13/12/1990 - Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco ...

entre a oferta da água tratada e a
diminuição de doenças transmissíveis,
especialmente em crianças. Nos três
anos, mais de 1 milhão de pessoas sem
abastecimento em suas casas, ou
atendidas de forma esparsa e irregular,
passaram a ter água limpa para beber. A
rede de distribuição foi aumentada em
mais de 900 quilômetros. Na região
metropolitana, o sistema Botafogo foi
reforçado, e no interior, através do
trabalho integrado de Compesa, Cisagro e
Cohab, 300 mil, pessoas que viviam em
bairros da periferia urbana e distritos
isolados da zona rural, passaram a ter
abastecimento regular, a partir de poços,
cisternas e açudes.
A seca - momento em que a crise da água
se agudiza - foi igualmente enfrentada de
urna forma nova, democrática e popular.
Antes de completar seis meses, o governo
de Miguel Arraes era levado a decretar a
emergência em 118 municípios assolados
pela falta de chuvas. Se continuassem a
valer as práticas de governos passados,
seria mais uma oportunidade para os
privilegiados de sempre enriquecerem
com o dinheiro público ou trocarem votos
por latas d'água. Mas isso também
mudou. Terminada a seca, o governo
tinha concluído 19.731 açudes, barragens,
barreiros e passagens molhadas, com o
trabalho de 220 mil homens alistados nas
frentes, de emergência, sob a fiscalização
dos Grupos de Ação municipal. Formados
por funcionários públicos, representantes
dos trabalhadores e das comunidades, os
GAM´s faliram a chamada “indústria da
seca”.
Os alistamentos contemplaram apenas os
agricultores necessitados, os pagamentos
foram feitos em cheques nominais do
Bandepe, as obras realizadas foram
listadas em computador e registradas em
cartório, com garantia de usufruto
comunitário. Um exemplo de criatividade,
austeridade e rigor na aplicação dos
recursos públicos, por parte do governo,
que terminou sendo seguido por outros
estados nordestinos.
Com a mesma disposição foi enfrentado o
desafio das empresas e companhias
estatais, uma herança caótica recebida
em 1987. O melhor exemplo é o do
Bandepe, que em fevereiro daquele ano
encontrava-se sob risco de intervenção
federal. Saneadas suas finanças e
profissionalizada sua direção, o banco
estadual passou a trabalhar pela maioria.
No governo anterior, em quatro anos o
Bandepe havia realizado 31.008
financiamentos a pequenos agricultores.
Em 1988, já no governo Arraes, o banco
igualava esse número e em 1989 o
Crédito Popular chegou a 60 mil
agricultores, proprietários de até 60 mil
hectares, impulsionando a recuperação da
agricultura de alimentos em Pernambuco.
Em 1988, o Bandepe foi escolhido pela
conceituada revista “EXAME” como o
segundo melhor banco estadual do Brasil,
em desempenho global, apenas superado
pelo gigantesco BANESPA. E em 1989, a
revista “VEJA” apontava o Bandepe como
o banco estadual com a política mais
profissional na tomada de decisões.
A decisão de investimento e recuperação
das estatais - como uma comprovação da
sua viabilidade, quando voltadas para o
interesse da maioria - abrangeu também o
IPA, e SEMEMPE, a CILPE e o LAFEPE.
Com apoio de experimentos
biotecnológicos inéditos, o IPA
transformou-se na única empresa de
pesquisas do País a trabalhar com mudas
de proveta de culturas básicas - como
mandioca, batata-doce, batata inglesa,
inhame e banana, beneficiando milhares
de pequenos agricultores. A SEMEPE
triplicou e sua produção de sementes,
comercializadas com 145 mil pequenos e
médios produtores. Ao final dos três anos
do governo Arraes, a CILPE teve sua
capacidade industrial elevada em 51%, o
que significou 180 mil litros de leite a mais
no mercado, por dia.
O LAFEPE - recebido com o patrimônio
dilapidado, dividas de 345 mil dólares e
linha de produção estagnada -
praticamente renasceu. Em 1909 já
lançava 12 novos medicamentos,
aumentava sua produção em 220% e
apresentava um lucro operacional de 1,1
milhão de dólares.
Nesta política em relação às estatais, a
CELPE merece especial destaque, pela
dimensão que sua ação ganhou no
Governo Miguel Arraes. De 1966, quando