Visão Judaica - novembro de 2002 Kislev / Tevet 5763
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14<br />
Cheiro <strong>de</strong> guerra no ar<br />
Informações <strong>de</strong> várias fontes e<br />
países dizem que este Ramadã<br />
(mês em que o Islam recebeu o<br />
Corão e do dia do julgamento) começa<br />
com aumento das tensões<br />
entre americanos e sauditas e avisos<br />
<strong>de</strong> que o Al Qaeda prepara<br />
novas surpresas.<br />
Se diz que a Marinha americana<br />
começa a movimentar suas<br />
naves. Não se informa a direção<br />
final. Tem navios <strong>de</strong> carga gigantes<br />
saindo <strong>de</strong> portos dos Estados<br />
Unidos. São dos que levam veículos<br />
pesados. Seriam o “Bob Hope”,<br />
o “Belatrix” e o ”Fisher’ que po<strong>de</strong>m<br />
carregar helicópteros.<br />
A Marinha americana diz que<br />
existem vários outros transportes<br />
ancorados na base <strong>de</strong> Diego Garcia,<br />
no Índico. Grupos <strong>de</strong> naves <strong>de</strong><br />
guerra — USS.Constellation, porta-avião,<br />
já <strong>de</strong>ixou seu ancoradouro<br />
em San Diego, Califórnia,<br />
o USS.Truman, sairá logo. E já<br />
navega o grupo do Kitty Hawk.<br />
Espera-se que se juntem lá para<br />
o fim do mês e estejam prontos<br />
para entrar em ação no começo<br />
<strong>de</strong> janeiro. Os grupos são li<strong>de</strong>rados<br />
por porta-aviões e cada<br />
um é uma armada.<br />
Sauditas criticam duramente os<br />
americanos via seus jornais précensurados.<br />
E Saleh Kamel,<br />
dono do conglomerado Dallah Albarakah<br />
talvez a maior fortuna do<br />
país <strong>de</strong>pois da dos Saud, a família<br />
reinante, avisa que um ataque<br />
a Saddam precipitará reações<br />
antiamericanas por toda a<br />
região. É eufemismo para ações<br />
armadas contra os americanos.<br />
Terroristas ou outras.<br />
Os saudis enfatizam que os<br />
americanos exigem absoluto acatamento<br />
das resoluções das Nações<br />
Unidas pelo Iraque e nada<br />
exigem dos israelenses. Qualificanos<br />
<strong>de</strong> adotar política <strong>de</strong> dois pesos<br />
e duas medidas. Interpreta-se<br />
a ênfase saudita neste ponto, lugar<br />
comum há anos, como meio<br />
<strong>de</strong> explicar que o país não po<strong>de</strong>rá<br />
permitir <strong>de</strong> forma alguma o uso<br />
das bases americanas para a operação<br />
anti-Saddam. São os Estados<br />
Unidos os protetores dos sauditas.<br />
Aparentemente, o receio <strong>de</strong><br />
reações internas das suas maiorias<br />
fundamentalistas é mais forte<br />
do que a perda provisória da ami-<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Nahum Sirotsky*, <strong>de</strong> Israel<br />
za<strong>de</strong> americana. Há rumores da<br />
presença <strong>de</strong> Bin La<strong>de</strong>n em algum<br />
lugar da Arábia Saudita que é<br />
wahabita, seita ultra-fundamentalista.<br />
Os sauditas têm o petróleo.<br />
Mas, nos antigos países soviéticos<br />
cresce a produção e só faltam<br />
meios econômicos <strong>de</strong> lançá-la aos<br />
mercados atuais. Mas há rumor<br />
sobre um acordo russo-israelense<br />
para a recuperação <strong>de</strong> oleoduto<br />
fechado e seu uso. Estou levantando<br />
mais <strong>de</strong>talhes e logo po<strong>de</strong>rei<br />
passá-los. Negócio é negocio,<br />
os inimigos <strong>de</strong> ontem são bons<br />
amigos <strong>de</strong> hoje.<br />
Um novo comando americano<br />
está sendo montado no Sul da África.<br />
Uma base naval está surgindo<br />
em Djbouti. Nas proximida<strong>de</strong>s, há<br />
dias, no Yemen, foram mortos seis<br />
elementos do Al Qaeda por um<br />
clone supostamente da CIA. A região<br />
é <strong>de</strong> influência francesa! Será<br />
que Paris diz uma coisa pela boca<br />
e outra no concreto?<br />
Os serviços secretos alemães<br />
insistem que Bin La<strong>de</strong>n está vivo.<br />
Eles tem indícios <strong>de</strong> que se tentará<br />
um mega-ataque no seu país.<br />
Circulam rumores semelhantes<br />
por todos os cantos do mundo que<br />
importa à força oci<strong>de</strong>ntal. E em Israel.<br />
Um <strong>de</strong>les há <strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>iro.<br />
O Al Qaeda tem suficiente sofisticação<br />
para conhecer as táticas<br />
da guerra da informação: tanto se<br />
espalha rumor falso que cansa os<br />
secretas e é quando vem o ataque.<br />
Há rumores <strong>de</strong> que os israelenses<br />
estão treinando tropas especiais<br />
americanas em guerra urbana,<br />
no que têm experiência. E que<br />
têm comandos seus rodando pelo<br />
Iraque para localizar as baterias <strong>de</strong><br />
mísseis e lançadoras dos aviões<br />
sem piloto para que sejam <strong>de</strong>struídas<br />
no primeiro golpe americano.<br />
Se não acontecer, fariam eles<br />
o trabalho, pois Saddam tem meios<br />
aéreos que chegam até Israel<br />
on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sesperado, ou no primeiro<br />
momento, po<strong>de</strong>ria lançar armas<br />
químicas e biológicas.<br />
Ainda não houve a vacinação<br />
em massa em Israel que seria o<br />
sinal <strong>de</strong> que a guerra se tornou<br />
inevitável e está para chegar.<br />
Uff! A minha tendência é dizer,<br />
como brasileiro, Santa Maria.<br />
Tenho <strong>de</strong> dizer que D-us Aju<strong>de</strong>,<br />
por razões óbvias.<br />
* Nahum Sirotsky é jornalista correspon<strong>de</strong>nte da RBS em Israel e colunista do Último<br />
Segundo/IG. A reprodução <strong>de</strong> sua coluna do IG tem autorização do autor.<br />
Espalhando luz<br />
Os vaga-lumes, passeando ao<br />
anoitecer, receberam instruções da<br />
mãe vaga–lume: ”Tomem cuidado”,<br />
ela disse. Fiquem em fila e ao chegarmos<br />
na floresta escura não <strong>de</strong>ixem<br />
brilhar sua luz. Lá, há pássaros<br />
que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>scer voando e consumir<br />
vocês!<br />
Os vaga-lumes obe<strong>de</strong>ceram, e o<br />
mais novo fechava a fila. Enquanto<br />
assim procediam, repentinamente se<br />
viu uma luz vinda <strong>de</strong> trás. “Parem”,<br />
chamou a mãe vaga–lume. “De quem<br />
é essa luz?”<br />
“Sou eu”, falou o vaga-lume<br />
mais novo.<br />
“Você ouviu o que eu lhe falei”,<br />
disse a mãe vaga-lume. “Por que<br />
não obe<strong>de</strong>ce?”<br />
“Pois é”, disse o pequenino,<br />
“quando não dá mais para segurar,<br />
tenho que brilhar”.<br />
O acendimento das velas em Chanucá<br />
simboliza a expulsão da escuridão<br />
e a difusão da luz. As velas <strong>de</strong><br />
Chanucá simbolizam o cumprimento<br />
das mitsvot (mandamentos Divinos)<br />
através dos quais iluminamos espiritualmente<br />
o nosso mundo. O afastamento<br />
da escuridão se realiza através<br />
da guarda dos preceitos negativos<br />
cuja meta é <strong>de</strong>sviar do mal (não<br />
roubar, não cobiçar, não guardar rancor,<br />
não odiar o próximo, etc.). A difusão<br />
da luz se realiza através do<br />
cumprimento dos preceitos positivos<br />
cuja meta é praticar o bem (honrar pai<br />
e mãe, respeitar os idosos, lembrar o<br />
Shabat, praticar a carida<strong>de</strong>, etc.).<br />
Cada membro do povo ju<strong>de</strong>u tem<br />
a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cumprir as<br />
duas categorias <strong>de</strong> mitsvot: as negativas<br />
e as positivas. No entanto, existem<br />
pessoas que são diligentes em<br />
<strong>de</strong>sviar-se do mal. São especialmente<br />
escrupulosas <strong>de</strong> não infringir qualquer<br />
preceito negativo. Conhecemos,<br />
também, pessoas que se <strong>de</strong>dicam<br />
sempre a praticar o bem, caprichando<br />
no cumprimento dos preceitos positivos<br />
e procurando sempre adicionar<br />
mais uma boa ação no seu dia-a-dia.<br />
No Talmud há uma controvérsia<br />
entre o Beit Shamai e o Beit Hilel a<br />
respeito do procedimento apropriado<br />
no acendimento das velas <strong>de</strong> Chanucá.<br />
O Beit Shamai ensina que <strong>de</strong>vemos<br />
acen<strong>de</strong>r oito velas na primeira<br />
noite e sucessivamente, a cada noite,<br />
diminuir uma luz, terminando a<br />
festa com uma única vela, acesa na<br />
oitava noite. O Beit Hilel ensina que<br />
B"H<br />
Rabino Yossef Dubrawsky *<br />
<strong>de</strong>vemos acen<strong>de</strong>r apenas, uma vela,<br />
na primeira noite e, em seguimento,<br />
acrescentar uma vela a cada noite,<br />
terminando a festa com o brilho das<br />
oito velas. Como é do conhecimento<br />
<strong>de</strong> todos, a lei, na prática, é conforme<br />
a opinião do Beit Hilel.<br />
Beit Shamai enfatizava o serviço<br />
espiritual <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar do mal. Beit Hilel<br />
acentuava o serviço espiritual <strong>de</strong><br />
praticar o bem. A linha <strong>de</strong> pensamento<br />
<strong>de</strong> cada um é refletida na sua orientação<br />
a respeito do acendimento da<br />
Chanuquiá.<br />
No trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar do mal é<br />
necessário, inicialmente, investir<br />
muita força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> e muito sacrifício,<br />
pois <strong>de</strong>ve haver uma ruptura<br />
com uma rotina que se tornou<br />
parte da nossa natureza e cotidiano.<br />
Porém, com o passar do tempo,<br />
sentimos que diminui a atração pela<br />
ativida<strong>de</strong> prejudicial e com bem<br />
menos esforço consegue-se abrir<br />
mão e, finalmente, eliminar tal hábito<br />
ou prática. Esta idéia é expressa<br />
pela intensida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> luz<br />
no primeiro dia, sucedida pela sua<br />
diminuição gradativa a cada dia,<br />
conforme ensina o Beit Shamai.<br />
Em comparação, no serviço <strong>de</strong><br />
praticar o bem é possível ingressar<br />
com pouca resolução ou diligência,<br />
fazer uma boa ação a cada vez, e <strong>de</strong>pois<br />
sentir como se aumenta o <strong>de</strong>sejo<br />
<strong>de</strong> fazer mais, e uma mitsvá acaba<br />
atraindo outra, na sua seqüência. Por<br />
isso, a opinião do Beit Hilel é começar<br />
com uma vela e terminar com as oito.<br />
Chanucá nos ensina que, na prática,<br />
<strong>de</strong>vemos seguir o caminho <strong>de</strong> fazer<br />
o bem, procurar sempre adicionar<br />
mais uma mitsvá positiva, e assim,<br />
por si só, ficarão anuladas as<br />
coisas in<strong>de</strong>sejáveis. Pois a escuridão,<br />
em verda<strong>de</strong>, é covar<strong>de</strong>; basta acen<strong>de</strong>r<br />
uma luz e ela foge. Cada um <strong>de</strong><br />
nós tem habilida<strong>de</strong> inata e po<strong>de</strong>r para<br />
brilhar e iluminar nosso ambiente, fato<br />
que não <strong>de</strong>ve e não po<strong>de</strong> ser abafado.<br />
Jamais faltará energia espiritual<br />
no mundo, enquanto <strong>de</strong>ixarmos o<br />
nosso brilho interior se manifestar.<br />
Desejo um Feliz Chanucá para<br />
todos nossos leitores. Que possamos<br />
através do nosso serviço espiritual<br />
da difusão da luz e expulsão<br />
da escuridão apressar a revelação<br />
do Mashiach quando assistiremos<br />
ao acendimento da Menorá no nosso<br />
terceiro Templo Sagrado, que<br />
seja muito em breve!<br />
*Yossef Dubrawsky é rabino do Beit Chabad <strong>de</strong> Curitiba