Philip Yancey - Decepcionado com Deus - Noiva de Cristo
Philip Yancey - Decepcionado com Deus - Noiva de Cristo
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Finalmente ele se entregou a uma vida <strong>de</strong> promiscuida<strong>de</strong> <strong>com</strong> outros homens.<br />
Ocasionalmente ainda me escreve. Insiste em que <strong>de</strong>seja seguir a <strong>Deus</strong>, mas<br />
sente-se sem condições <strong>de</strong>vido à sua maldição pessoal.<br />
Uma jovem escreveu, um tanto quanto constrangida, sobre sua contínua<br />
<strong>de</strong>pressão. Segundo disse, ela não tem motivo para ficar <strong>de</strong>primida. Tem boa<br />
saú<strong>de</strong>, ganha bem e possui uma sólida base familiar. Mas na maioria dos dias,<br />
quando acorda, ela não consegue imaginar uma única razão para continuar<br />
vivendo. Já não se importa <strong>com</strong> a vida ou <strong>com</strong> <strong>Deus</strong>. Quando ora, não sabe se<br />
alguém está <strong>de</strong> fato ouvindo.<br />
Essas e outras cartas que tenho recebido ao longo dos anos conduzem,<br />
todas elas, à mesma pergunta básica, expressa <strong>de</strong> diferentes maneiras. É uma<br />
pergunta algo assim: "Seu livro trata da dor física. Mas que dizer da dor <strong>com</strong>o a<br />
minha? On<strong>de</strong> <strong>Deus</strong> está quando sinto a dor emocional? O que a Bíblia diz a<br />
respeito?" Respondo às cartas da melhor maneira que posso, pesaroso e<br />
consciente <strong>de</strong> que as palavras no papel são insatisfatórias. Será que uma palavra,<br />
qualquer palavra, po<strong>de</strong> chegar a curar uma ferida? E <strong>de</strong>vo confessar que, após ler<br />
esses relatos angustiados, faço exatamente as mesmas perguntas. On<strong>de</strong> <strong>Deus</strong> está<br />
diante <strong>de</strong> nossa dor emocional? Por que <strong>com</strong> tanta freqüência ele nos <strong>de</strong>saponta?<br />
* * *<br />
A <strong>de</strong>silusão <strong>com</strong> <strong>Deus</strong> nem sempre surge <strong>de</strong> uma forma tão marcante. Para<br />
mim, ele também aparece inesperadamente nos <strong>de</strong>talhes corriqueiros da vida<br />
diária. Recordo-me <strong>de</strong> uma noite <strong>de</strong> inverno; uma noite <strong>de</strong> um frio gélido e inclemente<br />
em Chicago. O vento assobiava, e um misto <strong>de</strong> neve e chuva caía forte,<br />
cobrindo as ruas <strong>com</strong> uma camada <strong>de</strong> gelo escuro e brilhante. Naquela noite o<br />
motor <strong>de</strong> meu carro parou num bairro pouco seguro. Enquanto eu levantava o<br />
capo e me <strong>de</strong>bruçava por cima do motor, <strong>com</strong> aquela chuva e neve açoitando<br />
minhas costas <strong>com</strong>o minúsculos pedriscos, orei repetidas vezes: Por favor, aju<strong>de</strong>me<br />
a fazer funcionar o motor do carro.<br />
Por mais agitado que eu estivesse, mexendo <strong>com</strong> fios, mangueiras e cabos,<br />
nada disso dava partida no motor. De maneira que passei uma hora numa velha<br />
lanchonete, aguardando um guincho. Sentado numa ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> plástico e <strong>com</strong> as<br />
roupas encharcadas formando uma poça d'água cada vez maior ao meu redor,<br />
fiquei imaginando o que <strong>Deus</strong> pensava do meu infortúnio. Eu ia per<strong>de</strong>r um<br />
encontro que fora marcado para aquela noite e provavelmente ia <strong>de</strong>sperdiçar<br />
muitas horas nos dias seguintes tentando fazer <strong>com</strong> que alguma oficina, estabelecida<br />
para se aproveitar <strong>de</strong> motoristas <strong>de</strong>samparados, fizesse um serviço honesto e<br />
direito. Será que <strong>Deus</strong> se importava <strong>com</strong> a minha frustração ou <strong>com</strong> as minhas<br />
energias <strong>de</strong>sperdiçadas ou <strong>com</strong> o dinheiro perdido?