comunicação, literatura e poder: uma análise da influencia ... - Unesp

Essa participação da literatura nos temas cotidianos ganha mais força com o
advento das redes sociais de internet que torna possível o que Castells defende de
sociedade organizada, tendo a tecnologia como mediadora da comunicação entre as
pessoas. Para Nunes (2009),
[...] as redes sociais fizeram com que as pessoas tivessem maior
liberdade de expressão. (...) as pessoas poderiam usar isso de forma
mais interessante. Existem na rede movimentos bastante positivos, por
exemplo, em apoio à saúde da mulher. Então, utilizar as redes sociais
para dar vazão à indignação pode ser ruim, mas tem lados positivos.
As redes sociais têm essa dimensão que é muito boa. É a possibilidade
de expressão.
É importante observar neste caso o papel cívico não só da literatura, mas também
da Internet que, como foi possível notar, comprovou que as redes sociais podem
funcionar como uma ferramenta eficaz para a disseminação de ideias e organização de
campanhas em prol de um objetivo maior, neste caso a discussão sobre o Novo Código
Florestal. A possibilidade de “compartilhar”, “curtir” ou “comentar” ideias e opiniões
corrobora para que a rede seja percebida como um espaço para debates, aberto para
qualquer tipo de “manifestação”.
É possível afirmar que a literatura consegue hoje participar e incentivar
discussões nas redes sociais da internet trazendo à esfera pública, importantes debates
de questões de interesse dos atores civis. Gomes (2006, p. 56) apresenta como proposta
de interpretação para o significado de esfera pública: “esfera pública como o domínio
daquilo que é público, isto é, daquilo sobre a qual se pode falar sem reservas e em
circunstâncias de visibilidade social”.
Olhando do ponto de vista da Internet como espaço de discussão, uma
consideração valida é que a literatura soube aproveitar a abertura desse ambiente para
debates mais sérios, reforçando seu papel de instituição social, adequando a linguagem,
aproximando seus personagens da realidade socioeconômica atual e, principalmente,
contribuindo com discussões públicas importantes para o bem estar social.
Além de utilizar o discurso dos personagens para trazer a tona questões de
relevância pública, o autor Maurício de Sousa procura também aproximar suas criações
de questões de políticas públicas desenvolvendo personagens voltados à inclusão social.
A criação dos personagens “Dorinha” e “Luca” mostram a preocupação de Sousa em
tratar temas da realidade cotidiana da criança apresentando a questão da inclusão social
de maneira natural e bem-humorada.