"CCONFISSÕES DA CONDESSA BEATRIZ DE DIA" (pdf) - guido viaro
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pureza o quarto de dormir. Depois é hora de pensar “Será que<br />
deixo o dia fazer o que quiser comigo?” Esse é um tipo de pessoa<br />
bem comum. “O que farei com o que tenho? O dia terá de se ade-<br />
quar ao meu tempo” eis aí outro tipo de pessoa bem comum.<br />
Mas a dúvida permanece. Por que ninguém tem nenhuma<br />
resposta? Ser vivo é ser incompetente, fracassado, e conviver<br />
com essa condição imutável. Aos que cantam suas glórias com as<br />
artes ou ciências, ou que são grandes guerreiros, ou príncipes ad-<br />
mirados por seus súditos, pela honradez e justiça, aos que mes-<br />
mo sem fortuna ou fama cantam suas vitórias por minúsculos<br />
e mesquinhos acontecimentos cotidianos, a todos vocês, desejo<br />
sinceras melhoras.<br />
Nenhum de teus valores possui a riqueza do voo do beija-<br />
flor. Vocês precisam entender que somos animais, e que a capa<br />
civilizatória não poderá nunca ser mais importante que o huma-<br />
no. Mas é isso que entristece. A doce selvageria perdeu espaço<br />
dentro das cortes, e a sociedade utiliza-se justamente da força do<br />
doce selvagem para transformá-lo em massa de manobra bélica.<br />
A ponte levadiça ergue-se sobre o riacho e o cavalo separa-se<br />
da carruagem, pendendo desconexo, enquanto os homens, dentro<br />
de seu antigo conforto, enchem as bocas de pavor, semeando si-<br />
lêncio e sepultando palavras. Aos muros do castelo dedico versos<br />
tão efêmeros quanto flores, e as rimas possuem a fragilidade das<br />
pedras, e tudo flori, derruba pétalas e morre, e dessas sobras é que<br />
músicos juntaram reminiscências para construir suas canções pas-<br />
sageiras. Esse avanço florido atravessa os muros externos e chega<br />
às paredes do castelo. A vegetação cobre a fachada, são trepadei-<br />
ras que se espalham por toda a circunferência da construção, mas<br />
no meio do verde escuro nasce uma pequena flor azul.<br />
Puxada por essa realidade, uma jovem escreve uns versi-<br />
nhos sobre a flor, e seu namorado faz a música para a canção.