comunicação, literatura e poder: uma análise da influencia ... - Unesp
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Dorinha é a primeira personagem deficiente visual de Sousa, inspira<strong>da</strong> em Dorina<br />
Nowil, <strong>uma</strong> mulher que perdeu a visão quando criança e hoje dá nome à Fun<strong>da</strong>ção<br />
Dorina Nowil, instituição referência que trata de cegos. Cria<strong>da</strong> em 2004, a personagem<br />
surgiu nas histórias <strong>da</strong> Turma <strong>da</strong> Mônica com o objetivo de mostrar as crianças <strong>uma</strong><br />
nova forma de ver a vi<strong>da</strong>.<br />
O criador <strong>da</strong> Turma <strong>da</strong> Mônica, Maurício de Sousa, decidiu abor<strong>da</strong>r a<br />
inclusão em seus quadrinhos para mostrar que as crianças portadoras<br />
de necessi<strong>da</strong>des especiais têm a mesma capaci<strong>da</strong>de de aprender, sentir<br />
e brincar como as outras. No Brasil, as crianças com deficiência são<br />
segrega<strong>da</strong>s. Nos quadrinhos elas são capazes, tanto que a Dorinha<br />
participa <strong>da</strong>s aventuras como qualquer outro personagem, afirma o<br />
desenhista (GURGELL, 2002, p.6)<br />
A primeira aparição de Dorinha nas histórias <strong>da</strong> Turma <strong>da</strong> Mônica acontece no<br />
momento em que os personagens estão brincando de cabra-cega e surpreende os amigos<br />
ao mostrar a facili<strong>da</strong>de com que executa a ativi<strong>da</strong>de. No decorrer <strong>da</strong> história, o autor<br />
apresenta as características dos portadores de necessi<strong>da</strong>des especiais visuais, bem como<br />
essas pessoas tem suas habili<strong>da</strong>des e sentidos aguçados como o tato, a audição e o<br />
olfato, e os instrumentos que lhes dão apoio nas ativi<strong>da</strong>des cotidianas: a bengala, os<br />
óculos e o cão-guia.<br />
O personagem Luca, apresentado no mesmo ano, é um garoto cadeirante, amante<br />
dos esportes, principalmente de basquete, que foi apeli<strong>da</strong>do carinhosamente pelos<br />
amigos de “Da Ro<strong>da</strong>”. A ideia de Maurício de Sousa foi de desenvolver um personagem<br />
que pudesse mostras às crianças que é possível ter <strong>uma</strong> infância feliz e interativa<br />
independente de qualquer deficiência física.<br />
Nas histórias, detalhes como marcas de pneus no gramado; barras de apoio no<br />
banheiro; pia, cesta de basquete e espelho instalados em altura menor que a<br />
convencional aparecem nos quadrinhos e são explicados com naturali<strong>da</strong>de pelo menino,<br />
que utiliza cadeira de ro<strong>da</strong>s. Fã do cantor Herbert Vianna e <strong>da</strong> ban<strong>da</strong> Paralamas do<br />
Sucesso, o personagem recebe também dos amigos o apelido de “Paralaminha”.<br />
Mauricio de Sousa desenvolveu ain<strong>da</strong> outros personagens com deficiências, como<br />
um menino chamado Humberto, que não fala, mas vive as aventuras com a turma, a<br />
garotinha Tati com Síndrome de Down, André, o menino autista, Almir, outro<br />
deficiente físico e Marina, a superdota<strong>da</strong> que adora desenhar. Referencia-se aqui o que<br />
Aguiar e Bordini (1993) salientam sobre a importância de relacionar leitor e reali<strong>da</strong>de,<br />
ou seja, aproximar ao máximo o leitor <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de que está estampa<strong>da</strong> na narrativa.