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Sexoe o Hemisfério - International Planned Parenthood Federation ...

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Sexo<br />

e o <strong>Hemisfério</strong><br />

<br />

OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO E SAÚDE<br />

SEXUAL E REPRODUTIVA NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE<br />

<br />

RELATÓRIO DE DOIS SIMPÓSIOS


Sexo<br />

e o <strong>Hemisfério</strong><br />

OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO<br />

E SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE<br />

<br />

RELATÓRIO DE DOIS SIMPÓSIOS<br />

Nova Iorque, 20 de outubro de 2004<br />

Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2004


Sexo<br />

e o <strong>Hemisfério</strong>:<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e<br />

Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

2<br />

Relatório de dois simpósios<br />

Realizados em Nova Iorque, 20 de outubro de 2004 e<br />

Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2004<br />

Convocados como parte da Iniciativa Contagem Regressiva 2015<br />

(Countdown 2015 Initiative) por:<br />

Federação Internacional de Planejamento Familiar /Região do <strong>Hemisfério</strong> Ocidental (IPPF/RHO)<br />

Rede de Saúde de Mulheres da América Latina e Caribe (RSMLAC)<br />

Rede Latino-Americana de Católicas pelo Direito de Decidir (Rede CDD)<br />

Rede de Jovens da América Latina e Caribe para Direitos Sexuais e Reprodutivos (RedLAC)<br />

Associação Caribenha para Pesquisas e Ações Feministas (CAFRA)<br />

Em colaboração com a BEMFAM (Bem-Estar Familiar no Brasil), Population Action <strong>International</strong><br />

e Family Care <strong>International</strong><br />

Com apoio generoso das seguintes instituições:<br />

Fundo de População das Nações Unidas<br />

Fundação das Nações Unidas<br />

União Européia<br />

Comitê do Programa: Adrienne Germain, Lynn Freedman, Carmen Barroso e Françoise Girard<br />

Elaborado por: Françoise Girard, consultora da IPPF/RHO<br />

* Os Simpósios sobre Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e Caribe foram<br />

organizados com assistência da União Européia. O conteúdo e os resultados dos simpósios constituem responsabilidade exclusiva da<br />

campanha Contagem Regressiva 2015 e sob nenhuma circunstância podem ser considerados como pontos de vista da União Européia.<br />

*


Índice<br />

Prefácio 5<br />

Destaques 6<br />

Introdução<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Programa de Ação CIPD:<br />

7<br />

Enfatizando as semelhanças, resolvendo as diferenças 10<br />

Saúde sexual e reprodutiva e pobreza na América Latina e Caribe:<br />

Foco nos/as mais pobres<br />

20<br />

De que maneira a saúde sexual e reprodutiva contribui para<br />

a realização dos ODM?<br />

22<br />

Quais políticas asseguram acesso eqüitativo à saúde sexual e reprodutiva? 25<br />

Direitos humanos, os ODM e saúde sexual e reprodutiva 29<br />

Reforma do setor de saúde, política macroeconômica,<br />

saúde sexual e reprodutiva e os ODM<br />

33<br />

Quanto custa assegurar acesso universal à saúde sexual e reprodutiva?<br />

Quais são os beneficios?<br />

38<br />

Estratégias da sociedade civil para vencer desafios na<br />

implementação dos ODM<br />

44<br />

Conclusão 45<br />

3


4<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Índice<br />

Caixas de Texto:<br />

Caixa 1 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, Metas e Indicadores 11<br />

Caixa 2 Programa de Ação CIPD e CIPD+5: Objetivos e Metas 14<br />

Caixa 3 Recomendações do Projeto do Milênio das Nações Unidas<br />

e suas Forças-Tarefa em saúde sexual e reprodutiva<br />

17<br />

Caixa 4 Os ODM não substituem os acordos internacionais prévios<br />

Caixa 5 Resoluções recentes afirmando a importância da saúde<br />

19<br />

sexual e reprodutiva para a realização dos ODM 24<br />

Anexos:<br />

Anexo 1 Programas de Nova Iorque e do Rio de Janeiro 46<br />

Anexo 2 Organizações co-organizadoras 47<br />

Anexo 3 Notas Biográficas dos/as palestrantes e painelistas 48<br />

Anexo 4 Lista de participantes, Nova Iorque e Rio de Janeiro 52


Prefácio<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Durante a Cúpula do Milênio realizada em<br />

setembro de 2000, os líderes mundiais<br />

adotaram a Declaração do Milênio e se<br />

comprometeram, em nome dos seus<br />

países, com uma parceria global para<br />

reduzir a pobreza extrema, melhorar a<br />

saúde e promover a paz, os direitos<br />

humanos, a igualdade de gênero e a<br />

sustentabilidade ambiental. É chegado o momento em que<br />

estes países devem cumprir tais promessas históricas e<br />

direcionar esforços concretos para eliminar a pobreza extrema.<br />

É importante destacar que os Objetivos de Desenvolvimento<br />

do Milênio (ODM) marcam uma forte retomada dos<br />

compromissos acordados na Conferência Internacional de<br />

População e Desenvolvimento realizada em 1994 (CIPD) e<br />

servem para ampliar a visão, as aspirações e as metas daquele<br />

evento marcante. A realização de alguns Objetivos – incluindo<br />

a melhoria da saúde materna, a redução da mortalidade<br />

infantil, a promoção da equidade de gênero e o combate ao<br />

HIV/AIDS – depende diretamente da garantia de acesso amplo<br />

aos serviços de saúde sexual e reprodutiva.<br />

Outros ODM, a exemplo da redução da pobreza extrema e da<br />

sustentabilidade ambiental, compartilham uma relação menos direta<br />

– embora ainda importante – com a saúde sexual e reprodutiva.<br />

O Projeto do Milênio da ONU denominado “Investindo no<br />

Desenvolvimento: Um Plano Prático para Realizar os Objetivos de<br />

Desenvolvimento do Milênio”, assim como os relatórios de suas<br />

Forças-Tarefa, estabelecem recomendações enfáticas sobre a<br />

importância crítica do aumento de investimentos nas áreas de<br />

saúde, educação e infra-estrutura para a realização dos Objetivos<br />

de Desenvolvimento do Milênio. Enfrentar e resolver os problemas<br />

de população e saúde sexual e reprodutiva são fundamentais para<br />

o êxito de tais esforços. As mensagens dos relatórios indicam que:<br />

● a garantia do acesso às informações e aos serviços de saúde<br />

sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar<br />

voluntário, constitui elemento essencial para a realização<br />

dos ODM;<br />

● a equidade de gênero é essencial para a realização dos ODM,<br />

entretanto tal equidade não pode ser realizada sem a garantia<br />

da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e<br />

das meninas;<br />

● o rápido crescimento populacional, as altas taxas de<br />

fertilidade e as gravidezes prematuras conduzem os países a<br />

uma armadilha demográfica e, consequentemente,<br />

perpetuam a o ciclo da pobreza;<br />

● sistemas de saúde eficazes são necessários para garantir o<br />

acesso universal aos serviços de saúde, sendo que os<br />

programas de saúde sexual e reprodutiva precisam ser<br />

integrados a sistemas de saúde atuantes.<br />

Estes dois simpósios enfatizaram os diversos problemas-chave<br />

enfrentados pelos países da América Latina e do Caribe para<br />

realizar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Devido às<br />

graves inequidades existentes nesta região, a realização de tais<br />

Objetivos exigirá um forte enfoque na melhoria dos serviços<br />

básicos de saúde a fim de que os mesmos possam alcançar as<br />

populações pobres, marginalizadas ou sem assistência. Este<br />

enfoque é especialmente importante em se tratando dos serviços<br />

de saúde sexual e reprodutiva, já que as populações pobres<br />

apresentam maiores taxas de crescimento populacional, gravidez<br />

entre adolescentes e mortalidade materna. Conseqüentemente, as<br />

estratégias de redução de pobreza baseadas nos ODM devem ser<br />

especificamente direcionadas para as regiões e populações<br />

empobrecidas e marginalizadas, devendo incluir uma abordagem<br />

ampla para resolver os problemas existentes na área da saúde<br />

reprodutiva, incluindo o acesso aos métodos de planejamento<br />

familiar, atenção médica para partos seguros e emergências<br />

obstétricas, assim como o acesso à prevenção, tratamento e<br />

atenção em HIV/AIDS.<br />

A Iniciativa Contagem Regressiva 2015 merece nossos<br />

agradecimentos pela organização dos simpósios e por destacar o<br />

importante papel desempenhado pela saúde sexual e reprodutiva<br />

na realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.<br />

Stan Bernstein<br />

Assessor, Política de Saúde Sexual e Reprodutiva,<br />

Projeto do Milênio da ONU<br />

Jeffrey D. Sachs<br />

Diretor, Projeto do Milênio da ONU<br />

Diretor, Earth Institute, Universidade de Columbia<br />

Abril de 2005<br />

5


6<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Destaques<br />

As discussões mantidas nos<br />

simpósios sobre os Objetivos de<br />

Desenvolvimento do Milênio e saúde<br />

sexual e reprodutiva (SSR) na<br />

América Latina e no Caribe,<br />

realizados em Nova Iorque e Rio de<br />

Janeiro, foram, em muitos aspectos,<br />

renovadoras e re-energizantes para<br />

a comunidade que atua na área de saúde e direitos sexuais e<br />

reprodutivos na região. Estes simpósios constituíram uma<br />

rara ocasião onde foram examinados os esforços necessários<br />

para impulsionar a agenda de SSR num contexto mais amplo<br />

– aquele da erradicação da pobreza – quando comparados<br />

aos demais eventos realizados desde a Conferência<br />

Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD) em<br />

1994. Paradoxalmente, nós devemos esta oportunidade à<br />

Declaração do Milênio e Objetivos de Desenvolvimento do<br />

Milênio (ODM). Os ODM causaram um certo desapontamento<br />

à comunidade de saúde reprodutiva, entretanto, geraram<br />

atenção e debates renovados sobre a condição crítica dos<br />

mais pobres nos países em desenvolvimento e a melhor<br />

forma de resolver as suas necessidades.<br />

Embora o formato dos Simpósios não tenha contemplado a<br />

adoção de uma declaração formal, as seguintes conclusõeschave<br />

resultaram dos mesmos:<br />

1. Saúde e direitos sexuais e reprodutivos e a implementação<br />

total do Programa de Ação CIPD e do CIPD+5 são essenciais<br />

para erradicar a pobreza e realizar os ODM. A declaração foi<br />

citada enfaticamente por seis das Forças-Tarefa do Projeto do<br />

Milênio das Nações Unidas, assim como pelo Relatório Final do<br />

Projeto.<br />

2. A desigualdade constitui o maior desafio para a erradicação<br />

da pobreza e garantia de saúde na América Latina e no Caribe.<br />

Os níveis relativamente altos de renda per capita mascaram o<br />

sofrimento dos mais pobres na região. Existe uma<br />

necessidade urgente de renovação de foco nas medidas de<br />

justiça social e políticas de redistribuição de renda em nível<br />

nacional, assim como para que os gastos orçamentários<br />

alcancem os mais pobres.<br />

3. A política macroeconômica existente deve ser<br />

responsabilizada pela sua falta de preocupação com<br />

investimentos nos setores sociais e no bem-estar das<br />

populações. A privatização dos sistemas de saúde e as<br />

medidas de “recuperação de custos” de maneira geral<br />

causaram impactos negativos para as populações mais pobres<br />

na América Latina e no Caribe, particularmente para as<br />

mulheres. A ênfase atual nos cortes orçamentários, abertura<br />

de mercado e promoção de monopólio nos direitos<br />

intelectuais restringem gravemente a capacidade dos<br />

governos para realizar os ODM.<br />

4. Um pacote completo de serviços de saúde sexual e<br />

reprodutiva, incluindo tratamento para portadores/as de HIV,<br />

representa um investimento de grandes dimensões, contudo,<br />

trará benefícios importantes tanto para a saúde quanto para a<br />

economia. Os custos da falta de ação são muito elevados e<br />

devem ser levados em consideração ao se avaliar custos<br />

líquidos, seja no campo do HIV/AIDS ou no campo da<br />

mortalidade materna. O principal impedimento para uma<br />

cobertura total em países como a Colômbia é o custo dos<br />

medicamentos e suprimentos, estabelecidos por tratados<br />

bilaterais firmados com os Estados Unidos


Introdução<br />

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, particularmente<br />

a erradicação da pobreza extrema e da fome, não podem ser<br />

realizados caso as questões de população e saúde<br />

reprodutiva não sejam resolvidas adequadamente. E isto<br />

significa esforços mais contundentes para a promoção dos<br />

direitos das mulheres, assim como maiores investimentos em<br />

educação e saúde, incluindo saúde reprodutiva e<br />

planejamento familiar.<br />

Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan,<br />

16 de dezembro de 2002<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Em setembro de 2000, a Assembléia Geral<br />

das Nações Unidas adotou a Declaração do<br />

Milênio como parâmetro para reduzir pela<br />

metade o número de pessoas vivendo em<br />

condições de extrema pobreza até o ano<br />

2015. A Declaração do Milênio não<br />

reafirmou o objetivo geral de tornar<br />

“acessível, através do sistema de saúde<br />

básica, serviços de saúde reprodutiva para todas as pessoas<br />

de idades apropriadas, o mais breve possível, antes do ano<br />

2015”, estabelecido pela Conferência Internacional de<br />

População e Desenvolvimento (CIPD), em 1994. Ainda assim, a<br />

Declaração especificou que ações devem ser tomadas para se<br />

reduzir os índices das mortalidades infantil e materna,<br />

reverter a disseminação da AIDS, promover igualdade de<br />

gênero e combater a violência contra as mulheres – todos<br />

estes são temas centrais do CIPD.<br />

Os Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM),<br />

assim como as metas e indicadores adotados pela Assembléia<br />

Geral, em setembro de 2001, como parte do Plano para<br />

Execução da Declaração do Milênio (Road Map), seguiram um<br />

padrão similar. Os ODM incluíram três metas – melhorar a<br />

saúde materna, reduzir a mortalidade infantil e combater o<br />

HIV/AIDS – que estão diretamente relacionadas à saúde<br />

sexual e reprodutiva, ao passo que outros quatro objetivos –<br />

erradicar pobreza extrema e fome; promover o acesso à<br />

educação primária universal; promover igualdade de gênero e<br />

capacitar as mulheres; e garantir sustentabilidade ambiental<br />

– têm uma relação íntima com saúde, incluindo saúde sexual<br />

e reprodutiva. Entretanto, os ODM silenciam sobre tópicoschave,<br />

a exemplo de contracepção e planejamento familiar,<br />

serviços de saúde para adolescentes e violência sexual.<br />

Desde então, muitos governos e o sistema da ONU<br />

reorganizaram seu trabalho com base nos ODM, com ênfase<br />

particular (e possivelmente excessiva) nas metas e<br />

indicadores selecionados para medir a sua realização. O Banco<br />

Mundial integrou a estrutura dos Objetivos do Milênio em<br />

suas diretrizes para elaboração, pelos países em<br />

desenvolvimento, dos Documentos Estratégicos para Redução<br />

de Pobreza (Poverty Reduction Strategy Papers, PRSPs). Os<br />

ODM tornaram-se um ponto de referência importante para os<br />

esforços destinados a erradicar a pobreza e a promover o<br />

desenvolvimento.<br />

Ainda assim, ativistas, atuando no campo da saúde sexual<br />

e reprodutiva, permaneceram inseguros quanto à postura que<br />

deveriam ter em relação aos ODM. Algumas pessoas rejeitam<br />

os ODM de maneira assertiva devido à atenção incompleta<br />

dada à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos. Outras<br />

criticam os ODM como desvio e diluição dos acordos<br />

internacionais prévios. Muitos não acreditam que os seus<br />

governos estejam propensos a prestar atenção nestes<br />

objetivos e que os ODM não são de fato ambiciosos o<br />

suficiente para se tornar relevantes para a realidade dos<br />

países de renda média e até mesmo de renda média-baixa.<br />

Este tem sido um problema particular para a América Latina e<br />

Caribe, locais onde apenas alguns poucos governos engajaram<br />

-se no processo PRSP. Além disso, as desigualdades<br />

socioeconômicas marcantes que caracterizam a maioria dos<br />

países da América Latina tornaram excessivamente real a<br />

perspectiva de que os Objetivos poderiam ser “alcançados”<br />

nas estatísticas nacionais sem a resolução prévia das<br />

condições críticas das populações mais pobres vivendo em<br />

cada país.<br />

7


8<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Simpósio do Rio, da direita para a esquerda: Steven Sinding, Diretor-<br />

Geral, IPPF; Monty Eustace, Presidente, IPPF/Região do <strong>Hemisfério</strong><br />

Ocidental; Carmen Barroso, Diretora Regional da IPPF/Região do<br />

<strong>Hemisfério</strong> Ocidental.<br />

Caren Grown, Diretora de Redução da Pobreza, <strong>International</strong> Center for<br />

Research on Women, atuando como moderadora do painel sobre custos e<br />

benefícios do acesso universal de saúde sexual e reprodutiva em Nova<br />

Iorque.<br />

À luz destes debates e dúvidas contínuas, a Federação<br />

Internacional de Planejamento Familiar/Região do <strong>Hemisfério</strong><br />

Ocidental (IPPF/RHO), Rede de Saúde de Mulheres da América<br />

Latina e Caribe (RSMLAC), Red Latinoamericana de Católicas<br />

pelo Direito de Decidir (Rede CDD), Associação Caribenha para<br />

Pesquisas e Ações Feministas (CAFRA) e Rede de Jovens<br />

Latino-Americanos e Caribenhos pelos Direitos Sexuais e<br />

Reprodutivos (RedLAC) decidiram organizar dois simpósios<br />

abordando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e a<br />

saúde sexual e reprodutiva na América Latina e Caribe. O<br />

primeiro simpósio foi realizado em Nova Iorque, em 20 de<br />

outubro de 2004, ao passo que o segundo foi realizado no Rio<br />

de Janeiro, em 30 de novembro do mesmo ano.<br />

O evento realizado no Rio de Janeiro foi precedido por um<br />

simpósio denominado “Saúde Sexual e Reprodutiva e os ODM:<br />

Desafios e Novas Perspectivas no Brasil”, tendo sido<br />

organizado pela BEMFAM e IPPF/RHO, reunindo 175 decisores<br />

brasileiros/as, ativistas da sociedade civil, acadêmicos e<br />

jornalistas, para discutir a situação da implementação dos<br />

ODM no Brasil e sua interface com o Programa de Ação CIPD.<br />

Os simpósios integraram uma série de reuniões e eventos<br />

realizados em todo o planeta, sob o “guarda-chuva” do<br />

Projeto Contagem Regressiva 2015, para marcar o décimo<br />

aniversário do CIPD e revigorar a implementação de seu<br />

Programa de Ação de Cairo. Os eventos foram organizados<br />

sob os auspícios da IPPF, Family Care <strong>International</strong> e<br />

Population Action <strong>International</strong>, contando com um amplo<br />

comitê diretor composto por diversas ONG.


Cada simpósio reuniu mais de 250 participantes, incluindo<br />

decisores, a exemplo de representantes dos governos da<br />

América Latina e Caribe e agências da ONU, assim como<br />

representantes da sociedade civil, da academia e da<br />

imprensa. As discussões realizadas em Nova Iorque<br />

focalizaram a contribuição de intervenções de saúde sexual e<br />

reprodutiva para a realização dos ODM, com um exame<br />

detalhado de quais políticas podem garantir acesso<br />

eqüitativo à saúde sexual e reprodutiva, o custo financeiro<br />

destas medidas e seus respectivos benefícios. As discussões<br />

realizadas no Rio de Janeiro consideraram os resultados do<br />

simpósio de Nova Iorque para abordar com maior<br />

profundidade a interação entre os ODM, saúde sexual e<br />

reprodutiva e direitos humanos, reforma do setor de saúde, e<br />

política macroeconômica na América Latina e Caribe. Também<br />

foram debatidas estratégias da sociedade civil para vencer os<br />

desafios na implementação regional dos ODM.<br />

Nosso objetivo com estes simpósios consistiu em avançar<br />

os conhecimentos e impulsionar uma maior mobilização da<br />

sociedade civil e de decisores em torno das oportunidades<br />

oferecidas pelos ODM. Nós também esperávamos que estes<br />

simpósios gerassem engajamento crítico dos/as<br />

legisladores/as em relação aos ODM, a fim de assegurar que a<br />

saúde e os direitos sexuais e reprodutivos sejam parte<br />

integrante desta estrutura de desenvolvimento. O relatório<br />

do Projeto de Desenvolvimento do Milênio da ONU, publicado<br />

em 17 de janeiro de 2005, que refletiu o excelente trabalho de<br />

pesquisa e políticas feito pelas Forças-Tarefa do Projeto,<br />

incluiu recomendações proeminentes sobre saúde e direitos<br />

sexuais e reprodutivos como elementos essenciais de<br />

planejamento para redução da pobreza e desenvolvimento.<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Silvia Pimentel, do Comitê da ONU para Eliminação da Discriminação<br />

Contra Mulheres, contribui com o debate em Nova Iorque.<br />

Acreditamos que os simpósios contribuíram de alguma<br />

forma para a criação de um ambiente de apoio para tais<br />

recomendações. Esperamos que o presente relatório ajude a<br />

garantir que o bom trabalho do Projeto seja totalmente<br />

refletido no plano de ação a ser aprovado pela Assembléia<br />

Geral da ONU, em setembro de 2005, durante reunião de<br />

cúpula, que analisará a implementação da Declaração do<br />

Milênio. Esperamos que este relatório também gere<br />

discussões contínuas para informar as nossas atividades, à<br />

medida que lutamos para erradicar a pobreza e permitir<br />

acesso de todos/as às informações e serviços de saúde sexual<br />

e reprodutiva antes do ano 2015.<br />

Participantes do Uruguai no<br />

Simpósio do Rio. Da direita para a<br />

esquerda: Margarita Percovich,<br />

Parlamentar; Monica Xavier,<br />

Senadora; Lilian Abracinskas, Mujer<br />

y Salud Uruguay; Cristina Grela,<br />

Coordenadora da Saúde da Mulher,<br />

Ministério da Saúde; Miguel<br />

Fernández Galeano, Vice-Ministro<br />

da Saúde.<br />

9


10<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e<br />

Programa de Ação CIPD: Enfatizando as<br />

semelhanças, resolvendo as diferenças<br />

Steven W. Sinding, Diretor Geral da<br />

Federação Internacional de Planejamento<br />

Familiar (IPPF) e Carmen Barroso, Diretora<br />

Regional da Região do <strong>Hemisfério</strong><br />

Ocidental da IPPF abriram ambos<br />

simpósios enfatizando que os ODM<br />

possuem muita coisa em comum com a<br />

visão da Conferência Internacional sobre<br />

População e Desenvolvimento (CIPD), realizada em 1994.<br />

Existe ainda muito a se ganhar ao enfatizar as similaridades<br />

entre as duas estruturas, enquanto formas efetivas e<br />

produtivas são encontradas para resolver as eventuais<br />

diferenças.<br />

Conforme citado claramente no Plano (Road Map) criado<br />

para implementar os ODM e adotado pela Assembléia Geral,<br />

em 2001, os Objetivos do Milênio e suas respectivas metas e<br />

indicadores não são novos; em muitos aspectos, são uma<br />

reformulação de alguns objetivos, metas e indicadores<br />

adotados pelas principais conferências internacionais<br />

realizadas na década de 1990. Os ODM incluem metas para<br />

melhorar a saúde materno-infantil e combater a infecção pelo<br />

HIV. Entre elas:<br />

1. Reduzir em três quartos a taxa de mortalidade materna<br />

entre 1990 e 2015;<br />

2. Reduzir em dois terços a taxa de mortalidade de crianças<br />

com idade abaixo de cinco anos entre 1990 e 2015;<br />

3. Conseguir deter e começar a reverter a disseminação do<br />

HIV/AIDS até 2015.<br />

Painel sobre como as<br />

intervenções em saúde sexual e<br />

reprodutiva ajudarão a realizar os<br />

ODM, Simpósio de Nova Iorque.<br />

Da direita para a esquerda:<br />

Rogelio Fernández-Castilla,<br />

Diretor da Equipe de Suporte<br />

Nacional aos países da América<br />

Latina e Caribe, FNUAP; Jeffrey<br />

Sachs, Diretor do Earth Institute<br />

na Universidade de Columbia e<br />

Diretor do Projeto do Milênio da<br />

ONU; Paulo Teixeira, Coordenador<br />

Sênior do Programa DST/AIDS de<br />

São Paulo, Brasil; Adrienne<br />

Germain (moderadora),<br />

Presidente da <strong>International</strong><br />

Women’s Health Coalition.


CAIXA 1<br />

Objetivos de Desenvolvimento<br />

do Milênio, Metas e<br />

Indicadores *<br />

Objetivo 1. Erradicar a pobreza extrema e a fome<br />

Meta 1.<br />

Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção de pessoas<br />

cuja renda seja inferior a US$1 por dia<br />

Indicadores<br />

1. Proporção de populações com renda inferior a US$1 (1993<br />

PPP) por dia (Banco Mundial) a<br />

2. Proporção de gap de pobreza [incidência x intensidade da<br />

pobreza] (Banco Mundial)<br />

3. Compartilhar o quintil mais pobre em consumo nacional<br />

(Banco Mundial)<br />

Meta 2.<br />

Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção de pessoas<br />

atingidas pela fome<br />

Indicadores<br />

4. Prevalência de crianças de baixo peso com menos de cinco<br />

anos de idade (UNICEF-OMS)<br />

5. Proporção de pessoas abaixo do nível mínimo de consumo<br />

calórico na dieta (FAO)<br />

Objetivo 2. Atingir o ensino primário universal<br />

Meta 3.<br />

Assegurar que até 2015, crianças de todo o mundo, tanto<br />

meninos quanto meninas, sejam capazes de concluir o curso<br />

completo de escola primária<br />

Indicadores<br />

6. Taxa líquida de matrícula na educação primária (UNESCO)<br />

7. Proporção de alunos iniciando a 1 a série e que chegam à<br />

5 a série (UNESCO) b<br />

8. Taxa de pessoas alfabetizadas com idade de 15-24 anos<br />

(UNESCO)<br />

Objetivo 3. Promover igualdade entre os sexos<br />

e a capacitação das mulheres<br />

Meta 4.<br />

Eliminar a disparidade de gênero na educação primária e<br />

secundária, preferivelmente até 2005, e em todos os níveis de<br />

educação, antes de 2015<br />

Indicadores<br />

9. Proporção entre mulheres e homens na educação<br />

primária, secundária e terciária (UNESCO)<br />

10. Proporção entre mulheres e homens alfabetizados com<br />

idade entre 15-24 anos (UNESCO)<br />

11. Parcela de mulheres em empregos assalariados em<br />

setores não relacionados à agricultura (OIT)<br />

12. Proporção de cadeiras ocupadas por mulheres nos<br />

parlamentos nacionais (IPU)<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Objetivo 4. Reduzir a mortalidade de crianças<br />

Meta 5.<br />

Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a taxa de<br />

mortalidade de crianças com menos de cinco anos de idade<br />

Indicadores<br />

13. Taxa de mortalidade de crianças com idade abaixo de<br />

cinco anos (UNICEF-OMS)<br />

14. Taxa de mortalidade de crianças com menos de 1 ano de<br />

idade (UNICEF-OMS)<br />

15. Proporção de crianças com 1 ano de idade imunizadas<br />

contra sarampo (UNICEF-OMS)<br />

Objetivo 5. Melhorar a saúde materna<br />

Meta 6.<br />

Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de<br />

mortalidade materna<br />

Indicadores<br />

16. Taxa de mortalidade materna (UNICEF-OMS)<br />

17. Proporção de nascimentos assistidos por pessoal de saúde<br />

qualificado (UNICEF-OMS)<br />

Objetivo 6. Combater o HIV/AIDS,<br />

a malária e outras doenças<br />

Meta 7.<br />

Deter e começar a reverter a disseminação de<br />

HIV/AIDS antes de 2015<br />

Indicadores<br />

18. Prevalência de HIV entre mulheres grávidas com idade de<br />

15-24 anos (UNAIDS-OMS-UNICEF)<br />

19. Taxa de uso de preservativo comparada à taxa de<br />

prevalência de anticoncepcionais (Divisão de População<br />

da ONU) c<br />

19a. Uso de preservativo na última relação sexual de alto risco<br />

(UNICEF-OMS)<br />

19b. Porcentagem de populações com 15-24 anos<br />

demonstrando conhecimento amplo e correto sobre<br />

HIV/AIDS (UNICEF-OMS) d<br />

19c. Taxa de prevalência de métodos anticoncepcionais<br />

(Divisão de População da ONU)<br />

20. Proporção de freqüência escolar entre órfãos comparada à<br />

freqüência escolar de não-órfãos com idade entre 10-14<br />

anos (UNICEF-UNAIDS-OMS)<br />

Meta 8.<br />

Deter até 2015 e começar a reverter a incidência de malária e<br />

de outras doenças importantes<br />

Indicadores<br />

21. Taxas de prevalência e morte associadas a malária (OMS)<br />

22. Proporção de populações vivendo em áreas de risco de<br />

malária utilizando prevenção efetiva contra a doença e<br />

medidas de tratamento (UNICEF-OMS) e<br />

11


12<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong>:<br />

23. Taxas de prevalência e morte associadas a tuberculose<br />

(OMS)<br />

24. Proporção de casos de tuberculose detectados e curados<br />

conforme preconizado pelo DOTS (estratégia de controle<br />

de tuberculose recomendada internacionalmente) (OMS)<br />

que aplica medidas eficaces de prevención y tratamiento<br />

de (UNICEF-OMS)<br />

Objetivo 7. Garantir a sustentabilidade<br />

ambiental<br />

Meta 9.<br />

Integrar os princípios de desenvolvimento sustentável com as<br />

políticas e programas nacionais e reverter a perda dos recursos<br />

ambientais<br />

Indicadores<br />

25. Proporção de superfície territorial coberta por florestas<br />

(FAO)<br />

26. Proporção de superfície protegida para manter a<br />

diversidade biológica comparada com a superfície<br />

geográfica (UNEP-WCMC)<br />

27. Uso de energia (equivalente a kg petróleo) por US$1 PIB<br />

(PPP) (IEA, Banco Mundial)<br />

28. Emissões de dióxido de carbono per capita (UNFCCC,<br />

UNSD) e consumo de CFC depletor de ozônio (toneladas<br />

ODP) (UNEP -Ozone Secretariat)<br />

29. Proporção de populações utilizando combustíveis sólidos<br />

(OMS)<br />

Meta 10.<br />

Reduzir pela metade, até 2015, a proporção de pessoas sem<br />

acesso sustentável à água potável segura e ao saneamento<br />

básico<br />

Indicadores<br />

30. Proporção de populações com acesso sustentável à fonte de<br />

água tratada, nas áreas urbana e rural (UNICEF-OMS)<br />

31. Proporção de populações com acesso à rede de saneamento<br />

tratado, nas áreas urbana e rural (UNICEF-OMS)<br />

Meta 11.<br />

Alcançar até 2020 uma melhoria significativa nas vidas de pelo<br />

menos 100 milhões de moradores de favelas<br />

Indicadores<br />

32. Proporção de famílias com acesso a propriedades seguras<br />

(UN-HABITAT)<br />

Objetivo 8. Criar uma parceria mundial para o<br />

desenvolvimento<br />

Os indicadores para as metas 12-15 estão citados abaixo, numa<br />

lista combinada.<br />

Meta 12.<br />

Continuar a implementar um sistema comercial e financeiro<br />

multilateral aberto, baseado em regras previsíveis, não<br />

discriminatório.<br />

Inclui um comprometimento em relação à boa gestão<br />

governamental, ao desenvolvimento e à redução da pobreza -<br />

tanto nacional quanto internacional.<br />

Meta 13.<br />

Satisfazer as necessidades especiais dos países menos<br />

desenvolvidos.<br />

Inclui: acesso, por parte dos países menos desenvolvidos, a um<br />

regime isento de tarifas e não sujeito à quotas para as<br />

exportações; um programa reforçado para redução da dívida<br />

dos países pobres muito endividados e anulação da dívida<br />

bilateral oficial; e ajuda pública mais generosa para o<br />

desenvolvimento aos países empenhados na luta contra a<br />

pobreza.<br />

Meta 14.<br />

Resolver as necessidades especiais dos países em<br />

desenvolvimento sem acesso ao mar e pequenos estados<br />

insulares em desenvolvimento através do Programa de Ação<br />

para o Desenvolvimento Sustentável de Pequenos Estados<br />

insulares e o resultado da vigésima segunda sessão especial da<br />

Assembléia Geral das Nações Unidas.<br />

Meta 15.<br />

Tratar de maneira abrangente os problemas dos países em<br />

desenvolvimento através de medidas nacionais e<br />

internacionais, a fim de permitir que os mesmos possam pagar<br />

suas dívidas a longo prazo.<br />

Alguns dos indicadores listados abaixo são monitorados<br />

separadamente para os países menos desenvolvidos. Países<br />

da África sem acesso ao mar e pequenos estados insulares<br />

em desenvolvimento.<br />

Indicadores<br />

Ajuda Pública para o Desenvolvimento (APD)<br />

33. APD líquido, total e para países sem acesso ao mar, como<br />

porcentagem da renda nacional bruta dos países<br />

doadores do OCDE (GNI)(OCDE)<br />

34. Proporção de APD bilateral total, alocada por setor,<br />

provida pelos doadores do OCDE/DAC para serviços sociais<br />

básicos (educação básica, atenção básica à saúde, água<br />

tratada e saneamento) (OCDE)<br />

35. Proporção de APD bilateral dos doadores do OCDE/DAC,<br />

não vinculada (OCDE)<br />

36. APD recebida nos países em desenvolvimento sem acesso<br />

ao mar, como proporção das suas Rendas Nacionais<br />

Brutas (OCDE)<br />

37. APD recebida em pequenos estados insulares em vias de<br />

desenvolvimento, como proporção das suas Rendas<br />

Nacionais Brutas (OCDE)<br />

Acesso ao comércio<br />

38. Proporção de importações totais feitas pelos países<br />

desenvolvidos (por valor e excluindo-se armamentos)<br />

tendo como origem os países em desenvolvimento e países<br />

em desenvolvimento sem acesso ao mar, calculados sem os<br />

impostos (UNCTAD, OMC, Banco Mundial)


39. Tarifas médias impostas pelos países desenvolvidos aos<br />

produtos agrícolas, têxteis e vestuários oriundos de países<br />

em desenvolvimento (UNCTAD, OMC, Banco Mundial)<br />

40. Estimativa de apoio agrícola para os países do OCDE, como<br />

porcentagem de suas GDP (OCDE)<br />

41. Proporção de APD fornecida para ajudar a construir<br />

capacidade de comércio (OCDE, OMC)<br />

Capacidade de Pagar Dívida<br />

42. Número total de países que atingiram seus pontos de<br />

decisão como países pobres muito endividados (PPME) e<br />

número daqueles que alcançaram seus pontos de conclusão<br />

como PPME (cumulativo) (FMI-Banco Mundial)<br />

43. Redução de dívida comprometida com a iniciativa para os<br />

países mais pobres muito endividados (FMI-Banco Mundial)<br />

44. Serviços de débito como um porcentual das exportações de<br />

bens e serviços (FMI-Banco Mundial)<br />

Meta 16.<br />

Elaborar e implementar estratégias para trabalhos decentes e<br />

produtivos para os jovens, em cooperação com países em<br />

desenvolvimento<br />

Indicadores<br />

45. Taxa de desemprego entre jovens com idade de 15-24 anos,<br />

por gênero e total (OIT) f<br />

Meta 17.<br />

Em cooperação com as empresas farmacêuticas, prover acesso a<br />

medicamentos essenciais a preços acessíveis nos países em<br />

desenvolvimento<br />

Indicadores<br />

46. Proporção de populações com acesso a medicamentos<br />

essenciais a preços acessíveis, em bases sustentáveis (OMS)<br />

Meta 18.<br />

Em cooperação com o setor privado, disponibilizar os benefícios<br />

das novas tecnologias, especialmente na área de Informação e<br />

Comunicação<br />

Indicadores<br />

47. Número de assinantes de linhas telefônicas fixas e móveis<br />

para cada 100 habitantes (ITU)<br />

48. Computadores pessoais em uso em cada 100 habitantes e<br />

usuários da Internet em cada 100 habitantes (ITU)<br />

* Indicadores adicionais refletem trabalho em andamento sendo<br />

executado pelo Grupo de Inter-Agências Especializadas da ONU<br />

para Indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Notas:<br />

a Para monitoramento das tendências de pobreza nos países, devem ser<br />

utilizados indicadores baseados nas linhas de pobreza de cada país,<br />

quando disponível.<br />

b Um indicador alternativo em fase de elaboração é a “taxa de conclusão<br />

primária”.<br />

c Dentre os métodos anticoncepcionais, apenas os preservativos são<br />

efetivos na prevenção da transmissão do HIV. Uma vez que a taxa de<br />

uso de preservativo é medida apenas entre mulheres em união, ela é<br />

suplementada por um indicador de uso de preservativo em situações de<br />

alto risco (indicador 19a) e um indicador sobre conhecimento sobre<br />

HIV/AIDS (indicador 19b). O indicador 19c (taxa de prevalência de<br />

métodos anticoncepcionais) é também útil para rastrear o progresso<br />

alcançado em outros objetivos de saúde, gênero e pobreza.<br />

d Este indicador é definido como a porcentagem de indivíduos na faixa<br />

etária de 15-24 anos que identificam corretamente as duas formas<br />

principais de prevenção da transmissão sexual do HIV (uso de<br />

preservativo e limitação de atividade sexual com apenas um/a<br />

parceiro/a confiável e não infectado/a), rejeitam as duas principais<br />

concepções erradas locais sobre a transmissão do HIV e saibam que uma<br />

pessoa com aparência saudável pode transmitir o HIV. Entretanto,<br />

atualmente não existe um número suficiente de pesquisas que permita<br />

o cálculo do indicador conforme definido acima. A UNICEF, em<br />

colaboração com a UNAIDS e a OMS, produziu dois indicadores proxy que<br />

representam dois componentes do indicador atual. São eles: (a)<br />

porcentagem de mulheres e homens na faixa etária de 15-24 anos que<br />

sabem que uma pessoa pode se proteger da infecção do HIV através do<br />

“uso consistente de preservativo”; (b) porcentagem de mulheres e<br />

homens na faixa etária de 15-24 anos que sabem que uma pessoa com<br />

aparência saudável pode transmitir HIV.<br />

e Prevenção a ser mensurada pela porcentagem de crianças com menos<br />

de 5 anos que dormem em camas providas com redes para proteção<br />

contra insetos; tratamento a ser mensurado pela porcentagem de<br />

crianças com idade inferior a 5 anos que são devidamente tratadas.<br />

f Encontra-se em elaboração pela Organização Internacional do Trabalho<br />

(OIT) uma medição melhorada da meta para os anos futuros.<br />

Fonte: Divisão de Estatísticas da ONU, 19 de Janeiro de 2005,<br />

disponível em inglês em http://millenniumindicators.un.org/<br />

unsd/mi/mi_goals.asp<br />

13


14<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

CAIXA 2<br />

Objetivos e Metas do<br />

Programa de Ação CIPD e<br />

CIPD+5<br />

Educação universal, alfabetização<br />

Além de realizar o objetivo da educação primária universal em<br />

todos os países antes do ano 2015, os mesmos são<br />

urgentemente recomendados a garantir o acesso mais amplo e<br />

mais precoce possível para meninas e mulheres à educação<br />

secundária e aos níveis mais elevados de educação, assim como<br />

à educação vocacional e técnica, mantendo-se em mente a<br />

necessidade de melhorar a qualidade e pertinência de tal<br />

educação. [CIPD PdA, parágrafo 4.18]<br />

Os governos e a sociedade civil, com assistência da comunidade<br />

internacional devem, o mais rápido possível, e antes de 2015,<br />

cumprir o objetivo da Conferência referente ao acesso universal<br />

à educação primária, eliminação da disparidade de gênero na<br />

educação primária e secundária até 2005; e envidar esforços<br />

para assegurar que até o ano 2010 a proporção de matrícula<br />

nas escolas primárias para crianças de ambos sexos será de<br />

pelo menos 90%, comparada com uma taxa de 85% estimada<br />

para o ano 2000. [CIPD+5, parágrafo 34]<br />

Os governos, especialmente em países em desenvolvimento,<br />

que contam com assistência da comunidade internacional<br />

devem:...Reduzir a proporção de analfabetismo das mulheres e<br />

dos homens, reduzindo no mínimo pela metade para mulheres<br />

e meninas até o ano 2005, tendo com base de comparação a<br />

taxa de 1990. [CIPD+5, parágrafo 35 (c)]<br />

Redução das taxas de mortalidade<br />

neonatal e infantil<br />

...Os países devem envidar esforços para reduzir suas taxas de<br />

mortalidade infantil e neonatal em um terço, ou para 50 e 70<br />

por 1000 nascidos vivos, respectivamente, o que for menor, até<br />

o ano 2000, com adaptação apropriada para a situação<br />

específica de cada país. Até 2005, os países com níveis<br />

intermediários de mortalidade devem envidar esforços para<br />

obter uma taxa de mortalidade neonatal abaixo de 50 mortes<br />

por 1000 nascidos vivos e uma taxa de mortalidade de crianças<br />

abaixo dos 5 anos menor do que 60 mortes por 1000 nascidos<br />

vivos. Até 2015, todos os países devem envidar esforços para<br />

obter uma taxa de mortalidade neonatal inferior a 35 por 1000<br />

nascidos vivos e uma taxa de mortalidade para idades<br />

inferiores a 5 anos que seja menor do que 45 por 1000 nascidos<br />

vivos. Os países que tenham alcançados esses níveis<br />

previamente devem envidar esforços para reduzí-los ainda<br />

mais. [CIPD PdA, parágrafo 8.16]<br />

Redução da mortalidade materna<br />

Os países devem envidar esforços para alcançar reduções<br />

significativas nos índices de mortalidade materna até o ano<br />

2015: uma redução nos índices de mortalidade materna em<br />

50% dos níveis de 1990 até o ano 2000 e 50% adicionais até<br />

2015. O êxito destes objetivos terá diferentes implicações para<br />

os países com índices de mortalidade materna diferentes em<br />

1990. Os países com níveis intermediários de mortalidade<br />

devem tentar alcançar até o ano 2005 uma taxa de<br />

mortalidade materna inferior a 100 por 100.000 nascidos vivos<br />

e até o ano 2015 uma taxa de mortalidade materna inferior a 60<br />

por 100.000 nascidos vivos. Os países com níveis mais elevados<br />

de mortalidade materna devem tentar alcançar até o ano 2005<br />

uma taxa de mortalidade materna inferior a 125 por 100.000<br />

nascidos vivos e até 2015 uma taxa de mortalidade materna<br />

inferior a 75 por 100.000 nascidos vivos. Entretanto, todos os<br />

países devem reduzir os índices de morbidade e mortalidade<br />

materna para níveis nos quais deixem de constituir um problema<br />

de saúde pública. As disparidades existentes nos índices de<br />

mortalidade materna dentro dos países e entre regiões<br />

geográficas, grupos sócio-econômicos e étnicos devem ser<br />

reduzidas. [CIPD PdA, parágrafo 8.21]<br />

Até 2005, nos locais onde os índices de mortalidade materna são<br />

muitos elevados, pela menos 40% de todos os nascimentos devem<br />

ser assistidos por pessoal qualificado; até 2010 este número deverá<br />

ser de pelo menos 50% e até 2015 de pelo menos 60%. Todos os<br />

países deverão continuar seus esforços de maneira que até o ano<br />

2005, 80% de todos os nascimentos no planeta sejam assistidos por<br />

pessoal qualificado, até 2010, 85% e até 2015, 90%. [CIPD+5,<br />

parágrafo 64]<br />

Acesso aos serviços de saúde reprodutiva e<br />

sexual incluindo planejamento familiar<br />

Todos os países devem envidar esforços para tornar acessível,<br />

através do sistema de atenção básica à saúde, serviços de saúde<br />

reprodutiva para todos os indivíduos de idades apropriadas o<br />

mais breve possível, antes de ano 2015. A atenção à saúde<br />

reprodutiva no contexto da saúde básica deve incluir, dentre<br />

outros: orientação em planejamento familiar, informação,<br />

educação, comunicação e serviços; educação e serviços de<br />

atenção pré-natal; atenção segura na parto e puerpério;<br />

prevenção e tratamento apropriado da infertilidade; interrupção<br />

de gravidez conforme especificado no parágrafo 8.25, incluindo<br />

prevenção de aborto e manejo das conseqüências do aborto;<br />

tratamento de infecções do trato reprodutivo; doenças<br />

sexualmente transmissíveis e outros problemas de saúde<br />

reprodutiva; além de informação, educação e orientação,<br />

conforme seja apropriado, sobre sexualidade humana, saúde<br />

reprodutiva e paternidade responsável. Deverão também ser<br />

disponibilizados continuamente, e conforme as necessidades,<br />

encaminhamento para serviços de planejamento familiar,<br />

investigação diagnóstica e tratamento de complicações<br />

relacionadas à gravidez, parto e aborto, infertilidade, infecções<br />

do trato reprodutivo, câncer de mama e outros tipos de câncer<br />

afetando o sistema reprodutivo, doenças sexualmente<br />

transmissíveis, incluindo HIV/AIDS. O desencorajamento ativo de<br />

práticas danosas, a exemplo da mutilação genital, deve também<br />

ser um componente integral da atenção básica à saúde, incluindo<br />

programas de atenção em saúde reprodutiva. [CIPD PdA,<br />

parágrafo 7.6]<br />

Os governos devem envidar esforços para assegurar que até o<br />

ano 2015 todas as unidades de planejamento familiar tenham<br />

capacidade para prover, seja diretamente ou através de<br />

encaminhamento, uma gama mais ampla possível de serviços de


planejamento familiar e métodos anticoncepcionais seguros e<br />

efetivos, atenção obstétrica essencial; prevenção e manejo de<br />

infecções do trato reprodutivo, incluindo doenças sexualmente<br />

transmissíveis, assim como métodos de barreira (ex:<br />

preservativos masculinos e femininos) e antibióticos, quando<br />

disponíveis, para prevenir infecções. Até o ano 2005, 60% de<br />

tais unidades devem ser capazes de oferecer esta gama de<br />

serviços, sendo que até o ano 2010, 80% destas unidades<br />

devem ter condições de oferecer tais serviços. [CIPD+5,<br />

parágrafo 53]<br />

Onde houver uma disparidade entre a utilização de métodos<br />

anticoncepcionais e a proporção de indivíduos expressando o<br />

desejo de espaçar o nascimento de filhos ou limitar o tamanho<br />

de suas famílias, os países devem tentar reduzir esta<br />

disparidade em pelo menos 50% até o ano 2005, 75% até 2010<br />

e 100% até 2050. Ao tentar alcançar estes níveis ou objetivos<br />

demográficos, embora sejam legítimas as estratégias de<br />

desenvolvimento governamental, nenhuma forma de meta ou<br />

cota deve ser imposta aos provedores de serviços de<br />

planejamento familiar para recrutamento de clientes. [CIPD+5,<br />

parágrafo 58]<br />

HIV/AIDS<br />

Os governos, com assistência da UNAIDS e fontes doadoras,<br />

devem assegurar que pelo menos 90% (até 2005) e 95% (até<br />

2010) dos homens e mulheres jovens com idade entre 15 e 24<br />

anos tenham acesso à informação, educação e serviços<br />

necessários para desenvolver habilidades de vida requeridas<br />

para reduzir sua vulnerabilidade à infecção do HIV. Os serviços<br />

devem incluir acesso aos métodos preventivos, a exemplo de<br />

preservativos femininos e masculinos, testagem voluntária,<br />

orientação e acompanhamento. Os governos devem utilizar<br />

como indicador de referência as taxas de infecção do HIV em<br />

pessoas com idades entre 15 e 24 anos, com o objetivo de<br />

assegurar que até o ano 2005 a prevalência nesta faixa etária<br />

seja reduzida globalmente, e em 25% nos países mais afetados,<br />

sendo que até o ano 2010 a prevalência nesta faixa etária seja<br />

reduzida globalmente em 25%. [CIPD+5, parágrafo 70]<br />

Fonte: Nações Unidas, Relatório da Conferência Internacional<br />

sobre População e Desenvolvimento, Documento A/Conf. 171/13,<br />

Nova York, 1994; Nações Unidas, Ações-chave para<br />

implementação adicional do Programa de Ação da Conferência<br />

Internacional sobre População e Desenvolvimento, Documento<br />

A/RES/S-21/2, Nova York, 8/9/1999 (“CIPD+5”)<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

O Programa de Ação CIPD e as Ações-chave para Implementação<br />

Adicional do Programa de Ação (CIPD+5), fornecem metas e<br />

indicadores de referência adicionais e específicos para o alcance<br />

de acesso universal à saúde sexual e reprodutiva, assim como<br />

para objetivos no campo educacional. Eles também incluem<br />

estratégias detalhadas recomendadas para políticas e<br />

programas necessários para o êxito deste objetivo.<br />

O Programa de Ação CIPD, assim como a Declaração do Milênio e<br />

os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, abordam o<br />

desenvolvimento como um processo complexo no qual os<br />

avanços precisam ser feitos simultaneamente numa gama de<br />

tópicos: educação, igualdade de gênero, saúde, proteção e<br />

gestão ambiental, consumo sustentável, parcerias entre o<br />

governo e a sociedade civil, etc. Sem a existência de estradas em<br />

condições de tráfego, por exemplo, novas clínicas de atenção<br />

materna não serão acessadas por mulheres em trabalho de<br />

parto. Da mesma forma, se não existir uma educação sexual<br />

abrangente, homens e mulheres jovens em atividade econômica<br />

não terão idéia sobre como proteger a sua saúde sexual.<br />

A Conferência Internacional sobre População e<br />

Desenvolvimento não é um evento isolado. O seu Programa<br />

de Ação é baseado no consenso internacional que foi obtido<br />

desde a Conferência Mundial sobre População realizada em<br />

Bucareste, em 1974 e a Conferência Internacional sobre<br />

População realizada na Cidade do México, em 1984, para<br />

considerar os amplos assuntos e as inter-relações entre<br />

população, crescimento econômico sustentado e<br />

desenvolvimento sustentável, assim como avanços na<br />

condição educacional e econômica e na capacitação das<br />

mulheres. A Conferência de 1994 contemplou explicitamente<br />

um escopo mais amplo sobre as questões de<br />

desenvolvimento do que as conferências de população<br />

previamente realizadas, refletindo uma conscientização<br />

crescente sobre o fato de que população, pobreza, padrões<br />

de produção e consumo e meio ambiente encontram-se de<br />

tal maneira interligados que nenhum deles pode ser<br />

considerado isoladamente.<br />

Programa de Ação CIPD, parágrafo 1.5<br />

O objetivo consiste em elevar a qualidade de vida de todas<br />

as pessoas, através de políticas e programas apropriados em<br />

população e desenvolvimento, objetivando erradicar a<br />

pobreza, obter crescimento econômico sustentado no<br />

contexto de desenvolvimento sustentável e padrões<br />

sustentáveis de consumo e produção, desenvolvimento de<br />

recursos humanos e garantia de que o direito ao<br />

desenvolvimento como um direito universal e inalienável<br />

15


16<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

seja parte integral dos direitos humanos fundamentais.<br />

Atenção especial deve ser dada à melhoria sócio-econômica<br />

das mulheres pobres vivendo nos países desenvolvidos e nos<br />

países em desenvolvimento (…).<br />

Programa de Ação CIPD, parágrafo 3.16<br />

Similarmente, a Declaração do Milênio e os ODM evidenciam que<br />

nenhuma intervenção constitui uma panacéia.<br />

Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio se apóiam<br />

mutuamente e exigem programas multi-setoriais para a<br />

realização simultânea dos objetivos. Os países devem<br />

assegurar que as estratégias de redução de pobreza<br />

aumentem o foco sobre as populações mais pobres e mais<br />

vulneráveis, através de uma seleção apropriada de políticas<br />

econômicas e sociais. Os direitos humanos devem ser os<br />

pilares dos programas abordando paz, segurança e<br />

desenvolvimento. Além disso, é necessário ampliar as ligações<br />

entre todos os principais parceiros, a exemplo da sociedade<br />

civil e do setor privado.<br />

Plano para Execução da Declaração do Milênio das Nações<br />

Unidas (Road Map), parágrafo 82<br />

Relatório do Secretário-Geral A/56/326, 6/Set/2001<br />

Similarmente ao Programa de Ação CIPD, os ODM baseiamse<br />

em metas e indicadores quantificáveis que podem ser<br />

utilizados para responsabilizar os governos. Obviamente, o<br />

foco excessivo sobre algumas poucas metas pode ser<br />

prejudicial para se conseguir uma abordagem mais complexa<br />

dos problemas. Por exemplo, enfocar apenas a provisão de<br />

pessoal qualificado para dar assistência aos partos (um dos<br />

indicadores do ODM 5 sobre saúde materna) não fará muita<br />

diferença nas taxas de mortalidade materna, pois o que<br />

necessitamos para reduzir estes índices é uma solução para o<br />

sistema de saúde que assegure acesso a serviços obstétricos<br />

emergenciais para todas as mulheres. Indicadores adicionais<br />

são, então, necessários para mensurar o acesso a sistemas de<br />

saúde totalmente funcionais. Porém, o princípio de medição<br />

do progresso e responsabilidade foi reconhecido como um<br />

passo importante por todos os governos, assim como pelas<br />

agências da ONU e pelas instituições financeiras<br />

internacionais.<br />

Steve Sinding suscitou a questão sobre como melhor resolver<br />

o problema imposto pela atenção insuficiente dada à saúde<br />

sexual e reprodutiva no contexto dos ODM. Ele observou que a<br />

agenda de saúde sexual e reprodutiva foi prejudicada pelo fato<br />

dos ODM não incluírem a meta de Cairo de acesso universal à<br />

saúde sexual e reprodutiva para todos/as até 2015, conforme<br />

estabelecido no parágrafo 7.6 do Programa de Ação CIPD.<br />

Duas abordagens para gerenciamento deste problema foram<br />

apresentadas durante os simpósios. A proposta da IPPF para<br />

um nono ODM, com o intuito de recuperar o objetivo de Cairo,<br />

gerou diversas reações. Ao passo que diversos/as<br />

comentaristas se posicionaram favoravelmente à idéia,<br />

outros/as levantaram questões práticas sobre como fazer isto<br />

no contexto das negociações intergovernamentais vindouras,<br />

sem abrir uma caixa de Pandora com outras queixas<br />

igualmente válidas. Outros/as questionaram se de fato um<br />

nono ODM poderia ser acordado, num momento em que<br />

grandes instituições, a exemplo de agências doadoras, já<br />

reorganizaram as suas atividades com base nos oito objetivos<br />

existentes.<br />

Magaly Piñeda do Centro de Investigación para la Acción<br />

Feminina (CIPAF) localizado em São Domingos, República<br />

Dominicana, apresentou uma abordagem alternativa (ou<br />

complementar) para o nono ODM. Ela descreveu de que<br />

maneira a Força-Tarefa para Igualdade de Gênero (Força-Tarefa<br />

No. 3) do Projeto do Milênio da ONU teve êxito na inclusão da<br />

saúde sexual e reprodutiva em suas estratégias recomendadas<br />

para ação referente ao ODM No. 3. A Força-Tarefa buscou<br />

trabalhar a partir do contexto interno do ODM, sinalizando o<br />

raciocínio existente por trás do ODM sobre a igualdade de<br />

gênero, o qual havia sido designado como carente de um<br />

conjunto de metas e indicadores sobre educação de meninas,<br />

participação do trabalho das mulheres e representação<br />

parlamentar. As recomendações da Força-Tarefa sobre serviços<br />

de saúde sexual e reprodutiva podem ser utilizadas pelos<br />

governos durante o desenho das suas estratégias para redução<br />

de pobreza e promoção da igualdade de gênero em nível<br />

nacional. Outras Forças-Tarefa fizeram um trabalho similar.<br />

O relatório da Força-Tarefa No. 3 que descreve direcionamentos<br />

estratégicos para alcançar a igualdade de gênero, incluindo<br />

saúde sexual e reprodutiva, deve tornar-se um instrumento<br />

para nossas estratégias regionais e locais... Em cada país,<br />

nossos governos sabem menos sobre os ODM do que nós, como<br />

ONG. Os grupos de mulheres que atuam em saúde sexual e<br />

reprodutiva têm expertise, fizeram pesquisas, têm experiência<br />

com advocacy e lobby, elas sabem como construir alianças...<br />

Portanto eu acredito que seja possível progredir e enriquecer as<br />

metas e indicadores e também as estratégias... Se olharmos o<br />

resto do trabalho feito nos demais sete ODM, os demais Grupos<br />

de Trabalho [do Projeto do Milênio ONU], o que eles fizeram<br />

sobre saúde sexual e reprodutiva, podemos utilizar para<br />

reporte nacional, pressionar governos e construir alianças com<br />

outros grupos atuando em diferentes setores…<br />

Magaly Piñeda, CIPAF


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

CAIXA 3<br />

Recomendações do Relatório do Projeto do<br />

Milênio e suas Forças-Tarefa sobre saúde<br />

sexual e reprodutiva<br />

Em 17 de Janeiro de 2005, foi apresentado ao Secretário-Geral<br />

das Nações Unidas, Kofi Annan, o documento do Projeto do<br />

Milênio denominado “Investindo no Desenvolvimento: Um Plano<br />

Prático para Realizar os Objetivos de Desenvolvimento do<br />

Milênio”, assim como os relatórios finais das Forças-Tarefa. Um<br />

documento geral resumindo os achados do “Investindo no<br />

Desenvolvimento” também foi publicado. Tais documentos<br />

apresentam mensagens e recomendações detalhadas sobre<br />

tópicos de saúde sexual e reprodutiva (SSR), conforme descrito<br />

abaixo:<br />

Mensagens e recomendações de SSR<br />

Assegurar o acesso a informações e serviços de saúde sexual e<br />

reprodutiva, incluindo planejamento familiar voluntário, é<br />

essencial para a realização dos ODM.<br />

• Uma ampliação no Capítulo 5 (Caixa 5.5) do “Investindo no<br />

Desenvolvimento” (Investing in Development), assim como<br />

uma Caixa no Capítulo 3 (Caixa 3.1) apresenta discussões<br />

sobre a importância de se assegurar o acesso universal aos<br />

serviços e informações em saúde sexual e reprodutiva para a<br />

realização dos ODM. “A situação atual mostra o quanto é<br />

devastadora a negligência à saúde sexual e reprodutiva. As<br />

diferenças no âmbito da saúde reprodutiva – entre os ricos e<br />

os pobres, assim como dentro de cada país e entre os países –<br />

são maiores do que em qualquer outra área de atenção à<br />

saúde... Os serviços de saúde sexual e reprodutiva devem ser<br />

integrados num sistema de saúde fortalecido”. (“Investindo<br />

no Desenvolvimento”)<br />

• “Assegurar acesso universal aos serviços de saúde<br />

reprodutiva é essencial para melhorar o status nutricional das<br />

mulheres grávidas e de suas crianças, especialmente através<br />

do espaçamento adequado entre os nascimentos”. (Força-<br />

Tarefa da Fome)<br />

• “Aumentar o acesso das mulheres e adolescentes a uma<br />

gama ampla de informações e serviços de saúde sexual e<br />

reprodutiva é uma das sete prioridades de ação identificadas<br />

por esta Força-Tarefa”. (Força-Tarefa de Educação e Gênero)<br />

• “A Força-Tarefa de saúde infantil e saúde materna recomenda<br />

que uma meta adicional seja incluída para monitoramento do<br />

Objetivo 5: Acesso Universal aos Serviços de Saúde<br />

Reprodutiva até o ano 2015, através do sistema de atenção<br />

básica à saúde, assegurando uma taxa de progresso<br />

equivalente ou até mesmo mais elevada entre as populações<br />

pobres e demais grupos marginalizados”. (Força-Tarefa de<br />

Saúde Infantil e Saúde Materna)<br />

• “A luta contra HIV/AIDS e os esforços mais amplos para a<br />

saúde reprodutiva devem se fortalecer mutuamente. Os<br />

governos nacionais devem incorporar o acesso universal aos<br />

serviços e informações de saúde sexual e reprodutiva como<br />

parte integrante das suas repostas ao advento da AIDS. Além<br />

disso, deve haver uma maior integração entre os serviços de<br />

HIV e outros serviços de saúde reprodutiva, incluindo PMTCT,<br />

VCT, planejamento familiar e maternidade segura”. Observe<br />

que as declarações de Glion e Nova Iorque são citadas. (Força-<br />

Tarefa de HIV/AIDS)<br />

• “O crescimento populacional, marcado por níveis contínuos de<br />

fertilidade maiores do que aqueles citados como desejados<br />

pelas pessoas, contribui tanto para o crescimento natural nas<br />

áreas urbanas como para os fatores que pressionam a<br />

migração de áreas rurais para áreas urbanas e novos<br />

assentamentos rurais... as taxas de fertilidade são mais<br />

elevadas nos países mais pobres e também entre as<br />

populações menos favorecidas nestes e nas sociedades de<br />

renda média. Portanto, não causa nenhuma surpresa o fato<br />

de que estes mesmos locais apresentem os maiores níveis de<br />

demanda reprimida de serviços de planejamento familiar e<br />

saúde reprodutiva, os quais, juntamente com outros<br />

problemas de saúde, educação e gênero, devem ser resolvidos<br />

através de políticas e programas desenhados para reduzir as<br />

taxas de crescimento populacional e realizar melhorias<br />

sinérgicas”. (Força-Tarefa da Sustentabilidade Ambiental)<br />

• “Mulheres pobres vivendo em áreas urbanas também<br />

apresentam os piores índices de saúde sexual e reprodutiva<br />

quando comparadas a outras mulheres vivendo também em<br />

cidades, sendo que algumas vezes os seus índices são<br />

semelhantes àqueles das residentes rurais... mulheres pobres<br />

residindo nas áreas urbanas também apresentam uma<br />

probabilidade muito menor de uso de anticoncepcionais<br />

quando comparadas a outras mulheres residentes em<br />

cidades, sendo que novamente em algumas regiões estas<br />

taxas de uso se assemelham às taxas vigentes entre as<br />

mulheres das áreas rurais (ex: Sudeste Asiático). Quando as<br />

mulheres pobres das áreas urbanas dão à luz, elas têm menor<br />

probabilidade de ter estes partos assistidos por um médico/a<br />

ou enfermeiro/a parteira, quando comparadas a outras<br />

mulheres da área urbana. E, finalmente, elas estão sob risco<br />

elevado de contrair DST, incluindo HIV/AIDS”. (Força-Tarefa<br />

Sobre Residentes de Favelas)<br />

A igualdade de gênero é essencial para a realização dos ODM.<br />

E a igualdade de gênero não pode ser alcançada sem a<br />

garantia da saúde e diretos sexuais e reprodutivos para<br />

mulheres e meninas.<br />

• “Intervenções específicas para resolver as desigualdades de<br />

gênero devem constituir componentes intrínsecos dos<br />

pacotes de investimentos baseados nos ODM. Estes devem<br />

também abordar os desafios sistemáticos, a exemplo da<br />

proteção da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos<br />

(incluindo acesso à informação e serviços de planejamento<br />

familiar), acesso eqüitativo às propriedades econômicas, a<br />

exemplo de terra e moradia, maiores níveis de conclusão da<br />

escola primária e maior acesso à educação pós-primária para<br />

meninas, oportunidades eqüitativas no mercado de trabalho,<br />

libertação da violência e maior representatividade em todos<br />

os níveis de governo. Um passo essencial para resolver estes<br />

desafios sistemáticos é a coleta de dados desagregados por<br />

gênero, para monitoramento do progresso”. (“Investindo no<br />

Desenvolvimento”)<br />

• “Sete prioridades para ação foram identificadas pela Força-<br />

Tarefa de Gênero e Educação para se alcançar a igualdade de<br />

17


18<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

gênero. Estas sete prioridades incluem: oportunidades<br />

educacionais (educação primária e pós-primária); garantir<br />

acesso à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos; reduzir<br />

as disparidades etárias entre cargas de tempo, garantir o<br />

direito à propriedade e à herança; melhorar as oportunidades<br />

de geração de renda; melhorar a participação política; e<br />

reduzir a violência contra meninas e mulheres”. (Força-Tarefa<br />

de Educação e Gênero)<br />

Tendências demográficas afetam as perspectivas de<br />

desenvolvimento<br />

• “As populações pobres residentes nas áreas rurais<br />

apresentam as maiores taxas de fertilidade e possuem as<br />

famílias mais numerosas. O rápido crescimento populacional e<br />

o encolhimento do tamanho das famílias tornam a pobreza<br />

rural mais dramática. As populações pobres (nas áreas<br />

urbanas e rurais) têm menor acesso à informação e serviços<br />

para espaçar ou limitar suas gravidezes, de acordo com as<br />

suas preferências... [A vitória sobre a armadilha da pobreza]<br />

é apoiada por uma redução voluntária nas taxas de<br />

fertilidade, a qual promove maiores investimentos na saúde,<br />

nutrição e educação de cada criança. Conseqüentemente, nós<br />

apoiamos fortemente os programas que promovem a saúde e<br />

os direitos sexuais e reprodutivos, incluindo planejamento<br />

familiar voluntário”. (“Investindo no Desenvolvimento”)<br />

• “As perspectivas de cada região quanto ao progresso rumo<br />

aos Objetivos são afetadas por sua condição demográfica. A<br />

África Sub-Saariana é confrontada por alto crescimento<br />

populacional contínuo, populações primariamente jovens,<br />

baixa prevalência de métodos anticoncepcionais e um alto<br />

nível de demanda reprimida de planejamento familiar. A Ásia<br />

Oriental apresenta o segundo crescimento populacional mais<br />

veloz. Problemas demográficos menos graves afetam o sul e o<br />

sudeste da Ásia, porém as demandas reprimidas de serviços<br />

de planejamento familiar e saúde materna permanecem em<br />

patamares consideráveis. As perspectivas da América Latina e<br />

Caribe são afetadas pela dramática desigualdade de acesso<br />

aos serviços de planejamento familiar e maternidade segura<br />

entre os grupos sociais mais ricos e mais pobres. Diversos<br />

países Europeus (CIS) enfrentam declínios populacionais<br />

devido aos baixos índices de fertilidade e migração. Os países<br />

que se aproximam do final de suas transições demográficas<br />

precisarão dar atenção especial às futuras necessidades das<br />

populações envelhecidas. Diversas regiões estão sendo<br />

afetadas, tanto positiva quanto negativamente, pela<br />

migração.”(“Investindo no Desenvolvimento”)<br />

SSR incluída nas “Dez Recomendações-Chave”<br />

e “Vitórias Rápidas”<br />

“Dez Recomendações-Chave” (Visão Geral, página XIV)<br />

• “Ênfase nos resultados de saúde e educação para mulheres e<br />

meninas (incluindo saúde reprodutiva), acesso às<br />

oportunidades econômicas e políticas, direito de controle das<br />

propriedades e libertação da violência”.<br />

“Vitórias Rápidas – soluções para implementação imediata”<br />

(Visão Geral, página 26)<br />

• “Expandir o acesso aos serviços de saúde sexual e<br />

reprodutiva, incluindo informação e serviços de planejamento<br />

familiar e métodos anticoncepcionais, e resolver as<br />

necessidades de financiamento para suprimentos e logística”.<br />

SSR e Estrutura de Monitoramento dos ODM<br />

A Força-Tarefa de Saúde Infantil e Saúde Materna recomendou a<br />

seguinte meta adicional para monitoramento do Objetivo 5<br />

(Melhoria da Saúde Materna) – baseado na meta endossada pela<br />

comunidade global durante as conferências CIPD e CIPD+5, com<br />

modificação adicional para assegurar que seja dada prioridade ao<br />

grave problema da desigualdade, assim como às demais Metas de<br />

saúde materna e saúde infantil.<br />

Meta de SSR Recomendada:<br />

Acesso universal aos serviços de saúde reprodutiva antes de<br />

2015, através do sistema de atenção básica à saúde,<br />

assegurando a mesma taxa de progresso ou taxas mais<br />

rápidas entre as populações pobres e demais grupos<br />

marginalizados.<br />

Os seguintes indicadores de SSR foram também recomendados<br />

para monitoramento dos diversos ODM – com a intenção de<br />

mensurar o impacto sistemático sobre a capacidade das mulheres<br />

de colocar em prática suas preferências de fertilidade externadas<br />

e de manter uma vida sexual e reprodutiva segura, voluntária e<br />

saudável, tendo esses mesmos parâmetros para sua maternidade.<br />

Observe que estes indicadores de SSR devem ser utilizados em<br />

conjunto para mensurar o progresso rumo ao cumprimento da<br />

recomendação.<br />

Indicadores SSR Recomendados:<br />

• Taxa de prevalência de métodos anticoncepcionais (atualmente<br />

citado como Objetivo 6, com alocação recomendada para o<br />

Objetivo 5)<br />

• Prevalência de HIV entre mulheres na faixa etária de 15-24 anos<br />

(Objetivo 6)<br />

• Proporção de nascimentos assistidos por pessoal de saúde<br />

qualificado (Objetivo 5)<br />

• Proporção de demandas atendidas na área de planejamento<br />

familiar (Objetivos 3 e 5)<br />

• Taxa de fertilidade entre adolescentes (Objetivos 3 e 5)<br />

• Disponibilidade de atenção obstétrica emergencial (Objetivo 5)<br />

Finalmente, o documento “Investindo no Desenvolvimento”<br />

preconiza o fortalecimento da capacidade estatística em nível<br />

nacional “para executar censos populacionais e de residências,<br />

conduzir pesquisas residenciais, estabelecer estatísticas vitais e<br />

sistemas de informações de saúde, assim como compilar<br />

indicadores sobre agricultura de subsistência, educação e<br />

economia, dentre outras áreas”.<br />

Fonte: Projeto do Milênio da ONU, Janeiro 2005


Alguns palestrantes e comentaristas também externaram<br />

preocupação quanto à possibilidade dos ODM, como um todo,<br />

constituírem um passo retroativo para o rico conteúdo dos<br />

acordos obtidos nas conferências internacionais, realizadas na<br />

década de 1990. Diversos comentaristas enfatizaram a<br />

necessidade de continuar utilizando os acordos das<br />

conferências CIPD e Beijing para advocacy, legislação e<br />

programação, com o objetivo de tornar claro que este não é um<br />

cenário do tipo “e/ou”, conforme foi claramente citado no<br />

Plano (Road Map) adotado pela Assembléia Geral, em<br />

setembro de 2001.<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

De maneira geral, os ODM foram decididos e definidos<br />

pelos países mais poderosos. Trata-se de um exercício que<br />

aparentemente buscou representar as principais metas<br />

adotadas nas conferências internacionais realizadas ao<br />

longo da década de 1990. Entretanto, os ODM são muito<br />

insuficientes, como nós sabemos... Então, o que devemos<br />

fazer? Lutar para inserir os objetivos do CIPD nos ODM, ou<br />

também insistir para que a ONU, FNUAP, governos,<br />

sociedade civil e outros setores não deixem de discutir as<br />

outras conferências e trabalhar para a implementação do<br />

CIPD? Eu acredito que devemos continuar a trabalhar na<br />

implementação do Programa de Ação CIPD, não limitando<br />

nosso esforços aos ODM... Neste sentido, não devemos<br />

desistir do CIPD+15 e outras oportunidades para discutir<br />

tópicos de população e saúde reprodutiva com uma<br />

abordagem mais ampla.<br />

Elena Zúñiga, Consejo Nacional de Población<br />

(CONAPO), México<br />

Neste sentido, Steven Sinding mencionou que os governos<br />

de todas as regiões e em nível global, recentemente,<br />

reafirmaram seu compromisso com o CIPD e CIPD+5, a<br />

despeito da oposição organizada dos Estados Unidos da<br />

América do Norte e de alguns poucos países ultraconservadores.<br />

Ele enfatizou o fato de que atualmente o CIPD<br />

tem apoio quase universal entre os governos da América<br />

Latina e do Caribe.<br />

Numa sucessão de encontros regionais, os governos de<br />

todas as partes do mundo reafirmaram seu compromisso<br />

com a agenda de Cairo e seus objetivos de provisão de<br />

acesso universal aos serviços de saúde reprodutiva até o<br />

ano 2015. Esta foi uma realização especial, considerandose<br />

a firme oposição ao Programa de Ação feita pelo<br />

governo atual dos Estados Unidos, do Vaticano e de<br />

alguns outros poucos países aliados. A reafirmação do<br />

compromisso com o Programa de Ação obtida em<br />

Bangkok, Dakar, San Juan e Santiago foi – para muitos/as<br />

de nós – bem mais forte do que esperávamos. Em todas<br />

as situações os Estados Unidos permaneceram isolados, ao<br />

passo que os países das diversas regiões permaneceram<br />

unidos... e neste hemisfério, a maioria dos países que<br />

havia apresentado restrições ao Programa de Ação, em<br />

1994, removeram tais restrições; desta forma não se<br />

tratou apenas de uma reafirmação, mas do fortalecimento<br />

do compromisso que foi além de 1994.<br />

Steven Sinding, IPPF<br />

CAIXA 4<br />

Os ODM não substituem os<br />

acordos internacionais prévios<br />

A lista dos objetivos de desenvolvimento do milênio não<br />

prejudica, de modo algum, os acordos referentes aos objetivos e<br />

metas obtidos nas conferências globais da década de 1990. Os<br />

oito objetivos representam uma parceria entre os países<br />

desenvolvidos e os países em desenvolvimento para, segundo a<br />

Declaração do Milênio, “criar um ambiente – em nível nacional e<br />

global – que conduza ao desenvolvimento e à eliminação da<br />

pobreza”. (Vide resolução 55/2, parágrafo 12 da Assembléia<br />

Geral).<br />

Plano para Execução da Declaração do Milênio das Nações<br />

Unidas (Road Map), Relatório do Secretário-Geral, Doc.<br />

A/56/326, 6/set/2001<br />

Anexo, parágrafo 2<br />

Elena Zúñiga, Diretora Geral do Conselho Nacional de População, México,<br />

participa do Simpósio de Nova Iorque.<br />

19


20<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Saúde sexual e reprodutiva e pobreza<br />

na América Latina e Caribe: Foco nos/as<br />

mais pobres<br />

Carmen Barroso da IPPF/RHO, e Mayra<br />

Buvinic do Banco Inter-Americano de<br />

Desenvolvimento, descreveram as<br />

desigualdades contrastantes relativas à<br />

renda e saúde que caracterizam a<br />

América Latina e o Caribe. As duas<br />

palestrantes destacaram que, em cada<br />

país da região, os ODM poderiam<br />

teoricamente ser realizados, com as estatísticas gerais sendo<br />

melhoradas sem que sejam atendidas as necessidades dos/as<br />

mais pobres, desasistidos/as e excluídos/as. Entretanto,<br />

conforme citou Carmen Barroso, “Este seria um êxito vazio, o<br />

qual certamente voltaria contra nós no futuro”.<br />

Na América Latina e no Caribe, a desigualdade é um tópico<br />

central em todos os aspectos da vida. Quando comparada a<br />

outras regiões do mundo, a região não é a mais pobre em<br />

renda; na verdade, a renda per capita é significativamente<br />

maior do que na África Sub-Saariana ou no Sul da Ásia. Os<br />

níveis de fertilidade caíram de forma bastante dramática nas<br />

últimas décadas, e, em diversos países da América Latina<br />

(exceto Caribe), as taxas de infecção de HIV permanecem<br />

relativamente baixas. Ainda assim, a porcentagem de pessoas<br />

pobres na América Latina e no Caribe é mais elevada do que<br />

no Leste Europeu, Oriente Médio e Norte da África. A região é<br />

caracterizada por uma das piores distribuições de renda do<br />

mundo. Ao final dos anos 90, o grupo que representava 20%<br />

dos mais ricos da população recebia 60% da renda disponível,<br />

ao passo que os mais pobres recebiam apenas 3%.<br />

Barroso observou que, conforme demonstrado por Amartya<br />

Sen, economista, a pobreza não está relacionada apenas com<br />

a renda, embora a renda seja uma parte importante do<br />

problema. Geralmente, as camadas mais pobres não têm<br />

acesso a outros recursos, tais como educação, terra, saúde,<br />

justiça, apoio familiar e comunitário, crédito e outros recursos<br />

produtivos, direito de voz nas instituições – tudo isto gera e<br />

compõe a sua baixa renda.<br />

O Banco Inter-Americano de Desenvolvimento observa que<br />

a desigualdade de renda na América Latina e no Caribe está<br />

fortemente relacionada com a desigualdade de acesso aos<br />

serviços de saúde. Na maioria dos países desta região, dentre<br />

o segmento composto por 20% dos mais pobres, menos de<br />

40% possui qualquer tipo de seguro de saúde. Por sua vez, a<br />

falta de acesso aos serviços de saúde determina o baixo nível<br />

de acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, atenção<br />

pré-natal, prevenção e tratamento de HIV, além de atenção<br />

obstétrica emergencial e especializada.<br />

Os exemplos apresentados por Carmen Barroso ilustram<br />

estas disparidades, ao passo que também tornam claro que<br />

as decisões por trás dos números são políticas e não apenas<br />

econômicas.<br />

Na América Latina como um todo, a demanda reprimida por<br />

métodos anticoncepcionais foi reduzida em 5% ao longo da<br />

década de 1990. Ainda assim, quando comparamos os 20%<br />

mais ricos com os 20% mais pobres da população na região,<br />

emerge uma abrupta diferença. Até o ano 2000, a proporção<br />

de demanda por métodos anticoncepcionais atendida pelos<br />

serviços de saúde representava 65% entre os mais ricos e<br />

apenas 30% entre os mais pobres. Na Bolívia, a porcentagem<br />

de mulheres casadas que utilizam métodos anticoncepcionais<br />

modernos é 46% entre as mais ricas, ao passo que entre as<br />

mais pobres é 7%. No Brasil, os números são 77% entre as<br />

mais ricas e 56% entre as mais pobres. Como resultado, as<br />

taxas totais de fertilidade permanecem elevadas, ou até<br />

mesmo muito elevadas, entre os 20% mais pobres da<br />

população: 7,6 filhos na Guatemala; 5,5 filhos no Peru e até<br />

mesmo 4,8 filhos no Brasil. Ainda nestes mesmos países as


taxas totais de fertilidade para os 20% mais ricos variam de<br />

2,9 filhos na Guatemala a 1,6 filhos no Peru.<br />

As taxas de gravidez entre adolescentes apresentam<br />

tendências similares. Na República Dominicana, a<br />

porcentagem de mulheres na faixa etária de 15 a 19 anos que<br />

dão à luz é de 3% entre as mais ricas e de 23% entre as mais<br />

pobres.<br />

Quando se trata de atenção à saúde materna, a<br />

desigualdade persiste em diversos países, embora exista uma<br />

variação regional indicando que decisões políticas foram<br />

tomadas objetivando investimentos direcionados às<br />

populações mais pobres. A porcentagem de nascimentos<br />

assistidos por pessoal clínico treinado é esclarecedora: no<br />

Peru, 98% dos partos entre os mais ricos são assistidos, ao<br />

passo que apenas 20% da população empobrecida têm acesso<br />

a este serviço. Na Nicarágua e na República Dominicana estes<br />

percentuais se elevam para 78% e 89% entre as populações<br />

mais pobres.<br />

De maneira semelhante, o percentual de mulheres que<br />

sabem que o HIV/AIDS pode ser transmitido por contato<br />

sexual varia bastante de país para país: entre as mais pobres,<br />

este percentual é 13% na Bolívia, 42% no Haiti e 52% na<br />

Colômbia. Dentre as mais ricas nestes mesmos países, estes<br />

números alcançam até 89%.<br />

Barroso concluiu que, como um todo, o segmento mais<br />

pobre da América Latina e do Caribe não tem acesso aos<br />

serviços e informações de que necessitam na esfera de saúde<br />

sexual e reprodutiva. Por sua vez, esta falta de acesso torna<br />

tais populações mais vulneráveis aos eventos – a exemplo de<br />

gravidez não planejada, morte materna, infecção por HIV,<br />

falta de tratamento para as conseqüências da violência<br />

sexual – aumentando assim os níveis de pobreza e<br />

dependência.<br />

Barroso e Buvinic reivindicaram maiores investimentos para<br />

serviços e informações em saúde sexual e reprodutiva, porém<br />

especificaram que tais investimentos devem ser desenhados<br />

para que de fato beneficiem as populações mais pobres.<br />

Na discussão subseqüente, os/as participantes concluíram<br />

que os ODM não são adequados como metas para<br />

desenvolvimento na América Latina e Caribe – eles<br />

representam um “piso” muito abaixo do nível agregado.<br />

Embora todos/as tenham concordado com esta colocação,<br />

está claro que tais objetivos estão longe de ser cumpridos<br />

para tais populações, quando examinamos a situação dos<br />

mais pobres em cada um dos nossos países. Cada país da<br />

região deve revisar para cima as metas e indicadores que<br />

representem estas desigualdades dentro das distintas áreas<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Ana Cristina González, Ministério do Proteção Social da<br />

Colômbia, em Nova Iorque.<br />

de cada país, assim como entre os seus grupos sociais, raciais,<br />

étnicos e etários, e entre as populações masculinas e<br />

femininas.<br />

Conforme mencionado pelo Secretário-Geral [da ONU], na<br />

América Latina e no Caribe precisamos revisar os ODM e<br />

torná-os mais específicos. Como alguns dos objetivos já<br />

foram realizados na região, precisamos voltar nossa<br />

atenção para o que está próximo, com uma visão nativa e<br />

perspectiva dos ODM para a nossa área, e, mais<br />

importante ainda, para cada país. Diversos países estão<br />

incluindo ODM adicionais em seus relatórios nacionais, não<br />

citados na Declaração do Milênio, mas que são<br />

considerados como relevantes para a situação do país.<br />

Rogelio Fernández-Castilla, FNUAP<br />

21


22<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

De que maneira a saúde sexual e reprodutiva<br />

contribui para a realização dos ODM?<br />

Em suas palestras de abertura em Nova York<br />

e no Rio de Janeiro, Carmen Barroso<br />

enfatizou a necessidade de garantir saúde<br />

sexual e reprodutiva na batalha contra a<br />

pobreza na América Latina e Caribe. Ela<br />

destacou que o Programa de Ação de Cairo<br />

deixou claro que direitos e saúde sexual e<br />

reprodutiva estão intrinsecamente<br />

articulados com o desenvolvimento, além da educação, meio<br />

ambiente e consumo sustentável. A saúde e os direitos<br />

sexuais e reprodutivos estão também intrinsecamente<br />

ligados à igualdade das mulheres e sua capacidade de<br />

alcançar seu potencial total – seja intelectual, econômico,<br />

criativo ou político. Barroso argumentou que<br />

conseqüentemente a saúde sexual e reprodutiva é<br />

fundamental para a realização dos ODM. Outros/as<br />

apresentadores/as apoiaram esta conclusão.<br />

Jeffrey Sachs afirmou que a saúde e os direitos sexuais e<br />

reprodutivos são essenciais para a realização dos Objetivos<br />

de Desenvolvimento do Milênio e para erradicar a pobreza,<br />

assim como para assegurar paz e segurança. Antecipando-se<br />

à Assembléia Geral a ser realizada em setembro de 2005<br />

sobre a implementação da Declaração do Milênio, Sachs<br />

advertiu contra a adoção de uma visão estreita sobre<br />

segurança que deixe de fora as questões ligadas à saúde,<br />

educação e emprego. Ele prometeu que o Projeto do Milênio<br />

da ONU faria recomendações importantes sobre as<br />

estratégias para se obter saúde sexual e reprodutiva.<br />

O nosso relatório [Projeto do Milênio da ONU] discorre<br />

sobre ... os tipos de ações que precisam ser tomadas para<br />

que realmente tenhamos êxito; dentre estas, os serviços de<br />

saúde sexual e reprodutiva são fundamentais, incluindo<br />

direitos e capacitação das mulheres, devendo todos estes<br />

tópicos estar no relatório uma vez que não se trata de um<br />

truque ou de um adendo, pois destinam-se a uma boa e<br />

fundamental análise do desenvolvimento econômico, boa<br />

análise social, boa análise dos direitos humanos, logo, não<br />

existe qualquer adendo para o assunto, tratando-se<br />

apenas de uma parte da verdade...<br />

A saúde sexual e reprodutiva é fundamental para o êxito<br />

da paz e da segurança assim como dos ODM...<br />

Esta é uma comunidade muito poderosa, felizmente. E<br />

vocês precisam realmente levantar suas vozes no ano<br />

vindouro. Estaremos com vocês. Vocês terão um documento<br />

que poderão apoiar integralmente, pois nós estaremos<br />

tentando apoiar vocês. Nós tentaremos fazer essa agenda<br />

acontecer. Porém, precisaremos trabalhar muito em<br />

conjunto, pois precisaremos falar mais alto do que a<br />

guerra, precisaremos falar mais alto do que o medo,<br />

precisaremos ajudar as pessoas a entender que quando se<br />

trata de direitos humanos, os direitos das mulheres, a<br />

manutenção da vida das mães, permitindo que as pessoas<br />

escolham, este é o caminho verdadeiro para a segurança<br />

que todo o mundo almeja.<br />

Jeffrey Sachs, Projeto do Milênio da ONU e Earth Institute,<br />

Universidade de Columbia<br />

A saúde e os direitos sexuais e reprodutivos ainda<br />

continuam a ser marginalizados em diversas arenas.<br />

Rogelio Fernández-Castilla do FNUAP observou que, apesar<br />

do fato de que muitos países na América Latina e no<br />

Caribe continuam a ter indicadores ruins no campo da<br />

saúde sexual e reprodutiva, ainda existe muita relutância<br />

na região para se resolver este assunto de uma maneira<br />

direta. Fernández-Castilla enfatizou as evidências<br />

existentes sobre a contribuição positiva dos serviços de<br />

saúde reprodutiva para a redução da pobreza em níveis<br />

nacionais e domésticos.


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Existe uma evidência contundente de que os serviços de<br />

saúde reprodutiva, incluindo planejamento familiar, têm<br />

papel significativo na realização do objetivo de redução da<br />

mortalidade infantil e materna. Ainda assim, continuamos<br />

a ver que as demandas reprimidas na área de<br />

planejamento familiar permanecem muito elevadas entre<br />

as mulheres mais pobres, em todos os países da América<br />

Latina e do Caribe.<br />

Rogelio Fernández-Castilla, FNUAP<br />

Ele também observou importantes demandas reprimidas de<br />

serviços de saúde reprodutiva entre os mais pobres na<br />

América Latina e no Caribe.<br />

Atualmente, mais de meio milhão de mulheres morrem, a<br />

cada ano, devido a complicações de gravidez e parto –<br />

quase todas residindo em países em desenvolvimento –<br />

embora nós saibamos o que precisa ser feito para reduzir o<br />

número de mortes maternas. Nós sabemos que as<br />

mulheres precisam ter acesso ao planejamento familiar, a<br />

fim de que elas possam planejar melhor e espaçar o<br />

nascimento dos seus filhos. Nós sabemos que todas as<br />

mulheres precisam de atenção pré-natal durante a<br />

gravidez e de assistência qualificada no momento do<br />

parto. E nós sabemos – esta foi uma dura lição aprendida –<br />

que as mulheres grávidas precisam ter acesso à atenção<br />

obstétrica emergencial quando surgem complicações.<br />

Ainda assim, meio milhão de mulheres, no mundo inteiro,<br />

continuam a morrer a cada ano de complicações<br />

decorrentes de gravidez e parto, simplesmente porque<br />

essas condições necessárias para evitar a tragédia não são<br />

atendidas. Isto é mais do que negligenciar. Isto é uma<br />

falência da saúde pública, algo inconcebível numa era onde<br />

temos riqueza e tecnologia sem precedentes.<br />

Rogelio Fernández-Castilla, FNUAP<br />

Jeffrey Sachs, Steven Sinding e Paulo Teixeira deixaram<br />

claro que uma maior ajuda pública para o desenvolvimento é<br />

essencial para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento<br />

do Milênio e enfatizaram a necessidade de garantir mais<br />

fundos para anticoncepção, prevenção do HIV e atenção<br />

obstétrica emergencial para salvar vidas.<br />

Em 2003, 90% dos financiamentos feitos pelas agências da<br />

ONU para implementação das resoluções dependeram de<br />

contribuições voluntárias – 50% foram doados pelos EUA e<br />

50% por outros países integrantes do G-8. Em outras<br />

palavras, a ONU reflete as relações de poder. Nós tivemos<br />

êxito na obtenção das resoluções, porém não tivemos o<br />

mesmo êxito na obtenção de recursos para implementar as<br />

ações... Os ODM deveriam ser utilizados como uma<br />

oportunidade para embate e mobilização políticos. Trata-se<br />

de uma oportunidade para se começar a repensar o próprio<br />

sistema de financiamento da ONU... O FNUAP sabe o que<br />

significa posicionar-se contra determinados atores<br />

conservadores e fundamentalistas na ONU.<br />

Paulo Teixeira, Programa DST/AIDS do Estado<br />

de São Paulo<br />

As metas de Ajuda Pública para o Desenvolvimento<br />

estabelecidas na década de 1990 ainda não foram cumpridas<br />

e os países desenvolvidos não contribuíram com o valor total<br />

que haviam se comprometido a contribuir em Cairo.<br />

Entretanto, existe uma esperança e nós, recentemente, vimos<br />

ações serem tomadas por alguns governos doadores, porém<br />

a situação permanece premente. Os ODM constituem uma<br />

oportunidade para revigorarmos o debate sobre os recursos<br />

necessários para combater a pobreza e prover uma gama<br />

completa de serviços de saúde sexual e reprodutiva para as<br />

populações pobres. O Projeto do Milênio da ONU tem tentado<br />

obter mais recursos para a realização dos Objetivos. Nós<br />

precisamos capitalizar este trabalho.<br />

Steven Sinding, IPPF<br />

Sachs e Teixeira argumentaram que as condições para o<br />

desenvolvimento precisam ser modificadas urgente e<br />

radicalmente. Teixeira observou que, caso as estratégias de<br />

desenvolvimento atuais sejam mantidas, serão necessários<br />

mais 46 anos para que o Brasil alcance os níveis de<br />

desenvolvimento da Europa ou América do Norte.<br />

Nós precisamos continuar a pressionar pela mudança da<br />

ordem internacional relativa a comércio, patentes e fluxo de<br />

dinheiro. Talvez seja ingênuo dizê-lo, porém, caso<br />

consideremos tal progresso como aquele da Declaração Doha,<br />

acho que precisamos ser positivos e compreender a<br />

importância de movimentar este cenário internacional e ser<br />

otimistas quanto à possibilidade de promover mudanças. Em<br />

nível nacional, no Brasil, estamos progredindo, porém num<br />

ritmo que, do meu ponto de vista pessoal, é inaceitável. Caso<br />

não mudemos radicalmente as políticas nacionais –<br />

certamente em coordenação com a ordem internacional –<br />

sobre investimentos na área social, em infra-estrutura,<br />

redução da taxa de juros, redução da dívida nacional etc, será<br />

impossível promover mudanças. Ou, como eu disse antes, isto<br />

será possível daqui a 46 anos, o que não é aceitável.<br />

Paulo Teixeira, Programa DST/AIDS do Estado<br />

de São Paulo<br />

23


24<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

CAIXA 5<br />

Resoluções recentes afirmando a importância da saúde sexual e<br />

reprodutiva para a realização dos ODM.<br />

57a Assembléia Mundial de Saúde<br />

Resolução WHA57.12, 22 de maio de 2004<br />

Saúde reprodutiva: estratégia traçada para acelerar o<br />

progresso rumo à realização dos objetivos e metas<br />

internacionais de desenvolvimento.<br />

Qüinquagésima Sétima Assembléia Mundial de Saúde,<br />

Tendo considerado a estratégia traçada para acelerar o<br />

progresso rumo à realização dos objetivos e metas<br />

internacionais de desenvolvimento relacionados à saúde<br />

reprodutiva;…<br />

Reafirmando os objetivos de desenvolvimento, conforme<br />

citado na Declaração do Milênio adotada pela Assembléia<br />

Geral das Nações Unidas na sua qüinquagésima quinta<br />

sessão, realizada em setembro de 2000, e Plano para<br />

Execução da Declaração do Milênio das Nações Unidas e<br />

outros objetivos e metas internacionais de desenvolvimento;<br />

Reconhecendo que a realização dos objetivos de<br />

desenvolvimento citados na Declaração do Milênio das Nações<br />

Unidas e outros objetivos e metas internacionais, requerem,<br />

como prioridade, fortes investimentos e compromisso político<br />

na área de saúde sexual e reprodutiva; …<br />

1. ENDOSSA a estratégia que visa acelerar o progresso rumo à<br />

realização de objetivos e metas internacionais de<br />

desenvolvimento referentes à saúde reprodutiva;<br />

2. INSTA a los Estados Miembros a que, con carácter de<br />

urgencia:<br />

(1) Adotar e implementar a estratégia como parte dos<br />

esforços nacionais para realizar os objetivos de<br />

desenvolvimento da Declaração do Milênio das Nações<br />

Unidas e outros objetivos e metas internacionais de<br />

desenvolvimento, e mobilizar vontade política e recursos<br />

financeiros para tal finalidade;<br />

(2) Tornar saúde sexual e reprodutiva uma parte integrante<br />

do planejamento e orçamento nacional;<br />

(3) Fortalecer a capacidade do sistema de saúde, com<br />

participação de grupos comunitários e não governamentais<br />

para a obtenção de acesso universal à atenção em saúde<br />

sexual e reprodutiva, com ênfase especial na saúde materna<br />

e neonatal em todos os países;<br />

(4) Monitorar a implementação da estratégia, para<br />

assegurar que a mesma beneficie as populações pobres e<br />

outros grupos marginalizados, incluindo adolescentes e<br />

homens, e que esta estratégia fortaleça a atenção e os<br />

programas de saúde sexual e reprodutiva em todos os<br />

níveis;<br />

(5) Assegurar que todos aspectos da saúde sexual e<br />

reprodutiva, incluindo, dentre outros, saúde reprodutiva dos<br />

adolescentes e saúde materna e neonatal, sejam incluídos<br />

nas atividades de monitoramento e reporte do progresso<br />

nacional rumo à realização dos objetivos de<br />

desenvolvimento da Declaração do Milênio das Nações<br />

Unidas;<br />

Comissão Econômica para América<br />

Latina e Caribe<br />

Santiago, Chile, 10 e 11/mar/2004<br />

Reunião dos Oficiais Dirigentes do Comitê Seccional Ad Hoc sobre<br />

População e Desenvolvimento<br />

Declaração<br />

Os países participantes da Reunião dos Oficiais Dirigentes do<br />

Comitê Seccional Ad Hoc sobre População e Desenvolvimento da<br />

Comissão Econômica para América Latina e Caribe reunidos em<br />

Santiago, Chile, nos dias 10 e 11 de março de 2004, ...<br />

2. Reconhecem como essencial a implementação do Programa de<br />

Ação da Conferência Internacional sobre População e<br />

Desenvolvimento e das ações-chave para o sucesso dos objetivos<br />

de desenvolvimento internacionalmente acordados, incluindo<br />

aqueles citados na Declaração do Milênio; …<br />

4. Recomendam aos países da região intensificar seus esforços<br />

nas seguintes áreas através das seguintes ações: (i) Objetivos de<br />

Desenvolvimento do Milênio, Conferência Internacional sobre<br />

População e Desenvolvimento e suas ações-chave: envidar<br />

esforços para assegurar que as políticas de desenvolvimento<br />

nacionais e regionais, assim como os planos para a erradicação<br />

da pobreza, dentro do escopo dos objetivos de desenvolvimento<br />

internacionalmente acordados, incluindo aqueles contidos na<br />

Declaração do Milênio, incorporem os objetivos, metas e<br />

indicadores do Programa de Ação da Conferência Internacional<br />

sobre População e Desenvolvimento e suas ações-chave,<br />

especialmente com relação à saúde reprodutiva, devendo, ainda,<br />

incluir renda, origem étnica, racial e nativa; desigualdades de<br />

gênero e de faixa etária nos indicadores nacionais e regionais<br />

utilizados para monitorar e acompanhar os Objetivos;<br />

Comissão de População e Desenvolvimento.<br />

Relatório da trigésima sétima sessão (22 a 26 de março e 6 maio<br />

de 2004), Doc. E/2004/25, E/CN.9/2004/9, Resolução 2004/2<br />

Acompanhamento do Programa de Ação da Conferência<br />

Internacional sobre População e Desenvolvimento<br />

A Comissão de População e Desenvolvimento, …<br />

2. Enfatiza que a implementação do Programa de Ação e suas<br />

ações-chave fazem uma contribuição essencial para a realização<br />

dos objetivos de desenvolvimento internacionalmente acordados,<br />

incluindo aqueles contidos na Declaração do Milênio das Nações<br />

Unidas; …


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Quais políticas aseguram acesso<br />

eqüitativo à saúde sexual e reprodutiva?<br />

Ao longo dos dois simpósios, os/as painelistas e<br />

participantes discutiram uma gama de fatores que<br />

impedem o acesso eqüitativo e os elementos de<br />

políticas que poderiam vencer as barreiras de acesso.<br />

Os/as painelistas enfatizaram especialmente o impacto da<br />

desigualdade de gênero como um fator central que limita o<br />

acesso das mulheres aos serviços de saúde sexual e<br />

reprodutiva.<br />

Embora muito progresso tenha sido alcançado e exista<br />

um debate real e mobilização social em todos os países<br />

sobre os direitos das mulheres e igualdade e eqüidade de<br />

gênero, as mulheres e as meninas ainda têm seus<br />

direitos humanos básicos negados. Uma grande<br />

proporção de mulheres não tem direito a escolhas,<br />

oportunidades, serviços sociais e liberdades básicos que<br />

as capacitem para escapar da pobreza e da saúde<br />

deficiente. As mulheres pobres não são capacitadas para<br />

gerenciar sua fertilidade e determinar o número de filhos<br />

e o espaçamento entre os nascimentos. Numa região que<br />

apresenta as maiores desigualdades do mundo, estes<br />

aspectos afetam mais gravemente as mulheres da área<br />

rural, as mulheres indígenas e as mulheres negras da<br />

América Latina.<br />

Rogelio Fernández-Castilla, FNUAP<br />

Paulo Teixeira apresentou evidências do Brasil, as quais<br />

demonstram que as taxas de infecção do HIV/AIDS estão<br />

crescendo entre mulheres jovens e entre mulheres em<br />

relações estáveis. Esta tendência revela os problemas<br />

fundamentais de gênero e desigualdade de poder como<br />

fatores de risco para a infecção do HIV. De maneira geral, as<br />

mulheres brasileiras obtêm acesso aos serviços de saúde<br />

sexual e reprodutiva numa idade tardia e são discriminadas<br />

quando buscam tais serviços. A atenção à saúde sexual e<br />

reprodutiva para mulheres soro-positivas para HIV também<br />

está muito longe do ideal. Teixeira descreveu numerosos<br />

casos de serviços de saúde que ignoram completamente as<br />

necessidades de métodos anticoncepcionais para mulheres<br />

soro-positivas para HIV, ou que as pressionam para que<br />

submetam-se à esterilização. Teixeira concluiu que, como<br />

parte das estratégias de atenção à saúde sexual e<br />

reprodutiva, atenção especial é necessária para assegurar<br />

que as mulheres e as meninas recebam serviços e que tais<br />

serviços respeitem os seus direitos.<br />

Com relação à feminilização da pandemia de HIV na América<br />

Latina e Caribe, Carmen Barroso da IPPF/RHO e Steven Sinding<br />

da IPPF fizeram um apelo urgente pela integração da<br />

prevenção, tratamento e atenção ao HIV aos serviços de saúde<br />

sexual e reprodutiva. Sinding observou que, em muitos países,<br />

a tendência, nos últimos anos, tem sido estabelecer programas<br />

isolados de HIV que direcionam a maior parte dos esforços<br />

para os grupos de alto risco, a exemplo de profissionais do<br />

sexo e homens que fazem sexo com homens. Muitas vezes,<br />

estes novos programas são direcionados pelas fontes<br />

doadoras e trazem um volume tão elevado de dinheiro que<br />

estão drenando recursos dos sistemas de saúde em diversos<br />

países. Embora ele tenha concordado que programas especiais<br />

de prevenção para grupos de alto risco continuarão a ser<br />

necessários, destacou que os programas de HIV devem ser<br />

direcionados para a população em geral, pois o HIV já é – ou<br />

está prestes a se tornar – prevalente, de maneira<br />

generalizada, em muitos locais.<br />

Outros palestrantes, em Nova Iorque, discutiram os tipos de<br />

políticas que favorecem o acesso aos serviços de saúde. Sonia<br />

Montaño, da Comissão Econômica para a América Latina e<br />

Caribe (CEPAL), enfatizou a falta de acesso aos recursos<br />

25


26<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Painel sobre políticas que asseguram acesso eqüitativo aos serviços de saúde sexual e reprodutiva. Da direita<br />

para a esquerda: María Isabel Plata, Diretora Executiva da Profamilia, Colômbia; Sonia Montaño, Dirigente da<br />

Unidade de Gênero, CEPAL; Elsa Gómez, Conselheira Regional em Gênero e Saúde, OPAS; com Carmen Barroso,<br />

Diretora Regional da IPPF/RHO; Moderadora - Lynn Freedman, Universidade de Columbia.<br />

econômicos enfrentada pelas mulheres na região e a forma<br />

como isto restringe seu acesso aos serviços de saúde sexual e<br />

reprodutiva. As políticas podem começar a resolver esta<br />

situação através da promoção de empregos para mulheres<br />

que, conseqüentemente, permitirão um certo grau de<br />

autonomia econômica para as mesmas.<br />

Elsa Gómez, da Organização Pan-Americana de Saúde<br />

(OPAS), descreveu alguns dos efeitos da reforma do setor<br />

de saúde realizada nos anos 90 sobre o acesso das<br />

mulheres aos serviços de saúde na América Latina e no<br />

Caribe. A reforma, da maneira como foi implementada na<br />

região, caracterizou-se pelo enxugamento do setor público,<br />

privatização dos serviços e “alternância de custos”, ou seja,<br />

transferência dos custos de saúde para as famílias e<br />

indivíduos.<br />

Fundamentalmente, na maioria dos casos, a reforma do setor<br />

de saúde significou uma mudança no paradigma da saúde,<br />

passando de um direito a um produto a ser comercializado.<br />

Elsa Gómez, OPAS<br />

Gómez observou que esta transferência de custos agravou as<br />

desigualdades existentes na região, sejam de renda ou<br />

aquelas baseadas em origem racial ou étnica, mas que tal<br />

transferência também contribui para as desigualdades de<br />

gênero, embora este assunto tenha sido alvo de muito menos<br />

discussão. Ela destacou que as mulheres precisam de mais<br />

atenção à saúde do que os homens, devido a sua função<br />

reprodutiva; apenas neste ponto, as mulheres enfrentam uma<br />

carga de doenças quatro vezes maior do que os homens. Uma<br />

vez que as mulheres possuem menos recursos econômicos do<br />

que os homens, devido aos seus baixos salários no mercado<br />

de trabalho, a alternância de custos agravou as<br />

desigualdades.<br />

Gómez apresentou dados da OPAS referentes à Bolívia,<br />

Colômbia, Equador, Nicarágua e Venezuela, demonstrando<br />

que as mulheres que integram o quintil de renda mais baixa<br />

utilizam menos os serviços de saúde do que os homens da<br />

mesma faixa de renda, muito embora elas tenham maiores<br />

necessidades de atenção à saúde. Além disso, as mulheres<br />

gastam significativamente mais dinheiro do seu próprio bolso<br />

com despesas médicas do que os homens em todos os países<br />

do hemisfério quando os dados desagregados por gênero<br />

estão disponíveis (nos EUA, as mulheres gastam 68% mais<br />

dinheiro do seu bolso do que os homens; no Equador, 50%; no<br />

Brasil, 44%; no Peru 28%). Finalmente, observou que, na<br />

região, os homens têm, em média, três vezes mais (em


termos monetários) cobertura de seguros de saúde do que as<br />

mulheres, uma vez que a cobertura de saúde está<br />

intimamente ligada à participação no mercado de trabalho<br />

formal.<br />

Gómez e Montaño argumentaram que, a fim de assegurar<br />

acesso universal, torna-se essencial desvincular a cobertura<br />

do seguro de saúde do setor formal de emprego, assim como<br />

do casamento e de outras relações familiares. Gómez<br />

observou a necessidade de distribuir os riscos do seguro de<br />

forma mais abrangente, que, certamente, não cobrem os<br />

seguros das mulheres como um grupo isolado devido ao fato<br />

de que elas sozinhas carregam o peso da gravidez e do parto.<br />

Argumentou, também, que o trabalho não pago realizado<br />

pelas mulheres deve ser reconhecido na contabilidade<br />

nacional. Isto dispersaria a idéia de que a atenção dada aos<br />

doentes é na verdade “grátis”, e desencorajaria alternâncias<br />

adicionais de responsabilidade pela atenção do setor de<br />

saúde para as famílias.<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Com relação à transferência de custos “invisíveis”, temos<br />

de fato a reforma do setor de saúde, com sua insistência<br />

em reduzir o papel do setor público, a eficiência, a<br />

hospitalização para pessoas mais velhas e para aquelas<br />

que sofrem de doenças mentais; isto tudo é transferido<br />

para as comunidades e famílias, e, na realidade, as pessoas<br />

que são chamadas para prover atenção são as mulheres.<br />

Dados relativos à região e à Europa demonstram que 80%<br />

de todos os serviços de saúde são realizados fora do<br />

sistema de saúde, pelas mulheres nas famílias (pesquisas<br />

sobre utilização de tempo na Europa e na América Latina).<br />

Esta cobrança de cuidados imposta às mulheres limita<br />

ainda mais as mesmas, em termos de participação no<br />

mercado de trabalho e também constitui um ameaça para<br />

a sua saúde – e isto não é considerado na legislação.<br />

Elsa Gómez, OPAS<br />

A CEPAL iniciou uma discussão sobre a expansão das<br />

medidas de proteção social, tanto para cobertura de saúde<br />

quanto para aposentadorias, desvinculando as mesmas da<br />

participação no mercado de trabalho formal. Neste<br />

momento, as pessoas têm direito à saúde e previdência<br />

desde que participem do mercado de trabalho formal e<br />

possam economizar dinheiro para participar, devido à<br />

privatização do seguro de saúde e aposentadorias. As<br />

inúmeras pessoas que trabalham no setor informal, –<br />

maioria composta por mulheres – ficam, por conseguinte,<br />

basicamente sem qualquer cobertura ou proteção. ... Será<br />

que as sociedades e as nações decidirão, a título de<br />

solidariedade, financiar esta proteção que atualmente<br />

existe somente para quem pode pagar e poupar dinheiro?<br />

Este é um desafio importante para todos os países em vias<br />

de desenvolvimento e não apenas para a América Latina.<br />

Sonia Montaño, CEPAL<br />

Marcela Suazo, Ministra do Instituto Nacional da Mulher de Honduras, no<br />

Simpósio de Nova Iorque.<br />

27


28<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

María Isabel Plata, da Profamilia, na Colômbia, descreveu<br />

algumas das condições positivas que geraram uma maior<br />

eqüidade na área de saúde daquele país. Ela enfatizou a<br />

necessidade de uma estrutura completa de políticas para a<br />

saúde sexual e reprodutiva, a exemplo do que existe na<br />

Colômbia, o qual inclui tudo, desde as novas provisões<br />

constitucionais até as normas técnicas que permitem a<br />

distribuição de anticoncepção de emergência. Ela observou<br />

que ações jurídicas são também essenciais para garantir o<br />

cumprimento das leis, especialmente tendo em vista as<br />

persistentes práticas discriminatórias.<br />

Na discussão subseqüente, levantou-se a questão de que<br />

os/as ativistas não devem apenas focalizar o aumento da<br />

ajuda pública para o desenvolvimento, mas devem também<br />

pressionar para que seja implementada uma redistribuição de<br />

recursos nos países da América Latina e do Caribe. Os/as<br />

participantes também observaram a necessidade de promover<br />

uma cultura de igualdade numa região onde as pessoas estão<br />

intimamente convencidas de que são desiguais. Os/as<br />

participantes também mencionaram as competências das<br />

organizações não-governamentais na região, que têm<br />

realizado muito no campo da saúde sexual e reprodutiva, e<br />

enfatizaram a necessidade de alavancar aqueles recursos de<br />

maneira eficaz, ao invés de “reinventar a roda”.<br />

Maria Noel Navas, da RedLAC, levantou a questão das<br />

políticas para assegurar acesso universal das pessoas jovens à<br />

saúde sexual e reprodutiva na região. Neste sentido, os/as<br />

painelistas observaram que a saúde sexual e reprodutiva<br />

deveria ser parte integral dos programas de educação formal.<br />

Paulo Teixeira mencionou que é inaceitável ter programas<br />

educacionais que ignoram a saúde sexual e reprodutiva, ou<br />

que disseminam informações imprecisas e equivocadas.<br />

Rogelio Fernández-Castilla observou que a participação<br />

significativa de jovens no desenho e implementação do<br />

programa é vital, mas, ainda temos um longo caminho a<br />

trilhar.<br />

Parte da resposta a esta pergunta... deve vir do<br />

aprofundamento do processo de democratização em<br />

nossas sociedades. Nós temos perspectivas centralizadas<br />

nos adultos afetando os jovens, assim como programas<br />

tendenciosos para os adultos. Nós não incluímos os/as<br />

jovens e os/as adolescentes no desenho e na definição do<br />

que é necessário para ter estes grupos como parte da<br />

solução. Se pensarmos sobre os grupos indígenas e as<br />

populações marginalizadas, teremos uma abordagem<br />

urbana e centralizada nas populações brancas para<br />

desenvolvimento e a definição das prioridades. Os grupos<br />

mais afetados estão sistematicamente ausentes das<br />

políticas direcionadas aos jovens, de redução da pobreza,<br />

de inclusão social. Nós certamente precisamos fortalecer a<br />

participação da sociedade civil...<br />

Rogelio Fernández-Castilla, FNUAP


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Direitos humanos, os ODM e saúde<br />

sexual e reprodutiva<br />

As discussões sobre direitos<br />

humanos, realizadas no Rio de<br />

Janeiro, assim como as palestras de<br />

abertura de Carmen Barroso em<br />

ambos simpósios, demonstraram<br />

que seria possível a cada país da<br />

região realizar os ODM, no agregado<br />

de dados em nível nacional, sem,<br />

contudo, resolver as desigualdades sociais graves que<br />

caracterizam a América Latina e o Caribe. A partir daquele<br />

ponto os/as apresentadores enfatizaram o quanto é essencial<br />

integrar os princípios de direitos humanos que regem a<br />

igualdade e a não discriminação nos planos e programas para<br />

erradicar a pobreza. Os direitos humanos constituem um<br />

instrumento poderoso, porém, muitas vezes, é subutilizado,<br />

para chamar a atenção para o sofrimento dos/as mais pobres<br />

e mais desasistidos/as.<br />

Rebecca Cook observou que os/as decisores dos governos,<br />

ativistas, provedores/as de saúde e a academia devem<br />

elaborar normas que integrem os princípios e valores de<br />

direitos humanos em seu trabalho e prática diária. Estes<br />

podem ter a forma de diretrizes, códigos de ética, leis ou<br />

políticas. Cook recomendou aos/às participantes fazer<br />

reivindicações de direitos humanos em todos tipos de locais e<br />

em todos níveis de legislação – local, nacional, regional e<br />

internacional.<br />

Precisamos trabalhar como uma comunidade para<br />

inundar os fóruns [em nível nacional, regional e<br />

internacional] com estes argumentos, com estas normas<br />

de direitos humanos, com estes princípios de justiça<br />

social, igualdade e não discriminação de sexo, raça, idade,<br />

status de saúde, renda... para forçar o cumprimento pelos<br />

governos... Na América Latina e Caribe, a boa notícia é<br />

que todos estes fóruns estão sendo utilizados, algumas<br />

vezes obtendo vantagens, algumas vezes não, mas eles<br />

estão realmente sendo utilizados...<br />

Uma tarefa essencial nos próximos anos será elaborar<br />

normas e padrões para a provisão de atenção e para<br />

melhorar o acesso... Caso não façamos a parte mais difícil<br />

deste trabalho para elaborar normas, padrões e diretrizes,<br />

e mais importante ainda, implementá-los, nós estaremos<br />

desarmados/as diante de vários fundamentalismos.<br />

O propósito e a argumentação dos fundamentalistas é que<br />

existe um direito não limitado de objeção consciente.<br />

Entretanto, o direito de objeção consciente é apenas para<br />

aqueles católicos e outros que desejam reivindicá-lo. Ao<br />

reivindicar este direito, eles/as ignoram o direito das<br />

mulheres terem sua própria consciência, sua própria<br />

religião. Eles argumentam que existe um direto de<br />

liberdade de religião, porém não existe o direito de<br />

liberdade da religião. Precisamos estar preparados e<br />

devidamente equipados para estes debates,<br />

argumentando de maneira respeitosa e tranqüila sobre<br />

estes temas... demonstrar quais são os nossos valores.<br />

Rebecca Cook, Universidade de Toronto<br />

Cook descreveu o trabalho que poderia ser feito para tornar<br />

os diretos humanos operacionais, tomando como exemplo a<br />

anticoncepção de emergência. Ela argumentou que o trabalho<br />

precisa ser feito simultaneamente em três níveis distintos:<br />

nível clínico, nível do sistema de saúde, nível das condições<br />

sociais envolvidas. No nível clínico, com relação ao acesso não<br />

discriminatório à anticoncepção de emergência, normas e<br />

padrões devem ser estabelecidos para descrever a obrigação<br />

do pessoal de saúde para encaminhar as vítimas de estupro<br />

para a anticoncepção de emergência. Todos os hospitais<br />

devem ser requeridos a disponibilizar anticoncepção de<br />

emergência nos seus ambulatórios de emergência. Como a<br />

FEBRASGO fez no Brasil, as sociedades de obstetrícia e<br />

ginecologia deveriam elaborar diretrizes éticas para<br />

caracterizar como um tratamento degradante o ato de não<br />

encaminhar as vítimas de estupro para os serviços de<br />

29


30<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Marta Lamas, Presidente do Grupo de Información en Reproducción<br />

Elegida (GIRE), México, no painel sobre os direitos humanos, os ODM e a<br />

saúde sexual e reprodutiva no Simpósio do Rio.<br />

anticoncepção de emergência. De maneira similar, as<br />

sociedades profissionais precisam elaborar diretrizes que<br />

abordem a objeção consciente, tornando claro que existem<br />

limites para este tipo de objeção e que as responsabilidades<br />

clínicas do profissional superam o direito pessoal de<br />

consciência do provedor. No nível do sistema de saúde,<br />

normas, diretrizes e leis devem estabelecer que os/as<br />

adolescentes devem ser tratados/as de acordo com as suas<br />

capacidades evolutivas, ao invés de estabelecer um limite<br />

etário arbitrário. No nível das condições sociais envolvidas, as<br />

leis, políticas e práticas devem ser submetidas a uma<br />

avaliação de direitos humanos, para assegurar que as<br />

mesmas não constituam uma barreira, mas que de fato<br />

facilitem o acesso. No contexto da anticoncepção de<br />

emergência, isto pode significar tornar a anticoncepção de<br />

emergência disponível sem necessidade de prescrição médica,<br />

desde que as evidências clínicas demonstrem que esta<br />

prescrição não é necessária.<br />

Marta Lamas, do GIRE (Grupo de Información en<br />

Reproducción Elegida), discorreu sobre como os direitos<br />

humanos podem constituir uma plataforma comum de<br />

valores para contestar aqueles/as que se opõem aos direitos<br />

sexuais e reprodutivos com base na sua cultura nacional ou<br />

de minoria. Lamas argumentou que muito progresso já foi<br />

feito pelos grupos transnacionais da sociedade civil para<br />

elaborar e enriquecer estes princípios comuns de direitos<br />

humanos e transformá-los num verdadeiro projeto<br />

multicultural – um “regionalismo globalizado” de valores<br />

compartilhados. Destacou, ainda, a utilidade de valores<br />

compartilhados, a exemplo de: respeito pela autonomia do<br />

corpo, solidariedade, pluralismo, diversidade, justiça,<br />

igualdade, estado secular, o direito de viver sem interferência<br />

indevida do Estado e da Igreja. Estes termos podem fazer e<br />

de fato fazem a diferença nos diretos sexuais e reprodutivos<br />

para todos/as, e também têm a vantagem de ser, para<br />

muitos indivíduos, mais fáceis de entender e apoiar do que<br />

“direitos sexuais e reprodutivos.”<br />

Existem diversas estratégias. Uma que aplicamos no<br />

México consiste em falar sobre sexualidade e reprodução<br />

no contexto de diretos civis. Estes são dirietos que<br />

protegem as diferenças entre os indivíduos e os grupos,<br />

desde que tais diferenças sejam compatíveis com as<br />

liberdades de todos/as. O que é mais central do que o<br />

corpo humano quando falamos das liberdades? O nosso<br />

corpo é o contexto onde experimentamos a vida<br />

diariamente. No meu país os direitos humanos estão<br />

consagrados na Constituição na forma de “direitos<br />

individuais” – liberdade de expressão, liberdade de<br />

associação, liberdade de opinião, igualdade perante as leis<br />

e direito à privacidade. Estas garantias implicam que o<br />

Estado e as igrejas não deveriam interferir nas decisões de<br />

cunho pessoal. Sob o guarda-chuva dos direitos civis é<br />

possível apresentar a luta pelos direitos sexuais e<br />

reprodutivos de uma maneira diferente. É interessante<br />

observar que pessoas que ficam desconfortáveis com o<br />

discurso das decisões sexuais e reprodutivas aceitam as<br />

mesmas quando estas são rotuladas como questões de<br />

direitos civis.<br />

Marta Lamas, GIRE<br />

Susana Chiarotti, do Comitê Latino-Americano e Caribenho<br />

para a Defesa dos Direitos das Mulheres (CLADEM), enfatizou<br />

o direito à saúde como um instrumento essencial para<br />

abordarmos os problemas que as mulheres enfrentam<br />

diariamente, a exemplo da falta de qualidade da atenção em<br />

saúde. Ela mencionou que o direto à saúde é um direito<br />

constitucional na América Latina e no Caribe – pois todos<br />

países ratificaram a Convenção Internacional sobre Direitos<br />

Econômicos, Sociais e Culturais, e alguns países, a exemplo da


Argentina, incorporaram este e outros tratados em suas<br />

respectivas Constituições. Além disso, a maioria dos países da<br />

região reconhece o direito à saúde em suas Constituições.<br />

Conseqüentemente, na América Latina e no Caribe, o direito à<br />

saúde não é opcional: constitui uma obrigação do governo, e<br />

é, na maioria dos casos, um direito Constitucional. Chiarotti<br />

observou que este aspecto tem dois efeitos específicos.<br />

Primeiramente, ele condiciona os tipos de acordos que os<br />

governos podem firmar, como, por exemplo, o de livre<br />

comércio. A minuta mais recente do Acordo de Livre Comércio<br />

entre as Américas propõe colocar os serviços de saúde no<br />

pacote de serviços que podem ser comercializados e<br />

privatizados. Na opinião de Chiarotti, isto seria ilegal e seria<br />

uma contravenção aos diretos humanos. Em segundo lugar,<br />

considerar a saúde, incluindo a saúde sexual e reprodutiva,<br />

como um direito não negociável pode conduzir a uma<br />

mudança qualitativa nas atitudes e comportamentos do<br />

pessoal da área de saúde de todos os níveis em relação ao<br />

seu público. Ela descreveu o tratamento, muitas vezes<br />

chocante, que as mulheres pobres enfrentam nos hospitais<br />

públicos da Argentina, especialmente quando se trata de<br />

saúde sexual e reprodutiva:<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Diversas mulheres são humilhadas e discriminadas nos<br />

serviços de saúde pública porque são mulheres, são pobres,<br />

são gordas, são indígenas, engravidam repetidamente,<br />

porque pecaram... Eu posso confirmar, baseada na minha<br />

prática profissional como advogada, que, nos serviços de<br />

emergência, um ladrão ferido numa troca de tiros é melhor<br />

tratado do que uma mulher que chega ao serviço com<br />

hemorragia devido a um aborto... esta mulher é submetida<br />

a um julgamento moral sobre sua vida, sobre sua vida<br />

sexual e, então, o julgamento torna-se uma punição:<br />

insultos, tratamento indevido, recusa em atender os seus<br />

pedidos por água, comida, analgésicos. “Se você pecou vai<br />

ter que pagar por isto”. Este tipo de tratamento<br />

desencoraja a mulher a retornar ao sistema de saúde<br />

pública para receber e continuar o tratamento que pode<br />

salvar a sua vida e a sua saúde, assim como evitar a<br />

próxima gravidez, o próximo aborto... As autoridades<br />

políticas e de saúde pública ainda não perceberam o<br />

escopo do problema e o baixo custo da mudança de<br />

atitudes. Entretanto, não existe diferença de custos<br />

quando falamos de discriminação e não-discriminação. E os<br />

benefícios de um tratamento de qualidade, respeitoso e<br />

não discriminatório, são enormes e podem ser mensurados<br />

em termos de qualidade de vida.<br />

Susana Chiarotti, CLADEM<br />

Chiarotti descreveu as ações tomadas pelo CLADEM para<br />

enfrentar a situação, incluindo apresentação de uma queixa<br />

contra a Argentina no Comitê das Nações Unidas Contra<br />

Torturas, após ter realizado entrevistas com centenas de<br />

mulheres em seis hospitais públicos, as quais revelaram um<br />

padrão de abuso flagrante. Esta medida provou ser eficaz,<br />

resultando na reforma de protocolos de atenção clínica nos<br />

hospitais, seminários com o pessoal de saúde, assim como<br />

treinamento pré-serviço e em serviço para médicos e<br />

enfermeiras. Ela observou que, atualmente, tanto os<br />

provedores de saúde quanto as pacientes encaram seus<br />

papéis de maneira diferente. As mulheres percebem que<br />

estão pagando por estes serviços através dos impostos e,<br />

conseqüentemente, podem exigir um bom atendimento, e,<br />

assim, o pessoal de saúde mudou suas atitudes. Os<br />

instrumentos de direitos humanos provaram ser um<br />

mecanismo eficaz de cumprimento da legislação; eles têm<br />

dentes e podem ser utilizados em tempo real para defender<br />

as vítimas de abuso.<br />

Durante as discussões, os/as participantes enfatizaram o<br />

impacto adverso do fundamentalismo religioso sobre os<br />

programas de saúde sexual e reprodutiva e debateram<br />

Rebecca Cook, Professora da Universidade de Toronto, no painel sobre<br />

os direitos humanos, os ODM e a saúde sexual e reprodutiva no<br />

Simpósio do Rio.<br />

31


32<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Susana Chiarotti do CLADEM no painel sobre os direitos humanos, os<br />

ODM e a saúde sexual e reproductiva no Simpósio do Rio.<br />

Jacqueline Pitanguy do CEPIA, Brasil, moderadora do painel sobre os<br />

direitos humanos, os ODM e a saúde sexual e reproductiva no<br />

Simpósio do Rio.<br />

estratégias para enfrentar os ultraconservadores no domínio<br />

das idéias. A importância da mobilização social em torno dos<br />

direitos humanos e a utilização destes como instrumentos de<br />

persuasão foi enfatizado por diversos/as comentaristas<br />

durante as discussões.<br />

Eu concordo com o comentário [feito por Moncef Ben<br />

Ibrahim da IPPF] sobre a importância de persuadirmos<br />

nossos governos. Quais são os argumentos e a linguagem<br />

que devemos utilizar para convencer as pessoas que estão<br />

vivenciando violações dos seus direitos sexuais e<br />

reprodutivos para que se juntem à nossa causa, ao invés<br />

de reproduzir o discurso religioso e hegemônico? Com<br />

relação ao tema da persuasão, eu gostaria de relembrar o<br />

que foi dito por Sergio Moscovici, um sociólogo e<br />

antropólogo francês sobre o poder de uma minoria<br />

consistente. Quando uma minoria mantém pressão<br />

contínua sobre seus pontos de vista ao longo do tempo,<br />

pode obter apoio... De maneira similar, nós podemos<br />

persuadir outros/as sobre o valor universal da liberdade, e<br />

que este se estende para o campo da sexualidade e da<br />

reprodução.<br />

Marta Lamas, GIRE<br />

Algumas pessoas argumentaram que os/as progressistas<br />

se esquivaram de discutir religião e cultura, para sua<br />

desvantagem. Susana Chiarotti respondeu que, de certa<br />

maneira, o trabalho desenvolvido pela CLADEM em relação<br />

aos direitos humanos das mulheres nos hospitais está<br />

conectado com religião. Ela observou que o tratamento<br />

abusivo sofrido pelas mulheres nos hospitais é parte da<br />

herança religiosa naquela região, com seu histórico de<br />

autoritarismo e julgamento dos/as outros/as. Este é um<br />

legado que eles/as tentam desfazer.


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Reforma do setor de saúde, política<br />

macroeconômica, saúde sexual e<br />

reprodutiva e os ODM<br />

No simpósio realizado em Nova Iorque,<br />

Sachs recomendou a todos/as<br />

participantes a desafiar o “Consenso<br />

de Washington” sobre a abertura de<br />

mercados como a “solução mágica”<br />

para erradicação da pobreza. Ele<br />

argumentou que o fracasso dos<br />

ajustes estruturais está sendo<br />

reconhecido de forma crescente e, conseqüentemente, os<br />

ODM constituem uma oportunidade para os governos se<br />

apossarem do processo de planejamento para o<br />

desenvolvimento e recusar demandas feitas pelas<br />

instituições financeiras internacionais no sentido de<br />

continuar os cortes nos gastos com saúde e educação.<br />

Com relação ao FMI e ao Banco Mundial – e aos seus<br />

fracassos gerais durante os últimos 25-30 anos – o poder<br />

do desenvolvimento internacional não estava em Nova<br />

Iorque [sede da ONU], mas, sim, em Washington...<br />

Washington é o local onde os problemas monetários foram<br />

discutidos pela última geração, particularmente nas<br />

instituições participantes da conferência de Bretton Woods.<br />

Os últimos 25 anos foram um período conhecido como uma<br />

era de ajustes estruturais, os quais vocês conhecem muito<br />

bem... Obviamente, isto foi um fracasso. Nos últimos 10<br />

anos, de maneira crescente, o fracasso tem sido<br />

reconhecido. Isto ocorre, em parte, porque o momentum e a<br />

agenda mudaram para uma visão mais ampla sobre o<br />

desenvolvimento, para incluir não apenas cortes<br />

orçamentários e abertura de mercado, mas o cancelamento<br />

de dívidas, reforma sobre o sistema internacional de<br />

comércio, maiores investimentos em saúde e educação e<br />

assim por diante. Esta tem sido uma luta difícil, ainda não<br />

completamente vencida [objetivos da luta alcançados].<br />

A idéia dos ODM é capacitar as comunidades e os governos<br />

locais para que atuem no mesmo nível das agências<br />

internacionais opressivas. “Esperem! Estes são os nossos<br />

planos; vocês têm que nos apoiar!”. Esta é realmente a<br />

idéia, os planos devem ser de propriedade do país, mas ser<br />

de propriedade do país não significa ser propriedade do<br />

governo, significa um esforço coordenado entre o governo<br />

e a sociedade civil. Este é o padrão que vocês devem impor<br />

aos seus governos.<br />

Jeffrey Sachs, Projeto do Milênio da ONU, e Earth<br />

Institute, Universidade de Columbia<br />

As discussões sobre políticas macroeconômicas e reformas<br />

do setor de saúde, em ambos simpósios, enfatizaram a<br />

necessidade de questionar conceitos ortodoxos dominantes<br />

em relação à abertura de mercados, à pressão crescente para<br />

estabelecimento de monopólios em direitos de propriedade<br />

intelectual, assim como em relação à privatização e ao caráter<br />

mercadológico dos serviços.<br />

É realmente uma vergonha que, durante o debate sobre<br />

financiamento do desenvolvimento e dos ODM,... a ONU<br />

não tenha iniciado debate em Monterrey denunciando o<br />

Consenso de Washington. O Consenso de Washington tem<br />

sido um fracasso. Vamos ter coragem e dizê-lo. Na América<br />

Latina, este Consenso foi aplicado integralmente,<br />

resultando num fracasso.<br />

Cecilia López, Fundação Agenda Colômbia<br />

Paulo Teixeira apresentou o exemplo do Brasil com relação<br />

às drogas anti-retrovirais. Como resultado de suas<br />

negociações mantidas com empresas farmacêuticas e outros<br />

membros da Organização Mundial do Comércio, o Brasil<br />

garantiu o direito de produzir seus próprios anti-retrovirais<br />

genéricos, reduzindo bastante os seus gastos com compra de<br />

33


34<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Painel sobre política macroeconômica, reforma do setor de saúde, os ODM e saúde sexual e reprodutiva no Simpósio do<br />

Rio. Da direita para a esquerda: Paulo Teixeira, Coordenador Sênior do Programa DST/AIDS de São Paulo, Brasil;<br />

Mariama Williams, DAWN, Jamaica; Marijke Velzeboer (moderadora), Dirigente da UNIFEM na América Latina; Ralph<br />

Hakkert, Equipe de Suporte Nacional aos países da América Latina e Caribe, FNUAP; Debora Tajer, LACWHN, Argentina.<br />

drogas para as pessoas vivendo com AIDS no país, tendo até<br />

aumentado o número de pessoas tratadas. O Brasil tratava<br />

85.000 pessoas a um custo de 336 milhões de dólares norteamericanos<br />

em 1999 e passou a tratar 150.000 pessoas a um<br />

custo de 172 milhões de dólares norte-americanos em 2004.<br />

Nesta batalha, o Brasil teve que desafiar a noção de que os<br />

direitos de propriedade intelectual poderiam ter precedência<br />

sobre a vida e a saúde dos/as seus/suas cidadãos/ãs.<br />

As ações do Brasil também tiveram o efeito de reduzir os<br />

preços das matérias-primas para estas mesmas drogas no<br />

mercado internacional, e ajudaram a garantir que o Acordo<br />

Doha proteja o acesso de todos os países em desenvolvimento<br />

às drogas genéricas e essenciais que eles não produzem. Ele<br />

observou que, sem tais medidas, o Brasil estaria na situação<br />

que Cecília López identificou nas suas projeções de custo para<br />

a Colômbia: enfrentando uma crise na saúde pública, mas<br />

sendo terrivelmente pressionado por custos crescentes de<br />

tratamento com drogas de marca registrada.<br />

Teixeira observou que esta batalha dura travada pelo Brasil<br />

destaca a dimensão essencialmente política da saúde pública.<br />

Ele argumentou que a mobilização social pelos/as ativistas de<br />

direitos humanos e AIDS, em nível internacional e no Brasil,<br />

foi crucial para a vitória nesta luta – precisamente devido ao<br />

fato de que ela não foi meramente uma “questão técnica”,<br />

mas uma questão profunda de vida ou morte.<br />

Ao contar-lhes a história da luta do Brasil para produzir<br />

anti-retrovirais genéricos, minha intenção é demonstrar<br />

que a saúde pública não é uma mera questão de<br />

tecnologia. Na realidade, ela é uma questão<br />

essencialmente política, na qual os direitos humanos<br />

fundamentais estão sempre em jogo.<br />

Paulo Teixeira, Programa de DST/AIDS do Estado<br />

de São Paulo<br />

Mariama Williams de DAWN (Development Alternative with<br />

Women for a New Era) discutiu o impacto das políticas<br />

macroeconômicas – da forma que são promovidas atualmente<br />

pelas instituições financeiras internacionais – sobre as políticas<br />

nacionais dos países em desenvolvimento, referentes aos<br />

setores sociais (por exemplo: educação, saúde ou habitação). Ela<br />

descreveu de que maneira as políticas macroeconômicas<br />

predominantes conduzem os governos a priorizar objetivos – a<br />

exemplo de equilíbrio orçamentário, cortes nos impostos,<br />

abertura de mercados, redução de débito, proteção de patentes,<br />

ou remoção de barreiras tarifárias – o que tem pouco ou nada a<br />

ver com a construção do capital social. Conseqüentemente, na<br />

sua opinião, ela não considera surpreendente que a busca<br />

desses objetivos não produza investimentos governamentais<br />

nas áreas de saúde e educação, mas, na verdade, conduzem à<br />

redução dos investimentos nestes setores.


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Neste contexto, é comum que investimentos adequados do<br />

setor público e privado na área de infra-estrutura,<br />

importantes para indivíduos e famílias, sejam tratados de<br />

forma benevolente, ou como assuntos secundários e sem<br />

importância; esta é uma conduta de legisladores/as que se<br />

auto-denominam responsáveis. Esta situação não pode<br />

continuar porque ela é inerentemente destrutiva e<br />

desigual.<br />

Mariama Williams, DAWN<br />

Ela chamou a atenção dos/as participantes para o impacto<br />

potencial dos acordos de livre comércio, incluindo o Acordo de<br />

Livre Comércio das Américas, o qual está sendo atualmente<br />

negociado por diversos países da América Latina e Caribe com<br />

os Estados Unidos. Com relação à saúde pública, estes acordos<br />

contêm diversas provisões que poderiam ser muito danosas, a<br />

exemplo de proteção de patente mais longa (25 anos de<br />

proteção de propriedade intelectual, comparada aos 20 anos<br />

no acordo sobre direitos de propriedade intelectual<br />

relacionados ao comércio (TRIPS – trade-related aspects of<br />

intellectual property rights) da Organização Mundial de<br />

Comércio (OMC), com uma linguagem que substitui a<br />

flexibilidade contemplada pelo acordo Doha 2001 aos<br />

governos, para que estes priorizem a saúde pública em<br />

detrimento dos direitos de patente.<br />

Os EUA têm examinado de forma muito sistemática<br />

aquelas quatro ou cinco flexibilidades do acordo TRIPS, e se<br />

certificam de que, através dos acordos de livre comércio, os<br />

governos desistam da sua capacidade de proteger a<br />

disponibilidade das drogas genéricas. Este é um aspecto ao<br />

qual devemos estar muito atentos, significando que os<br />

nossos governos estão re-escrevendo legislações de<br />

patentes baseadas no protótipo dos acordos de livrecomércio<br />

propostos pelos EUA; estes países estão<br />

bloqueando para si próprios a disponibilidade pela qual o<br />

Brasil e outros países lutaram, incluída na declaração Doha,<br />

assim como o acordo de Genebra, de 2003, antes da<br />

reunião de Cancún.<br />

Mariama Williams, DAWN<br />

Neste contexto, Williams convocou os/as ativistas de saúde<br />

sexual e reprodutiva na região para ampliar suas atividades<br />

de defesa de direitos, advocacy, além dos problemas<br />

imediatos, englobando temas de justiça econômica e social.<br />

Ralph Hakkert e Debora Tajer lembraram diversas<br />

conseqüências negativas da reforma do setor de saúde, da<br />

maneira como é executada na região, sob recomendação de<br />

instituições financeiras internacionais. Na grande maioria dos<br />

países da região que implementaram a reforma do setor de<br />

saúde, a instrução de cobrar honorários dos/as usuários e<br />

“recuperar custos” reduziu o acesso dos/as mais pobres aos<br />

serviços de saúde. Hakkert observou que isto não foi uma<br />

surpresa, uma vez que a reforma do setor de saúde foi<br />

concebida por economistas que têm pouco entendimento<br />

sobre o funcionamento dos sistemas de saúde.<br />

Chamou, também, a atenção dos/as participantes para a<br />

tendência da reforma do setor de saúde na região ser<br />

baseada em concepções desatualizadas sobre a saúde da<br />

mulher e reforçar ou retomar programas verticais. Por<br />

exemplo, em diversos países da região, a reforma teve a<br />

tendência de enfocar de maneira estreita a atenção maternoinfantil<br />

/ gravidez, excluindo, inclusive, a atenção abrangente<br />

à saúde sexual e reprodutiva ao longo de toda a vida,<br />

conforme a visão de Cairo.<br />

Jeffrey Sachs, Diretor do Earth Institute da Universidade de Columbia,<br />

Diretor do Projeto do Milênio da ONU, no Simpósio de Nova Iorque.<br />

35


36<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Especialmente no campo da saúde da mulher, as políticas<br />

promovidas pela reforma do setor de saúde representam<br />

programas especializados, atenção materno-infantil, o que<br />

colide com a noção de uma abordagem integrada da saúde<br />

da mulher, e, em particular, da saúde sexual e reprodutiva.<br />

O eixo central consiste em acompanhar as mulheres<br />

durante a gravidez, parto e período de puerpério, provendo<br />

atenção à saúde infantil. Apenas em alguns países os<br />

serviços de saúde para as mulheres foram concebidos e<br />

executados de uma maneira mais ampla. Estas políticas<br />

resultaram no retorno de uma visão antiga da saúde da<br />

mulher prevalente na década de 70, constituindo uma<br />

quebra da idéia da atenção ampla à saúde contemplada<br />

no Plano de Cairo. Ainda assim, na reforma, a maioria dos<br />

problemas enfrentados pelo campo de saúde sexual e<br />

reprodutiva não são diferentes daqueles enfrentados por<br />

outras áreas de saúde.<br />

Ralph Hakkert, FNUAP<br />

Mariama Williams, Coordenadora Co-Pesquisadora de Políticas<br />

Econômicas da Globalização, DAWN, Jamaica no Simpósio do Rio.<br />

Tanto Hakkert quanto Tajer destacaram a falta fundamental<br />

de coerência entre o conceito de desenvolvimento humano e<br />

as políticas neoliberais macroeconômicas atualmente vigentes.<br />

Alguns/algumas participantes expressaram a opinião de que<br />

os ODM apresentam oportunidades para chamar atenção para<br />

contradições e tensões fundamentais entre as políticas<br />

neoliberais macroeconômicas promovidas pelo Banco Mundial<br />

e especialmente pelo Fundo Monetário Internacional, assim<br />

como para a necessidade de maiores investimentos nos<br />

setores sociais, os quais refletem corretamente os ODM.<br />

Williams concordou com estas opiniões, tendo observado que<br />

maiores investimentos nos setores sociais, embora sejam<br />

necessários, não seriam suficientes para a realização dos ODM.<br />

A insuficiência de financiamentos é um dos motivos pelos<br />

quais os ODM não seriam realizados, porém, existe outra<br />

razão: ausência de ambiente favorável. Ao mesmo tempo<br />

que publicamos os ODM, temos políticas contraditórias e<br />

conflitantes sendo operacionalizadas. Nós temos uma<br />

política de comércio que, na verdade, é anti-redutora-depobreza<br />

e anti-desenvolvimento-humano... Temos uma<br />

falta de coerência entre a agenda dos ODM e as agendas<br />

de comércio, macroeconomia e finanças... Estamos<br />

integrando o comércio e as finanças através da articulação<br />

do Banco Mundial, FMI e OMC – eles estão agora<br />

formalmente articulados num processo de coerência que<br />

visa assegurar que os seus campos de trabalho não entrem<br />

em conflito com a agenda de comércio. Não existe nenhum<br />

tipo de articulação semelhante para o desenvolvimento<br />

humano e direitos humanos. No meu entendimento, este é<br />

o maior obstáculo pelo qual isto não vai funcionar, mesmo<br />

que tenhamos financiamento suficiente... Financiamento é<br />

parte do problema, mas eu diria que ele não é o problema<br />

fundamental... Por este motivo é que nós não podemos<br />

separar a agenda de direitos sexuais e reprodutivos do<br />

Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio e do Acordo sobre<br />

Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao<br />

Comércio [TRIPS – trade-related intellectual property<br />

rights].<br />

Mariama Williams, DAWN<br />

Williams também observou que os Documentos<br />

Estratégicos para Redução de Pobreza (PRSP, Poverty<br />

Reduction Strategy Papers), atualmente elaborados pelos<br />

países em desenvolvimento para assegurar empréstimos do<br />

Banco Mundial, não almejam alcançar a redução de pobreza<br />

ou aumentar recursos para o setor de saúde, devido ao fato<br />

de que estes permanecem embutidos na estrutura dos<br />

ajustes estruturais e não desafiam este paradigma.


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Eu discordo da proposta de que termos saúde sexual e<br />

reprodutiva como um item nos Documentos Estratégicos<br />

para Redução de Pobreza [PRSPs] será útil... Estes<br />

documentos são apenas um mecanismo destinado a<br />

vincular serviços de débito para promover a agenda do<br />

comércio... E se nós olharmos todas as revisões do FMI e o<br />

volume de 300 páginas que integram estes PRSPs, veremos<br />

que estes não almejam a redução da pobreza. Portanto, se<br />

quisermos lutar para inserir temas de saúde sexual e<br />

reprodutiva nos PRSPs, teremos que lutar para abrir o<br />

processo destes documentos e abrir a estrutura de políticas<br />

macroeconômicas que os direcionam.<br />

Mariama Williams, DAWN<br />

Uma tarefa importante dos/as ativistas de saúde consiste<br />

em incluir a saúde como investimento ao invés de apenas<br />

“gasto social”. Diversos/as participantes observaram que um<br />

dos maiores desafios, no futuro, será posicionar o debate<br />

como uma questão que possa equilibrar os princípios do<br />

mercado com a justiça social. Tal discussão poderia ser<br />

formatada como uma renovação de um contrato social entre<br />

os/as cidadãos/ãs com o Estado. Para que os ODM sejam<br />

utilizados pelos defensores neste debate, inicialmente eles<br />

precisarão ser explicados e discutidos nacionalmente, algo<br />

que, de certa forma, já começou a acontecer na América<br />

Latina e no Caribe. Os/as ativistas presentes em ambos<br />

simpósios expressaram a decisão de prestar mais atenção à<br />

política macroeconômica, comércio e orçamentos do que<br />

tinham feito até agora.<br />

37


38<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Quanto custa assegurar acesso universal<br />

à SSR? Quais são os benefícios?<br />

Cecilia López da Agenda Colômbia,<br />

apresentou uma estimativa de custos<br />

para provisão de acesso universal à<br />

saúde sexual e reprodutiva na Colômbia<br />

– um exercício que demanda muito<br />

esforço e que é importante no contexto<br />

dos ODM, ambiente onde os argumentos<br />

sobre custo-benefício possuem um apelo<br />

especial. López concluiu que o acesso universal não é<br />

barato, porém significa importantes benefícios para a<br />

saúde e para a área social. Expressou sua preocupação a<br />

respeito do tratamento para o HIV que abarca uma grande<br />

parte do orçamento proposto, devido ao alto custo dos<br />

anti-retrovirais na Colômbia, resultante de um tratado<br />

bilateral entre este país e os Estados Unidos da América do<br />

Norte. Ela também observou que uma grande parcela dos<br />

pobres na Colômbia ainda não tem seguro de saúde, e 43%<br />

da população total permanece na mesma situação.<br />

Segundo López, as políticas sociais “orientadas para o<br />

mercado” que emergem do Consenso de Washington na<br />

região constituem um fracasso, havendo uma necessidade<br />

urgente de vontade política e mobilização social para<br />

garantir que os segmentos populacionais sem seguro de<br />

saúde tenham acesso à saúde e que sejam renegociados os<br />

preços e medicamentos essenciais, a exemplo de antiretrovirais<br />

e insumos de planejamento familiar.<br />

O custo principal é o preço dos medicamentos – estamos<br />

lidando com um acordo bilateral firmado com os Estados<br />

Unidos. Este é um problema que as pessoas subestimaram.<br />

Ele é importante porque não se refere apenas ao HIV, é<br />

claro, embora o impacto seja importante para o HIV; tratase<br />

também dos micro-nutrientes para atenção pré-natal,<br />

métodos de planejamento familiar... Esta negociação é<br />

muito importante porque se isto aumentar ainda mais os<br />

custos, eu não sei o que nós poderemos fazer! O<br />

tratamento para HIV aumenta o custo total de serviços de<br />

saúde sexual e reprodutiva em 57%... e nós estamos na<br />

fase crítica para ações – e se não fizermos nada,<br />

poderemos ter uma pandemia... Certamente as<br />

recomendações são óbvias. A primeira delas é que não<br />

podemos continuar com o modelo econômico atual, mas<br />

sinceramente falando, nós precisamos começar este<br />

debate... Então, precisamos buscar alternativas e as<br />

mulheres precisam participar dos debates, antes que<br />

tenhamos um novo paradigma, desprezando, mais uma<br />

vez, as necessidades das mulheres.<br />

Cecilia López, Agenda Colômbia<br />

Mayra Buvinic, do Banco Inter-Americano de<br />

Desenvolvimento, examinou as quantias gastas com saúde<br />

sexual e reprodutiva na América Latina e no Caribe e<br />

encontrou grandes disparidades com a maioria do dinheiro<br />

sendo gasto com as mulheres das camadas mais ricas. Ela<br />

observou que alguns países da região têm condições de cobrir<br />

a atenção à saúde para toda a população caso reajustem seus<br />

orçamentos. Entretanto, outros países são definitivamente<br />

tão pobres e enfrentam tamanha desigualdade financeira que<br />

essa cobertura exigirá financiamento externo.<br />

Helena Hofbauer da FUNDAR descreveu como “monitorar o<br />

dinheiro”. Nas suas atividades de análise dos orçamentos no<br />

México, ela constatou que os gastos do governo estão<br />

principalmente alocados para os grupos mais privilegiados.<br />

Nos estados do México, nos quais as populações têm menor<br />

cobertura de seguro de saúde, o governo, na verdade, gasta<br />

menos per capita em saúde do que nos estados mais ricos. Ela<br />

observou que os gastos do governo federal com saúde sexual<br />

e reprodutiva passaram por grandes flutuações ao longo dos


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Painel sobre custos e benefícios do acesso universal de saúde sexual e reprodutiva em Nova Iorque. Da direita para a<br />

esquerda: Helena Hofbauer, Diretora Executiva da FUNDAR, México; Mayra Buvinic, Dirigente do Departamento de<br />

Desenvolvimento Sustentável, Banco Inter-Americano de Desenvolvimento; Cecilia López, Presidente da Agenda Colômbia.<br />

anos, indicando que os mesmos não respondem às<br />

necessidades reais, mas, sim, a outros fatores e pressões. Ano<br />

após ano, o governo gasta menos em saúde do que é<br />

autorizado pelo Congresso. Hofbauer observou que as<br />

prioridades governamentais não são saúde sexual e<br />

reprodutiva nem tampouco a saúde em geral, porém, itens<br />

como forças armadas, nos quais o orçamento é sempre<br />

excedido. Detectou, também, que existe dinheiro, e bastante<br />

dinheiro, para as coisas que o governo prioriza – lançando por<br />

terra o argumento de que as necessidades orçamentárias<br />

explicam porquê quantias insuficientes são gastas em saúde<br />

sexual e reprodutiva. E até mesmo onde existe falta de<br />

dinheiro numa área específica, as prioridades podem sempre<br />

ser questionadas com relação à alocação de dinheiro dentro<br />

daquela carência orçamentária. Destacou que é importante<br />

analisar orçamentos não apenas para mostrar para onde o<br />

dinheiro está indo, mas, também, de onde pode vir o dinheiro<br />

para atender às necessidades da saúde. A FUNDAR utilizou as<br />

informações de maneira efetiva na advocacy com os<br />

congressistas mexicanos e com o Secretário da Saúde.<br />

Na discussão subseqüente, os/as participantes chegaram a<br />

um consenso sobre a importância de elaborar argumentos<br />

econômicos para defender a saúde sexual e reprodutiva.<br />

Alguns/algumas observaram que os/as ativistas da área de<br />

HIV/AIDS encontraram uma forma de fazer argumentações<br />

econômicas poderosas para defender o tratamento universal<br />

das pessoas vivendo com AIDS, sem comprometer o seu<br />

argumento essencial de que o acesso universal também<br />

constitui um direito humano. Por exemplo, ele/as<br />

demonstraram, com êxito, as perdas econômicas crescentes<br />

causadas pela mortalidade por AIDS em populações<br />

economicamente ativas. Carmen Barroso da IPPF/RHO reprisou<br />

os comentários feitos por Geeta Rao Gupta, do Centro<br />

Internacional de Pesquisas sobre a Mulher, durante a Mesa<br />

Redonda Global da IPPF realizada em agosto de 2004, a respeito<br />

da relutância dos/as ativistas de saúde reprodutiva em fazer o<br />

mesmo. Como resultado, observou ela, os/as defensores da<br />

saúde sexual e reprodutiva perderam muito terreno na<br />

elaboração e refinamento de argumentos econômicos ligando<br />

saúde sexual e reprodutiva, pobreza e desenvolvimento,<br />

embora, estas ligações tenham sido os pilares da agenda do<br />

Plano de Cairo. Conforme destacou Rao Gupta, não existe<br />

dificuldade, seja teórica ou empírica, para se demonstrar que<br />

uma abordagem centralizada nas pessoas e nos direitos à saúde<br />

sexual e reprodutiva é essencial para redução da pobreza e<br />

desenvolvimento sustentável. Cecília López concordou.<br />

39


40<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Na condição de economista e pessoa sensível às questões<br />

de gênero, eu gostaria de dizer que acredito que o PdA e as<br />

políticas de saúde sexual e reprodutiva do CIPD em geral<br />

não foram “vendidas” muito bem... Nós não temos falado<br />

a língua dos economistas, os quais infelizmente dominam<br />

o desenvolvimento... A assim chamada maior flexibilidade<br />

dos mercados de trabalho na América Latina e Caribe, na<br />

verdade, é uma feminilização dos mercados de trabalho,<br />

com as mulheres atuando em empregos mal pagos, sem<br />

benefícios trabalhistas e segurança no emprego. Isto está<br />

claro. Nós não vendemos a saúde sexual e reprodutiva<br />

como um elemento de produtividade. Caso exista uma<br />

entrada maciça de mulheres no mercado de trabalho<br />

amplamente informal, e, ao mesmo tempo, sejam<br />

implementadas políticas que não abordem diretamente um<br />

elemento central, a exemplo da saúde das mulheres e<br />

mortalidade materna, juntamente com todos os seus<br />

componentes... Isto terá um impacto direto sobre aquilo<br />

com o que os economistas sonham; ou seja, produtividade<br />

da mão-de-obra... Estes são argumentos muito poderosos e<br />

que ajudarão a abrir espaço para geração de mais fundos<br />

para os programas.<br />

Cecilia López, Agenda Colômbia<br />

Na discussão sobre custos do tratamento de AIDS, Paulo<br />

Teixeira deixou claro que os governos terão gastos com o<br />

HIV/AIDS, de uma forma ou de outra.<br />

É extremamente importante saber ou reconhecer que, de<br />

uma forma ou de outra, nós pagaremos a conta do HIV. A<br />

diferença é que nós podemos optar – pagar por leitos<br />

hospitalares, desemprego, desorganização de núcleos<br />

familiares, drogas para tratamento de tuberculose ou<br />

pneumonia, ou podemos utilizar este mesmo dinheiro para<br />

o tratamento com anti-retrovirais. Esta foi uma das<br />

maiores lições do programa brasileiro. Após quatro anos<br />

fornecendo anti-retrovirais combinados, nós<br />

economizamos 100 milhões de dólares norte-americanos.<br />

Esta foi a diferença entre pagar pelos anti-retrovirais e<br />

pagar pelos leitos hospitalares, dentre outra despesas. É<br />

muito importante reconhecer que, em qualquer situação, o<br />

advento do HIV/AIDS implicará em custos para os nossos<br />

países. Conseqüentemente, precisamos decidir como este<br />

dinheiro será gasto.<br />

Paulo Teixeira, Programa de DST/AIDS do Estado<br />

de São Paulo<br />

Uma discussão acalorada ocorreu em seguida, abordando a<br />

medição do custo da inatividade e dos benefícios gerados<br />

pela tomada de ações na área de saúde. Alguns/algumas<br />

participantes destacaram que quando o dinheiro é gasto em<br />

educação sexual efetiva, por exemplo, menos dinheiro<br />

precisará ser gasto em outros componentes da atenção à<br />

saúde. De maneira similar, foi argumentado que se nós<br />

tornarmos o aborto seguro e legalizado, o sistema de saúde<br />

não precisará lidar com os custos de atenção emergencial<br />

para centenas de milhares de abortos inseguros.<br />

Conseqüentemente, qualquer cálculo dos custos líquidos deve<br />

levar em consideração os custos da inatividade.<br />

Levando em consideração o trabalho apresentado pelos/as<br />

painelistas, diversos/as participantes observaram a<br />

importância das pesquisas no campo da defesa de direitos,<br />

advocacy, em saúde sexual e reprodutiva. Foi feita uma<br />

convocação no sentido de se direcionar atenção especial<br />

nestas pesquisas para os segmentos populacionais mais<br />

pobres e excluídos – indígenas, afro-descendentes e<br />

populações rurais de cada país.


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Estratégias da sociedade civil para vencer<br />

desafios na implementação dos ODM<br />

Nas discussões sobre as estratégias<br />

da sociedade civil para vencer os<br />

obstáculos na realização do<br />

Programa de Ação CIPD e dos ODM,<br />

Tania Rodríguez, da RedLAC,<br />

apontou a falta de atenção à<br />

questões específicas dos/as jovens<br />

nos ODM, em contraste com o<br />

Programa de Ação CIPD. Mencionou a importância de<br />

integrar os/as jovens como participantes ativos nos<br />

programas de saúde sexual e reprodutiva e descreveu de<br />

que maneira jovens trabalhando com direitos sexuais e<br />

reprodutivos no Panamá se organizaram efetivamente em<br />

nível nacional. Uma importante estratégia para a<br />

solidariedade foi sua articulação com uma rede regional de<br />

pessoas jovens com objetivos semelhantes, a RedLAC.<br />

Os/as ativistas jovens panamenhos também procuraram<br />

participar ativamente de conferências internacionais e<br />

processos de elaboração de leis, a fim de obter experiência e<br />

credibilidade junto aos seus próprios governantes. Tal<br />

conduta permitiu-lhes participar mais efetivamente de<br />

organizações nacionais tomadoras de decisões. Os/as<br />

ativistas jovens constataram ser essencial trabalhar tanto em<br />

nível nacional e regional quanto global, a fim de progredir em<br />

um nível quando existe algum tipo de obstrução no outro.<br />

Rodríguez enfatizou a necessidade de identificar quem são<br />

os “aliados adultos” e trabalhar de maneira próxima a<br />

estes/as.<br />

No trabalho que recentemente executamos no Panamá<br />

com a ReDSeR, nossa rede nacional, participamos das<br />

atividades da Comissão Nacional de Saúde Sexual e<br />

Reprodutiva, uma estrutura oficial que define políticas<br />

nacionais sobre direitos sexuais e reprodutivos. Fomos<br />

convidados por esta Comissão porque havíamos<br />

convencido os seus membros sobre a necessidade da<br />

participação de jovens. O Ministério da Saúde é bastante<br />

receptivo para a participação de pessoas jovens.<br />

Tania Rodríguez, RedLAC<br />

Rodríguez também descreveu como os/as jovens da<br />

RedLAC estabeleceram seus próprios grupos de trabalho<br />

internos para trabalhar com temas como feminismo ou<br />

direitos sexuais, geração de novas idéias, obtenção de<br />

consenso sobre posicionamentos, desenvolvendo assim uma<br />

experiência interna para a participação juvenil.<br />

Estes grupos de trabalho constituem a base a partir da<br />

qual nós desenvolvemos nossa prática de participação<br />

juvenil nos processos regionais e internacionais.<br />

Certamente, nós temos que alimentar e elaborar nossa<br />

agenda com base em nossas próprias discussões, mas<br />

também, a construção do nosso próprio discurso tem que<br />

ser feita de uma maneira baseada em nossos próprios<br />

princípios e missão, a fim de promover uma participação<br />

juvenil significativa e diversificada.<br />

Tania Rodríguez, RedLAC<br />

Falando sobre o desafio que o fundamentalismo representa<br />

para a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos, Frances<br />

Kissling, das Católicas pelo Direito de Decidir em EUA,<br />

descreveu o crescimento de religiões conservadoras e suas<br />

influências, cada vez maiores, sobre os governos dentro dos<br />

Estados Unidos da América e em todo o hemisfério ocidental.<br />

Falou, ainda, sobre três estratégias que as Católicas pelo<br />

Direito de Decidir e seus/suas aliados/as adotaram.<br />

Inicialmente, uma articulação melhor e mais clara dos valores<br />

41


42<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Painel sobre as estratégias da sociedade civil para vencer desafios na implementação dos ODM. Da direita para a<br />

esquerda: Tania Rodriguez, RedLAC, Panamá; Esther Vicente (moderadora), Presidente do Conselho da Profamilia, Porto<br />

Rico; Frances Kissling, Presidente das Católicas pelo Direito de Decidir; Sonia Correa, DAWN e ABIA, Brasil.<br />

que as católicas progressivas representam na área de SRR e<br />

justiça social, baseados no pensamento secular, diversificado<br />

e democrático, com foco na necessidade de expandir e<br />

proteger o estado leigo; em segundo lugar, um desafio mais<br />

direto frente aos elementos fundamentalistas dominantes na<br />

Igreja; e, finalmente, a recuperação das vozes religiosas<br />

liberais no campo da justiça social (embora devamos<br />

permancer cautelosas/os em dar autoridade demasiada para<br />

os clérigos masculinos, mesmo que sejam progressistas).<br />

Com relação à defesa do estado leigo, Kissling comenta<br />

sobre a necessidade de “monitorar o dinheiro”, em<br />

concordância com as observações feitas por Helena Hofbauer<br />

sobre a análise dos orçamentos. É importante demonstrar que<br />

geralmente a Igreja utiliza isenções fiscais e fundos públicos<br />

para executar suas atividades, conseqüentemente é<br />

inaceitável que eles/as se recusem a prover determinados<br />

serviços de saúde, a exemplo da distribuição de métodos<br />

anticoncepcionais e preservativos. Sobre a questão das<br />

instituições que trabalham com religião, Kissling observou a<br />

recente tendência que todos tipos de entidades decisórias<br />

têm em buscar a participação de líderes religiosos, porém sem<br />

a abordagem crítica em relação às questões de gênero.<br />

O Banco Mundial tem um programa completo de<br />

colaboração com as religiões... Porém, quando eu olho para<br />

o programa, eu não consigo encontrar uma única reunião<br />

que o Banco Mundial tenha realizado na qual estivessem<br />

fisicamente presentes mais de duas mulheres. Vinte e cinco<br />

líderes religiosos e duas mulheres... Que não são líderes<br />

religiosas. Onde estão as mulheres da religião nesses<br />

encontros? Nós precisamos dizer ao governo, ao Banco<br />

Mundial, à IPPF, PNUD, FNUAP e todas as demais<br />

instituições que quando fazemos religião, não precisamos<br />

apoiar a religião patriarcal do século 18! Precisamos<br />

apoiar a religião do século 21, a qual inclui mulheres em<br />

igualdade nas mesas de negociação.<br />

Frances Kissling, CFFC<br />

Finalmente, Sonia Correa, da DAWN e ABIA (Associação<br />

Brasileira Interdisciplinar de AIDS), descreveu algumas<br />

pesquisas e atividades de advocacy realizadas pela rede<br />

feminista DAWN (Alternativas de Desenvolvimento com<br />

Mulheres para uma Nova Era) ao longo dos últimos 20 anos, a<br />

fim de tornar público o impacto negativo sobre as mulheres<br />

pobres causado pelas políticas de ajuste estrutural e outras<br />

correlatas, políticas neoliberais macroeconômicas impostas<br />

aos países em desenvolvimento, a partir da década de 70.<br />

A DAWN tem chamado a atenção de maneira consistente<br />

para as contradições existentes entre os controles fiscais<br />

rígidos impostos aos países em desenvolvimento, e o pouco


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

caso do FMI e do Banco Mundial à necessidade de investir em<br />

educação primária e atenção básica em saúde. Por este<br />

motivo, durante as conferências realizadas na década de<br />

1990, a DAWN lutou pela inclusão em diversos acordos de<br />

uma referência a um “ambiente favorável”, igualdade de<br />

gênero e direitos humanos. A DAWN cunhou o termo<br />

“fundamentalismo econômico”, o qual é atualmente utilizado<br />

em larga escala pelos/as críticos/as da política neoliberal.<br />

Com relação a este assunto, Correa observou que estas idéias<br />

não foram muito bem recebidas pelos países do Norte, muito<br />

embora estes mesmos países tenham sido aliados<br />

incondicionais das feministas do Sul em relação à luta pelos<br />

direitos sexuais e reprodutivos. A DAWN também se tornou<br />

uma parceira em diversos projetos para monitorar o FMI e o<br />

Banco Mundial, a exemplo das Campanhas “50 Anos é<br />

Bastante” e “Olhos Femininos sobre o Banco Mundial”.<br />

Correa observou a importância, como uma parte essencial<br />

daquela pesquisa e advocacy, de se documentar e publicar<br />

exemplos de políticas dos países em desenvolvimento que<br />

resistiram, com sucesso, à pressão neoliberal para cortar<br />

custos e serviços, a exemplo do Sistema Único de Saúde (SUS)<br />

do Brasil e o seu mecanismo de financiamento. Embora ela<br />

não estivesse otimista sobre o redirecionamento do<br />

“Consenso de Washington” num futuro imediato, observou<br />

importantes fissuras e fraturas no discurso neoliberal, o qual<br />

pode ser explorado para se forjar modelos alternativos. Por<br />

exemplo, o trabalho do economista e ex-vice-presidente do<br />

Banco Mundial, Joseph Stiglitz. Com relação a este assunto,<br />

ela concordou com a sugestão de Mariama Williams de se<br />

investigar e investir em novos fóruns, a exemplo da comissão<br />

de Direitos Humanos da ONU, onde argumentos sobre o<br />

acesso aos serviços de saúde encontram maior receptividade.<br />

Com relação a buscar fóruns mais hospitaleiros, Maria Jose<br />

Araújo, Secretária da Saúde da Mulher no Ministério da Saúde<br />

do Brasil, destacou uma recente colaboração regional. Ela<br />

descreveu a criação, pelos membros do Mercosul (Argentina,<br />

Brasil, Paraguai e Uruguai) e países associados (Chile, Bolívia<br />

e Peru), de uma comissão intergovernamental que elaborou<br />

uma política comum sobre saúde sexual e reprodutiva. Ela<br />

mencionou que esta é a única comissão do Mercosul que<br />

inclui ONG como membros e participantes.<br />

Durante as discussões, Kissling destacou o papel ativo que<br />

forças religiosas conservadoras têm desempenhado na<br />

promoção dos ODM, acrescentando que “o preço da sua<br />

centralização e participação é um papel secundário para a<br />

saúde e os direitos sexuais e reprodutivos na estrutura dos<br />

ODM”. Ela advertiu os/as participantes sobre essa nova<br />

construção religiosa do que consiste justiça social e convocou<br />

as organizações de mulheres a se engajarem nos debates:<br />

É por este motivo que eu estou preocupada com os ODM.<br />

Supõe-se que agora estes objetivos sejam a definição da<br />

justiça social para o planeta. Eu não posso ficar sentada<br />

sem fazer nada, enquanto a elite poderosa define justiça<br />

social... Totalmente enfocada sobre temas de paz e<br />

pobreza. Direitos reprodutivos, liberdade individual,<br />

liberdade pessoal, são elementos de justiça social, e eu não<br />

quero permitir que a definição mundial permaneça como<br />

está.<br />

Frances Kissling, CFFC<br />

Diversos/as participantes concordaram com a necessidade<br />

de melhorar as habilidades técnicas dos/as ativistas em<br />

saúde sexual e reprodutiva sobre temas econômicos, assim<br />

como trazer especialistas para suas fileiras, a fim de melhorar<br />

a capacidade de debater com economistas. Neste sentido,<br />

Marijke Velzeboer discorreu sobre o programa da UNIFEM<br />

destinado a treinar economistas em direitos de gênero e<br />

direitos humanos e também treinar organizações de mulheres<br />

para dialogar com economistas. A construção de alianças com<br />

outros setores e a ampliação dos círculos de ativistas em<br />

Tania Rodriguez, membro fundadora da RedLAC (Rede de Jovens<br />

Latino-Americanos e Caribenhos pelos Direitos Sexuais e<br />

Reprodutivos) no Simpósio do Rio.<br />

43


44<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

saúde sexual e reprodutiva e temas relativos à pobreza, foi<br />

também identificada como uma prioridade correlata e<br />

urgente.<br />

Finalmente, com relação às mensagens estratégicas, os/as<br />

participantes e painelistas relembraram, ao longo dos dois<br />

dias, a importância do engajamento total e reengajamento<br />

nos debates importantes de idéias, campo este no qual<br />

ativistas dos direitos das mulheres e saúde sexual e<br />

reprodutiva tanto fizeram nos anos 90.<br />

Os grandes avanços das cinco ou seis conferências da ONU<br />

na década de 1990 estão relacionados à mudança de<br />

atitude. Através de Conferências sobre Direitos Humanos,<br />

Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Mulheres,<br />

População e Desenvolvimento – todas essas conferências<br />

criaram uma nova atitude internacional. Isto opera num<br />

nível cultural incipiente, intuitivo...<br />

Não há dúvidas de que realizamos muito. O movimento das<br />

mulheres, o movimento feminista e o movimento da saúde<br />

reprodutiva fizeram muito progresso. Por outro lado, isto<br />

não é uma desculpa para ignorarmos o fato de que temos<br />

ainda, numa escala relativa, muito menos poder do que<br />

diversos movimentos que estão contra nós e contra a<br />

saúde e os direitos sexuais e reprodutivos... Então, a<br />

pergunta estratégica é: Como podemos operar quando não<br />

somos tão poderosos quanto aqueles que se opõem a<br />

nós?... Algumas estratégias funcionam melhor quando<br />

temos menos poder...<br />

Nós subestimamos estrategicamente o poder das idéias. ...<br />

Transformação social é principalmente a mudança da<br />

forma como as pessoas pensam. ... Trata-se de um ponto<br />

central que precisamos fazer, mas não fizemos o bastante.<br />

Em última instância, não se trata de dinheiro. O dinheiro é<br />

importante, porém são as idéias, juntamente com a sua<br />

paixão, criatividade e consistência que vencem no final.<br />

Frances Kissling, CFFC<br />

Cada “pedaço” do progresso alcançado no campo do HIV e<br />

da saúde reprodutiva foi conseqüência do engajamento<br />

social em nível nacional e internacional. Desta forma,<br />

precisamos entender isto de maneira clara e agir, agir e<br />

agir.<br />

Paulo Teixeira, Programa de DST/AIDS do Estado<br />

de São Paulo


Conclusão<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Ao longo dos dois dias, os/as<br />

participantes enfatizaram o papel<br />

vital da mobilização e engajamento<br />

social para o avanço de uma agenda<br />

de justiça social mais ampla. Os/as<br />

participantes reconheceram a<br />

importância de considerar e<br />

posicionar a saúde e os direitos<br />

sexuais e reprodutivos, não de maneira isolada, mas num<br />

contexto mais amplo daquela agenda, assim como a<br />

necessidade concomitante de monitorar e abordar as políticas<br />

estabelecidas pelo Banco Mundial e pelos ministérios das<br />

finanças e do planejamento. Todas as pessoas engajadas nos<br />

movimentos de justiça social devem se alistar e se mobilizar<br />

para a luta pelos direitos sexuais e reprodutivos contra os<br />

fundamentalismos múltiplos.<br />

Tendo apenas alguns meses antes da Cúpula da Declaração<br />

do Milênio, a ser realizada pelas Nações Unidas, em 2005, as<br />

organizações da sociedade civil na América Latina e no Caribe<br />

não devem perder tempo na disseminação do trabalho<br />

relativo ao Projeto do Milênio da ONU, o que poderá fazer<br />

uma diferença importante, caso as ONG e os governos<br />

utilizem este documento em todos os níveis como referência.<br />

Estas organizações podem pressionar por melhores metas e<br />

indicadores. As organizações de mulheres podem buscar e<br />

construir alianças com associações de planejamento familiar e<br />

outros grupos e vice-versa. Com o Programa de Ação CIPD, a<br />

Plataforma de Ação de Beijing e o relatório do Projeto do<br />

Milênio da ONU em mãos, os/as ativistas podem realizar<br />

visitas aos governos para pressionar por renovação da<br />

implementação de acordos de saúde sexual e reprodutiva.<br />

Eles/as podem convidar outros grupos, a exemplo de médicos<br />

e pessoal de saúde, para se engajar conjuntamente nestas<br />

ações.<br />

De maneira geral, os/as participantes concluíram que a<br />

comunidade de saúde e direitos sexuais e reprodutivos<br />

conseguiu muito progresso na região ao longo dos últimos<br />

dez anos. Porém, é preciso continuar a questionar, desafiar e<br />

pressionar por mudanças. Existem diversos instrumentos a<br />

serem utilizados. O engajamento é essencial para obtermos<br />

mudanças de políticas. Sem a participação dos diversos<br />

segmentos da sociedade civil, diversas realizações do passado<br />

seriam inimagináveis – e o que ainda precisa ser feito seria<br />

instransponível.<br />

María Isabel Plata da Profamilia talvez tenha resumido<br />

melhor este sentimento:<br />

Existe um movimento de mulheres que é muito forte, com<br />

organizações que são muito importantes e muito custoefetivas.<br />

Portanto, eu lançaria uma convocação para<br />

organizações multilaterais: Não esqueçam o papel<br />

desempenhado pelas organizações da sociedade civil. Nós<br />

não temos a cobertura do estado, mas temos eficiência,<br />

conhecimento e honestidade. …Com um pouco de<br />

imaginação, podemos nos embasar no trabalho das redes<br />

de associações de planejamento familiar, a exemplo da<br />

IPPF, as quais sabem como fazer as coisas; grupos de<br />

mulheres, os quais sabem como fazer as coisas; grupos de<br />

lésbicas e gays atuando com HIV, os quais sabem como<br />

fazer e estão fazendo. Existe muita riqueza por aí. Os<br />

Estados podem aprender muito com estes grupos em<br />

termos de eficiência e de como melhorar a cobertura...<br />

Temos uma força que não valorizamos. ...Desenvolvemos<br />

muitas estratégias efetivas, existe conhecimento que vem<br />

de diversas raças e grupos étnicos, o qual é muito valioso,<br />

o qual devemos reivindicar e divulgar em nível nacional e<br />

seguir adiante. ... Não é fácil, não. Nada, nada é fácil nesta<br />

área! Os grupos poderosos que se opõem à saúde sexual e<br />

reprodutiva das mulheres e dos jovens se fortaleceram e<br />

continuam a se fortalecer, juntamente com<br />

fundamentalistas religiosos e econômicos de todas as<br />

estirpes. Mas nós também estamos aqui. Nós realizamos<br />

muito. Nós também somos bem organizados/as e<br />

enfrentaremos as batalhas. Os piores dias já ficaram para<br />

trás. Penso na Colômbia. Nós estamos acostumados/as a<br />

enfrentar adversidades! Sinceramente, acho que temos<br />

aquilo de que necessitamos e podemos trabalhar com<br />

outros setores e construir um front comum para realizar os<br />

nossos objetivos.<br />

María Isabel Plata, Profamilia, Colômbia<br />

45


46<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Anexo 1<br />

Programas de Nova Iorque e Rio<br />

de Janeiro<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong>: Realizando os Objetivos de<br />

Desenvolvimento do Milênio na América Latina<br />

e no Caribe<br />

UN Plaza Millennium Hotel, Cidade de Nova Iorque, 20 de outubro<br />

de 2004<br />

Boas-vindas Monty Eustace, Presidente da Federação<br />

Internacional de Planejamento Familiar, Região do <strong>Hemisfério</strong><br />

Ocidental (IPPF/RHO)<br />

Notas de abertura Carmen Barroso, Diretora Regional da<br />

IPPF/RHO<br />

Contagem Regressiva 2015: Fazendo a Agenda Acontecer<br />

Steven W. Sinding, Diretor Geral da Federação Internacional de<br />

Planejamento Familiar (IPPF)<br />

De que maneira as intervenções de saúde sexual e reprodutiva<br />

contribuirão para a realização dos ODM?<br />

Jeffrey D. Sachs, Diretor do The Earth Institute na Columbia<br />

University; Diretor do Projeto do Milênio da ONU<br />

Rogelio Fernández-Castilla, Diretor, Equipe de Suporte Nacioal<br />

dos Países da América Latina e Caribe, Fundo das Nações Unidas<br />

para Assuntos de População (FNUAP)<br />

Paulo Teixeira, Coordenador Sênior, Programa HIV/AIDS do<br />

Estado de São Paulo, Brasil<br />

Moderadora: Adrienne Germain, Presidente da <strong>International</strong><br />

Women’s Health Coalition<br />

Intervenções iniciais: Teresa Lanza, Rede Latino-Americana das<br />

Católicas pelo Direito de Decidir e María Noel Navas, Rede de<br />

Jovens Latino-Americanos e Caribenhos pelos Direitos Sexuais e<br />

Reprodutivos (RedLAC), seguido por uma sessão de perguntas e<br />

respostas<br />

Quais políticas asseguram acesso eqüitativo à<br />

saúde sexual e reprodutiva?<br />

Elsa Gómez, Conselheira Regional de Gênero e Saúde,<br />

Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)<br />

Sonia Montaño, Dirigente da Unidade de Gênero, Comissão<br />

Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL)<br />

María Isabel Plata, Diretora Executiva, Profamilia, Colômbia<br />

Moderadora: Lynn Freedman, Mailman School of Public Health,<br />

Universidade de Columbia<br />

Perguntas e respostas da audiência<br />

Quanto custa assegurar acesso universal à saúde sexual e<br />

reprodutiva? Quais são os beneficios?<br />

Cecilia López, ex-Diretora do Ministério Nacional de Planejamento<br />

da Colômbia, ex-Ministra do Meio Ambiente e da Agricultura da<br />

Colômbia; Presidente da Agenda Colômbia<br />

Mayra Buvinic, Dirigente do Departamento de Desenvolvimento<br />

Sustentável, Banco Inter-Americano de Desenvolvimento<br />

Helena Hofbauer, Diretora Executiva, FUNDAR (Centro de Análises<br />

e Pesquisas), México<br />

Moderadora: Caren Grown, Diretora da Redução de Pobreza e<br />

Governança Econômica, Centro Internacional de Pesquisas sobre<br />

a Mulher (ICRW)<br />

Intervenções iniciais: Nirvana Gonzalez Rosa, Rede de Saúde de<br />

Mulheres da América Latina e Caribe (RSMLAC) e Margaret Gill,<br />

Associação Caribenha para Pesquisas e Ações Feministas<br />

(CAFRA), seguida por uma sessão de Perguntas e Respostas.<br />

Encerramento Françoise Girard, Consultora da IPPF/RHO<br />

Simpósio sobre Objetivos de Desenvolvimento<br />

do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na<br />

América Latina e no Caribe<br />

Rio Othon Palace, Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2004<br />

Boas-vindas Monty Eustace, Presidente da IPPF/RHO<br />

CIPD e ODM sob a perspectiva da IPPF Steven W. Sinding, Diretor<br />

Geral da IPPF<br />

Sumário das Discusssões de Nova Iorque Carmen Barroso,<br />

Diretora Regional da IPPF/RHO<br />

Direitos humanos, as ODM e saúde sexual e reprodutiva<br />

Rebecca Cook, Professora da Universidade de Toronto, Canadá<br />

Marta Lamas, Presidente do GIRE, México<br />

Susana Chiarotti, CLADEM, Argentina<br />

Moderadora: Jacqueline Pitanguy, CEPIA, Brasil<br />

Apresentações seguidas de perguntas e respostas com a<br />

audiência<br />

Política macroeconômica, reforma do setor de saúde, ODM e<br />

saúde sexual e reprodutiva<br />

Paulo Teixeira, Coordenador Sênior do Programa DST/AIDS do<br />

Estado de São Paulo, Brasil<br />

Mariama Williams, DAWN, Jamaica<br />

Ralph Hakkert, Equipe de Suporte Nacional aos países da América<br />

Latina e Caribe, FNUAP<br />

Moderadora: Marijke Velzeboer, Dirigente para a América Latina,<br />

UNIFEM<br />

Debatedora: Debora Tajer, Rede de Saúde de Mulheres da<br />

América Latina e Caribe (RSMLAC), Argentina<br />

Apresentações seguidas de perguntas e respostas com a<br />

audiência<br />

Estratégias da sociedade civil para vencer desafios na<br />

implementação dos ODM<br />

Tania Rodríguez, RedLAC, Panamá<br />

Frances Kissling, Presidente das Católicas pelo<br />

Direito de Escolher, EUA<br />

Sonia Correa, DAWN e ABIA, Brasil<br />

Moderadora: Esther Vicente, Presidente do Conselho, Profamilia,<br />

Porto Rico; Membro do Conselho, IPPF/RHO<br />

Apresentações seguidas de perguntas e respostas com a<br />

audiência<br />

Encerramento Françoise Girard, Consultora da IPPF/RHO


Anexo 2<br />

Organizações Co-participantes<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Federação Internacional de Planejamento Familiar/Região do<br />

<strong>Hemisfério</strong> Ocidental (IPPF/RHO)<br />

A Federação Internacional de Planejamento Familiar/Região do<br />

<strong>Hemisfério</strong> Ocidental (IPPF/RHO) foi fundada em 1954, com o<br />

objetivo de melhorar a saúde das mulheres em todas as<br />

Américas. Embora a prioridade da IPPF/RHO seja assegurar o<br />

acesso universal aos métodos de planejamento familiar, também<br />

busca resolver a gama de problemas de saúde sexual e<br />

reprodutiva que afetam a saúde integral das mulheres, homens e<br />

adolescentes. O trabalho da IPPF/RHO baseia-se na crença de que<br />

o acesso a informações e serviços de alta qualidade em saúde<br />

sexual e reprodutiva constituam um direito humano básico. Ao<br />

tornar tais serviços disponíveis, a IPPF/RHO ajuda a capacitar<br />

indivíduos para que estes/as tomem decisões sobre sua<br />

fertilidade, contribuindo assim para a melhoria da saúde do<br />

bem-estar, desenvolvimento nacional e qualidade ambiental.<br />

A IPPF/RHO atua principalmente através de uma rede de 46<br />

associações afiliadas na América do Norte, América Latina e<br />

Caribe, as quais provêem 18 milhões de procedimentos anuais em<br />

mais de 40.000 unidades de saúde. A IPPF/RHO fornece<br />

assistência técnica e suporte financeiro para estas e outras<br />

organizações de saúde reprodutiva, ajuda a facilitar o<br />

compartilhamento de informações entre suas afiliadas e defende<br />

os direitos sexuais e reprodutivos em nível regional e<br />

internacional. A IPPF/RHO é uma das seis regiões compondo a<br />

Federação Internacional de Planejamento Familiar (IPPF), sediada<br />

em Londres.<br />

Rede de Saúde de Mulheres da América Latina e Caribe<br />

(RSMLAC)<br />

Estabelecida em 1984, a RSMLAC é uma rede de organizações e<br />

indivíduos do movimento pela saúde das mulheres trabalhando<br />

para promover a saúde das mulheres e o total exercício dos<br />

direitos humanos femininos e cidadania, através da<br />

transformação cultural, política e social da nossa região e do<br />

mundo, a partir de uma perspectiva feminista. Esta Rede une<br />

centenas de organizações e indivíduos de uma ampla gama de<br />

nacionalidades, etnias, classes sociais, faixas etárias, crenças<br />

religiosas e orientações sexuais.<br />

A RSMLAC publica o Jornal da Saúde Feminina (Women’s<br />

Health Journal) e a Coleção de Saúde Feminina (Women’s Health<br />

Collection) anual; promove campanhas de advocacy em temaschave<br />

ligados à saúde feminina, a exemplo da descriminalização<br />

do aborto e acesso aos serviços de saúde da mulher; treina<br />

recursos humanos em saúde integral da mulher com uma<br />

perspectiva de gênero; ajuda a elaborar políticas públicas<br />

favoráveis às mulheres, através do diálogo com setores<br />

pertinentes do governo e do poder legislativo; acompanha e<br />

monitora a implementação de acordos firmados na Conferência<br />

Internacional sobre População e Desenvolvimento, assim como<br />

outras conferências internacionais.<br />

Rede Latino-Americana de Católicas pelo Direito de Decidir<br />

(Rede CDD)<br />

A Rede CDD da América Latina foi estabelecida na Quinta<br />

Reunião Internacional sobre Mulheres e Saúde, realizada em<br />

1987, na Costa Rica. Foi concebida como um movimento<br />

autônomo das Católicas Latino-Americanas comprometidas com<br />

justiça social, igualdade de gênero e mudança nas atitudes<br />

culturais e religiosas em sua sociedade. A Rede CDD da América<br />

Latina promove os direitos humanos das mulheres,<br />

particularmente aqueles relacionados à sexualidade e<br />

reprodução humana, tanto dentro da igreja como na sociedade<br />

mais ampla. A Rede tem grupos afiliados no México, Brasil, Chile,<br />

Argentina, Bolívia e Colômbia, e é ativa em nível regional e<br />

internacional. Com freqüência regular, publica Conciencia,<br />

distribuída em toda a América Latina. Organiza campanhas na<br />

região,sozinha ou em conjunto com outras Redes regionais,<br />

atuando na promoção dos direitos sexuais e reprodutivos na<br />

América Latina e lidera seminários, cursos e oficinas sobre<br />

questões éticas relacionadas à reprodução. A Rede CDD tem uma<br />

equipe de conselheiros treinados para disseminar informações e<br />

se engajar em debates sobre estes temas, seja em seminários ou<br />

conferências internacionais e regionais.<br />

Associação Caribenha para Pesquisas e Ações Feministas<br />

Caribbean Association for Feminist Research and Action (CAFRA)<br />

Fundada em 1985, em Barbados, a CAFRA é uma rede regional de<br />

feministas, pesquisadores/as, ativistas e organizações de<br />

mulheres que definem políticas feministas como uma questão de<br />

consciência e de ação. A CAFRA está comprometida com o<br />

entendimento do relacionamento entre a opressão contra as<br />

mulheres e outras formas de opressão na sociedade, além de<br />

trabalhar ativamente para uma mudança nesta situação. As<br />

atividades da CAFRA, até o presente, incluem projetos e<br />

programas sobre Mulheres na Agricultura Caribenha; Mulheres e<br />

o Direito; História e Expressão Criativa das Mulheres; Mulheres,<br />

Desenvolvimento e Subsistência Sustentável; Saúde e Direitos<br />

Reprodutivos das Mulheres; e Gênero e Jovens.<br />

Rede de Jovens Latino-Americanos e Caribenhos pelos Direitos<br />

Sexuais e Reprodutivos (RedLAC)<br />

A RedLAC é composta por 15 organizações de jovens e<br />

organizações que atuam com jovens em 14 países da América<br />

Latina e do Caribe. Os objetivos da RedLAC incluem: desenvolver<br />

advocacy para articular questões de gênero, direitos sexuais<br />

reprodutivos e a juventude; fortalecer a capacidade das<br />

organizações afiliadas para promover a capacitação dos/as<br />

jovens; estabelecer elos entre os movimentos das jovens e<br />

feministas; e desenvolver processos nacionais para apoiar o<br />

engajamento jovem e seus direitos sexuais e reprodutivos. As<br />

atividades da RedLAC incluem: Acompanhamento e participação<br />

em Beijing+5 e Sessão Especial das Nações Unidas sobre os<br />

Direitos das Crianças; promoção de redes nacionais defendendo<br />

os direitos sexuais e reprodutivos através das suas pontos de<br />

contato nacionais; elaboração de um Manual sobre Direitos<br />

Humanos de Mulheres Jovens, baseado no CEDAW, assim como<br />

treinamento na utilização do Manual.<br />

47


48<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Anexo 3<br />

Notas biográficas dos<br />

apresentadores e painelistas,<br />

Nova Iorque e Rio de Janeiro<br />

Carmen Barroso<br />

Carmen Barroso assumiu o cargo de Diretora Regional da<br />

Federação Internacional de Planejamento Familiar, Região do<br />

<strong>Hemisfério</strong> Ocidental em março de 2003. Na condição de líder<br />

amplamente reconhecida no campo da saúde sexual e<br />

reprodutiva, Carmen Barroso atuou durante doze anos como<br />

diretora de População e Saúde Reprodutiva na Fundação John D.<br />

and Catherine T. MacArthur. Sob sua liderança, a Fundação<br />

financiou centenas de ONG na África, Ásia e América Latina e<br />

ajudou a trazer as vozes de mulheres do Terceiro Mundo para os<br />

fóruns de políticas internacionais. Na academia, ela recebeu o<br />

título de Destaque Catedrático Hubert Humphrey na Macalester<br />

College, tendo também atuado como Professora de sociologia na<br />

Universidade de São Paulo. Como pesquisadora sênior da<br />

Fundação Chagas, teve um papel pioneiro na criação do primeiro<br />

e mais importante centro de estudos do Brasil sobre as mulheres.<br />

Carmen Barroso foi membro fundadora da DAWN, uma rede de<br />

mulheres do Terceiro Mundo, e da Rede de Organismos<br />

Financiadores de População, Saúde e Direitos Reprodutivos<br />

(Funders’ Network on Population, Reproductive Health and<br />

Rights), além de participar do conselho da Hispanics in<br />

Philanthropy. Barroso tem o título de PhD em psicologia social<br />

pela Universidade de Columbia e foi Professora Visitante na<br />

Universidade de Cornell.<br />

Mayra Buvinic<br />

Mayra Buvinic é Dirigente da Divisão de Desenvolvimento Social<br />

do Departamento de Desenvolvimento Sustentável e Conselheira<br />

Especial sobre Violência no Banco Inter-Americano de<br />

Desenvolvimento. Antes de ingressar no BIRD, em 1996, ela foi<br />

membro fundadora e presidente do Centro Internacional de<br />

Pesquisas sobre a Mulher (<strong>International</strong> Center for Research on<br />

Women). A Sra. Buvinic tem publicações nas áreas de pobreza e<br />

gênero, promoção de emprego, desenvolvimento de pequenos<br />

empreendimentos, saúde reprodutiva e, mais recentemente,<br />

redução da violência. Cidadã chilena, tem título de PhD em<br />

psicologia social pela Universidade de Wisconsin-Madison.<br />

Susana Chiarotti<br />

Susana Chiarotti é advogada, com pós-graduação em Legislação<br />

Familiar. É Coordenadora Regional do CLADEM (Comitê Latino-<br />

Americano e Caribenho para a Defesa dos Direitos das Mulheres),<br />

Diretora do Instituto de Gênero, Direito e Desenvolvimento da<br />

Argentina e, como professora, ministra o curso do Programa de<br />

Mestrado denominado “Poder e Sociedade sob a Perspectiva de<br />

Gênero” na Faculdade de Filosofia da Universidade Nacional de<br />

Rosario, Argentina. A Sra. Chiarotti é co-fundadora da Comissão<br />

de Gênero e supervisiona o ensino de Saúde e Direitos Humanos<br />

na Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Rosario.<br />

Rebecca J. Cook<br />

Rebecca Cook foi convidada para integrar o Conselho de<br />

Advogados de Washington, D.C., e atua como professora na<br />

Faculdade de Direito e Faculdade de Medicina da Universidade de<br />

Toronto. A professora Cook é Co-Diretora do Programa<br />

Internacional sobre Direito em Saúde Sexual e Reprodutiva na<br />

Universidade de Toronto. É co-editora em assuntos éticos e legais<br />

no <strong>International</strong> Journal of Gynecology and Obstetrics. Suas<br />

publicações incluem mais de 150 livros, artigos e relatórios nas<br />

áreas de direitos humanos internacionais, direito relativo à<br />

saúde das mulheres e ética feminista. O seu livro mais recente,<br />

em co-autoria com Bernard M. Dickens e Mahmoud F. Fathalla, é<br />

Reproductive Health and Human Rights: Integrating Medicine,<br />

Ethics and Law. Ela possui os seguintes títulos: A.B. (Barnard),<br />

M.A. (Tufts), M.P.A. (Harvard), J.D. (Georgetown), J.S.D.<br />

(Columbia)<br />

Sonia Correa<br />

Sonia Correa é a fundadora do SOS-Corpo – Instituto Feminista<br />

para a Democracia (Brasil). É coordenadora de direitos de saúde<br />

sexual e reprodutiva da DAWN, Development Alternative with<br />

Women for a New Era, uma rede de pesquisas e ativistas<br />

baseadas no sul. É, também, autora de Population and<br />

Reproductive Rights: Feminist Perspectives from the South<br />

(1994). Desde 1994, tem acompanhado de maneira próxima as<br />

negociações da ONU relacionadas a gênero, sexualidade e saúde<br />

reprodutiva. Atualmente, é pesquisadora associada na<br />

Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) e membro<br />

da Comissão Brasileira de População e Desenvolvimento.<br />

Monty Eustace<br />

Monty Eustace é Presidente da Federação Internacional de<br />

Planejamento Familiar, Região do <strong>Hemisfério</strong> Ocidental. Devotou<br />

a maior parte da sua vida profissional ao crescimento de<br />

instituições que serviram às causas trabalhistas, de saúde<br />

reprodutiva e desenvolvimento nacional, incluindo cargos<br />

executivos seniores junto ao Congresso Caribenho do Trabalho e<br />

como primeiro Diretor Executivo da Caribbean Family Planning<br />

Affiliation (CFPA). Serviu como fonte de referência numa<br />

variedade de seminários sobre planejamento, programação,<br />

orçamento e administração no campo de planejamento familiar.<br />

Além disso, estabeleceu a secretaria executiva do CFPA e foi<br />

responsável pelo agrupamento sub-regional de<br />

aproximadamente duas dezenas de países de língua inglesa,<br />

francesa e holandesa. Realizou consultorias para o FNUAP, AFL-<br />

CIO, AIFLD e PADF e serviu como conselheiro aos governos da<br />

Dominica, Granada, Santa Lúcia e São Vicente. Além do seu<br />

envolvimento com instituições orientadas para questões sociais,<br />

Eustace gerenciou a maior indústria do seu país, a St. Vincent<br />

Banana Growers Association, a qual empregou aproximadamente<br />

25% da força de trabalho de seu país. Também presidiu a Câmara<br />

de Indústria e Comércio de seu país.<br />

Rogelio Fernández-Castilla<br />

Rogelio Fernández-Castilla é atualmente o Diretor da Equipe de<br />

Suporte Técnico Regional do Fundo das Nações Unidas para<br />

Assuntos de População (FNUAP) para a América Latina e Caribe,<br />

com sede no México, atuando, também, como Representante do<br />

FNUAP para o México e Diretor para Cuba e República<br />

Dominicana. Obteve título de PhD em Demografia Médica pela<br />

Escola de Higiene e Medicina Tropical na Universidade de<br />

Londres, um título de Bacharel em Administração e Contador<br />

Público Nacional pela Universidade de Córdoba, Argentina. Desde<br />

1987 até 2000, assumiu sucessivamente os cargos de<br />

Representante do FNUAP em Moçambique, Etiópia, Peru e foi<br />

Diretor Nacional do FNUAP para Angola, Guiné Bissau, São Tomé,<br />

Chile e Paraguai, tendo sido também o Oficial de Articulação do<br />

FNUAP para a Comissão Econômica das Nações Unidas para a<br />

África e para a Organização da Unidade Africana (Organization<br />

of African Unity - OAU).


Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Françoise Girard<br />

Françoise Girard é advogada e diretora do grupo feminista de<br />

advocacy e política denominado Eve & The Snake, o qual<br />

promove igualdade de gênero e direitos sexuais. Entre 1999 e<br />

2003, foi Oficial Sênior de Programas para Política Internacional<br />

no <strong>International</strong> Women’s Health Coalition, com ênfase em<br />

advocacy e elaboração de políticas junto às agências da ONU e<br />

em conferências promovidas pela ONU (CIPD+5, Beijing+5, Sessão<br />

Especial sobre HIV/AIDS e Direito das Crianças, CIPD+10).<br />

Contribuiu com artigos para as publicações <strong>International</strong> Family<br />

Planning Perspectives, Reproductive Health Matters, Journal of<br />

Women’s Health and Law, Populi, e QCQ, dentre outras. Antes de<br />

ingressar no IWHC, Françoise Girard foi Diretora Regional do Open<br />

Society Institute.<br />

Elsa Gómez Gómez<br />

Socióloga, PhD em Demografia pela Universidade Estadual de<br />

Ohio, Elsa Gómez conta com 25 anos de experiência em pesquisa,<br />

planejamento e ensino nas áreas de população, desenvolvimento,<br />

gênero e saúde. No seu país de origem, Colômbia, atuou junto ao<br />

Centro Regional de População, Ministério Nacional do<br />

Planejamento e Universidade dos Andes; no Chile, trabalhou com<br />

o Centro Latino-Americano das Nações Unidas para Demografia,<br />

CELADE/CEPAL. Atualmente, é Conselheira Regional para Gênero e<br />

Saúde junto à Organização Pan-Americana de Saúde/OMS. Elsa é<br />

autora de diversas publicações nas áreas de gênero, saúde e<br />

desenvolvimento.<br />

Ralph Hakkert<br />

Ralph Hakkert é conselheiro junto à Equipe de Suporte Nacional<br />

do Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP) junto à<br />

América Latina e Caribe, com ênfase em população e pobreza.<br />

Nesta posição, orienta os governos da região sobre políticas e<br />

programas populacionais, elaboração de censos, estatísticas e<br />

planejamento de desenvolvimento. Cidadão holandês, possui<br />

título de PhD em Sociologia pela Universidade de Cornell. Hakkert<br />

ministrou numerosos cursos sobre desenvolvimento, demografia<br />

e população em diversas Universidades da América Latina e<br />

Caribe, assim como em países de língua portuguesa na África. O<br />

Dr. Hakkert é autor de inúmeras publicações sobre demografia,<br />

população, pobreza e saúde reprodutiva.<br />

Helena Hofbauer<br />

Helena Hofbauer é Diretora Executiva do FUNDAR, Centro para<br />

Análise e Pesquisa, uma organização que objetiva desenvolver<br />

pesquisas aplicadas para apoiar o processo de democratização<br />

no México e em toda a América Latina. Uma das principais linhas<br />

de atividade do FUNDAR é pesquisa orçamentária aplicada, na<br />

qual a organização elaborou uma série de projetos variados –<br />

desde orçamentos sensíveis às questões de gênero e um amplo<br />

conjunto de atividades junto ao Congresso, oficiais do governo e<br />

ONG, até o estabelecimento de um Índice de Transparência na<br />

América Latina.<br />

A Sra. Hofbauer tem título de Bacharel em Relações<br />

Internacionais pelo El Colegio de Mexico e é Mestre em Estudos<br />

Internacionais da Paz pela Universidade de Notre Dame. Atuou<br />

como consultora para a Fundação Ford e como Professora de<br />

análise de conflitos na Universidade Ibero-Americana. Como<br />

Diretora do FUNDAR, tem enfatizado a necessidade de ampliar a<br />

participação dos/as cidadãos/ãs a fim de fortalecer a<br />

transparência e a responsabilidade, assim como assegurar a<br />

prioridade das questões sociais em toda a extensão dos<br />

orçamentos.<br />

Frances Kissling<br />

Escritora, advogada e analista de políticas, Frances Kissling<br />

ocupa a posição de presidente das Católicas pelo Direito de<br />

Decidir em EUA (CFFC) desde 1982. Uma organização nãogovernamental<br />

internacionalmente reconhecida, a CFFC trabalha<br />

pelo progresso da saúde reprodutiva, direitos das mulheres e<br />

fortalecimento da sociedade civil através de pesquisas, educação<br />

e análises de políticas. A Sra. Kissling é uma palestrante e<br />

pensadora altamente reconhecida nas questões de religião,<br />

saúde reprodutiva, direitos femininos e políticas populacionais.<br />

Como uma voz atuante na promoção de políticas públicas<br />

internacionais que promovam o progresso da saúde e dos<br />

direitos das mulheres, ela teve uma participação proeminente<br />

nas Conferências das Nações Unidas sobre População e<br />

Desenvolvimento (Cairo, 1994) e sobre as Mulheres (Beijing,<br />

1995). Em 1996 ela fez apresentações formais aos membros da<br />

Câmara dos Lordes da Inglaterra e ao Congresso Brasileiro,<br />

abordando o papel da religião nas políticas públicas.<br />

A Sra. Kissling integra os conselhos de diretores do Religious<br />

Coalition for Reproductive Choice, do The Alan Guttmacher<br />

Institute e do Ibis Reproductive Health. Ela é fundadora do Global<br />

Fund for Women. O seu trabalho já foi motivo de reportagens no<br />

New York Times, Washington Post, Boston Globe, The Guardian e<br />

outros jornais em todo o mundo. Kissling tem sido objeto de<br />

reportagens nos principais meios de comunicação norteamericanos,<br />

desde programas como “Nightline” até “Crossfire”,<br />

tendo sido recentemente apresentada no programa de notícias<br />

sobre as mulheres denominado “To the Contrary”.<br />

Marta Lamas<br />

Uma das principais advogadas públicas atuando pelos direitos<br />

das mulheres no México, Marta Lamas tem participado dos<br />

movimentos feministas desde 1971. Tanto como jornalista quanto<br />

como antropóloga, é uma das intelectuais feministas mais<br />

atuantes do país. Seu trabalho mais recente focalizou o<br />

progresso dos direitos reprodutivos femininos, particularmente o<br />

direito ao aborto, estabelecendo que o controle de uma pessoa<br />

sobre sua própria atividade reprodutora constitui uma liberdade<br />

essencial e um direito humano fundamental. É presidente e cofundadora<br />

do Grupo de Información em Reproducción Elegida<br />

(GIRE), uma das organizações não-governamentais que lideram<br />

a luta pelos direitos reprodutivos no México. É diretora do Debate<br />

Feminista, um jornal feminista, e atua como Professora de<br />

gênero e política no Instituto Autônomo de Tecnologia do México<br />

e é membro do Conselho Editorial da publicação Reproductive<br />

Health Matters. Marta é também membro fundadora do Instituto<br />

de Liderança Simone de Beauvoir e participa do Conselho de<br />

Diretores da Sociedade Mexicana para os Direitos das Mulheres.<br />

Cecilia López<br />

Cecilia López é Presidente fundadora da Fundación Agenda<br />

Colômbia, uma entidade privada que promove debates nacionais<br />

e internacionais sobre temas como economia, políticas,<br />

desenvolvimento social, gênero, previdência social e meioambiente.<br />

Ela ocupou diversos cargos no governo da Colômbia,<br />

incluindo o cargo de Ministra do Meio-Ambiente, Ministra da<br />

Agricultura, Ministra do Planejamento, Diretora do Sistema de<br />

Previdência Social e Embaixadora na Holanda. Graduada em<br />

economia, ela tem o grau de Mestre em Demografia e Pós-<br />

Graduação em Economia da Educação. Ela atuou como consultora<br />

para diversas organizações internacionais de desenvolvimento,<br />

incluindo UNICEF, PNUD, IPPF, Banco Mundial, Banco Inter-<br />

Americano de Desenvolvimento e Comissão Econômica para<br />

49


50<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

América Latina e Caribe (CEPAL). As publicações da Sra. López<br />

incluem livros e artigos sobre uma ampla gama de assuntos,<br />

desde macroeconomia e gênero, até políticas de desenvolvimento<br />

rural e social, e é colunista do Colombian Financial Times. Integra<br />

os Conselhos do FEDESARROLLO, IFPRI e IWMI, sendo também,<br />

membro da Iniciativa Feminista de Cartagena.<br />

Sonia Montaño<br />

Sonia Montaño é Dirigente da Unidade de Gênero da Comissão<br />

Econômica para América Latina e Caribe, em Santiago, Chile.<br />

María Isabel Plata<br />

María Isabel Plata é, desde 1995, a Diretora Executiva da<br />

PROFAMILIA, a associação de planejamento familiar da Colômbia.<br />

Sob sua liderança, esta associação tornou-se um modelo de<br />

sustentabilidade, passando de uma entidade beneficiária de<br />

doações a uma instituição geradora de renda, sem perder sua<br />

missão social. Atualmente, a PROFAMILIA opera 35 centros, tem<br />

14000 empregados e um orçamento de US$ 15 milhões. Antes de<br />

assumir um cargo executivo na PROFAMILIA, Maria Isabel criou e<br />

dirigiu o Serviço Jurídico para Mulheres daquela instituição, o<br />

qual se destaca dentre as demais clínicas legais, devido ao fato<br />

de ser especializada em direito familiar e direitos sexuais e<br />

reprodutivos, sob uma perspectiva de gênero. Ela participou de<br />

diversas reuniões internacionais de alto nível, incluindo as<br />

Conferências sobre as Mulheres realizadas em Nairoibi (1985) e<br />

Beijing (1995), além da Conferência Cairo+5 realizada em 1999.<br />

Tem título de J.D. pela Universidade de Rosario, em Bogotá,<br />

Mestre em Direito Comparado pela Southern Methodist<br />

University, tendo sido bolsista do Fulbright em 1978.<br />

Tania Rodríguez<br />

Tania Rodríguez tem 22 anos e atua há 7 anos como ativista nos<br />

movimentos de mulheres e jovens no Panamá. É membro<br />

fundadora da Rede de Jovens Latino-Americanos e Caribenhos<br />

pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos (RedLAC) e é uma líder da<br />

Rede Nacional de Jovens pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos do<br />

Panamá (ReD SeR). Liderou diversos seminários e treinamentos<br />

para a RedLAC, especificamente sobre como estabelecer e<br />

trabalhar com redes jovens nacionais. Estudante da Faculdade de<br />

Serviço Social, Rodríguez está atualmente elaborando uma tese<br />

sobre a avaliação dos serviços de saúde amistosos aos/às<br />

adolescentes em um dos centros de juventude operados pelo<br />

Ministério da Saúde do Panamá. Tem sido uma conselheira de<br />

ONG ativa para a delegação oficial do Panamá em diversas<br />

conferências internacionais da ONU, a exemplo de Beijing+5,<br />

Sessão Especial sobre Direitos das Crianças (2001) e Cairo+10.<br />

Jeffrey D. Sachs<br />

Jeffrey D. Sachs é Diretor do Earth Institute, Professor Quetelet de<br />

Desenvolvimento Sustentável, e Professor de Saúde Pública e<br />

Gestão na Universidade de Columbia. Atua como Conselheiro<br />

Especial de Kofi Annan, Secretário-Geral da Organização das<br />

Nações Unidas, para os Objetivos do Milênio. O Professor Sachs é<br />

internacionalmente reconhecido por sua atuação como<br />

conselheiro na área de reformas econômicas junto aos governos<br />

da América Latina, Leste Europeu e antiga União Soviética, Ásia e<br />

África, assim como pelo seu trabalho junto a agências<br />

internacionais para promover a redução da pobreza, controle de<br />

doenças e redução da dívida dos países pobres. Recentemente, foi<br />

apontado como um dos 100 líderes mais influentes no mundo pela<br />

revista Time. Éautor de centenas de artigos acadêmicos e diversos<br />

livros. Dr. Sachs foi recentemente eleito para o Instituto de<br />

Medicina e é Pesquisador Associado no National Bureau of<br />

Economic Research. Antes de ingressar na Universidade de<br />

Columbia, passou cerca de vinte anos na Universidade de Harvard,<br />

mais recentemente como Diretor do Centro de Desenvolvimento<br />

Internacional. Nascido em Detroit, Michigan, Dr. Sachs obteve os<br />

títulos de B.A., M.A. e Ph.D. pela Universidade de Harvard.<br />

Steven W. Sinding<br />

Steven W. Sinding é, desde 2000, Diretor Geral da Federação<br />

Internacional de Planejamento Familiar (IPPF). Sob sua liderança,<br />

a Federação realizou uma revisão estratégica global dos seus<br />

programas e prioridades, resultando numa visão e estrutura de<br />

trabalho da IPPF focalizando cinco prioridades (Jovens, HIV/AIDS,<br />

Aborto, Acesso e Advocacy) para os 10 anos subseqüentes.<br />

Previamente, o Dr. Sinding atuou como Professor de Saúde Clínica<br />

Pública na Escola de Saúde Pública Mailman na Universidade de<br />

Columbia e como Diretor do Programa de Ciências da População<br />

na Fundação Rockefeller. Foi membro da delegação dos EUA na<br />

Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento no<br />

Cairo e na sessão de revisão UNGA Cairo+5. Antes de ingressar na<br />

Fundação Rockefeller, o Dr. Sinding foi Conselheiro Sênior de<br />

População para o Banco Mundial, após uma carreira de 20 anos<br />

na Agência Internacional para o Desenvolvimento dos EUA, onde<br />

atuou como Diretor da Missão USAID no Quênia e Diretor de<br />

População para a Agência. Também trabalhou na área de<br />

população no Paquistão e nas Filipinas.<br />

Debora Tajer<br />

Debora Tajer obteve os títulos de BA e MA em Psicologia (UBA),<br />

Ms. Sc. em Ciências Sociais e Serviços de Saúde (FLACSO),<br />

Especialização em Psicologia clínica (GCBA) e PhD em Psicologia<br />

(UBA) na Argentina. É Professora e Diretora Pesquisadora de<br />

Gênero e Saúde na Universidade de Buenos Aires. Ela é antiga<br />

presidente da Associação Latino-Americana de Medicina Social<br />

(ALAMES), Coordenadora da Região do Cone Sul da ALAMES e<br />

membro do seu Conselho de Diretores. A Professora Tajer já<br />

atuou como Coordenadora da Rede de Gênero e Saúde Coletiva<br />

da ALAMES e foi co-editora de Psychoanalysis and Gender:<br />

Debates in the Forum e Health, Equity and Gender: a Challenge<br />

for Public Policies.<br />

Paulo Teixeira<br />

Paulo Teixeira, MD, criou o primeiro programa de prevenção e<br />

controle de AIDS na América Latina em 1983, no estado de São<br />

Paulo. Desde o início, as políticas públicas do Estado de São Paulo<br />

para AIDS foram baseadas numa abordagem abrangente,<br />

advocacy dos direitos humanos, respeito pela cidadania e<br />

responsabilidade social. Rapidamente ganhando visibilidade, ele<br />

foi nomeado consultor para a Organização Pan-Americana de<br />

Saúde (OPAS) e para o Programa das Nações Unidas sobre AIDS<br />

para a América Central e Região do Cone Sul. Em 2000, assumiu a<br />

Direção da Coordenação Nacional de DST/AIDS do Ministério da<br />

Saúde do Brasil.Teixeira ajudou a estabelecer o Fundo Global<br />

para AIDS, Tuberculose e Malária.<br />

Em 2003, tornou-se diretor do Programa de AIDS na<br />

Organização Mundial da Saúde. Neste cargo, lutou com êxito para<br />

a expansão do acesso às drogas anti-retrovirais para os países<br />

pobres e em vias de desenvolvimento. Em agosto de 2004, Paulo<br />

Teixeira retornou a São Paulo, onde ocupa o cargo de Coordenador<br />

Sênior do Programa Estadual de DST/AIDS. Continua atuando<br />

como consultor da UNAIDS, Organização Mundial da Saúde e<br />

Comitê Internacional para AIDS e Governabilidade na África.


Mariama Williams<br />

Mariama Williams, PhD, é consultora internacional em economia<br />

e Associada Adjunta no Center of Concern, Washington, DC. É<br />

Conselheira Pesquisadora no <strong>International</strong> Gender and Trade<br />

Network, Coordenadora Co-Pesquisadora de Economia Política da<br />

Globalização (Comércio) da DAWN (Alternativas de<br />

Desenvolvimento com Mulheres para uma Nova Era) e Diretora<br />

do Instituto de Direito e Economia (ILE – Institue for Law and<br />

Economics, Jamaica). Dra. Williams é autora de Gender Issues in<br />

the Multilateral Trading System: A Reference Manual e<br />

conselheira consultora em gênero e comércio para a<br />

Commonwealth Secretariat em Londres. Também atua em<br />

diversas entidades internacionais, incluindo o Conselho Consultor<br />

do 3D (Comércio – Direitos Humanos – Economia Eqüitativa)<br />

(Genebra) e Comitê Diretivo do Fórum Internacional para o<br />

Desenvolvimento.<br />

Moderadores/as<br />

Adrienne Germain<br />

Adrienne Germain é presidente da Coalisão Internacional para a<br />

Saúde das Mulheres. Desde o seu trabalho pioneiro na Ásia,<br />

África e América Latina na década de 1970, a Sra. Germain tem<br />

prestado relevantes serviços na formatação da política global<br />

para a saúde e direitos das mulheres. Na condição de<br />

estrategista e negociadora nas delegações dos EUA nas<br />

conferências mundiais sobre população, mulheres e<br />

desenvolvimento, entre 1993 e 2003, ela ajudou a revolucionar a<br />

visão do mundo sobre as políticas de população, trazendo a<br />

saúde e os direitos das mulheres para um foco central. A Sra.<br />

Germain integra a Força-Tarefa de Mortalidade Infantil e<br />

Mortalidade Materna do Projeto Objetivos de Desenvolvimento<br />

do Milênio, Conselho de Fundação do Fórum Global para<br />

Pesquisas em Saúde, conselho editorial de Reproductive Health<br />

Matters, e dois comitês diretivos do Human Rights Watch. Ela é<br />

membro do Conselho de Relações Externas.<br />

Lynn P. Freedman<br />

Lynn P. Freedman, J.D., M.P.H., é Diretora do Projeto Direito e<br />

Políticas, Professora Associada de Saúde Pública Clínica na<br />

Escola de Saúde Pública Mailman da Universidade de Columbia.<br />

Antes de ingressar na Universidade de Columbia em 1990,<br />

advogou na Cidade de Nova Iorque. Como Diretora do Projeto<br />

Direito e Políticas na Universidade de Columbia, a Professora<br />

Freedman tem sido uma figura líder no campo de saúde e<br />

direitos humanos, atuando extensivamente no âmbito<br />

internacional junto a grupos de mulheres e organizações nãogovernamentais<br />

dedicadas aos direitos humanos. É autora de<br />

ampla literatura sobre questões de saúde e de direitos<br />

humanos, com ênfase especial em gênero e saúde da mulher.<br />

Em 1999, a professora Freedman juntou-se ao Projeto<br />

“Prevenção de Mortalidade e Incapacidade Materna” da Escola<br />

Mailman, liderando esforços para integrar conceitos de direitos<br />

humanos aos programas em mortalidade materna. Atualmente,<br />

atua como conselheira sênior na Força-Tarefa de Mortalidade<br />

Infantil e Mortalidade Materna do Projeto Objetivos de<br />

Desenvolvimento do Milênio, tendo sido autora principal do<br />

documento introdutório da Força-Tarefa e do relatório parcial.<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Caren A. Grown<br />

Caren Grown é Diretora da Equipe de Redução de Pobreza e<br />

Governabilidade Econômica no Centro Internacional de Pesquisas<br />

sobre a Mulher, onde lidera as pesquisas sobre impacto das<br />

políticas econômicas multilaterais e nacionais sobre a<br />

desigualdade de gênero. No período compreendido entre 1992 e<br />

2000, a Dra. Grown atuou como oficial sênior de programa na<br />

The John D. and Catherine MacArthur Foundation, onde gerenciou<br />

redes de pesquisa e concursos abordando uma ampla gama de<br />

tópicos econômicos. Antes de se juntar à Fundação MacArthur,<br />

atuou como economista no Centro de Estudos Econômicos no<br />

Escritório de Censo dos EUA. Caren Grown co-editou, na condição<br />

de convidada, três edições especiais do World Development sobre<br />

macroeconomia, comércio internacional e desigualdade de<br />

gênero e é autora de diversas publicações sobre tópicos de<br />

gênero e desenvolvimento. A Dra. Grown é Mestre e PhD em<br />

economia pela New School University; graduou-se em Ciências<br />

Políticas pela UCLA.<br />

Jacqueline Pitanguy<br />

Socióloga e cientista política, ex-presidente do Conselho Nacional<br />

dos Direitos da Mulher (CNDM) do Brasil, Jacqueline Pitanguy<br />

fundou a CEPIA em 1990 e tem atuado como sua Diretora<br />

Executiva desde então. A CEPIA realiza pesquisas sobre relações<br />

de gênero e promove advocacy na área de violência contra as<br />

mulheres, acesso à justiça e saúde reprodutiva. A Sra. Pitanguy é<br />

também co-fundadora e membro do Conselho de Diretores da<br />

Comissão de Cidadania e Reprodução, baseada em São Paulo. Ela<br />

é membro dos conselhos do Diálogo Inter-Americano, da<br />

Sociedade para o Desenvolvimento Internacional (Society for<br />

<strong>International</strong> Development) e da Parceria para Aprendizagem<br />

sobre Mulheres (Women’s Learning Partnership) e atualmente é<br />

Presidente do Conselho do Fundo Global para as Mulheres. Ela é<br />

membro do Conselho Editorial de Health and Human Rights,<br />

publicado pela Escola de Saúde Pública da Universidade de<br />

Harvard, e da <strong>International</strong> Review of Education publicada pela<br />

UNESCO. Foi condecorada com a Medalha do Rio Branco, grau de<br />

comendador, pelo Ministro de Relações Exteriores do Brasil e com<br />

a Medalha do Mérito de Brasília. Tem ampla literatura publicada<br />

sobre questões ligadas às mulheres, sendo freqüentemente<br />

entrevistada pela imprensa nacional e internacional sobre<br />

tópicos ligados aos direitos das mulheres.<br />

Marijke Velzeboer<br />

A Dra. Marijke Velzeboer atualmente chefia a Seção Latino-<br />

Americana do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas<br />

para as Mulheres (UNIFEM), o qual promove a igualdade de<br />

gênero, direitos das mulheres e participação feminina. Antes de<br />

ocupar este cargo, foi Diretora do Programa Gênero e Saúde na<br />

Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Ela também<br />

estabeleceu e co-dirigiu duas ONG que atuavam como elo entre<br />

mulheres produtoras e os mercados nacional, internacional e<br />

virtual.<br />

Esther Vicente<br />

Esther Vicente é advogada e Professora de Direito na<br />

Universidade Americana em Porto Rico. Ela é membro do<br />

Conselho de Diretores da IPPF/RHO e Presidente do Conselho da<br />

Profamilia em Porto Rico.<br />

51


52<br />

Sexo e o Hemisferio<br />

Anexo 4<br />

Lista de<br />

Participantes,<br />

Simpósios de<br />

Nova York e<br />

Rio de Janeiro<br />

Cidade de Nova Iorque<br />

Mari-Sol Agui<br />

IPPF/RHO<br />

Claudia Ahumada<br />

Coalizão de Jovens<br />

Maria Antonieta Alcalde<br />

Coalizão de Jovens<br />

Alix Allison<br />

Safe Horizon<br />

Vanete Almeida<br />

RedLAC<br />

Jesús Amadeo<br />

IPPF/RHO<br />

Humberto Arango<br />

IPPF/RHO<br />

Diana Aristizabal<br />

Unidad de Género, Etnia y Salud<br />

Lucy Atkins<br />

Margaret Sanger Center <strong>International</strong><br />

Jennifer Aulwes<br />

<strong>Planned</strong> <strong>Parenthood</strong> <strong>Federation</strong> of<br />

America<br />

Amy Babchek<br />

Fundaçao da ONU<br />

Carla Bakboord<br />

CAFRA<br />

Rini Banerjee<br />

Fundaçao Overbrook<br />

Carmen Barroso<br />

IPPF/RHO<br />

Derli Barroso<br />

Fanny Barufol<br />

Rede CDD<br />

Doris Bertzeletos<br />

IPPF/RHO<br />

Nicole Bidegain<br />

Rede de Jovens DESYR<br />

Debbie Billings<br />

Ipas<br />

Jennifer Brown<br />

National Audubon Society<br />

Sangeeta Budhiraja<br />

Human Rights Watch<br />

Joan Burke<br />

BFLA, Belice<br />

Luciana Buscio<br />

RedLAC<br />

Mayra Buvinic<br />

Banco Inter-Americano de<br />

Desenvolvimento<br />

Laura Callanan<br />

Fundação Prospect Hill<br />

Lucella Campbell<br />

IPPF/RHO<br />

Linda Capperauld<br />

PPFC, Canada<br />

Fernando Carcache<br />

Puntos de Encuentro<br />

Giselle Carino<br />

IPPF/RHO<br />

Alberto Carreira<br />

AUPF, Uruguai<br />

Rosa Celorio<br />

UNIFEM<br />

Joana Chagas<br />

Coalizão de Jovens<br />

Virginia Chambers<br />

Ipas<br />

Amanda Claremon<br />

IPPF/RHO<br />

Wesley Clark<br />

FNUAP<br />

Rebecca Cook<br />

Universidade de Toronto<br />

Cecilia Correa<br />

RedLAC<br />

Ney Costa<br />

BEMFAM<br />

Sarah Costa<br />

Fundação Ford<br />

Frederick Cox<br />

GRPA, Guyana<br />

Leila Darabi<br />

The Alan Guttmacher Institute<br />

Audrey Bracey Deegan<br />

IPPF/RHO<br />

Thalif Deen<br />

Joseph Dinorcia<br />

SIECUS<br />

Blanca Dole<br />

Colectivo Feminista de Mujeres<br />

Universitarias<br />

Stephen Donato<br />

IPPF/RHO<br />

Miya Drucker<br />

IPPF/RHO<br />

Jacintha Dundas<br />

IPPF/RHO<br />

Victoria Dunning<br />

Fundação da ONU<br />

Amos Durosier<br />

Profamil, Haiti<br />

Henry Espinoza<br />

Organização Mundial da Saúde<br />

Blanca Esponda<br />

IPPF/RHO<br />

Monty Eustace<br />

IPPF/RHO<br />

Hillary Fairbanks<br />

Hospital Long Island College<br />

Anibal Faundes<br />

CEMICAMP<br />

Gillian Fawcett<br />

Rede CDD<br />

Rogelio Fernández-Castilla<br />

FNUAP<br />

Stephen Foster<br />

Fundação Overbrook<br />

Martina Francis<br />

CAFRA<br />

Lynn Freedman<br />

Universidade de Columbia<br />

Susana Fried<br />

IGLHRC<br />

Susan Fulwiler<br />

IWHC<br />

Lissette Furlani<br />

IPPF/RHO<br />

Emily Galpern<br />

UC San Francisco<br />

Sergia Galvan<br />

Colectiva Mujer y Salud<br />

Jane Galvão<br />

IPPF/RHO<br />

Andrea Garcia<br />

Profamilia, Colômbia<br />

Adrienne Germain<br />

IWHC<br />

Helen Gilbert<br />

Family Care <strong>International</strong><br />

Margaret Gill<br />

CAFRA<br />

Françoise Girard<br />

IPPF/RHO<br />

Barry Goldklang<br />

IPPF/RHO<br />

Angela Gomez<br />

IPPF/RHO<br />

Elsa Gomez<br />

OPAS<br />

Mauricio Gomez<br />

Ministério de Relações Exteriores,<br />

Nicaragua<br />

Patricia Gomez<br />

Red CDD<br />

Ana Cristina Gonzalez<br />

Ministry de Proteção Social, Colômbia<br />

Nirvana Gonzalez<br />

Red de Salud de Mujeres<br />

Erin Greene<br />

CAFRA<br />

George Griffith<br />

BFPA, Barbados<br />

Fernanda Grigolin<br />

Rede Jovem Brasil<br />

Caren Grown<br />

ICRW<br />

Kayley Harrington<br />

<strong>International</strong> Youth Leadership Council<br />

Laura Hart<br />

Washington Physicians for Social<br />

Responsibility<br />

Cecil Max Haverkamp<br />

Organização Mundial da Saúde<br />

Angela Heimburger<br />

IPPF/RHO<br />

Judith Helzner<br />

Fundação MacArthur<br />

Jeanne Henriquez<br />

CAFRA<br />

Claudia Hermansdorffer<br />

CLADEM<br />

Leila Hessini<br />

Ipas<br />

Helena Hofbauer<br />

FUNDAR<br />

Louise Holt<br />

Departamento de Relaçoes Exteriores,<br />

Canada<br />

Sally Hughes<br />

Marie Stopes <strong>International</strong><br />

Josefina Hurtado<br />

Red de Salud de Mujeres<br />

Maria Alejandra Idoyaga<br />

Rede CDD<br />

Megin Jimenez<br />

IPPF/RHO<br />

Tina Jonson<br />

CAFRA<br />

Vasantha Kandiah<br />

Divisão de População da ONU<br />

Katherine Kasameyer<br />

Center for Reproductive Rights<br />

Dominic Kemps<br />

Interact Worldwide<br />

Peggy Kerry<br />

Missão dos EUA na ONU<br />

Alia Khan<br />

<strong>Planned</strong> <strong>Parenthood</strong> <strong>Federation</strong> of<br />

America<br />

Stephen Kisambira<br />

Divisão de População da ONU<br />

Barbara Klugman<br />

Fundação Ford<br />

Shannon Kowalski-Morton<br />

Family Care <strong>International</strong><br />

Vanesa Rizzo Krasniasky<br />

Instituto de Liderazgo Simone de<br />

Beauvoir<br />

Surabhi Kukke<br />

Margaret Sanger Center <strong>International</strong><br />

Gilbert Kulick<br />

IPPF/RHO<br />

Marta Lamas<br />

GIRE


Teresa Lanza<br />

Rede CDD<br />

Pierre LaRamée<br />

IPPF/RHO<br />

Laura Laski<br />

FNUAP<br />

Felipe Leonardo<br />

IPPF/RHO<br />

Ana Luisa Liguori<br />

Fundação MacArthur<br />

Isabel Laboy Llorens<br />

Red Siempre<br />

Cecilia Lopez<br />

Agenda Colômbia<br />

Katia Loukitcheva<br />

FNUAP<br />

Janneth Lozano<br />

Rede CDD<br />

Margarette Macaulay<br />

CAFRA<br />

Sarah Malave<br />

CAFRA<br />

Paolo Marangoni<br />

APROFE, Ecuador<br />

Lurys Marin<br />

APLAFA, Panama<br />

Dona da Costa Martinez<br />

FPATT, Trinidade e Tobago<br />

Jennifer Martinez<br />

IPPF/RHO<br />

Giancarlo Maselli<br />

IPPF/RHO<br />

Maria Consuelo Mejia<br />

IPPF/RHO<br />

Elaine Menotti<br />

Universidade de Nova Iorque<br />

Myriam Merlet<br />

ENFOFAM, Haiti<br />

Frederico Estrada Meyer<br />

Missão de Brasil na ONU<br />

Alice Miller<br />

Universidade de Columbia<br />

Sonia Montaño<br />

CEPAL<br />

Evelyn Morales<br />

Red de Salud de Mujeres<br />

Martha Murdock<br />

Family Care <strong>International</strong><br />

Jaime Nadal<br />

FNUAP<br />

Marysa Navarro<br />

IPPF/RHO<br />

María Noel Navas<br />

RedLAC<br />

Joyce Newman<br />

Newman Productions<br />

Marte Nordviste<br />

Divisão de População da ONU<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Elba Nuñez<br />

Rede CDD<br />

Roselyn Odera<br />

Divisão para o Avanço da Mulher, ONU<br />

Marisela Padron<br />

FNUAP<br />

Jennifer Paine<br />

Grupo de Información en Reproducción<br />

Elegida<br />

Elizabeth Palmer<br />

Universidade de Nova Iorque<br />

Marelys Perez<br />

Parlamentar Venezuela<br />

Suzanne Petroni<br />

Fundação Summit<br />

Lucille Pilling de Lucena<br />

Devez Consulting Group<br />

Silvia Pimentel<br />

CLADEM<br />

Jacqueline Pitanguy<br />

CEPIA<br />

Alibel Pizarro<br />

Red CDD<br />

Karen Plafker<br />

Wellspring Advisors<br />

Maria Isabel Plata<br />

Profamilia, Colômbia<br />

Ruth Polanco<br />

Red de Salud de Mujeres<br />

Cristina Puig<br />

Family Care <strong>International</strong><br />

Kate Pyle<br />

IPPF/RHO<br />

Cesar Rodriguez Rabanal<br />

Conselheiro para o Presidente, Peru<br />

Maria Raguz<br />

Redes Jóvenes Perú<br />

Andrea Ramirez<br />

Rede CDD<br />

Maria Cristina Ramirez<br />

IPPF/RHO<br />

Tara Ramoutar<br />

CAFRA<br />

Lisa Remez<br />

Consultora<br />

Ilene Richmond<br />

Fertility Awareness Center<br />

Odaly Rivas<br />

RedLAC<br />

Carmen Rivera-Cespedes<br />

Profamilia, Puerto Rico<br />

Alice Roberts<br />

Margaret Sanger Center <strong>International</strong><br />

Tania Rodriguez<br />

RedLAC<br />

Dana Rogers<br />

IPPF/RHO<br />

Laura Rogers<br />

Fundação ONU<br />

Debbie Rogow<br />

Consultora<br />

Ana-Teresa Romero<br />

Escritório da OIT nos EUA<br />

Maria Eugenia Romero<br />

Ciudadanía, Trabajo y Familia, Mexico<br />

Ilka Rondinelli<br />

IPPF/RHO<br />

Rocio Rosero<br />

CONAMU, Ecuador<br />

Marcela Rueda<br />

Profamilia, Colômbia<br />

Moisés Russo<br />

IPPF/RHO<br />

Jeffrey Sachs<br />

The Earth Institute, Universidade de<br />

Columbia<br />

Ivonne Salazar<br />

IPPF/RHO<br />

Alexander Sanger<br />

IPPF/RHO<br />

Rupal Sanghvi<br />

IPPF/RHO<br />

Saskia Schellekens<br />

FNUAP<br />

Michael Schultz<br />

Missão do Reino Unido na ONU<br />

Peggy Scott<br />

JFPA, Jamaica<br />

Stirling Scruggs<br />

CCMC<br />

Elrene Sealy<br />

BFPA, Barbados<br />

Angela Sebastiani<br />

INPPARES, Peru<br />

Nury Bauzande Senes<br />

Missão de Uruguai na ONU<br />

Jacqueline Sharpe<br />

IPPF/RHO<br />

Jill Sheffield<br />

IPPF/RHO<br />

Kirsten Sherk<br />

<strong>Planned</strong> <strong>Parenthood</strong><br />

<strong>Federation</strong> of America<br />

Beatriz Cavazos Siller<br />

Mujer Zmodem, México<br />

Steven Sinding<br />

IPPF<br />

Jyoti Singh<br />

Parceiros na População e no<br />

Desenvolvimento, ONU<br />

Veronica Siranosian<br />

Universidade de Nova Iorque<br />

James Sligar<br />

IPPF/RHO<br />

Annette Souder<br />

Sierra Club<br />

Srdjan Stakic<br />

FNUAP<br />

Cynthia Steele<br />

IWHC<br />

Nell Stewart<br />

<strong>International</strong> Women’s Equality<br />

Allie Stickney<br />

<strong>Planned</strong> <strong>Parenthood</strong> <strong>Federation</strong> of<br />

America<br />

Erika Strauss<br />

Universidade de Nova Iorque<br />

Ann Strimov<br />

Wellspring Advisors<br />

Marcela del Mar Suazo<br />

Instituto Nacional da Mulher, Honduras<br />

Paulo Teixeira<br />

Programa de DST/AIDS, Brasil<br />

Julia Terborg<br />

Red de Salud de Mujeres<br />

Anne Thompson<br />

Population Connection<br />

Marcela Tovar<br />

WEDO<br />

Marta de Trabanino<br />

IPPF/RHO<br />

Carole Vance<br />

Universidade de Columbia<br />

Marijke Velzeboer<br />

UNIFEM<br />

Mirian Ventura de Silva<br />

ABIA<br />

Esther Vicente<br />

IPPF/RHO<br />

Lillette Barkley Waite<br />

CAFRA<br />

Victoria Ward<br />

IPPF/RHO<br />

Anjali Wason<br />

<strong>Planned</strong> <strong>Parenthood</strong> of New York City<br />

Caron Whitaker<br />

National Wildlife <strong>Federation</strong><br />

Mariama Williams<br />

Center of Concern/DAWN<br />

David Winters<br />

Fundação Ford<br />

Sylvia Wong<br />

FNUAP<br />

Zonibel Woods<br />

Population Action <strong>International</strong><br />

June Zeitlin<br />

WEDO<br />

Maria Elena Zuñiga<br />

CONAPO, México<br />

Rio de Janeiro<br />

Lilian Abracinskas<br />

MYSU<br />

Enrique Accorsi<br />

Parlamentar, Chile<br />

53


54<br />

Sexo e o Hemisferio<br />

Sebastian Acha<br />

Parlamentar Paraguai<br />

Leila Adesse<br />

Ipas<br />

Ana Adeve<br />

Mariam Ahmend Aicha<br />

IPPF, Mauritânia<br />

Tessa Akpeki<br />

Maria Antonieta Alcalde<br />

IPPF/RHO<br />

Rosana Alcantara<br />

Wanessa Alexandre<br />

BEMFAM<br />

Kawthar Al-Khaier<br />

IPPF, Siria<br />

Scott Allen<br />

Monica Almeida<br />

BEMFAM<br />

Sandra Alves<br />

CURUMIM<br />

Jorge Andalaft<br />

FEBRASGO<br />

Martha Andia<br />

Parlamentar, Bolívia<br />

Rachel Andrade<br />

Musa<br />

Jack Antelo<br />

CIES, Bolívia<br />

José Antonio<br />

BEMFAM<br />

Renato Aparecido de Freitas<br />

Projeto Jovem Inventivo<br />

Estela Aquino<br />

MUSA/ISC/UFBA<br />

Humberto Arango<br />

IPPF/RHO<br />

Maria José Araujo<br />

Ministério da Saúde, Brasil<br />

Jacob Arcader<br />

FEBRASGO<br />

Beatriz Argimon<br />

Parlamentar, Uruguai<br />

Samirah Armengol<br />

RedLAC<br />

Claudia Arroyo<br />

Rede CDD<br />

Daniel Aspilcueta<br />

INPPARES, Peru<br />

Joubert Assumpçao<br />

BEMFAM<br />

Rafael Avendaño<br />

ADS, El Salvador<br />

Maria Ines Barbosa<br />

Secretária da Igualdade Racial Brasil<br />

Carmen Barroso<br />

IPPF/RHO<br />

José Barzelatto<br />

CHSP<br />

Marcos Bastos<br />

SMS, Rio de Janeiro<br />

Carlos Bauer Robels<br />

APROFAM, Guatemala<br />

Elsa Berroa<br />

APLAFA, Panamá<br />

Elza Berquo<br />

CEBRAP e NEPO<br />

Sandip Bhangal<br />

Joel Birman<br />

IMS/UERJ<br />

Claudia Bonan<br />

RNF<br />

Med Bouzidi<br />

IPPF/Mundo Árabe<br />

Francisca Braga<br />

BEMFAM<br />

Gert-Inge Brander<br />

IPPF, Suécia<br />

Gunnel Brander<br />

Renato Bravo<br />

UFF<br />

Christina Brenu<br />

Ana Carla Brito<br />

BEMFAM<br />

Francisco Cabral<br />

ReproLatina<br />

Carmen Campos<br />

THEMIS<br />

Hang Can<br />

IPPF, China<br />

Magaly Caram<br />

PROFAMILIA, República Dominicana<br />

Freddy Cardenas<br />

PROFAMILIA, Nicarágua<br />

Celso Cardoso da Silva<br />

IBGE/COPIS<br />

Giselle Carino<br />

IPPF/RHO<br />

Fabio de Carmo Sa<br />

ABIA<br />

Alberto Carreira<br />

AUPF, Uruguai<br />

Edgardo Carvalho<br />

Senador, Uruguai<br />

Beatriz Castresana<br />

PLAFAM, Venezuela<br />

Ludmila Cavalcante<br />

UFRJ<br />

Alessandra Chacham<br />

PUC-MG<br />

Edmundo Chada Baracat<br />

FEBRASCO<br />

Marisa Chaves de Sousa<br />

Movimento de Mulheres SG<br />

Susanna Chiarotti<br />

CLADEM<br />

Pak Chung Ho<br />

IPPF, Hong Kong<br />

Vicky Claeys<br />

IPPF/Rede Européia<br />

Angela Collet<br />

DAWN<br />

Mamadi Conde<br />

IPPF, Guiné Conakry<br />

Diana Conti<br />

Parlamentar, Brasil<br />

Rebecca Cook<br />

Universidade de Toronto<br />

Sonia Correa<br />

ABIA<br />

Ney Costa<br />

BEMFAM<br />

Barbara Crossette<br />

Diana Dadoorian<br />

FIOCRUZ<br />

Murilo da Mota<br />

Transformarte<br />

Celso Da Silva Simoes<br />

IBGE/COPIS<br />

Garry Dearden<br />

IPPF<br />

Roseni Dearden<br />

Valerie DeFillipo<br />

IPPF<br />

Lucy del Carpio<br />

MS Peru<br />

Gilles Desmons<br />

Juan Diaz<br />

Population Council<br />

Margarita Diaz<br />

ReproLatina<br />

Veronica Diaz Ramos<br />

Rede CDD<br />

Brian Dickinson<br />

IPPF<br />

Caroline Dickinson<br />

IPPF<br />

Maria Aparecida Diogo<br />

ALER<br />

Mithis Duarte de Moraes<br />

BEMFAM<br />

Jacintha Dundas<br />

IPPF/RHO<br />

Helen Eskett<br />

John Eskett<br />

Monty Eustace<br />

IPPF/RHO<br />

Anibal Faundes<br />

CEMICAMP<br />

Jandira Feghali<br />

Parlamentar, Brasil<br />

Virginia Feix<br />

Mighel Fernandez Galeano<br />

Elisabeth Ferraz<br />

BEMFAM<br />

Debora Ferreira<br />

Rede Jovem do Brasil<br />

Rogeria Ferreira Peixinho<br />

ALERJ<br />

Eleonora Figueiredo<br />

UNESCO<br />

River Finlay<br />

IPPF/RHO<br />

Elizabeth Flaschner<br />

CEDIM<br />

Frances Franklin<br />

IPPF<br />

Nilceia Freire<br />

Ministra dos Assuntos das Mulheres,<br />

Brasil<br />

Diana Galimberti<br />

AAS<br />

Sergia Galvan Hortega<br />

CMS República Dominicana<br />

Jane Galvão<br />

IPPF/RHO<br />

Aidé Garcia Hernandez<br />

Rede CDD<br />

Rosmary Garzon Gonzalez<br />

Françoise Girard<br />

IPPF/RHO<br />

Chhatra Giri<br />

IPPF, Nepal<br />

Sunita Giri<br />

Angela Gomez<br />

IPPF/RHO<br />

Lilian Gonçalves da Silva<br />

BEMFAM<br />

Andrea Govea Vieira<br />

Vereadora, Rio de Janeiro<br />

Laura Greenhalgh<br />

Cristina Grela<br />

Red CDD<br />

Fernanda Grigolin<br />

Rede Jovem Brasil<br />

Alejandro Grinspun<br />

PNUD<br />

Angela Guadagnin<br />

Parlamentar, Brasil<br />

Katia Guiar<br />

BEMFAM<br />

Ralph Hakkert<br />

FNUAP<br />

Ellen Hardy<br />

UNICAMP<br />

Maria Luisa Heilborn<br />

CLAM/UERJ<br />

Fabiana Henriques<br />

BEMFAM<br />

Mirla Hernandez<br />

Willem Heynen<br />

Syed Husain<br />

IPPF, Paquistão


Nora Ibarra Fernandez<br />

APROFA, Chile<br />

Hannatu Ibrahim<br />

IPPF, Nigéria<br />

Monsef Ben Ibrahim<br />

IPPF/Mundo Árabe<br />

Aiko Ijima<br />

IPPF, Japão<br />

Tirbani Jagdeo<br />

IPPF/RHO<br />

René Jaldin Veizaga<br />

Parlamentar, Bolívia<br />

Karen Johnson Lassener<br />

Management Sciences for Health<br />

Lia Junqueira Kropsch<br />

Consultora<br />

Said Kabouya<br />

IPPF, Algéria<br />

Catherine Kamau<br />

IPPF, Quênia<br />

Mohamed Kamel<br />

IPPF/Mundo Árabe<br />

Raj Karim<br />

IPPF/Sudeste Asiático<br />

Frances Kissling<br />

Catholics for a Free Choice<br />

Gilbert Kulick<br />

IPPF/RHO<br />

Sonia Lacerda<br />

ALERJ<br />

Tania Lago<br />

Comissão de Direitos Reprodutivos,<br />

Brasil<br />

Marta Lamas<br />

GIRE<br />

Teresa Lanza<br />

Rede CDD<br />

Pierre LaRamee<br />

IPPF/RHO<br />

Gunta Lazdane<br />

Organização Mundial da Saúde<br />

Sea Lee<br />

IPPF, Coréia<br />

Marlene Libardoni<br />

AGENDE<br />

Maria das Graças Lima da Silva<br />

BEMFAM<br />

Nair Jane Lima<br />

CEDIM<br />

Mario Linhares<br />

Universidade Gama Filho<br />

Jenny Mackintosh<br />

IPPF<br />

Maria Tereza Maldonado<br />

Terra dos Homens<br />

Adriana Marotto Vargas<br />

ADC, Costa Rica<br />

Giancarlo Maselli<br />

IPPF/RHO<br />

Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />

Alice Mazzuco Portugal<br />

Parlamentar, Brasil<br />

Andre Medici<br />

Banco Inter-Americano de<br />

Desenvolvimento<br />

Antonio Medina<br />

Letra S<br />

Alejandra Meglioli<br />

IPPF/RHO<br />

Tewodros Melesse<br />

IPPF/Região Africana<br />

Marcelo Mendonça<br />

BEMFAM<br />

Rosa Merlo Drews<br />

Parlamentar, Paraguai<br />

Roberto Messod Benzecry<br />

BEMFAM<br />

Alexandre Meyer<br />

RNP<br />

Raquel Millo<br />

Ilze Mizaane<br />

IPPF<br />

Beatriz Mogollon<br />

Fabio de Moraes<br />

REDEH/CEMINA<br />

Diva Moreira<br />

PNUD<br />

Elpidia Moreno<br />

CAFRA<br />

Roshni Motha<br />

IPPF, Sri Lanka<br />

Luiz Mott<br />

GGB<br />

Francisco Muller<br />

BEMFAM<br />

Colin Munro<br />

IPPF<br />

Alicia Muñoz<br />

Senadora, Bolívia<br />

Mariana Nasser<br />

RedLAC/SASERE<br />

Kanwal Nath<br />

Madu Nath<br />

IPPF/Regão no Sudeste Asiático<br />

Nitin Nath<br />

Lucia Nazare<br />

BEMFAM<br />

Fatima Oliveira<br />

Rede Feminista de Saúde<br />

Karen Oliveira<br />

BEMFAM<br />

Fabiana Oliveira Carvalho<br />

ICE Brasil<br />

Kweku Osae<br />

IPPF<br />

Silvio Ovelar<br />

Senador, Paraguai<br />

Osvaldo Palma<br />

Parlamentar, Chile<br />

Daniel Parnetti<br />

IAPG<br />

Suyapa Pavon<br />

ASHONPLAFA, Panamá<br />

Maria Teresa Paz<br />

Parlamentar, Bolivia<br />

Marita Perceval<br />

Parlamentar, Argentina<br />

Margarita Percovich<br />

Parlamentar, Uruguay<br />

Raimundo Pereira<br />

ATOBA<br />

Dalva Pereira Lopes<br />

ICW<br />

Maria Cristina Pimenta<br />

Programa DTS/AIDS, Brasil<br />

Silvia Pimentel<br />

CLADEM<br />

Vandira Pinheiro<br />

UFF<br />

Magaly Piñeda<br />

CIPAF<br />

Irene Piñeiro<br />

CRIA<br />

Leticia Pio de Carvalho<br />

BEMFAM<br />

Flavia Piovesan<br />

CLADEM<br />

Ana da Glória Pires<br />

BEMFAM<br />

Jacqueline Pitanguy<br />

CEPIA<br />

Alibel Pizarro<br />

CEASPA<br />

Renata Pompas<br />

Juçara Portugal<br />

ICW<br />

Cynthia Prieto<br />

CEPEP, Paraguai<br />

Nina Puri<br />

IPPF<br />

Kate Pyle<br />

IPPF/RHO<br />

Silvina Ramos<br />

CEDES<br />

Ana Maria Rattes<br />

CEDIM<br />

Katia Ratto<br />

SMS, Rio de Janeiro<br />

Marcia Regis<br />

Consultora<br />

Christine Ricardo<br />

PROMUNDO<br />

Ana Rivas<br />

ADC, Costa Rica<br />

Carla Rivera<br />

IAPG<br />

Gilda Rivera<br />

Ana Rivera Lassen<br />

CLADEM<br />

Eliana Rocha<br />

BEMFAM<br />

Penha Rocha<br />

SMS<br />

Tania Rodriguez<br />

RedLAC<br />

Dana Rogers<br />

IPPF/RHO<br />

Ilka Rondinelli<br />

IPPF/RHO<br />

Maria José Rosado<br />

Rede CDD<br />

Fulvio Rossi Ciocca<br />

Parlamentar Chile<br />

Ana Rudge<br />

Marcela Rueda<br />

Profamilia, Colômbia<br />

Maria Antonieta Saa<br />

Parlamentar, Chile<br />

Lina Sabra<br />

IPPF, Líbano<br />

Dabney Sanchez<br />

Jugita Sandhu<br />

Tais Santos<br />

FNUAP<br />

Vitor Santos<br />

UNIMED<br />

Luciana Santos Servo<br />

IPEA<br />

Naomi Seboni<br />

IPPF<br />

José Serra<br />

Prefeito, Cidade de São Paulo<br />

Safieh Shahriari<br />

IPPF, Irã<br />

Jacqueline Sharpe<br />

IPPF/RHO<br />

Shuma Shumaher<br />

REDEH<br />

Edilene Silva<br />

BEMFAM<br />

Josias da Silva Freitas<br />

ABIA<br />

Ledys Silva<br />

RedLAC<br />

Camila Silva Tavares<br />

Nono Simelela<br />

Steve Sinding<br />

IPPF<br />

Vera Soares<br />

UNIFEM<br />

Paul Soemer<br />

IPPF, Alemanha<br />

Telma Maria de Sousa<br />

BEMFAM<br />

55


56<br />

Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />

Telma de Souza<br />

Parlamentar, Brasil<br />

Ricardo de Souza Castro<br />

Instituto PAPAI<br />

Debbie Spauls<br />

Debora Tajer<br />

RSMLAC<br />

Enrique Tanoni<br />

Parlamentar, Argentina<br />

Alicia Tate<br />

Parlamentar, Argentina<br />

Paulo Teixeira<br />

Programa DST/AIDS Brasil<br />

Lynn Thomas<br />

IPPF<br />

Marcio Thome<br />

BEMFAM<br />

Tamaro Toure<br />

IPPF, Senegal<br />

Marta de Trabanino<br />

IPPF/RHO<br />

Claudia Turco<br />

BEMFAM<br />

Marcela Valente<br />

Perla Vasquez Diaz<br />

ELIGE<br />

Marijke Velzeboer<br />

UNIFEM<br />

Mirian Ventura<br />

ABIA<br />

Mirtha Vergara de Franco<br />

Senadora, Paraguai<br />

Ana Paula Viana<br />

CURUMIM<br />

Esther Vicente<br />

Profamilia, Porto Rico<br />

Erich Villavicencio<br />

APROFAM, Guatemala<br />

Carine Vrancken<br />

IPPF, Bélgica<br />

Victoria Ward<br />

IPPF/RHO<br />

Mariama Williams<br />

DAWN<br />

Laura Wong<br />

CEDEPLAR<br />

Monica Xavier<br />

Senadora, Uruguai<br />

Kanako Yamashita-Allen<br />

Sylvia Yano<br />

BEMFAM<br />

Lia Zanotta<br />

AGENDE<br />

Gracila Zelaya<br />

CEDAMUR<br />

Baige Zhao<br />

IPPF, China


FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE PLANEJAMENTO FAMILIAR<br />

REGIÃO DO HEMISFÉRIO OCIDENTAL (IPPF/RHO)<br />

120 WALL STREET, 9TH FLOOR<br />

NEW YORK, NY 10005-3902<br />

TEL: 212-248-6400<br />

FAX: 212-248-4221<br />

EMAIL: INFO@IPPFWHR.ORG<br />

WEB: WWW.IPPFWHR.ORG<br />

* Os Simpósios sobre Objetivos de Desenvolvimento do<br />

Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e<br />

Caribe foram organizados com assistência da União Européia.<br />

O conteúdo e os resultados dos simpósios constituem<br />

responsabilidade exclusiva da campanha Contagem<br />

Regressiva 2015 e sob nenhuma circunstância podem ser<br />

considerados como pontos de vista da União Européia.<br />

*

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