Identidade nacional e Educação: um olhar sobre as idéias ... - Aslegis

Cadernos ASLEGIS
Nº 28 - janeiro/abril de 2006
pronunciavam sobre a necessidade de promover a construção de uma
identidade nacional que perpassasse a incorporação do negro, não mais
como força de trabalho, mas como cidadão; a inclusão dos imigrantes,
provenientes das mais diversas culturas; que considerasse o
desenvolvimento de um proletariado urbano e o aumento da classe média.
Sobre esse tema Ortiz (1985, p.34) assim se refere:
O que propõem os intelectuais do período é a construção
de uma identidade de um Estado que ainda não é. As
modificações realizadas na esfera sócio-econômica (fim de uma
economia escravagista, emergência de uma classe média) ainda
não tinham se consolidado no interior de uma nova ordem social.
Vivia-se um momento de transição, e nesse sentido as teorizações
sobre a realidade brasileira refletiam necessariamente o impasse
vivenciado.
Nessa época, o nacionalismo tomou duas formas principais de
expressão: o jacobinismo e a produção literária. O jacobinismo tinha por
natureza ideológica um pensamento de esquerda, progressista e defensor
das instituições nacionais e das classes populares. Tinha por moto a
frase: “O Brasil para os brasileiros”. Na literatura existe uma vasta
produção que ilustra a valorização do nacionalismo. Obras como, por
exemplo, “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, escrito
sob forma de folhetins durante três meses de 1911, retratavam a pregação
da valorização de tudo o que era legitimamente brasileiro.
Havia também a ênfase na dimensão educacional como um
instrumento de difusão cultural para a consolidação da nova ordem que
se instalava no País. Algumas das elites intelectuais entendiam que o
futuro do Brasil dependia dos rumos que fossem dados para a educação.
No entanto, como lograr tal objetivo se um dos principais meios de
socialização e de construção cultural, a escola, encontrava-se quase
que nas mesmas condições legadas pelo Império? Partindo dessa
problemática e da constatação da inviabilidade prática em desenvolverse
a promoção da internalização de crenças e valores compatíveis com
os ideais republicanos, foram envidados esforços para organizar um
sistema educacional formal. Por um lado, essas medidas foram tomadas
levando em conta a crença romântica na função redentora da educação,
por outro, levavam em conta a necessidade da formação de uma
identidade nacional, pensamento quase unanime no seio da elite intelectual
republicana.
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