Philip Yancey - Decepcionado com Deus - Noiva de Cristo
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me afun<strong>de</strong>i na cama, cheirando a fumaça. Já estava quase amanhecendo, e<br />
finalmente senti paz. Um gran<strong>de</strong> peso fora tirado <strong>de</strong> cima <strong>de</strong> mim. Eu tinha sido<br />
honesto <strong>com</strong>igo mesmo. Qualquer fingimento tinha-se ido, e eu não mais sentia a<br />
pressão para crer naquilo <strong>de</strong> que jamais po<strong>de</strong>ria ter certeza. Eu me senti<br />
convertido, mas convertido <strong>de</strong> <strong>Deus</strong>.<br />
* * *<br />
Fico feliz porque a minha profissão não é a <strong>de</strong> conselheiro. Quando estou<br />
sentado em frente a alguém que <strong>de</strong>rrama seu coração, tal <strong>com</strong>o o Richard, nunca<br />
sei o que dizer. Não disse quase nada naquela tar<strong>de</strong>, e talvez tenha sido melhor<br />
assim. Não teria sido <strong>de</strong> muita ajuda para mim encontrar <strong>de</strong>feitos nos "testes" que<br />
Richard i<strong>de</strong>alizou para <strong>Deus</strong>.<br />
Ele parecia muito preocupado quanto ao livro sobre Jó, que <strong>de</strong>via sair do<br />
prelo em poucas semanas. A editora sabia acerca <strong>de</strong> sua mudança <strong>de</strong> pensamento,<br />
disse ele, mas a primeira edição já estava sendo impressa. Eu lhe garanti que eu<br />
continuava endossando o livro. Era o conteúdo do livro que eu endossava, mais<br />
do que sua posição pessoal.<br />
— Além do mais, também já mu<strong>de</strong>i <strong>de</strong> idéia sobre algumas coisas que<br />
escrevi nos últimos <strong>de</strong>z anos — disse a ele.<br />
Richard estava exausto <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> falar por tanto tempo, mas parecia mais<br />
<strong>de</strong>scontraído quando se levantou para ir embora.<br />
— Talvez todos os meus problemas tenham <strong>com</strong>eçado <strong>com</strong> o estudo que<br />
fiz <strong>de</strong> Jó — disse. — Eu antes gostava muito <strong>de</strong> Jó — ele não tinha medo <strong>de</strong> ser<br />
honesto <strong>com</strong> <strong>Deus</strong>. Ele encarou <strong>Deus</strong>. Acho que a diferença entre nós é o que<br />
aconteceu no final. Com Jó, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> todo seu sofrimento, <strong>Deus</strong> agiu à altura.<br />
Comigo ele não agiu à altura.<br />
Richard apertou minha mão e <strong>de</strong>sapareceu escada abaixo.<br />
A noite havia caído, e uma célula fotoelétrica já acen<strong>de</strong>ra as luzes da<br />
escada. Enquanto eu ouvia Richard <strong>de</strong>scer os <strong>de</strong>graus, senti uma profunda<br />
tristeza. Ele era jovem e bronzeado e <strong>com</strong> saú<strong>de</strong>. Alguns diriam que ele não tinha<br />
motivos <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> para se <strong>de</strong>sesperar. Mas, enquanto eu o ouvia, observando-o<br />
cerrar os punhos e vendo os sinais <strong>de</strong> tensão em seu semblante, finalmente<br />
percebi qual a origem <strong>de</strong> sua ira.<br />
Richard estava sentindo uma dor profunda: a dor <strong>de</strong> sentir-se traído. A dor<br />
<strong>de</strong> um amante que acorda e <strong>de</strong> repente <strong>de</strong>scobre que tudo acabou. Ele havia<br />
confiado sua vida a <strong>Deus</strong>, e <strong>Deus</strong> o havia <strong>de</strong>cepcionado.