Sexoe o Hemisfério - International Planned Parenthood Federation ...
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Sexo<br />
e o <strong>Hemisfério</strong><br />
<br />
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO E SAÚDE<br />
SEXUAL E REPRODUTIVA NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE<br />
<br />
RELATÓRIO DE DOIS SIMPÓSIOS
Sexo<br />
e o <strong>Hemisfério</strong><br />
OBJETIVOS DE DESENVOLVIMENTO DO MILÊNIO<br />
E SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE<br />
<br />
RELATÓRIO DE DOIS SIMPÓSIOS<br />
Nova Iorque, 20 de outubro de 2004<br />
Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2004
Sexo<br />
e o <strong>Hemisfério</strong>:<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e<br />
Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
2<br />
Relatório de dois simpósios<br />
Realizados em Nova Iorque, 20 de outubro de 2004 e<br />
Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2004<br />
Convocados como parte da Iniciativa Contagem Regressiva 2015<br />
(Countdown 2015 Initiative) por:<br />
Federação Internacional de Planejamento Familiar /Região do <strong>Hemisfério</strong> Ocidental (IPPF/RHO)<br />
Rede de Saúde de Mulheres da América Latina e Caribe (RSMLAC)<br />
Rede Latino-Americana de Católicas pelo Direito de Decidir (Rede CDD)<br />
Rede de Jovens da América Latina e Caribe para Direitos Sexuais e Reprodutivos (RedLAC)<br />
Associação Caribenha para Pesquisas e Ações Feministas (CAFRA)<br />
Em colaboração com a BEMFAM (Bem-Estar Familiar no Brasil), Population Action <strong>International</strong><br />
e Family Care <strong>International</strong><br />
Com apoio generoso das seguintes instituições:<br />
Fundo de População das Nações Unidas<br />
Fundação das Nações Unidas<br />
União Européia<br />
Comitê do Programa: Adrienne Germain, Lynn Freedman, Carmen Barroso e Françoise Girard<br />
Elaborado por: Françoise Girard, consultora da IPPF/RHO<br />
* Os Simpósios sobre Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e Caribe foram<br />
organizados com assistência da União Européia. O conteúdo e os resultados dos simpósios constituem responsabilidade exclusiva da<br />
campanha Contagem Regressiva 2015 e sob nenhuma circunstância podem ser considerados como pontos de vista da União Européia.<br />
*
Índice<br />
Prefácio 5<br />
Destaques 6<br />
Introdução<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Programa de Ação CIPD:<br />
7<br />
Enfatizando as semelhanças, resolvendo as diferenças 10<br />
Saúde sexual e reprodutiva e pobreza na América Latina e Caribe:<br />
Foco nos/as mais pobres<br />
20<br />
De que maneira a saúde sexual e reprodutiva contribui para<br />
a realização dos ODM?<br />
22<br />
Quais políticas asseguram acesso eqüitativo à saúde sexual e reprodutiva? 25<br />
Direitos humanos, os ODM e saúde sexual e reprodutiva 29<br />
Reforma do setor de saúde, política macroeconômica,<br />
saúde sexual e reprodutiva e os ODM<br />
33<br />
Quanto custa assegurar acesso universal à saúde sexual e reprodutiva?<br />
Quais são os beneficios?<br />
38<br />
Estratégias da sociedade civil para vencer desafios na<br />
implementação dos ODM<br />
44<br />
Conclusão 45<br />
3
4<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Índice<br />
Caixas de Texto:<br />
Caixa 1 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, Metas e Indicadores 11<br />
Caixa 2 Programa de Ação CIPD e CIPD+5: Objetivos e Metas 14<br />
Caixa 3 Recomendações do Projeto do Milênio das Nações Unidas<br />
e suas Forças-Tarefa em saúde sexual e reprodutiva<br />
17<br />
Caixa 4 Os ODM não substituem os acordos internacionais prévios<br />
Caixa 5 Resoluções recentes afirmando a importância da saúde<br />
19<br />
sexual e reprodutiva para a realização dos ODM 24<br />
Anexos:<br />
Anexo 1 Programas de Nova Iorque e do Rio de Janeiro 46<br />
Anexo 2 Organizações co-organizadoras 47<br />
Anexo 3 Notas Biográficas dos/as palestrantes e painelistas 48<br />
Anexo 4 Lista de participantes, Nova Iorque e Rio de Janeiro 52
Prefácio<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Durante a Cúpula do Milênio realizada em<br />
setembro de 2000, os líderes mundiais<br />
adotaram a Declaração do Milênio e se<br />
comprometeram, em nome dos seus<br />
países, com uma parceria global para<br />
reduzir a pobreza extrema, melhorar a<br />
saúde e promover a paz, os direitos<br />
humanos, a igualdade de gênero e a<br />
sustentabilidade ambiental. É chegado o momento em que<br />
estes países devem cumprir tais promessas históricas e<br />
direcionar esforços concretos para eliminar a pobreza extrema.<br />
É importante destacar que os Objetivos de Desenvolvimento<br />
do Milênio (ODM) marcam uma forte retomada dos<br />
compromissos acordados na Conferência Internacional de<br />
População e Desenvolvimento realizada em 1994 (CIPD) e<br />
servem para ampliar a visão, as aspirações e as metas daquele<br />
evento marcante. A realização de alguns Objetivos – incluindo<br />
a melhoria da saúde materna, a redução da mortalidade<br />
infantil, a promoção da equidade de gênero e o combate ao<br />
HIV/AIDS – depende diretamente da garantia de acesso amplo<br />
aos serviços de saúde sexual e reprodutiva.<br />
Outros ODM, a exemplo da redução da pobreza extrema e da<br />
sustentabilidade ambiental, compartilham uma relação menos direta<br />
– embora ainda importante – com a saúde sexual e reprodutiva.<br />
O Projeto do Milênio da ONU denominado “Investindo no<br />
Desenvolvimento: Um Plano Prático para Realizar os Objetivos de<br />
Desenvolvimento do Milênio”, assim como os relatórios de suas<br />
Forças-Tarefa, estabelecem recomendações enfáticas sobre a<br />
importância crítica do aumento de investimentos nas áreas de<br />
saúde, educação e infra-estrutura para a realização dos Objetivos<br />
de Desenvolvimento do Milênio. Enfrentar e resolver os problemas<br />
de população e saúde sexual e reprodutiva são fundamentais para<br />
o êxito de tais esforços. As mensagens dos relatórios indicam que:<br />
● a garantia do acesso às informações e aos serviços de saúde<br />
sexual e reprodutiva, incluindo o planejamento familiar<br />
voluntário, constitui elemento essencial para a realização<br />
dos ODM;<br />
● a equidade de gênero é essencial para a realização dos ODM,<br />
entretanto tal equidade não pode ser realizada sem a garantia<br />
da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres e<br />
das meninas;<br />
● o rápido crescimento populacional, as altas taxas de<br />
fertilidade e as gravidezes prematuras conduzem os países a<br />
uma armadilha demográfica e, consequentemente,<br />
perpetuam a o ciclo da pobreza;<br />
● sistemas de saúde eficazes são necessários para garantir o<br />
acesso universal aos serviços de saúde, sendo que os<br />
programas de saúde sexual e reprodutiva precisam ser<br />
integrados a sistemas de saúde atuantes.<br />
Estes dois simpósios enfatizaram os diversos problemas-chave<br />
enfrentados pelos países da América Latina e do Caribe para<br />
realizar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Devido às<br />
graves inequidades existentes nesta região, a realização de tais<br />
Objetivos exigirá um forte enfoque na melhoria dos serviços<br />
básicos de saúde a fim de que os mesmos possam alcançar as<br />
populações pobres, marginalizadas ou sem assistência. Este<br />
enfoque é especialmente importante em se tratando dos serviços<br />
de saúde sexual e reprodutiva, já que as populações pobres<br />
apresentam maiores taxas de crescimento populacional, gravidez<br />
entre adolescentes e mortalidade materna. Conseqüentemente, as<br />
estratégias de redução de pobreza baseadas nos ODM devem ser<br />
especificamente direcionadas para as regiões e populações<br />
empobrecidas e marginalizadas, devendo incluir uma abordagem<br />
ampla para resolver os problemas existentes na área da saúde<br />
reprodutiva, incluindo o acesso aos métodos de planejamento<br />
familiar, atenção médica para partos seguros e emergências<br />
obstétricas, assim como o acesso à prevenção, tratamento e<br />
atenção em HIV/AIDS.<br />
A Iniciativa Contagem Regressiva 2015 merece nossos<br />
agradecimentos pela organização dos simpósios e por destacar o<br />
importante papel desempenhado pela saúde sexual e reprodutiva<br />
na realização dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.<br />
Stan Bernstein<br />
Assessor, Política de Saúde Sexual e Reprodutiva,<br />
Projeto do Milênio da ONU<br />
Jeffrey D. Sachs<br />
Diretor, Projeto do Milênio da ONU<br />
Diretor, Earth Institute, Universidade de Columbia<br />
Abril de 2005<br />
5
6<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Destaques<br />
As discussões mantidas nos<br />
simpósios sobre os Objetivos de<br />
Desenvolvimento do Milênio e saúde<br />
sexual e reprodutiva (SSR) na<br />
América Latina e no Caribe,<br />
realizados em Nova Iorque e Rio de<br />
Janeiro, foram, em muitos aspectos,<br />
renovadoras e re-energizantes para<br />
a comunidade que atua na área de saúde e direitos sexuais e<br />
reprodutivos na região. Estes simpósios constituíram uma<br />
rara ocasião onde foram examinados os esforços necessários<br />
para impulsionar a agenda de SSR num contexto mais amplo<br />
– aquele da erradicação da pobreza – quando comparados<br />
aos demais eventos realizados desde a Conferência<br />
Internacional sobre População e Desenvolvimento (CIPD) em<br />
1994. Paradoxalmente, nós devemos esta oportunidade à<br />
Declaração do Milênio e Objetivos de Desenvolvimento do<br />
Milênio (ODM). Os ODM causaram um certo desapontamento<br />
à comunidade de saúde reprodutiva, entretanto, geraram<br />
atenção e debates renovados sobre a condição crítica dos<br />
mais pobres nos países em desenvolvimento e a melhor<br />
forma de resolver as suas necessidades.<br />
Embora o formato dos Simpósios não tenha contemplado a<br />
adoção de uma declaração formal, as seguintes conclusõeschave<br />
resultaram dos mesmos:<br />
1. Saúde e direitos sexuais e reprodutivos e a implementação<br />
total do Programa de Ação CIPD e do CIPD+5 são essenciais<br />
para erradicar a pobreza e realizar os ODM. A declaração foi<br />
citada enfaticamente por seis das Forças-Tarefa do Projeto do<br />
Milênio das Nações Unidas, assim como pelo Relatório Final do<br />
Projeto.<br />
2. A desigualdade constitui o maior desafio para a erradicação<br />
da pobreza e garantia de saúde na América Latina e no Caribe.<br />
Os níveis relativamente altos de renda per capita mascaram o<br />
sofrimento dos mais pobres na região. Existe uma<br />
necessidade urgente de renovação de foco nas medidas de<br />
justiça social e políticas de redistribuição de renda em nível<br />
nacional, assim como para que os gastos orçamentários<br />
alcancem os mais pobres.<br />
3. A política macroeconômica existente deve ser<br />
responsabilizada pela sua falta de preocupação com<br />
investimentos nos setores sociais e no bem-estar das<br />
populações. A privatização dos sistemas de saúde e as<br />
medidas de “recuperação de custos” de maneira geral<br />
causaram impactos negativos para as populações mais pobres<br />
na América Latina e no Caribe, particularmente para as<br />
mulheres. A ênfase atual nos cortes orçamentários, abertura<br />
de mercado e promoção de monopólio nos direitos<br />
intelectuais restringem gravemente a capacidade dos<br />
governos para realizar os ODM.<br />
4. Um pacote completo de serviços de saúde sexual e<br />
reprodutiva, incluindo tratamento para portadores/as de HIV,<br />
representa um investimento de grandes dimensões, contudo,<br />
trará benefícios importantes tanto para a saúde quanto para a<br />
economia. Os custos da falta de ação são muito elevados e<br />
devem ser levados em consideração ao se avaliar custos<br />
líquidos, seja no campo do HIV/AIDS ou no campo da<br />
mortalidade materna. O principal impedimento para uma<br />
cobertura total em países como a Colômbia é o custo dos<br />
medicamentos e suprimentos, estabelecidos por tratados<br />
bilaterais firmados com os Estados Unidos
Introdução<br />
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, particularmente<br />
a erradicação da pobreza extrema e da fome, não podem ser<br />
realizados caso as questões de população e saúde<br />
reprodutiva não sejam resolvidas adequadamente. E isto<br />
significa esforços mais contundentes para a promoção dos<br />
direitos das mulheres, assim como maiores investimentos em<br />
educação e saúde, incluindo saúde reprodutiva e<br />
planejamento familiar.<br />
Secretário-Geral da ONU, Kofi Annan,<br />
16 de dezembro de 2002<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Em setembro de 2000, a Assembléia Geral<br />
das Nações Unidas adotou a Declaração do<br />
Milênio como parâmetro para reduzir pela<br />
metade o número de pessoas vivendo em<br />
condições de extrema pobreza até o ano<br />
2015. A Declaração do Milênio não<br />
reafirmou o objetivo geral de tornar<br />
“acessível, através do sistema de saúde<br />
básica, serviços de saúde reprodutiva para todas as pessoas<br />
de idades apropriadas, o mais breve possível, antes do ano<br />
2015”, estabelecido pela Conferência Internacional de<br />
População e Desenvolvimento (CIPD), em 1994. Ainda assim, a<br />
Declaração especificou que ações devem ser tomadas para se<br />
reduzir os índices das mortalidades infantil e materna,<br />
reverter a disseminação da AIDS, promover igualdade de<br />
gênero e combater a violência contra as mulheres – todos<br />
estes são temas centrais do CIPD.<br />
Os Oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM),<br />
assim como as metas e indicadores adotados pela Assembléia<br />
Geral, em setembro de 2001, como parte do Plano para<br />
Execução da Declaração do Milênio (Road Map), seguiram um<br />
padrão similar. Os ODM incluíram três metas – melhorar a<br />
saúde materna, reduzir a mortalidade infantil e combater o<br />
HIV/AIDS – que estão diretamente relacionadas à saúde<br />
sexual e reprodutiva, ao passo que outros quatro objetivos –<br />
erradicar pobreza extrema e fome; promover o acesso à<br />
educação primária universal; promover igualdade de gênero e<br />
capacitar as mulheres; e garantir sustentabilidade ambiental<br />
– têm uma relação íntima com saúde, incluindo saúde sexual<br />
e reprodutiva. Entretanto, os ODM silenciam sobre tópicoschave,<br />
a exemplo de contracepção e planejamento familiar,<br />
serviços de saúde para adolescentes e violência sexual.<br />
Desde então, muitos governos e o sistema da ONU<br />
reorganizaram seu trabalho com base nos ODM, com ênfase<br />
particular (e possivelmente excessiva) nas metas e<br />
indicadores selecionados para medir a sua realização. O Banco<br />
Mundial integrou a estrutura dos Objetivos do Milênio em<br />
suas diretrizes para elaboração, pelos países em<br />
desenvolvimento, dos Documentos Estratégicos para Redução<br />
de Pobreza (Poverty Reduction Strategy Papers, PRSPs). Os<br />
ODM tornaram-se um ponto de referência importante para os<br />
esforços destinados a erradicar a pobreza e a promover o<br />
desenvolvimento.<br />
Ainda assim, ativistas, atuando no campo da saúde sexual<br />
e reprodutiva, permaneceram inseguros quanto à postura que<br />
deveriam ter em relação aos ODM. Algumas pessoas rejeitam<br />
os ODM de maneira assertiva devido à atenção incompleta<br />
dada à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos. Outras<br />
criticam os ODM como desvio e diluição dos acordos<br />
internacionais prévios. Muitos não acreditam que os seus<br />
governos estejam propensos a prestar atenção nestes<br />
objetivos e que os ODM não são de fato ambiciosos o<br />
suficiente para se tornar relevantes para a realidade dos<br />
países de renda média e até mesmo de renda média-baixa.<br />
Este tem sido um problema particular para a América Latina e<br />
Caribe, locais onde apenas alguns poucos governos engajaram<br />
-se no processo PRSP. Além disso, as desigualdades<br />
socioeconômicas marcantes que caracterizam a maioria dos<br />
países da América Latina tornaram excessivamente real a<br />
perspectiva de que os Objetivos poderiam ser “alcançados”<br />
nas estatísticas nacionais sem a resolução prévia das<br />
condições críticas das populações mais pobres vivendo em<br />
cada país.<br />
7
8<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Simpósio do Rio, da direita para a esquerda: Steven Sinding, Diretor-<br />
Geral, IPPF; Monty Eustace, Presidente, IPPF/Região do <strong>Hemisfério</strong><br />
Ocidental; Carmen Barroso, Diretora Regional da IPPF/Região do<br />
<strong>Hemisfério</strong> Ocidental.<br />
Caren Grown, Diretora de Redução da Pobreza, <strong>International</strong> Center for<br />
Research on Women, atuando como moderadora do painel sobre custos e<br />
benefícios do acesso universal de saúde sexual e reprodutiva em Nova<br />
Iorque.<br />
À luz destes debates e dúvidas contínuas, a Federação<br />
Internacional de Planejamento Familiar/Região do <strong>Hemisfério</strong><br />
Ocidental (IPPF/RHO), Rede de Saúde de Mulheres da América<br />
Latina e Caribe (RSMLAC), Red Latinoamericana de Católicas<br />
pelo Direito de Decidir (Rede CDD), Associação Caribenha para<br />
Pesquisas e Ações Feministas (CAFRA) e Rede de Jovens<br />
Latino-Americanos e Caribenhos pelos Direitos Sexuais e<br />
Reprodutivos (RedLAC) decidiram organizar dois simpósios<br />
abordando os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e a<br />
saúde sexual e reprodutiva na América Latina e Caribe. O<br />
primeiro simpósio foi realizado em Nova Iorque, em 20 de<br />
outubro de 2004, ao passo que o segundo foi realizado no Rio<br />
de Janeiro, em 30 de novembro do mesmo ano.<br />
O evento realizado no Rio de Janeiro foi precedido por um<br />
simpósio denominado “Saúde Sexual e Reprodutiva e os ODM:<br />
Desafios e Novas Perspectivas no Brasil”, tendo sido<br />
organizado pela BEMFAM e IPPF/RHO, reunindo 175 decisores<br />
brasileiros/as, ativistas da sociedade civil, acadêmicos e<br />
jornalistas, para discutir a situação da implementação dos<br />
ODM no Brasil e sua interface com o Programa de Ação CIPD.<br />
Os simpósios integraram uma série de reuniões e eventos<br />
realizados em todo o planeta, sob o “guarda-chuva” do<br />
Projeto Contagem Regressiva 2015, para marcar o décimo<br />
aniversário do CIPD e revigorar a implementação de seu<br />
Programa de Ação de Cairo. Os eventos foram organizados<br />
sob os auspícios da IPPF, Family Care <strong>International</strong> e<br />
Population Action <strong>International</strong>, contando com um amplo<br />
comitê diretor composto por diversas ONG.
Cada simpósio reuniu mais de 250 participantes, incluindo<br />
decisores, a exemplo de representantes dos governos da<br />
América Latina e Caribe e agências da ONU, assim como<br />
representantes da sociedade civil, da academia e da<br />
imprensa. As discussões realizadas em Nova Iorque<br />
focalizaram a contribuição de intervenções de saúde sexual e<br />
reprodutiva para a realização dos ODM, com um exame<br />
detalhado de quais políticas podem garantir acesso<br />
eqüitativo à saúde sexual e reprodutiva, o custo financeiro<br />
destas medidas e seus respectivos benefícios. As discussões<br />
realizadas no Rio de Janeiro consideraram os resultados do<br />
simpósio de Nova Iorque para abordar com maior<br />
profundidade a interação entre os ODM, saúde sexual e<br />
reprodutiva e direitos humanos, reforma do setor de saúde, e<br />
política macroeconômica na América Latina e Caribe. Também<br />
foram debatidas estratégias da sociedade civil para vencer os<br />
desafios na implementação regional dos ODM.<br />
Nosso objetivo com estes simpósios consistiu em avançar<br />
os conhecimentos e impulsionar uma maior mobilização da<br />
sociedade civil e de decisores em torno das oportunidades<br />
oferecidas pelos ODM. Nós também esperávamos que estes<br />
simpósios gerassem engajamento crítico dos/as<br />
legisladores/as em relação aos ODM, a fim de assegurar que a<br />
saúde e os direitos sexuais e reprodutivos sejam parte<br />
integrante desta estrutura de desenvolvimento. O relatório<br />
do Projeto de Desenvolvimento do Milênio da ONU, publicado<br />
em 17 de janeiro de 2005, que refletiu o excelente trabalho de<br />
pesquisa e políticas feito pelas Forças-Tarefa do Projeto,<br />
incluiu recomendações proeminentes sobre saúde e direitos<br />
sexuais e reprodutivos como elementos essenciais de<br />
planejamento para redução da pobreza e desenvolvimento.<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Silvia Pimentel, do Comitê da ONU para Eliminação da Discriminação<br />
Contra Mulheres, contribui com o debate em Nova Iorque.<br />
Acreditamos que os simpósios contribuíram de alguma<br />
forma para a criação de um ambiente de apoio para tais<br />
recomendações. Esperamos que o presente relatório ajude a<br />
garantir que o bom trabalho do Projeto seja totalmente<br />
refletido no plano de ação a ser aprovado pela Assembléia<br />
Geral da ONU, em setembro de 2005, durante reunião de<br />
cúpula, que analisará a implementação da Declaração do<br />
Milênio. Esperamos que este relatório também gere<br />
discussões contínuas para informar as nossas atividades, à<br />
medida que lutamos para erradicar a pobreza e permitir<br />
acesso de todos/as às informações e serviços de saúde sexual<br />
e reprodutiva antes do ano 2015.<br />
Participantes do Uruguai no<br />
Simpósio do Rio. Da direita para a<br />
esquerda: Margarita Percovich,<br />
Parlamentar; Monica Xavier,<br />
Senadora; Lilian Abracinskas, Mujer<br />
y Salud Uruguay; Cristina Grela,<br />
Coordenadora da Saúde da Mulher,<br />
Ministério da Saúde; Miguel<br />
Fernández Galeano, Vice-Ministro<br />
da Saúde.<br />
9
10<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e<br />
Programa de Ação CIPD: Enfatizando as<br />
semelhanças, resolvendo as diferenças<br />
Steven W. Sinding, Diretor Geral da<br />
Federação Internacional de Planejamento<br />
Familiar (IPPF) e Carmen Barroso, Diretora<br />
Regional da Região do <strong>Hemisfério</strong><br />
Ocidental da IPPF abriram ambos<br />
simpósios enfatizando que os ODM<br />
possuem muita coisa em comum com a<br />
visão da Conferência Internacional sobre<br />
População e Desenvolvimento (CIPD), realizada em 1994.<br />
Existe ainda muito a se ganhar ao enfatizar as similaridades<br />
entre as duas estruturas, enquanto formas efetivas e<br />
produtivas são encontradas para resolver as eventuais<br />
diferenças.<br />
Conforme citado claramente no Plano (Road Map) criado<br />
para implementar os ODM e adotado pela Assembléia Geral,<br />
em 2001, os Objetivos do Milênio e suas respectivas metas e<br />
indicadores não são novos; em muitos aspectos, são uma<br />
reformulação de alguns objetivos, metas e indicadores<br />
adotados pelas principais conferências internacionais<br />
realizadas na década de 1990. Os ODM incluem metas para<br />
melhorar a saúde materno-infantil e combater a infecção pelo<br />
HIV. Entre elas:<br />
1. Reduzir em três quartos a taxa de mortalidade materna<br />
entre 1990 e 2015;<br />
2. Reduzir em dois terços a taxa de mortalidade de crianças<br />
com idade abaixo de cinco anos entre 1990 e 2015;<br />
3. Conseguir deter e começar a reverter a disseminação do<br />
HIV/AIDS até 2015.<br />
Painel sobre como as<br />
intervenções em saúde sexual e<br />
reprodutiva ajudarão a realizar os<br />
ODM, Simpósio de Nova Iorque.<br />
Da direita para a esquerda:<br />
Rogelio Fernández-Castilla,<br />
Diretor da Equipe de Suporte<br />
Nacional aos países da América<br />
Latina e Caribe, FNUAP; Jeffrey<br />
Sachs, Diretor do Earth Institute<br />
na Universidade de Columbia e<br />
Diretor do Projeto do Milênio da<br />
ONU; Paulo Teixeira, Coordenador<br />
Sênior do Programa DST/AIDS de<br />
São Paulo, Brasil; Adrienne<br />
Germain (moderadora),<br />
Presidente da <strong>International</strong><br />
Women’s Health Coalition.
CAIXA 1<br />
Objetivos de Desenvolvimento<br />
do Milênio, Metas e<br />
Indicadores *<br />
Objetivo 1. Erradicar a pobreza extrema e a fome<br />
Meta 1.<br />
Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção de pessoas<br />
cuja renda seja inferior a US$1 por dia<br />
Indicadores<br />
1. Proporção de populações com renda inferior a US$1 (1993<br />
PPP) por dia (Banco Mundial) a<br />
2. Proporção de gap de pobreza [incidência x intensidade da<br />
pobreza] (Banco Mundial)<br />
3. Compartilhar o quintil mais pobre em consumo nacional<br />
(Banco Mundial)<br />
Meta 2.<br />
Reduzir pela metade, entre 1990 e 2015, a proporção de pessoas<br />
atingidas pela fome<br />
Indicadores<br />
4. Prevalência de crianças de baixo peso com menos de cinco<br />
anos de idade (UNICEF-OMS)<br />
5. Proporção de pessoas abaixo do nível mínimo de consumo<br />
calórico na dieta (FAO)<br />
Objetivo 2. Atingir o ensino primário universal<br />
Meta 3.<br />
Assegurar que até 2015, crianças de todo o mundo, tanto<br />
meninos quanto meninas, sejam capazes de concluir o curso<br />
completo de escola primária<br />
Indicadores<br />
6. Taxa líquida de matrícula na educação primária (UNESCO)<br />
7. Proporção de alunos iniciando a 1 a série e que chegam à<br />
5 a série (UNESCO) b<br />
8. Taxa de pessoas alfabetizadas com idade de 15-24 anos<br />
(UNESCO)<br />
Objetivo 3. Promover igualdade entre os sexos<br />
e a capacitação das mulheres<br />
Meta 4.<br />
Eliminar a disparidade de gênero na educação primária e<br />
secundária, preferivelmente até 2005, e em todos os níveis de<br />
educação, antes de 2015<br />
Indicadores<br />
9. Proporção entre mulheres e homens na educação<br />
primária, secundária e terciária (UNESCO)<br />
10. Proporção entre mulheres e homens alfabetizados com<br />
idade entre 15-24 anos (UNESCO)<br />
11. Parcela de mulheres em empregos assalariados em<br />
setores não relacionados à agricultura (OIT)<br />
12. Proporção de cadeiras ocupadas por mulheres nos<br />
parlamentos nacionais (IPU)<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Objetivo 4. Reduzir a mortalidade de crianças<br />
Meta 5.<br />
Reduzir em dois terços, entre 1990 e 2015, a taxa de<br />
mortalidade de crianças com menos de cinco anos de idade<br />
Indicadores<br />
13. Taxa de mortalidade de crianças com idade abaixo de<br />
cinco anos (UNICEF-OMS)<br />
14. Taxa de mortalidade de crianças com menos de 1 ano de<br />
idade (UNICEF-OMS)<br />
15. Proporção de crianças com 1 ano de idade imunizadas<br />
contra sarampo (UNICEF-OMS)<br />
Objetivo 5. Melhorar a saúde materna<br />
Meta 6.<br />
Reduzir em três quartos, entre 1990 e 2015, a taxa de<br />
mortalidade materna<br />
Indicadores<br />
16. Taxa de mortalidade materna (UNICEF-OMS)<br />
17. Proporção de nascimentos assistidos por pessoal de saúde<br />
qualificado (UNICEF-OMS)<br />
Objetivo 6. Combater o HIV/AIDS,<br />
a malária e outras doenças<br />
Meta 7.<br />
Deter e começar a reverter a disseminação de<br />
HIV/AIDS antes de 2015<br />
Indicadores<br />
18. Prevalência de HIV entre mulheres grávidas com idade de<br />
15-24 anos (UNAIDS-OMS-UNICEF)<br />
19. Taxa de uso de preservativo comparada à taxa de<br />
prevalência de anticoncepcionais (Divisão de População<br />
da ONU) c<br />
19a. Uso de preservativo na última relação sexual de alto risco<br />
(UNICEF-OMS)<br />
19b. Porcentagem de populações com 15-24 anos<br />
demonstrando conhecimento amplo e correto sobre<br />
HIV/AIDS (UNICEF-OMS) d<br />
19c. Taxa de prevalência de métodos anticoncepcionais<br />
(Divisão de População da ONU)<br />
20. Proporção de freqüência escolar entre órfãos comparada à<br />
freqüência escolar de não-órfãos com idade entre 10-14<br />
anos (UNICEF-UNAIDS-OMS)<br />
Meta 8.<br />
Deter até 2015 e começar a reverter a incidência de malária e<br />
de outras doenças importantes<br />
Indicadores<br />
21. Taxas de prevalência e morte associadas a malária (OMS)<br />
22. Proporção de populações vivendo em áreas de risco de<br />
malária utilizando prevenção efetiva contra a doença e<br />
medidas de tratamento (UNICEF-OMS) e<br />
11
12<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong>:<br />
23. Taxas de prevalência e morte associadas a tuberculose<br />
(OMS)<br />
24. Proporção de casos de tuberculose detectados e curados<br />
conforme preconizado pelo DOTS (estratégia de controle<br />
de tuberculose recomendada internacionalmente) (OMS)<br />
que aplica medidas eficaces de prevención y tratamiento<br />
de (UNICEF-OMS)<br />
Objetivo 7. Garantir a sustentabilidade<br />
ambiental<br />
Meta 9.<br />
Integrar os princípios de desenvolvimento sustentável com as<br />
políticas e programas nacionais e reverter a perda dos recursos<br />
ambientais<br />
Indicadores<br />
25. Proporção de superfície territorial coberta por florestas<br />
(FAO)<br />
26. Proporção de superfície protegida para manter a<br />
diversidade biológica comparada com a superfície<br />
geográfica (UNEP-WCMC)<br />
27. Uso de energia (equivalente a kg petróleo) por US$1 PIB<br />
(PPP) (IEA, Banco Mundial)<br />
28. Emissões de dióxido de carbono per capita (UNFCCC,<br />
UNSD) e consumo de CFC depletor de ozônio (toneladas<br />
ODP) (UNEP -Ozone Secretariat)<br />
29. Proporção de populações utilizando combustíveis sólidos<br />
(OMS)<br />
Meta 10.<br />
Reduzir pela metade, até 2015, a proporção de pessoas sem<br />
acesso sustentável à água potável segura e ao saneamento<br />
básico<br />
Indicadores<br />
30. Proporção de populações com acesso sustentável à fonte de<br />
água tratada, nas áreas urbana e rural (UNICEF-OMS)<br />
31. Proporção de populações com acesso à rede de saneamento<br />
tratado, nas áreas urbana e rural (UNICEF-OMS)<br />
Meta 11.<br />
Alcançar até 2020 uma melhoria significativa nas vidas de pelo<br />
menos 100 milhões de moradores de favelas<br />
Indicadores<br />
32. Proporção de famílias com acesso a propriedades seguras<br />
(UN-HABITAT)<br />
Objetivo 8. Criar uma parceria mundial para o<br />
desenvolvimento<br />
Os indicadores para as metas 12-15 estão citados abaixo, numa<br />
lista combinada.<br />
Meta 12.<br />
Continuar a implementar um sistema comercial e financeiro<br />
multilateral aberto, baseado em regras previsíveis, não<br />
discriminatório.<br />
Inclui um comprometimento em relação à boa gestão<br />
governamental, ao desenvolvimento e à redução da pobreza -<br />
tanto nacional quanto internacional.<br />
Meta 13.<br />
Satisfazer as necessidades especiais dos países menos<br />
desenvolvidos.<br />
Inclui: acesso, por parte dos países menos desenvolvidos, a um<br />
regime isento de tarifas e não sujeito à quotas para as<br />
exportações; um programa reforçado para redução da dívida<br />
dos países pobres muito endividados e anulação da dívida<br />
bilateral oficial; e ajuda pública mais generosa para o<br />
desenvolvimento aos países empenhados na luta contra a<br />
pobreza.<br />
Meta 14.<br />
Resolver as necessidades especiais dos países em<br />
desenvolvimento sem acesso ao mar e pequenos estados<br />
insulares em desenvolvimento através do Programa de Ação<br />
para o Desenvolvimento Sustentável de Pequenos Estados<br />
insulares e o resultado da vigésima segunda sessão especial da<br />
Assembléia Geral das Nações Unidas.<br />
Meta 15.<br />
Tratar de maneira abrangente os problemas dos países em<br />
desenvolvimento através de medidas nacionais e<br />
internacionais, a fim de permitir que os mesmos possam pagar<br />
suas dívidas a longo prazo.<br />
Alguns dos indicadores listados abaixo são monitorados<br />
separadamente para os países menos desenvolvidos. Países<br />
da África sem acesso ao mar e pequenos estados insulares<br />
em desenvolvimento.<br />
Indicadores<br />
Ajuda Pública para o Desenvolvimento (APD)<br />
33. APD líquido, total e para países sem acesso ao mar, como<br />
porcentagem da renda nacional bruta dos países<br />
doadores do OCDE (GNI)(OCDE)<br />
34. Proporção de APD bilateral total, alocada por setor,<br />
provida pelos doadores do OCDE/DAC para serviços sociais<br />
básicos (educação básica, atenção básica à saúde, água<br />
tratada e saneamento) (OCDE)<br />
35. Proporção de APD bilateral dos doadores do OCDE/DAC,<br />
não vinculada (OCDE)<br />
36. APD recebida nos países em desenvolvimento sem acesso<br />
ao mar, como proporção das suas Rendas Nacionais<br />
Brutas (OCDE)<br />
37. APD recebida em pequenos estados insulares em vias de<br />
desenvolvimento, como proporção das suas Rendas<br />
Nacionais Brutas (OCDE)<br />
Acesso ao comércio<br />
38. Proporção de importações totais feitas pelos países<br />
desenvolvidos (por valor e excluindo-se armamentos)<br />
tendo como origem os países em desenvolvimento e países<br />
em desenvolvimento sem acesso ao mar, calculados sem os<br />
impostos (UNCTAD, OMC, Banco Mundial)
39. Tarifas médias impostas pelos países desenvolvidos aos<br />
produtos agrícolas, têxteis e vestuários oriundos de países<br />
em desenvolvimento (UNCTAD, OMC, Banco Mundial)<br />
40. Estimativa de apoio agrícola para os países do OCDE, como<br />
porcentagem de suas GDP (OCDE)<br />
41. Proporção de APD fornecida para ajudar a construir<br />
capacidade de comércio (OCDE, OMC)<br />
Capacidade de Pagar Dívida<br />
42. Número total de países que atingiram seus pontos de<br />
decisão como países pobres muito endividados (PPME) e<br />
número daqueles que alcançaram seus pontos de conclusão<br />
como PPME (cumulativo) (FMI-Banco Mundial)<br />
43. Redução de dívida comprometida com a iniciativa para os<br />
países mais pobres muito endividados (FMI-Banco Mundial)<br />
44. Serviços de débito como um porcentual das exportações de<br />
bens e serviços (FMI-Banco Mundial)<br />
Meta 16.<br />
Elaborar e implementar estratégias para trabalhos decentes e<br />
produtivos para os jovens, em cooperação com países em<br />
desenvolvimento<br />
Indicadores<br />
45. Taxa de desemprego entre jovens com idade de 15-24 anos,<br />
por gênero e total (OIT) f<br />
Meta 17.<br />
Em cooperação com as empresas farmacêuticas, prover acesso a<br />
medicamentos essenciais a preços acessíveis nos países em<br />
desenvolvimento<br />
Indicadores<br />
46. Proporção de populações com acesso a medicamentos<br />
essenciais a preços acessíveis, em bases sustentáveis (OMS)<br />
Meta 18.<br />
Em cooperação com o setor privado, disponibilizar os benefícios<br />
das novas tecnologias, especialmente na área de Informação e<br />
Comunicação<br />
Indicadores<br />
47. Número de assinantes de linhas telefônicas fixas e móveis<br />
para cada 100 habitantes (ITU)<br />
48. Computadores pessoais em uso em cada 100 habitantes e<br />
usuários da Internet em cada 100 habitantes (ITU)<br />
* Indicadores adicionais refletem trabalho em andamento sendo<br />
executado pelo Grupo de Inter-Agências Especializadas da ONU<br />
para Indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Notas:<br />
a Para monitoramento das tendências de pobreza nos países, devem ser<br />
utilizados indicadores baseados nas linhas de pobreza de cada país,<br />
quando disponível.<br />
b Um indicador alternativo em fase de elaboração é a “taxa de conclusão<br />
primária”.<br />
c Dentre os métodos anticoncepcionais, apenas os preservativos são<br />
efetivos na prevenção da transmissão do HIV. Uma vez que a taxa de<br />
uso de preservativo é medida apenas entre mulheres em união, ela é<br />
suplementada por um indicador de uso de preservativo em situações de<br />
alto risco (indicador 19a) e um indicador sobre conhecimento sobre<br />
HIV/AIDS (indicador 19b). O indicador 19c (taxa de prevalência de<br />
métodos anticoncepcionais) é também útil para rastrear o progresso<br />
alcançado em outros objetivos de saúde, gênero e pobreza.<br />
d Este indicador é definido como a porcentagem de indivíduos na faixa<br />
etária de 15-24 anos que identificam corretamente as duas formas<br />
principais de prevenção da transmissão sexual do HIV (uso de<br />
preservativo e limitação de atividade sexual com apenas um/a<br />
parceiro/a confiável e não infectado/a), rejeitam as duas principais<br />
concepções erradas locais sobre a transmissão do HIV e saibam que uma<br />
pessoa com aparência saudável pode transmitir o HIV. Entretanto,<br />
atualmente não existe um número suficiente de pesquisas que permita<br />
o cálculo do indicador conforme definido acima. A UNICEF, em<br />
colaboração com a UNAIDS e a OMS, produziu dois indicadores proxy que<br />
representam dois componentes do indicador atual. São eles: (a)<br />
porcentagem de mulheres e homens na faixa etária de 15-24 anos que<br />
sabem que uma pessoa pode se proteger da infecção do HIV através do<br />
“uso consistente de preservativo”; (b) porcentagem de mulheres e<br />
homens na faixa etária de 15-24 anos que sabem que uma pessoa com<br />
aparência saudável pode transmitir HIV.<br />
e Prevenção a ser mensurada pela porcentagem de crianças com menos<br />
de 5 anos que dormem em camas providas com redes para proteção<br />
contra insetos; tratamento a ser mensurado pela porcentagem de<br />
crianças com idade inferior a 5 anos que são devidamente tratadas.<br />
f Encontra-se em elaboração pela Organização Internacional do Trabalho<br />
(OIT) uma medição melhorada da meta para os anos futuros.<br />
Fonte: Divisão de Estatísticas da ONU, 19 de Janeiro de 2005,<br />
disponível em inglês em http://millenniumindicators.un.org/<br />
unsd/mi/mi_goals.asp<br />
13
14<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
CAIXA 2<br />
Objetivos e Metas do<br />
Programa de Ação CIPD e<br />
CIPD+5<br />
Educação universal, alfabetização<br />
Além de realizar o objetivo da educação primária universal em<br />
todos os países antes do ano 2015, os mesmos são<br />
urgentemente recomendados a garantir o acesso mais amplo e<br />
mais precoce possível para meninas e mulheres à educação<br />
secundária e aos níveis mais elevados de educação, assim como<br />
à educação vocacional e técnica, mantendo-se em mente a<br />
necessidade de melhorar a qualidade e pertinência de tal<br />
educação. [CIPD PdA, parágrafo 4.18]<br />
Os governos e a sociedade civil, com assistência da comunidade<br />
internacional devem, o mais rápido possível, e antes de 2015,<br />
cumprir o objetivo da Conferência referente ao acesso universal<br />
à educação primária, eliminação da disparidade de gênero na<br />
educação primária e secundária até 2005; e envidar esforços<br />
para assegurar que até o ano 2010 a proporção de matrícula<br />
nas escolas primárias para crianças de ambos sexos será de<br />
pelo menos 90%, comparada com uma taxa de 85% estimada<br />
para o ano 2000. [CIPD+5, parágrafo 34]<br />
Os governos, especialmente em países em desenvolvimento,<br />
que contam com assistência da comunidade internacional<br />
devem:...Reduzir a proporção de analfabetismo das mulheres e<br />
dos homens, reduzindo no mínimo pela metade para mulheres<br />
e meninas até o ano 2005, tendo com base de comparação a<br />
taxa de 1990. [CIPD+5, parágrafo 35 (c)]<br />
Redução das taxas de mortalidade<br />
neonatal e infantil<br />
...Os países devem envidar esforços para reduzir suas taxas de<br />
mortalidade infantil e neonatal em um terço, ou para 50 e 70<br />
por 1000 nascidos vivos, respectivamente, o que for menor, até<br />
o ano 2000, com adaptação apropriada para a situação<br />
específica de cada país. Até 2005, os países com níveis<br />
intermediários de mortalidade devem envidar esforços para<br />
obter uma taxa de mortalidade neonatal abaixo de 50 mortes<br />
por 1000 nascidos vivos e uma taxa de mortalidade de crianças<br />
abaixo dos 5 anos menor do que 60 mortes por 1000 nascidos<br />
vivos. Até 2015, todos os países devem envidar esforços para<br />
obter uma taxa de mortalidade neonatal inferior a 35 por 1000<br />
nascidos vivos e uma taxa de mortalidade para idades<br />
inferiores a 5 anos que seja menor do que 45 por 1000 nascidos<br />
vivos. Os países que tenham alcançados esses níveis<br />
previamente devem envidar esforços para reduzí-los ainda<br />
mais. [CIPD PdA, parágrafo 8.16]<br />
Redução da mortalidade materna<br />
Os países devem envidar esforços para alcançar reduções<br />
significativas nos índices de mortalidade materna até o ano<br />
2015: uma redução nos índices de mortalidade materna em<br />
50% dos níveis de 1990 até o ano 2000 e 50% adicionais até<br />
2015. O êxito destes objetivos terá diferentes implicações para<br />
os países com índices de mortalidade materna diferentes em<br />
1990. Os países com níveis intermediários de mortalidade<br />
devem tentar alcançar até o ano 2005 uma taxa de<br />
mortalidade materna inferior a 100 por 100.000 nascidos vivos<br />
e até o ano 2015 uma taxa de mortalidade materna inferior a 60<br />
por 100.000 nascidos vivos. Os países com níveis mais elevados<br />
de mortalidade materna devem tentar alcançar até o ano 2005<br />
uma taxa de mortalidade materna inferior a 125 por 100.000<br />
nascidos vivos e até 2015 uma taxa de mortalidade materna<br />
inferior a 75 por 100.000 nascidos vivos. Entretanto, todos os<br />
países devem reduzir os índices de morbidade e mortalidade<br />
materna para níveis nos quais deixem de constituir um problema<br />
de saúde pública. As disparidades existentes nos índices de<br />
mortalidade materna dentro dos países e entre regiões<br />
geográficas, grupos sócio-econômicos e étnicos devem ser<br />
reduzidas. [CIPD PdA, parágrafo 8.21]<br />
Até 2005, nos locais onde os índices de mortalidade materna são<br />
muitos elevados, pela menos 40% de todos os nascimentos devem<br />
ser assistidos por pessoal qualificado; até 2010 este número deverá<br />
ser de pelo menos 50% e até 2015 de pelo menos 60%. Todos os<br />
países deverão continuar seus esforços de maneira que até o ano<br />
2005, 80% de todos os nascimentos no planeta sejam assistidos por<br />
pessoal qualificado, até 2010, 85% e até 2015, 90%. [CIPD+5,<br />
parágrafo 64]<br />
Acesso aos serviços de saúde reprodutiva e<br />
sexual incluindo planejamento familiar<br />
Todos os países devem envidar esforços para tornar acessível,<br />
através do sistema de atenção básica à saúde, serviços de saúde<br />
reprodutiva para todos os indivíduos de idades apropriadas o<br />
mais breve possível, antes de ano 2015. A atenção à saúde<br />
reprodutiva no contexto da saúde básica deve incluir, dentre<br />
outros: orientação em planejamento familiar, informação,<br />
educação, comunicação e serviços; educação e serviços de<br />
atenção pré-natal; atenção segura na parto e puerpério;<br />
prevenção e tratamento apropriado da infertilidade; interrupção<br />
de gravidez conforme especificado no parágrafo 8.25, incluindo<br />
prevenção de aborto e manejo das conseqüências do aborto;<br />
tratamento de infecções do trato reprodutivo; doenças<br />
sexualmente transmissíveis e outros problemas de saúde<br />
reprodutiva; além de informação, educação e orientação,<br />
conforme seja apropriado, sobre sexualidade humana, saúde<br />
reprodutiva e paternidade responsável. Deverão também ser<br />
disponibilizados continuamente, e conforme as necessidades,<br />
encaminhamento para serviços de planejamento familiar,<br />
investigação diagnóstica e tratamento de complicações<br />
relacionadas à gravidez, parto e aborto, infertilidade, infecções<br />
do trato reprodutivo, câncer de mama e outros tipos de câncer<br />
afetando o sistema reprodutivo, doenças sexualmente<br />
transmissíveis, incluindo HIV/AIDS. O desencorajamento ativo de<br />
práticas danosas, a exemplo da mutilação genital, deve também<br />
ser um componente integral da atenção básica à saúde, incluindo<br />
programas de atenção em saúde reprodutiva. [CIPD PdA,<br />
parágrafo 7.6]<br />
Os governos devem envidar esforços para assegurar que até o<br />
ano 2015 todas as unidades de planejamento familiar tenham<br />
capacidade para prover, seja diretamente ou através de<br />
encaminhamento, uma gama mais ampla possível de serviços de
planejamento familiar e métodos anticoncepcionais seguros e<br />
efetivos, atenção obstétrica essencial; prevenção e manejo de<br />
infecções do trato reprodutivo, incluindo doenças sexualmente<br />
transmissíveis, assim como métodos de barreira (ex:<br />
preservativos masculinos e femininos) e antibióticos, quando<br />
disponíveis, para prevenir infecções. Até o ano 2005, 60% de<br />
tais unidades devem ser capazes de oferecer esta gama de<br />
serviços, sendo que até o ano 2010, 80% destas unidades<br />
devem ter condições de oferecer tais serviços. [CIPD+5,<br />
parágrafo 53]<br />
Onde houver uma disparidade entre a utilização de métodos<br />
anticoncepcionais e a proporção de indivíduos expressando o<br />
desejo de espaçar o nascimento de filhos ou limitar o tamanho<br />
de suas famílias, os países devem tentar reduzir esta<br />
disparidade em pelo menos 50% até o ano 2005, 75% até 2010<br />
e 100% até 2050. Ao tentar alcançar estes níveis ou objetivos<br />
demográficos, embora sejam legítimas as estratégias de<br />
desenvolvimento governamental, nenhuma forma de meta ou<br />
cota deve ser imposta aos provedores de serviços de<br />
planejamento familiar para recrutamento de clientes. [CIPD+5,<br />
parágrafo 58]<br />
HIV/AIDS<br />
Os governos, com assistência da UNAIDS e fontes doadoras,<br />
devem assegurar que pelo menos 90% (até 2005) e 95% (até<br />
2010) dos homens e mulheres jovens com idade entre 15 e 24<br />
anos tenham acesso à informação, educação e serviços<br />
necessários para desenvolver habilidades de vida requeridas<br />
para reduzir sua vulnerabilidade à infecção do HIV. Os serviços<br />
devem incluir acesso aos métodos preventivos, a exemplo de<br />
preservativos femininos e masculinos, testagem voluntária,<br />
orientação e acompanhamento. Os governos devem utilizar<br />
como indicador de referência as taxas de infecção do HIV em<br />
pessoas com idades entre 15 e 24 anos, com o objetivo de<br />
assegurar que até o ano 2005 a prevalência nesta faixa etária<br />
seja reduzida globalmente, e em 25% nos países mais afetados,<br />
sendo que até o ano 2010 a prevalência nesta faixa etária seja<br />
reduzida globalmente em 25%. [CIPD+5, parágrafo 70]<br />
Fonte: Nações Unidas, Relatório da Conferência Internacional<br />
sobre População e Desenvolvimento, Documento A/Conf. 171/13,<br />
Nova York, 1994; Nações Unidas, Ações-chave para<br />
implementação adicional do Programa de Ação da Conferência<br />
Internacional sobre População e Desenvolvimento, Documento<br />
A/RES/S-21/2, Nova York, 8/9/1999 (“CIPD+5”)<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
O Programa de Ação CIPD e as Ações-chave para Implementação<br />
Adicional do Programa de Ação (CIPD+5), fornecem metas e<br />
indicadores de referência adicionais e específicos para o alcance<br />
de acesso universal à saúde sexual e reprodutiva, assim como<br />
para objetivos no campo educacional. Eles também incluem<br />
estratégias detalhadas recomendadas para políticas e<br />
programas necessários para o êxito deste objetivo.<br />
O Programa de Ação CIPD, assim como a Declaração do Milênio e<br />
os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, abordam o<br />
desenvolvimento como um processo complexo no qual os<br />
avanços precisam ser feitos simultaneamente numa gama de<br />
tópicos: educação, igualdade de gênero, saúde, proteção e<br />
gestão ambiental, consumo sustentável, parcerias entre o<br />
governo e a sociedade civil, etc. Sem a existência de estradas em<br />
condições de tráfego, por exemplo, novas clínicas de atenção<br />
materna não serão acessadas por mulheres em trabalho de<br />
parto. Da mesma forma, se não existir uma educação sexual<br />
abrangente, homens e mulheres jovens em atividade econômica<br />
não terão idéia sobre como proteger a sua saúde sexual.<br />
A Conferência Internacional sobre População e<br />
Desenvolvimento não é um evento isolado. O seu Programa<br />
de Ação é baseado no consenso internacional que foi obtido<br />
desde a Conferência Mundial sobre População realizada em<br />
Bucareste, em 1974 e a Conferência Internacional sobre<br />
População realizada na Cidade do México, em 1984, para<br />
considerar os amplos assuntos e as inter-relações entre<br />
população, crescimento econômico sustentado e<br />
desenvolvimento sustentável, assim como avanços na<br />
condição educacional e econômica e na capacitação das<br />
mulheres. A Conferência de 1994 contemplou explicitamente<br />
um escopo mais amplo sobre as questões de<br />
desenvolvimento do que as conferências de população<br />
previamente realizadas, refletindo uma conscientização<br />
crescente sobre o fato de que população, pobreza, padrões<br />
de produção e consumo e meio ambiente encontram-se de<br />
tal maneira interligados que nenhum deles pode ser<br />
considerado isoladamente.<br />
Programa de Ação CIPD, parágrafo 1.5<br />
O objetivo consiste em elevar a qualidade de vida de todas<br />
as pessoas, através de políticas e programas apropriados em<br />
população e desenvolvimento, objetivando erradicar a<br />
pobreza, obter crescimento econômico sustentado no<br />
contexto de desenvolvimento sustentável e padrões<br />
sustentáveis de consumo e produção, desenvolvimento de<br />
recursos humanos e garantia de que o direito ao<br />
desenvolvimento como um direito universal e inalienável<br />
15
16<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
seja parte integral dos direitos humanos fundamentais.<br />
Atenção especial deve ser dada à melhoria sócio-econômica<br />
das mulheres pobres vivendo nos países desenvolvidos e nos<br />
países em desenvolvimento (…).<br />
Programa de Ação CIPD, parágrafo 3.16<br />
Similarmente, a Declaração do Milênio e os ODM evidenciam que<br />
nenhuma intervenção constitui uma panacéia.<br />
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio se apóiam<br />
mutuamente e exigem programas multi-setoriais para a<br />
realização simultânea dos objetivos. Os países devem<br />
assegurar que as estratégias de redução de pobreza<br />
aumentem o foco sobre as populações mais pobres e mais<br />
vulneráveis, através de uma seleção apropriada de políticas<br />
econômicas e sociais. Os direitos humanos devem ser os<br />
pilares dos programas abordando paz, segurança e<br />
desenvolvimento. Além disso, é necessário ampliar as ligações<br />
entre todos os principais parceiros, a exemplo da sociedade<br />
civil e do setor privado.<br />
Plano para Execução da Declaração do Milênio das Nações<br />
Unidas (Road Map), parágrafo 82<br />
Relatório do Secretário-Geral A/56/326, 6/Set/2001<br />
Similarmente ao Programa de Ação CIPD, os ODM baseiamse<br />
em metas e indicadores quantificáveis que podem ser<br />
utilizados para responsabilizar os governos. Obviamente, o<br />
foco excessivo sobre algumas poucas metas pode ser<br />
prejudicial para se conseguir uma abordagem mais complexa<br />
dos problemas. Por exemplo, enfocar apenas a provisão de<br />
pessoal qualificado para dar assistência aos partos (um dos<br />
indicadores do ODM 5 sobre saúde materna) não fará muita<br />
diferença nas taxas de mortalidade materna, pois o que<br />
necessitamos para reduzir estes índices é uma solução para o<br />
sistema de saúde que assegure acesso a serviços obstétricos<br />
emergenciais para todas as mulheres. Indicadores adicionais<br />
são, então, necessários para mensurar o acesso a sistemas de<br />
saúde totalmente funcionais. Porém, o princípio de medição<br />
do progresso e responsabilidade foi reconhecido como um<br />
passo importante por todos os governos, assim como pelas<br />
agências da ONU e pelas instituições financeiras<br />
internacionais.<br />
Steve Sinding suscitou a questão sobre como melhor resolver<br />
o problema imposto pela atenção insuficiente dada à saúde<br />
sexual e reprodutiva no contexto dos ODM. Ele observou que a<br />
agenda de saúde sexual e reprodutiva foi prejudicada pelo fato<br />
dos ODM não incluírem a meta de Cairo de acesso universal à<br />
saúde sexual e reprodutiva para todos/as até 2015, conforme<br />
estabelecido no parágrafo 7.6 do Programa de Ação CIPD.<br />
Duas abordagens para gerenciamento deste problema foram<br />
apresentadas durante os simpósios. A proposta da IPPF para<br />
um nono ODM, com o intuito de recuperar o objetivo de Cairo,<br />
gerou diversas reações. Ao passo que diversos/as<br />
comentaristas se posicionaram favoravelmente à idéia,<br />
outros/as levantaram questões práticas sobre como fazer isto<br />
no contexto das negociações intergovernamentais vindouras,<br />
sem abrir uma caixa de Pandora com outras queixas<br />
igualmente válidas. Outros/as questionaram se de fato um<br />
nono ODM poderia ser acordado, num momento em que<br />
grandes instituições, a exemplo de agências doadoras, já<br />
reorganizaram as suas atividades com base nos oito objetivos<br />
existentes.<br />
Magaly Piñeda do Centro de Investigación para la Acción<br />
Feminina (CIPAF) localizado em São Domingos, República<br />
Dominicana, apresentou uma abordagem alternativa (ou<br />
complementar) para o nono ODM. Ela descreveu de que<br />
maneira a Força-Tarefa para Igualdade de Gênero (Força-Tarefa<br />
No. 3) do Projeto do Milênio da ONU teve êxito na inclusão da<br />
saúde sexual e reprodutiva em suas estratégias recomendadas<br />
para ação referente ao ODM No. 3. A Força-Tarefa buscou<br />
trabalhar a partir do contexto interno do ODM, sinalizando o<br />
raciocínio existente por trás do ODM sobre a igualdade de<br />
gênero, o qual havia sido designado como carente de um<br />
conjunto de metas e indicadores sobre educação de meninas,<br />
participação do trabalho das mulheres e representação<br />
parlamentar. As recomendações da Força-Tarefa sobre serviços<br />
de saúde sexual e reprodutiva podem ser utilizadas pelos<br />
governos durante o desenho das suas estratégias para redução<br />
de pobreza e promoção da igualdade de gênero em nível<br />
nacional. Outras Forças-Tarefa fizeram um trabalho similar.<br />
O relatório da Força-Tarefa No. 3 que descreve direcionamentos<br />
estratégicos para alcançar a igualdade de gênero, incluindo<br />
saúde sexual e reprodutiva, deve tornar-se um instrumento<br />
para nossas estratégias regionais e locais... Em cada país,<br />
nossos governos sabem menos sobre os ODM do que nós, como<br />
ONG. Os grupos de mulheres que atuam em saúde sexual e<br />
reprodutiva têm expertise, fizeram pesquisas, têm experiência<br />
com advocacy e lobby, elas sabem como construir alianças...<br />
Portanto eu acredito que seja possível progredir e enriquecer as<br />
metas e indicadores e também as estratégias... Se olharmos o<br />
resto do trabalho feito nos demais sete ODM, os demais Grupos<br />
de Trabalho [do Projeto do Milênio ONU], o que eles fizeram<br />
sobre saúde sexual e reprodutiva, podemos utilizar para<br />
reporte nacional, pressionar governos e construir alianças com<br />
outros grupos atuando em diferentes setores…<br />
Magaly Piñeda, CIPAF
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
CAIXA 3<br />
Recomendações do Relatório do Projeto do<br />
Milênio e suas Forças-Tarefa sobre saúde<br />
sexual e reprodutiva<br />
Em 17 de Janeiro de 2005, foi apresentado ao Secretário-Geral<br />
das Nações Unidas, Kofi Annan, o documento do Projeto do<br />
Milênio denominado “Investindo no Desenvolvimento: Um Plano<br />
Prático para Realizar os Objetivos de Desenvolvimento do<br />
Milênio”, assim como os relatórios finais das Forças-Tarefa. Um<br />
documento geral resumindo os achados do “Investindo no<br />
Desenvolvimento” também foi publicado. Tais documentos<br />
apresentam mensagens e recomendações detalhadas sobre<br />
tópicos de saúde sexual e reprodutiva (SSR), conforme descrito<br />
abaixo:<br />
Mensagens e recomendações de SSR<br />
Assegurar o acesso a informações e serviços de saúde sexual e<br />
reprodutiva, incluindo planejamento familiar voluntário, é<br />
essencial para a realização dos ODM.<br />
• Uma ampliação no Capítulo 5 (Caixa 5.5) do “Investindo no<br />
Desenvolvimento” (Investing in Development), assim como<br />
uma Caixa no Capítulo 3 (Caixa 3.1) apresenta discussões<br />
sobre a importância de se assegurar o acesso universal aos<br />
serviços e informações em saúde sexual e reprodutiva para a<br />
realização dos ODM. “A situação atual mostra o quanto é<br />
devastadora a negligência à saúde sexual e reprodutiva. As<br />
diferenças no âmbito da saúde reprodutiva – entre os ricos e<br />
os pobres, assim como dentro de cada país e entre os países –<br />
são maiores do que em qualquer outra área de atenção à<br />
saúde... Os serviços de saúde sexual e reprodutiva devem ser<br />
integrados num sistema de saúde fortalecido”. (“Investindo<br />
no Desenvolvimento”)<br />
• “Assegurar acesso universal aos serviços de saúde<br />
reprodutiva é essencial para melhorar o status nutricional das<br />
mulheres grávidas e de suas crianças, especialmente através<br />
do espaçamento adequado entre os nascimentos”. (Força-<br />
Tarefa da Fome)<br />
• “Aumentar o acesso das mulheres e adolescentes a uma<br />
gama ampla de informações e serviços de saúde sexual e<br />
reprodutiva é uma das sete prioridades de ação identificadas<br />
por esta Força-Tarefa”. (Força-Tarefa de Educação e Gênero)<br />
• “A Força-Tarefa de saúde infantil e saúde materna recomenda<br />
que uma meta adicional seja incluída para monitoramento do<br />
Objetivo 5: Acesso Universal aos Serviços de Saúde<br />
Reprodutiva até o ano 2015, através do sistema de atenção<br />
básica à saúde, assegurando uma taxa de progresso<br />
equivalente ou até mesmo mais elevada entre as populações<br />
pobres e demais grupos marginalizados”. (Força-Tarefa de<br />
Saúde Infantil e Saúde Materna)<br />
• “A luta contra HIV/AIDS e os esforços mais amplos para a<br />
saúde reprodutiva devem se fortalecer mutuamente. Os<br />
governos nacionais devem incorporar o acesso universal aos<br />
serviços e informações de saúde sexual e reprodutiva como<br />
parte integrante das suas repostas ao advento da AIDS. Além<br />
disso, deve haver uma maior integração entre os serviços de<br />
HIV e outros serviços de saúde reprodutiva, incluindo PMTCT,<br />
VCT, planejamento familiar e maternidade segura”. Observe<br />
que as declarações de Glion e Nova Iorque são citadas. (Força-<br />
Tarefa de HIV/AIDS)<br />
• “O crescimento populacional, marcado por níveis contínuos de<br />
fertilidade maiores do que aqueles citados como desejados<br />
pelas pessoas, contribui tanto para o crescimento natural nas<br />
áreas urbanas como para os fatores que pressionam a<br />
migração de áreas rurais para áreas urbanas e novos<br />
assentamentos rurais... as taxas de fertilidade são mais<br />
elevadas nos países mais pobres e também entre as<br />
populações menos favorecidas nestes e nas sociedades de<br />
renda média. Portanto, não causa nenhuma surpresa o fato<br />
de que estes mesmos locais apresentem os maiores níveis de<br />
demanda reprimida de serviços de planejamento familiar e<br />
saúde reprodutiva, os quais, juntamente com outros<br />
problemas de saúde, educação e gênero, devem ser resolvidos<br />
através de políticas e programas desenhados para reduzir as<br />
taxas de crescimento populacional e realizar melhorias<br />
sinérgicas”. (Força-Tarefa da Sustentabilidade Ambiental)<br />
• “Mulheres pobres vivendo em áreas urbanas também<br />
apresentam os piores índices de saúde sexual e reprodutiva<br />
quando comparadas a outras mulheres vivendo também em<br />
cidades, sendo que algumas vezes os seus índices são<br />
semelhantes àqueles das residentes rurais... mulheres pobres<br />
residindo nas áreas urbanas também apresentam uma<br />
probabilidade muito menor de uso de anticoncepcionais<br />
quando comparadas a outras mulheres residentes em<br />
cidades, sendo que novamente em algumas regiões estas<br />
taxas de uso se assemelham às taxas vigentes entre as<br />
mulheres das áreas rurais (ex: Sudeste Asiático). Quando as<br />
mulheres pobres das áreas urbanas dão à luz, elas têm menor<br />
probabilidade de ter estes partos assistidos por um médico/a<br />
ou enfermeiro/a parteira, quando comparadas a outras<br />
mulheres da área urbana. E, finalmente, elas estão sob risco<br />
elevado de contrair DST, incluindo HIV/AIDS”. (Força-Tarefa<br />
Sobre Residentes de Favelas)<br />
A igualdade de gênero é essencial para a realização dos ODM.<br />
E a igualdade de gênero não pode ser alcançada sem a<br />
garantia da saúde e diretos sexuais e reprodutivos para<br />
mulheres e meninas.<br />
• “Intervenções específicas para resolver as desigualdades de<br />
gênero devem constituir componentes intrínsecos dos<br />
pacotes de investimentos baseados nos ODM. Estes devem<br />
também abordar os desafios sistemáticos, a exemplo da<br />
proteção da saúde e dos direitos sexuais e reprodutivos<br />
(incluindo acesso à informação e serviços de planejamento<br />
familiar), acesso eqüitativo às propriedades econômicas, a<br />
exemplo de terra e moradia, maiores níveis de conclusão da<br />
escola primária e maior acesso à educação pós-primária para<br />
meninas, oportunidades eqüitativas no mercado de trabalho,<br />
libertação da violência e maior representatividade em todos<br />
os níveis de governo. Um passo essencial para resolver estes<br />
desafios sistemáticos é a coleta de dados desagregados por<br />
gênero, para monitoramento do progresso”. (“Investindo no<br />
Desenvolvimento”)<br />
• “Sete prioridades para ação foram identificadas pela Força-<br />
Tarefa de Gênero e Educação para se alcançar a igualdade de<br />
17
18<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
gênero. Estas sete prioridades incluem: oportunidades<br />
educacionais (educação primária e pós-primária); garantir<br />
acesso à saúde e aos direitos sexuais e reprodutivos; reduzir<br />
as disparidades etárias entre cargas de tempo, garantir o<br />
direito à propriedade e à herança; melhorar as oportunidades<br />
de geração de renda; melhorar a participação política; e<br />
reduzir a violência contra meninas e mulheres”. (Força-Tarefa<br />
de Educação e Gênero)<br />
Tendências demográficas afetam as perspectivas de<br />
desenvolvimento<br />
• “As populações pobres residentes nas áreas rurais<br />
apresentam as maiores taxas de fertilidade e possuem as<br />
famílias mais numerosas. O rápido crescimento populacional e<br />
o encolhimento do tamanho das famílias tornam a pobreza<br />
rural mais dramática. As populações pobres (nas áreas<br />
urbanas e rurais) têm menor acesso à informação e serviços<br />
para espaçar ou limitar suas gravidezes, de acordo com as<br />
suas preferências... [A vitória sobre a armadilha da pobreza]<br />
é apoiada por uma redução voluntária nas taxas de<br />
fertilidade, a qual promove maiores investimentos na saúde,<br />
nutrição e educação de cada criança. Conseqüentemente, nós<br />
apoiamos fortemente os programas que promovem a saúde e<br />
os direitos sexuais e reprodutivos, incluindo planejamento<br />
familiar voluntário”. (“Investindo no Desenvolvimento”)<br />
• “As perspectivas de cada região quanto ao progresso rumo<br />
aos Objetivos são afetadas por sua condição demográfica. A<br />
África Sub-Saariana é confrontada por alto crescimento<br />
populacional contínuo, populações primariamente jovens,<br />
baixa prevalência de métodos anticoncepcionais e um alto<br />
nível de demanda reprimida de planejamento familiar. A Ásia<br />
Oriental apresenta o segundo crescimento populacional mais<br />
veloz. Problemas demográficos menos graves afetam o sul e o<br />
sudeste da Ásia, porém as demandas reprimidas de serviços<br />
de planejamento familiar e saúde materna permanecem em<br />
patamares consideráveis. As perspectivas da América Latina e<br />
Caribe são afetadas pela dramática desigualdade de acesso<br />
aos serviços de planejamento familiar e maternidade segura<br />
entre os grupos sociais mais ricos e mais pobres. Diversos<br />
países Europeus (CIS) enfrentam declínios populacionais<br />
devido aos baixos índices de fertilidade e migração. Os países<br />
que se aproximam do final de suas transições demográficas<br />
precisarão dar atenção especial às futuras necessidades das<br />
populações envelhecidas. Diversas regiões estão sendo<br />
afetadas, tanto positiva quanto negativamente, pela<br />
migração.”(“Investindo no Desenvolvimento”)<br />
SSR incluída nas “Dez Recomendações-Chave”<br />
e “Vitórias Rápidas”<br />
“Dez Recomendações-Chave” (Visão Geral, página XIV)<br />
• “Ênfase nos resultados de saúde e educação para mulheres e<br />
meninas (incluindo saúde reprodutiva), acesso às<br />
oportunidades econômicas e políticas, direito de controle das<br />
propriedades e libertação da violência”.<br />
“Vitórias Rápidas – soluções para implementação imediata”<br />
(Visão Geral, página 26)<br />
• “Expandir o acesso aos serviços de saúde sexual e<br />
reprodutiva, incluindo informação e serviços de planejamento<br />
familiar e métodos anticoncepcionais, e resolver as<br />
necessidades de financiamento para suprimentos e logística”.<br />
SSR e Estrutura de Monitoramento dos ODM<br />
A Força-Tarefa de Saúde Infantil e Saúde Materna recomendou a<br />
seguinte meta adicional para monitoramento do Objetivo 5<br />
(Melhoria da Saúde Materna) – baseado na meta endossada pela<br />
comunidade global durante as conferências CIPD e CIPD+5, com<br />
modificação adicional para assegurar que seja dada prioridade ao<br />
grave problema da desigualdade, assim como às demais Metas de<br />
saúde materna e saúde infantil.<br />
Meta de SSR Recomendada:<br />
Acesso universal aos serviços de saúde reprodutiva antes de<br />
2015, através do sistema de atenção básica à saúde,<br />
assegurando a mesma taxa de progresso ou taxas mais<br />
rápidas entre as populações pobres e demais grupos<br />
marginalizados.<br />
Os seguintes indicadores de SSR foram também recomendados<br />
para monitoramento dos diversos ODM – com a intenção de<br />
mensurar o impacto sistemático sobre a capacidade das mulheres<br />
de colocar em prática suas preferências de fertilidade externadas<br />
e de manter uma vida sexual e reprodutiva segura, voluntária e<br />
saudável, tendo esses mesmos parâmetros para sua maternidade.<br />
Observe que estes indicadores de SSR devem ser utilizados em<br />
conjunto para mensurar o progresso rumo ao cumprimento da<br />
recomendação.<br />
Indicadores SSR Recomendados:<br />
• Taxa de prevalência de métodos anticoncepcionais (atualmente<br />
citado como Objetivo 6, com alocação recomendada para o<br />
Objetivo 5)<br />
• Prevalência de HIV entre mulheres na faixa etária de 15-24 anos<br />
(Objetivo 6)<br />
• Proporção de nascimentos assistidos por pessoal de saúde<br />
qualificado (Objetivo 5)<br />
• Proporção de demandas atendidas na área de planejamento<br />
familiar (Objetivos 3 e 5)<br />
• Taxa de fertilidade entre adolescentes (Objetivos 3 e 5)<br />
• Disponibilidade de atenção obstétrica emergencial (Objetivo 5)<br />
Finalmente, o documento “Investindo no Desenvolvimento”<br />
preconiza o fortalecimento da capacidade estatística em nível<br />
nacional “para executar censos populacionais e de residências,<br />
conduzir pesquisas residenciais, estabelecer estatísticas vitais e<br />
sistemas de informações de saúde, assim como compilar<br />
indicadores sobre agricultura de subsistência, educação e<br />
economia, dentre outras áreas”.<br />
Fonte: Projeto do Milênio da ONU, Janeiro 2005
Alguns palestrantes e comentaristas também externaram<br />
preocupação quanto à possibilidade dos ODM, como um todo,<br />
constituírem um passo retroativo para o rico conteúdo dos<br />
acordos obtidos nas conferências internacionais, realizadas na<br />
década de 1990. Diversos comentaristas enfatizaram a<br />
necessidade de continuar utilizando os acordos das<br />
conferências CIPD e Beijing para advocacy, legislação e<br />
programação, com o objetivo de tornar claro que este não é um<br />
cenário do tipo “e/ou”, conforme foi claramente citado no<br />
Plano (Road Map) adotado pela Assembléia Geral, em<br />
setembro de 2001.<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
De maneira geral, os ODM foram decididos e definidos<br />
pelos países mais poderosos. Trata-se de um exercício que<br />
aparentemente buscou representar as principais metas<br />
adotadas nas conferências internacionais realizadas ao<br />
longo da década de 1990. Entretanto, os ODM são muito<br />
insuficientes, como nós sabemos... Então, o que devemos<br />
fazer? Lutar para inserir os objetivos do CIPD nos ODM, ou<br />
também insistir para que a ONU, FNUAP, governos,<br />
sociedade civil e outros setores não deixem de discutir as<br />
outras conferências e trabalhar para a implementação do<br />
CIPD? Eu acredito que devemos continuar a trabalhar na<br />
implementação do Programa de Ação CIPD, não limitando<br />
nosso esforços aos ODM... Neste sentido, não devemos<br />
desistir do CIPD+15 e outras oportunidades para discutir<br />
tópicos de população e saúde reprodutiva com uma<br />
abordagem mais ampla.<br />
Elena Zúñiga, Consejo Nacional de Población<br />
(CONAPO), México<br />
Neste sentido, Steven Sinding mencionou que os governos<br />
de todas as regiões e em nível global, recentemente,<br />
reafirmaram seu compromisso com o CIPD e CIPD+5, a<br />
despeito da oposição organizada dos Estados Unidos da<br />
América do Norte e de alguns poucos países ultraconservadores.<br />
Ele enfatizou o fato de que atualmente o CIPD<br />
tem apoio quase universal entre os governos da América<br />
Latina e do Caribe.<br />
Numa sucessão de encontros regionais, os governos de<br />
todas as partes do mundo reafirmaram seu compromisso<br />
com a agenda de Cairo e seus objetivos de provisão de<br />
acesso universal aos serviços de saúde reprodutiva até o<br />
ano 2015. Esta foi uma realização especial, considerandose<br />
a firme oposição ao Programa de Ação feita pelo<br />
governo atual dos Estados Unidos, do Vaticano e de<br />
alguns outros poucos países aliados. A reafirmação do<br />
compromisso com o Programa de Ação obtida em<br />
Bangkok, Dakar, San Juan e Santiago foi – para muitos/as<br />
de nós – bem mais forte do que esperávamos. Em todas<br />
as situações os Estados Unidos permaneceram isolados, ao<br />
passo que os países das diversas regiões permaneceram<br />
unidos... e neste hemisfério, a maioria dos países que<br />
havia apresentado restrições ao Programa de Ação, em<br />
1994, removeram tais restrições; desta forma não se<br />
tratou apenas de uma reafirmação, mas do fortalecimento<br />
do compromisso que foi além de 1994.<br />
Steven Sinding, IPPF<br />
CAIXA 4<br />
Os ODM não substituem os<br />
acordos internacionais prévios<br />
A lista dos objetivos de desenvolvimento do milênio não<br />
prejudica, de modo algum, os acordos referentes aos objetivos e<br />
metas obtidos nas conferências globais da década de 1990. Os<br />
oito objetivos representam uma parceria entre os países<br />
desenvolvidos e os países em desenvolvimento para, segundo a<br />
Declaração do Milênio, “criar um ambiente – em nível nacional e<br />
global – que conduza ao desenvolvimento e à eliminação da<br />
pobreza”. (Vide resolução 55/2, parágrafo 12 da Assembléia<br />
Geral).<br />
Plano para Execução da Declaração do Milênio das Nações<br />
Unidas (Road Map), Relatório do Secretário-Geral, Doc.<br />
A/56/326, 6/set/2001<br />
Anexo, parágrafo 2<br />
Elena Zúñiga, Diretora Geral do Conselho Nacional de População, México,<br />
participa do Simpósio de Nova Iorque.<br />
19
20<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Saúde sexual e reprodutiva e pobreza<br />
na América Latina e Caribe: Foco nos/as<br />
mais pobres<br />
Carmen Barroso da IPPF/RHO, e Mayra<br />
Buvinic do Banco Inter-Americano de<br />
Desenvolvimento, descreveram as<br />
desigualdades contrastantes relativas à<br />
renda e saúde que caracterizam a<br />
América Latina e o Caribe. As duas<br />
palestrantes destacaram que, em cada<br />
país da região, os ODM poderiam<br />
teoricamente ser realizados, com as estatísticas gerais sendo<br />
melhoradas sem que sejam atendidas as necessidades dos/as<br />
mais pobres, desasistidos/as e excluídos/as. Entretanto,<br />
conforme citou Carmen Barroso, “Este seria um êxito vazio, o<br />
qual certamente voltaria contra nós no futuro”.<br />
Na América Latina e no Caribe, a desigualdade é um tópico<br />
central em todos os aspectos da vida. Quando comparada a<br />
outras regiões do mundo, a região não é a mais pobre em<br />
renda; na verdade, a renda per capita é significativamente<br />
maior do que na África Sub-Saariana ou no Sul da Ásia. Os<br />
níveis de fertilidade caíram de forma bastante dramática nas<br />
últimas décadas, e, em diversos países da América Latina<br />
(exceto Caribe), as taxas de infecção de HIV permanecem<br />
relativamente baixas. Ainda assim, a porcentagem de pessoas<br />
pobres na América Latina e no Caribe é mais elevada do que<br />
no Leste Europeu, Oriente Médio e Norte da África. A região é<br />
caracterizada por uma das piores distribuições de renda do<br />
mundo. Ao final dos anos 90, o grupo que representava 20%<br />
dos mais ricos da população recebia 60% da renda disponível,<br />
ao passo que os mais pobres recebiam apenas 3%.<br />
Barroso observou que, conforme demonstrado por Amartya<br />
Sen, economista, a pobreza não está relacionada apenas com<br />
a renda, embora a renda seja uma parte importante do<br />
problema. Geralmente, as camadas mais pobres não têm<br />
acesso a outros recursos, tais como educação, terra, saúde,<br />
justiça, apoio familiar e comunitário, crédito e outros recursos<br />
produtivos, direito de voz nas instituições – tudo isto gera e<br />
compõe a sua baixa renda.<br />
O Banco Inter-Americano de Desenvolvimento observa que<br />
a desigualdade de renda na América Latina e no Caribe está<br />
fortemente relacionada com a desigualdade de acesso aos<br />
serviços de saúde. Na maioria dos países desta região, dentre<br />
o segmento composto por 20% dos mais pobres, menos de<br />
40% possui qualquer tipo de seguro de saúde. Por sua vez, a<br />
falta de acesso aos serviços de saúde determina o baixo nível<br />
de acesso aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, atenção<br />
pré-natal, prevenção e tratamento de HIV, além de atenção<br />
obstétrica emergencial e especializada.<br />
Os exemplos apresentados por Carmen Barroso ilustram<br />
estas disparidades, ao passo que também tornam claro que<br />
as decisões por trás dos números são políticas e não apenas<br />
econômicas.<br />
Na América Latina como um todo, a demanda reprimida por<br />
métodos anticoncepcionais foi reduzida em 5% ao longo da<br />
década de 1990. Ainda assim, quando comparamos os 20%<br />
mais ricos com os 20% mais pobres da população na região,<br />
emerge uma abrupta diferença. Até o ano 2000, a proporção<br />
de demanda por métodos anticoncepcionais atendida pelos<br />
serviços de saúde representava 65% entre os mais ricos e<br />
apenas 30% entre os mais pobres. Na Bolívia, a porcentagem<br />
de mulheres casadas que utilizam métodos anticoncepcionais<br />
modernos é 46% entre as mais ricas, ao passo que entre as<br />
mais pobres é 7%. No Brasil, os números são 77% entre as<br />
mais ricas e 56% entre as mais pobres. Como resultado, as<br />
taxas totais de fertilidade permanecem elevadas, ou até<br />
mesmo muito elevadas, entre os 20% mais pobres da<br />
população: 7,6 filhos na Guatemala; 5,5 filhos no Peru e até<br />
mesmo 4,8 filhos no Brasil. Ainda nestes mesmos países as
taxas totais de fertilidade para os 20% mais ricos variam de<br />
2,9 filhos na Guatemala a 1,6 filhos no Peru.<br />
As taxas de gravidez entre adolescentes apresentam<br />
tendências similares. Na República Dominicana, a<br />
porcentagem de mulheres na faixa etária de 15 a 19 anos que<br />
dão à luz é de 3% entre as mais ricas e de 23% entre as mais<br />
pobres.<br />
Quando se trata de atenção à saúde materna, a<br />
desigualdade persiste em diversos países, embora exista uma<br />
variação regional indicando que decisões políticas foram<br />
tomadas objetivando investimentos direcionados às<br />
populações mais pobres. A porcentagem de nascimentos<br />
assistidos por pessoal clínico treinado é esclarecedora: no<br />
Peru, 98% dos partos entre os mais ricos são assistidos, ao<br />
passo que apenas 20% da população empobrecida têm acesso<br />
a este serviço. Na Nicarágua e na República Dominicana estes<br />
percentuais se elevam para 78% e 89% entre as populações<br />
mais pobres.<br />
De maneira semelhante, o percentual de mulheres que<br />
sabem que o HIV/AIDS pode ser transmitido por contato<br />
sexual varia bastante de país para país: entre as mais pobres,<br />
este percentual é 13% na Bolívia, 42% no Haiti e 52% na<br />
Colômbia. Dentre as mais ricas nestes mesmos países, estes<br />
números alcançam até 89%.<br />
Barroso concluiu que, como um todo, o segmento mais<br />
pobre da América Latina e do Caribe não tem acesso aos<br />
serviços e informações de que necessitam na esfera de saúde<br />
sexual e reprodutiva. Por sua vez, esta falta de acesso torna<br />
tais populações mais vulneráveis aos eventos – a exemplo de<br />
gravidez não planejada, morte materna, infecção por HIV,<br />
falta de tratamento para as conseqüências da violência<br />
sexual – aumentando assim os níveis de pobreza e<br />
dependência.<br />
Barroso e Buvinic reivindicaram maiores investimentos para<br />
serviços e informações em saúde sexual e reprodutiva, porém<br />
especificaram que tais investimentos devem ser desenhados<br />
para que de fato beneficiem as populações mais pobres.<br />
Na discussão subseqüente, os/as participantes concluíram<br />
que os ODM não são adequados como metas para<br />
desenvolvimento na América Latina e Caribe – eles<br />
representam um “piso” muito abaixo do nível agregado.<br />
Embora todos/as tenham concordado com esta colocação,<br />
está claro que tais objetivos estão longe de ser cumpridos<br />
para tais populações, quando examinamos a situação dos<br />
mais pobres em cada um dos nossos países. Cada país da<br />
região deve revisar para cima as metas e indicadores que<br />
representem estas desigualdades dentro das distintas áreas<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Ana Cristina González, Ministério do Proteção Social da<br />
Colômbia, em Nova Iorque.<br />
de cada país, assim como entre os seus grupos sociais, raciais,<br />
étnicos e etários, e entre as populações masculinas e<br />
femininas.<br />
Conforme mencionado pelo Secretário-Geral [da ONU], na<br />
América Latina e no Caribe precisamos revisar os ODM e<br />
torná-os mais específicos. Como alguns dos objetivos já<br />
foram realizados na região, precisamos voltar nossa<br />
atenção para o que está próximo, com uma visão nativa e<br />
perspectiva dos ODM para a nossa área, e, mais<br />
importante ainda, para cada país. Diversos países estão<br />
incluindo ODM adicionais em seus relatórios nacionais, não<br />
citados na Declaração do Milênio, mas que são<br />
considerados como relevantes para a situação do país.<br />
Rogelio Fernández-Castilla, FNUAP<br />
21
22<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
De que maneira a saúde sexual e reprodutiva<br />
contribui para a realização dos ODM?<br />
Em suas palestras de abertura em Nova York<br />
e no Rio de Janeiro, Carmen Barroso<br />
enfatizou a necessidade de garantir saúde<br />
sexual e reprodutiva na batalha contra a<br />
pobreza na América Latina e Caribe. Ela<br />
destacou que o Programa de Ação de Cairo<br />
deixou claro que direitos e saúde sexual e<br />
reprodutiva estão intrinsecamente<br />
articulados com o desenvolvimento, além da educação, meio<br />
ambiente e consumo sustentável. A saúde e os direitos<br />
sexuais e reprodutivos estão também intrinsecamente<br />
ligados à igualdade das mulheres e sua capacidade de<br />
alcançar seu potencial total – seja intelectual, econômico,<br />
criativo ou político. Barroso argumentou que<br />
conseqüentemente a saúde sexual e reprodutiva é<br />
fundamental para a realização dos ODM. Outros/as<br />
apresentadores/as apoiaram esta conclusão.<br />
Jeffrey Sachs afirmou que a saúde e os direitos sexuais e<br />
reprodutivos são essenciais para a realização dos Objetivos<br />
de Desenvolvimento do Milênio e para erradicar a pobreza,<br />
assim como para assegurar paz e segurança. Antecipando-se<br />
à Assembléia Geral a ser realizada em setembro de 2005<br />
sobre a implementação da Declaração do Milênio, Sachs<br />
advertiu contra a adoção de uma visão estreita sobre<br />
segurança que deixe de fora as questões ligadas à saúde,<br />
educação e emprego. Ele prometeu que o Projeto do Milênio<br />
da ONU faria recomendações importantes sobre as<br />
estratégias para se obter saúde sexual e reprodutiva.<br />
O nosso relatório [Projeto do Milênio da ONU] discorre<br />
sobre ... os tipos de ações que precisam ser tomadas para<br />
que realmente tenhamos êxito; dentre estas, os serviços de<br />
saúde sexual e reprodutiva são fundamentais, incluindo<br />
direitos e capacitação das mulheres, devendo todos estes<br />
tópicos estar no relatório uma vez que não se trata de um<br />
truque ou de um adendo, pois destinam-se a uma boa e<br />
fundamental análise do desenvolvimento econômico, boa<br />
análise social, boa análise dos direitos humanos, logo, não<br />
existe qualquer adendo para o assunto, tratando-se<br />
apenas de uma parte da verdade...<br />
A saúde sexual e reprodutiva é fundamental para o êxito<br />
da paz e da segurança assim como dos ODM...<br />
Esta é uma comunidade muito poderosa, felizmente. E<br />
vocês precisam realmente levantar suas vozes no ano<br />
vindouro. Estaremos com vocês. Vocês terão um documento<br />
que poderão apoiar integralmente, pois nós estaremos<br />
tentando apoiar vocês. Nós tentaremos fazer essa agenda<br />
acontecer. Porém, precisaremos trabalhar muito em<br />
conjunto, pois precisaremos falar mais alto do que a<br />
guerra, precisaremos falar mais alto do que o medo,<br />
precisaremos ajudar as pessoas a entender que quando se<br />
trata de direitos humanos, os direitos das mulheres, a<br />
manutenção da vida das mães, permitindo que as pessoas<br />
escolham, este é o caminho verdadeiro para a segurança<br />
que todo o mundo almeja.<br />
Jeffrey Sachs, Projeto do Milênio da ONU e Earth Institute,<br />
Universidade de Columbia<br />
A saúde e os direitos sexuais e reprodutivos ainda<br />
continuam a ser marginalizados em diversas arenas.<br />
Rogelio Fernández-Castilla do FNUAP observou que, apesar<br />
do fato de que muitos países na América Latina e no<br />
Caribe continuam a ter indicadores ruins no campo da<br />
saúde sexual e reprodutiva, ainda existe muita relutância<br />
na região para se resolver este assunto de uma maneira<br />
direta. Fernández-Castilla enfatizou as evidências<br />
existentes sobre a contribuição positiva dos serviços de<br />
saúde reprodutiva para a redução da pobreza em níveis<br />
nacionais e domésticos.
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Existe uma evidência contundente de que os serviços de<br />
saúde reprodutiva, incluindo planejamento familiar, têm<br />
papel significativo na realização do objetivo de redução da<br />
mortalidade infantil e materna. Ainda assim, continuamos<br />
a ver que as demandas reprimidas na área de<br />
planejamento familiar permanecem muito elevadas entre<br />
as mulheres mais pobres, em todos os países da América<br />
Latina e do Caribe.<br />
Rogelio Fernández-Castilla, FNUAP<br />
Ele também observou importantes demandas reprimidas de<br />
serviços de saúde reprodutiva entre os mais pobres na<br />
América Latina e no Caribe.<br />
Atualmente, mais de meio milhão de mulheres morrem, a<br />
cada ano, devido a complicações de gravidez e parto –<br />
quase todas residindo em países em desenvolvimento –<br />
embora nós saibamos o que precisa ser feito para reduzir o<br />
número de mortes maternas. Nós sabemos que as<br />
mulheres precisam ter acesso ao planejamento familiar, a<br />
fim de que elas possam planejar melhor e espaçar o<br />
nascimento dos seus filhos. Nós sabemos que todas as<br />
mulheres precisam de atenção pré-natal durante a<br />
gravidez e de assistência qualificada no momento do<br />
parto. E nós sabemos – esta foi uma dura lição aprendida –<br />
que as mulheres grávidas precisam ter acesso à atenção<br />
obstétrica emergencial quando surgem complicações.<br />
Ainda assim, meio milhão de mulheres, no mundo inteiro,<br />
continuam a morrer a cada ano de complicações<br />
decorrentes de gravidez e parto, simplesmente porque<br />
essas condições necessárias para evitar a tragédia não são<br />
atendidas. Isto é mais do que negligenciar. Isto é uma<br />
falência da saúde pública, algo inconcebível numa era onde<br />
temos riqueza e tecnologia sem precedentes.<br />
Rogelio Fernández-Castilla, FNUAP<br />
Jeffrey Sachs, Steven Sinding e Paulo Teixeira deixaram<br />
claro que uma maior ajuda pública para o desenvolvimento é<br />
essencial para a realização dos Objetivos de Desenvolvimento<br />
do Milênio e enfatizaram a necessidade de garantir mais<br />
fundos para anticoncepção, prevenção do HIV e atenção<br />
obstétrica emergencial para salvar vidas.<br />
Em 2003, 90% dos financiamentos feitos pelas agências da<br />
ONU para implementação das resoluções dependeram de<br />
contribuições voluntárias – 50% foram doados pelos EUA e<br />
50% por outros países integrantes do G-8. Em outras<br />
palavras, a ONU reflete as relações de poder. Nós tivemos<br />
êxito na obtenção das resoluções, porém não tivemos o<br />
mesmo êxito na obtenção de recursos para implementar as<br />
ações... Os ODM deveriam ser utilizados como uma<br />
oportunidade para embate e mobilização políticos. Trata-se<br />
de uma oportunidade para se começar a repensar o próprio<br />
sistema de financiamento da ONU... O FNUAP sabe o que<br />
significa posicionar-se contra determinados atores<br />
conservadores e fundamentalistas na ONU.<br />
Paulo Teixeira, Programa DST/AIDS do Estado<br />
de São Paulo<br />
As metas de Ajuda Pública para o Desenvolvimento<br />
estabelecidas na década de 1990 ainda não foram cumpridas<br />
e os países desenvolvidos não contribuíram com o valor total<br />
que haviam se comprometido a contribuir em Cairo.<br />
Entretanto, existe uma esperança e nós, recentemente, vimos<br />
ações serem tomadas por alguns governos doadores, porém<br />
a situação permanece premente. Os ODM constituem uma<br />
oportunidade para revigorarmos o debate sobre os recursos<br />
necessários para combater a pobreza e prover uma gama<br />
completa de serviços de saúde sexual e reprodutiva para as<br />
populações pobres. O Projeto do Milênio da ONU tem tentado<br />
obter mais recursos para a realização dos Objetivos. Nós<br />
precisamos capitalizar este trabalho.<br />
Steven Sinding, IPPF<br />
Sachs e Teixeira argumentaram que as condições para o<br />
desenvolvimento precisam ser modificadas urgente e<br />
radicalmente. Teixeira observou que, caso as estratégias de<br />
desenvolvimento atuais sejam mantidas, serão necessários<br />
mais 46 anos para que o Brasil alcance os níveis de<br />
desenvolvimento da Europa ou América do Norte.<br />
Nós precisamos continuar a pressionar pela mudança da<br />
ordem internacional relativa a comércio, patentes e fluxo de<br />
dinheiro. Talvez seja ingênuo dizê-lo, porém, caso<br />
consideremos tal progresso como aquele da Declaração Doha,<br />
acho que precisamos ser positivos e compreender a<br />
importância de movimentar este cenário internacional e ser<br />
otimistas quanto à possibilidade de promover mudanças. Em<br />
nível nacional, no Brasil, estamos progredindo, porém num<br />
ritmo que, do meu ponto de vista pessoal, é inaceitável. Caso<br />
não mudemos radicalmente as políticas nacionais –<br />
certamente em coordenação com a ordem internacional –<br />
sobre investimentos na área social, em infra-estrutura,<br />
redução da taxa de juros, redução da dívida nacional etc, será<br />
impossível promover mudanças. Ou, como eu disse antes, isto<br />
será possível daqui a 46 anos, o que não é aceitável.<br />
Paulo Teixeira, Programa DST/AIDS do Estado<br />
de São Paulo<br />
23
24<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
CAIXA 5<br />
Resoluções recentes afirmando a importância da saúde sexual e<br />
reprodutiva para a realização dos ODM.<br />
57a Assembléia Mundial de Saúde<br />
Resolução WHA57.12, 22 de maio de 2004<br />
Saúde reprodutiva: estratégia traçada para acelerar o<br />
progresso rumo à realização dos objetivos e metas<br />
internacionais de desenvolvimento.<br />
Qüinquagésima Sétima Assembléia Mundial de Saúde,<br />
Tendo considerado a estratégia traçada para acelerar o<br />
progresso rumo à realização dos objetivos e metas<br />
internacionais de desenvolvimento relacionados à saúde<br />
reprodutiva;…<br />
Reafirmando os objetivos de desenvolvimento, conforme<br />
citado na Declaração do Milênio adotada pela Assembléia<br />
Geral das Nações Unidas na sua qüinquagésima quinta<br />
sessão, realizada em setembro de 2000, e Plano para<br />
Execução da Declaração do Milênio das Nações Unidas e<br />
outros objetivos e metas internacionais de desenvolvimento;<br />
Reconhecendo que a realização dos objetivos de<br />
desenvolvimento citados na Declaração do Milênio das Nações<br />
Unidas e outros objetivos e metas internacionais, requerem,<br />
como prioridade, fortes investimentos e compromisso político<br />
na área de saúde sexual e reprodutiva; …<br />
1. ENDOSSA a estratégia que visa acelerar o progresso rumo à<br />
realização de objetivos e metas internacionais de<br />
desenvolvimento referentes à saúde reprodutiva;<br />
2. INSTA a los Estados Miembros a que, con carácter de<br />
urgencia:<br />
(1) Adotar e implementar a estratégia como parte dos<br />
esforços nacionais para realizar os objetivos de<br />
desenvolvimento da Declaração do Milênio das Nações<br />
Unidas e outros objetivos e metas internacionais de<br />
desenvolvimento, e mobilizar vontade política e recursos<br />
financeiros para tal finalidade;<br />
(2) Tornar saúde sexual e reprodutiva uma parte integrante<br />
do planejamento e orçamento nacional;<br />
(3) Fortalecer a capacidade do sistema de saúde, com<br />
participação de grupos comunitários e não governamentais<br />
para a obtenção de acesso universal à atenção em saúde<br />
sexual e reprodutiva, com ênfase especial na saúde materna<br />
e neonatal em todos os países;<br />
(4) Monitorar a implementação da estratégia, para<br />
assegurar que a mesma beneficie as populações pobres e<br />
outros grupos marginalizados, incluindo adolescentes e<br />
homens, e que esta estratégia fortaleça a atenção e os<br />
programas de saúde sexual e reprodutiva em todos os<br />
níveis;<br />
(5) Assegurar que todos aspectos da saúde sexual e<br />
reprodutiva, incluindo, dentre outros, saúde reprodutiva dos<br />
adolescentes e saúde materna e neonatal, sejam incluídos<br />
nas atividades de monitoramento e reporte do progresso<br />
nacional rumo à realização dos objetivos de<br />
desenvolvimento da Declaração do Milênio das Nações<br />
Unidas;<br />
Comissão Econômica para América<br />
Latina e Caribe<br />
Santiago, Chile, 10 e 11/mar/2004<br />
Reunião dos Oficiais Dirigentes do Comitê Seccional Ad Hoc sobre<br />
População e Desenvolvimento<br />
Declaração<br />
Os países participantes da Reunião dos Oficiais Dirigentes do<br />
Comitê Seccional Ad Hoc sobre População e Desenvolvimento da<br />
Comissão Econômica para América Latina e Caribe reunidos em<br />
Santiago, Chile, nos dias 10 e 11 de março de 2004, ...<br />
2. Reconhecem como essencial a implementação do Programa de<br />
Ação da Conferência Internacional sobre População e<br />
Desenvolvimento e das ações-chave para o sucesso dos objetivos<br />
de desenvolvimento internacionalmente acordados, incluindo<br />
aqueles citados na Declaração do Milênio; …<br />
4. Recomendam aos países da região intensificar seus esforços<br />
nas seguintes áreas através das seguintes ações: (i) Objetivos de<br />
Desenvolvimento do Milênio, Conferência Internacional sobre<br />
População e Desenvolvimento e suas ações-chave: envidar<br />
esforços para assegurar que as políticas de desenvolvimento<br />
nacionais e regionais, assim como os planos para a erradicação<br />
da pobreza, dentro do escopo dos objetivos de desenvolvimento<br />
internacionalmente acordados, incluindo aqueles contidos na<br />
Declaração do Milênio, incorporem os objetivos, metas e<br />
indicadores do Programa de Ação da Conferência Internacional<br />
sobre População e Desenvolvimento e suas ações-chave,<br />
especialmente com relação à saúde reprodutiva, devendo, ainda,<br />
incluir renda, origem étnica, racial e nativa; desigualdades de<br />
gênero e de faixa etária nos indicadores nacionais e regionais<br />
utilizados para monitorar e acompanhar os Objetivos;<br />
Comissão de População e Desenvolvimento.<br />
Relatório da trigésima sétima sessão (22 a 26 de março e 6 maio<br />
de 2004), Doc. E/2004/25, E/CN.9/2004/9, Resolução 2004/2<br />
Acompanhamento do Programa de Ação da Conferência<br />
Internacional sobre População e Desenvolvimento<br />
A Comissão de População e Desenvolvimento, …<br />
2. Enfatiza que a implementação do Programa de Ação e suas<br />
ações-chave fazem uma contribuição essencial para a realização<br />
dos objetivos de desenvolvimento internacionalmente acordados,<br />
incluindo aqueles contidos na Declaração do Milênio das Nações<br />
Unidas; …
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Quais políticas aseguram acesso<br />
eqüitativo à saúde sexual e reprodutiva?<br />
Ao longo dos dois simpósios, os/as painelistas e<br />
participantes discutiram uma gama de fatores que<br />
impedem o acesso eqüitativo e os elementos de<br />
políticas que poderiam vencer as barreiras de acesso.<br />
Os/as painelistas enfatizaram especialmente o impacto da<br />
desigualdade de gênero como um fator central que limita o<br />
acesso das mulheres aos serviços de saúde sexual e<br />
reprodutiva.<br />
Embora muito progresso tenha sido alcançado e exista<br />
um debate real e mobilização social em todos os países<br />
sobre os direitos das mulheres e igualdade e eqüidade de<br />
gênero, as mulheres e as meninas ainda têm seus<br />
direitos humanos básicos negados. Uma grande<br />
proporção de mulheres não tem direito a escolhas,<br />
oportunidades, serviços sociais e liberdades básicos que<br />
as capacitem para escapar da pobreza e da saúde<br />
deficiente. As mulheres pobres não são capacitadas para<br />
gerenciar sua fertilidade e determinar o número de filhos<br />
e o espaçamento entre os nascimentos. Numa região que<br />
apresenta as maiores desigualdades do mundo, estes<br />
aspectos afetam mais gravemente as mulheres da área<br />
rural, as mulheres indígenas e as mulheres negras da<br />
América Latina.<br />
Rogelio Fernández-Castilla, FNUAP<br />
Paulo Teixeira apresentou evidências do Brasil, as quais<br />
demonstram que as taxas de infecção do HIV/AIDS estão<br />
crescendo entre mulheres jovens e entre mulheres em<br />
relações estáveis. Esta tendência revela os problemas<br />
fundamentais de gênero e desigualdade de poder como<br />
fatores de risco para a infecção do HIV. De maneira geral, as<br />
mulheres brasileiras obtêm acesso aos serviços de saúde<br />
sexual e reprodutiva numa idade tardia e são discriminadas<br />
quando buscam tais serviços. A atenção à saúde sexual e<br />
reprodutiva para mulheres soro-positivas para HIV também<br />
está muito longe do ideal. Teixeira descreveu numerosos<br />
casos de serviços de saúde que ignoram completamente as<br />
necessidades de métodos anticoncepcionais para mulheres<br />
soro-positivas para HIV, ou que as pressionam para que<br />
submetam-se à esterilização. Teixeira concluiu que, como<br />
parte das estratégias de atenção à saúde sexual e<br />
reprodutiva, atenção especial é necessária para assegurar<br />
que as mulheres e as meninas recebam serviços e que tais<br />
serviços respeitem os seus direitos.<br />
Com relação à feminilização da pandemia de HIV na América<br />
Latina e Caribe, Carmen Barroso da IPPF/RHO e Steven Sinding<br />
da IPPF fizeram um apelo urgente pela integração da<br />
prevenção, tratamento e atenção ao HIV aos serviços de saúde<br />
sexual e reprodutiva. Sinding observou que, em muitos países,<br />
a tendência, nos últimos anos, tem sido estabelecer programas<br />
isolados de HIV que direcionam a maior parte dos esforços<br />
para os grupos de alto risco, a exemplo de profissionais do<br />
sexo e homens que fazem sexo com homens. Muitas vezes,<br />
estes novos programas são direcionados pelas fontes<br />
doadoras e trazem um volume tão elevado de dinheiro que<br />
estão drenando recursos dos sistemas de saúde em diversos<br />
países. Embora ele tenha concordado que programas especiais<br />
de prevenção para grupos de alto risco continuarão a ser<br />
necessários, destacou que os programas de HIV devem ser<br />
direcionados para a população em geral, pois o HIV já é – ou<br />
está prestes a se tornar – prevalente, de maneira<br />
generalizada, em muitos locais.<br />
Outros palestrantes, em Nova Iorque, discutiram os tipos de<br />
políticas que favorecem o acesso aos serviços de saúde. Sonia<br />
Montaño, da Comissão Econômica para a América Latina e<br />
Caribe (CEPAL), enfatizou a falta de acesso aos recursos<br />
25
26<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Painel sobre políticas que asseguram acesso eqüitativo aos serviços de saúde sexual e reprodutiva. Da direita<br />
para a esquerda: María Isabel Plata, Diretora Executiva da Profamilia, Colômbia; Sonia Montaño, Dirigente da<br />
Unidade de Gênero, CEPAL; Elsa Gómez, Conselheira Regional em Gênero e Saúde, OPAS; com Carmen Barroso,<br />
Diretora Regional da IPPF/RHO; Moderadora - Lynn Freedman, Universidade de Columbia.<br />
econômicos enfrentada pelas mulheres na região e a forma<br />
como isto restringe seu acesso aos serviços de saúde sexual e<br />
reprodutiva. As políticas podem começar a resolver esta<br />
situação através da promoção de empregos para mulheres<br />
que, conseqüentemente, permitirão um certo grau de<br />
autonomia econômica para as mesmas.<br />
Elsa Gómez, da Organização Pan-Americana de Saúde<br />
(OPAS), descreveu alguns dos efeitos da reforma do setor<br />
de saúde realizada nos anos 90 sobre o acesso das<br />
mulheres aos serviços de saúde na América Latina e no<br />
Caribe. A reforma, da maneira como foi implementada na<br />
região, caracterizou-se pelo enxugamento do setor público,<br />
privatização dos serviços e “alternância de custos”, ou seja,<br />
transferência dos custos de saúde para as famílias e<br />
indivíduos.<br />
Fundamentalmente, na maioria dos casos, a reforma do setor<br />
de saúde significou uma mudança no paradigma da saúde,<br />
passando de um direito a um produto a ser comercializado.<br />
Elsa Gómez, OPAS<br />
Gómez observou que esta transferência de custos agravou as<br />
desigualdades existentes na região, sejam de renda ou<br />
aquelas baseadas em origem racial ou étnica, mas que tal<br />
transferência também contribui para as desigualdades de<br />
gênero, embora este assunto tenha sido alvo de muito menos<br />
discussão. Ela destacou que as mulheres precisam de mais<br />
atenção à saúde do que os homens, devido a sua função<br />
reprodutiva; apenas neste ponto, as mulheres enfrentam uma<br />
carga de doenças quatro vezes maior do que os homens. Uma<br />
vez que as mulheres possuem menos recursos econômicos do<br />
que os homens, devido aos seus baixos salários no mercado<br />
de trabalho, a alternância de custos agravou as<br />
desigualdades.<br />
Gómez apresentou dados da OPAS referentes à Bolívia,<br />
Colômbia, Equador, Nicarágua e Venezuela, demonstrando<br />
que as mulheres que integram o quintil de renda mais baixa<br />
utilizam menos os serviços de saúde do que os homens da<br />
mesma faixa de renda, muito embora elas tenham maiores<br />
necessidades de atenção à saúde. Além disso, as mulheres<br />
gastam significativamente mais dinheiro do seu próprio bolso<br />
com despesas médicas do que os homens em todos os países<br />
do hemisfério quando os dados desagregados por gênero<br />
estão disponíveis (nos EUA, as mulheres gastam 68% mais<br />
dinheiro do seu bolso do que os homens; no Equador, 50%; no<br />
Brasil, 44%; no Peru 28%). Finalmente, observou que, na<br />
região, os homens têm, em média, três vezes mais (em
termos monetários) cobertura de seguros de saúde do que as<br />
mulheres, uma vez que a cobertura de saúde está<br />
intimamente ligada à participação no mercado de trabalho<br />
formal.<br />
Gómez e Montaño argumentaram que, a fim de assegurar<br />
acesso universal, torna-se essencial desvincular a cobertura<br />
do seguro de saúde do setor formal de emprego, assim como<br />
do casamento e de outras relações familiares. Gómez<br />
observou a necessidade de distribuir os riscos do seguro de<br />
forma mais abrangente, que, certamente, não cobrem os<br />
seguros das mulheres como um grupo isolado devido ao fato<br />
de que elas sozinhas carregam o peso da gravidez e do parto.<br />
Argumentou, também, que o trabalho não pago realizado<br />
pelas mulheres deve ser reconhecido na contabilidade<br />
nacional. Isto dispersaria a idéia de que a atenção dada aos<br />
doentes é na verdade “grátis”, e desencorajaria alternâncias<br />
adicionais de responsabilidade pela atenção do setor de<br />
saúde para as famílias.<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Com relação à transferência de custos “invisíveis”, temos<br />
de fato a reforma do setor de saúde, com sua insistência<br />
em reduzir o papel do setor público, a eficiência, a<br />
hospitalização para pessoas mais velhas e para aquelas<br />
que sofrem de doenças mentais; isto tudo é transferido<br />
para as comunidades e famílias, e, na realidade, as pessoas<br />
que são chamadas para prover atenção são as mulheres.<br />
Dados relativos à região e à Europa demonstram que 80%<br />
de todos os serviços de saúde são realizados fora do<br />
sistema de saúde, pelas mulheres nas famílias (pesquisas<br />
sobre utilização de tempo na Europa e na América Latina).<br />
Esta cobrança de cuidados imposta às mulheres limita<br />
ainda mais as mesmas, em termos de participação no<br />
mercado de trabalho e também constitui um ameaça para<br />
a sua saúde – e isto não é considerado na legislação.<br />
Elsa Gómez, OPAS<br />
A CEPAL iniciou uma discussão sobre a expansão das<br />
medidas de proteção social, tanto para cobertura de saúde<br />
quanto para aposentadorias, desvinculando as mesmas da<br />
participação no mercado de trabalho formal. Neste<br />
momento, as pessoas têm direito à saúde e previdência<br />
desde que participem do mercado de trabalho formal e<br />
possam economizar dinheiro para participar, devido à<br />
privatização do seguro de saúde e aposentadorias. As<br />
inúmeras pessoas que trabalham no setor informal, –<br />
maioria composta por mulheres – ficam, por conseguinte,<br />
basicamente sem qualquer cobertura ou proteção. ... Será<br />
que as sociedades e as nações decidirão, a título de<br />
solidariedade, financiar esta proteção que atualmente<br />
existe somente para quem pode pagar e poupar dinheiro?<br />
Este é um desafio importante para todos os países em vias<br />
de desenvolvimento e não apenas para a América Latina.<br />
Sonia Montaño, CEPAL<br />
Marcela Suazo, Ministra do Instituto Nacional da Mulher de Honduras, no<br />
Simpósio de Nova Iorque.<br />
27
28<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
María Isabel Plata, da Profamilia, na Colômbia, descreveu<br />
algumas das condições positivas que geraram uma maior<br />
eqüidade na área de saúde daquele país. Ela enfatizou a<br />
necessidade de uma estrutura completa de políticas para a<br />
saúde sexual e reprodutiva, a exemplo do que existe na<br />
Colômbia, o qual inclui tudo, desde as novas provisões<br />
constitucionais até as normas técnicas que permitem a<br />
distribuição de anticoncepção de emergência. Ela observou<br />
que ações jurídicas são também essenciais para garantir o<br />
cumprimento das leis, especialmente tendo em vista as<br />
persistentes práticas discriminatórias.<br />
Na discussão subseqüente, levantou-se a questão de que<br />
os/as ativistas não devem apenas focalizar o aumento da<br />
ajuda pública para o desenvolvimento, mas devem também<br />
pressionar para que seja implementada uma redistribuição de<br />
recursos nos países da América Latina e do Caribe. Os/as<br />
participantes também observaram a necessidade de promover<br />
uma cultura de igualdade numa região onde as pessoas estão<br />
intimamente convencidas de que são desiguais. Os/as<br />
participantes também mencionaram as competências das<br />
organizações não-governamentais na região, que têm<br />
realizado muito no campo da saúde sexual e reprodutiva, e<br />
enfatizaram a necessidade de alavancar aqueles recursos de<br />
maneira eficaz, ao invés de “reinventar a roda”.<br />
Maria Noel Navas, da RedLAC, levantou a questão das<br />
políticas para assegurar acesso universal das pessoas jovens à<br />
saúde sexual e reprodutiva na região. Neste sentido, os/as<br />
painelistas observaram que a saúde sexual e reprodutiva<br />
deveria ser parte integral dos programas de educação formal.<br />
Paulo Teixeira mencionou que é inaceitável ter programas<br />
educacionais que ignoram a saúde sexual e reprodutiva, ou<br />
que disseminam informações imprecisas e equivocadas.<br />
Rogelio Fernández-Castilla observou que a participação<br />
significativa de jovens no desenho e implementação do<br />
programa é vital, mas, ainda temos um longo caminho a<br />
trilhar.<br />
Parte da resposta a esta pergunta... deve vir do<br />
aprofundamento do processo de democratização em<br />
nossas sociedades. Nós temos perspectivas centralizadas<br />
nos adultos afetando os jovens, assim como programas<br />
tendenciosos para os adultos. Nós não incluímos os/as<br />
jovens e os/as adolescentes no desenho e na definição do<br />
que é necessário para ter estes grupos como parte da<br />
solução. Se pensarmos sobre os grupos indígenas e as<br />
populações marginalizadas, teremos uma abordagem<br />
urbana e centralizada nas populações brancas para<br />
desenvolvimento e a definição das prioridades. Os grupos<br />
mais afetados estão sistematicamente ausentes das<br />
políticas direcionadas aos jovens, de redução da pobreza,<br />
de inclusão social. Nós certamente precisamos fortalecer a<br />
participação da sociedade civil...<br />
Rogelio Fernández-Castilla, FNUAP
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Direitos humanos, os ODM e saúde<br />
sexual e reprodutiva<br />
As discussões sobre direitos<br />
humanos, realizadas no Rio de<br />
Janeiro, assim como as palestras de<br />
abertura de Carmen Barroso em<br />
ambos simpósios, demonstraram<br />
que seria possível a cada país da<br />
região realizar os ODM, no agregado<br />
de dados em nível nacional, sem,<br />
contudo, resolver as desigualdades sociais graves que<br />
caracterizam a América Latina e o Caribe. A partir daquele<br />
ponto os/as apresentadores enfatizaram o quanto é essencial<br />
integrar os princípios de direitos humanos que regem a<br />
igualdade e a não discriminação nos planos e programas para<br />
erradicar a pobreza. Os direitos humanos constituem um<br />
instrumento poderoso, porém, muitas vezes, é subutilizado,<br />
para chamar a atenção para o sofrimento dos/as mais pobres<br />
e mais desasistidos/as.<br />
Rebecca Cook observou que os/as decisores dos governos,<br />
ativistas, provedores/as de saúde e a academia devem<br />
elaborar normas que integrem os princípios e valores de<br />
direitos humanos em seu trabalho e prática diária. Estes<br />
podem ter a forma de diretrizes, códigos de ética, leis ou<br />
políticas. Cook recomendou aos/às participantes fazer<br />
reivindicações de direitos humanos em todos tipos de locais e<br />
em todos níveis de legislação – local, nacional, regional e<br />
internacional.<br />
Precisamos trabalhar como uma comunidade para<br />
inundar os fóruns [em nível nacional, regional e<br />
internacional] com estes argumentos, com estas normas<br />
de direitos humanos, com estes princípios de justiça<br />
social, igualdade e não discriminação de sexo, raça, idade,<br />
status de saúde, renda... para forçar o cumprimento pelos<br />
governos... Na América Latina e Caribe, a boa notícia é<br />
que todos estes fóruns estão sendo utilizados, algumas<br />
vezes obtendo vantagens, algumas vezes não, mas eles<br />
estão realmente sendo utilizados...<br />
Uma tarefa essencial nos próximos anos será elaborar<br />
normas e padrões para a provisão de atenção e para<br />
melhorar o acesso... Caso não façamos a parte mais difícil<br />
deste trabalho para elaborar normas, padrões e diretrizes,<br />
e mais importante ainda, implementá-los, nós estaremos<br />
desarmados/as diante de vários fundamentalismos.<br />
O propósito e a argumentação dos fundamentalistas é que<br />
existe um direito não limitado de objeção consciente.<br />
Entretanto, o direito de objeção consciente é apenas para<br />
aqueles católicos e outros que desejam reivindicá-lo. Ao<br />
reivindicar este direito, eles/as ignoram o direito das<br />
mulheres terem sua própria consciência, sua própria<br />
religião. Eles argumentam que existe um direto de<br />
liberdade de religião, porém não existe o direito de<br />
liberdade da religião. Precisamos estar preparados e<br />
devidamente equipados para estes debates,<br />
argumentando de maneira respeitosa e tranqüila sobre<br />
estes temas... demonstrar quais são os nossos valores.<br />
Rebecca Cook, Universidade de Toronto<br />
Cook descreveu o trabalho que poderia ser feito para tornar<br />
os diretos humanos operacionais, tomando como exemplo a<br />
anticoncepção de emergência. Ela argumentou que o trabalho<br />
precisa ser feito simultaneamente em três níveis distintos:<br />
nível clínico, nível do sistema de saúde, nível das condições<br />
sociais envolvidas. No nível clínico, com relação ao acesso não<br />
discriminatório à anticoncepção de emergência, normas e<br />
padrões devem ser estabelecidos para descrever a obrigação<br />
do pessoal de saúde para encaminhar as vítimas de estupro<br />
para a anticoncepção de emergência. Todos os hospitais<br />
devem ser requeridos a disponibilizar anticoncepção de<br />
emergência nos seus ambulatórios de emergência. Como a<br />
FEBRASGO fez no Brasil, as sociedades de obstetrícia e<br />
ginecologia deveriam elaborar diretrizes éticas para<br />
caracterizar como um tratamento degradante o ato de não<br />
encaminhar as vítimas de estupro para os serviços de<br />
29
30<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Marta Lamas, Presidente do Grupo de Información en Reproducción<br />
Elegida (GIRE), México, no painel sobre os direitos humanos, os ODM e a<br />
saúde sexual e reprodutiva no Simpósio do Rio.<br />
anticoncepção de emergência. De maneira similar, as<br />
sociedades profissionais precisam elaborar diretrizes que<br />
abordem a objeção consciente, tornando claro que existem<br />
limites para este tipo de objeção e que as responsabilidades<br />
clínicas do profissional superam o direito pessoal de<br />
consciência do provedor. No nível do sistema de saúde,<br />
normas, diretrizes e leis devem estabelecer que os/as<br />
adolescentes devem ser tratados/as de acordo com as suas<br />
capacidades evolutivas, ao invés de estabelecer um limite<br />
etário arbitrário. No nível das condições sociais envolvidas, as<br />
leis, políticas e práticas devem ser submetidas a uma<br />
avaliação de direitos humanos, para assegurar que as<br />
mesmas não constituam uma barreira, mas que de fato<br />
facilitem o acesso. No contexto da anticoncepção de<br />
emergência, isto pode significar tornar a anticoncepção de<br />
emergência disponível sem necessidade de prescrição médica,<br />
desde que as evidências clínicas demonstrem que esta<br />
prescrição não é necessária.<br />
Marta Lamas, do GIRE (Grupo de Información en<br />
Reproducción Elegida), discorreu sobre como os direitos<br />
humanos podem constituir uma plataforma comum de<br />
valores para contestar aqueles/as que se opõem aos direitos<br />
sexuais e reprodutivos com base na sua cultura nacional ou<br />
de minoria. Lamas argumentou que muito progresso já foi<br />
feito pelos grupos transnacionais da sociedade civil para<br />
elaborar e enriquecer estes princípios comuns de direitos<br />
humanos e transformá-los num verdadeiro projeto<br />
multicultural – um “regionalismo globalizado” de valores<br />
compartilhados. Destacou, ainda, a utilidade de valores<br />
compartilhados, a exemplo de: respeito pela autonomia do<br />
corpo, solidariedade, pluralismo, diversidade, justiça,<br />
igualdade, estado secular, o direito de viver sem interferência<br />
indevida do Estado e da Igreja. Estes termos podem fazer e<br />
de fato fazem a diferença nos diretos sexuais e reprodutivos<br />
para todos/as, e também têm a vantagem de ser, para<br />
muitos indivíduos, mais fáceis de entender e apoiar do que<br />
“direitos sexuais e reprodutivos.”<br />
Existem diversas estratégias. Uma que aplicamos no<br />
México consiste em falar sobre sexualidade e reprodução<br />
no contexto de diretos civis. Estes são dirietos que<br />
protegem as diferenças entre os indivíduos e os grupos,<br />
desde que tais diferenças sejam compatíveis com as<br />
liberdades de todos/as. O que é mais central do que o<br />
corpo humano quando falamos das liberdades? O nosso<br />
corpo é o contexto onde experimentamos a vida<br />
diariamente. No meu país os direitos humanos estão<br />
consagrados na Constituição na forma de “direitos<br />
individuais” – liberdade de expressão, liberdade de<br />
associação, liberdade de opinião, igualdade perante as leis<br />
e direito à privacidade. Estas garantias implicam que o<br />
Estado e as igrejas não deveriam interferir nas decisões de<br />
cunho pessoal. Sob o guarda-chuva dos direitos civis é<br />
possível apresentar a luta pelos direitos sexuais e<br />
reprodutivos de uma maneira diferente. É interessante<br />
observar que pessoas que ficam desconfortáveis com o<br />
discurso das decisões sexuais e reprodutivas aceitam as<br />
mesmas quando estas são rotuladas como questões de<br />
direitos civis.<br />
Marta Lamas, GIRE<br />
Susana Chiarotti, do Comitê Latino-Americano e Caribenho<br />
para a Defesa dos Direitos das Mulheres (CLADEM), enfatizou<br />
o direito à saúde como um instrumento essencial para<br />
abordarmos os problemas que as mulheres enfrentam<br />
diariamente, a exemplo da falta de qualidade da atenção em<br />
saúde. Ela mencionou que o direto à saúde é um direito<br />
constitucional na América Latina e no Caribe – pois todos<br />
países ratificaram a Convenção Internacional sobre Direitos<br />
Econômicos, Sociais e Culturais, e alguns países, a exemplo da
Argentina, incorporaram este e outros tratados em suas<br />
respectivas Constituições. Além disso, a maioria dos países da<br />
região reconhece o direito à saúde em suas Constituições.<br />
Conseqüentemente, na América Latina e no Caribe, o direito à<br />
saúde não é opcional: constitui uma obrigação do governo, e<br />
é, na maioria dos casos, um direito Constitucional. Chiarotti<br />
observou que este aspecto tem dois efeitos específicos.<br />
Primeiramente, ele condiciona os tipos de acordos que os<br />
governos podem firmar, como, por exemplo, o de livre<br />
comércio. A minuta mais recente do Acordo de Livre Comércio<br />
entre as Américas propõe colocar os serviços de saúde no<br />
pacote de serviços que podem ser comercializados e<br />
privatizados. Na opinião de Chiarotti, isto seria ilegal e seria<br />
uma contravenção aos diretos humanos. Em segundo lugar,<br />
considerar a saúde, incluindo a saúde sexual e reprodutiva,<br />
como um direito não negociável pode conduzir a uma<br />
mudança qualitativa nas atitudes e comportamentos do<br />
pessoal da área de saúde de todos os níveis em relação ao<br />
seu público. Ela descreveu o tratamento, muitas vezes<br />
chocante, que as mulheres pobres enfrentam nos hospitais<br />
públicos da Argentina, especialmente quando se trata de<br />
saúde sexual e reprodutiva:<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Diversas mulheres são humilhadas e discriminadas nos<br />
serviços de saúde pública porque são mulheres, são pobres,<br />
são gordas, são indígenas, engravidam repetidamente,<br />
porque pecaram... Eu posso confirmar, baseada na minha<br />
prática profissional como advogada, que, nos serviços de<br />
emergência, um ladrão ferido numa troca de tiros é melhor<br />
tratado do que uma mulher que chega ao serviço com<br />
hemorragia devido a um aborto... esta mulher é submetida<br />
a um julgamento moral sobre sua vida, sobre sua vida<br />
sexual e, então, o julgamento torna-se uma punição:<br />
insultos, tratamento indevido, recusa em atender os seus<br />
pedidos por água, comida, analgésicos. “Se você pecou vai<br />
ter que pagar por isto”. Este tipo de tratamento<br />
desencoraja a mulher a retornar ao sistema de saúde<br />
pública para receber e continuar o tratamento que pode<br />
salvar a sua vida e a sua saúde, assim como evitar a<br />
próxima gravidez, o próximo aborto... As autoridades<br />
políticas e de saúde pública ainda não perceberam o<br />
escopo do problema e o baixo custo da mudança de<br />
atitudes. Entretanto, não existe diferença de custos<br />
quando falamos de discriminação e não-discriminação. E os<br />
benefícios de um tratamento de qualidade, respeitoso e<br />
não discriminatório, são enormes e podem ser mensurados<br />
em termos de qualidade de vida.<br />
Susana Chiarotti, CLADEM<br />
Chiarotti descreveu as ações tomadas pelo CLADEM para<br />
enfrentar a situação, incluindo apresentação de uma queixa<br />
contra a Argentina no Comitê das Nações Unidas Contra<br />
Torturas, após ter realizado entrevistas com centenas de<br />
mulheres em seis hospitais públicos, as quais revelaram um<br />
padrão de abuso flagrante. Esta medida provou ser eficaz,<br />
resultando na reforma de protocolos de atenção clínica nos<br />
hospitais, seminários com o pessoal de saúde, assim como<br />
treinamento pré-serviço e em serviço para médicos e<br />
enfermeiras. Ela observou que, atualmente, tanto os<br />
provedores de saúde quanto as pacientes encaram seus<br />
papéis de maneira diferente. As mulheres percebem que<br />
estão pagando por estes serviços através dos impostos e,<br />
conseqüentemente, podem exigir um bom atendimento, e,<br />
assim, o pessoal de saúde mudou suas atitudes. Os<br />
instrumentos de direitos humanos provaram ser um<br />
mecanismo eficaz de cumprimento da legislação; eles têm<br />
dentes e podem ser utilizados em tempo real para defender<br />
as vítimas de abuso.<br />
Durante as discussões, os/as participantes enfatizaram o<br />
impacto adverso do fundamentalismo religioso sobre os<br />
programas de saúde sexual e reprodutiva e debateram<br />
Rebecca Cook, Professora da Universidade de Toronto, no painel sobre<br />
os direitos humanos, os ODM e a saúde sexual e reprodutiva no<br />
Simpósio do Rio.<br />
31
32<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Susana Chiarotti do CLADEM no painel sobre os direitos humanos, os<br />
ODM e a saúde sexual e reproductiva no Simpósio do Rio.<br />
Jacqueline Pitanguy do CEPIA, Brasil, moderadora do painel sobre os<br />
direitos humanos, os ODM e a saúde sexual e reproductiva no<br />
Simpósio do Rio.<br />
estratégias para enfrentar os ultraconservadores no domínio<br />
das idéias. A importância da mobilização social em torno dos<br />
direitos humanos e a utilização destes como instrumentos de<br />
persuasão foi enfatizado por diversos/as comentaristas<br />
durante as discussões.<br />
Eu concordo com o comentário [feito por Moncef Ben<br />
Ibrahim da IPPF] sobre a importância de persuadirmos<br />
nossos governos. Quais são os argumentos e a linguagem<br />
que devemos utilizar para convencer as pessoas que estão<br />
vivenciando violações dos seus direitos sexuais e<br />
reprodutivos para que se juntem à nossa causa, ao invés<br />
de reproduzir o discurso religioso e hegemônico? Com<br />
relação ao tema da persuasão, eu gostaria de relembrar o<br />
que foi dito por Sergio Moscovici, um sociólogo e<br />
antropólogo francês sobre o poder de uma minoria<br />
consistente. Quando uma minoria mantém pressão<br />
contínua sobre seus pontos de vista ao longo do tempo,<br />
pode obter apoio... De maneira similar, nós podemos<br />
persuadir outros/as sobre o valor universal da liberdade, e<br />
que este se estende para o campo da sexualidade e da<br />
reprodução.<br />
Marta Lamas, GIRE<br />
Algumas pessoas argumentaram que os/as progressistas<br />
se esquivaram de discutir religião e cultura, para sua<br />
desvantagem. Susana Chiarotti respondeu que, de certa<br />
maneira, o trabalho desenvolvido pela CLADEM em relação<br />
aos direitos humanos das mulheres nos hospitais está<br />
conectado com religião. Ela observou que o tratamento<br />
abusivo sofrido pelas mulheres nos hospitais é parte da<br />
herança religiosa naquela região, com seu histórico de<br />
autoritarismo e julgamento dos/as outros/as. Este é um<br />
legado que eles/as tentam desfazer.
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Reforma do setor de saúde, política<br />
macroeconômica, saúde sexual e<br />
reprodutiva e os ODM<br />
No simpósio realizado em Nova Iorque,<br />
Sachs recomendou a todos/as<br />
participantes a desafiar o “Consenso<br />
de Washington” sobre a abertura de<br />
mercados como a “solução mágica”<br />
para erradicação da pobreza. Ele<br />
argumentou que o fracasso dos<br />
ajustes estruturais está sendo<br />
reconhecido de forma crescente e, conseqüentemente, os<br />
ODM constituem uma oportunidade para os governos se<br />
apossarem do processo de planejamento para o<br />
desenvolvimento e recusar demandas feitas pelas<br />
instituições financeiras internacionais no sentido de<br />
continuar os cortes nos gastos com saúde e educação.<br />
Com relação ao FMI e ao Banco Mundial – e aos seus<br />
fracassos gerais durante os últimos 25-30 anos – o poder<br />
do desenvolvimento internacional não estava em Nova<br />
Iorque [sede da ONU], mas, sim, em Washington...<br />
Washington é o local onde os problemas monetários foram<br />
discutidos pela última geração, particularmente nas<br />
instituições participantes da conferência de Bretton Woods.<br />
Os últimos 25 anos foram um período conhecido como uma<br />
era de ajustes estruturais, os quais vocês conhecem muito<br />
bem... Obviamente, isto foi um fracasso. Nos últimos 10<br />
anos, de maneira crescente, o fracasso tem sido<br />
reconhecido. Isto ocorre, em parte, porque o momentum e a<br />
agenda mudaram para uma visão mais ampla sobre o<br />
desenvolvimento, para incluir não apenas cortes<br />
orçamentários e abertura de mercado, mas o cancelamento<br />
de dívidas, reforma sobre o sistema internacional de<br />
comércio, maiores investimentos em saúde e educação e<br />
assim por diante. Esta tem sido uma luta difícil, ainda não<br />
completamente vencida [objetivos da luta alcançados].<br />
A idéia dos ODM é capacitar as comunidades e os governos<br />
locais para que atuem no mesmo nível das agências<br />
internacionais opressivas. “Esperem! Estes são os nossos<br />
planos; vocês têm que nos apoiar!”. Esta é realmente a<br />
idéia, os planos devem ser de propriedade do país, mas ser<br />
de propriedade do país não significa ser propriedade do<br />
governo, significa um esforço coordenado entre o governo<br />
e a sociedade civil. Este é o padrão que vocês devem impor<br />
aos seus governos.<br />
Jeffrey Sachs, Projeto do Milênio da ONU, e Earth<br />
Institute, Universidade de Columbia<br />
As discussões sobre políticas macroeconômicas e reformas<br />
do setor de saúde, em ambos simpósios, enfatizaram a<br />
necessidade de questionar conceitos ortodoxos dominantes<br />
em relação à abertura de mercados, à pressão crescente para<br />
estabelecimento de monopólios em direitos de propriedade<br />
intelectual, assim como em relação à privatização e ao caráter<br />
mercadológico dos serviços.<br />
É realmente uma vergonha que, durante o debate sobre<br />
financiamento do desenvolvimento e dos ODM,... a ONU<br />
não tenha iniciado debate em Monterrey denunciando o<br />
Consenso de Washington. O Consenso de Washington tem<br />
sido um fracasso. Vamos ter coragem e dizê-lo. Na América<br />
Latina, este Consenso foi aplicado integralmente,<br />
resultando num fracasso.<br />
Cecilia López, Fundação Agenda Colômbia<br />
Paulo Teixeira apresentou o exemplo do Brasil com relação<br />
às drogas anti-retrovirais. Como resultado de suas<br />
negociações mantidas com empresas farmacêuticas e outros<br />
membros da Organização Mundial do Comércio, o Brasil<br />
garantiu o direito de produzir seus próprios anti-retrovirais<br />
genéricos, reduzindo bastante os seus gastos com compra de<br />
33
34<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Painel sobre política macroeconômica, reforma do setor de saúde, os ODM e saúde sexual e reprodutiva no Simpósio do<br />
Rio. Da direita para a esquerda: Paulo Teixeira, Coordenador Sênior do Programa DST/AIDS de São Paulo, Brasil;<br />
Mariama Williams, DAWN, Jamaica; Marijke Velzeboer (moderadora), Dirigente da UNIFEM na América Latina; Ralph<br />
Hakkert, Equipe de Suporte Nacional aos países da América Latina e Caribe, FNUAP; Debora Tajer, LACWHN, Argentina.<br />
drogas para as pessoas vivendo com AIDS no país, tendo até<br />
aumentado o número de pessoas tratadas. O Brasil tratava<br />
85.000 pessoas a um custo de 336 milhões de dólares norteamericanos<br />
em 1999 e passou a tratar 150.000 pessoas a um<br />
custo de 172 milhões de dólares norte-americanos em 2004.<br />
Nesta batalha, o Brasil teve que desafiar a noção de que os<br />
direitos de propriedade intelectual poderiam ter precedência<br />
sobre a vida e a saúde dos/as seus/suas cidadãos/ãs.<br />
As ações do Brasil também tiveram o efeito de reduzir os<br />
preços das matérias-primas para estas mesmas drogas no<br />
mercado internacional, e ajudaram a garantir que o Acordo<br />
Doha proteja o acesso de todos os países em desenvolvimento<br />
às drogas genéricas e essenciais que eles não produzem. Ele<br />
observou que, sem tais medidas, o Brasil estaria na situação<br />
que Cecília López identificou nas suas projeções de custo para<br />
a Colômbia: enfrentando uma crise na saúde pública, mas<br />
sendo terrivelmente pressionado por custos crescentes de<br />
tratamento com drogas de marca registrada.<br />
Teixeira observou que esta batalha dura travada pelo Brasil<br />
destaca a dimensão essencialmente política da saúde pública.<br />
Ele argumentou que a mobilização social pelos/as ativistas de<br />
direitos humanos e AIDS, em nível internacional e no Brasil,<br />
foi crucial para a vitória nesta luta – precisamente devido ao<br />
fato de que ela não foi meramente uma “questão técnica”,<br />
mas uma questão profunda de vida ou morte.<br />
Ao contar-lhes a história da luta do Brasil para produzir<br />
anti-retrovirais genéricos, minha intenção é demonstrar<br />
que a saúde pública não é uma mera questão de<br />
tecnologia. Na realidade, ela é uma questão<br />
essencialmente política, na qual os direitos humanos<br />
fundamentais estão sempre em jogo.<br />
Paulo Teixeira, Programa de DST/AIDS do Estado<br />
de São Paulo<br />
Mariama Williams de DAWN (Development Alternative with<br />
Women for a New Era) discutiu o impacto das políticas<br />
macroeconômicas – da forma que são promovidas atualmente<br />
pelas instituições financeiras internacionais – sobre as políticas<br />
nacionais dos países em desenvolvimento, referentes aos<br />
setores sociais (por exemplo: educação, saúde ou habitação). Ela<br />
descreveu de que maneira as políticas macroeconômicas<br />
predominantes conduzem os governos a priorizar objetivos – a<br />
exemplo de equilíbrio orçamentário, cortes nos impostos,<br />
abertura de mercados, redução de débito, proteção de patentes,<br />
ou remoção de barreiras tarifárias – o que tem pouco ou nada a<br />
ver com a construção do capital social. Conseqüentemente, na<br />
sua opinião, ela não considera surpreendente que a busca<br />
desses objetivos não produza investimentos governamentais<br />
nas áreas de saúde e educação, mas, na verdade, conduzem à<br />
redução dos investimentos nestes setores.
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Neste contexto, é comum que investimentos adequados do<br />
setor público e privado na área de infra-estrutura,<br />
importantes para indivíduos e famílias, sejam tratados de<br />
forma benevolente, ou como assuntos secundários e sem<br />
importância; esta é uma conduta de legisladores/as que se<br />
auto-denominam responsáveis. Esta situação não pode<br />
continuar porque ela é inerentemente destrutiva e<br />
desigual.<br />
Mariama Williams, DAWN<br />
Ela chamou a atenção dos/as participantes para o impacto<br />
potencial dos acordos de livre comércio, incluindo o Acordo de<br />
Livre Comércio das Américas, o qual está sendo atualmente<br />
negociado por diversos países da América Latina e Caribe com<br />
os Estados Unidos. Com relação à saúde pública, estes acordos<br />
contêm diversas provisões que poderiam ser muito danosas, a<br />
exemplo de proteção de patente mais longa (25 anos de<br />
proteção de propriedade intelectual, comparada aos 20 anos<br />
no acordo sobre direitos de propriedade intelectual<br />
relacionados ao comércio (TRIPS – trade-related aspects of<br />
intellectual property rights) da Organização Mundial de<br />
Comércio (OMC), com uma linguagem que substitui a<br />
flexibilidade contemplada pelo acordo Doha 2001 aos<br />
governos, para que estes priorizem a saúde pública em<br />
detrimento dos direitos de patente.<br />
Os EUA têm examinado de forma muito sistemática<br />
aquelas quatro ou cinco flexibilidades do acordo TRIPS, e se<br />
certificam de que, através dos acordos de livre comércio, os<br />
governos desistam da sua capacidade de proteger a<br />
disponibilidade das drogas genéricas. Este é um aspecto ao<br />
qual devemos estar muito atentos, significando que os<br />
nossos governos estão re-escrevendo legislações de<br />
patentes baseadas no protótipo dos acordos de livrecomércio<br />
propostos pelos EUA; estes países estão<br />
bloqueando para si próprios a disponibilidade pela qual o<br />
Brasil e outros países lutaram, incluída na declaração Doha,<br />
assim como o acordo de Genebra, de 2003, antes da<br />
reunião de Cancún.<br />
Mariama Williams, DAWN<br />
Neste contexto, Williams convocou os/as ativistas de saúde<br />
sexual e reprodutiva na região para ampliar suas atividades<br />
de defesa de direitos, advocacy, além dos problemas<br />
imediatos, englobando temas de justiça econômica e social.<br />
Ralph Hakkert e Debora Tajer lembraram diversas<br />
conseqüências negativas da reforma do setor de saúde, da<br />
maneira como é executada na região, sob recomendação de<br />
instituições financeiras internacionais. Na grande maioria dos<br />
países da região que implementaram a reforma do setor de<br />
saúde, a instrução de cobrar honorários dos/as usuários e<br />
“recuperar custos” reduziu o acesso dos/as mais pobres aos<br />
serviços de saúde. Hakkert observou que isto não foi uma<br />
surpresa, uma vez que a reforma do setor de saúde foi<br />
concebida por economistas que têm pouco entendimento<br />
sobre o funcionamento dos sistemas de saúde.<br />
Chamou, também, a atenção dos/as participantes para a<br />
tendência da reforma do setor de saúde na região ser<br />
baseada em concepções desatualizadas sobre a saúde da<br />
mulher e reforçar ou retomar programas verticais. Por<br />
exemplo, em diversos países da região, a reforma teve a<br />
tendência de enfocar de maneira estreita a atenção maternoinfantil<br />
/ gravidez, excluindo, inclusive, a atenção abrangente<br />
à saúde sexual e reprodutiva ao longo de toda a vida,<br />
conforme a visão de Cairo.<br />
Jeffrey Sachs, Diretor do Earth Institute da Universidade de Columbia,<br />
Diretor do Projeto do Milênio da ONU, no Simpósio de Nova Iorque.<br />
35
36<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Especialmente no campo da saúde da mulher, as políticas<br />
promovidas pela reforma do setor de saúde representam<br />
programas especializados, atenção materno-infantil, o que<br />
colide com a noção de uma abordagem integrada da saúde<br />
da mulher, e, em particular, da saúde sexual e reprodutiva.<br />
O eixo central consiste em acompanhar as mulheres<br />
durante a gravidez, parto e período de puerpério, provendo<br />
atenção à saúde infantil. Apenas em alguns países os<br />
serviços de saúde para as mulheres foram concebidos e<br />
executados de uma maneira mais ampla. Estas políticas<br />
resultaram no retorno de uma visão antiga da saúde da<br />
mulher prevalente na década de 70, constituindo uma<br />
quebra da idéia da atenção ampla à saúde contemplada<br />
no Plano de Cairo. Ainda assim, na reforma, a maioria dos<br />
problemas enfrentados pelo campo de saúde sexual e<br />
reprodutiva não são diferentes daqueles enfrentados por<br />
outras áreas de saúde.<br />
Ralph Hakkert, FNUAP<br />
Mariama Williams, Coordenadora Co-Pesquisadora de Políticas<br />
Econômicas da Globalização, DAWN, Jamaica no Simpósio do Rio.<br />
Tanto Hakkert quanto Tajer destacaram a falta fundamental<br />
de coerência entre o conceito de desenvolvimento humano e<br />
as políticas neoliberais macroeconômicas atualmente vigentes.<br />
Alguns/algumas participantes expressaram a opinião de que<br />
os ODM apresentam oportunidades para chamar atenção para<br />
contradições e tensões fundamentais entre as políticas<br />
neoliberais macroeconômicas promovidas pelo Banco Mundial<br />
e especialmente pelo Fundo Monetário Internacional, assim<br />
como para a necessidade de maiores investimentos nos<br />
setores sociais, os quais refletem corretamente os ODM.<br />
Williams concordou com estas opiniões, tendo observado que<br />
maiores investimentos nos setores sociais, embora sejam<br />
necessários, não seriam suficientes para a realização dos ODM.<br />
A insuficiência de financiamentos é um dos motivos pelos<br />
quais os ODM não seriam realizados, porém, existe outra<br />
razão: ausência de ambiente favorável. Ao mesmo tempo<br />
que publicamos os ODM, temos políticas contraditórias e<br />
conflitantes sendo operacionalizadas. Nós temos uma<br />
política de comércio que, na verdade, é anti-redutora-depobreza<br />
e anti-desenvolvimento-humano... Temos uma<br />
falta de coerência entre a agenda dos ODM e as agendas<br />
de comércio, macroeconomia e finanças... Estamos<br />
integrando o comércio e as finanças através da articulação<br />
do Banco Mundial, FMI e OMC – eles estão agora<br />
formalmente articulados num processo de coerência que<br />
visa assegurar que os seus campos de trabalho não entrem<br />
em conflito com a agenda de comércio. Não existe nenhum<br />
tipo de articulação semelhante para o desenvolvimento<br />
humano e direitos humanos. No meu entendimento, este é<br />
o maior obstáculo pelo qual isto não vai funcionar, mesmo<br />
que tenhamos financiamento suficiente... Financiamento é<br />
parte do problema, mas eu diria que ele não é o problema<br />
fundamental... Por este motivo é que nós não podemos<br />
separar a agenda de direitos sexuais e reprodutivos do<br />
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio e do Acordo sobre<br />
Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao<br />
Comércio [TRIPS – trade-related intellectual property<br />
rights].<br />
Mariama Williams, DAWN<br />
Williams também observou que os Documentos<br />
Estratégicos para Redução de Pobreza (PRSP, Poverty<br />
Reduction Strategy Papers), atualmente elaborados pelos<br />
países em desenvolvimento para assegurar empréstimos do<br />
Banco Mundial, não almejam alcançar a redução de pobreza<br />
ou aumentar recursos para o setor de saúde, devido ao fato<br />
de que estes permanecem embutidos na estrutura dos<br />
ajustes estruturais e não desafiam este paradigma.
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Eu discordo da proposta de que termos saúde sexual e<br />
reprodutiva como um item nos Documentos Estratégicos<br />
para Redução de Pobreza [PRSPs] será útil... Estes<br />
documentos são apenas um mecanismo destinado a<br />
vincular serviços de débito para promover a agenda do<br />
comércio... E se nós olharmos todas as revisões do FMI e o<br />
volume de 300 páginas que integram estes PRSPs, veremos<br />
que estes não almejam a redução da pobreza. Portanto, se<br />
quisermos lutar para inserir temas de saúde sexual e<br />
reprodutiva nos PRSPs, teremos que lutar para abrir o<br />
processo destes documentos e abrir a estrutura de políticas<br />
macroeconômicas que os direcionam.<br />
Mariama Williams, DAWN<br />
Uma tarefa importante dos/as ativistas de saúde consiste<br />
em incluir a saúde como investimento ao invés de apenas<br />
“gasto social”. Diversos/as participantes observaram que um<br />
dos maiores desafios, no futuro, será posicionar o debate<br />
como uma questão que possa equilibrar os princípios do<br />
mercado com a justiça social. Tal discussão poderia ser<br />
formatada como uma renovação de um contrato social entre<br />
os/as cidadãos/ãs com o Estado. Para que os ODM sejam<br />
utilizados pelos defensores neste debate, inicialmente eles<br />
precisarão ser explicados e discutidos nacionalmente, algo<br />
que, de certa forma, já começou a acontecer na América<br />
Latina e no Caribe. Os/as ativistas presentes em ambos<br />
simpósios expressaram a decisão de prestar mais atenção à<br />
política macroeconômica, comércio e orçamentos do que<br />
tinham feito até agora.<br />
37
38<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Quanto custa assegurar acesso universal<br />
à SSR? Quais são os benefícios?<br />
Cecilia López da Agenda Colômbia,<br />
apresentou uma estimativa de custos<br />
para provisão de acesso universal à<br />
saúde sexual e reprodutiva na Colômbia<br />
– um exercício que demanda muito<br />
esforço e que é importante no contexto<br />
dos ODM, ambiente onde os argumentos<br />
sobre custo-benefício possuem um apelo<br />
especial. López concluiu que o acesso universal não é<br />
barato, porém significa importantes benefícios para a<br />
saúde e para a área social. Expressou sua preocupação a<br />
respeito do tratamento para o HIV que abarca uma grande<br />
parte do orçamento proposto, devido ao alto custo dos<br />
anti-retrovirais na Colômbia, resultante de um tratado<br />
bilateral entre este país e os Estados Unidos da América do<br />
Norte. Ela também observou que uma grande parcela dos<br />
pobres na Colômbia ainda não tem seguro de saúde, e 43%<br />
da população total permanece na mesma situação.<br />
Segundo López, as políticas sociais “orientadas para o<br />
mercado” que emergem do Consenso de Washington na<br />
região constituem um fracasso, havendo uma necessidade<br />
urgente de vontade política e mobilização social para<br />
garantir que os segmentos populacionais sem seguro de<br />
saúde tenham acesso à saúde e que sejam renegociados os<br />
preços e medicamentos essenciais, a exemplo de antiretrovirais<br />
e insumos de planejamento familiar.<br />
O custo principal é o preço dos medicamentos – estamos<br />
lidando com um acordo bilateral firmado com os Estados<br />
Unidos. Este é um problema que as pessoas subestimaram.<br />
Ele é importante porque não se refere apenas ao HIV, é<br />
claro, embora o impacto seja importante para o HIV; tratase<br />
também dos micro-nutrientes para atenção pré-natal,<br />
métodos de planejamento familiar... Esta negociação é<br />
muito importante porque se isto aumentar ainda mais os<br />
custos, eu não sei o que nós poderemos fazer! O<br />
tratamento para HIV aumenta o custo total de serviços de<br />
saúde sexual e reprodutiva em 57%... e nós estamos na<br />
fase crítica para ações – e se não fizermos nada,<br />
poderemos ter uma pandemia... Certamente as<br />
recomendações são óbvias. A primeira delas é que não<br />
podemos continuar com o modelo econômico atual, mas<br />
sinceramente falando, nós precisamos começar este<br />
debate... Então, precisamos buscar alternativas e as<br />
mulheres precisam participar dos debates, antes que<br />
tenhamos um novo paradigma, desprezando, mais uma<br />
vez, as necessidades das mulheres.<br />
Cecilia López, Agenda Colômbia<br />
Mayra Buvinic, do Banco Inter-Americano de<br />
Desenvolvimento, examinou as quantias gastas com saúde<br />
sexual e reprodutiva na América Latina e no Caribe e<br />
encontrou grandes disparidades com a maioria do dinheiro<br />
sendo gasto com as mulheres das camadas mais ricas. Ela<br />
observou que alguns países da região têm condições de cobrir<br />
a atenção à saúde para toda a população caso reajustem seus<br />
orçamentos. Entretanto, outros países são definitivamente<br />
tão pobres e enfrentam tamanha desigualdade financeira que<br />
essa cobertura exigirá financiamento externo.<br />
Helena Hofbauer da FUNDAR descreveu como “monitorar o<br />
dinheiro”. Nas suas atividades de análise dos orçamentos no<br />
México, ela constatou que os gastos do governo estão<br />
principalmente alocados para os grupos mais privilegiados.<br />
Nos estados do México, nos quais as populações têm menor<br />
cobertura de seguro de saúde, o governo, na verdade, gasta<br />
menos per capita em saúde do que nos estados mais ricos. Ela<br />
observou que os gastos do governo federal com saúde sexual<br />
e reprodutiva passaram por grandes flutuações ao longo dos
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Painel sobre custos e benefícios do acesso universal de saúde sexual e reprodutiva em Nova Iorque. Da direita para a<br />
esquerda: Helena Hofbauer, Diretora Executiva da FUNDAR, México; Mayra Buvinic, Dirigente do Departamento de<br />
Desenvolvimento Sustentável, Banco Inter-Americano de Desenvolvimento; Cecilia López, Presidente da Agenda Colômbia.<br />
anos, indicando que os mesmos não respondem às<br />
necessidades reais, mas, sim, a outros fatores e pressões. Ano<br />
após ano, o governo gasta menos em saúde do que é<br />
autorizado pelo Congresso. Hofbauer observou que as<br />
prioridades governamentais não são saúde sexual e<br />
reprodutiva nem tampouco a saúde em geral, porém, itens<br />
como forças armadas, nos quais o orçamento é sempre<br />
excedido. Detectou, também, que existe dinheiro, e bastante<br />
dinheiro, para as coisas que o governo prioriza – lançando por<br />
terra o argumento de que as necessidades orçamentárias<br />
explicam porquê quantias insuficientes são gastas em saúde<br />
sexual e reprodutiva. E até mesmo onde existe falta de<br />
dinheiro numa área específica, as prioridades podem sempre<br />
ser questionadas com relação à alocação de dinheiro dentro<br />
daquela carência orçamentária. Destacou que é importante<br />
analisar orçamentos não apenas para mostrar para onde o<br />
dinheiro está indo, mas, também, de onde pode vir o dinheiro<br />
para atender às necessidades da saúde. A FUNDAR utilizou as<br />
informações de maneira efetiva na advocacy com os<br />
congressistas mexicanos e com o Secretário da Saúde.<br />
Na discussão subseqüente, os/as participantes chegaram a<br />
um consenso sobre a importância de elaborar argumentos<br />
econômicos para defender a saúde sexual e reprodutiva.<br />
Alguns/algumas observaram que os/as ativistas da área de<br />
HIV/AIDS encontraram uma forma de fazer argumentações<br />
econômicas poderosas para defender o tratamento universal<br />
das pessoas vivendo com AIDS, sem comprometer o seu<br />
argumento essencial de que o acesso universal também<br />
constitui um direito humano. Por exemplo, ele/as<br />
demonstraram, com êxito, as perdas econômicas crescentes<br />
causadas pela mortalidade por AIDS em populações<br />
economicamente ativas. Carmen Barroso da IPPF/RHO reprisou<br />
os comentários feitos por Geeta Rao Gupta, do Centro<br />
Internacional de Pesquisas sobre a Mulher, durante a Mesa<br />
Redonda Global da IPPF realizada em agosto de 2004, a respeito<br />
da relutância dos/as ativistas de saúde reprodutiva em fazer o<br />
mesmo. Como resultado, observou ela, os/as defensores da<br />
saúde sexual e reprodutiva perderam muito terreno na<br />
elaboração e refinamento de argumentos econômicos ligando<br />
saúde sexual e reprodutiva, pobreza e desenvolvimento,<br />
embora, estas ligações tenham sido os pilares da agenda do<br />
Plano de Cairo. Conforme destacou Rao Gupta, não existe<br />
dificuldade, seja teórica ou empírica, para se demonstrar que<br />
uma abordagem centralizada nas pessoas e nos direitos à saúde<br />
sexual e reprodutiva é essencial para redução da pobreza e<br />
desenvolvimento sustentável. Cecília López concordou.<br />
39
40<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Na condição de economista e pessoa sensível às questões<br />
de gênero, eu gostaria de dizer que acredito que o PdA e as<br />
políticas de saúde sexual e reprodutiva do CIPD em geral<br />
não foram “vendidas” muito bem... Nós não temos falado<br />
a língua dos economistas, os quais infelizmente dominam<br />
o desenvolvimento... A assim chamada maior flexibilidade<br />
dos mercados de trabalho na América Latina e Caribe, na<br />
verdade, é uma feminilização dos mercados de trabalho,<br />
com as mulheres atuando em empregos mal pagos, sem<br />
benefícios trabalhistas e segurança no emprego. Isto está<br />
claro. Nós não vendemos a saúde sexual e reprodutiva<br />
como um elemento de produtividade. Caso exista uma<br />
entrada maciça de mulheres no mercado de trabalho<br />
amplamente informal, e, ao mesmo tempo, sejam<br />
implementadas políticas que não abordem diretamente um<br />
elemento central, a exemplo da saúde das mulheres e<br />
mortalidade materna, juntamente com todos os seus<br />
componentes... Isto terá um impacto direto sobre aquilo<br />
com o que os economistas sonham; ou seja, produtividade<br />
da mão-de-obra... Estes são argumentos muito poderosos e<br />
que ajudarão a abrir espaço para geração de mais fundos<br />
para os programas.<br />
Cecilia López, Agenda Colômbia<br />
Na discussão sobre custos do tratamento de AIDS, Paulo<br />
Teixeira deixou claro que os governos terão gastos com o<br />
HIV/AIDS, de uma forma ou de outra.<br />
É extremamente importante saber ou reconhecer que, de<br />
uma forma ou de outra, nós pagaremos a conta do HIV. A<br />
diferença é que nós podemos optar – pagar por leitos<br />
hospitalares, desemprego, desorganização de núcleos<br />
familiares, drogas para tratamento de tuberculose ou<br />
pneumonia, ou podemos utilizar este mesmo dinheiro para<br />
o tratamento com anti-retrovirais. Esta foi uma das<br />
maiores lições do programa brasileiro. Após quatro anos<br />
fornecendo anti-retrovirais combinados, nós<br />
economizamos 100 milhões de dólares norte-americanos.<br />
Esta foi a diferença entre pagar pelos anti-retrovirais e<br />
pagar pelos leitos hospitalares, dentre outra despesas. É<br />
muito importante reconhecer que, em qualquer situação, o<br />
advento do HIV/AIDS implicará em custos para os nossos<br />
países. Conseqüentemente, precisamos decidir como este<br />
dinheiro será gasto.<br />
Paulo Teixeira, Programa de DST/AIDS do Estado<br />
de São Paulo<br />
Uma discussão acalorada ocorreu em seguida, abordando a<br />
medição do custo da inatividade e dos benefícios gerados<br />
pela tomada de ações na área de saúde. Alguns/algumas<br />
participantes destacaram que quando o dinheiro é gasto em<br />
educação sexual efetiva, por exemplo, menos dinheiro<br />
precisará ser gasto em outros componentes da atenção à<br />
saúde. De maneira similar, foi argumentado que se nós<br />
tornarmos o aborto seguro e legalizado, o sistema de saúde<br />
não precisará lidar com os custos de atenção emergencial<br />
para centenas de milhares de abortos inseguros.<br />
Conseqüentemente, qualquer cálculo dos custos líquidos deve<br />
levar em consideração os custos da inatividade.<br />
Levando em consideração o trabalho apresentado pelos/as<br />
painelistas, diversos/as participantes observaram a<br />
importância das pesquisas no campo da defesa de direitos,<br />
advocacy, em saúde sexual e reprodutiva. Foi feita uma<br />
convocação no sentido de se direcionar atenção especial<br />
nestas pesquisas para os segmentos populacionais mais<br />
pobres e excluídos – indígenas, afro-descendentes e<br />
populações rurais de cada país.
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Estratégias da sociedade civil para vencer<br />
desafios na implementação dos ODM<br />
Nas discussões sobre as estratégias<br />
da sociedade civil para vencer os<br />
obstáculos na realização do<br />
Programa de Ação CIPD e dos ODM,<br />
Tania Rodríguez, da RedLAC,<br />
apontou a falta de atenção à<br />
questões específicas dos/as jovens<br />
nos ODM, em contraste com o<br />
Programa de Ação CIPD. Mencionou a importância de<br />
integrar os/as jovens como participantes ativos nos<br />
programas de saúde sexual e reprodutiva e descreveu de<br />
que maneira jovens trabalhando com direitos sexuais e<br />
reprodutivos no Panamá se organizaram efetivamente em<br />
nível nacional. Uma importante estratégia para a<br />
solidariedade foi sua articulação com uma rede regional de<br />
pessoas jovens com objetivos semelhantes, a RedLAC.<br />
Os/as ativistas jovens panamenhos também procuraram<br />
participar ativamente de conferências internacionais e<br />
processos de elaboração de leis, a fim de obter experiência e<br />
credibilidade junto aos seus próprios governantes. Tal<br />
conduta permitiu-lhes participar mais efetivamente de<br />
organizações nacionais tomadoras de decisões. Os/as<br />
ativistas jovens constataram ser essencial trabalhar tanto em<br />
nível nacional e regional quanto global, a fim de progredir em<br />
um nível quando existe algum tipo de obstrução no outro.<br />
Rodríguez enfatizou a necessidade de identificar quem são<br />
os “aliados adultos” e trabalhar de maneira próxima a<br />
estes/as.<br />
No trabalho que recentemente executamos no Panamá<br />
com a ReDSeR, nossa rede nacional, participamos das<br />
atividades da Comissão Nacional de Saúde Sexual e<br />
Reprodutiva, uma estrutura oficial que define políticas<br />
nacionais sobre direitos sexuais e reprodutivos. Fomos<br />
convidados por esta Comissão porque havíamos<br />
convencido os seus membros sobre a necessidade da<br />
participação de jovens. O Ministério da Saúde é bastante<br />
receptivo para a participação de pessoas jovens.<br />
Tania Rodríguez, RedLAC<br />
Rodríguez também descreveu como os/as jovens da<br />
RedLAC estabeleceram seus próprios grupos de trabalho<br />
internos para trabalhar com temas como feminismo ou<br />
direitos sexuais, geração de novas idéias, obtenção de<br />
consenso sobre posicionamentos, desenvolvendo assim uma<br />
experiência interna para a participação juvenil.<br />
Estes grupos de trabalho constituem a base a partir da<br />
qual nós desenvolvemos nossa prática de participação<br />
juvenil nos processos regionais e internacionais.<br />
Certamente, nós temos que alimentar e elaborar nossa<br />
agenda com base em nossas próprias discussões, mas<br />
também, a construção do nosso próprio discurso tem que<br />
ser feita de uma maneira baseada em nossos próprios<br />
princípios e missão, a fim de promover uma participação<br />
juvenil significativa e diversificada.<br />
Tania Rodríguez, RedLAC<br />
Falando sobre o desafio que o fundamentalismo representa<br />
para a saúde e os direitos sexuais e reprodutivos, Frances<br />
Kissling, das Católicas pelo Direito de Decidir em EUA,<br />
descreveu o crescimento de religiões conservadoras e suas<br />
influências, cada vez maiores, sobre os governos dentro dos<br />
Estados Unidos da América e em todo o hemisfério ocidental.<br />
Falou, ainda, sobre três estratégias que as Católicas pelo<br />
Direito de Decidir e seus/suas aliados/as adotaram.<br />
Inicialmente, uma articulação melhor e mais clara dos valores<br />
41
42<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Painel sobre as estratégias da sociedade civil para vencer desafios na implementação dos ODM. Da direita para a<br />
esquerda: Tania Rodriguez, RedLAC, Panamá; Esther Vicente (moderadora), Presidente do Conselho da Profamilia, Porto<br />
Rico; Frances Kissling, Presidente das Católicas pelo Direito de Decidir; Sonia Correa, DAWN e ABIA, Brasil.<br />
que as católicas progressivas representam na área de SRR e<br />
justiça social, baseados no pensamento secular, diversificado<br />
e democrático, com foco na necessidade de expandir e<br />
proteger o estado leigo; em segundo lugar, um desafio mais<br />
direto frente aos elementos fundamentalistas dominantes na<br />
Igreja; e, finalmente, a recuperação das vozes religiosas<br />
liberais no campo da justiça social (embora devamos<br />
permancer cautelosas/os em dar autoridade demasiada para<br />
os clérigos masculinos, mesmo que sejam progressistas).<br />
Com relação à defesa do estado leigo, Kissling comenta<br />
sobre a necessidade de “monitorar o dinheiro”, em<br />
concordância com as observações feitas por Helena Hofbauer<br />
sobre a análise dos orçamentos. É importante demonstrar que<br />
geralmente a Igreja utiliza isenções fiscais e fundos públicos<br />
para executar suas atividades, conseqüentemente é<br />
inaceitável que eles/as se recusem a prover determinados<br />
serviços de saúde, a exemplo da distribuição de métodos<br />
anticoncepcionais e preservativos. Sobre a questão das<br />
instituições que trabalham com religião, Kissling observou a<br />
recente tendência que todos tipos de entidades decisórias<br />
têm em buscar a participação de líderes religiosos, porém sem<br />
a abordagem crítica em relação às questões de gênero.<br />
O Banco Mundial tem um programa completo de<br />
colaboração com as religiões... Porém, quando eu olho para<br />
o programa, eu não consigo encontrar uma única reunião<br />
que o Banco Mundial tenha realizado na qual estivessem<br />
fisicamente presentes mais de duas mulheres. Vinte e cinco<br />
líderes religiosos e duas mulheres... Que não são líderes<br />
religiosas. Onde estão as mulheres da religião nesses<br />
encontros? Nós precisamos dizer ao governo, ao Banco<br />
Mundial, à IPPF, PNUD, FNUAP e todas as demais<br />
instituições que quando fazemos religião, não precisamos<br />
apoiar a religião patriarcal do século 18! Precisamos<br />
apoiar a religião do século 21, a qual inclui mulheres em<br />
igualdade nas mesas de negociação.<br />
Frances Kissling, CFFC<br />
Finalmente, Sonia Correa, da DAWN e ABIA (Associação<br />
Brasileira Interdisciplinar de AIDS), descreveu algumas<br />
pesquisas e atividades de advocacy realizadas pela rede<br />
feminista DAWN (Alternativas de Desenvolvimento com<br />
Mulheres para uma Nova Era) ao longo dos últimos 20 anos, a<br />
fim de tornar público o impacto negativo sobre as mulheres<br />
pobres causado pelas políticas de ajuste estrutural e outras<br />
correlatas, políticas neoliberais macroeconômicas impostas<br />
aos países em desenvolvimento, a partir da década de 70.<br />
A DAWN tem chamado a atenção de maneira consistente<br />
para as contradições existentes entre os controles fiscais<br />
rígidos impostos aos países em desenvolvimento, e o pouco
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
caso do FMI e do Banco Mundial à necessidade de investir em<br />
educação primária e atenção básica em saúde. Por este<br />
motivo, durante as conferências realizadas na década de<br />
1990, a DAWN lutou pela inclusão em diversos acordos de<br />
uma referência a um “ambiente favorável”, igualdade de<br />
gênero e direitos humanos. A DAWN cunhou o termo<br />
“fundamentalismo econômico”, o qual é atualmente utilizado<br />
em larga escala pelos/as críticos/as da política neoliberal.<br />
Com relação a este assunto, Correa observou que estas idéias<br />
não foram muito bem recebidas pelos países do Norte, muito<br />
embora estes mesmos países tenham sido aliados<br />
incondicionais das feministas do Sul em relação à luta pelos<br />
direitos sexuais e reprodutivos. A DAWN também se tornou<br />
uma parceira em diversos projetos para monitorar o FMI e o<br />
Banco Mundial, a exemplo das Campanhas “50 Anos é<br />
Bastante” e “Olhos Femininos sobre o Banco Mundial”.<br />
Correa observou a importância, como uma parte essencial<br />
daquela pesquisa e advocacy, de se documentar e publicar<br />
exemplos de políticas dos países em desenvolvimento que<br />
resistiram, com sucesso, à pressão neoliberal para cortar<br />
custos e serviços, a exemplo do Sistema Único de Saúde (SUS)<br />
do Brasil e o seu mecanismo de financiamento. Embora ela<br />
não estivesse otimista sobre o redirecionamento do<br />
“Consenso de Washington” num futuro imediato, observou<br />
importantes fissuras e fraturas no discurso neoliberal, o qual<br />
pode ser explorado para se forjar modelos alternativos. Por<br />
exemplo, o trabalho do economista e ex-vice-presidente do<br />
Banco Mundial, Joseph Stiglitz. Com relação a este assunto,<br />
ela concordou com a sugestão de Mariama Williams de se<br />
investigar e investir em novos fóruns, a exemplo da comissão<br />
de Direitos Humanos da ONU, onde argumentos sobre o<br />
acesso aos serviços de saúde encontram maior receptividade.<br />
Com relação a buscar fóruns mais hospitaleiros, Maria Jose<br />
Araújo, Secretária da Saúde da Mulher no Ministério da Saúde<br />
do Brasil, destacou uma recente colaboração regional. Ela<br />
descreveu a criação, pelos membros do Mercosul (Argentina,<br />
Brasil, Paraguai e Uruguai) e países associados (Chile, Bolívia<br />
e Peru), de uma comissão intergovernamental que elaborou<br />
uma política comum sobre saúde sexual e reprodutiva. Ela<br />
mencionou que esta é a única comissão do Mercosul que<br />
inclui ONG como membros e participantes.<br />
Durante as discussões, Kissling destacou o papel ativo que<br />
forças religiosas conservadoras têm desempenhado na<br />
promoção dos ODM, acrescentando que “o preço da sua<br />
centralização e participação é um papel secundário para a<br />
saúde e os direitos sexuais e reprodutivos na estrutura dos<br />
ODM”. Ela advertiu os/as participantes sobre essa nova<br />
construção religiosa do que consiste justiça social e convocou<br />
as organizações de mulheres a se engajarem nos debates:<br />
É por este motivo que eu estou preocupada com os ODM.<br />
Supõe-se que agora estes objetivos sejam a definição da<br />
justiça social para o planeta. Eu não posso ficar sentada<br />
sem fazer nada, enquanto a elite poderosa define justiça<br />
social... Totalmente enfocada sobre temas de paz e<br />
pobreza. Direitos reprodutivos, liberdade individual,<br />
liberdade pessoal, são elementos de justiça social, e eu não<br />
quero permitir que a definição mundial permaneça como<br />
está.<br />
Frances Kissling, CFFC<br />
Diversos/as participantes concordaram com a necessidade<br />
de melhorar as habilidades técnicas dos/as ativistas em<br />
saúde sexual e reprodutiva sobre temas econômicos, assim<br />
como trazer especialistas para suas fileiras, a fim de melhorar<br />
a capacidade de debater com economistas. Neste sentido,<br />
Marijke Velzeboer discorreu sobre o programa da UNIFEM<br />
destinado a treinar economistas em direitos de gênero e<br />
direitos humanos e também treinar organizações de mulheres<br />
para dialogar com economistas. A construção de alianças com<br />
outros setores e a ampliação dos círculos de ativistas em<br />
Tania Rodriguez, membro fundadora da RedLAC (Rede de Jovens<br />
Latino-Americanos e Caribenhos pelos Direitos Sexuais e<br />
Reprodutivos) no Simpósio do Rio.<br />
43
44<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
saúde sexual e reprodutiva e temas relativos à pobreza, foi<br />
também identificada como uma prioridade correlata e<br />
urgente.<br />
Finalmente, com relação às mensagens estratégicas, os/as<br />
participantes e painelistas relembraram, ao longo dos dois<br />
dias, a importância do engajamento total e reengajamento<br />
nos debates importantes de idéias, campo este no qual<br />
ativistas dos direitos das mulheres e saúde sexual e<br />
reprodutiva tanto fizeram nos anos 90.<br />
Os grandes avanços das cinco ou seis conferências da ONU<br />
na década de 1990 estão relacionados à mudança de<br />
atitude. Através de Conferências sobre Direitos Humanos,<br />
Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Mulheres,<br />
População e Desenvolvimento – todas essas conferências<br />
criaram uma nova atitude internacional. Isto opera num<br />
nível cultural incipiente, intuitivo...<br />
Não há dúvidas de que realizamos muito. O movimento das<br />
mulheres, o movimento feminista e o movimento da saúde<br />
reprodutiva fizeram muito progresso. Por outro lado, isto<br />
não é uma desculpa para ignorarmos o fato de que temos<br />
ainda, numa escala relativa, muito menos poder do que<br />
diversos movimentos que estão contra nós e contra a<br />
saúde e os direitos sexuais e reprodutivos... Então, a<br />
pergunta estratégica é: Como podemos operar quando não<br />
somos tão poderosos quanto aqueles que se opõem a<br />
nós?... Algumas estratégias funcionam melhor quando<br />
temos menos poder...<br />
Nós subestimamos estrategicamente o poder das idéias. ...<br />
Transformação social é principalmente a mudança da<br />
forma como as pessoas pensam. ... Trata-se de um ponto<br />
central que precisamos fazer, mas não fizemos o bastante.<br />
Em última instância, não se trata de dinheiro. O dinheiro é<br />
importante, porém são as idéias, juntamente com a sua<br />
paixão, criatividade e consistência que vencem no final.<br />
Frances Kissling, CFFC<br />
Cada “pedaço” do progresso alcançado no campo do HIV e<br />
da saúde reprodutiva foi conseqüência do engajamento<br />
social em nível nacional e internacional. Desta forma,<br />
precisamos entender isto de maneira clara e agir, agir e<br />
agir.<br />
Paulo Teixeira, Programa de DST/AIDS do Estado<br />
de São Paulo
Conclusão<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Ao longo dos dois dias, os/as<br />
participantes enfatizaram o papel<br />
vital da mobilização e engajamento<br />
social para o avanço de uma agenda<br />
de justiça social mais ampla. Os/as<br />
participantes reconheceram a<br />
importância de considerar e<br />
posicionar a saúde e os direitos<br />
sexuais e reprodutivos, não de maneira isolada, mas num<br />
contexto mais amplo daquela agenda, assim como a<br />
necessidade concomitante de monitorar e abordar as políticas<br />
estabelecidas pelo Banco Mundial e pelos ministérios das<br />
finanças e do planejamento. Todas as pessoas engajadas nos<br />
movimentos de justiça social devem se alistar e se mobilizar<br />
para a luta pelos direitos sexuais e reprodutivos contra os<br />
fundamentalismos múltiplos.<br />
Tendo apenas alguns meses antes da Cúpula da Declaração<br />
do Milênio, a ser realizada pelas Nações Unidas, em 2005, as<br />
organizações da sociedade civil na América Latina e no Caribe<br />
não devem perder tempo na disseminação do trabalho<br />
relativo ao Projeto do Milênio da ONU, o que poderá fazer<br />
uma diferença importante, caso as ONG e os governos<br />
utilizem este documento em todos os níveis como referência.<br />
Estas organizações podem pressionar por melhores metas e<br />
indicadores. As organizações de mulheres podem buscar e<br />
construir alianças com associações de planejamento familiar e<br />
outros grupos e vice-versa. Com o Programa de Ação CIPD, a<br />
Plataforma de Ação de Beijing e o relatório do Projeto do<br />
Milênio da ONU em mãos, os/as ativistas podem realizar<br />
visitas aos governos para pressionar por renovação da<br />
implementação de acordos de saúde sexual e reprodutiva.<br />
Eles/as podem convidar outros grupos, a exemplo de médicos<br />
e pessoal de saúde, para se engajar conjuntamente nestas<br />
ações.<br />
De maneira geral, os/as participantes concluíram que a<br />
comunidade de saúde e direitos sexuais e reprodutivos<br />
conseguiu muito progresso na região ao longo dos últimos<br />
dez anos. Porém, é preciso continuar a questionar, desafiar e<br />
pressionar por mudanças. Existem diversos instrumentos a<br />
serem utilizados. O engajamento é essencial para obtermos<br />
mudanças de políticas. Sem a participação dos diversos<br />
segmentos da sociedade civil, diversas realizações do passado<br />
seriam inimagináveis – e o que ainda precisa ser feito seria<br />
instransponível.<br />
María Isabel Plata da Profamilia talvez tenha resumido<br />
melhor este sentimento:<br />
Existe um movimento de mulheres que é muito forte, com<br />
organizações que são muito importantes e muito custoefetivas.<br />
Portanto, eu lançaria uma convocação para<br />
organizações multilaterais: Não esqueçam o papel<br />
desempenhado pelas organizações da sociedade civil. Nós<br />
não temos a cobertura do estado, mas temos eficiência,<br />
conhecimento e honestidade. …Com um pouco de<br />
imaginação, podemos nos embasar no trabalho das redes<br />
de associações de planejamento familiar, a exemplo da<br />
IPPF, as quais sabem como fazer as coisas; grupos de<br />
mulheres, os quais sabem como fazer as coisas; grupos de<br />
lésbicas e gays atuando com HIV, os quais sabem como<br />
fazer e estão fazendo. Existe muita riqueza por aí. Os<br />
Estados podem aprender muito com estes grupos em<br />
termos de eficiência e de como melhorar a cobertura...<br />
Temos uma força que não valorizamos. ...Desenvolvemos<br />
muitas estratégias efetivas, existe conhecimento que vem<br />
de diversas raças e grupos étnicos, o qual é muito valioso,<br />
o qual devemos reivindicar e divulgar em nível nacional e<br />
seguir adiante. ... Não é fácil, não. Nada, nada é fácil nesta<br />
área! Os grupos poderosos que se opõem à saúde sexual e<br />
reprodutiva das mulheres e dos jovens se fortaleceram e<br />
continuam a se fortalecer, juntamente com<br />
fundamentalistas religiosos e econômicos de todas as<br />
estirpes. Mas nós também estamos aqui. Nós realizamos<br />
muito. Nós também somos bem organizados/as e<br />
enfrentaremos as batalhas. Os piores dias já ficaram para<br />
trás. Penso na Colômbia. Nós estamos acostumados/as a<br />
enfrentar adversidades! Sinceramente, acho que temos<br />
aquilo de que necessitamos e podemos trabalhar com<br />
outros setores e construir um front comum para realizar os<br />
nossos objetivos.<br />
María Isabel Plata, Profamilia, Colômbia<br />
45
46<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Anexo 1<br />
Programas de Nova Iorque e Rio<br />
de Janeiro<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong>: Realizando os Objetivos de<br />
Desenvolvimento do Milênio na América Latina<br />
e no Caribe<br />
UN Plaza Millennium Hotel, Cidade de Nova Iorque, 20 de outubro<br />
de 2004<br />
Boas-vindas Monty Eustace, Presidente da Federação<br />
Internacional de Planejamento Familiar, Região do <strong>Hemisfério</strong><br />
Ocidental (IPPF/RHO)<br />
Notas de abertura Carmen Barroso, Diretora Regional da<br />
IPPF/RHO<br />
Contagem Regressiva 2015: Fazendo a Agenda Acontecer<br />
Steven W. Sinding, Diretor Geral da Federação Internacional de<br />
Planejamento Familiar (IPPF)<br />
De que maneira as intervenções de saúde sexual e reprodutiva<br />
contribuirão para a realização dos ODM?<br />
Jeffrey D. Sachs, Diretor do The Earth Institute na Columbia<br />
University; Diretor do Projeto do Milênio da ONU<br />
Rogelio Fernández-Castilla, Diretor, Equipe de Suporte Nacioal<br />
dos Países da América Latina e Caribe, Fundo das Nações Unidas<br />
para Assuntos de População (FNUAP)<br />
Paulo Teixeira, Coordenador Sênior, Programa HIV/AIDS do<br />
Estado de São Paulo, Brasil<br />
Moderadora: Adrienne Germain, Presidente da <strong>International</strong><br />
Women’s Health Coalition<br />
Intervenções iniciais: Teresa Lanza, Rede Latino-Americana das<br />
Católicas pelo Direito de Decidir e María Noel Navas, Rede de<br />
Jovens Latino-Americanos e Caribenhos pelos Direitos Sexuais e<br />
Reprodutivos (RedLAC), seguido por uma sessão de perguntas e<br />
respostas<br />
Quais políticas asseguram acesso eqüitativo à<br />
saúde sexual e reprodutiva?<br />
Elsa Gómez, Conselheira Regional de Gênero e Saúde,<br />
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS)<br />
Sonia Montaño, Dirigente da Unidade de Gênero, Comissão<br />
Econômica para América Latina e Caribe (CEPAL)<br />
María Isabel Plata, Diretora Executiva, Profamilia, Colômbia<br />
Moderadora: Lynn Freedman, Mailman School of Public Health,<br />
Universidade de Columbia<br />
Perguntas e respostas da audiência<br />
Quanto custa assegurar acesso universal à saúde sexual e<br />
reprodutiva? Quais são os beneficios?<br />
Cecilia López, ex-Diretora do Ministério Nacional de Planejamento<br />
da Colômbia, ex-Ministra do Meio Ambiente e da Agricultura da<br />
Colômbia; Presidente da Agenda Colômbia<br />
Mayra Buvinic, Dirigente do Departamento de Desenvolvimento<br />
Sustentável, Banco Inter-Americano de Desenvolvimento<br />
Helena Hofbauer, Diretora Executiva, FUNDAR (Centro de Análises<br />
e Pesquisas), México<br />
Moderadora: Caren Grown, Diretora da Redução de Pobreza e<br />
Governança Econômica, Centro Internacional de Pesquisas sobre<br />
a Mulher (ICRW)<br />
Intervenções iniciais: Nirvana Gonzalez Rosa, Rede de Saúde de<br />
Mulheres da América Latina e Caribe (RSMLAC) e Margaret Gill,<br />
Associação Caribenha para Pesquisas e Ações Feministas<br />
(CAFRA), seguida por uma sessão de Perguntas e Respostas.<br />
Encerramento Françoise Girard, Consultora da IPPF/RHO<br />
Simpósio sobre Objetivos de Desenvolvimento<br />
do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na<br />
América Latina e no Caribe<br />
Rio Othon Palace, Rio de Janeiro, 30 de novembro de 2004<br />
Boas-vindas Monty Eustace, Presidente da IPPF/RHO<br />
CIPD e ODM sob a perspectiva da IPPF Steven W. Sinding, Diretor<br />
Geral da IPPF<br />
Sumário das Discusssões de Nova Iorque Carmen Barroso,<br />
Diretora Regional da IPPF/RHO<br />
Direitos humanos, as ODM e saúde sexual e reprodutiva<br />
Rebecca Cook, Professora da Universidade de Toronto, Canadá<br />
Marta Lamas, Presidente do GIRE, México<br />
Susana Chiarotti, CLADEM, Argentina<br />
Moderadora: Jacqueline Pitanguy, CEPIA, Brasil<br />
Apresentações seguidas de perguntas e respostas com a<br />
audiência<br />
Política macroeconômica, reforma do setor de saúde, ODM e<br />
saúde sexual e reprodutiva<br />
Paulo Teixeira, Coordenador Sênior do Programa DST/AIDS do<br />
Estado de São Paulo, Brasil<br />
Mariama Williams, DAWN, Jamaica<br />
Ralph Hakkert, Equipe de Suporte Nacional aos países da América<br />
Latina e Caribe, FNUAP<br />
Moderadora: Marijke Velzeboer, Dirigente para a América Latina,<br />
UNIFEM<br />
Debatedora: Debora Tajer, Rede de Saúde de Mulheres da<br />
América Latina e Caribe (RSMLAC), Argentina<br />
Apresentações seguidas de perguntas e respostas com a<br />
audiência<br />
Estratégias da sociedade civil para vencer desafios na<br />
implementação dos ODM<br />
Tania Rodríguez, RedLAC, Panamá<br />
Frances Kissling, Presidente das Católicas pelo<br />
Direito de Escolher, EUA<br />
Sonia Correa, DAWN e ABIA, Brasil<br />
Moderadora: Esther Vicente, Presidente do Conselho, Profamilia,<br />
Porto Rico; Membro do Conselho, IPPF/RHO<br />
Apresentações seguidas de perguntas e respostas com a<br />
audiência<br />
Encerramento Françoise Girard, Consultora da IPPF/RHO
Anexo 2<br />
Organizações Co-participantes<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Federação Internacional de Planejamento Familiar/Região do<br />
<strong>Hemisfério</strong> Ocidental (IPPF/RHO)<br />
A Federação Internacional de Planejamento Familiar/Região do<br />
<strong>Hemisfério</strong> Ocidental (IPPF/RHO) foi fundada em 1954, com o<br />
objetivo de melhorar a saúde das mulheres em todas as<br />
Américas. Embora a prioridade da IPPF/RHO seja assegurar o<br />
acesso universal aos métodos de planejamento familiar, também<br />
busca resolver a gama de problemas de saúde sexual e<br />
reprodutiva que afetam a saúde integral das mulheres, homens e<br />
adolescentes. O trabalho da IPPF/RHO baseia-se na crença de que<br />
o acesso a informações e serviços de alta qualidade em saúde<br />
sexual e reprodutiva constituam um direito humano básico. Ao<br />
tornar tais serviços disponíveis, a IPPF/RHO ajuda a capacitar<br />
indivíduos para que estes/as tomem decisões sobre sua<br />
fertilidade, contribuindo assim para a melhoria da saúde do<br />
bem-estar, desenvolvimento nacional e qualidade ambiental.<br />
A IPPF/RHO atua principalmente através de uma rede de 46<br />
associações afiliadas na América do Norte, América Latina e<br />
Caribe, as quais provêem 18 milhões de procedimentos anuais em<br />
mais de 40.000 unidades de saúde. A IPPF/RHO fornece<br />
assistência técnica e suporte financeiro para estas e outras<br />
organizações de saúde reprodutiva, ajuda a facilitar o<br />
compartilhamento de informações entre suas afiliadas e defende<br />
os direitos sexuais e reprodutivos em nível regional e<br />
internacional. A IPPF/RHO é uma das seis regiões compondo a<br />
Federação Internacional de Planejamento Familiar (IPPF), sediada<br />
em Londres.<br />
Rede de Saúde de Mulheres da América Latina e Caribe<br />
(RSMLAC)<br />
Estabelecida em 1984, a RSMLAC é uma rede de organizações e<br />
indivíduos do movimento pela saúde das mulheres trabalhando<br />
para promover a saúde das mulheres e o total exercício dos<br />
direitos humanos femininos e cidadania, através da<br />
transformação cultural, política e social da nossa região e do<br />
mundo, a partir de uma perspectiva feminista. Esta Rede une<br />
centenas de organizações e indivíduos de uma ampla gama de<br />
nacionalidades, etnias, classes sociais, faixas etárias, crenças<br />
religiosas e orientações sexuais.<br />
A RSMLAC publica o Jornal da Saúde Feminina (Women’s<br />
Health Journal) e a Coleção de Saúde Feminina (Women’s Health<br />
Collection) anual; promove campanhas de advocacy em temaschave<br />
ligados à saúde feminina, a exemplo da descriminalização<br />
do aborto e acesso aos serviços de saúde da mulher; treina<br />
recursos humanos em saúde integral da mulher com uma<br />
perspectiva de gênero; ajuda a elaborar políticas públicas<br />
favoráveis às mulheres, através do diálogo com setores<br />
pertinentes do governo e do poder legislativo; acompanha e<br />
monitora a implementação de acordos firmados na Conferência<br />
Internacional sobre População e Desenvolvimento, assim como<br />
outras conferências internacionais.<br />
Rede Latino-Americana de Católicas pelo Direito de Decidir<br />
(Rede CDD)<br />
A Rede CDD da América Latina foi estabelecida na Quinta<br />
Reunião Internacional sobre Mulheres e Saúde, realizada em<br />
1987, na Costa Rica. Foi concebida como um movimento<br />
autônomo das Católicas Latino-Americanas comprometidas com<br />
justiça social, igualdade de gênero e mudança nas atitudes<br />
culturais e religiosas em sua sociedade. A Rede CDD da América<br />
Latina promove os direitos humanos das mulheres,<br />
particularmente aqueles relacionados à sexualidade e<br />
reprodução humana, tanto dentro da igreja como na sociedade<br />
mais ampla. A Rede tem grupos afiliados no México, Brasil, Chile,<br />
Argentina, Bolívia e Colômbia, e é ativa em nível regional e<br />
internacional. Com freqüência regular, publica Conciencia,<br />
distribuída em toda a América Latina. Organiza campanhas na<br />
região,sozinha ou em conjunto com outras Redes regionais,<br />
atuando na promoção dos direitos sexuais e reprodutivos na<br />
América Latina e lidera seminários, cursos e oficinas sobre<br />
questões éticas relacionadas à reprodução. A Rede CDD tem uma<br />
equipe de conselheiros treinados para disseminar informações e<br />
se engajar em debates sobre estes temas, seja em seminários ou<br />
conferências internacionais e regionais.<br />
Associação Caribenha para Pesquisas e Ações Feministas<br />
Caribbean Association for Feminist Research and Action (CAFRA)<br />
Fundada em 1985, em Barbados, a CAFRA é uma rede regional de<br />
feministas, pesquisadores/as, ativistas e organizações de<br />
mulheres que definem políticas feministas como uma questão de<br />
consciência e de ação. A CAFRA está comprometida com o<br />
entendimento do relacionamento entre a opressão contra as<br />
mulheres e outras formas de opressão na sociedade, além de<br />
trabalhar ativamente para uma mudança nesta situação. As<br />
atividades da CAFRA, até o presente, incluem projetos e<br />
programas sobre Mulheres na Agricultura Caribenha; Mulheres e<br />
o Direito; História e Expressão Criativa das Mulheres; Mulheres,<br />
Desenvolvimento e Subsistência Sustentável; Saúde e Direitos<br />
Reprodutivos das Mulheres; e Gênero e Jovens.<br />
Rede de Jovens Latino-Americanos e Caribenhos pelos Direitos<br />
Sexuais e Reprodutivos (RedLAC)<br />
A RedLAC é composta por 15 organizações de jovens e<br />
organizações que atuam com jovens em 14 países da América<br />
Latina e do Caribe. Os objetivos da RedLAC incluem: desenvolver<br />
advocacy para articular questões de gênero, direitos sexuais<br />
reprodutivos e a juventude; fortalecer a capacidade das<br />
organizações afiliadas para promover a capacitação dos/as<br />
jovens; estabelecer elos entre os movimentos das jovens e<br />
feministas; e desenvolver processos nacionais para apoiar o<br />
engajamento jovem e seus direitos sexuais e reprodutivos. As<br />
atividades da RedLAC incluem: Acompanhamento e participação<br />
em Beijing+5 e Sessão Especial das Nações Unidas sobre os<br />
Direitos das Crianças; promoção de redes nacionais defendendo<br />
os direitos sexuais e reprodutivos através das suas pontos de<br />
contato nacionais; elaboração de um Manual sobre Direitos<br />
Humanos de Mulheres Jovens, baseado no CEDAW, assim como<br />
treinamento na utilização do Manual.<br />
47
48<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Anexo 3<br />
Notas biográficas dos<br />
apresentadores e painelistas,<br />
Nova Iorque e Rio de Janeiro<br />
Carmen Barroso<br />
Carmen Barroso assumiu o cargo de Diretora Regional da<br />
Federação Internacional de Planejamento Familiar, Região do<br />
<strong>Hemisfério</strong> Ocidental em março de 2003. Na condição de líder<br />
amplamente reconhecida no campo da saúde sexual e<br />
reprodutiva, Carmen Barroso atuou durante doze anos como<br />
diretora de População e Saúde Reprodutiva na Fundação John D.<br />
and Catherine T. MacArthur. Sob sua liderança, a Fundação<br />
financiou centenas de ONG na África, Ásia e América Latina e<br />
ajudou a trazer as vozes de mulheres do Terceiro Mundo para os<br />
fóruns de políticas internacionais. Na academia, ela recebeu o<br />
título de Destaque Catedrático Hubert Humphrey na Macalester<br />
College, tendo também atuado como Professora de sociologia na<br />
Universidade de São Paulo. Como pesquisadora sênior da<br />
Fundação Chagas, teve um papel pioneiro na criação do primeiro<br />
e mais importante centro de estudos do Brasil sobre as mulheres.<br />
Carmen Barroso foi membro fundadora da DAWN, uma rede de<br />
mulheres do Terceiro Mundo, e da Rede de Organismos<br />
Financiadores de População, Saúde e Direitos Reprodutivos<br />
(Funders’ Network on Population, Reproductive Health and<br />
Rights), além de participar do conselho da Hispanics in<br />
Philanthropy. Barroso tem o título de PhD em psicologia social<br />
pela Universidade de Columbia e foi Professora Visitante na<br />
Universidade de Cornell.<br />
Mayra Buvinic<br />
Mayra Buvinic é Dirigente da Divisão de Desenvolvimento Social<br />
do Departamento de Desenvolvimento Sustentável e Conselheira<br />
Especial sobre Violência no Banco Inter-Americano de<br />
Desenvolvimento. Antes de ingressar no BIRD, em 1996, ela foi<br />
membro fundadora e presidente do Centro Internacional de<br />
Pesquisas sobre a Mulher (<strong>International</strong> Center for Research on<br />
Women). A Sra. Buvinic tem publicações nas áreas de pobreza e<br />
gênero, promoção de emprego, desenvolvimento de pequenos<br />
empreendimentos, saúde reprodutiva e, mais recentemente,<br />
redução da violência. Cidadã chilena, tem título de PhD em<br />
psicologia social pela Universidade de Wisconsin-Madison.<br />
Susana Chiarotti<br />
Susana Chiarotti é advogada, com pós-graduação em Legislação<br />
Familiar. É Coordenadora Regional do CLADEM (Comitê Latino-<br />
Americano e Caribenho para a Defesa dos Direitos das Mulheres),<br />
Diretora do Instituto de Gênero, Direito e Desenvolvimento da<br />
Argentina e, como professora, ministra o curso do Programa de<br />
Mestrado denominado “Poder e Sociedade sob a Perspectiva de<br />
Gênero” na Faculdade de Filosofia da Universidade Nacional de<br />
Rosario, Argentina. A Sra. Chiarotti é co-fundadora da Comissão<br />
de Gênero e supervisiona o ensino de Saúde e Direitos Humanos<br />
na Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Rosario.<br />
Rebecca J. Cook<br />
Rebecca Cook foi convidada para integrar o Conselho de<br />
Advogados de Washington, D.C., e atua como professora na<br />
Faculdade de Direito e Faculdade de Medicina da Universidade de<br />
Toronto. A professora Cook é Co-Diretora do Programa<br />
Internacional sobre Direito em Saúde Sexual e Reprodutiva na<br />
Universidade de Toronto. É co-editora em assuntos éticos e legais<br />
no <strong>International</strong> Journal of Gynecology and Obstetrics. Suas<br />
publicações incluem mais de 150 livros, artigos e relatórios nas<br />
áreas de direitos humanos internacionais, direito relativo à<br />
saúde das mulheres e ética feminista. O seu livro mais recente,<br />
em co-autoria com Bernard M. Dickens e Mahmoud F. Fathalla, é<br />
Reproductive Health and Human Rights: Integrating Medicine,<br />
Ethics and Law. Ela possui os seguintes títulos: A.B. (Barnard),<br />
M.A. (Tufts), M.P.A. (Harvard), J.D. (Georgetown), J.S.D.<br />
(Columbia)<br />
Sonia Correa<br />
Sonia Correa é a fundadora do SOS-Corpo – Instituto Feminista<br />
para a Democracia (Brasil). É coordenadora de direitos de saúde<br />
sexual e reprodutiva da DAWN, Development Alternative with<br />
Women for a New Era, uma rede de pesquisas e ativistas<br />
baseadas no sul. É, também, autora de Population and<br />
Reproductive Rights: Feminist Perspectives from the South<br />
(1994). Desde 1994, tem acompanhado de maneira próxima as<br />
negociações da ONU relacionadas a gênero, sexualidade e saúde<br />
reprodutiva. Atualmente, é pesquisadora associada na<br />
Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) e membro<br />
da Comissão Brasileira de População e Desenvolvimento.<br />
Monty Eustace<br />
Monty Eustace é Presidente da Federação Internacional de<br />
Planejamento Familiar, Região do <strong>Hemisfério</strong> Ocidental. Devotou<br />
a maior parte da sua vida profissional ao crescimento de<br />
instituições que serviram às causas trabalhistas, de saúde<br />
reprodutiva e desenvolvimento nacional, incluindo cargos<br />
executivos seniores junto ao Congresso Caribenho do Trabalho e<br />
como primeiro Diretor Executivo da Caribbean Family Planning<br />
Affiliation (CFPA). Serviu como fonte de referência numa<br />
variedade de seminários sobre planejamento, programação,<br />
orçamento e administração no campo de planejamento familiar.<br />
Além disso, estabeleceu a secretaria executiva do CFPA e foi<br />
responsável pelo agrupamento sub-regional de<br />
aproximadamente duas dezenas de países de língua inglesa,<br />
francesa e holandesa. Realizou consultorias para o FNUAP, AFL-<br />
CIO, AIFLD e PADF e serviu como conselheiro aos governos da<br />
Dominica, Granada, Santa Lúcia e São Vicente. Além do seu<br />
envolvimento com instituições orientadas para questões sociais,<br />
Eustace gerenciou a maior indústria do seu país, a St. Vincent<br />
Banana Growers Association, a qual empregou aproximadamente<br />
25% da força de trabalho de seu país. Também presidiu a Câmara<br />
de Indústria e Comércio de seu país.<br />
Rogelio Fernández-Castilla<br />
Rogelio Fernández-Castilla é atualmente o Diretor da Equipe de<br />
Suporte Técnico Regional do Fundo das Nações Unidas para<br />
Assuntos de População (FNUAP) para a América Latina e Caribe,<br />
com sede no México, atuando, também, como Representante do<br />
FNUAP para o México e Diretor para Cuba e República<br />
Dominicana. Obteve título de PhD em Demografia Médica pela<br />
Escola de Higiene e Medicina Tropical na Universidade de<br />
Londres, um título de Bacharel em Administração e Contador<br />
Público Nacional pela Universidade de Córdoba, Argentina. Desde<br />
1987 até 2000, assumiu sucessivamente os cargos de<br />
Representante do FNUAP em Moçambique, Etiópia, Peru e foi<br />
Diretor Nacional do FNUAP para Angola, Guiné Bissau, São Tomé,<br />
Chile e Paraguai, tendo sido também o Oficial de Articulação do<br />
FNUAP para a Comissão Econômica das Nações Unidas para a<br />
África e para a Organização da Unidade Africana (Organization<br />
of African Unity - OAU).
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Françoise Girard<br />
Françoise Girard é advogada e diretora do grupo feminista de<br />
advocacy e política denominado Eve & The Snake, o qual<br />
promove igualdade de gênero e direitos sexuais. Entre 1999 e<br />
2003, foi Oficial Sênior de Programas para Política Internacional<br />
no <strong>International</strong> Women’s Health Coalition, com ênfase em<br />
advocacy e elaboração de políticas junto às agências da ONU e<br />
em conferências promovidas pela ONU (CIPD+5, Beijing+5, Sessão<br />
Especial sobre HIV/AIDS e Direito das Crianças, CIPD+10).<br />
Contribuiu com artigos para as publicações <strong>International</strong> Family<br />
Planning Perspectives, Reproductive Health Matters, Journal of<br />
Women’s Health and Law, Populi, e QCQ, dentre outras. Antes de<br />
ingressar no IWHC, Françoise Girard foi Diretora Regional do Open<br />
Society Institute.<br />
Elsa Gómez Gómez<br />
Socióloga, PhD em Demografia pela Universidade Estadual de<br />
Ohio, Elsa Gómez conta com 25 anos de experiência em pesquisa,<br />
planejamento e ensino nas áreas de população, desenvolvimento,<br />
gênero e saúde. No seu país de origem, Colômbia, atuou junto ao<br />
Centro Regional de População, Ministério Nacional do<br />
Planejamento e Universidade dos Andes; no Chile, trabalhou com<br />
o Centro Latino-Americano das Nações Unidas para Demografia,<br />
CELADE/CEPAL. Atualmente, é Conselheira Regional para Gênero e<br />
Saúde junto à Organização Pan-Americana de Saúde/OMS. Elsa é<br />
autora de diversas publicações nas áreas de gênero, saúde e<br />
desenvolvimento.<br />
Ralph Hakkert<br />
Ralph Hakkert é conselheiro junto à Equipe de Suporte Nacional<br />
do Fundo de População das Nações Unidas (FNUAP) junto à<br />
América Latina e Caribe, com ênfase em população e pobreza.<br />
Nesta posição, orienta os governos da região sobre políticas e<br />
programas populacionais, elaboração de censos, estatísticas e<br />
planejamento de desenvolvimento. Cidadão holandês, possui<br />
título de PhD em Sociologia pela Universidade de Cornell. Hakkert<br />
ministrou numerosos cursos sobre desenvolvimento, demografia<br />
e população em diversas Universidades da América Latina e<br />
Caribe, assim como em países de língua portuguesa na África. O<br />
Dr. Hakkert é autor de inúmeras publicações sobre demografia,<br />
população, pobreza e saúde reprodutiva.<br />
Helena Hofbauer<br />
Helena Hofbauer é Diretora Executiva do FUNDAR, Centro para<br />
Análise e Pesquisa, uma organização que objetiva desenvolver<br />
pesquisas aplicadas para apoiar o processo de democratização<br />
no México e em toda a América Latina. Uma das principais linhas<br />
de atividade do FUNDAR é pesquisa orçamentária aplicada, na<br />
qual a organização elaborou uma série de projetos variados –<br />
desde orçamentos sensíveis às questões de gênero e um amplo<br />
conjunto de atividades junto ao Congresso, oficiais do governo e<br />
ONG, até o estabelecimento de um Índice de Transparência na<br />
América Latina.<br />
A Sra. Hofbauer tem título de Bacharel em Relações<br />
Internacionais pelo El Colegio de Mexico e é Mestre em Estudos<br />
Internacionais da Paz pela Universidade de Notre Dame. Atuou<br />
como consultora para a Fundação Ford e como Professora de<br />
análise de conflitos na Universidade Ibero-Americana. Como<br />
Diretora do FUNDAR, tem enfatizado a necessidade de ampliar a<br />
participação dos/as cidadãos/ãs a fim de fortalecer a<br />
transparência e a responsabilidade, assim como assegurar a<br />
prioridade das questões sociais em toda a extensão dos<br />
orçamentos.<br />
Frances Kissling<br />
Escritora, advogada e analista de políticas, Frances Kissling<br />
ocupa a posição de presidente das Católicas pelo Direito de<br />
Decidir em EUA (CFFC) desde 1982. Uma organização nãogovernamental<br />
internacionalmente reconhecida, a CFFC trabalha<br />
pelo progresso da saúde reprodutiva, direitos das mulheres e<br />
fortalecimento da sociedade civil através de pesquisas, educação<br />
e análises de políticas. A Sra. Kissling é uma palestrante e<br />
pensadora altamente reconhecida nas questões de religião,<br />
saúde reprodutiva, direitos femininos e políticas populacionais.<br />
Como uma voz atuante na promoção de políticas públicas<br />
internacionais que promovam o progresso da saúde e dos<br />
direitos das mulheres, ela teve uma participação proeminente<br />
nas Conferências das Nações Unidas sobre População e<br />
Desenvolvimento (Cairo, 1994) e sobre as Mulheres (Beijing,<br />
1995). Em 1996 ela fez apresentações formais aos membros da<br />
Câmara dos Lordes da Inglaterra e ao Congresso Brasileiro,<br />
abordando o papel da religião nas políticas públicas.<br />
A Sra. Kissling integra os conselhos de diretores do Religious<br />
Coalition for Reproductive Choice, do The Alan Guttmacher<br />
Institute e do Ibis Reproductive Health. Ela é fundadora do Global<br />
Fund for Women. O seu trabalho já foi motivo de reportagens no<br />
New York Times, Washington Post, Boston Globe, The Guardian e<br />
outros jornais em todo o mundo. Kissling tem sido objeto de<br />
reportagens nos principais meios de comunicação norteamericanos,<br />
desde programas como “Nightline” até “Crossfire”,<br />
tendo sido recentemente apresentada no programa de notícias<br />
sobre as mulheres denominado “To the Contrary”.<br />
Marta Lamas<br />
Uma das principais advogadas públicas atuando pelos direitos<br />
das mulheres no México, Marta Lamas tem participado dos<br />
movimentos feministas desde 1971. Tanto como jornalista quanto<br />
como antropóloga, é uma das intelectuais feministas mais<br />
atuantes do país. Seu trabalho mais recente focalizou o<br />
progresso dos direitos reprodutivos femininos, particularmente o<br />
direito ao aborto, estabelecendo que o controle de uma pessoa<br />
sobre sua própria atividade reprodutora constitui uma liberdade<br />
essencial e um direito humano fundamental. É presidente e cofundadora<br />
do Grupo de Información em Reproducción Elegida<br />
(GIRE), uma das organizações não-governamentais que lideram<br />
a luta pelos direitos reprodutivos no México. É diretora do Debate<br />
Feminista, um jornal feminista, e atua como Professora de<br />
gênero e política no Instituto Autônomo de Tecnologia do México<br />
e é membro do Conselho Editorial da publicação Reproductive<br />
Health Matters. Marta é também membro fundadora do Instituto<br />
de Liderança Simone de Beauvoir e participa do Conselho de<br />
Diretores da Sociedade Mexicana para os Direitos das Mulheres.<br />
Cecilia López<br />
Cecilia López é Presidente fundadora da Fundación Agenda<br />
Colômbia, uma entidade privada que promove debates nacionais<br />
e internacionais sobre temas como economia, políticas,<br />
desenvolvimento social, gênero, previdência social e meioambiente.<br />
Ela ocupou diversos cargos no governo da Colômbia,<br />
incluindo o cargo de Ministra do Meio-Ambiente, Ministra da<br />
Agricultura, Ministra do Planejamento, Diretora do Sistema de<br />
Previdência Social e Embaixadora na Holanda. Graduada em<br />
economia, ela tem o grau de Mestre em Demografia e Pós-<br />
Graduação em Economia da Educação. Ela atuou como consultora<br />
para diversas organizações internacionais de desenvolvimento,<br />
incluindo UNICEF, PNUD, IPPF, Banco Mundial, Banco Inter-<br />
Americano de Desenvolvimento e Comissão Econômica para<br />
49
50<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
América Latina e Caribe (CEPAL). As publicações da Sra. López<br />
incluem livros e artigos sobre uma ampla gama de assuntos,<br />
desde macroeconomia e gênero, até políticas de desenvolvimento<br />
rural e social, e é colunista do Colombian Financial Times. Integra<br />
os Conselhos do FEDESARROLLO, IFPRI e IWMI, sendo também,<br />
membro da Iniciativa Feminista de Cartagena.<br />
Sonia Montaño<br />
Sonia Montaño é Dirigente da Unidade de Gênero da Comissão<br />
Econômica para América Latina e Caribe, em Santiago, Chile.<br />
María Isabel Plata<br />
María Isabel Plata é, desde 1995, a Diretora Executiva da<br />
PROFAMILIA, a associação de planejamento familiar da Colômbia.<br />
Sob sua liderança, esta associação tornou-se um modelo de<br />
sustentabilidade, passando de uma entidade beneficiária de<br />
doações a uma instituição geradora de renda, sem perder sua<br />
missão social. Atualmente, a PROFAMILIA opera 35 centros, tem<br />
14000 empregados e um orçamento de US$ 15 milhões. Antes de<br />
assumir um cargo executivo na PROFAMILIA, Maria Isabel criou e<br />
dirigiu o Serviço Jurídico para Mulheres daquela instituição, o<br />
qual se destaca dentre as demais clínicas legais, devido ao fato<br />
de ser especializada em direito familiar e direitos sexuais e<br />
reprodutivos, sob uma perspectiva de gênero. Ela participou de<br />
diversas reuniões internacionais de alto nível, incluindo as<br />
Conferências sobre as Mulheres realizadas em Nairoibi (1985) e<br />
Beijing (1995), além da Conferência Cairo+5 realizada em 1999.<br />
Tem título de J.D. pela Universidade de Rosario, em Bogotá,<br />
Mestre em Direito Comparado pela Southern Methodist<br />
University, tendo sido bolsista do Fulbright em 1978.<br />
Tania Rodríguez<br />
Tania Rodríguez tem 22 anos e atua há 7 anos como ativista nos<br />
movimentos de mulheres e jovens no Panamá. É membro<br />
fundadora da Rede de Jovens Latino-Americanos e Caribenhos<br />
pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos (RedLAC) e é uma líder da<br />
Rede Nacional de Jovens pelos Direitos Sexuais e Reprodutivos do<br />
Panamá (ReD SeR). Liderou diversos seminários e treinamentos<br />
para a RedLAC, especificamente sobre como estabelecer e<br />
trabalhar com redes jovens nacionais. Estudante da Faculdade de<br />
Serviço Social, Rodríguez está atualmente elaborando uma tese<br />
sobre a avaliação dos serviços de saúde amistosos aos/às<br />
adolescentes em um dos centros de juventude operados pelo<br />
Ministério da Saúde do Panamá. Tem sido uma conselheira de<br />
ONG ativa para a delegação oficial do Panamá em diversas<br />
conferências internacionais da ONU, a exemplo de Beijing+5,<br />
Sessão Especial sobre Direitos das Crianças (2001) e Cairo+10.<br />
Jeffrey D. Sachs<br />
Jeffrey D. Sachs é Diretor do Earth Institute, Professor Quetelet de<br />
Desenvolvimento Sustentável, e Professor de Saúde Pública e<br />
Gestão na Universidade de Columbia. Atua como Conselheiro<br />
Especial de Kofi Annan, Secretário-Geral da Organização das<br />
Nações Unidas, para os Objetivos do Milênio. O Professor Sachs é<br />
internacionalmente reconhecido por sua atuação como<br />
conselheiro na área de reformas econômicas junto aos governos<br />
da América Latina, Leste Europeu e antiga União Soviética, Ásia e<br />
África, assim como pelo seu trabalho junto a agências<br />
internacionais para promover a redução da pobreza, controle de<br />
doenças e redução da dívida dos países pobres. Recentemente, foi<br />
apontado como um dos 100 líderes mais influentes no mundo pela<br />
revista Time. Éautor de centenas de artigos acadêmicos e diversos<br />
livros. Dr. Sachs foi recentemente eleito para o Instituto de<br />
Medicina e é Pesquisador Associado no National Bureau of<br />
Economic Research. Antes de ingressar na Universidade de<br />
Columbia, passou cerca de vinte anos na Universidade de Harvard,<br />
mais recentemente como Diretor do Centro de Desenvolvimento<br />
Internacional. Nascido em Detroit, Michigan, Dr. Sachs obteve os<br />
títulos de B.A., M.A. e Ph.D. pela Universidade de Harvard.<br />
Steven W. Sinding<br />
Steven W. Sinding é, desde 2000, Diretor Geral da Federação<br />
Internacional de Planejamento Familiar (IPPF). Sob sua liderança,<br />
a Federação realizou uma revisão estratégica global dos seus<br />
programas e prioridades, resultando numa visão e estrutura de<br />
trabalho da IPPF focalizando cinco prioridades (Jovens, HIV/AIDS,<br />
Aborto, Acesso e Advocacy) para os 10 anos subseqüentes.<br />
Previamente, o Dr. Sinding atuou como Professor de Saúde Clínica<br />
Pública na Escola de Saúde Pública Mailman na Universidade de<br />
Columbia e como Diretor do Programa de Ciências da População<br />
na Fundação Rockefeller. Foi membro da delegação dos EUA na<br />
Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento no<br />
Cairo e na sessão de revisão UNGA Cairo+5. Antes de ingressar na<br />
Fundação Rockefeller, o Dr. Sinding foi Conselheiro Sênior de<br />
População para o Banco Mundial, após uma carreira de 20 anos<br />
na Agência Internacional para o Desenvolvimento dos EUA, onde<br />
atuou como Diretor da Missão USAID no Quênia e Diretor de<br />
População para a Agência. Também trabalhou na área de<br />
população no Paquistão e nas Filipinas.<br />
Debora Tajer<br />
Debora Tajer obteve os títulos de BA e MA em Psicologia (UBA),<br />
Ms. Sc. em Ciências Sociais e Serviços de Saúde (FLACSO),<br />
Especialização em Psicologia clínica (GCBA) e PhD em Psicologia<br />
(UBA) na Argentina. É Professora e Diretora Pesquisadora de<br />
Gênero e Saúde na Universidade de Buenos Aires. Ela é antiga<br />
presidente da Associação Latino-Americana de Medicina Social<br />
(ALAMES), Coordenadora da Região do Cone Sul da ALAMES e<br />
membro do seu Conselho de Diretores. A Professora Tajer já<br />
atuou como Coordenadora da Rede de Gênero e Saúde Coletiva<br />
da ALAMES e foi co-editora de Psychoanalysis and Gender:<br />
Debates in the Forum e Health, Equity and Gender: a Challenge<br />
for Public Policies.<br />
Paulo Teixeira<br />
Paulo Teixeira, MD, criou o primeiro programa de prevenção e<br />
controle de AIDS na América Latina em 1983, no estado de São<br />
Paulo. Desde o início, as políticas públicas do Estado de São Paulo<br />
para AIDS foram baseadas numa abordagem abrangente,<br />
advocacy dos direitos humanos, respeito pela cidadania e<br />
responsabilidade social. Rapidamente ganhando visibilidade, ele<br />
foi nomeado consultor para a Organização Pan-Americana de<br />
Saúde (OPAS) e para o Programa das Nações Unidas sobre AIDS<br />
para a América Central e Região do Cone Sul. Em 2000, assumiu a<br />
Direção da Coordenação Nacional de DST/AIDS do Ministério da<br />
Saúde do Brasil.Teixeira ajudou a estabelecer o Fundo Global<br />
para AIDS, Tuberculose e Malária.<br />
Em 2003, tornou-se diretor do Programa de AIDS na<br />
Organização Mundial da Saúde. Neste cargo, lutou com êxito para<br />
a expansão do acesso às drogas anti-retrovirais para os países<br />
pobres e em vias de desenvolvimento. Em agosto de 2004, Paulo<br />
Teixeira retornou a São Paulo, onde ocupa o cargo de Coordenador<br />
Sênior do Programa Estadual de DST/AIDS. Continua atuando<br />
como consultor da UNAIDS, Organização Mundial da Saúde e<br />
Comitê Internacional para AIDS e Governabilidade na África.
Mariama Williams<br />
Mariama Williams, PhD, é consultora internacional em economia<br />
e Associada Adjunta no Center of Concern, Washington, DC. É<br />
Conselheira Pesquisadora no <strong>International</strong> Gender and Trade<br />
Network, Coordenadora Co-Pesquisadora de Economia Política da<br />
Globalização (Comércio) da DAWN (Alternativas de<br />
Desenvolvimento com Mulheres para uma Nova Era) e Diretora<br />
do Instituto de Direito e Economia (ILE – Institue for Law and<br />
Economics, Jamaica). Dra. Williams é autora de Gender Issues in<br />
the Multilateral Trading System: A Reference Manual e<br />
conselheira consultora em gênero e comércio para a<br />
Commonwealth Secretariat em Londres. Também atua em<br />
diversas entidades internacionais, incluindo o Conselho Consultor<br />
do 3D (Comércio – Direitos Humanos – Economia Eqüitativa)<br />
(Genebra) e Comitê Diretivo do Fórum Internacional para o<br />
Desenvolvimento.<br />
Moderadores/as<br />
Adrienne Germain<br />
Adrienne Germain é presidente da Coalisão Internacional para a<br />
Saúde das Mulheres. Desde o seu trabalho pioneiro na Ásia,<br />
África e América Latina na década de 1970, a Sra. Germain tem<br />
prestado relevantes serviços na formatação da política global<br />
para a saúde e direitos das mulheres. Na condição de<br />
estrategista e negociadora nas delegações dos EUA nas<br />
conferências mundiais sobre população, mulheres e<br />
desenvolvimento, entre 1993 e 2003, ela ajudou a revolucionar a<br />
visão do mundo sobre as políticas de população, trazendo a<br />
saúde e os direitos das mulheres para um foco central. A Sra.<br />
Germain integra a Força-Tarefa de Mortalidade Infantil e<br />
Mortalidade Materna do Projeto Objetivos de Desenvolvimento<br />
do Milênio, Conselho de Fundação do Fórum Global para<br />
Pesquisas em Saúde, conselho editorial de Reproductive Health<br />
Matters, e dois comitês diretivos do Human Rights Watch. Ela é<br />
membro do Conselho de Relações Externas.<br />
Lynn P. Freedman<br />
Lynn P. Freedman, J.D., M.P.H., é Diretora do Projeto Direito e<br />
Políticas, Professora Associada de Saúde Pública Clínica na<br />
Escola de Saúde Pública Mailman da Universidade de Columbia.<br />
Antes de ingressar na Universidade de Columbia em 1990,<br />
advogou na Cidade de Nova Iorque. Como Diretora do Projeto<br />
Direito e Políticas na Universidade de Columbia, a Professora<br />
Freedman tem sido uma figura líder no campo de saúde e<br />
direitos humanos, atuando extensivamente no âmbito<br />
internacional junto a grupos de mulheres e organizações nãogovernamentais<br />
dedicadas aos direitos humanos. É autora de<br />
ampla literatura sobre questões de saúde e de direitos<br />
humanos, com ênfase especial em gênero e saúde da mulher.<br />
Em 1999, a professora Freedman juntou-se ao Projeto<br />
“Prevenção de Mortalidade e Incapacidade Materna” da Escola<br />
Mailman, liderando esforços para integrar conceitos de direitos<br />
humanos aos programas em mortalidade materna. Atualmente,<br />
atua como conselheira sênior na Força-Tarefa de Mortalidade<br />
Infantil e Mortalidade Materna do Projeto Objetivos de<br />
Desenvolvimento do Milênio, tendo sido autora principal do<br />
documento introdutório da Força-Tarefa e do relatório parcial.<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Caren A. Grown<br />
Caren Grown é Diretora da Equipe de Redução de Pobreza e<br />
Governabilidade Econômica no Centro Internacional de Pesquisas<br />
sobre a Mulher, onde lidera as pesquisas sobre impacto das<br />
políticas econômicas multilaterais e nacionais sobre a<br />
desigualdade de gênero. No período compreendido entre 1992 e<br />
2000, a Dra. Grown atuou como oficial sênior de programa na<br />
The John D. and Catherine MacArthur Foundation, onde gerenciou<br />
redes de pesquisa e concursos abordando uma ampla gama de<br />
tópicos econômicos. Antes de se juntar à Fundação MacArthur,<br />
atuou como economista no Centro de Estudos Econômicos no<br />
Escritório de Censo dos EUA. Caren Grown co-editou, na condição<br />
de convidada, três edições especiais do World Development sobre<br />
macroeconomia, comércio internacional e desigualdade de<br />
gênero e é autora de diversas publicações sobre tópicos de<br />
gênero e desenvolvimento. A Dra. Grown é Mestre e PhD em<br />
economia pela New School University; graduou-se em Ciências<br />
Políticas pela UCLA.<br />
Jacqueline Pitanguy<br />
Socióloga e cientista política, ex-presidente do Conselho Nacional<br />
dos Direitos da Mulher (CNDM) do Brasil, Jacqueline Pitanguy<br />
fundou a CEPIA em 1990 e tem atuado como sua Diretora<br />
Executiva desde então. A CEPIA realiza pesquisas sobre relações<br />
de gênero e promove advocacy na área de violência contra as<br />
mulheres, acesso à justiça e saúde reprodutiva. A Sra. Pitanguy é<br />
também co-fundadora e membro do Conselho de Diretores da<br />
Comissão de Cidadania e Reprodução, baseada em São Paulo. Ela<br />
é membro dos conselhos do Diálogo Inter-Americano, da<br />
Sociedade para o Desenvolvimento Internacional (Society for<br />
<strong>International</strong> Development) e da Parceria para Aprendizagem<br />
sobre Mulheres (Women’s Learning Partnership) e atualmente é<br />
Presidente do Conselho do Fundo Global para as Mulheres. Ela é<br />
membro do Conselho Editorial de Health and Human Rights,<br />
publicado pela Escola de Saúde Pública da Universidade de<br />
Harvard, e da <strong>International</strong> Review of Education publicada pela<br />
UNESCO. Foi condecorada com a Medalha do Rio Branco, grau de<br />
comendador, pelo Ministro de Relações Exteriores do Brasil e com<br />
a Medalha do Mérito de Brasília. Tem ampla literatura publicada<br />
sobre questões ligadas às mulheres, sendo freqüentemente<br />
entrevistada pela imprensa nacional e internacional sobre<br />
tópicos ligados aos direitos das mulheres.<br />
Marijke Velzeboer<br />
A Dra. Marijke Velzeboer atualmente chefia a Seção Latino-<br />
Americana do Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas<br />
para as Mulheres (UNIFEM), o qual promove a igualdade de<br />
gênero, direitos das mulheres e participação feminina. Antes de<br />
ocupar este cargo, foi Diretora do Programa Gênero e Saúde na<br />
Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS). Ela também<br />
estabeleceu e co-dirigiu duas ONG que atuavam como elo entre<br />
mulheres produtoras e os mercados nacional, internacional e<br />
virtual.<br />
Esther Vicente<br />
Esther Vicente é advogada e Professora de Direito na<br />
Universidade Americana em Porto Rico. Ela é membro do<br />
Conselho de Diretores da IPPF/RHO e Presidente do Conselho da<br />
Profamilia em Porto Rico.<br />
51
52<br />
Sexo e o Hemisferio<br />
Anexo 4<br />
Lista de<br />
Participantes,<br />
Simpósios de<br />
Nova York e<br />
Rio de Janeiro<br />
Cidade de Nova Iorque<br />
Mari-Sol Agui<br />
IPPF/RHO<br />
Claudia Ahumada<br />
Coalizão de Jovens<br />
Maria Antonieta Alcalde<br />
Coalizão de Jovens<br />
Alix Allison<br />
Safe Horizon<br />
Vanete Almeida<br />
RedLAC<br />
Jesús Amadeo<br />
IPPF/RHO<br />
Humberto Arango<br />
IPPF/RHO<br />
Diana Aristizabal<br />
Unidad de Género, Etnia y Salud<br />
Lucy Atkins<br />
Margaret Sanger Center <strong>International</strong><br />
Jennifer Aulwes<br />
<strong>Planned</strong> <strong>Parenthood</strong> <strong>Federation</strong> of<br />
America<br />
Amy Babchek<br />
Fundaçao da ONU<br />
Carla Bakboord<br />
CAFRA<br />
Rini Banerjee<br />
Fundaçao Overbrook<br />
Carmen Barroso<br />
IPPF/RHO<br />
Derli Barroso<br />
Fanny Barufol<br />
Rede CDD<br />
Doris Bertzeletos<br />
IPPF/RHO<br />
Nicole Bidegain<br />
Rede de Jovens DESYR<br />
Debbie Billings<br />
Ipas<br />
Jennifer Brown<br />
National Audubon Society<br />
Sangeeta Budhiraja<br />
Human Rights Watch<br />
Joan Burke<br />
BFLA, Belice<br />
Luciana Buscio<br />
RedLAC<br />
Mayra Buvinic<br />
Banco Inter-Americano de<br />
Desenvolvimento<br />
Laura Callanan<br />
Fundação Prospect Hill<br />
Lucella Campbell<br />
IPPF/RHO<br />
Linda Capperauld<br />
PPFC, Canada<br />
Fernando Carcache<br />
Puntos de Encuentro<br />
Giselle Carino<br />
IPPF/RHO<br />
Alberto Carreira<br />
AUPF, Uruguai<br />
Rosa Celorio<br />
UNIFEM<br />
Joana Chagas<br />
Coalizão de Jovens<br />
Virginia Chambers<br />
Ipas<br />
Amanda Claremon<br />
IPPF/RHO<br />
Wesley Clark<br />
FNUAP<br />
Rebecca Cook<br />
Universidade de Toronto<br />
Cecilia Correa<br />
RedLAC<br />
Ney Costa<br />
BEMFAM<br />
Sarah Costa<br />
Fundação Ford<br />
Frederick Cox<br />
GRPA, Guyana<br />
Leila Darabi<br />
The Alan Guttmacher Institute<br />
Audrey Bracey Deegan<br />
IPPF/RHO<br />
Thalif Deen<br />
Joseph Dinorcia<br />
SIECUS<br />
Blanca Dole<br />
Colectivo Feminista de Mujeres<br />
Universitarias<br />
Stephen Donato<br />
IPPF/RHO<br />
Miya Drucker<br />
IPPF/RHO<br />
Jacintha Dundas<br />
IPPF/RHO<br />
Victoria Dunning<br />
Fundação da ONU<br />
Amos Durosier<br />
Profamil, Haiti<br />
Henry Espinoza<br />
Organização Mundial da Saúde<br />
Blanca Esponda<br />
IPPF/RHO<br />
Monty Eustace<br />
IPPF/RHO<br />
Hillary Fairbanks<br />
Hospital Long Island College<br />
Anibal Faundes<br />
CEMICAMP<br />
Gillian Fawcett<br />
Rede CDD<br />
Rogelio Fernández-Castilla<br />
FNUAP<br />
Stephen Foster<br />
Fundação Overbrook<br />
Martina Francis<br />
CAFRA<br />
Lynn Freedman<br />
Universidade de Columbia<br />
Susana Fried<br />
IGLHRC<br />
Susan Fulwiler<br />
IWHC<br />
Lissette Furlani<br />
IPPF/RHO<br />
Emily Galpern<br />
UC San Francisco<br />
Sergia Galvan<br />
Colectiva Mujer y Salud<br />
Jane Galvão<br />
IPPF/RHO<br />
Andrea Garcia<br />
Profamilia, Colômbia<br />
Adrienne Germain<br />
IWHC<br />
Helen Gilbert<br />
Family Care <strong>International</strong><br />
Margaret Gill<br />
CAFRA<br />
Françoise Girard<br />
IPPF/RHO<br />
Barry Goldklang<br />
IPPF/RHO<br />
Angela Gomez<br />
IPPF/RHO<br />
Elsa Gomez<br />
OPAS<br />
Mauricio Gomez<br />
Ministério de Relações Exteriores,<br />
Nicaragua<br />
Patricia Gomez<br />
Red CDD<br />
Ana Cristina Gonzalez<br />
Ministry de Proteção Social, Colômbia<br />
Nirvana Gonzalez<br />
Red de Salud de Mujeres<br />
Erin Greene<br />
CAFRA<br />
George Griffith<br />
BFPA, Barbados<br />
Fernanda Grigolin<br />
Rede Jovem Brasil<br />
Caren Grown<br />
ICRW<br />
Kayley Harrington<br />
<strong>International</strong> Youth Leadership Council<br />
Laura Hart<br />
Washington Physicians for Social<br />
Responsibility<br />
Cecil Max Haverkamp<br />
Organização Mundial da Saúde<br />
Angela Heimburger<br />
IPPF/RHO<br />
Judith Helzner<br />
Fundação MacArthur<br />
Jeanne Henriquez<br />
CAFRA<br />
Claudia Hermansdorffer<br />
CLADEM<br />
Leila Hessini<br />
Ipas<br />
Helena Hofbauer<br />
FUNDAR<br />
Louise Holt<br />
Departamento de Relaçoes Exteriores,<br />
Canada<br />
Sally Hughes<br />
Marie Stopes <strong>International</strong><br />
Josefina Hurtado<br />
Red de Salud de Mujeres<br />
Maria Alejandra Idoyaga<br />
Rede CDD<br />
Megin Jimenez<br />
IPPF/RHO<br />
Tina Jonson<br />
CAFRA<br />
Vasantha Kandiah<br />
Divisão de População da ONU<br />
Katherine Kasameyer<br />
Center for Reproductive Rights<br />
Dominic Kemps<br />
Interact Worldwide<br />
Peggy Kerry<br />
Missão dos EUA na ONU<br />
Alia Khan<br />
<strong>Planned</strong> <strong>Parenthood</strong> <strong>Federation</strong> of<br />
America<br />
Stephen Kisambira<br />
Divisão de População da ONU<br />
Barbara Klugman<br />
Fundação Ford<br />
Shannon Kowalski-Morton<br />
Family Care <strong>International</strong><br />
Vanesa Rizzo Krasniasky<br />
Instituto de Liderazgo Simone de<br />
Beauvoir<br />
Surabhi Kukke<br />
Margaret Sanger Center <strong>International</strong><br />
Gilbert Kulick<br />
IPPF/RHO<br />
Marta Lamas<br />
GIRE
Teresa Lanza<br />
Rede CDD<br />
Pierre LaRamée<br />
IPPF/RHO<br />
Laura Laski<br />
FNUAP<br />
Felipe Leonardo<br />
IPPF/RHO<br />
Ana Luisa Liguori<br />
Fundação MacArthur<br />
Isabel Laboy Llorens<br />
Red Siempre<br />
Cecilia Lopez<br />
Agenda Colômbia<br />
Katia Loukitcheva<br />
FNUAP<br />
Janneth Lozano<br />
Rede CDD<br />
Margarette Macaulay<br />
CAFRA<br />
Sarah Malave<br />
CAFRA<br />
Paolo Marangoni<br />
APROFE, Ecuador<br />
Lurys Marin<br />
APLAFA, Panama<br />
Dona da Costa Martinez<br />
FPATT, Trinidade e Tobago<br />
Jennifer Martinez<br />
IPPF/RHO<br />
Giancarlo Maselli<br />
IPPF/RHO<br />
Maria Consuelo Mejia<br />
IPPF/RHO<br />
Elaine Menotti<br />
Universidade de Nova Iorque<br />
Myriam Merlet<br />
ENFOFAM, Haiti<br />
Frederico Estrada Meyer<br />
Missão de Brasil na ONU<br />
Alice Miller<br />
Universidade de Columbia<br />
Sonia Montaño<br />
CEPAL<br />
Evelyn Morales<br />
Red de Salud de Mujeres<br />
Martha Murdock<br />
Family Care <strong>International</strong><br />
Jaime Nadal<br />
FNUAP<br />
Marysa Navarro<br />
IPPF/RHO<br />
María Noel Navas<br />
RedLAC<br />
Joyce Newman<br />
Newman Productions<br />
Marte Nordviste<br />
Divisão de População da ONU<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Elba Nuñez<br />
Rede CDD<br />
Roselyn Odera<br />
Divisão para o Avanço da Mulher, ONU<br />
Marisela Padron<br />
FNUAP<br />
Jennifer Paine<br />
Grupo de Información en Reproducción<br />
Elegida<br />
Elizabeth Palmer<br />
Universidade de Nova Iorque<br />
Marelys Perez<br />
Parlamentar Venezuela<br />
Suzanne Petroni<br />
Fundação Summit<br />
Lucille Pilling de Lucena<br />
Devez Consulting Group<br />
Silvia Pimentel<br />
CLADEM<br />
Jacqueline Pitanguy<br />
CEPIA<br />
Alibel Pizarro<br />
Red CDD<br />
Karen Plafker<br />
Wellspring Advisors<br />
Maria Isabel Plata<br />
Profamilia, Colômbia<br />
Ruth Polanco<br />
Red de Salud de Mujeres<br />
Cristina Puig<br />
Family Care <strong>International</strong><br />
Kate Pyle<br />
IPPF/RHO<br />
Cesar Rodriguez Rabanal<br />
Conselheiro para o Presidente, Peru<br />
Maria Raguz<br />
Redes Jóvenes Perú<br />
Andrea Ramirez<br />
Rede CDD<br />
Maria Cristina Ramirez<br />
IPPF/RHO<br />
Tara Ramoutar<br />
CAFRA<br />
Lisa Remez<br />
Consultora<br />
Ilene Richmond<br />
Fertility Awareness Center<br />
Odaly Rivas<br />
RedLAC<br />
Carmen Rivera-Cespedes<br />
Profamilia, Puerto Rico<br />
Alice Roberts<br />
Margaret Sanger Center <strong>International</strong><br />
Tania Rodriguez<br />
RedLAC<br />
Dana Rogers<br />
IPPF/RHO<br />
Laura Rogers<br />
Fundação ONU<br />
Debbie Rogow<br />
Consultora<br />
Ana-Teresa Romero<br />
Escritório da OIT nos EUA<br />
Maria Eugenia Romero<br />
Ciudadanía, Trabajo y Familia, Mexico<br />
Ilka Rondinelli<br />
IPPF/RHO<br />
Rocio Rosero<br />
CONAMU, Ecuador<br />
Marcela Rueda<br />
Profamilia, Colômbia<br />
Moisés Russo<br />
IPPF/RHO<br />
Jeffrey Sachs<br />
The Earth Institute, Universidade de<br />
Columbia<br />
Ivonne Salazar<br />
IPPF/RHO<br />
Alexander Sanger<br />
IPPF/RHO<br />
Rupal Sanghvi<br />
IPPF/RHO<br />
Saskia Schellekens<br />
FNUAP<br />
Michael Schultz<br />
Missão do Reino Unido na ONU<br />
Peggy Scott<br />
JFPA, Jamaica<br />
Stirling Scruggs<br />
CCMC<br />
Elrene Sealy<br />
BFPA, Barbados<br />
Angela Sebastiani<br />
INPPARES, Peru<br />
Nury Bauzande Senes<br />
Missão de Uruguai na ONU<br />
Jacqueline Sharpe<br />
IPPF/RHO<br />
Jill Sheffield<br />
IPPF/RHO<br />
Kirsten Sherk<br />
<strong>Planned</strong> <strong>Parenthood</strong><br />
<strong>Federation</strong> of America<br />
Beatriz Cavazos Siller<br />
Mujer Zmodem, México<br />
Steven Sinding<br />
IPPF<br />
Jyoti Singh<br />
Parceiros na População e no<br />
Desenvolvimento, ONU<br />
Veronica Siranosian<br />
Universidade de Nova Iorque<br />
James Sligar<br />
IPPF/RHO<br />
Annette Souder<br />
Sierra Club<br />
Srdjan Stakic<br />
FNUAP<br />
Cynthia Steele<br />
IWHC<br />
Nell Stewart<br />
<strong>International</strong> Women’s Equality<br />
Allie Stickney<br />
<strong>Planned</strong> <strong>Parenthood</strong> <strong>Federation</strong> of<br />
America<br />
Erika Strauss<br />
Universidade de Nova Iorque<br />
Ann Strimov<br />
Wellspring Advisors<br />
Marcela del Mar Suazo<br />
Instituto Nacional da Mulher, Honduras<br />
Paulo Teixeira<br />
Programa de DST/AIDS, Brasil<br />
Julia Terborg<br />
Red de Salud de Mujeres<br />
Anne Thompson<br />
Population Connection<br />
Marcela Tovar<br />
WEDO<br />
Marta de Trabanino<br />
IPPF/RHO<br />
Carole Vance<br />
Universidade de Columbia<br />
Marijke Velzeboer<br />
UNIFEM<br />
Mirian Ventura de Silva<br />
ABIA<br />
Esther Vicente<br />
IPPF/RHO<br />
Lillette Barkley Waite<br />
CAFRA<br />
Victoria Ward<br />
IPPF/RHO<br />
Anjali Wason<br />
<strong>Planned</strong> <strong>Parenthood</strong> of New York City<br />
Caron Whitaker<br />
National Wildlife <strong>Federation</strong><br />
Mariama Williams<br />
Center of Concern/DAWN<br />
David Winters<br />
Fundação Ford<br />
Sylvia Wong<br />
FNUAP<br />
Zonibel Woods<br />
Population Action <strong>International</strong><br />
June Zeitlin<br />
WEDO<br />
Maria Elena Zuñiga<br />
CONAPO, México<br />
Rio de Janeiro<br />
Lilian Abracinskas<br />
MYSU<br />
Enrique Accorsi<br />
Parlamentar, Chile<br />
53
54<br />
Sexo e o Hemisferio<br />
Sebastian Acha<br />
Parlamentar Paraguai<br />
Leila Adesse<br />
Ipas<br />
Ana Adeve<br />
Mariam Ahmend Aicha<br />
IPPF, Mauritânia<br />
Tessa Akpeki<br />
Maria Antonieta Alcalde<br />
IPPF/RHO<br />
Rosana Alcantara<br />
Wanessa Alexandre<br />
BEMFAM<br />
Kawthar Al-Khaier<br />
IPPF, Siria<br />
Scott Allen<br />
Monica Almeida<br />
BEMFAM<br />
Sandra Alves<br />
CURUMIM<br />
Jorge Andalaft<br />
FEBRASGO<br />
Martha Andia<br />
Parlamentar, Bolívia<br />
Rachel Andrade<br />
Musa<br />
Jack Antelo<br />
CIES, Bolívia<br />
José Antonio<br />
BEMFAM<br />
Renato Aparecido de Freitas<br />
Projeto Jovem Inventivo<br />
Estela Aquino<br />
MUSA/ISC/UFBA<br />
Humberto Arango<br />
IPPF/RHO<br />
Maria José Araujo<br />
Ministério da Saúde, Brasil<br />
Jacob Arcader<br />
FEBRASGO<br />
Beatriz Argimon<br />
Parlamentar, Uruguai<br />
Samirah Armengol<br />
RedLAC<br />
Claudia Arroyo<br />
Rede CDD<br />
Daniel Aspilcueta<br />
INPPARES, Peru<br />
Joubert Assumpçao<br />
BEMFAM<br />
Rafael Avendaño<br />
ADS, El Salvador<br />
Maria Ines Barbosa<br />
Secretária da Igualdade Racial Brasil<br />
Carmen Barroso<br />
IPPF/RHO<br />
José Barzelatto<br />
CHSP<br />
Marcos Bastos<br />
SMS, Rio de Janeiro<br />
Carlos Bauer Robels<br />
APROFAM, Guatemala<br />
Elsa Berroa<br />
APLAFA, Panamá<br />
Elza Berquo<br />
CEBRAP e NEPO<br />
Sandip Bhangal<br />
Joel Birman<br />
IMS/UERJ<br />
Claudia Bonan<br />
RNF<br />
Med Bouzidi<br />
IPPF/Mundo Árabe<br />
Francisca Braga<br />
BEMFAM<br />
Gert-Inge Brander<br />
IPPF, Suécia<br />
Gunnel Brander<br />
Renato Bravo<br />
UFF<br />
Christina Brenu<br />
Ana Carla Brito<br />
BEMFAM<br />
Francisco Cabral<br />
ReproLatina<br />
Carmen Campos<br />
THEMIS<br />
Hang Can<br />
IPPF, China<br />
Magaly Caram<br />
PROFAMILIA, República Dominicana<br />
Freddy Cardenas<br />
PROFAMILIA, Nicarágua<br />
Celso Cardoso da Silva<br />
IBGE/COPIS<br />
Giselle Carino<br />
IPPF/RHO<br />
Fabio de Carmo Sa<br />
ABIA<br />
Alberto Carreira<br />
AUPF, Uruguai<br />
Edgardo Carvalho<br />
Senador, Uruguai<br />
Beatriz Castresana<br />
PLAFAM, Venezuela<br />
Ludmila Cavalcante<br />
UFRJ<br />
Alessandra Chacham<br />
PUC-MG<br />
Edmundo Chada Baracat<br />
FEBRASCO<br />
Marisa Chaves de Sousa<br />
Movimento de Mulheres SG<br />
Susanna Chiarotti<br />
CLADEM<br />
Pak Chung Ho<br />
IPPF, Hong Kong<br />
Vicky Claeys<br />
IPPF/Rede Européia<br />
Angela Collet<br />
DAWN<br />
Mamadi Conde<br />
IPPF, Guiné Conakry<br />
Diana Conti<br />
Parlamentar, Brasil<br />
Rebecca Cook<br />
Universidade de Toronto<br />
Sonia Correa<br />
ABIA<br />
Ney Costa<br />
BEMFAM<br />
Barbara Crossette<br />
Diana Dadoorian<br />
FIOCRUZ<br />
Murilo da Mota<br />
Transformarte<br />
Celso Da Silva Simoes<br />
IBGE/COPIS<br />
Garry Dearden<br />
IPPF<br />
Roseni Dearden<br />
Valerie DeFillipo<br />
IPPF<br />
Lucy del Carpio<br />
MS Peru<br />
Gilles Desmons<br />
Juan Diaz<br />
Population Council<br />
Margarita Diaz<br />
ReproLatina<br />
Veronica Diaz Ramos<br />
Rede CDD<br />
Brian Dickinson<br />
IPPF<br />
Caroline Dickinson<br />
IPPF<br />
Maria Aparecida Diogo<br />
ALER<br />
Mithis Duarte de Moraes<br />
BEMFAM<br />
Jacintha Dundas<br />
IPPF/RHO<br />
Helen Eskett<br />
John Eskett<br />
Monty Eustace<br />
IPPF/RHO<br />
Anibal Faundes<br />
CEMICAMP<br />
Jandira Feghali<br />
Parlamentar, Brasil<br />
Virginia Feix<br />
Mighel Fernandez Galeano<br />
Elisabeth Ferraz<br />
BEMFAM<br />
Debora Ferreira<br />
Rede Jovem do Brasil<br />
Rogeria Ferreira Peixinho<br />
ALERJ<br />
Eleonora Figueiredo<br />
UNESCO<br />
River Finlay<br />
IPPF/RHO<br />
Elizabeth Flaschner<br />
CEDIM<br />
Frances Franklin<br />
IPPF<br />
Nilceia Freire<br />
Ministra dos Assuntos das Mulheres,<br />
Brasil<br />
Diana Galimberti<br />
AAS<br />
Sergia Galvan Hortega<br />
CMS República Dominicana<br />
Jane Galvão<br />
IPPF/RHO<br />
Aidé Garcia Hernandez<br />
Rede CDD<br />
Rosmary Garzon Gonzalez<br />
Françoise Girard<br />
IPPF/RHO<br />
Chhatra Giri<br />
IPPF, Nepal<br />
Sunita Giri<br />
Angela Gomez<br />
IPPF/RHO<br />
Lilian Gonçalves da Silva<br />
BEMFAM<br />
Andrea Govea Vieira<br />
Vereadora, Rio de Janeiro<br />
Laura Greenhalgh<br />
Cristina Grela<br />
Red CDD<br />
Fernanda Grigolin<br />
Rede Jovem Brasil<br />
Alejandro Grinspun<br />
PNUD<br />
Angela Guadagnin<br />
Parlamentar, Brasil<br />
Katia Guiar<br />
BEMFAM<br />
Ralph Hakkert<br />
FNUAP<br />
Ellen Hardy<br />
UNICAMP<br />
Maria Luisa Heilborn<br />
CLAM/UERJ<br />
Fabiana Henriques<br />
BEMFAM<br />
Mirla Hernandez<br />
Willem Heynen<br />
Syed Husain<br />
IPPF, Paquistão
Nora Ibarra Fernandez<br />
APROFA, Chile<br />
Hannatu Ibrahim<br />
IPPF, Nigéria<br />
Monsef Ben Ibrahim<br />
IPPF/Mundo Árabe<br />
Aiko Ijima<br />
IPPF, Japão<br />
Tirbani Jagdeo<br />
IPPF/RHO<br />
René Jaldin Veizaga<br />
Parlamentar, Bolívia<br />
Karen Johnson Lassener<br />
Management Sciences for Health<br />
Lia Junqueira Kropsch<br />
Consultora<br />
Said Kabouya<br />
IPPF, Algéria<br />
Catherine Kamau<br />
IPPF, Quênia<br />
Mohamed Kamel<br />
IPPF/Mundo Árabe<br />
Raj Karim<br />
IPPF/Sudeste Asiático<br />
Frances Kissling<br />
Catholics for a Free Choice<br />
Gilbert Kulick<br />
IPPF/RHO<br />
Sonia Lacerda<br />
ALERJ<br />
Tania Lago<br />
Comissão de Direitos Reprodutivos,<br />
Brasil<br />
Marta Lamas<br />
GIRE<br />
Teresa Lanza<br />
Rede CDD<br />
Pierre LaRamee<br />
IPPF/RHO<br />
Gunta Lazdane<br />
Organização Mundial da Saúde<br />
Sea Lee<br />
IPPF, Coréia<br />
Marlene Libardoni<br />
AGENDE<br />
Maria das Graças Lima da Silva<br />
BEMFAM<br />
Nair Jane Lima<br />
CEDIM<br />
Mario Linhares<br />
Universidade Gama Filho<br />
Jenny Mackintosh<br />
IPPF<br />
Maria Tereza Maldonado<br />
Terra dos Homens<br />
Adriana Marotto Vargas<br />
ADC, Costa Rica<br />
Giancarlo Maselli<br />
IPPF/RHO<br />
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e no Caribe<br />
Alice Mazzuco Portugal<br />
Parlamentar, Brasil<br />
Andre Medici<br />
Banco Inter-Americano de<br />
Desenvolvimento<br />
Antonio Medina<br />
Letra S<br />
Alejandra Meglioli<br />
IPPF/RHO<br />
Tewodros Melesse<br />
IPPF/Região Africana<br />
Marcelo Mendonça<br />
BEMFAM<br />
Rosa Merlo Drews<br />
Parlamentar, Paraguai<br />
Roberto Messod Benzecry<br />
BEMFAM<br />
Alexandre Meyer<br />
RNP<br />
Raquel Millo<br />
Ilze Mizaane<br />
IPPF<br />
Beatriz Mogollon<br />
Fabio de Moraes<br />
REDEH/CEMINA<br />
Diva Moreira<br />
PNUD<br />
Elpidia Moreno<br />
CAFRA<br />
Roshni Motha<br />
IPPF, Sri Lanka<br />
Luiz Mott<br />
GGB<br />
Francisco Muller<br />
BEMFAM<br />
Colin Munro<br />
IPPF<br />
Alicia Muñoz<br />
Senadora, Bolívia<br />
Mariana Nasser<br />
RedLAC/SASERE<br />
Kanwal Nath<br />
Madu Nath<br />
IPPF/Regão no Sudeste Asiático<br />
Nitin Nath<br />
Lucia Nazare<br />
BEMFAM<br />
Fatima Oliveira<br />
Rede Feminista de Saúde<br />
Karen Oliveira<br />
BEMFAM<br />
Fabiana Oliveira Carvalho<br />
ICE Brasil<br />
Kweku Osae<br />
IPPF<br />
Silvio Ovelar<br />
Senador, Paraguai<br />
Osvaldo Palma<br />
Parlamentar, Chile<br />
Daniel Parnetti<br />
IAPG<br />
Suyapa Pavon<br />
ASHONPLAFA, Panamá<br />
Maria Teresa Paz<br />
Parlamentar, Bolivia<br />
Marita Perceval<br />
Parlamentar, Argentina<br />
Margarita Percovich<br />
Parlamentar, Uruguay<br />
Raimundo Pereira<br />
ATOBA<br />
Dalva Pereira Lopes<br />
ICW<br />
Maria Cristina Pimenta<br />
Programa DTS/AIDS, Brasil<br />
Silvia Pimentel<br />
CLADEM<br />
Vandira Pinheiro<br />
UFF<br />
Magaly Piñeda<br />
CIPAF<br />
Irene Piñeiro<br />
CRIA<br />
Leticia Pio de Carvalho<br />
BEMFAM<br />
Flavia Piovesan<br />
CLADEM<br />
Ana da Glória Pires<br />
BEMFAM<br />
Jacqueline Pitanguy<br />
CEPIA<br />
Alibel Pizarro<br />
CEASPA<br />
Renata Pompas<br />
Juçara Portugal<br />
ICW<br />
Cynthia Prieto<br />
CEPEP, Paraguai<br />
Nina Puri<br />
IPPF<br />
Kate Pyle<br />
IPPF/RHO<br />
Silvina Ramos<br />
CEDES<br />
Ana Maria Rattes<br />
CEDIM<br />
Katia Ratto<br />
SMS, Rio de Janeiro<br />
Marcia Regis<br />
Consultora<br />
Christine Ricardo<br />
PROMUNDO<br />
Ana Rivas<br />
ADC, Costa Rica<br />
Carla Rivera<br />
IAPG<br />
Gilda Rivera<br />
Ana Rivera Lassen<br />
CLADEM<br />
Eliana Rocha<br />
BEMFAM<br />
Penha Rocha<br />
SMS<br />
Tania Rodriguez<br />
RedLAC<br />
Dana Rogers<br />
IPPF/RHO<br />
Ilka Rondinelli<br />
IPPF/RHO<br />
Maria José Rosado<br />
Rede CDD<br />
Fulvio Rossi Ciocca<br />
Parlamentar Chile<br />
Ana Rudge<br />
Marcela Rueda<br />
Profamilia, Colômbia<br />
Maria Antonieta Saa<br />
Parlamentar, Chile<br />
Lina Sabra<br />
IPPF, Líbano<br />
Dabney Sanchez<br />
Jugita Sandhu<br />
Tais Santos<br />
FNUAP<br />
Vitor Santos<br />
UNIMED<br />
Luciana Santos Servo<br />
IPEA<br />
Naomi Seboni<br />
IPPF<br />
José Serra<br />
Prefeito, Cidade de São Paulo<br />
Safieh Shahriari<br />
IPPF, Irã<br />
Jacqueline Sharpe<br />
IPPF/RHO<br />
Shuma Shumaher<br />
REDEH<br />
Edilene Silva<br />
BEMFAM<br />
Josias da Silva Freitas<br />
ABIA<br />
Ledys Silva<br />
RedLAC<br />
Camila Silva Tavares<br />
Nono Simelela<br />
Steve Sinding<br />
IPPF<br />
Vera Soares<br />
UNIFEM<br />
Paul Soemer<br />
IPPF, Alemanha<br />
Telma Maria de Sousa<br />
BEMFAM<br />
55
56<br />
Sexo e o <strong>Hemisfério</strong><br />
Telma de Souza<br />
Parlamentar, Brasil<br />
Ricardo de Souza Castro<br />
Instituto PAPAI<br />
Debbie Spauls<br />
Debora Tajer<br />
RSMLAC<br />
Enrique Tanoni<br />
Parlamentar, Argentina<br />
Alicia Tate<br />
Parlamentar, Argentina<br />
Paulo Teixeira<br />
Programa DST/AIDS Brasil<br />
Lynn Thomas<br />
IPPF<br />
Marcio Thome<br />
BEMFAM<br />
Tamaro Toure<br />
IPPF, Senegal<br />
Marta de Trabanino<br />
IPPF/RHO<br />
Claudia Turco<br />
BEMFAM<br />
Marcela Valente<br />
Perla Vasquez Diaz<br />
ELIGE<br />
Marijke Velzeboer<br />
UNIFEM<br />
Mirian Ventura<br />
ABIA<br />
Mirtha Vergara de Franco<br />
Senadora, Paraguai<br />
Ana Paula Viana<br />
CURUMIM<br />
Esther Vicente<br />
Profamilia, Porto Rico<br />
Erich Villavicencio<br />
APROFAM, Guatemala<br />
Carine Vrancken<br />
IPPF, Bélgica<br />
Victoria Ward<br />
IPPF/RHO<br />
Mariama Williams<br />
DAWN<br />
Laura Wong<br />
CEDEPLAR<br />
Monica Xavier<br />
Senadora, Uruguai<br />
Kanako Yamashita-Allen<br />
Sylvia Yano<br />
BEMFAM<br />
Lia Zanotta<br />
AGENDE<br />
Gracila Zelaya<br />
CEDAMUR<br />
Baige Zhao<br />
IPPF, China
FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE PLANEJAMENTO FAMILIAR<br />
REGIÃO DO HEMISFÉRIO OCIDENTAL (IPPF/RHO)<br />
120 WALL STREET, 9TH FLOOR<br />
NEW YORK, NY 10005-3902<br />
TEL: 212-248-6400<br />
FAX: 212-248-4221<br />
EMAIL: INFO@IPPFWHR.ORG<br />
WEB: WWW.IPPFWHR.ORG<br />
* Os Simpósios sobre Objetivos de Desenvolvimento do<br />
Milênio e Saúde Sexual e Reprodutiva na América Latina e<br />
Caribe foram organizados com assistência da União Européia.<br />
O conteúdo e os resultados dos simpósios constituem<br />
responsabilidade exclusiva da campanha Contagem<br />
Regressiva 2015 e sob nenhuma circunstância podem ser<br />
considerados como pontos de vista da União Européia.<br />
*