <strong>de</strong> sinais opostos. Este trabalho é igual à energia que<br />

544<br />

Esta duas expressões indicam que a energia total é uma constante e que<br />

esta se alterna entre elétrica e magnética (quando a função seno elevada ao<br />

quadrado é nula, o quadrado da função cosseno é máximo e vice-versa). Portanto,<br />

545


quando a corrente se anula o valor absoluto da carga é máxima e toda a energia no<br />

circuito está armazenada no capacitor. Por outro lado, quando a carga no capacitor<br />

se anula, a corrente é máxima e toda a energia se encontra no campo magnético<br />

no indutor.<br />

Quando <strong>de</strong>rivamos a equação 36.14 em relação ao tempo e igualamos o<br />

resultado a zero estamos expressando o fato da energia total ser constante:<br />

dU<br />

dt<br />

2<br />

q dq di d q q<br />

= + Li = L i + i = 0.<br />

2<br />

C dt dt dt C<br />

Observe pelas equações<br />

−5<br />

U = 5,0 × 10 J .<br />

q = q cos( ω t + )<br />

m 0 e i = −i<br />

sen ω t +φ )<br />

0<br />

φ<br />

m<br />

(<br />

o 0 ,<br />

que se a carga é máxima no capacitor e a corrente no circuito é nula no instante<br />

<strong>de</strong> tempo t=0, a constante <strong>de</strong> fase é nula, φ = 0<br />

0 .<br />

Logo, no instan<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo t = 0, toda a energia está armazenada no capacitor.<br />

Portanto,<br />

Dividindo esta expressão pela intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrente encontramos<br />

novamente a equação 36.2. Portanto essa equação po<strong>de</strong> ser encontrada <strong>de</strong> duas<br />

formas equivalentes: aplicando a lei das malhas ou pelo uso explícito da<br />

conservação da energia no circuito.<br />

EXEMPLO 36.4<br />

Consi<strong>de</strong>re o circuito LC do Exemplo 36.1, on<strong>de</strong> C = 0,25µ<br />

F , L = 10mH<br />

e o<br />

circuito é ligado a uma fonte <strong>de</strong><br />

20 V . Suponha que o contato m seja ligado ao<br />

terminal b da figura 36.1 no instante <strong>de</strong> tempo t = 0, quando a carga no capacitor<br />

é máxima e a corrente nula. Determine as energias armazenadas no capacitor, no<br />

indutor e a energia total do circuito nos instantes <strong>de</strong> tempo t = 0, t = T/4, t = T/2,<br />

t = 3T/4 e t = T, sendo T o período da oscilação eletromagnética no circuito.<br />

SOLUÇÃO: Como não há perdas <strong>de</strong> energia, po<strong>de</strong>mos afirmar que a<br />

energia é constante e, portanto, tem o mesmo valor em qualquer instante <strong>de</strong><br />

tempo; além disso a energia <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da capacitância, da indutância e da tensão<br />

aplicada no circuito. Da equação 36.16 temos<br />

é<br />

A corrente máxima nesse circuito é<br />

2<br />

qm<br />

1 2<br />

U = = Lim<br />

.<br />

2C<br />

2<br />

0 ,10 A . Então a energia total do circuito<br />

−5<br />

−5<br />

U = 5,0 × 10 J , sendo U E<br />

= 5,0 × 10 J e U<br />

B<br />

= 0 , pois U = U E<br />

+ U .<br />

B<br />

Não são necessários cálculos para chegarmos à conclusão <strong>de</strong> que em t =<br />

T/2, e em t = T, novamente toda a energia estará armazenada no capacitor, uma<br />

vez que carga e corrente oscilam harmonicamente. O que muda apenas é a<br />

polarida<strong>de</strong> no capacitor conforme ele é carregado e <strong>de</strong>scarregado. Já , nos<br />

instantes t = T/4 e t = 3T/4 toda a energia estará armazenada no indutor<br />

Po<strong>de</strong>mos ainda utilizar as equações,<br />

2<br />

q 1<br />

U E<br />

= e U<br />

2<br />

B<br />

= Li<br />

;<br />

2C<br />

2<br />

U<br />

E<br />

2<br />

qm<br />

2<br />

1 2 2<br />

= cos ( ω0t<br />

) e U<br />

B<br />

= Lim<br />

sen ( ω0t)<br />

,<br />

2C<br />

2<br />

para obter as energias nesses instantes <strong>de</strong> tempo.<br />

Em t = 0, t = T/2 e em t = T, como<br />

Em t = T/4 e em t = 3T/4<br />

2π<br />

T = ,<br />

ω<br />

U E<br />

5<br />

0<br />

−<br />

= 5,0 × 10 J e U = 0 .<br />

B<br />

U =<br />

1<br />

2<br />

−<br />

( 10×<br />

10<br />

3 H )( 0, 10A) 2<br />

−5<br />

U = 0 e U B<br />

= 5,0 × 10 J .<br />

E<br />

546<br />

547


ATIVIDADE 36.3<br />

A figura 36.3 mostra <strong>de</strong> forma esquemática um circuito LC no qual o<br />

contato foi fechado no instante <strong>de</strong> tempo t = 0. Desconsi<strong>de</strong>re qualquer resistência<br />

entre os elementos <strong>de</strong>sse circuito. Faça um esboço dos campos, elétrico e<br />

magnético, no capacitor e no indutor nos instantes <strong>de</strong> tempo t = T/4, t = T/2, t =<br />

3T/4 e t = T, sendo T o período da oscilação eletromagnética. Faça também um<br />

esboço das energias, elétrica, magnética e total, do circuito para os mesmos<br />

instantes <strong>de</strong> tempo.<br />

RESPOSTA COMENTADA DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 36.1<br />

a) A frequência angular é dada pela equação 36.3:<br />

ω =<br />

0<br />

1<br />

=<br />

LC<br />

1<br />

−3<br />

−6<br />

( 1,0 × 10 H )( 15×<br />

10 F )<br />

3<br />

ω = 8,2 10 rad / s.<br />

0<br />

×<br />

b) A amplitu<strong>de</strong> da carga po<strong>de</strong> ser obtida pela equação 36.8:<br />

.<br />

2<br />

−6<br />

2<br />

−3<br />

3 −1<br />

( i ) = ( 2,0 x10<br />

C) + ( 50x10<br />

A 8,2 x ) 2<br />

q m<br />

= q ω<br />

s<br />

2<br />

0<br />

+<br />

0 0<br />

10<br />

q m<br />

= 6,4 µC<br />

E a amplitu<strong>de</strong> da corrente po<strong>de</strong> ser obtida pela equação 36,10,<br />

i<br />

m<br />

3<br />

−6<br />

( 8,2 × 10 rad / s)( 6,4×<br />

C)<br />

= ω<br />

0<br />

q =<br />

0 ,<br />

m<br />

i m<br />

= 53mC .<br />

Figura 36.3: Circuito LC.<br />

ATIVIDADE 36.2<br />

Escrevemos a capacitância em termos do valor da indutância e da freqüência das<br />

oscilações, obtemos<br />

Portanto teremos:<br />

2 2 −1<br />

( 4 f ) .<br />

C = π L<br />

C<br />

max<br />

4<br />

=<br />

π<br />

2<br />

pF<br />

1<br />

12 −1<br />

2<br />

−3<br />

( 1,2 × 10 s ) × ( 2,0 × 10 H )<br />

−11<br />

C = 1,8 × 10 F 18<br />

max<br />

=<br />

E,<br />

C<br />

min<br />

4<br />

=<br />

π<br />

2<br />

pF<br />

1<br />

12 −1<br />

2<br />

−3<br />

( 7,2 × 10 s ) × ( 2,0 × 10 H )<br />

−13<br />

C = 4,9 × 10 F 0, 49<br />

min<br />

=<br />

.<br />

548<br />

549


ATIVIDADE 36.2<br />

No instante <strong>de</strong> tempo t = ¼ T, o capacitor estará completamente <strong>de</strong>scarregado e<br />

toda a energia estará contida no campo magnético criado pelo indutor, como<br />

mostra a figura 36.3.<br />

b) Suponha que a frequência da outra extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa faixa <strong>de</strong> frequência seja<br />

f = 0, 55MHz . Determine o valor máximo para a capacitâcia <strong>de</strong> modo que as<br />

frequências <strong>de</strong> oscilações possam ser selecionadas <strong>de</strong>ntro do intervalo da banda <strong>de</strong><br />

frequência <strong>de</strong> rádio.<br />

E36.2) Um capacitor <strong>de</strong> capacitância<br />

fonte <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong><br />

um indutor <strong>de</strong> indutância L = 2, 0H<br />

.<br />

C = 0,5µ<br />

F é inicialmente conectado a uma<br />

12 V . Em seguida, o capacitor é <strong>de</strong>sconetado da fonte e ligado a<br />

a) Determine a frequência angular das oscilações elétricas.<br />

b) Determine o período das oscilações elétricas.<br />

c) Calcule a carga inicial do capacitor e a sua carga após 0 ,015s<br />

ter sido ligado ao<br />

Figura 36.3: Oscilação da carga e corrente em um circuito LC. A energia permanece<br />

constante, alternando-se em elétrica e magnética.<br />

Em t = ½ T a energia estará no campo elétrico do capacitor. Observe que, em<br />

comparação com o início do ciclo, a polarida<strong>de</strong> do capacitor está invertida. Nesse<br />

momento a carga atinge seu valor máximo e a corrente é nula; observe a figura<br />

36.3.<br />

Em t = ¾ T a corrente é máxima e o capacitor está <strong>de</strong>scarregado. Então toda a<br />

energia está no campo magnético do indutor.<br />

Em um ciclo completo, quando t = T, o capacitor estará novamente carregado e a<br />

corrente no circuito é nula.<br />

A figura 36.3 também mostra como a energia é transformada em elétrica e<br />

magnética nos instantes <strong>de</strong> tempo do ciclo assinalados.<br />

indutor.<br />

d) Calcule também a corrente no indutor após 0 ,015s<br />

ter sido ligado ao capacitor.<br />

e) Encontre a energia armazenda no capacitor e no indutor.<br />

E36.3) Consi<strong>de</strong>re que em um circuito LC a corrente máxima seja <strong>de</strong><br />

capacitor tem capacitância C = 4,5µ<br />

F e o indutor, indutância L = 90 mH .<br />

a) Determine a carga máxima no capacitor.<br />

b) Calcule a carga no capacitor quando a corrente no indutor é 0 ,50 mA .<br />

i m<br />

0, 90mA<br />

= . O<br />

E36.4) Determine a carga no capacitor <strong>de</strong> um um circuito LC quando a corrente<br />

está variando a uma taxa <strong>de</strong> 2 ,5mA<br />

no indutor, <strong>de</strong> indutância L = 700mH<br />

, em que<br />

a capacitância do capacitor é C = 3,5µ<br />

F .<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E36.1) Um rádio tem um pequeno capcitor <strong>de</strong> capacitância variável<br />

C = 5, 0 pF .<br />

Uma bobina é conectada ao capaitor <strong>de</strong> modo que a frequência <strong>de</strong> oscilação do<br />

circuito LC seja<br />

f = 1, 5<br />

MHz<br />

E36.5) Em um circuito LC, com<br />

indutor é<br />

L = 400mH<br />

e C = 250 pF , a corrente máxima no<br />

i m<br />

= 1, 5A<br />

durante as oscilações. Obtenha a energia máxima armazenada<br />

no capacitor durante as oscilações <strong>de</strong> corrente.<br />

a) Determine a indutância da bobina.<br />

E36.6) Mostre que a expressão<br />

L tem unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tempo.<br />

C<br />

550<br />

551


E36.7) Faça um esboço dos campos, elétrico e magnético, no capacitor e no indutor<br />

<strong>de</strong> um circuito LC, nos instantes <strong>de</strong> tempo t =0, t = T/8, t = T/4, t = 3T/8, t = T/2,<br />

t = 5T/8, t = 3T/4, t = 7T/8 e t = T, sendo T o período da oscilação<br />

eletromagnética. Faça também um esboço das energias, elétrica, magnética e total,<br />

do circuito para os mesmos instantes <strong>de</strong> tempo.<br />

552


AULA 37 OSCILAÇÕES EM CIRCUITOS ELÉTRICOS II<br />

dU<br />

dt<br />

− Ri<br />

2<br />

OBJETIVOS<br />

• Compreen<strong>de</strong>r o comportamento da carga e da corrente que oscilam harmonicamente<br />

em um circuito RLC.<br />

• Enten<strong>de</strong>r que parte da energia é dissipada em um circuito RLC.<br />

37.1 CIRCUITO RLC<br />

Na aula 36 fizemos a <strong>de</strong>scrição do circuito LC. Com o intuito <strong>de</strong> fazer<br />

primeiro a situção mais simples e <strong>de</strong> mais fácil compreensão, fizemos a suposição<br />

<strong>de</strong> que não havia qualquer resistência no circuito.<br />

Embora existam materiais que, a baixas temperaturas, apresentem<br />

resistivida<strong>de</strong> nula, não é possível ainda construir corriqueiramente circuitos<br />

elétricos totalmente isentos <strong>de</strong> alguma resistência elétrica.<br />

Vamos então introduzir um resistor no circuito LC e transformá-lo em um<br />

circuito RLC, mais próximo da realida<strong>de</strong>. Note que, mesmo quando não utilizamos<br />

um resistor específico em um circuito, o próprio indutor apresenta uma resistência<br />

<strong>de</strong>terminada, que po<strong>de</strong> ser pequena, mas não nula.<br />

dU<br />

dt<br />

dU<br />

dt<br />

= ,<br />

q dq di<br />

= + Li ,<br />

C dt dt<br />

2<br />

q d q dq<br />

i + L i = − R i .<br />

C dt dt<br />

=<br />

2<br />

Dividindo esta equação pelo valor da corrente e rearranjando seus termos<br />

encontramos a equação do circuito, que po<strong>de</strong> ser igualmente encontrada pelo uso<br />

da lei das malhas:<br />

2<br />

d q dq q<br />

L + R + = 0 . (37.1)<br />

2<br />

dt dt C<br />

A equação 37.1 é um pouco mais complicada que a equação 36.1, <strong>de</strong>vido ao<br />

termo adicional, igual à resistência do resistor multiplicada pela <strong>de</strong>rivada temporal<br />

da carga, que, como no circuito LC, é a corrente no circuito.<br />

PENSE E RESPONDA 37.1<br />

Como seria possível obter a equação 37.1 usando a Lei das Malhas no circuito<br />

RLC?<br />

Novamente, ligamos o contato móvel ao terminal a e em <strong>de</strong>terminado<br />

momento o ligamos ao terminal b, e começamos a contar o tempo.<br />

Para encontrar a solução da equação 37.1 fazemos a suposição <strong>de</strong> que a<br />

carga seja dada por uma função do tipo:<br />

q = Ae<br />

λt<br />

Figura 37.1: Ao circuito i<strong>de</strong>alizado da figura 36.1 foi acrescentado um resistor, resultando<br />

em um circuito RLC, mais próximo do que ocorre em um circuito real.<br />

Na figura 37.1 temos o novo circuito, cuja equação encontraremos, fazendo<br />

a taxa <strong>de</strong> variação da energia no circuito igual ao negativo da potência dissipada<br />

por efeito Joule no resistor:<br />

em que <strong>de</strong>vemos <strong>de</strong>terminar A e λ (você apren<strong>de</strong>rá como obter as soluções da<br />

equação 37.1 em seu curso <strong>de</strong> Cálculo).<br />

Substituindo esta expressão na equação 37.1, encontramos uma equação <strong>de</strong><br />

segundo grau para λ :<br />

on<strong>de</strong><br />

2<br />

2<br />

λ + 2γ<br />

λ + ω = 0 ,<br />

0<br />

553<br />

554


γ = R 2L<br />

(37.2)<br />

−γ<br />

t<br />

q = q′<br />

cos( ω′<br />

m<br />

e t + φ0)<br />

, (37.6)<br />

e ω<br />

0 como foi <strong>de</strong>finido na equação 36.3:<br />

ω = 1<br />

0<br />

LC<br />

.<br />

Esta equação para λ tem por solução duas raízes:<br />

on<strong>de</strong><br />

−γ<br />

t<br />

i = −ω<br />

q′<br />

( ω′<br />

m<br />

e sen t + φ + 0) , (37.7)<br />

0<br />

φ<br />

tg(<br />

φ0)<br />

−<br />

( i + γ q )<br />

0 0<br />

= (37.8)<br />

ω′<br />

q<br />

0<br />

λ<br />

γ<br />

γ<br />

ω<br />

2 2<br />

= − ± −<br />

0<br />

, (37.3)<br />

e<br />

e, portanto, a solução final <strong>de</strong>ve ser uma combinação linear do tipo<br />

t<br />

t<br />

A e<br />

λ 1 λ2<br />

1<br />

+ A2e<br />

.<br />

Quando o valor da resistência no circuito não é muito gran<strong>de</strong> temos que γ<br />

é menor que ω<br />

0 , <strong>de</strong> forma que as raízes têm uma parte imaginária. Lembrando que<br />

2<br />

2 ⎛ i0<br />

+ γ q0<br />

⎞<br />

0<br />

+ ⎜ ⎟<br />

⎠<br />

q′<br />

m<br />

= q<br />

. (37.9)<br />

⎝ ω′<br />

as funções seno e cosseno po<strong>de</strong>m ser escritas em termos <strong>de</strong> funções exponenciais<br />

com argumento imaginário e, sem fornecer maiores <strong>de</strong>talhes sobre os cálculos<br />

envolvidos, encontramos a carga no capacitor e a corrente no circuito:<br />

−γ t i0<br />

+ γ q0<br />

− γ t<br />

q = q0 e cos( ω′<br />

t)<br />

+ e sen(<br />

ω′<br />

t)<br />

,<br />

ω´<br />

i = −ω<br />

q e<br />

i<br />

sen(<br />

ω′<br />

t + φ)<br />

+ ω<br />

+ γ q<br />

ω′<br />

cos( ω′<br />

t +<br />

− γ t<br />

0 0 − γ t<br />

0 0<br />

0<br />

φ<br />

e<br />

) ,<br />

Como po<strong>de</strong>mos ver, a carga oscila harmonicamente, ou seja, é<br />

<strong>de</strong>scrita por uma função cosseno, cuja fase cresce linearmente com o<br />

tempo. Entretanto, a função harmônica é multiplicada por uma função<br />

exponencial, <strong>de</strong>crescente, cujo expoente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do valor da resistência<br />

presente no circuito. Isto representa o amortecimento da oscilação.<br />

A gran<strong>de</strong>za<br />

q′<br />

m não é exatamente a amplitu<strong>de</strong> inicial do movimento: quando<br />

escolhemos o instante t = 0 <strong>de</strong> forma que a corrente inicial no circuito seja nula e a<br />

carga inicial no capacitor seja máxima, e igual a<br />

q<br />

m , encontramos que:<br />

on<strong>de</strong> temos uma nova freqüência angular, ω ´ , menor que ω<br />

0 :<br />

ω'<br />

2 2<br />

= ω0<br />

− γ . (37.4)<br />

i<br />

0<br />

= 0 → q m<br />

′ = q m<br />

cos( φ)<br />

.<br />

Neste caso a cada período, T ′ = 2π ω′<br />

, a corrente será nula e a carga será:<br />

Além disto, para simplificar um pouco a expressão para a corrente,<br />

introduzimos uma fase adicional, φ , dada por:<br />

γ<br />

tg ( φ)<br />

= . (37.5)<br />

ω′<br />

Dessa forma encontramos:<br />

−nγ<br />

T′<br />

′<br />

q ( nT ) = e q . (37.10)<br />

Este resultado sugere que a carga no capacitor oscila<br />

harmonicamente, mas com uma amplitu<strong>de</strong> que <strong>de</strong>cresce<br />

exponencialmente.<br />

m<br />

555<br />

556


A figura 37.2 representa uma oscilação amortecida, com um período<br />

T ´ = 2T<br />

ω´<br />

= 5,0 ou ω ´~ 1, 26; Y = 2, 8 e φ 0 , em unida<strong>de</strong>s arbitrárias.<br />

m<br />

0 =<br />

freqüência seja pequeno. Quando γ tem um valor <strong>de</strong> um décimo do valor<br />

<strong>de</strong> ω<br />

0 , a freqüência da oscilação é reduzida em meio por cento enquanto a<br />

amplitu<strong>de</strong> é reduzida em quarenta e sete por cento e a energia é reduzida<br />

em setenta e dois por cento em cada oscilação completa.<br />

EXEMPLO 37.1<br />

Em <strong>de</strong>terminado circuito RLC a energia é reduzida à meta<strong>de</strong> em duas oscilações<br />

completas. Qual a razão entre a constante <strong>de</strong> amortecimento, γ , e a freqüência<br />

angular <strong>de</strong> oscilação, ω′ do circuito? Qual a razão entre a freqüência da oscilação<br />

do circuito RLC e a freqüência do circuito LC correspon<strong>de</strong>nte?<br />

SOLUÇÃO: A fração da energia eletromagnética dissipada como calor no resistor é<br />

dada por:<br />

E nT ′)<br />

− E[(<br />

n + 2) T ′]<br />

=<br />

= 1 − e<br />

E(<br />

nT ′)<br />

∆ E ( −4γ<br />

T′<br />

E<br />

1<br />

= .<br />

2<br />

−γ<br />

. t<br />

Figura 37.2: Oscilação harmônica amortecida: y = Ym e cos( ω t + φ0)<br />

, com ω ´~ 1, 26 ;<br />

Y = 2,8 e φ 0<br />

m<br />

0 =<br />

, em unida<strong>de</strong>s arbitrárias.<br />

A energia, nos momentos em que a corrente é nula, está totalmente contida<br />

no campo elétrico do capacitor e é igual a:<br />

E<br />

q<br />

2C<br />

′<br />

2<br />

( nT′ ) = m −2nγ<br />

T′<br />

e . (37.11)<br />

A energia no circuito diminui com o passar do tempo e é conveniente<br />

calcular a fração da energia perdida em cada oscilação completa:<br />

Isolando a função exponencial e tomando o logaritmo da expressão resultante e<br />

recordando que T ′ = 2π ω′<br />

, po<strong>de</strong>mos encontrar:<br />

A razão entre ω′ e ω 0 é dada por:<br />

ω′<br />

=<br />

ω<br />

0<br />

γ ln[2]<br />

= = 0,0276 .<br />

ω′ 8π<br />

ω′<br />

2 2<br />

ω′<br />

+ γ<br />

=<br />

1<br />

= 0,986 .<br />

1 + 0,0276<br />

Ou seja, a freqüência da oscilação amortecida é 1,34% menor que a da oscilação<br />

não amortecida.<br />

ATIVIDADE 37.1<br />

∆<br />

E<br />

′ − +<br />

E(<br />

nT′<br />

)<br />

′<br />

= 1 − e<br />

E E(<br />

nT ) E[(<br />

n 1) T ]<br />

−2γ<br />

T ′<br />

=<br />

. (37.12)<br />

Como vimos, a presença <strong>de</strong> uma resistência no circuito reduz a<br />

frequência da oscilação e causa a diminuição da energia armazenada no<br />

circuito. Quando γ é pequeno (resistência pequena), comparado com ω<br />

0 , a<br />

redução da energia po<strong>de</strong> ser apreciável, ainda que o efeito sobre o valor da<br />

557<br />

Qual a variação relativa na frequência <strong>de</strong> oscilação <strong>de</strong> um circuito RLC, com<br />

relação à frequência <strong>de</strong> oscilação do circuito LC correspon<strong>de</strong>nte, quando o valor <strong>de</strong><br />

γ é um centésimo do valor <strong>de</strong> ω<br />

0 ? Que fração da energia inicial é dissipada como<br />

calor no resistor em uma oscilação completa?<br />

558


Quando se aumenta o valor da resistência, a frequência diminui e<br />

po<strong>de</strong> chegar a ser nula, ou seja, não haverá mais oscilação no circuito.<br />

Quando γ é igual a ω<br />

0 a frequência das oscilações se anula e as duas<br />

raízes coinci<strong>de</strong>m, sendo iguais a<br />

pouco mais elaborada e é dada por:<br />

− γ . A solução para a carga, neste caso, é um<br />

−γ<br />

t<br />

q = [ q0 + ( i0<br />

+ γ q0)<br />

t]<br />

e , (37.13)<br />

(a)<br />

(b)<br />

e a corrente é:<br />

−γ<br />

t<br />

i = [ i0 − γ ( i0<br />

+ γ q0)<br />

t]<br />

e . (37.14)<br />

Figura 37.3. Esboço dos gráficos <strong>de</strong> carga no capacitor em função do tempo em um circuito<br />

RLC (a) subamortecido, quando o valor da resistência R é gran<strong>de</strong> e (b) superamortecido,<br />

quando R é muito gran<strong>de</strong>.<br />

PENSE E RESPONDA 37.2<br />

Não há qualquer oscilação e tanto a carga no capacitor quanto a<br />

corrente no circuito ten<strong>de</strong>m a se anular.<br />

Que critérios você po<strong>de</strong> utilizar para <strong>de</strong>terminar se o sistema <strong>de</strong> um circuito LRC é<br />

superamortecido ou subamortecido? Explique.<br />

Como se po<strong>de</strong> ver das equações 37.3 e 37.4, quando γ é maior que ω<br />

0<br />

temos duas raízes, λ<br />

1 e λ<br />

2 , reais e negativas e a carga no capacitor é:<br />

enquanto a corrente é:<br />

λ q + i λ q + i<br />

= ,<br />

λ − λ λ − λ<br />

q<br />

2 0 0 − λ1<br />

t<br />

e −<br />

1 0 0 − λ2<br />

t<br />

e<br />

2<br />

1<br />

− λ λ q − λ i λ λ q + λ i<br />

= +<br />

.<br />

λ − λ<br />

λ − λ<br />

i<br />

1 2 0 1 0 − λ1<br />

t<br />

e<br />

1 2 0 2 0 − λ2<br />

t<br />

e<br />

2<br />

1<br />

Aqui também não há qualquer oscilação, tanto a carga no capacitor quanto a<br />

corrente no circuito, ten<strong>de</strong>m assintoticamente a zero. Veja a figura 37.3.<br />

2<br />

2<br />

1<br />

1<br />

37.2 ANALOGIA COM AS OSCILAÇÕES MECÂNICAS<br />

As equações utilizadas para <strong>de</strong>screver as oscilações eletromagnéticas são<br />

formalmente idênticas às utilizadas para <strong>de</strong>screver as oscilações mecânicas, por<br />

exemplo, <strong>de</strong> um sistema massa mola.<br />

Um corpo <strong>de</strong> massa m , suspenso <strong>de</strong> uma mola <strong>de</strong> constante elástica k e<br />

sujeito a uma força <strong>de</strong> atrito, com o ar, proporcional à velocida<strong>de</strong> do corpo tem seu<br />

movimento <strong>de</strong>scrito pela equação:<br />

2<br />

d x dx<br />

m + b + kx = 0 .<br />

2<br />

dt dt<br />

Se observarmos a equação 37.1 veremos que ambas têm a mesma forma e<br />

que há uma analogia completa entre ambas se fizermos as seguintes<br />

correspondências:<br />

x ↔ q ,<br />

dx dq<br />

v = ↔ i =<br />

dt dt<br />

559<br />

560


m ↔ L<br />

b ↔ R<br />

E,<br />

k ↔<br />

1<br />

C<br />

A analogia não é apenas formal. Um indutor reage sempre<br />

contrariamente às tentativas <strong>de</strong> modificar a corrente que o percorre,<br />

fazendo um papel <strong>de</strong> inércia do circuito. No sistema mecânico a inércia é<br />

representada pela massa do corpo oscilante.<br />

2<br />

1 R 1 1<br />

ω<br />

0<br />

= − = ,<br />

2<br />

LC 4L<br />

4 LC<br />

1<br />

R =<br />

2<br />

15L<br />

C<br />

−3<br />

( × 10 H )<br />

−<br />

( 0,25×<br />

10 F )<br />

1 15 10<br />

= ,<br />

2<br />

R<br />

6<br />

R = 245Ω .<br />

A resistência elétrica é o resultado da interação dos elétrons com a<br />

re<strong>de</strong> cristalina, que retira a energia, ganha por estes do campo elétrico,<br />

transformando-a em calor. Da mesma forma o atrito do corpo com o ar<br />

retira energia mecânica do sistema e a transforma em energia térmica.<br />

A constante elástica da mola indica a dificulda<strong>de</strong> para se <strong>de</strong>formá-la,<br />

produzindo certo <strong>de</strong>slocamento enquanto a capacitância do capacitor é<br />

uma medida da facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se carregá-lo com <strong>de</strong>terminada quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

carga. Por isto a analogia entre uma gran<strong>de</strong>za e o inverso da outra.<br />

Em suma, todas as equações escritas nesta aula po<strong>de</strong>m ser transformadas<br />

nas equações correspon<strong>de</strong>ntes ao caso das oscilações mecânicas.<br />

EXEMPLO 37.2<br />

Consi<strong>de</strong>re um circuito RLC em que o capacitor tem capacitância<br />

indutor tem indutância<br />

0 ,250µ F e o<br />

10 ,0mH<br />

. Determine a resistência do circuito se a<br />

frequência <strong>de</strong> oscilação for igual a ¼ da frequência do circuito não amortecido.<br />

SOLUÇÃO: Para encontrarmos a resistência, usaremos o fato <strong>de</strong><br />

Como,das equações 37.4 e 36.3, temos<br />

ω `= 1 ω<br />

4<br />

0<br />

.<br />

ω'<br />

=<br />

2<br />

ω − γ<br />

2<br />

0<br />

e<br />

ω 562<br />

0 =<br />

1<br />

LC<br />

561


RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 37.1<br />

(a) A freqüência angular do circuito RLC é dada, neste caso, por:<br />

ω ′ = ω<br />

0 = ω .<br />

Portanto a variação relativa na freqüência é:<br />

2 2 2<br />

2<br />

0<br />

− γ = ω0<br />

− ,0001ω<br />

0<br />

0, 99995<br />

0<br />

E37.5) Determine a resistência <strong>de</strong> um circuito RLC <strong>de</strong> capacitância C e indutância L<br />

se a frequência <strong>de</strong> oscilação for igual a 1/3 da frequência do circuito não<br />

amortecido.<br />

E37.6) Compare as resistências <strong>de</strong> dois circuitos RLC em que a frequência <strong>de</strong><br />

oscilação do primeiro é igual 1/2 da frequência do circuito não amortecido e do<br />

segundo é 1/10 da frequência do circuito não amortecido.<br />

ω0<br />

−ω′<br />

= 0,00005 = 0,005% ,<br />

ω<br />

0<br />

que é muito pequena.<br />

(b) A fração da energia dissipada como calor em uma oscilação é:<br />

∆ E<br />

= 1 − e<br />

E<br />

−2γ<br />

T′<br />

= 1 − e<br />

−4π<br />

.0,01<br />

= 0,12 .<br />

Isto é, 12% da energia inicial se transformam em calor em cada oscilação, apesar<br />

da variação no período ter sido mínima.<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E37.1) Um circuito LRC é formado por um indutor <strong>de</strong> indutância<br />

capacitor <strong>de</strong> capacitância C = 4,5 µ F e um resistor <strong>de</strong> resistância R .<br />

a) Determine a frequência angular quando a resistência for <strong>de</strong>sprezível.<br />

L = 3, 0mH<br />

, um<br />

b) Obtenha o valor da resistência para que a frequência angular seja 10% menor<br />

que a frequência angular calculada no item (a).<br />

E37.2) Determine a resistência <strong>de</strong> um circuito LRC, com<br />

L = 9, 0mH<br />

e C = 20 µ F ,<br />

<strong>de</strong> modo que a frequência das oscilações do circuito seja igual a um terço da<br />

frêquencia do circuito não amortecido.<br />

E37.3) Mostre que a expressão<br />

L tem unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> resistência.<br />

C<br />

E37.4) Calcule a resistência <strong>de</strong> um circuito RLC em que<br />

L = 9, 0mH<br />

, C = 20 µ F e<br />

frequência angular ω ' = 1 2LC<br />

.<br />

563<br />

564


AULA 38 CIRCUITOS DE CORRENTE ALTERNADA<br />

OBJETIVOS<br />

• DEFINIR TENSÃO E CORRENTE ALTERNADAS.<br />

• COMPREENDER O COMPORTAMENTO DA CORRENTE ELÉTRICA EM CIRCUITOS SIMPLES COM<br />

FEM ALTERNADA.<br />

• DEFINIR REATÂNCIA CAPACITIVA E REATÂNCIA INDUTIVA.<br />

38.1 FORÇA ELETROMOTRIZ E CORRENTES ALTERNADAS<br />

Na aula 18 <strong>de</strong>screvemos, em princípio, o funcionamento <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> força<br />

eletromotriz que produzem diferenças <strong>de</strong> potencial com polarida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida, isto é,<br />

fontes que têm um pólo negativo e um pólo positivo, sendo o potencial elétrico do pólo<br />

positivo sempre mais alto que o potencial do pólo negativo.<br />

Quando seus pólos são ligados externamente, por meio <strong>de</strong> algum condutor<br />

elétrico, há circulação <strong>de</strong> corrente, sempre no mesmo sentido: <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ssas fontes a<br />

corrente convencional vai do pólo positivo para o negativo, ganhando energia<br />

potencial elétrica à custa da energia química armazenada, e externamente a corrente<br />

percorre o condutor, indo do pólo positivo para o negativo, per<strong>de</strong>ndo energia elétrica,<br />

que se transforma em energia térmica nesse condutor.<br />

Pelo fato <strong>de</strong> forçarem as cargas a se moverem sempre em um mesmo<br />

sentido, essas fontes são <strong>de</strong>nominadas fontes <strong>de</strong> corrente contínua ou fontes<br />

c.c.<br />

on<strong>de</strong> V é a amplitu<strong>de</strong> da oscilação, isto é, o valor da tensão oscila entre os valores<br />

M<br />

+ V M<br />

e VM<br />

− . φ<br />

0<br />

é <strong>de</strong>nominado constante te <strong>de</strong> fase e nos indica o valor da tensão no<br />

momento consi<strong>de</strong>rado como t=0:<br />

A frequência da oscilação f<br />

Quando um condutor é usado para ligar os pólos do gerador externamente, é<br />

produzida uma corrente. A corrente convencional nesse condutor, como é <strong>de</strong> se esperar,<br />

vai do pólo positivo para o pólo negativo, porém a polarida<strong>de</strong> do gerador se alterna<br />

dando origem a uma corrente alternada. Por isto um gerador é chamado <strong>de</strong> fonte <strong>de</strong><br />

força eletromotriz <strong>de</strong> corrente alternada ou fonte c.a.<br />

É importante notar neste caso que, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do sentido da corrente, a<br />

fonte está sempre entregando energia elétrica para as cargas que, ao passar pelo<br />

condutor externo, ce<strong>de</strong>m essa energia aquecendo-o o dando origem ao efeito Joule.<br />

38.2 OS CIRCUITOS MAIS SIMPLES DE CORRENTE ALTERNADA<br />

A figura 38.1 mostra um resistor ligado aos pólos <strong>de</strong> um gerador i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> corrente<br />

alternada, cuja resistência interna é nula.<br />

( ) = V sen ( )<br />

V0 = V 0<br />

M<br />

φ 0<br />

é dada por:<br />

f 1 ω = = T 2π<br />

.<br />

Entretanto, como <strong>de</strong>scrito na aula 32, um gerador <strong>de</strong> energia (um dínamo por<br />

exemplo) é um dispositivo em que, pelo uso <strong>de</strong> algum agente externo, um conjunto <strong>de</strong><br />

espiras é forçado a girar, com velocida<strong>de</strong> angular constante, em um campo magnético<br />

estático e esta rotação força o aparecimento <strong>de</strong> uma força eletromotriz induzida nessas<br />

espiras. O resultado é o aparecimento <strong>de</strong> uma diferença <strong>de</strong> potencial entre os extremos<br />

do condutor que forma as espiras. Esta diferença <strong>de</strong> potencial, no entanto, não se<br />

mantém constante, mas oscila senoidalmente.<br />

A tensão entre os pólos do gerador po<strong>de</strong>, então, ser expressa pela equação:<br />

( )<br />

V = VM sen ω t + φ 0<br />

,<br />

Figura 38.1: Resistor,<br />

( t)<br />

ε = ε m<br />

sen ω .<br />

R , ligado a uma fonte <strong>de</strong> força eletromotriz (fem) alternada,<br />

As fontes <strong>de</strong> fem alternadas são, usualmente, representadas pelos símbolos<br />

mostrados na figura 38.2.<br />

565<br />

566


Aplicando a lei das malhas a este novo circuito, temos:<br />

q<br />

ε − = 0 . C<br />

Figura 38.2: Símbolos utilizados para representar forças eletromotrizes <strong>de</strong> corrente alternadas.<br />

Aplicando a lei das malhas, ao circuito da figura 38.1, obtemos a expressão:<br />

Consi<strong>de</strong>rando que a fem seja dada por:<br />

encontramos a expressão para a corrente no circuito:<br />

Po<strong>de</strong>mos ver que a corrente oscila, não só com a mesma frequência, mas<br />

com a mesma fase, ( ω t +<br />

φ ) , da força eletromotriz aplicada.<br />

A amplitu<strong>de</strong> da oscilação da corrente é dada por:<br />

Esta expressão é idêntica à que encontramos quando submetemos um resistor a<br />

Na figura 38.3 vemos um capacitor ligado aos terminais <strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> força<br />

eletromotriz alternada.<br />

ε − Ri<br />

= 0<br />

( ω )<br />

ε = ε t +<br />

m<br />

sen φ 0<br />

,<br />

ε<br />

m<br />

i = sen<br />

t<br />

R<br />

0<br />

( ω t + φ ) = i sen( ω + )<br />

uma fem <strong>de</strong> corrente contínua <strong>de</strong> valor igual a ε<br />

m<br />

.<br />

0 m<br />

φ 0<br />

ε<br />

m<br />

im<br />

= ,<br />

R<br />

.<br />

(38.1)<br />

(38.2)<br />

(38.3)<br />

no capacitor:<br />

Substituindo a fem dada na equação 38.1, encontramos a expressão para a carga<br />

( ω )<br />

q = C ε<br />

m<br />

sen t + .<br />

Para encontrarmos a corrente no circuito <strong>de</strong>rivamos esta última equação em<br />

relação ao tempo e encontramos:<br />

φ 0<br />

dq<br />

i = = ω Cε<br />

m<br />

cos( ω t + φ 0<br />

).<br />

dt<br />

Queremos expressar a corrente em termos <strong>de</strong> uma senói<strong>de</strong>, isto é, em uma<br />

forma semelhante a das equações 38.1 e 38.2:<br />

ε<br />

m<br />

i = = sen<br />

t<br />

( 1 ω C)<br />

( ω t + φ + π 2) = i sen ( ω + φ + 2)<br />

0 m<br />

0<br />

π<br />

Vemos nesta expressão que a corrente tem uma amplitu<strong>de</strong>:<br />

on<strong>de</strong> introduzimos a gran<strong>de</strong>za<br />

i<br />

ε<br />

. (38.4)<br />

m<br />

m<br />

= , (38.5)<br />

X<br />

C<br />

X<br />

C<br />

, que limita a corrente neste circuito da mesma forma<br />

que a resistência o faz no circuito puramente resistivo, representado na figura 38.1. Essa<br />

gran<strong>de</strong>za é <strong>de</strong>nominada reatância capacitiva do circuito:<br />

1<br />

X C<br />

= . (38.6)<br />

ω C<br />

Quando aplicamos uma tensão contínua em um capacitor este é carregado e,<br />

rapidamente, atinge a tensão fornecida pela fonte, não permitindo mais a passagem <strong>de</strong><br />

corrente. Isto significa que a resistência à passagem <strong>de</strong> corrente torna-se infinita.<br />

Figura 38.3: Capacitor,<br />

C , ligado a uma fem alternada, ε = ε<br />

m<br />

sen(ω<br />

t +φ 0<br />

)<br />

t .<br />

A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> reatância capacitiva está <strong>de</strong> acordo com este resultado, já que uma<br />

tensão contínua equivale a uma oscilação no limite em que a frequência ten<strong>de</strong> a zero e a<br />

reatância, nesse caso, ten<strong>de</strong> a infinito.<br />

567<br />

568


Po<strong>de</strong>mos ver que a corrente também oscila com a mesma frequência da<br />

fonte, mas, quando expressa em termos <strong>de</strong> uma senói<strong>de</strong>, tem a sua fase<br />

adiantada em noventa graus, ou π 2 radianos, com relação à fase da fem<br />

aplicada.<br />

Finalmente, na figura 38.4 vemos um indutor ligado a nossa força eletromotriz<br />

alternada.<br />

noventa graus, ou π 2 radianos, com relação à fase da tensão aplicada ao<br />

indutor.<br />

A amplitu<strong>de</strong> da corrente é dada por:<br />

i<br />

ε<br />

m<br />

m<br />

= , (38.8)<br />

X<br />

L<br />

on<strong>de</strong> introduzimos a gran<strong>de</strong>za<br />

X<br />

L ,<br />

X L<br />

= ω L , (38.9)<br />

<strong>de</strong>nominada reatância indutiva do circuito.<br />

resultado é:<br />

Figura 38.4: Indutor, L<br />

L , ligado a uma fem alternada, ε = ε sen(ω<br />

t +<br />

De acordo com a lei das malhas temos:<br />

di<br />

ε − L = 0 . dt<br />

Substituindo ε pela expressão na equação 38.1 encontramos:<br />

di<br />

dt<br />

ε<br />

m<br />

= sen t<br />

L<br />

( ω + )<br />

Esta equação po<strong>de</strong> ser integrada para se encontrar a corrente no circuito. O<br />

Novamente expressamos a corrente em termos <strong>de</strong> uma senói<strong>de</strong>:<br />

ε<br />

m<br />

i = sen ( ω t + φ0 −π<br />

2) = im sen ( ω t + φ0<br />

−π<br />

2)<br />

.<br />

ω L<br />

Novamente a corrente oscila na mesma frequência da fem, mas vemos<br />

que, agora, a corrente é representada por uma senói<strong>de</strong> com a fase atrasada em<br />

φ 0<br />

ε<br />

m<br />

i = − cos( ω t + φ 0<br />

).<br />

ω L<br />

.<br />

m<br />

)<br />

+ φ 0 .<br />

(38.7)<br />

A reatância indutiva é análoga à resistência no circuito puramente resistivo,<br />

representado na figura 38.1, ou à reatância capacitiva no circuito puramente capacitivo,<br />

representado na figura 38.3.<br />

A unida<strong>de</strong> das reatâncias capacitiva e indutiva no SI, assim como a da resistência<br />

elétrica, é o Ohm ( Ω ).<br />

Sabemos, <strong>de</strong> acordo com a lei <strong>de</strong> Faraday, que um indutor reage às<br />

variações da corrente no tempo e não ao valor <strong>de</strong>sta propriamente. Por isto,<br />

quanto mais rápidas suas variações, ou quanto maior a frequência das<br />

oscilações, maior a reatância indutiva.<br />

Por outro lado, se as variações na corrente são muito lentas, o indutor<br />

pouco reage a elas e sua indutância é, então, pequena. No limite em que a<br />

frequência ten<strong>de</strong> a zero, temos uma corrente limitada apenas por alguma<br />

resistência do fio <strong>de</strong> que é feito o indutor, e a reatância indutiva ten<strong>de</strong> a zero.<br />

Um indutor, <strong>de</strong> indutância<br />

<strong>de</strong> tensão c.a, <strong>de</strong> valor<br />

angular for 100 rad/s? E 1000 rad/s?<br />

EXEMPLO 38.1<br />

L = 3, 00 m H e resistência <strong>de</strong>sprezível é ligado a uma fonte<br />

120 V . Qual será a amplitu<strong>de</strong> da corrente quando a frequência<br />

SOLUÇÃO: De acordo com a equação 38.8, a amplitu<strong>de</strong> da corrente é dada pela<br />

569<br />

570


equação:<br />

i<br />

m<br />

ε<br />

m<br />

=<br />

X<br />

L<br />

ε<br />

m<br />

=<br />

ω L<br />

ε<br />

m<br />

= 120V . Calcule as reatâncias indutivas e o valor da amplitu<strong>de</strong> da corrente quando a<br />

frequência angular for:<br />

a) 100 rad/s.<br />

b) 1000 rad/s.<br />

Quando a frequência for igual a 100 rad/s:<br />

120V<br />

= 100<br />

i m 3<br />

( rad / s)( 3,0 10<br />

−<br />

× H )<br />

i m<br />

= 400A<br />

E quando da frequência for igual a 1000 rad/s:<br />

120V<br />

= 1000<br />

i m 3<br />

( rad / s)( 3,0 10<br />

−<br />

× H )<br />

i m<br />

= 40A .<br />

Observe que quando a frequência <strong>de</strong> oscilação for 10 vezes maior a amplitu<strong>de</strong> da<br />

corrente será 10 vezes menor.<br />

ATIVIDADE 38.1<br />

Consi<strong>de</strong>re um capacitor <strong>de</strong> capacitância C = 5,00 µ F conectado a uma fonte c.a, sendo<br />

ε<br />

m<br />

= 120V . Calcule as reatâncias capacitivas e o valor da amplitu<strong>de</strong> da corrente quando<br />

a frequência angular for:<br />

a) 100 rad/s.<br />

b) 1000 rad/s.<br />

ATIVIDADE 38.2<br />

Consi<strong>de</strong>re um indutor <strong>de</strong> indutância<br />

C = 10, 0 mH conectado a uma fonte c.a, sendo<br />

571<br />

572


RESPOSTA COMENTADA DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

X = 1, 00Ω .<br />

L<br />

E a amplitu<strong>de</strong> da corrente é igual a:<br />

ATIVIDADE 38.1<br />

a) Quando um capacitor é ligado a uma fonte <strong>de</strong> tensão c.a, como mostra a figura 38.3,<br />

a corrente também oscila com a mesma frequência da fonte. A reatância capacitiva é<br />

dada pela equação 38.6:<br />

E a amplitu<strong>de</strong> da corrente é igual a:<br />

1<br />

1<br />

3<br />

X C<br />

= =<br />

= 2,00 × 10 Ω<br />

ω C<br />

−6 ( 100rad<br />

/ s)( 5,00 × 10 F )<br />

ε<br />

m<br />

im<br />

= = ε<br />

m<br />

ω C .<br />

X<br />

Para uma frequência igual a 100 rad/s temos:<br />

C<br />

−<br />

( 120V<br />

)( 100rad<br />

/ s)( 5,00 × 10 C)<br />

6<br />

i m<br />

=<br />

−2<br />

i m<br />

= 6,00 × 10<br />

Observe que, nesse circuito, a reatância é inversamente proporcional à frequência, mas<br />

a corrente elétrica é diretamente proporcional à ela. Então, se a frequência da fonte<br />

aumenta, a reatância diminui e a amplitu<strong>de</strong> da corrente aumenta, ao contrário do<br />

circuito com a mesma fonte e um indutor, mostrado na figura 38.4.<br />

b) Para uma frequência 10 vezes maior que a do item a, igual a 1000 rad/s, teremos<br />

uma reatância capacitiva 10 vezes menor e uma corrente 10 vezes maior:<br />

X<br />

C<br />

A<br />

2<br />

= 2,00 × 10 Ω<br />

−1<br />

i m<br />

= 6,00 × 10<br />

A<br />

Para uma frequência igual a 100 rad/s temos:<br />

i<br />

m<br />

i<br />

m<br />

ε<br />

m<br />

=<br />

X<br />

ε<br />

m<br />

ε<br />

m<br />

= = .<br />

X ωL<br />

L<br />

L<br />

ε<br />

m 120V<br />

= = ,<br />

ωL<br />

1,00 Ω<br />

i m<br />

= 120 A .<br />

Observe que, nesse circuito, a reatância é diretamente proporcional à frequência, mas a<br />

corrente elétrica é inversamente proporcional à ela. Então, se a frequência da fonte<br />

aumenta, a reatância aumenta e a amplitu<strong>de</strong> da corrente diminui, ao contrário do<br />

circuito com a mesma fonte e um capacitor, mostrado na figura 38.3.<br />

c) Para uma frequência 10 vezes maior que a do item a, igual a 1000 rad/s, teremos<br />

uma reatância indutiva 10 vezes maior e uma corrente 10 vezes menor:<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

X = 10, 0Ω ,<br />

C<br />

i m<br />

= 12, 0 A .<br />

E38.1) Consi<strong>de</strong>re um indutor <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong>sprezível, sendo<br />

fonte <strong>de</strong> tensão c.a, <strong>de</strong> valor<br />

L = 2, 0 H , ligado a uma<br />

50 V . Determine a amplitu<strong>de</strong> da corrente quando a<br />

frequência angular for ω = 100 1<br />

rad / s , ω = 1000 rad / s<br />

2 e ω rad / s<br />

3<br />

= 10000 .<br />

ATIVIDADE 38.2<br />

a) Quando um indutor é ligado a uma fonte <strong>de</strong> tensão c.a, como mostra a figura 38.4, a<br />

corrente também oscila com a mesma frequência da fonte. A reatância indutiva é dada<br />

pela equação 38.8:<br />

−<br />

( 100rad<br />

/ s)( 10,0 × 10 H )<br />

3<br />

X L<br />

= ω L =<br />

,<br />

E38.2) Um capacitor <strong>de</strong> capacitância C = 3,5 µ F está conectado a uma fonte c.a, sendo<br />

ε<br />

m<br />

= 100V<br />

. Calcule o valor da amplitu<strong>de</strong> da corrente quando a frequência angular for<br />

ω = 100rad /<br />

1<br />

s , ω = 1000rad / s<br />

2 e ω s<br />

3<br />

= 10000rad / .<br />

E38.3) Determine a reatância <strong>de</strong> um indutor <strong>de</strong><br />

2,0<br />

H para uma frequência <strong>de</strong> 90 Hz .<br />

573<br />

574


E38.4) Calcule a indutância <strong>de</strong> um indutor, com reatância<br />

frequência <strong>de</strong><br />

80 Hz .<br />

X =110Ω<br />

para uma<br />

L<br />

E38.5) Calcule a reatância <strong>de</strong> um capacitor, <strong>de</strong> capacitância<br />

frequência <strong>de</strong><br />

60 Hz .<br />

C = 6,0 µ F para uma<br />

E38.6) Demonstre que as expressões ω L e 1 ωC<br />

têm unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> resistência.<br />

575


AULA 39 CIRCUITO RLC COM GERADOR<br />

OBJETIVOS<br />

• COMPREENDER O COMPORTAMENTO DA CORRENTE E DA FEM EM UM CIRCUITO RLC EM<br />

SÉRIE.<br />

• SABER DEFINIR A IMPEDÂNCIA DE UM CIRCUITO RLC.<br />

• SABER DEFINIR A FREQUÊNCIA DE RESSONÂNCIA DE UM CIRCUITO RLC.<br />

• REPRESENTAR CORRENTES E TENSÕES QUE OSCILAM HARMONICAMENTE ATRAVÉS DE<br />

DIAGRAMAS DE FASORES.<br />

Como vimos nas três situações analisadas na aula 38, as correntes oscilam com a<br />

mesma frequência da fonte, mas em cada caso há uma diferença <strong>de</strong> fase característica<br />

entre a tensão e a corrente.<br />

É natural, então, supormos que a corrente no circuito será representada por uma<br />

senoi<strong>de</strong> com a mesma frequência da fonte, mas com uma diferença <strong>de</strong> fase em relação a<br />

esta, que <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>terminada.<br />

A corrente tem, portanto, a forma:<br />

( ω t + φ − φ )<br />

i<br />

m<br />

.<br />

= i sen<br />

0<br />

39.1 O CIRCUITO RLC<br />

A figura 39.1 mostra um resistor, um indutor e um capacitor ligados aos polos <strong>de</strong><br />

um gerador i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> corrente alternada.<br />

Resolver a equação 39.1 resume-se então a <strong>de</strong>terminar a amplitu<strong>de</strong> da corrente e<br />

sua diferença <strong>de</strong> fase relativa à da força eletromotriz aplicada.<br />

Po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar nula, sem perda <strong>de</strong> generalida<strong>de</strong>, a fase φ .<br />

0<br />

Assim teremos, para a tensão aplicada e para a corrente as expressões:<br />

( t)<br />

ε = ε m<br />

sen ω ,<br />

( ω − φ )<br />

i = im sen t .<br />

Se integrarmos a corrente ao longo do tempo encontraremos a carga e, portanto,<br />

a tensão no capacitor. Se <strong>de</strong>rivarmos a corrente, com relação ao tempo, po<strong>de</strong>remos<br />

encontrar a tensão no indutor.<br />

− im<br />

q<br />

q = cos ( ω t − φ ) ⇒ = −X<br />

Cim<br />

cos ( ω t − φ ),<br />

ω<br />

C<br />

Figura 39.1: Um circuito RLC série em que um resistor, R , um indutor, L , e um<br />

capacitor, C , são ligados, em série, a uma fem alternada, ε = ε m<br />

sen ( ω t)<br />

.<br />

on<strong>de</strong><br />

di<br />

dt<br />

1<br />

X C<br />

= e X L<br />

ω C<br />

L<br />

= ω .<br />

di<br />

= ω im<br />

cos ( ω t − φ ) ⇒ L = X<br />

L<br />

im<br />

cos ( ω t − φ ),<br />

dt<br />

A lei das malhas nos fornece a equação do circuito:<br />

q di<br />

ε = + Ri + L .<br />

C dt<br />

(39.1)<br />

Substituindo estas quatro últimas expressões na equação 39.1 e utilizando as<br />

fórmulas para somas <strong>de</strong> ângulos em funções trigonométricas, dadas no Apêndice C,<br />

encontramos:<br />

ε sen<br />

m<br />

( ωt) = −X<br />

C<br />

im<br />

cos(<br />

φ) cos( ωt) − X<br />

C<br />

imsen( φ) sen( ωt)<br />

+ Rim<br />

cos( φ) sen( ωt) − Rimsen( φ) cos( ωt)<br />

+ X i cos( φ) cos( ωt) + X i sen( φ) sen( ωt)<br />

L m<br />

L m<br />

576<br />

577


Como as funções seno e cosseno são linearmente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong>vemos equacionar<br />

separadamente os termos proporcionais ao sen( ω t)<br />

e os termos proporcionais ao<br />

cos ( ω t)<br />

:<br />

ε<br />

( X − X ) i ( φ ) − R i sen( φ )<br />

0 = cos<br />

. (39.2)<br />

m<br />

L<br />

C<br />

m<br />

( X − X ) i sen ( φ ) − R i cos( φ )<br />

L<br />

C<br />

m<br />

m<br />

= . (39.3)<br />

Da equação 39.2 encontramos a <strong>de</strong>fasagem entre a corrente e a tensão:<br />

Po<strong>de</strong>mos também escrever o seno e o cosseno do ângulo φ :<br />

m<br />

X<br />

L<br />

X<br />

C<br />

tg( φ ) =<br />

− . (39.4)<br />

R<br />

R<br />

cos ( φ ) = , (39.5)<br />

Z<br />

X<br />

L<br />

X<br />

C<br />

sen( φ ) =<br />

− . (39.6)<br />

Z<br />

quando a frequência da fonte é tal que as reatâncias indutiva e capacitiva do circuito são<br />

iguais.<br />

Igualando as duas reatâncias, dadas pelas equações 38.6 e 38.9 encontramos a<br />

frequência angular <strong>de</strong> ressonância <strong>de</strong>ste circuito:<br />

1<br />

ω = . (39.9)<br />

LC<br />

Note-se que esta é a frequência natural <strong>de</strong> oscilação do circuito LC analisado na<br />

aula 36.<br />

Quando a frequência da fonte se iguala à frequência natural <strong>de</strong> oscilação<br />

do circuito diz-se que este oscila em ressonância com a frequência da fonte.<br />

Além <strong>de</strong> a corrente ser máxima, a <strong>de</strong>fasagem entre a fem e a corrente se anula,<br />

já que, pela equação 39.5, o cosseno do ângulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fasagem se torna igual a um.<br />

Na figura 39.2 po<strong>de</strong>mos ver o comportamento da amplitu<strong>de</strong> da corrente como<br />

função da frequência da fonte para três valores diferentes da resistência. As curvas<br />

apresentadas são <strong>de</strong>nominadas curvas <strong>de</strong> ressonância do circuito.<br />

on<strong>de</strong> introduzimos a gran<strong>de</strong>za:<br />

( X ) 2<br />

L<br />

− X<br />

Z = R +<br />

,<br />

2 C<br />

(39.7)<br />

que é <strong>de</strong>nominada impedância do circuito.<br />

Substituindo as expressões do seno e do cosseno do ângulo <strong>de</strong> <strong>de</strong>fasagem na<br />

equação 39.3 encontramos a amplitu<strong>de</strong> da corrente:<br />

i<br />

m<br />

ε<br />

m<br />

= .<br />

Z<br />

(39.8)<br />

Vemos que, neste circuito, a impedância <strong>de</strong>sempenha o mesmo papel que<br />

a resistência no circuito puramente resistivo, ou das reatâncias nos casos<br />

puramente capacitivo e puramente indutivo. O valor da impedância, assim como<br />

os das reatâncias, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da frequência da fonte. A unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impedância no SI<br />

é o Ohm (Ω ).<br />

Figura 39.2: Curvas <strong>de</strong> ressonância <strong>de</strong> um circuito RLC em série com três valores<br />

diferentes da resistência. Na curva correspon<strong>de</strong>nte à resistência <strong>de</strong><br />

10 Ω , ∆ ω indica sua meia<br />

largura, ou seja a largura da curva quando a amplitu<strong>de</strong> da corrente tem meta<strong>de</strong> do seu valor na<br />

condição <strong>de</strong> ressonância.<br />

Obviamente, a corrente terá amplitu<strong>de</strong> máxima quando a impedância tiver seu<br />

valor mínimo. Este valor mínimo é igual a R , a resistência do circuito apenas, e ocorre<br />

578<br />

579


Po<strong>de</strong>mos notar que tanto as alturas quanto as larguras das curvas estão ligadas<br />

ao valor da resistência.<br />

ω<br />

2 2<br />

+<br />

− ω0<br />

=<br />

R<br />

3 ω .<br />

+<br />

L<br />

EXEMPLO 39.1<br />

Consi<strong>de</strong>re os valores ε<br />

m<br />

= 10, 0V<br />

, R = 40, 0 Ω e L = 350mH<br />

, para o circuito RLC<br />

série representado na figura 39.1.<br />

(a) Se o circuito foi projetado para oscilar em ressonância na frequência <strong>de</strong> 60 Hz<br />

qual o valor da capacitância? Quais os valores das reatâncias capacitiva e indutiva<br />

nessa frequência?<br />

Quando a frequência é menor que a <strong>de</strong> ressonância, encontramos:<br />

2<br />

ω − ω<br />

2<br />

−<br />

0<br />

= −<br />

R<br />

3 ω .<br />

−<br />

L<br />

Subtraindo esta ultima equação da penúltima, membro a membro e dividindo pela<br />

soma das duas frequências encontramos a meia largura da curva <strong>de</strong> ressonância:<br />

(b) Qual é a meia largura da curva <strong>de</strong> ressonância <strong>de</strong>sse circuito?<br />

(c) Quais as <strong>de</strong>fasagens entre a corrente e a fem, nas situações em que isto<br />

ocorre?<br />

SOLUÇÃO: (a) A capacitância po<strong>de</strong> ser obtida através da equação 39.9:<br />

ω =<br />

C =<br />

Na ressonância as reatâncias são iguais:<br />

1<br />

LC<br />

⇒<br />

1<br />

1<br />

C =<br />

Lω<br />

2<br />

0<br />

( 0,350H<br />

)( 2π<br />

× 60Hz) 2<br />

C = 20,1 µF .<br />

A meia largura relativa é:<br />

∆ ω = ω+ − ω<br />

∆ω =<br />

_<br />

=<br />

40,0 Ω<br />

3<br />

0,350H<br />

R<br />

3<br />

L<br />

∆ω =198 rad / s .<br />

∆ω<br />

=<br />

∆ω<br />

0<br />

3C<br />

R = 0,525 .<br />

L<br />

X C<br />

X L<br />

( 2π<br />

× 60Hz<br />

)( 0,350 H ) = Ω<br />

= ω L =<br />

132<br />

= =<br />

ω C<br />

− −<br />

[( 2π<br />

× 60Hz)( 20,1 × 10 )] 6 F = 132Ω<br />

1 1<br />

(b) A meia largura é a distância entre as duas frequências, ω e<br />

+<br />

ω , para as quais<br />

−<br />

a corrente eficaz é meta<strong>de</strong> da corrente eficaz obtida na ressonância, isto é, quando<br />

a impedância é o dobro <strong>de</strong> seu valor na ressonância. De acordo com a equação<br />

39.7 para que isto ocorra <strong>de</strong>vemos ter:<br />

2 2<br />

( X X ) 3R<br />

− .<br />

L C<br />

=<br />

Quando a frequência é maior que sessenta hertz, o circuito se torna mais indutivo<br />

e temos:<br />

(c) As <strong>de</strong>fasagens são dadas pelo ângulo φ , cuja tangente é dada pela equação<br />

39.4. Temos então que:<br />

tg<br />

( φ )<br />

X<br />

=<br />

X<br />

R<br />

3R<br />

tg( φ ) = ± = ± 3 .<br />

R<br />

o<br />

Encontramos, então, que a <strong>de</strong>fasagem é <strong>de</strong> ± 60 = ± π 3 rad . O sinal mais<br />

correspon<strong>de</strong> à frequência mais alta, em que o circuito é mais indutivo e a tensão<br />

prece<strong>de</strong> a corrente. O sinal negativo ocorre quando o circuito é mais capacitivo e a<br />

corrente prece<strong>de</strong> a tensão aplicada.<br />

L −<br />

C<br />

580<br />

581


Consi<strong>de</strong>re um circuito RLC em série, em que, R = 200 Ω , L = 50, 0<br />

mH ,<br />

com frequência angular ω =<br />

10 .000 rad / s e m<br />

= 60V<br />

. Obtenha<br />

a) as reatâncias capacitiva X<br />

C e indutiva<br />

b) a impedância, Z ,<br />

c) a amplitu<strong>de</strong> da corrente elétrica, i m ,<br />

d) e o ângulo <strong>de</strong> fase φ .<br />

39.2 FASORES<br />

Tendo já resolvido algebricamente a equação 39.1, vamos apresentar uma forma<br />

gráfica para se resolver o mesmo problema, introduzindo o conceito <strong>de</strong> fasor, que é<br />

bastante útil sempre que temos que somar senoi<strong>de</strong>s com diferentes fases.<br />

A figura 39.3 representa dois vetores, com módulos A e B , que giram com a<br />

mesma velocida<strong>de</strong> angular, ω , mas que apontam em direções que formam um ângulo<br />

α entre si.<br />

ATIVIDADE 39.1<br />

ε<br />

X<br />

L<br />

,<br />

C = 600 nF ,<br />

A equação 39.1 constitui- se <strong>de</strong> uma soma <strong>de</strong> senói<strong>de</strong>s como estas:<br />

( ω t ) Ri sen (ω t<br />

ε sen m<br />

=<br />

m<br />

t − φ + X<br />

( ω t +α )<br />

B y<br />

sen .<br />

) i sen( ωt<br />

− φ − π ) + X i sen(<br />

C m<br />

2 ωt<br />

− φ + π<br />

L m<br />

2)<br />

→ →<br />

Figura 39.3: Dois vetores, A e B , com módulos A e B , respectivamente, que giram e formam<br />

um ângulo α entre eles. Suas componentes verticais são Asen ω t e Bsen (ωω t + α ).<br />

entre eles. Suas componentes verticais são ( )<br />

As componentes verticais <strong>de</strong>sses vetores são:<br />

( t)<br />

A y<br />

sen ω ,<br />

Representamos cada um dos termos <strong>de</strong>sta equação como a componente vertical<br />

<strong>de</strong> um vetor cuja amplitu<strong>de</strong> é igual à amplitu<strong>de</strong> da oscilação correspon<strong>de</strong>nte e que forma<br />

um ângulo com o eixo horizontal igual à fase <strong>de</strong>ssa oscilação.<br />

Note que cada componente <strong>de</strong> um vetor é um escalar e é por isto que po<strong>de</strong> ser<br />

usada para representar uma diferença <strong>de</strong> potencial. Os vetores utilizados nessa<br />

representação são <strong>de</strong>nominados fasores.<br />

Na figura 39.4 temos os fasores que representam a força eletromotriz, a<br />

corrente e as tensões nos diversos elementos do circuito representado na<br />

figura 39.1. A frequência da fonte é baixa <strong>de</strong> forma que a reatância capacitiva é<br />

maior que a reatância indutiva. O ângulo φ <strong>de</strong> acordo com a equação 39.4, é<br />

negativo e a fase da corrente está adiantada com relação à da fem aplicada, ou,<br />

equivalentemente, a fase da fem está atrasada com relação à da corrente. Diz-<br />

se, neste caso, que o circuito é mais capacitivo que indutivo.<br />

Figura 39.4: Diagrama <strong>de</strong> fasores para um circuito RLC série. Com a frequência da fonte menor<br />

que a frequência <strong>de</strong> ressonância o sistema é mais capacitivo que indutivo e a corrente prece<strong>de</strong> a<br />

tensão aplicada ao circuito.<br />

582<br />

583


Na figura 39.5 consi<strong>de</strong>ramos uma frequência alta da fem aplicada e o<br />

circuito se torna mais indutivo que capacitivo, ou seja, a reatância indutiva se<br />

torna maior que a reatância capacitiva. O ângulo φ é positivo e a fem está<br />

adiantada com relação à corrente.<br />

Nas figuras 39.4 ou 39.5 po<strong>de</strong>mos ver como encontrar a amplitu<strong>de</strong> da corrente e<br />

sua fase.<br />

Para somarmos as tensões nos diversos elementos, que correspon<strong>de</strong>m às<br />

componentes verticais dos diversos fasores da figura, usamos o fato <strong>de</strong> a soma das<br />

componentes verticais <strong>de</strong> diversos vetores serem iguais à componente vertical da<br />

resultante <strong>de</strong>sses vetores.<br />

Portanto o fasor que representa a fem do circuito tem que ser igual à resultante<br />

dos fasores que representam as tensões no resistor, no capacitor e no indutor.<br />

Os fasores que representam as tensões no capacitor e no indutor têm a mesma<br />

direção, perpendicular à direção do fasor que representa a corrente, mas com sentidos<br />

opostos. Seu módulo resultante é:<br />

V = X<br />

i − X<br />

.<br />

⊥ L m C m<br />

i<br />

Figura 39.5: Diagrama <strong>de</strong> fasores para um circuito RLC série. Com a frequência da fonte maior que<br />

a frequência <strong>de</strong> ressonância o sistema é mais indutivo que capacitivo e a tensão aplicada ao<br />

circuito prece<strong>de</strong> a corrente.<br />

O fasor que representa a tensão no resistor é paralelo ao que representa a<br />

corrente e seu módulo é dado por:<br />

V ||<br />

= R i m .<br />

Na figura 39.6 representamos a situação <strong>de</strong> ressonância. Quando a<br />

frequência angular da fonte é igual à frequência natural <strong>de</strong> oscilação do circuito<br />

LC as duas reatâncias são iguais, a corrente e a fem oscilam em fase φ = 0 . A<br />

impedância tem o menor valor possível e consequentemente temos a maior<br />

amplitu<strong>de</strong> possível para a corrente.<br />

O módulo do fasor que representa a fem é, então, igual à raiz quadrada da soma<br />

dos quadrados das duas componentes, paralela e perpendicular à corrente:<br />

m<br />

2<br />

( X<br />

L<br />

− X<br />

C<br />

) im<br />

2<br />

ε = R +<br />

.<br />

Este resultado é exatamente o que encontramos nas equações 39.6 e 39.7.<br />

A tangente do ângulo que indica a <strong>de</strong>fasagem entre a fem e a corrente é dada<br />

pela razão entre as componentes da tensão perpendicular e paralela à corrente. Ou seja,<br />

encontramos novamente o resultado obtido na equação 39.4.<br />

Figura 39.6: Diagrama <strong>de</strong> fasores para um circuito RLC série. Com a frequência da fonte igual à<br />

frequência <strong>de</strong> ressonância, o sistema é tão indutivo quanto capacitivo e a tensão aplicada ao<br />

circuito e a corrente oscilam em fase.<br />

ATIVIDADE 39.2<br />

Consi<strong>de</strong>re um circuito RLC com capacitância<br />

resistência<br />

C = 5, 0mF<br />

, indutância L = 20mH<br />

e<br />

R = 500Ω<br />

, alimentado por uma fonte c.a. em que ε<br />

m<br />

= 50V<br />

oscila com uma frequência<br />

. O circuito<br />

ω = 100rad / s . Faça um diagrama <strong>de</strong> fasores para circuito.<br />

584<br />

585


RESPOSTA COMENTADA DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 39.1<br />

a) Po<strong>de</strong>mos obter as reatâncias <strong>de</strong> um circuito RLC utilizando as equações 38.6 e 38.9:<br />

1<br />

1<br />

X = =<br />

= 167 Ω<br />

C<br />

ω −<br />

C ( 10.000 rad / s)( 600×<br />

10<br />

9 F )<br />

e<br />

X L<br />

= ω L =<br />

Como a impedância é dada pela equação39.7,<br />

Z =<br />

temos:<br />

−<br />

( 10.000 rad / s)( 50,0 × 10 ) 3 H = 500 Ω<br />

R<br />

+<br />

( X ) 2<br />

L<br />

− X<br />

2 C<br />

2<br />

2<br />

( 200 Ω) + ( 500 −167) = Ω<br />

Z = 388<br />

,<br />

As reatâncias são iguais:<br />

1<br />

1<br />

X C<br />

= =<br />

= 2Ω<br />

.<br />

ω<br />

−<br />

C<br />

( 100 rad / s)( 5,0 × 10<br />

3 F )<br />

−<br />

( 100 rad / s)( 20×<br />

10<br />

3 H ) = 2 Ω<br />

X L<br />

= ω L =<br />

.<br />

A amplitu<strong>de</strong> da corrente é dada pela equação 39.8<br />

i<br />

m<br />

ε<br />

m<br />

Z<br />

= , on<strong>de</strong> ( ) 2<br />

2<br />

Como, as reatâncias são iguais, Z = R = R . Logo:<br />

m 50V<br />

im = ε = = 0, 10 A<br />

Z 500Ω<br />

Observe o diagrama:<br />

Z = R + X L<br />

− X .<br />

2 C<br />

b) A amplitu<strong>de</strong> da corrente é obtida pela equação 39.7:<br />

60V<br />

i m<br />

= = 0, 155 A<br />

388 Ω<br />

c) De acordo com a equação 39.4:<br />

ATIVIDADE 39.2<br />

tg<br />

X − X<br />

R<br />

⎛ X − X<br />

⎜<br />

⎝ R<br />

L C<br />

L C ⎞<br />

( φ) = ⇒ φ = arctg ⎟<br />

⎠<br />

⎛ 500 Ω −167<br />

Ω ⎞ o<br />

φ = arctg ⎜<br />

= 59<br />

200<br />

⎟<br />

⎝ Ω ⎠<br />

A frequência natural do circuito é dada pela equação<br />

1<br />

ω = ,<br />

LC<br />

ω 1<br />

=<br />

= 100 rad / s .<br />

−3<br />

−3<br />

( 20×<br />

10 H )( 5,0 × 10 F )<br />

Observe que a frequência angular da fonte é igual à frequência natural <strong>de</strong><br />

oscilação do circuito LC . Esta é uma situação <strong>de</strong> ressonância, on<strong>de</strong> as duas reatâncias<br />

são iguais, a corrente e a fem oscilam em fase φ = 0 , a impedância tem o menor valor<br />

possível e amplitu<strong>de</strong> da corrente é máxima. Veja a figura 39.6.<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E39.1) Consi<strong>de</strong>re um circuito RLC em série com um resistor <strong>de</strong> resistência<br />

um indutor com indutância<br />

R = 400 Ω ,<br />

L = 0, 200 H , , e um capacitor <strong>de</strong> C = 3,00 µ F ligado a uma<br />

fonte com ε<br />

m<br />

= 60, 0V<br />

e frequência angular ω = 300 rad / s . a) Determine a impedância<br />

do circuito, a amplitu<strong>de</strong> da corrente e as amplitu<strong>de</strong>s da tensão através do resistor, do<br />

indutor e do capacitor. b) Determine o ângulo <strong>de</strong> fase da tensão da fonte em relação à<br />

corrente. c) Faça um diagrama <strong>de</strong> fasores.<br />

E39.2) Consi<strong>de</strong>re o exercício E39.1. a) Determine a impedância para as frequências<br />

1000 rad/s, 500 rad/s e 250 rad/s. b) Verifique e <strong>de</strong>screva o comportamento da corrente<br />

elétrica quando as frequências diminuem. c) Determine o ângulo <strong>de</strong> fase entre a tensão<br />

e a corrente elétrica quando a frequência da fonte é 1000 rad/s.<br />

586<br />

587


E39.3) Faça um diagrama <strong>de</strong> fasores para o circuito RLC do exercício E39.1 para as<br />

frequências das fonte iguais a 1000 rad/s, 500 rad/s e 250 rad/s. Para cada caso diga se<br />

a tensão está adiantada ou atrasada em relação à corrente.<br />

E39.4) Faça um diagrama <strong>de</strong> fasores para um circuito RLC com capacitância C = 5, 0mF<br />

,<br />

indutância L = 20 mH e resistência R = 500Ω<br />

, alimentado por uma fonte c.a. em que<br />

ε<br />

m<br />

= 50V . O circuito oscila com uma frequência:<br />

a) ω = 50 rad / s .<br />

b) ω = 500 rad / s .<br />

588


AULA 40 VALOR EFICAZ E TRANSFORMADORES<br />

Quando uma fem alternada é estabelecida através <strong>de</strong> um circuito que é percorrido<br />

por uma corrente há fornecimento <strong>de</strong> energia elétrica da fonte para o circuito.<br />

OBJETIVOS<br />

Assim como nos circuitos <strong>de</strong> corrente contínua a potência entregue a cada<br />

instante é igual à força eletromotriz (i<strong>de</strong>al) multiplicada pela corrente.<br />

• SABER DEFINIR VALOR EFICAZ DA CORRENTE EM CIRCUITOS C.A.<br />

• SABER DEFIR POTÊNCIA MÉDIA E FATOR DE POTÊNCIA.<br />

• ENTENDER O FUNCIONAMENTO DE TRANSFORMADORES.<br />

40.1 VALOR EFICAZ E FATOR DE POTÊNCIA<br />

Quando medimos uma corrente alternada, com um amperímetro a<strong>de</strong>quado para<br />

este tipo <strong>de</strong> corrente, o que obtemos é um valor quadrático médio <strong>de</strong>ssa corrente e não<br />

seu valor em cada momento.<br />

Uma corrente representada por uma senoi<strong>de</strong> tem um valor médio nulo em um<br />

período. Entretanto seu valor quadrático médio é dado por:<br />

T<br />

2<br />

im<br />

0<br />

∫<br />

sen<br />

T<br />

∫0<br />

2<br />

( ωt)<br />

dt<br />

dt<br />

=<br />

1 2<br />

im<br />

PENSE E RESPONDA 40.1<br />

2<br />

im<br />

= .<br />

2<br />

É possível obter o valor da integral <strong>de</strong> sen 2 ( ωt)<br />

sem resolvê-la?<br />

Interessa-nos saber a potência média em cada período da oscilação:<br />

∫<br />

T<br />

ε<br />

m<br />

sen<br />

m<br />

0<br />

< P > =<br />

T<br />

dt<br />

( ω t) i sen ( ω t −φ)<br />

∫<br />

0<br />

dt<br />

. (40.2)<br />

Quando usamos a regra <strong>de</strong> soma <strong>de</strong> ângulos para o seno encontramos dois<br />

termos na integral. Um <strong>de</strong>les é proporcional a um seno multiplicado por um cosseno <strong>de</strong><br />

ω t e sua integral se anula. O outro termo é proporcional ao quadrado do seno e sua<br />

integral é:<br />

T<br />

( ω t) cos( φ)<br />

2<br />

∫ ε<br />

m<br />

imsen<br />

dt<br />

0<br />

1<br />

< P > =<br />

= ε<br />

m<br />

im<br />

cos( φ)<br />

.<br />

T<br />

(40.3)<br />

dt<br />

2<br />

∫<br />

0<br />

PENSE E RESPONDA 40.2<br />

Por que a variável T não aparece na equação 40.3? (Resolva a equação 40.2 para<br />

obter a equação 40.3).<br />

acima:<br />

Reescrevemos a equação 40.3 usando as gran<strong>de</strong>zas eficazes conforme <strong>de</strong>finimos<br />

Este valor é conhecido como valor eficaz da corrente:<br />

im<br />

i<br />

ef<br />

= . (40.1)<br />

2<br />

Para todas as gran<strong>de</strong>zas que oscilam harmonicamente po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir seu valor<br />

eficaz como sendo sua amplitu<strong>de</strong> dividida por raiz quadrada <strong>de</strong> dois: um voltímetro para<br />

corrente alternada me<strong>de</strong> diretamente a tensão eficaz e não o valor instantâneo da<br />

tensão.<br />

( φ)<br />

< P > = ε cos . (40.4)<br />

ef<br />

i ef<br />

O termo cos ( φ ) é <strong>de</strong>nominado fator <strong>de</strong> potência.<br />

Quando há uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>fasagem da corrente com relação à fem, é necessária<br />

uma corrente muito mais alta para atingir uma <strong>de</strong>terminada potência do que seria<br />

necessária se o circuito operasse próximo à ressonância em que o fator se aproxima <strong>de</strong><br />

um.<br />

Substituindo na equação 40.4 as expressões dadas nas equações 39.5 e 39.8,<br />

589<br />

590


encontramos também:<br />

R<br />

cos ( φ)<br />

= e i<br />

Z<br />

m<br />

ε<br />

m<br />

=<br />

Z<br />

2<br />

< P > = . (40.5)<br />

R i ef<br />

T<br />

( ω t) cos( φ )<br />

2<br />

∫ ε<br />

0<br />

m<br />

imsen<br />

dt 1<br />

< P > =<br />

= ε<br />

m<br />

im<br />

cos( φ)<br />

,<br />

T<br />

dt<br />

2<br />

∫<br />

0<br />

1<br />

< P > = ( 60V<br />

)( 0,115 A)( 0,520) = 1, 79 W .<br />

2<br />

EXEMPLO 40.1<br />

PENSE E RESPONDA 40.3<br />

Consi<strong>de</strong>re um circuito RLC em série, em que,<br />

R = 200 Ω , L = 50, 0 mH , C = 600 nF ,<br />

com uma fonte <strong>de</strong> frequência angular ω =10.000 rad / s e ε<br />

m<br />

= 60V<br />

<strong>de</strong> potência e a potência média pelo circuito.<br />

. Determine o fator<br />

SOLUÇÃO: As reatâncias <strong>de</strong> um circuito RLC po<strong>de</strong>m ser obtidas utilizando as equações<br />

38.6 e 38.9:<br />

X 1<br />

1<br />

= =<br />

= 167 Ω<br />

C<br />

ω −<br />

C<br />

e<br />

X L<br />

= ω L =<br />

De acordo com a equação 39.4:<br />

tg<br />

( 10.000 rad / s)( 600 × 10<br />

9 F )<br />

−<br />

( 10.000 rad / s)( 50,0 × 10<br />

3 H ) = 500 Ω<br />

X − X<br />

R<br />

⎛ X − X<br />

⎜<br />

⎝ R<br />

L C<br />

L C ⎞<br />

( φ) = ⇒ φ = arctg ⎟<br />

⎠<br />

⎛ 500 Ω −167<br />

Ω ⎞ o<br />

φ = arctg ⎜<br />

= 59<br />

200<br />

⎟<br />

⎝ Ω ⎠<br />

Qual seria a amplitu<strong>de</strong> da corrente e a potência média do circuito RLC do EXEMPLO 40.1<br />

se a frequência <strong>de</strong> oscilação do circuito fosse igual à frequência natural?<br />

ATIVIDADE 40.1<br />

Um circuito RLC é ligado a uma fonte <strong>de</strong> tensão alternada<br />

impedância<br />

ε<br />

m<br />

= 80, 0V<br />

. O circuito tem<br />

105 Ω quando sua resitência é 75,0<br />

Ω e a fonte tem frequência 120Hz.<br />

Determine a potência média fornecida pela fonte.<br />

40.2 O TRANSFORMADOR<br />

A bobina <strong>de</strong> indução, discutida na aula 34, quando ligada a uma fonte <strong>de</strong> corrente<br />

alternada, passa a ser <strong>de</strong>nominada transformador. Na figura 40.1 mostramos <strong>de</strong> forma<br />

semelhante e esquematicamente a mesma bobina <strong>de</strong> indução <strong>de</strong>scrita naquela aula, mas<br />

usada como um transformador.<br />

φ .<br />

o<br />

O fator <strong>de</strong> potência é dado por cos ( ) = cos59 = 0, 520<br />

A amplitu<strong>de</strong> da corrente é obtida pela equação 39.8:<br />

ε<br />

m<br />

im<br />

= ,<br />

Z<br />

60 V<br />

i m<br />

= = 0, 155 A<br />

388 Ω<br />

Então, para obtermos a potência média, po<strong>de</strong>mos utilizar a equação 40.3:<br />

Figura 40.1: Um transformador em que uma fem <strong>de</strong> corrente alternada sen( ω t)<br />

circuito primário produz um tensão<br />

que as bobinas envolvem um núcleo, geralmente feito <strong>de</strong> ferro.<br />

ε<br />

m<br />

é inserida no<br />

V<br />

AB entre os terminais A e B do circuito secundário. Observe<br />

591<br />

592


No circuito primário temos um gerador <strong>de</strong> corrente alternada, ε 1<br />

, um resistor, R<br />

1<br />

,<br />

e um indutor, L<br />

1<br />

.<br />

No circuito secundário, que se encontra aberto, temos apenas um indutor, L<br />

2<br />

e<br />

entre os polos, ou extremida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sse indutor é gerada uma diferença <strong>de</strong> potencial<br />

.<br />

O fato <strong>de</strong> mantermos o circuito secundário aberto faz com que a corrente ali, bem<br />

como sua <strong>de</strong>rivada temporal, seja nula. Isto facilita a solução do problema <strong>de</strong> encontrar<br />

a tensão fornecida pelo secundário, quando o primário é alimentado por uma fem <strong>de</strong><br />

amplitu<strong>de</strong> e frequência <strong>de</strong>terminadas.<br />

VAB<br />

cos<br />

tg<br />

( φ)<br />

( )<br />

ω L<br />

R<br />

1<br />

φ = ,<br />

1<br />

= .<br />

2<br />

R ( ) 2<br />

1<br />

+ ω L1<br />

Tendo encontrado a corrente no primário e lembrando que, no caso consi<strong>de</strong>rado,<br />

a indutância mútua é igual à raiz quadrada do produto das duas autoindutâncias,<br />

encontramos a tensão no secundário:<br />

V<br />

AB<br />

1<br />

R<br />

ω L1<br />

L2<br />

ε<br />

m<br />

= cos t<br />

2<br />

2<br />

R +<br />

1<br />

( ω L )<br />

1<br />

( ω −φ)<br />

. (40.6)<br />

As equações para os circuitos primário e secundário se tornam então,<br />

respectivamente,<br />

di1<br />

ε msen( ω t)<br />

= R1 i1<br />

+ L1<br />

.<br />

dt<br />

di<br />

= M<br />

21<br />

.<br />

dt<br />

V AB<br />

1<br />

Como po<strong>de</strong>mos ver, quando a frequência é nula, não há tensão produzida<br />

no circuito secundário, o que quer dizer que um transformador simplesmente<br />

não funciona quando a corrente é contínua: Não havendo variação da corrente<br />

no primário não há variação <strong>de</strong> fluxo e, portanto, não há força eletromotriz<br />

induzida.<br />

A amplitu<strong>de</strong> da tensão produzida no secundário cresce com o aumento da<br />

frequência, como é mostrado na figura 40.2.<br />

PENSE E RESPONDA 40.4<br />

Por que o termo M<br />

21<br />

aparece na equação da tensão V<br />

AB<br />

?<br />

A solução da equação do circuito primário é encontrada da mesma maneira que<br />

fizemos na aula 39, apenas eliminando o termo<br />

q C na equação 39.1 ou eliminando,<br />

simplesmente, todos os termos em que aparece a reatância capacitiva,<br />

é:<br />

X<br />

C . O resultado<br />

em que a amplitu<strong>de</strong> e a fase são dados por:<br />

i<br />

1,0<br />

( ω −φ)<br />

i1 = i1,<br />

0sen<br />

t ,<br />

ε<br />

m<br />

= .<br />

R +<br />

2<br />

1<br />

( ω L ) 2<br />

1<br />

Figura 40.2: Amplitu<strong>de</strong> da diferença <strong>de</strong> potencial entre os terminais A e B do circuito secundário do<br />

transformador representado na figura 40.1 como função da frequência.<br />

Para frequências suficientemente altas temos ω L<br />

1<br />

>> R1<br />

e a resistência<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>sprezada no <strong>de</strong>nominador da equação 40.6. A tensão no secundário<br />

593<br />

594


<strong>de</strong>ixa, então, <strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r da frequência, aproximando-se <strong>de</strong> seu valor<br />

assintótico.<br />

Como a constante <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> um circuito RL é dada por τ = L<br />

L R po<strong>de</strong>mos<br />

escrever a condição para o bom funcionamento do transformador como:<br />

R<br />

>> =<br />

L<br />

ω τ<br />

−1<br />

1 ,<br />

L1<br />

sendo τ<br />

L1<br />

a constante <strong>de</strong> tempo indutiva do circuito primário.<br />

Nesta situação a <strong>de</strong>fasagem entre a corrente no primário e a fem aplicada ten<strong>de</strong> a<br />

90º ou π 2 e a tensão no secundário po<strong>de</strong> ser escrita como:<br />

V<br />

AB<br />

N2<br />

= ε<br />

m<br />

sen( ω t)<br />

. (40.7)<br />

N<br />

Encontramos, portanto, que, nessa condição, a tensão no secundário tem<br />

a mesma fase da força eletromotriz aplicada no primário e que sua amplitu<strong>de</strong> é<br />

aquela da fem aplicada, multiplicada pela razão entre o número <strong>de</strong> espiras do<br />

indutor secundário e o número <strong>de</strong> espiras do indutor primário.<br />

Po<strong>de</strong>-se usar, então, um transformador para aumentar a tensão, quando<br />

o número <strong>de</strong> espiras no indutor do circuito secundário é maior que no indutor<br />

do circuito primário, ou reduzir a tensão, quando o número <strong>de</strong> espiras no<br />

secundário é menor que o número <strong>de</strong> espiras no primário.<br />

Quando o circuito secundário é fechado, ligando-se um resistor entre os terminais<br />

A e B daquele circuito, passa a existir uma corrente i 2<br />

diferente <strong>de</strong> zero, o que torna a<br />

solução das equações bastante mais complicada.<br />

Sem nos <strong>de</strong>termos na solução matemática <strong>de</strong>ste problema, po<strong>de</strong>mos afirmar que,<br />

com a passagem <strong>de</strong> corrente no circuito secundário, aumenta a corrente no circuito<br />

primário.<br />

Como é <strong>de</strong> se esperar, a potência produzida pelo gerador no circuito primário é<br />

igual à soma da potência dissipada no resistor <strong>de</strong>sse circuito com a potência dissipada no<br />

resistor do circuito secundário.<br />

A condição <strong>de</strong> bom funcionamento do transformador passa a ser:<br />

1<br />

−<br />

( τ + ) 1<br />

L<br />

τ<br />

>><br />

L<br />

on<strong>de</strong> τ<br />

L2<br />

é a constante <strong>de</strong> tempo indutiva do circuito secundário.<br />

ω<br />

1 2 . (40.8)<br />

Para atingirmos esta condição em frequências não muito altas, como a frequência<br />

<strong>de</strong> 60 Hz usada comercialmente, torna-se necessário termos os valores das resistências<br />

baixas ou o das indutâncias altas, ou, ainda, alguma situação <strong>de</strong> compromisso entre os<br />

dois extremos.<br />

Para obtermos baixos valores <strong>de</strong> resistências precisamos <strong>de</strong> fios condutores com<br />

gran<strong>de</strong>s áreas <strong>de</strong> sua seção reta nos enrolamentos primário e secundário. Isto eleva<br />

muito o custo, pois os fios, normalmente <strong>de</strong> cobre, tem preço bastante elevado.<br />

Uma solução para este problema é a introdução <strong>de</strong> um núcleo <strong>de</strong> ferro sobre o<br />

qual são montados os enrolamentos.<br />

O ferro é um material que tem dipolos magnéticos permanentes, os quais se<br />

alinham com um campo magnético aplicado, aumentando fortemente o fluxo na região<br />

das espiras dos indutores. Isto faz aumentar, proporcionalmente, o valor das<br />

indutâncias, tanto do primário quanto do secundário. A indutância <strong>de</strong> cada enrolamento<br />

po<strong>de</strong> ser multiplicada por fatores próximos a mil, com o uso <strong>de</strong> ligas <strong>de</strong> ferro a<strong>de</strong>quadas.<br />

Desta forma a resistência dos fios dos enrolamentos não precisa ser tão pequena<br />

e po<strong>de</strong>-se fazer uso <strong>de</strong> fios mais finos e, consequentemente, menos dispendiosos.<br />

EXEMPLO 40.2<br />

Em <strong>de</strong>terminado transformador, a resistência do enrolamento primário é <strong>de</strong><br />

autoindutância é <strong>de</strong><br />

1 ,50 Ω e sua<br />

10 ,0 mH . O enrolamento secundário, montado sobre o primário, é<br />

feito com um fio do mesmo material, mas com a meta<strong>de</strong> do diâmetro e tem <strong>de</strong>zesseis<br />

vezes mais voltas que o primário.<br />

a) Para que frequências o transformador funciona com boa eficiência?<br />

b) Se a região no interior do suporte on<strong>de</strong> são feitos os enrolamentos do transformador<br />

for preenchida por um núcleo <strong>de</strong> aço que multiplica o fluxo em cada espira por um fator<br />

igual a 900, qual a nova faixa <strong>de</strong> frequências <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong>sse transformador?<br />

SOLUÇÃO:<br />

595<br />

596


a) A resistência dos fios é dada pela equação<br />

l<br />

R = ρ ,<br />

A<br />

on<strong>de</strong> R é a resistivida<strong>de</strong> do fio, l é o seu comprimento e A é a área da secção reta.<br />

Pelos dados fornecidos, temos<br />

Então<br />

R<br />

A = 1 A e l<br />

2<br />

= 16l1<br />

2<br />

4<br />

l 16l<br />

16l<br />

ρ ρ ρ =<br />

2<br />

1<br />

1<br />

2<br />

= = R2<br />

= = 64<br />

A2<br />

1 4A1<br />

1 4A1<br />

1<br />

R<br />

2<br />

= 64R 1<br />

( 1,5 Ω) = Ω<br />

R = 64 96 .<br />

2<br />

l1<br />

ρ<br />

A<br />

Sua indutância é a do primário multiplicada pelo quadrado <strong>de</strong> <strong>de</strong>zesseis, sendo, portanto<br />

<strong>de</strong><br />

2560 mH .<br />

A condição <strong>de</strong> bom funcionamento <strong>de</strong>sse transformador é<br />

R1 R2<br />

1,50 Ω 96,0 Ω<br />

ω >> + =<br />

+ = 188 rad / s .<br />

−3<br />

L L 10,0 × 10 H 2,56H<br />

1<br />

2<br />

Esse transformador só funcionará bem com uma frequência angular maior que<br />

1000 radianos/segundo ou uma frequência <strong>de</strong> 6,3 KHz.<br />

b) a introdução do núcleo <strong>de</strong> aço multiplica o fluxo por um fator igual a 900 e isto<br />

multiplica as indutâncias do primário e do secundário pelo mesmo fator. Por isto a<br />

condição <strong>de</strong> bom funcionamento passa a ser:<br />

188 rad / s<br />

ω >>= = 0,208 rad / s .<br />

900<br />

Ou seja o transformador, agora, po<strong>de</strong> trabalhar eficientemente com frequências<br />

angulares acima <strong>de</strong> 1,5 radianos/segundo ou frequências acima <strong>de</strong> aproximadamente 10<br />

Hz.<br />

1<br />

Um dos motivos da gran<strong>de</strong> importância tecnológica do transformador ficará claro<br />

no exemplo a seguir.<br />

EXEMPLO 40.3<br />

Um consumidor industrial recebe uma potência <strong>de</strong> 12 kW, com uma tensão eficaz, na<br />

entrada, <strong>de</strong> 120 V e um fator <strong>de</strong> potência igual a um.<br />

a) Qual a corrente na entrada do circuito do consumidor?<br />

b) Se esta corrente percorresse um fio <strong>de</strong> cobre <strong>de</strong> três oitavos <strong>de</strong> polegada <strong>de</strong><br />

diâmetro, com um comprimento <strong>de</strong> cem quilômetros, qual seria a perda <strong>de</strong> calor nesse<br />

fio?<br />

c) Se, em vez <strong>de</strong> 120 V, a tensão <strong>de</strong> entrada fosse <strong>de</strong> 12 kV, quais seriam as respostas<br />

dos itens anteriores?<br />

SOLUÇÃO:<br />

a) A potência recebida em ressonância com a fonte é igual ao produto da tensão eficaz<br />

pela corrente eficaz na entrada da indústria. A corrente eficaz é, então:<br />

3<br />

P 12,0 × 10 W<br />

ief = =<br />

= 100 A .<br />

ε 120V<br />

ef<br />

b) A potência média, dissipada por efeito Joule no fio, é dada pelo produto da resistência<br />

do fio pelo quadrado da corrente eficaz. A resistência, por sua vez, é igual ao produto da<br />

resistivida<strong>de</strong> do cobre pelo comprimento do fio, dividido pela área <strong>de</strong> sua seção reta.<br />

Temos, portanto:<br />

R = ρ<br />

cu<br />

l<br />

A<br />

3<br />

−8<br />

100 × 10 m<br />

= 1,72<br />

× 10 Ω.<br />

m<br />

2<br />

−<br />

[( 3<br />

2<br />

π )( 2,54 × 10 m)<br />

]<br />

8<br />

2<br />

( 2,53 Ω)( 100A) = 25, KW<br />

2<br />

P = R ief =<br />

3<br />

= 2,53Ω<br />

, e<br />

Vemos que, se formos transportar essa corrente por 100 Km, a potência perdida no fio<br />

transmissor é mais que duas vezes a potência entregue ao consumidor.<br />

c) Se a tensão fosse <strong>de</strong> 12 kV, cem vezes maior que aquela utilizada na letra (a) <strong>de</strong>ste<br />

exemplo, a corrente seria dividida por cem. Ou seja, teríamos a corrente <strong>de</strong> apenas um<br />

597<br />

598


ampere. A potência perdida como calor no fio seria então:<br />

2<br />

( 2,53 Ω)( 1,00 A) = 2, W<br />

2<br />

P = R ief =<br />

53 .<br />

Agora a potência perdida é apenas uma pequena fração da potência entregue ao<br />

consumidor.<br />

N<br />

ε − R<br />

. (40.8)<br />

1<br />

1<br />

i1<br />

= − R2<br />

i2<br />

N<br />

2<br />

A equação para a conservação da energia é:<br />

2 2<br />

ε i<br />

1<br />

− R1<br />

i1<br />

= R2<br />

i2<br />

. (40.9)<br />

Dividindo a equação 40.9 por i 1<br />

e igualando o segundo termo da equação obtida<br />

PENSE E RESPONDA 40.4<br />

Se a potência perdida é bem menor quando a tensão <strong>de</strong> entrada é <strong>de</strong> 12 kV, no<br />

transformador do EXEMPLO 40.3, por que a companhia <strong>de</strong> energia elétrica não a fornece<br />

ao consumidor?<br />

com o segundo membro da equação 40.8 encontramos:<br />

Levando este resultado <strong>de</strong> volta à equação 40.8 encontramos:<br />

i<br />

i<br />

2 1<br />

= − . (40.10)<br />

1<br />

N<br />

N<br />

2<br />

Trabalhar com tensões muito altas, tanto nas usinas, on<strong>de</strong> é gerada a energia<br />

elétrica, quanto na outra ponta, ou seja, nas indústrias ou nas residências, é muito<br />

perigoso para o ser humano. Como vimos, no entanto, o transporte <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

correntes por gran<strong>de</strong>s distâncias é muito dispendioso.<br />

A solução para este problema obtém-se com o transformador: Produz-se a<br />

energia com baixa tensão alternada, na usina geradora. Em seguida, com o uso <strong>de</strong> um<br />

transformador elevador <strong>de</strong> tensão, eleva-se a diferença <strong>de</strong> potencial a valores bem altos<br />

e a potência requerida é transportada com baixa corrente. Em uma subestação, próxima<br />

ao consumidor final, a tensão é abaixada, com o uso <strong>de</strong> um transformador abaixador <strong>de</strong><br />

tensão, e finalmente entregue ao consumidor, em 127 V, por exemplo.<br />

A inexistência <strong>de</strong> transformadores para corrente contínua foi um dos fatores que<br />

mais impulsionou o uso dos geradores <strong>de</strong> corrente alternada e a distribuição <strong>de</strong> energia<br />

elétrica nessa forma.<br />

Outra utilida<strong>de</strong> do transformador aparece quando queremos ter uma<br />

transferência eficiente <strong>de</strong> potência.<br />

Quando inserimos um resistor, R<br />

2<br />

, entre os terminais A e B da figura 40.1, este é<br />

percorrido por uma corrente, i 2<br />

, enquanto o circuito primário, e, portanto, a fonte, é<br />

percorrido por uma corrente, i 1<br />

, <strong>de</strong> outro valor. Dessa forma,<br />

2<br />

⎛ N ⎞<br />

1<br />

ε = ⎜ R1<br />

+ R ⎟<br />

2 2<br />

i<br />

1<br />

. (40.11)<br />

N<br />

⎝<br />

2 ⎠<br />

Este resultado indica que a fonte fornece uma corrente igual à que forneceria a<br />

uma resistência equivalente dada por:<br />

N<br />

R eq<br />

+<br />

N<br />

2<br />

1<br />

= R1<br />

R<br />

2 2 . (40.12)<br />

É sabido que a maior transferência <strong>de</strong> potência ocorre quando a<br />

resistência externa é igual à resistência interna da fonte. Se uma fonte tem<br />

uma resistência interna muito diferente da resistência presente no circuito que<br />

é alimentado por ela, a transferência <strong>de</strong> energia é pouco eficiente. Po<strong>de</strong>-se,<br />

então, usar um transformador com uma razão a<strong>de</strong>quada entre o número <strong>de</strong><br />

espiras do primário e do secundário para se obter uma resistência equivalente<br />

mais próxima da resistência interna da fonte utilizada.<br />

O valor <strong>de</strong> R<br />

1<br />

é pequeno, em geral, e correspon<strong>de</strong> à resistência do fio do<br />

enrolamento primário. Com um valor a<strong>de</strong>quado para a razão entre o número <strong>de</strong> espiras<br />

po<strong>de</strong>-se obter uma resistência equivalente próxima à da fonte.<br />

Quando usamos um amplificador para alimentar uma caixa <strong>de</strong> som, é mais<br />

apropriado nos referirmos a suas impedâncias ao invés <strong>de</strong> suas resistências. O<br />

amplificador tem gran<strong>de</strong> impedância <strong>de</strong> saída, enquanto o alto falante tem baixa<br />

2<br />

599<br />

600


impedância. O artifício, para melhorar a eficiência na transferência <strong>de</strong> energia, é<br />

<strong>de</strong>nominado casamento <strong>de</strong> impedâncias.<br />

EXEMPLO 40.2<br />

Um rádio <strong>de</strong> 100 W, antes utilizado em Brasília on<strong>de</strong> a tensão fornecida pela<br />

companhia elétrica é <strong>de</strong> 220 V é ligado em Belo Horizonte on<strong>de</strong> a tensão fornecida é <strong>de</strong><br />

110 V. Devido a um <strong>de</strong>feito não é possível mudar a chave que faz a seleção entre as<br />

tensões <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> 220 V para 110 V. Utilizando um transformador é possível fazer a<br />

adaptação para utilização do aparelho.<br />

a) Qual <strong>de</strong>ve ser a razão entre o número <strong>de</strong> espiras do primário e secundário <strong>de</strong>sse<br />

transformador?<br />

b) Determine a corrente elétrica quando o rádio for liagado a uma fonte <strong>de</strong> 110 V.<br />

c) Calcule a sua resistência elétrica.<br />

SOLUÇÃO: a) Deve-se utilizar um transformador que aumente a tensão para 220 V.<br />

Sabemos que uma tensão alternada produz uma variação <strong>de</strong> fluxo magnético através do<br />

transformador. Observe que<br />

c) Como a potência fornecida ao primário é igual à resistência fornecida ao secundário,<br />

Como 1N2<br />

ε<br />

2N1<br />

ε = e<br />

=<br />

ε<br />

,<br />

R<br />

i<br />

2<br />

2<br />

1i1<br />

ε<br />

2i2<br />

ε = .<br />

R = ε<br />

.<br />

( N ) 2<br />

1<br />

2<br />

N1<br />

i1<br />

A corrente i 1 no primário po<strong>de</strong> ser obtida da potência média<br />

Logo,<br />

< P > 100W<br />

i1 = = = 0, 91A<br />

.<br />

ε 110V<br />

1<br />

= 110 V<br />

R ( 2) 2<br />

= 484Ω<br />

.<br />

0,91A<br />

d Φ<br />

B<br />

ε<br />

1<br />

= −N1<br />

e<br />

dt<br />

d Φ<br />

B<br />

ε<br />

2<br />

= −N<br />

2<br />

,<br />

dt<br />

on<strong>de</strong> ε<br />

1 e ε<br />

2 são as tensões no primário e secundário e N<br />

1 e N<br />

2 são os números <strong>de</strong><br />

espiras, respectivamente. Estamos <strong>de</strong>sprezando a resistências dos enrolamentos.<br />

Dessas equações concluimos que<br />

N ε<br />

2<br />

220V<br />

= =<br />

N ε 110V<br />

2<br />

=<br />

1<br />

1<br />

2 .<br />

Então, o número <strong>de</strong> espiras no secundário <strong>de</strong>ve ser igual ao dobro do número <strong>de</strong><br />

espiras do primário.<br />

b) A corrente elétrica no rádio po<strong>de</strong> ser obtida através da potência média,<br />

< P > 100W<br />

i2 = = ,<br />

ε 220V<br />

2<br />

i 0, 45 A<br />

2 = . 602<br />

601


RESPOSTA COMENTADA DAS ATIVIDADES PROPOSTAS<br />

ATIVIDADE 40.1<br />

A potência média é dada pela equação 40.3,<br />

< P >= 1<br />

ε<br />

m<br />

cos( φ)<br />

2<br />

i .<br />

m<br />

A amplitu<strong>de</strong> da corrente é dada pela equação 39.8,<br />

m<br />

80,0V<br />

im = ε = = 0, 762 A<br />

Z 105Ω<br />

Para encontrarmos o fator <strong>de</strong> potência, cos ( φ)<br />

, utilizamos a equação<br />

X<br />

L<br />

− X<br />

C<br />

⎛ X<br />

L<br />

− X<br />

C ⎞<br />

tg( φ ) = ⇒ φ = arctg⎜<br />

⎟ ,<br />

R<br />

⎝ R ⎠<br />

A diferença entre as reatâncias, indutiva e capacitiva, po<strong>de</strong> ser obtida através da<br />

equação 39.7,<br />

Portanto,<br />

Z<br />

2<br />

2 2<br />

( X − X ) ⇒ X − X = Z − R<br />

2<br />

= R +<br />

L C<br />

L C<br />

.<br />

⎛ 2 2<br />

Z R ⎞ ⎛ 2<br />

Z ⎞<br />

o<br />

arctg⎜<br />

−<br />

φ =<br />

⎟ = arctg⎜<br />

−1⎟<br />

= arctg( 1,96 −1) = 44, 4 .<br />

⎜<br />

2<br />

R ⎟ ⎜ R ⎟<br />

⎝ ⎠ ⎝ ⎠<br />

φ .<br />

o<br />

Então cos ( ) = cos44,4 = 0, 714<br />

A potência média é dada por<br />

1<br />

< P >= ε<br />

m<br />

im<br />

cos φ =<br />

2<br />

1<br />

2<br />

( ) ( 80,0V<br />

)( 0,762 A)( 0,714)<br />

< P >= 21, 8W .<br />

E40.2) Um circuito RLC em série, em que,<br />

uma fonte <strong>de</strong> frequência angular<br />

potência e a potência média pelo circuito.<br />

R = 100 Ω , L = 25, 0 mH , C = 300 nF , com<br />

ω = 500 rad / s e ε<br />

m<br />

= 60V<br />

. Determine o fator <strong>de</strong><br />

E40.3) Um transformador está conectado a uma fonte <strong>de</strong> tensão a.c <strong>de</strong> 110 V.e <strong>de</strong>ve<br />

fornecer 11.000V. a) Qual <strong>de</strong>ve ser a razão entre o número <strong>de</strong> espiras do primário e<br />

secundário <strong>de</strong>sse tranformador? b) Qual é a potência fornecida para o transformador<br />

quando a corrente eficaz no secundário for igual a 10 mA?<br />

E40.4) Um transformador possui 1000 espiras no primário e 20 espiras no secundário.<br />

primário?<br />

a) Qual é a voltagem no secundário para uma tensão eficaz <strong>de</strong> 120 V aplicada no<br />

b) Quais são as correntes elétricas nos primário e secundário, quando o<br />

secundário é ligado a uma resistência elétrica <strong>de</strong><br />

30 Ω ?<br />

PROBLEMAS DA UNIDADE 12<br />

P12.1) Faça um esboço dos gráficos <strong>de</strong> carga e corrente em função do tempo para um<br />

circuito LC. Explique o fato <strong>de</strong> a corrente está adiantada <strong>de</strong> π 2 em relação à carga<br />

nesse circuito.<br />

P12.2) Mostre que a corrente máxima acumulada em um capacitor <strong>de</strong> um circuito LC<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos valores iniciais da carga, da corrente e da frequência angular, <strong>de</strong> acordo<br />

q m<br />

= q + i .<br />

2<br />

com a equação ( ) 2<br />

0 0<br />

ω0<br />

P12.3) Mostre que em um circuito LC, a constante <strong>de</strong> fase é dada pela equação<br />

tg<br />

( φ )<br />

−i<br />

0<br />

0<br />

= .<br />

ω0<br />

q0<br />

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO<br />

E40.1) Um eletroímã conectado a uma fonte <strong>de</strong> tensão alternada <strong>de</strong> 240 V e 60 Hz tem<br />

resistência 400 Ω e indutância 6 ,00H<br />

. Determine o fator <strong>de</strong> potência e a potência<br />

média fornecida pela fonte.<br />

P12.4) Faça um esboço dos gráficos <strong>de</strong> carga e corrente <strong>de</strong> um circuito RLC quando<br />

a) γ é menor que ω<br />

0<br />

.<br />

b) γ é igual a ω<br />

0<br />

.<br />

c) γ é maior que ω<br />

0<br />

.<br />

603<br />

604


P12.5) Suponha que sejam feitos dois circuitos simples, alimentando-os com a tensão<br />

fornecida pela companhia <strong>de</strong> energia elétrica; o primeiro com um capacitor, C = 9, 8nF<br />

,<br />

e o segundo com um indutor,<br />

para cada caso e a amplitu<strong>de</strong> da corrente.<br />

L = 6,7 µ H . Calcule as reatâncias capacitiva e indutiva<br />

P12.6) A corrente elétrica em uma bobina que possui 800 espiras e autoindutância<br />

7 ,0 mH é dada por i = ( 0,70 nA) cos( 126t<br />

) .<br />

a) Determine a fem máxima induzida na bobina.<br />

b) Calcule o fluxo magnético através <strong>de</strong> cada espira da bobina.<br />

c) Qual é o módulo da fem em t = 0,02s?<br />

P12.7) Consi<strong>de</strong>re um circuito RLC,<br />

ε<br />

m<br />

= 100 V , R = 400 Ω , C = 0,600 µ F e L = 3, 00 H .<br />

a) Calcule as tensões no resistor, no capacitor e no indutor para uma frequência<br />

<strong>de</strong> 600 rad/s.<br />

b) Determine a constante <strong>de</strong> fase.<br />

c) Faça um diagrama <strong>de</strong> fasores para frequências 50 rad/s, 500 rad/s e 5000<br />

rad/s.<br />

P12.8) Um consumidor recebe uma potência <strong>de</strong> 12,0 kW, com uma tensão eficaz, na<br />

entrada, <strong>de</strong> 220 V e um fator <strong>de</strong> potência igual a 0,950.<br />

a) Qual a corrente na entrada do circuito do consumidor?<br />

b) Se esta corrente percorresse um fio <strong>de</strong> cobre <strong>de</strong> meia polegada <strong>de</strong> diâmetro,<br />

com um comprimento <strong>de</strong> cem quilômetros, qual seria a perda <strong>de</strong> calor nesse fio?<br />

c) Se, em vez <strong>de</strong> 220 V, a tensão <strong>de</strong> entrada fosse <strong>de</strong> 10,0 kV, quais seriam as<br />

respostas dos itens anteriores?<br />

605


APÊNDICES<br />

APÊNDICE A - SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES (SI)<br />

Gran<strong>de</strong>za Nome da Unida<strong>de</strong> Símbolo<br />

Unida<strong>de</strong>s Fundamentais<br />

Comprimento metro m<br />

Massa quilograma kg<br />

Tempo segundo s<br />

Corrente ampère A<br />

Temperatura kelvin K<br />

Intensida<strong>de</strong> luminosa can<strong>de</strong>la cd<br />

Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substância mole mol<br />

Unida<strong>de</strong>s Derivadas Unida<strong>de</strong>s<br />

equivalentes<br />

Área metro quadrado m 2<br />

Volume metro cúbico m 3<br />

Frequência hertz Hz s -1<br />

Velocida<strong>de</strong> metro por segundo m/s<br />

Velocida<strong>de</strong> angular radiano por segundo rad/s<br />

Aceleração<br />

metro por segundo<br />

m/s 2<br />

quadrado<br />

Aceleração angular<br />

radiano por segundo rad/s 2<br />

quadrado<br />

Força newton N kg . m/s 2<br />

Pressão pascal Pa N/m 2<br />

Trabalho, energia joule J N . m<br />

Potência watt W J/s<br />

Carga elétrica coulomb C A . s<br />

Potencial elétrico volt V J/C<br />

Intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> campo newton por coulomb N/C V/m<br />

elétrico<br />

Resistência elétrica ohm Ω V/A<br />

Capacitância farad F C/V<br />

Fluxo magnético Weber Wb V . s<br />

Campo magnético Tesla T Wb/m 2<br />

Indutância Henry H Wb/A<br />

650<br />

651


DEFINIÇÕES DE UNIDADES DO SI<br />

APÊNDICE B – CONSTANTES NUMÉRICAS<br />

Metro (m)<br />

Quilograma (kg)<br />

Segundo (s)<br />

Ampère (A)<br />

Kelvin (K)<br />

Can<strong>de</strong>la (cd)<br />

Mole (mol)<br />

O metro é a distância percorrida pela luz no vácuo em<br />

1/299.792.458 s.<br />

O quilograma é a massa do corpo-padrão internacional preservado<br />

em Sèvres, na França.<br />

O segundo é a duração <strong>de</strong> 9.192.631.770 períodos da radiação<br />

correspon<strong>de</strong>nte a transição entre os dois níveis hiperfinos do<br />

estado fundamental do átomo <strong>de</strong> 133 Cs.<br />

O ampère é a corrente que em dois fios paralelos <strong>de</strong> comprimento<br />

infinito, separados <strong>de</strong> 1 m, provoca uma força magnética por<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento <strong>de</strong> 2 . 10 -7 N/m.<br />

O kelvin é igual a 1/273,16 da temperatura termodinâmica do<br />

ponto triplo da água.<br />

A can<strong>de</strong>la é a intensida<strong>de</strong> luminosa na direção perpendicular da<br />

superfície <strong>de</strong> um corpo negro cuja área é <strong>de</strong> 1/600.000 m 2 na<br />

temperatura <strong>de</strong> solidificação da platina a uma pressão <strong>de</strong> 1 atm.<br />

O mole é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> substância <strong>de</strong> um sistema que contém<br />

tantas entida<strong>de</strong>s elementares quantos átomos <strong>de</strong> carbono em<br />

0,012 kg <strong>de</strong> carbono-12.<br />

CONSTANTES FÍSICAS*<br />

Constante <strong>de</strong> gravitação G 6,673(10) × 10 -11 N⋅m 2 /kg 2<br />

Velocida<strong>de</strong> da luz c 2,99792458 × 10 8 m/s<br />

Carga do elétron e 1,602176462(63) × 10 -19 C<br />

Número <strong>de</strong> Avogadro N A 6,02214199(47) × 10 23<br />

partículas/mol<br />

Constante dos gases perfeitos R 8,314472(15) J/(mol⋅K)<br />

Constante <strong>de</strong> Boltzman k = R/N A 1,3806503(24) × 10 -23 J/K<br />

8,617342(15) × 10 -5 eV/K<br />

Constante <strong>de</strong> Stefan-<br />

σ = (π 2 /60) 5,670400(40) × 10 -8 W/(m 2 k 4 )<br />

Boltzmann<br />

k 4 /(ћ 3 c 2 )<br />

Constante <strong>de</strong> massa atômica m u 1,66053873(13) × 10- 27 kg =<br />

1u<br />

Constante <strong>de</strong> Coulomb k = 1/(4πε 0 ) 8,987551788 ... × 10 9 N⋅m 2 /C 2<br />

Permissivida<strong>de</strong> elétrica do<br />

vácuo<br />

ε 0 8,854187817 ... × 10 -12<br />

C 2 /(N⋅m 2 )<br />

Permeabilida<strong>de</strong> magnética do<br />

vácuo<br />

µ 0 4 π × 10 -7 N/A 2<br />

1,256637 × 10 -6 N/A 2<br />

Constante <strong>de</strong> Planck h 6,62606876(52) × 10 -34 J⋅s<br />

4,13566727(16) × 10 -15 eV⋅s<br />

ћ = h/2π<br />

1,054571596(82) × 10 -34 J⋅s<br />

6,58211889(26) × 10 -16 eV⋅s<br />

Massa do elétron m e 9,10938188(72) × 10 -31 kg<br />

Massa do próton m p 1,67262158(13) × 10 -27 kg<br />

Massa do nêutron m n 1,67492716(13) × 10 -27 kg<br />

Comprimento <strong>de</strong> onda <strong>de</strong> λ C = h/m e c<br />

2,426310215(18) × 10 -12 m<br />

Compton<br />

Constante <strong>de</strong> Rydberg R H 1,0973731568549(83) × 10 7 m -<br />

Magnéton <strong>de</strong> Bohr m B = eh/2m e 9,274000899(37) × 10 -24 J/T<br />

5,788381749(43) × 10 -5 eV/T<br />

Magnéton nuclear m n = eh/2m p 5,05078317(20) × 10 -27 J/T<br />

3,152451238(24) × 10 -8 eV/T<br />

Quantum do fluxo magnético Φ 0 = h/2e 2,067833636(81) × 10 -15 T⋅m 2<br />

Resistência Hall quantizada R K = h/e 2 2,5812807572(95) × 10 4 Ω<br />

* Os números entre parênteses indicam as incertezas dos últimos dois dígitos; por<br />

exemplo, o número 1,4585(34) significa 1,4585 ± 0,0034. Os valores que não<br />

possuem incertezas são exatos.<br />

1<br />

DADOS TERRESTRES<br />

652<br />

Aceleração média da gravida<strong>de</strong> g (valor padrão ao<br />

nível do mar a uma latitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> 45º)<br />

Massa da Terra, M T<br />

Raio médio da Terra, R T<br />

Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escape<br />

9,80665 m/s 2<br />

5,98 × 10 24 kg<br />

6,37 × 10 6 m<br />

1,12 × 10 4 m/s<br />

653


Constante solar* 1,35 kW/m 2<br />

Condições normais <strong>de</strong> temperatura e pressão (CNTP):<br />

Temperatura<br />

273,15 K<br />

Pressão<br />

101,325 kPa = 1 atm<br />

Massa molar do ar<br />

28,97 g/mol<br />

Massa específica do ar (CNTP), ρ ar 1,293 kg/m 3<br />

Velocida<strong>de</strong> do som (CNTP)<br />

331 m/s<br />

Calor <strong>de</strong> fusão da água (a 0ºC e 1 atm)<br />

333,5 kJ/kg<br />

Calor <strong>de</strong> vaporização da água (a 100ºC e 1 atm) 2,257 MJ/kg<br />

*Potência média inci<strong>de</strong>nte em uma área <strong>de</strong> 1 m 2 perpendicular aos raios solares, fora<br />

da atmosfera terrestre a uma distância média entre a Terra e o Sol.<br />

DADOS ASTRONÔMICOS<br />

Terra<br />

Distância à Lua*<br />

3,844 × 10 8 m<br />

Distância ao Sol*<br />

1,496 × 10 11 m<br />

Velocida<strong>de</strong> orbital média<br />

2,98 × 10 4 m/s<br />

Lua<br />

Massa<br />

7,35 × 10 22 kg<br />

Raio<br />

1,738 × 10 6 m<br />

Período<br />

27,32 dias<br />

Aceleração da gravida<strong>de</strong> na superfície 1,62 m/s 2<br />

Sol<br />

Massa<br />

1,99 × 10 30 kg<br />

Raio<br />

6,96 × 10 8 m<br />

*De centro a centro<br />

APÊNDICE C – FATORES DE CONVERSÃO DE UNIDADES<br />

Comprimento<br />

1 km = 0,6215 mi<br />

1 mi = 1,609 km<br />

1 m = 1,0936 jarda = 3,281 ft = 39,37<br />

in<br />

1 in = 2,54 cm<br />

1 ft = 12 in = 30,48 cm<br />

1 jarda = 3 ft = 91,44 cm<br />

1 ano-luz = 1 c . ano = 9,461 × 10 15 m<br />

1 Å = 0,1 nm<br />

Área<br />

1 m 2 = 10 4 cm 2<br />

1 km 2 = 0,3861 mi 2 = 247,1 acres<br />

1 in 2 = 6,4516 cm 2<br />

1 ft 2 = 9,29 × 10 -2 m 2<br />

1 m 2 = 10,76 ft 2<br />

1 acre = 43.560 ft 2<br />

1 mi 2 = 640 acres = 2,590 km 2<br />

Volume<br />

1 m 3 = 10 6 cm 3<br />

1 L = 1000 cm 3 = 10 -3 m 3<br />

1 gal = 3,786 L<br />

1 gal = 4 qt = 8 pt = 128 oz = 231 in 3<br />

1 in 3 = 16,39 cm 3<br />

1 ft 3 = 1728 in 3 = 28,32 L<br />

= 2,832 × 10 4 cm 3<br />

Tempo<br />

1 h = 60 min = 3,6 ks<br />

1 dia = 24 h = 1440 min = 86,4 ks<br />

1 ano = 365,24 dias = 3,156 × 10 7 s<br />

1 kg = 6,022 × 10 26 u<br />

1 slug = 14,59 kg<br />

1 kg = 6,852 × 10 -2 slug<br />

1 u = 931,50 MeV/c 2<br />

Massa Específica<br />

1 g/cm 3 = 1000 kg/m 3 = 1 kg/L<br />

(1 g/cm 3 )g = 62,4 lb/ft 3<br />

Força<br />

1 N = 0,2248 lb = 10 5 dyn<br />

1 lb = 4,448222 N<br />

(1 kg)g = 2,2046 lb<br />

Pressão<br />

1 Pa = 1 N/m 2<br />

1 atm = 101,325 kPa = 1,01325 bar<br />

1 atm = 14,7 lb/in 2 = 760 mmHg<br />

= 29,9 in Hg = 33,8 ftH 2 O<br />

1 lb/in 2 = 6,895 kPa<br />

1 torr = 1 mmHg = 133,32 Pa<br />

1 bar = 100 kPa<br />

Energia<br />

1 kW . h = 3,6 MJ<br />

1 cal = 4,1840 J<br />

1 ft . lb = 1,356 J = 1,286 × 10 -3 Btu<br />

1 L . atm = 101,325 J<br />

1 L . atm = 24,217 cal<br />

1 Btu = 778 ft . lb = 252 cal = 1054,35 J<br />

1 eV = 1,602 × 10 -19 J<br />

1 u . c 2 = 931,50 MeV<br />

1 erg = 10 -7 J<br />

Velocida<strong>de</strong><br />

1 m/s = 3,6 km/h<br />

1 km/h = 0,2778 m/s = 0,6215 mi/h<br />

1 mi/h = 0,4470 m/s = 1,609 km/h<br />

1 mi/h = 1,467 ft/s<br />

Potência<br />

1 HP = 550 ft . lb/s = 745,7 W<br />

1 Btu/h = 1,055 kW<br />

1 W = 1,341 × 10 -3 HP = 0,7376 ft . lb/s<br />

Ângulo e Velocida<strong>de</strong> Angular<br />

π rad = 180º<br />

1 rad = 57,30º<br />

1º = 1,745 × 10 -2 rad<br />

1 rpm = 0,1047 rad/s<br />

1 rad/s = 9,549 rpm<br />

Massa<br />

1 kg = 1000 g<br />

1 t = 1000 kg = 1 Mg<br />

1 u = 1,6606 × 10 -27 kg<br />

654<br />

655


APÊNDICE D – RELAÇÕES MATEMÁTICAS<br />

ÁLGEBRA<br />

− x 1 ( x+<br />

y)<br />

x y ( x−<br />

y)<br />

a<br />

a = a = a a a =<br />

x<br />

a<br />

a<br />

x<br />

y<br />

Logaritmos: Se log a = x, então a = 10 x . Se ln a = x, então a = e x .<br />

log a + log b = log (ab) ln a + ln b = ln (ab)<br />

log a – log b = log (a/b) ln a – ln b = ln (a/b)<br />

log (a n ) = n log a ln (a n ) = n ln a<br />

− b ± b<br />

2 − 4ac<br />

Equação do segundo grau: Se ax 2 + bx + c = 0, x = .<br />

2a<br />

SÉRIE BINOMIAL<br />

n n n−1<br />

n(<br />

n −1)<br />

a<br />

( a + b)<br />

= a + na b +<br />

2!<br />

n−2<br />

TRIGONOMETRIA<br />

2 2 2<br />

No triângulo retângulo ABC, x + y = r .<br />

Definição das funções trigonométricas:<br />

sen a = y/r cos a = x/r<br />

tan a = y/x<br />

cot a = x/y<br />

b<br />

2<br />

n(<br />

n −1)(<br />

n − 2) a<br />

+<br />

3!<br />

n−3<br />

3<br />

b<br />

+ ...<br />

GEOMETRIA<br />

Comprimento <strong>de</strong> uma circunferência <strong>de</strong> raio r: C = 2πr<br />

Área <strong>de</strong> um círculo <strong>de</strong> raio r: A = πr 2<br />

Volume <strong>de</strong> uma esfera <strong>de</strong> raio r: V = 4πr 3 /3<br />

Área da superfície <strong>de</strong> uma esfera <strong>de</strong> raio r: A = 4πr 2<br />

Volume <strong>de</strong> um cilindro <strong>de</strong> raio r e altura h: V = πr 2 h<br />

SÉRIES DE POTÊNCIAS<br />

Convergentes para os valores <strong>de</strong> x indicados.<br />

2<br />

3<br />

n nx n(<br />

n −1)<br />

x n(<br />

n −1)(<br />

n − 2) x<br />

2<br />

(1 ± x)<br />

= 1±<br />

+ +<br />

+ L ( x < 1)<br />

1! 2!<br />

3!<br />

2<br />

3<br />

−n<br />

nx n(<br />

n + 1) x n(<br />

n + 1)( n + 2) x<br />

2<br />

(1 ± x)<br />

= 1m<br />

+ +<br />

+ L ( x < 1)<br />

1! 2!<br />

3!<br />

3 5 7<br />

x x x<br />

sen x = x − + − + L (todo valor <strong>de</strong> x)<br />

3! 5! 7!<br />

2 4 6<br />

x x x<br />

cos x = 1−<br />

+ − + L (todo valor <strong>de</strong> x)<br />

2! 4! 6!<br />

3 5 7<br />

x 2x<br />

17x<br />

tan x = x + + + + L ( x < π / 2)<br />

3 15 315<br />

2 3<br />

x x x<br />

e = 1+<br />

x + + + L (todo valor <strong>de</strong> x)<br />

2! 3!<br />

2 3 4<br />

x x x<br />

ln(1 + x)<br />

= x − + + + L ( x < 1)<br />

2 3 4<br />

sec a = r/x<br />

csec a = r/y<br />

I<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s:<br />

2<br />

2<br />

sen a + cos<br />

a = 1<br />

sen 2a<br />

= 2sen a cos a<br />

1 1−<br />

cos a<br />

sen a =<br />

2 2<br />

sen( −a)<br />

= −sen<br />

a<br />

cos( −a)<br />

= cos a<br />

sen( a ± π / 2) = ± cos a<br />

cos( a ± π / 2) = m sen a<br />

sen a<br />

tan a =<br />

cos a<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

cos 2a<br />

= cos a − sen a = 2cos a −1<br />

= 1−<br />

2sen a<br />

1 1+<br />

cos a<br />

cos a =<br />

2 2<br />

sen( a ± b)<br />

= sen a cosb<br />

± cos a sen b<br />

cos( a ± b)<br />

= cos a cosb<br />

m sen a sen b<br />

1 1<br />

sen a + sen b = 2sen ( a + b) cos ( a − b)<br />

2 2<br />

1 1<br />

cos a + cosb<br />

= 2cos ( a + b)cos<br />

( a − b)<br />

2 2<br />

656<br />

657


DERIVADAS E INTEGRAIS<br />

Nas fórmulas que se seguem u e v representam quaisquer funções <strong>de</strong> x, sendo a e m<br />

constantes. A cada uma das integrais in<strong>de</strong>finidas <strong>de</strong>ve ser adicionada uma constante<br />

<strong>de</strong> integração arbitrária.<br />

dx<br />

=<br />

dx<br />

d<br />

(<br />

dx<br />

d<br />

( u<br />

dx<br />

d<br />

x<br />

dx<br />

d<br />

ln<br />

dx<br />

d<br />

(<br />

dx<br />

d x<br />

e<br />

dx<br />

d<br />

dx<br />

d<br />

dx<br />

d<br />

dx<br />

d<br />

dx<br />

d<br />

dx<br />

d<br />

dx<br />

d u<br />

e<br />

dx<br />

du<br />

au)<br />

= a<br />

dx<br />

du<br />

+ v)<br />

= +<br />

dx<br />

m<br />

1<br />

= mx<br />

1<br />

x =<br />

x<br />

dv du<br />

uv)<br />

= u + v<br />

dx dx<br />

= e<br />

sen x = cos x<br />

x<br />

cos x = −sen<br />

x<br />

tan x = sec<br />

cot x = −csec<br />

sec x = tan x sec x<br />

csec x = −cot<br />

x csec x<br />

= e<br />

u<br />

m−1<br />

du<br />

dx<br />

2<br />

x<br />

2<br />

dv<br />

dx<br />

x<br />

∫<br />

∫<br />

∫<br />

∫<br />

∫<br />

∫<br />

∫<br />

∫<br />

∫<br />

∫<br />

dx = x<br />

au dx = a u dx<br />

( u + v)<br />

dx =<br />

m+<br />

1<br />

m x<br />

x dx =<br />

m + 1<br />

dx<br />

= ln x<br />

x<br />

dv<br />

u dx = uv −<br />

dx<br />

e<br />

x<br />

sen x dx = −cos<br />

x<br />

cos x dx = sen x<br />

tan x dx = ln sec x<br />

2 1 1<br />

sen x dx = x − sen 2x<br />

2 4<br />

−ax<br />

1 −ax<br />

e dx = − e<br />

a<br />

−ax<br />

1<br />

−ax<br />

xe dx = − ( ax + 1) e<br />

2<br />

a<br />

2 −ax<br />

1 2 2<br />

x e dx = − ( a x + 2ax<br />

+ 2) e<br />

3<br />

a<br />

∞<br />

n −ax<br />

n!<br />

x e dx =<br />

0<br />

n+<br />

1<br />

a<br />

∫<br />

∫<br />

∫<br />

∫<br />

∫<br />

0<br />

x<br />

dx = e<br />

∞<br />

2<br />

2n<br />

−ax<br />

∫<br />

e<br />

∫<br />

x<br />

∫<br />

u dx +<br />

∫<br />

∫<br />

( m ≠ −1)<br />

du<br />

v dx<br />

dx<br />

v dx<br />

1⋅<br />

3⋅<br />

5⋅⋅⋅<br />

(2n<br />

−1)<br />

dx =<br />

n+<br />

1 n<br />

2 a<br />

−ax<br />

π<br />

a<br />

SINAIS E SÍMBOLOS MATEMÁTICOS<br />

= é igual a<br />

≡ é <strong>de</strong>finido por<br />

≠ é diferente <strong>de</strong><br />

≈ é aproximadamente igual a<br />

∼ é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

∝ é proporcional a<br />

> é maior que<br />

≥ é maior ou igual a<br />

>> é muito maior que<br />

< é menor que<br />

≤ é menor ou igual a<br />


Apêndice E – Tabela Periódica<br />

660


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

ALONSO, M.; FINN, E. J. Física. São Paulo: Edgard Blücher, 1999.<br />

BLAU, P. J. Friction Science and Tecnology. New York: CRC Press, 2008.<br />

CHAVES, Alaor S. Física. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Reichmann & Affonso Editores, 2001.<br />

EISBERG R.M.; LERNER L.S.. Física, <strong>fundamentos</strong> e aplicações. São Paulo: Editora<br />

McGraw Hill do Brasil, 1982.<br />

FEYNAM R.P., LEIGHTON R.B., SANDS M. The Feynman Lectures on Physics. 1963.<br />

Reading: Addison Wesley Publishing Co., 1963<br />

HALLIDAY D., RESNICK R. Fundamentos <strong>de</strong> física. 3. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livros<br />

Técnicos e Científicos S.A., 1993.<br />

KELLER F.J., GETTYS W.E., SKOVE M.J.. Física. São Paulo: Makron Books do Brasil,<br />

1999.<br />

NUSSENZVEIG, Moysés H. Curso <strong>de</strong> física básica. 3. ed. São Paulo: Edgard Blücher,<br />

1997.<br />

RESNICK R., HALLIDAY D.,,KRANE K.S. Física. 4. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livros Técnicos<br />

e Científicos S.A., 1996.<br />

RESNICK R., HALLIDAY D.,,KRANE K.S. Física. 5. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livros Técnicos<br />

e Científicos S.A., 2003.<br />

SEARS & ZEMANSKY; YOUNG H.D., FREEDMAN R.A.. Física. 10. ed. São Paulo:<br />

Addison-Wesley, 1993.<br />

SERWAY, R. A. Física. 3. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning Ltda., 2004.<br />

TIPLER P.. Física para cientistas e engenheiros. 4. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Livros Técnicos e<br />

Científicos S.A., 2000<br />

661

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!