IDENTIDADE TIMORENSE

com um sentimento de justi-
É
ficado orgulho que me junto a
vós esta manhã para presidir
à imposição das boinas aos
militares do 1º Destacamento de Fuzileiros
Navais do país e à graduação
do 2º Curso de Especialidade de
Marinha da componente naval das F-
FDTL.
Ver erguer a nossa componente
naval e assistir à formação, gradual
mas segura, dos seus recursos humanos
– os homens e mulheres
preparados para servir na protecção
do nosso vasto território marítimo –
enche-me de satisfação. É um sinal
positivo da capacidade de planear e
realizar do país, do Estado e das F-
FDTL.
A entrada em funções, pela primeira
vez, de um corpo nacional de tropas
especiais, como os fuzileiros navais,
é também motivo de satisfação. Num
mundo moderno e globalizado caracterizado
por ameaças às vezes difíceis
de prever, corpos de tropas com
preparação especial, como os fuzileiros
navais, são uma capacidade
importante das forças de Defesa.
O mar é um factor cada vez mais importante
na formulação da nossa
estratégia como país.
Em primeiro lugar, porque uma grande
parte do nosso território está no
mar.
Em segundo lugar porque no mar
está uma grande parte da riqueza do
país. Todos temos presente o petróleo
ou o gás.
Mas devemos recordar igualmente a
beleza coralífera, com o seu potencial
turístico, a riqueza piscícola, com
o potencial de melhoria da vida dos
nossos pescadores, e a abundância
de nódulos polimetálicos, com o seu
potencial exportador de minerais.
Esta riqueza tem também os seus
custos, para garantir a segurança e
prevenir o risco da sua perturbação.
O mar é uma enorme fronteira que
nos liga aos nossos vizinhos, nos
aproxima dos outros povos e nos faculta
uma importante via de comunicação
com o resto do mundo e, em
particular, com a nossa região.
Os estreitos de grande profundidade
que aqui existem conferem adicional
relevância estratégica ao nosso mar.
O nosso país – como país pacífico e
defensor da estabilidade e harmonia
regional e internacional – assumiu
compromissos internacionais importantes
para a segurança regional e
para a nossa segurança como Nação.
Destes compromissos nascem
várias prioridades, quanto à protec-
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Dr.J.Ramos-Horta
Presidente da República
ção do nosso mar. Por exemplo, prevenir
e, se necessário, reprimir a sua
utilização pela criminalidade internacional,
em particular impedir a sua
utilização por redes de tráfico de mulheres
ou outros imigrantes ilegais;
impedir a sua utilização pela pirataria
ou o terrorismo; prevenir a pilhagem
dos nossos recursos e promover a
protecção ambiental e a utilização
sustentada dos recursos do mar. As
actividades de pesca ilegal, por
exemplo, retiram presentemente ao
nosso país receitas no valor de 35
milhões de dólares por ano.
São responsabilidades importantes,
estas, que em parte assentam também
nos ombros dos militares da
Componente Naval.
É necessário grande profissionalismo,
formação técnica, rigor, disciplina
e vontade de servir para estar à
altura de cumprir estas responsabilidades
que o país vos pede.
Apelo ao vosso sentido de honra e
ao vosso espírito de militares, para
desempenharem sempre as vossas
missões com disciplina, profissionalismo,
e espírito de serviço à comunidade,
ao povo e ao país.
A Componente Naval só foi possível,
no seu início, em 2001, devido à
assistência amiga e desinteressada
de Portugal. Foi também com o apoio
de Portugal que formámos os seus
efectivos, incluindo o seu quadro de
oficiais superiores, que beneficiaram
de formação altamente especializada,
própria de uma marinha moderna
e avançada.
E hoje é com a importante participação
de militares da Armada Portuguesa
que a vossa formação foi realizada.
A amizade desinteressada de Portugal
e a importância atribuída às nossas
relações fraternais é testemunhada
pela visita que, nesta data,
fazem ao nosso país o senhor Almirante
Fernando Melo Gomes, Chefe
de Estado Maior da Armada Portuguesa
e o senhor Contra Almirante
Silva Ribeiro, Subchefe do mesmo
Estado Maior, bem como pela visita
que nos faz o navio-escola Sagres,
navio-emblema e embaixador de
Portugal nos mares.
Através do Senhor Almirante Melo
Gomes quero agradecer a toda a
Armada Portuguesa a dedicação que
nos tem manifestado. Saúdo em
especial os oficiais que nos ajudam a
realizar o plano de formação das F-
FDTL.
Saúdo também o senhor Capitão de
Fragata, Proença Mendes, comandante
do navio Sagres, a quem dou
as boas vindas.
Através do senhor Embaixador de
Portugal, Luís Barreira de Sousa,
transmito ao Governo e ao Povo de
Portugal o reconhecimento reiterado
de Timor-Leste pelo apoio amigo que
nos têm dado.
Ao Senhor Genaral Taur Matan
Ruak, Chefe do Estado Maior General
das F-FDTL dou os meus parabéns
e o meu abraço fraterno, pelo
grande trabalho de renovação e desenvolvimento
das F-FDTL, de que
estas unidades da componente naval
são exemplo. Peço ao irmão Taur
que transmita a todos os militares
das F-FDTL o reconhecimento e o
apreço do Comandante-Chefe das
Forças Armadas.
A todos Muito Obrigado.
Dezembro 2010 – №3
Defeza
Discurso por ocasião da imposição das boinas aos militares do 1º Destacamento de Fuzileiros Navais
e da graduação do 2º Curso de Especialidade de Marinha da Componente Naval das F-FDTL
Porto de Díli, 17 de Setembro de 2010