Philip Yancey - Decepcionado com Deus - Noiva de Cristo
Philip Yancey - Decepcionado com Deus - Noiva de Cristo
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"Senhor, nós te agra<strong>de</strong>cemos por trazeres nosso irmão a salvo e porque<br />
fizeste <strong>com</strong> que teus anjos da guarda tomassem conta <strong>de</strong>le", o pastor orou. "E<br />
esteja <strong>com</strong> as famílias daqueles que morreram no Alasca." Aquela oração<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou em Richard uma repulsa, algo parecido <strong>com</strong> a náusea. Não dá para<br />
conciliar ambos os caminhos, ele pensou. Se <strong>Deus</strong> é louvado por causa do<br />
sobrevivente, <strong>de</strong>ve também ser culpado por causa das mortes. Todavia, as igrejas<br />
nunca ouvem testemunhos dados pelos que sofrem as perdas. O que os cônjuges<br />
dos missionários mortos diriam? pensou Richard amargamente. Será que eles<br />
falariam <strong>de</strong> um "Pai amoroso"?<br />
Richard voltou para seu apartamento bastante agitado. Tudo estava<br />
culminando numa pergunta: "Será mesmo que <strong>Deus</strong> existe?" Ele não tinha visto<br />
provas convincentes.<br />
* * *<br />
Richard interrompeu a história a essa altura. O sol havia-se escondido atrás<br />
<strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> edifício a oeste, e o crepúsculo foi suavemente mesclando as<br />
sombras e os raios <strong>de</strong> luz na sala. Richard fechou os olhos e mor<strong>de</strong>u o lábio<br />
inferior. Com os polegares pressionava bastante os olhos. Parecia que ele estava<br />
formando uma imagem mental, <strong>com</strong>o se para conseguir a imagem exata.<br />
— O que houve <strong>de</strong>pois? — indaguei, após alguns minutos <strong>de</strong> silêncio. —<br />
Foi nessa noite que você per<strong>de</strong>u a fé? — Ele assentiu <strong>com</strong> a cabeça e re<strong>com</strong>eçou a<br />
falar, mas num tom mais suave.<br />
— Moro numa alameda arborizada e tranqüila, num bairro afastado do<br />
centro. Eu fiquei acordado até tar<strong>de</strong> naquela noite, bem <strong>de</strong>pois que meus vizinhos<br />
tinham ido <strong>de</strong>itar. Parecia que eu estava sozinho no mundo, e eu sabia que algo <strong>de</strong><br />
importante estava para acontecer. Eu estava machucado. Foram tantas as vezes<br />
que <strong>Deus</strong> havia me <strong>de</strong>sapontado. Eu odiava <strong>Deus</strong>, e assim mesmo eu também<br />
sentia medo. Eu era aluno <strong>de</strong> teologia, certo? Talvez <strong>Deus</strong> estivesse ali, e eu<br />
estivesse <strong>com</strong>pletamente enganado. Como é que eu po<strong>de</strong>ria saber? Reexaminei<br />
toda minha experiência cristã, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu início.<br />
— Eu me lembro do primeiro lampejo <strong>de</strong> fé que tive lá na universida<strong>de</strong>.<br />
Naquela época eu era bem novo, e vulnerável. Talvez eu tivesse apenas aprendido<br />
umas poucas frases otimistas e tivesse persuadido a mim mesmo a crer numa<br />
"vida abundante". Talvez eu tivesse apenas aprendido a imitar os outros. Comecei<br />
a imaginar se eu não estava vivendo às custas das experiências <strong>de</strong> outras pessoas.<br />
Será que eu tinha me iludido acerca <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>?<br />
— Apesar disso eu hesitava em <strong>de</strong>scartar tudo em que eu cria. Senti que<br />
tinha <strong>de</strong> dar uma última chance para <strong>Deus</strong>.