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Boletim BioPESB 2012 - Edição 5.pdf

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Ciência Ano 2, n°5 - Pág 4<br />

Ferramenta de mudança ambiental: A<br />

Agroecologia<br />

Protesto contra a utilização de agrotóxicos<br />

É muito comum<br />

nos dias de hoje vermos<br />

na mídia o incentivo ao<br />

consumo de alimentos<br />

orgânicos. Os motivos<br />

são vários: os alimentos<br />

orgânicos são produzidos<br />

sem o uso de agrotóxicos<br />

e de fertilizantes - logo,<br />

não irão fazer mal a saúde<br />

das pessoas. Porém, é<br />

uma pena constatar que<br />

os alimentos orgânicos<br />

não estão acessíveis aos<br />

consumidores de todas as<br />

classes sociais, devido ao<br />

seu alto custo.<br />

Os alimentos orgânicos<br />

estão ligados à<br />

certificação de produção<br />

orgânica, cuja ideia é levar<br />

ao consumidor um<br />

produto mais natural, que<br />

não admite a utilização<br />

de uma série de insumos<br />

químicos legalizados<br />

para uso na agricultura<br />

convencional. Porém,<br />

em nenhum momento, o<br />

produto orgânico leva em<br />

conta o contexto social da<br />

sua produção. Em uma fazenda<br />

cuja produção é orgânica,<br />

pode existir uma<br />

relação de trabalho que<br />

valoriza mais o serviço de<br />

um homem em relação ao<br />

de uma mulher. Além disso,<br />

nessa mesma fazenda,<br />

pode existir uma área destinada<br />

à produção orgânica<br />

e outra área destinada<br />

à produção agrícola convencional,<br />

que faz uso de<br />

agrotóxicos.<br />

A partir da década<br />

de 70, surgiu a Agroecologia,<br />

que começa a<br />

discutir uma agricultura<br />

sustentável, que além de<br />

garantir a segurança alimentar,<br />

pode também<br />

garantir a preservação do<br />

meio ambiente. Segundo<br />

o Coordenador Executivo<br />

do Centro de Tecnologias<br />

Alternativas da Zona da<br />

Mata (CTA-ZM), Glauco<br />

Regis Florisbelo, a agricultura<br />

Agroecológica<br />

não trabalha na perspectiva<br />

de exploração do meio<br />

ambiente.<br />

Na Agroecologia,<br />

o contexto familiar e social<br />

está envolvido e a<br />

produção é realizada necessariamente<br />

dentro da<br />

agricultura familiar. As<br />

relações sociais também<br />

estão envolvidas, porque<br />

sempre existe a preocupação<br />

de um trabalho justo,<br />

no qual homens e mulheres<br />

recebem a mesma<br />

remuneração e os jovens<br />

estejam inseridos no processo.<br />

É comum referir-<br />

-se à propriedade Agroecológica<br />

como sendo<br />

uma propriedade integrada,<br />

pois não é possível,<br />

dentro da agricultura familiar,<br />

separar uma área<br />

da propriedade rural para<br />

a produção Agroecológica<br />

e o restante utilizar<br />

agricultura convencional.<br />

“Você preserva uma nascente<br />

aqui, mas se no resto<br />

da propriedade o agricultor<br />

utilizar agrotóxicos<br />

e queimadas, isso não é<br />

agroecológico”, explica<br />

Glauco.<br />

Outro ponto a ser<br />

considerado é que o produto<br />

agroecológico não<br />

tem tantas normativas<br />

como o produto orgânico.<br />

Atualmente, não existe<br />

um selo Agroecológico,<br />

como o que existe para<br />

os produtos orgânicos.<br />

O valor pago pela certificação<br />

de um produto,<br />

que é realizado por uma<br />

empresa privada, é alto.<br />

Na Agroecologia, a ideia<br />

é que o produtor esteja<br />

próximo do consumidor.<br />

“Nós, aqui no CTA, não<br />

trabalhamos muito na<br />

perspectiva de se ter um<br />

selo, pois se você conhece<br />

o produtor, de repente não<br />

precisa de uma empresa<br />

certificar”, pondera Glauco.<br />

Com isso, o agricultor<br />

e a sua família conseguem<br />

maior lucro com<br />

a venda dos seus produtos,<br />

pois não precisam<br />

gastar com a certificação.<br />

O consumidor também<br />

sairá ganhando, pois pagará<br />

menos pelo produto<br />

final. “A nossa proposta<br />

dentro da Agroecologia é<br />

que seja um produto de livre<br />

consumo, ou seja, não<br />

é só pra quem tem dinheiro,<br />

é pra todo mundo”, finaliza<br />

Glauco.<br />

Alisson Andrade Almeida<br />

Raquel Cristina<br />

Vieira dos Santos

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