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Sexoe o Hemisfério - International Planned Parenthood Federation ...

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Argentina, incorporaram este e outros tratados em suas<br />

respectivas Constituições. Além disso, a maioria dos países da<br />

região reconhece o direito à saúde em suas Constituições.<br />

Conseqüentemente, na América Latina e no Caribe, o direito à<br />

saúde não é opcional: constitui uma obrigação do governo, e<br />

é, na maioria dos casos, um direito Constitucional. Chiarotti<br />

observou que este aspecto tem dois efeitos específicos.<br />

Primeiramente, ele condiciona os tipos de acordos que os<br />

governos podem firmar, como, por exemplo, o de livre<br />

comércio. A minuta mais recente do Acordo de Livre Comércio<br />

entre as Américas propõe colocar os serviços de saúde no<br />

pacote de serviços que podem ser comercializados e<br />

privatizados. Na opinião de Chiarotti, isto seria ilegal e seria<br />

uma contravenção aos diretos humanos. Em segundo lugar,<br />

considerar a saúde, incluindo a saúde sexual e reprodutiva,<br />

como um direito não negociável pode conduzir a uma<br />

mudança qualitativa nas atitudes e comportamentos do<br />

pessoal da área de saúde de todos os níveis em relação ao<br />

seu público. Ela descreveu o tratamento, muitas vezes<br />

chocante, que as mulheres pobres enfrentam nos hospitais<br />

públicos da Argentina, especialmente quando se trata de<br />

saúde sexual e reprodutiva:<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Diversas mulheres são humilhadas e discriminadas nos<br />

serviços de saúde pública porque são mulheres, são pobres,<br />

são gordas, são indígenas, engravidam repetidamente,<br />

porque pecaram... Eu posso confirmar, baseada na minha<br />

prática profissional como advogada, que, nos serviços de<br />

emergência, um ladrão ferido numa troca de tiros é melhor<br />

tratado do que uma mulher que chega ao serviço com<br />

hemorragia devido a um aborto... esta mulher é submetida<br />

a um julgamento moral sobre sua vida, sobre sua vida<br />

sexual e, então, o julgamento torna-se uma punição:<br />

insultos, tratamento indevido, recusa em atender os seus<br />

pedidos por água, comida, analgésicos. “Se você pecou vai<br />

ter que pagar por isto”. Este tipo de tratamento<br />

desencoraja a mulher a retornar ao sistema de saúde<br />

pública para receber e continuar o tratamento que pode<br />

salvar a sua vida e a sua saúde, assim como evitar a<br />

próxima gravidez, o próximo aborto... As autoridades<br />

políticas e de saúde pública ainda não perceberam o<br />

escopo do problema e o baixo custo da mudança de<br />

atitudes. Entretanto, não existe diferença de custos<br />

quando falamos de discriminação e não-discriminação. E os<br />

benefícios de um tratamento de qualidade, respeitoso e<br />

não discriminatório, são enormes e podem ser mensurados<br />

em termos de qualidade de vida.<br />

Susana Chiarotti, CLADEM<br />

Chiarotti descreveu as ações tomadas pelo CLADEM para<br />

enfrentar a situação, incluindo apresentação de uma queixa<br />

contra a Argentina no Comitê das Nações Unidas Contra<br />

Torturas, após ter realizado entrevistas com centenas de<br />

mulheres em seis hospitais públicos, as quais revelaram um<br />

padrão de abuso flagrante. Esta medida provou ser eficaz,<br />

resultando na reforma de protocolos de atenção clínica nos<br />

hospitais, seminários com o pessoal de saúde, assim como<br />

treinamento pré-serviço e em serviço para médicos e<br />

enfermeiras. Ela observou que, atualmente, tanto os<br />

provedores de saúde quanto as pacientes encaram seus<br />

papéis de maneira diferente. As mulheres percebem que<br />

estão pagando por estes serviços através dos impostos e,<br />

conseqüentemente, podem exigir um bom atendimento, e,<br />

assim, o pessoal de saúde mudou suas atitudes. Os<br />

instrumentos de direitos humanos provaram ser um<br />

mecanismo eficaz de cumprimento da legislação; eles têm<br />

dentes e podem ser utilizados em tempo real para defender<br />

as vítimas de abuso.<br />

Durante as discussões, os/as participantes enfatizaram o<br />

impacto adverso do fundamentalismo religioso sobre os<br />

programas de saúde sexual e reprodutiva e debateram<br />

Rebecca Cook, Professora da Universidade de Toronto, no painel sobre<br />

os direitos humanos, os ODM e a saúde sexual e reprodutiva no<br />

Simpósio do Rio.<br />

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