Visão Judaica - novembro de 2002 Kislev / Tevet 5763
Visão Judaica - novembro de 2002 Kislev / Tevet 5763
Visão Judaica - novembro de 2002 Kislev / Tevet 5763
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<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
1
2<br />
Publicação mensal<br />
in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da Empresa<br />
Jornalística <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> Ltda.<br />
Redação, Administração e Publicida<strong>de</strong><br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br - Curitiba – PR, Brasil -<br />
Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />
Diretora <strong>de</strong> Operações e Marketing<br />
Sheilla Figlarz<br />
Diretor <strong>de</strong> Redação<br />
Szyja B. Lorber<br />
Estamos nos aproximando <strong>de</strong><br />
Chanucá, a Festa das Luzes. A presente<br />
edição é <strong>de</strong>dicada a esta festivida<strong>de</strong>.<br />
Nela, o leitor po<strong>de</strong>rá encontrar<br />
diversos artigos sobre o<br />
tema, <strong>de</strong>ntro dos mais variados aspectos,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o histórico, o religioso,<br />
o cabalístico e o que inspira o<br />
sentimento profundamente intrínseco<br />
<strong>de</strong> ligação com o judaísmo e o<br />
amor à terra <strong>de</strong> Israel, lugar <strong>de</strong> nossos<br />
ancestrais. O escritor húngaro<br />
<strong>de</strong> origen judaica, Imre Kertész, que<br />
recentemente foi agraciado com o<br />
Prêmio Nobel <strong>de</strong> Literatura, talvez<br />
tenha conseguido traduzir muito<br />
bem esse sentimento durante a última<br />
visita que fez a Israel.<br />
Ele estava em Jerusalém, apreciando<br />
a paisagem da sacada <strong>de</strong><br />
seu apartamento <strong>de</strong> hotel quando<br />
recordou-se das palavras <strong>de</strong> Camus<br />
em “O Estrangeiro”. Naquela mesma<br />
manhã, um ônibus que ia <strong>de</strong><br />
Haifa a Jerusalém havia explodido.<br />
A força da <strong>de</strong>tonação fez o veículo<br />
saltar e pedaços <strong>de</strong> corpos humanos<br />
<strong>de</strong>stroçados voaram pelo ar.<br />
Nossa capa<br />
A capa reproduz o quadro cujo título é<br />
“Festa das Luzes”, pintado com a técnica<br />
óleo sobre tela, e dimensões 100cm x 80 cm,<br />
criação <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi especialmente<br />
para esta edição <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi nasceu em Bucareste,<br />
Romênia. É Arquiteto e Artista Plástico<br />
e vive em Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978. Já<br />
<strong>de</strong>senvolveu trabalhos em várias técnicas,<br />
<strong>de</strong>ntre elas pintura, gravura e tapeçaria.<br />
Recebeu premiações por seus trabalhos<br />
no Brasil e nos EUA. Suas obras estão<br />
espalhadas por vários países e tem no<br />
judaísmo, uma <strong>de</strong> suas principais fontes<br />
<strong>de</strong> inspiração.<br />
Diretora Comercial<br />
Hana Kleiner<br />
Diagramação e Arte Gráfica<br />
Sonia Mari Oleskovicz<br />
Colaboram nesta edição:<br />
Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi, Dore Gold, Edda Bergmann, Fran Baras, Herbert I.<br />
London, Joseph Farah, Markin Tu<strong>de</strong>r, Nahum Sirotsky, Salomão Figlarz,<br />
Sérgio Feldman, Shlomo Risk, Shmuel Lemle, Vittorio Corinaldi, Yossef<br />
Drubrawsky e Yossi Groisseoign.<br />
Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Acendimento das<br />
velas <strong>de</strong> shabat em<br />
Curitiba<br />
<strong>novembro</strong>/<strong>de</strong>zembro<br />
DIA HORA<br />
15/11<br />
22/11<br />
29/11<br />
6/12<br />
13/12<br />
19h23<br />
19h28<br />
19h33<br />
19h38<br />
19h43<br />
Passatempo<br />
Reflexões para Chanucá<br />
Nem sequer podia colocar seus<br />
pensamentos em or<strong>de</strong>m. Tinha ido<br />
a um congresso falar sobre o legado<br />
dos sobreviventes do Holocausto,<br />
das implicações morais e éticas<br />
para a Humanida<strong>de</strong>.<br />
No balcão do hotel pensa na situação<br />
dos israelenses assim como<br />
numa reação européia. “Tenho a<br />
impressão” — ele diz — “que o antisemitismo<br />
que durante muitos anos<br />
foi mantido no limite emergiu do<br />
pântano do subconsciente, como se<br />
fosse uma erupção <strong>de</strong> lava com<br />
odor <strong>de</strong> enxôfre.” Tanto em Jerusalém<br />
como em Berlim, ele viu na tela<br />
do televisor manifestações contrárias<br />
a Israel. Viu sinagogas incendiadas<br />
e cemitérios ju<strong>de</strong>us profanados<br />
na França. A poucas centenas<br />
<strong>de</strong> metros <strong>de</strong> sua casa berlinense,<br />
perto <strong>de</strong> Tiergarten, dois jovens ju<strong>de</strong>us<br />
norte-americanos foram agredidos<br />
em plena rua. Viu o escritor<br />
português Saramago comparando<br />
com Auschwitz o procer<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Israel<br />
contra os palestinos, sem consciência<br />
da escandalosa irrelevância<br />
Obs: Com a vigência do<br />
horário <strong>de</strong> verão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
3/11/<strong>2002</strong>, já foram<br />
acrescentadas uma hora<br />
a cada item da tabela.<br />
do paralelismo que utilizou.<br />
E com sincerida<strong>de</strong> confessou<br />
que quando viu na TV os tanques<br />
israelenses que se dirigiam a Ramallah,<br />
um pensamento atravessou-lhe<br />
a alma <strong>de</strong> forma involuntária<br />
e inelutável: a estrela judia sobre<br />
os tanques podia ser a cozida<br />
sobre sua roupa em 1944. Ou seja,<br />
ele não é imparcial e nem po<strong>de</strong> sêlo.<br />
Também nunca foi árbitro. Mas<br />
aos intelectuais europeus e críticos<br />
<strong>de</strong> Israel ele diz que em <strong>de</strong>terminadas<br />
questões po<strong>de</strong>m ter razão; entretanto,<br />
eles nunca compraram<br />
uma passagem para o ônibus que<br />
faz o trajeto Haifa-Jerusalém...<br />
E o jornalista Nahum Sirotsky,<br />
colaborador <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, que há<br />
pouco esteve no Brasil diz que “não<br />
será com atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fraqueza e<br />
medo que se vencerá o anti-semitismo<br />
renascente”. Não há motivo para<br />
ter medo, acrescenta, pois no Brasil<br />
a lei Afonso Arinos criminalizou o preconceito.<br />
Mas a observa que não se<br />
<strong>de</strong>ve confundir o racismo <strong>de</strong> minorias<br />
com a massa da nação.<br />
“À comunida<strong>de</strong> só posso dizer<br />
que an<strong>de</strong> ereta e nada tema. E que<br />
aqueles que pensarem que <strong>de</strong>vem<br />
fazer algo por Israel que o façam<br />
sem medo. Temos milhares <strong>de</strong> anos<br />
<strong>de</strong> história. Demos ao mundo os<br />
Mandamentos, as normas da ética<br />
i<strong>de</strong>al, Jesus e ate o islamismo. Somos<br />
obrigados por lei religiosa a fazer o<br />
melhor. Presto serviços á minha pátria,<br />
Brasil, do melhor jeito possível. E<br />
por amor a Israel não <strong>de</strong>ixo jamais <strong>de</strong><br />
criticar e con<strong>de</strong>nar seus erros. Só<br />
haverá paz quando israelenses e palestinos<br />
enten<strong>de</strong>rem que será viabilizada<br />
quando apren<strong>de</strong>rem que jamais<br />
existirá uma solução justa e<br />
satisfatória para lado algum. Será<br />
uma divisão <strong>de</strong> injustiças, como previu<br />
Chaim Weizman nos anos vinte.<br />
E ela virá, pois não há alternativa<br />
nem para israelenses nem palestinos<br />
no seio dos quais atuam os animalescos<br />
e bestiais terroristas. Mas<br />
também entre israelenses existem<br />
os exageros... “<br />
A Redação<br />
Vem aí o bazar Wizo-Provopar<br />
Uma opção muito boa para quem quiser fazer economia e antecipar<br />
suas compras <strong>de</strong> final <strong>de</strong> ano s erá visitar o 14º Bazar Beneficente<br />
que a Wizo e a Provopar vão promover dias 7 e 8 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro,<br />
no Shopping Novo Batel - Piso C. Atenção para os horários<br />
<strong>de</strong> funcionamento: Dia 7 das 20 às 22h e dia 8, das 10 às 19h.<br />
Como sempre, haverá comida típica Israelense, e os produtos, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />
varieda<strong>de</strong>, serão comercializados abaixo do custo <strong>de</strong> mercado. Neste ano haverá<br />
eletrodomésticos, produtos importados, artigos <strong>de</strong> armazém, artesanato em<br />
geral, utensílios para o lar, roupas importadas e ainda muitas outras opções.<br />
Qualquer informação a respeito do bazar com Larisa no telefone 242-5561,<br />
às terças, quartas e quintas-feiras das 14 às 18h.<br />
A Wizo tem se<strong>de</strong>s espalhadas em vários países e é uma entida<strong>de</strong> que tem<br />
como objetivo preservar e divulgar a cultura e as tradições judaicas, bem como<br />
atuar no <strong>de</strong>senvolvimento das populações locais por intermédio <strong>de</strong> inúmeras<br />
ações, entre elas a beneficência.<br />
Datas importantes<br />
29 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> Véspera <strong>de</strong> Chanucá<br />
30 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> 1º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />
1º <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 2º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />
2 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 3º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />
3 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 4º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />
4 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 5º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />
5 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 6º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />
6 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 7º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />
7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 8º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />
15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro Jejum <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> <strong>Tevet</strong><br />
Observação: Veja na página 5 os horários<br />
<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nto das velas <strong>de</strong> Chanucá
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Debates medievais (II) e alterida<strong>de</strong><br />
Sérgio Feldman *<br />
As obras <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s foram<br />
<strong>de</strong>latadas à Inquisição. E<br />
foram queimadas em uma fogueira.<br />
Mas quem acusou Maimôni<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> herético? Este fato<br />
ocorrido no ano <strong>de</strong> 1232 parece<br />
ficção ou até mentira, quando se<br />
conta que os acusadores eram<br />
ju<strong>de</strong>us, praticantes e ortodoxos.<br />
Como nos conta Simon Dubnow<br />
em seu Manual <strong>de</strong> la Historia<br />
Judia (Buenos Aires, 1944), nas<br />
pág. 436-437 e repetido no livro<br />
<strong>de</strong> Hans Borger, <strong>de</strong>nominado<br />
Uma história do povo ju<strong>de</strong>u<br />
(São Paulo: Sefer, 1999), nas<br />
pág. 399-400, isso realmente<br />
ocorreu. Mas seria uma distorção<br />
contar a história pela meta<strong>de</strong><br />
e com isso falsear a história,<br />
não contextualizando o<br />
momento, para enten<strong>de</strong>r o radicalismo<br />
e a intolerância.<br />
Em 1232, um grupo <strong>de</strong> sábios<br />
ju<strong>de</strong>us li<strong>de</strong>rados pelo rabi<br />
Salomon <strong>de</strong> Montpellier, proclamou<br />
como hereges, a todos<br />
aqueles que estudavam a filosofia,<br />
<strong>de</strong>clarando como excomungadas<br />
as obras <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s.<br />
Isso irritou os partidários do livre<br />
pensamento e iniciou-se um<br />
agudo conflito. Os dois lados<br />
consi<strong>de</strong>rando-se “donos da verda<strong>de</strong>”,<br />
começaram se agredir<br />
mutuamente. Então os “puritanos”<br />
(na expressão <strong>de</strong> Dubnow)<br />
<strong>de</strong> Montpellier <strong>de</strong>ram um passo<br />
muito perigoso: foram ver os<br />
monges dominicanos, que perseguiam<br />
os hereges albigenses<br />
no Sul da França (região <strong>de</strong>nominada<br />
Provença) e lhes disseram:<br />
“Sabeis que também em<br />
nosso povo existem muitos hereges<br />
e blasfemos, que se <strong>de</strong>leitam<br />
com os ensinamentos <strong>de</strong><br />
Maimôni<strong>de</strong>s, autor <strong>de</strong> obras <strong>de</strong><br />
filosofia inspiradas no epicurismo<br />
(hedonismo ou visão carnal<br />
da vida). Se exterminais, a vossos<br />
hereges, exterminais também<br />
os nossos, queimando os<br />
livros daninhos” (traduzi <strong>de</strong> maneira<br />
simplificada o texto <strong>de</strong> Dubnow).<br />
Com tal proposta partindo<br />
dos próprios ju<strong>de</strong>us, os dominicanos<br />
não vacilaram em<br />
obter autorização superior, para<br />
recolher e queimar as obras <strong>de</strong><br />
Maimôni<strong>de</strong>s. O magnífico “Guia<br />
dos Perplexos” foi a vitima principal<br />
<strong>de</strong>sta repressão e da queima<br />
<strong>de</strong> livros. O feitiço virou contra<br />
o feiticeiro: em 1242, já não<br />
era mais a obra <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s.<br />
Em Paris, baseada numa<br />
acusação falsa <strong>de</strong> Nicholas Donin,<br />
se repetiu esta violência<br />
contra uma das obras mais significativas<br />
da cultura judaica: o<br />
Talmud, a magnífica coletânea,<br />
feita pelos maiores rabinos <strong>de</strong><br />
toda a nossa história, foi <strong>de</strong>nunciado<br />
como anti-cristão e repleto<br />
<strong>de</strong> blasfêmias. A aliança <strong>de</strong><br />
dominicanos inquisidores e <strong>de</strong><br />
rabinos ju<strong>de</strong>us mostra como o<br />
radicalismo e a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
dialogar com o próximo, po<strong>de</strong><br />
levar à cegueira e ao fanatismo.<br />
E no final, leva à tragédia.<br />
No período em que trabalhei<br />
em Belo Horizonte (entre 1984<br />
e 1987), foi <strong>de</strong>clarado pela Unesco,<br />
o ano <strong>de</strong> 1985, como o Ano<br />
Internacional <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s.<br />
Nascido em 1135 em Córdoba,<br />
na Espanha muçulmana, veio a<br />
falecer no Egito em 1204, Rambam<br />
(iniciais <strong>de</strong> Rabino Moisés<br />
filho <strong>de</strong> Maimon) foi a síntese do<br />
encontro do Judaísmo e da filosofia<br />
grega medieval (neoaristotelismo),<br />
num contexto da Sefarad<br />
(Espanha medieval), em que<br />
o Islam culto e tolerante, oferecia<br />
um espaço para reflexão, discussão<br />
e dialogo entre as três religiões:<br />
Judaísmo, Islamismo e Cristianismo.<br />
Era o final <strong>de</strong> uma era<br />
na Espanha muçulmana. O próprio<br />
Maimôni<strong>de</strong>s fugiu com sua família,<br />
vivendo um período no Marrocos<br />
e buscando refúgio no Egito<br />
dos Fatimidas, sob a proteção do<br />
sultão Saladino. O que po<strong>de</strong>mos<br />
apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ste episódio?<br />
Na semana passada participei<br />
<strong>de</strong> um segundo <strong>de</strong>bate com<br />
um intelectual árabe, sobre o<br />
conflito do Oriente Médio. O primeiro,<br />
realizado com o sr. George<br />
Bourdokan, no Teatro da Reitoria,<br />
em setembro último, foi difícil,<br />
incômodo e não propiciou<br />
dialogo e entendimento. O sr.<br />
Bourdokan, consi<strong>de</strong>rado um jornalista<br />
famoso e representante<br />
<strong>de</strong> certas alas da esquerda,<br />
mostrou-se mal preparado, intolerante<br />
e agressivo ao comparar<br />
o conflito do Oriente Médio com<br />
o Holocausto. Através <strong>de</strong> figuras<br />
<strong>de</strong> retórica distorceu fatos e não<br />
saiu em busca <strong>de</strong> dialogo, mas<br />
confrontação. Em nenhum momento<br />
falou <strong>de</strong> paz, reconhecimento<br />
mútuo e diálogo. Felizmente,<br />
tive um segundo <strong>de</strong>bate,<br />
<strong>de</strong>sta vez patrocinado pela Facel,<br />
com o intelectual árabe muçulmano,<br />
professor. doutor Jamil<br />
Ibrahim Iskandar (doutor em Filosofia).<br />
Um <strong>de</strong>bate intenso, crítico<br />
e can<strong>de</strong>nte. Os dois lados<br />
falaram as suas verda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram<br />
suas visões. De maneira<br />
elegante o prof. Iskandar<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a causa palestina e os<br />
direitos <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>terminação do<br />
povo palestino. Sem baixarias e<br />
distorções. E <strong>de</strong> minha parte<br />
admiti meu <strong>de</strong>sprazer pela maneira<br />
que os radicais <strong>de</strong> ambos<br />
os lados estão dando as cartas.<br />
Obviamente <strong>de</strong>fendi o direito <strong>de</strong><br />
Israel a seu reconhecimento, à<br />
segurança <strong>de</strong> sua população e<br />
a uma vida normal no seio das<br />
nações. Foi um momento <strong>de</strong><br />
raro diálogo: entre duas posições<br />
que se opõem, mas po<strong>de</strong>m<br />
convergir no i<strong>de</strong>al da paz, da<br />
auto<strong>de</strong>terminação e do fim do<br />
circulo infinito e tão sofrido da<br />
violência. Não queremos acabar<br />
com os palestinos. Não<br />
queremos exterminar e nem ser<br />
exterminados. Queremos ser<br />
reconhecidos como um estado<br />
legítimo e po<strong>de</strong>r viver em paz.<br />
E temos que ofertar o mesmo<br />
para nossos vizinhos, ainda<br />
que o radicalismo nos cegue,<br />
que o fanatismo os cegue, pois<br />
não há outra saída.<br />
Al Andaluz (Espanha medieval)<br />
nos oferece um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
tolerância. O que se seguiu foi o<br />
fanatismo <strong>de</strong> muçulmanos fundamentalistas<br />
(num contexto historicamente<br />
diferente), que foram<br />
os reinos dos Almorávidas<br />
e dos Almoa<strong>de</strong>s (quando os pais<br />
<strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s fogem <strong>de</strong> Sefarad<br />
- Espanha). O que se seguiu<br />
foi a Inquisição e a queima, primeiro<br />
<strong>de</strong> livros e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pessoas.<br />
Esta foi a inspiração medieval,<br />
para as câmaras <strong>de</strong> gás<br />
e os fornos crematórios. Será<br />
que po<strong>de</strong>mos apren<strong>de</strong>r algo da<br />
História? Verda<strong>de</strong>s absolutas e<br />
intolerância não levam a nada.<br />
Diálogo e convivência po<strong>de</strong>m<br />
nos levar a um futuro melhor. Na<br />
saída do <strong>de</strong>bate, tomamos um<br />
cafezinho, junto com os promotores<br />
do evento. Combinamos<br />
em data futura fazer uma mesa<br />
redonda para <strong>de</strong>bater sobre Al<br />
Andaluz (ou Sefarad) – a Espanha<br />
Medieval. Iskandar que é filosofo<br />
falaria <strong>de</strong> Avicena (acabou<br />
<strong>de</strong> traduzir um livro <strong>de</strong>le) e<br />
<strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s. E eu falaria do<br />
contexto histórico da Espanha<br />
das três religiões: um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />
diálogo, cultura, religião e saber<br />
que po<strong>de</strong> servir para construir<br />
uma ponte entre os dois lados<br />
<strong>de</strong> um conflito que incomoda e<br />
afeta nosso cotidiano e traz mortes<br />
e pesar. SHALOM e SALAM:<br />
que a Paz seja sempre nosso<br />
i<strong>de</strong>al e a nossa verda<strong>de</strong>.<br />
3<br />
* Sérgio Feldman é<br />
professor adjunto<br />
<strong>de</strong> História Antiga<br />
do Curso <strong>de</strong><br />
História da<br />
Universida<strong>de</strong><br />
Tuiuti do Paraná e<br />
doutorando em<br />
História pela<br />
UFPR.
4<br />
Chanucá é a mais<br />
recente e o menos importante<br />
dos feriados<br />
judaicos, ainda que sua<br />
história e o cerimonial<br />
que envolve estejam mais<br />
vivos do que nunca.<br />
Chanucá celebra a bem-sucedida<br />
rebelião dos ju<strong>de</strong>us,<br />
nos dias do Segundo<br />
Templo, contra os gregos<br />
selêucidas, her<strong>de</strong>iros<br />
da parcela Síria do império <strong>de</strong>rrotado<br />
<strong>de</strong> Alexandre Magno. O<br />
oitavo sucessor da coroa da dinastia<br />
selêucida, Antíoco Epifânio,<br />
queria a todo custo implantar<br />
a religião grega na Judéia,<br />
baseado na sempre atual teoria<br />
<strong>de</strong> que o inconformismo religioso<br />
era uma ameaça ao Estado.<br />
Seus esforços foram tão bem sucedidos<br />
que, no ano <strong>de</strong> 168<br />
a.e.c., suas forças armadas instalaram<br />
um ídolo no Templo <strong>de</strong><br />
Jerusalém e <strong>de</strong>signaram sacerdotes<br />
ju<strong>de</strong>us convertidos para<br />
oferecer o sacrifício <strong>de</strong> porcos<br />
aos <strong>de</strong>uses gregos nos pátios do<br />
Rei Salomão.<br />
Antioco tornou crime passível<br />
<strong>de</strong> pena <strong>de</strong> morte em toda a Terra<br />
Santa o ensino da Bíblia e a<br />
circuncisão. Seus exércitos percorriam<br />
o país, colocando ídolos<br />
e sacerdotes convertidos em<br />
toda a al<strong>de</strong>ia, sem provocar<br />
qualquer reação das populações<br />
assombradas e amedrontadas.<br />
Um choque se <strong>de</strong>u quando Matatias,<br />
um ancião da família dos<br />
príncipes hasmoneus, recusou-<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Chanucá – A Festa das Luzes<br />
30/11 a 07/12 - 25 <strong>de</strong> <strong>Kislev</strong> (1ª noite – 29/11)<br />
se a oferecer um sacrifício ao<br />
objeto da idolatria instalado em<br />
sua cida<strong>de</strong>, Modiin, e com suas<br />
próprias mãos matou o homem<br />
que iria abater o porco em seu<br />
lugar. Seus cinco filhos o salvaram<br />
das mãos dos militares, levando-o<br />
para as colinas e organizando<br />
uma rebelião que, em<br />
três dias, varreu os gregos <strong>de</strong><br />
toda a Judéia. Assim, o gesto<br />
<strong>de</strong>cidido <strong>de</strong> um velho fez <strong>de</strong>sviar<br />
o curso dos acontecimentos.<br />
Todo o futuro do judaísmo po<strong>de</strong><br />
perfeitamente ter se baseado na<br />
atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Matatias.<br />
No vigésimo quinto dia <strong>de</strong><br />
<strong>Kislev</strong>, no ano <strong>de</strong> 165 a.e.c., as<br />
tropas legalistas li<strong>de</strong>radas por<br />
Judá, o Macabeu, filho guerreiro<br />
<strong>de</strong> Matatias, recapturaram o<br />
Templo e <strong>de</strong>ram início a oito dias<br />
<strong>de</strong> purificação e reconsagração<br />
do mesmo. Chanucá significa<br />
“consagração”. A festa assinala<br />
os oito dias durante os quais o<br />
Templo foi restaurado para o culto<br />
<strong>de</strong> D-us. Os serviços religiosos<br />
prosseguiram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então<br />
durante mais <strong>de</strong> dois séculos,<br />
até que os romanos <strong>de</strong>rrubaram<br />
Jerusalém no ano 70 e <strong>de</strong>struíram<br />
a casa do Eterno, que ainda<br />
está para ser reconstruída.<br />
Chanucá em nossos dias<br />
Até aqui a história <strong>de</strong> Chanucá<br />
foi sintetizada porque, ao contrário<br />
das narrativas bíblicas, ela<br />
não integra o acervo comum da<br />
cultura oci<strong>de</strong>ntal. Durante um<br />
milênio <strong>de</strong> existência nacional<br />
em Canaã, os ju<strong>de</strong>us muitas vezes<br />
expulsaram os opressores e<br />
reconquistaram a in<strong>de</strong>pendência.<br />
Mas somente a guerra dos<br />
macabeus, que foi uma batalha<br />
pela liberda<strong>de</strong> religiosa, <strong>de</strong>stacou-se<br />
e tem espaço nos rituais<br />
<strong>de</strong> nossa fé. Foi a primeira confrontação<br />
dos ju<strong>de</strong>us, em larga<br />
escala, com uma questão que<br />
iria acompanhá-los nos dois milênios<br />
seguintes: po<strong>de</strong> uma pequena<br />
nação, vivendo em meio<br />
a uma cultura majoritária triunfante,<br />
participar da vida geral e<br />
ainda assim preservar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
própria, ou <strong>de</strong>ve ela ser<br />
absorvida pela maioria?<br />
O <strong>de</strong>safio permanece. A proposta<br />
é a mesma: oferece-se um<br />
modo <strong>de</strong> vida diferente aos ju<strong>de</strong>us<br />
e, em troca, eles <strong>de</strong>vem<br />
renunciar à sua religião. Forças<br />
não repressoras sutilmente conduzem<br />
os ju<strong>de</strong>us. A posição dos<br />
governos do mundo livre é a <strong>de</strong><br />
que as comunida<strong>de</strong>s judaicas<br />
têm o direito <strong>de</strong> se manterem<br />
apegadas à fé <strong>de</strong> seus pais e<br />
<strong>de</strong>vem exercê-lo. Mas a contradição<br />
está implícita na força que<br />
Tocqueville já havia <strong>de</strong>finido em<br />
sua inesquecível frase como a<br />
maior fraqueza como a maior fraqueza<br />
da <strong>de</strong>mocracia: “a tirania<br />
da maioria” - a pressão para imitar<br />
os vizinhos, o impulso para<br />
se conformar com opiniões e<br />
maneiras populares, o profundo<br />
medo <strong>de</strong> ser diferente. São estas<br />
as forças <strong>de</strong> Antioco no mundo<br />
em que vivemos.<br />
É o único feriado judaico sem<br />
raízes bíblicas e, à primeira vista,<br />
comemora a mais improvável<br />
vitória militar. Mas, na verda<strong>de</strong>,<br />
Chanucá celebra a vitória da profundida<strong>de</strong><br />
e riqueza da cultura<br />
judaica contra a superficialida<strong>de</strong><br />
da cultura helênica.<br />
De acordo com a Lei, as velas<br />
<strong>de</strong> Chanucá <strong>de</strong>vem ar<strong>de</strong>r<br />
junto à janela para que possam<br />
ser vistas por todos os que passam<br />
na rua. Nossos sábios chamam<br />
a isto “proclamar o milagre”.<br />
O Talmud diz: “Houve um<br />
milagre e acharam um pote <strong>de</strong><br />
azeite lacrado com o selo do<br />
Cohen Gadol (Sumo Sacerdote)”<br />
(Shabat 21:2).<br />
O único ser humano que tinha<br />
o direito <strong>de</strong> entrar no Ko<strong>de</strong>sh<br />
Hakodashim, o lugar mais sagrado<br />
do mundo, era o Cohen Gadol.<br />
Os gregos, não tiveram<br />
acesso a este lugar, cuja santida<strong>de</strong><br />
é superior ao restante do<br />
Templo. Esta foi a razão pela<br />
qual não pu<strong>de</strong>ram mexer no pote<br />
com o selo do Cohen Gadol e<br />
torná-lo impuro.<br />
Esta foi também a razão pela<br />
qual o milagre do azeite durou<br />
oito dias, pois o Ko<strong>de</strong>sh Hakodashim<br />
está acima da natureza.<br />
O número oito simboliza o transcen<strong>de</strong>ntal.<br />
Tudo o que é sagrado<br />
está afastado da natureza,<br />
que é simbolizada pelo número<br />
sete (sete dias da semana). O<br />
número oito simboliza o que é<br />
superior à natureza.<br />
Em hebraico a palavra Shmone<br />
– que significa oito – tem as<br />
mesmas letras da palavra<br />
Neshamá – alma – e, também da<br />
palavra Hashemen – azeite. Estas<br />
três palavras estão interligadas<br />
pelo significado e lembram<br />
o transcen<strong>de</strong>ntal.<br />
Era o suprimento para um<br />
dia. Eles sabiam que seriam<br />
necessários pelo menos oito<br />
dias para produzir mais óleo<br />
puro mas, mesmo assim, <strong>de</strong>cidiram<br />
acen<strong>de</strong>r a gran<strong>de</strong> Menorá<br />
do Templo. O óleo ar<strong>de</strong>u<br />
durante oito dias.<br />
Este Midrash (comentários<br />
rabínicos muito antigos) é um<br />
resumo da história dos ju<strong>de</strong>us.<br />
Toda a nossa história é a lenda<br />
fantástica <strong>de</strong> um suprimento <strong>de</strong><br />
óleo para um só dia que dura oito<br />
dias, <strong>de</strong> campos incendiados<br />
que não se consomem, <strong>de</strong> uma<br />
existência nacional que pela lógica<br />
das coisas já <strong>de</strong>veria ter se<br />
extinguido há muito tempo e<br />
que, no entanto, continua a ar<strong>de</strong>r.<br />
Este é o relato que fazemos<br />
aos nossos filhos nas noites <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>zembro, quando acen<strong>de</strong>mos<br />
as velinhas <strong>de</strong> Chanucá, no can<strong>de</strong>labro<br />
<strong>de</strong> nove braços.<br />
Como celebrar Chanucá<br />
• A primeira vela <strong>de</strong>ve ser colocada<br />
na extrema direita da<br />
chanuquiá (can<strong>de</strong>labro <strong>de</strong><br />
nove braços). A cada dia<br />
acrescenta-se mais uma vela,<br />
sempre começando da direita<br />
para a esquerda.<br />
• A primeira vela a ser acesa fica<br />
do lado direito da chanuquiá.<br />
Na segunda noite, adicionase<br />
uma nova vela à esquerda<br />
da primeira e assim por diante<br />
até completar oito velas.<br />
Portanto, sempre se começa<br />
acen<strong>de</strong>ndo a última vela colocada<br />
à esquerda e continua-se<br />
acen<strong>de</strong>ndo da esquerda<br />
para a direita.<br />
Por que se acen<strong>de</strong> uma<br />
vela na primeira noite <strong>de</strong> Chanucá,<br />
duas na segunda, etc,<br />
até que na última noite se<br />
acen<strong>de</strong>m oito velas?<br />
No Talmud, é discutido se<br />
<strong>de</strong>vemos acen<strong>de</strong>r uma vela na<br />
primeira noite, duas na segunda,<br />
etc. (que era a posição <strong>de</strong><br />
Hilel), ou se na primeira noite<br />
acen<strong>de</strong>mos oito velas, sete na<br />
segunda noite, etc. (que era a
posição <strong>de</strong> Shamai). Decidiu-se<br />
seguir a opinião <strong>de</strong> Hilel, que dizia<br />
que, em assuntos sagrados,<br />
<strong>de</strong>ve-se acrescentar (aumentar)<br />
e não diminuir.<br />
Por que se acen<strong>de</strong>m as<br />
velas <strong>de</strong> Chanucá da esquerda<br />
para a direita?<br />
Ao logo dos séculos evoluíram<br />
diversos costumes para o<br />
acendimento das velas. A mais<br />
aceita hoje em dia segue a tradição<br />
<strong>de</strong> dar a mesma importância<br />
aos lados direito e esquerdo da<br />
chanuquiá, indicando que D-us<br />
está presente em todos os lugares.<br />
As velas, portanto, são inseridas<br />
da direita para a esquerda<br />
e são acesas da esquerda<br />
para a direita (a vela nova é<br />
a primeira a ser acesa).<br />
• No shabat acen<strong>de</strong>-se primeiro<br />
as velas <strong>de</strong> Chanucá.<br />
• Sábado à noite <strong>de</strong>ve-se preparar<br />
e acen<strong>de</strong>r as velas <strong>de</strong><br />
Chanucá após a Havdalá.<br />
• Por ser sagrada, a luz da<br />
chanuquiá não po<strong>de</strong>rá ser usada<br />
para nenhum outro fim (trabalhar,<br />
ler, etc.)<br />
• Todos os membros da família<br />
<strong>de</strong>vem estar presentes na<br />
hora <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r a chanuquiá.<br />
Não somente marido e mulher,<br />
mas também crianças <strong>de</strong> todas<br />
as ida<strong>de</strong>s. Des<strong>de</strong> que possam<br />
segurar com segurança uma<br />
vela, as crianças têm obrigação<br />
<strong>de</strong> acendê-las. Estudantes ou<br />
solteiros que moram sozinhos<br />
<strong>de</strong>vem ter suas próprias chanuquiot.<br />
As mulheres têm a mesma<br />
obrigação, portanto, em um<br />
lugar on<strong>de</strong> só há mulheres, <strong>de</strong>ve<br />
ser acesa a chanuquiá e pronunciadas<br />
as bênçãos. Nossos sábios<br />
enfatizam a importância das<br />
mulheres participarem da cerimônia,<br />
pois gran<strong>de</strong> parte da vitória<br />
militar dos ju<strong>de</strong>us sobre<br />
seus inimigos se <strong>de</strong>ve a Judith.<br />
sevivon<br />
Rabi Yehoshua Ben-Levi diz: “As<br />
mulheres são obrigadas a cumprir<br />
a mitzvá <strong>de</strong> Chanucá, pois<br />
elas também são parte do milagre”.<br />
Os gregos haviam <strong>de</strong>cretado<br />
que toda jovem, no dia que<br />
antece<strong>de</strong>sse seu casamento,<br />
<strong>de</strong>veria se submeter sexualmente<br />
a um príncipe grego. As mulheres<br />
se salvaram <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>creto<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o milagre da vitória dos<br />
macabeus.<br />
• Após o aparecimento das<br />
estrelas, acen<strong>de</strong>r a chanuquiá<br />
diariamente durante os oito dias<br />
da festa <strong>de</strong> Chanucá. Se não for<br />
possível, po<strong>de</strong>rão ser acesas<br />
mais tar<strong>de</strong>, porém, em um horário<br />
no qual os membros da família<br />
ainda estejam acordados. Na<br />
sexta-feira <strong>de</strong>vem ser acesas<br />
antes do pôr-do-sol e antes das<br />
velas <strong>de</strong> Shabat. Devem permanecer<br />
acesas pelo menos meia<br />
hora após o anoitecer. Neste dia<br />
<strong>de</strong>vem ser usadas velas maiores<br />
para que ardam até meia<br />
hora <strong>de</strong>pois do inicio do Shabat.<br />
• Usar azeite ou velas <strong>de</strong><br />
cera gran<strong>de</strong>s o bastante para<br />
que a luz da chanuquiá permaneça<br />
acesa no mínimo meia hora<br />
após o anoitecer. Por isso, se<br />
uma vela apagar durante este<br />
período – com exceção da noite<br />
do Shabat – <strong>de</strong>verá ser acesa<br />
novamente.<br />
• Usar um Shamash (uma<br />
vela) que será colocado em um<br />
lugar especial na chanuquiá,<br />
para acen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>mais velas.<br />
Por que se usa uma nona<br />
vela, o Shamash, para acen<strong>de</strong>r<br />
as outras velas da chanuquiá?<br />
Esta é uma continuação do<br />
costume seguido quando o can<strong>de</strong>labro<br />
<strong>de</strong> sete braços do Tabernáculo<br />
e do Templo era aceso. O<br />
sétimo braço em cada uma <strong>de</strong>stas<br />
menorót era <strong>de</strong>nominado shamash<br />
(“servidor”). Usado para<br />
acen<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mais, não era contado<br />
como uma das luminárias.<br />
Também se usa uma nona<br />
vela porque as oito velas principais<br />
da chanuquiá não po<strong>de</strong>m<br />
ser usadas para fins práticos.<br />
• Deve-se acen<strong>de</strong>r as luzes<br />
da chanuquiá <strong>de</strong> forma que sua<br />
luz seja vista do lado <strong>de</strong> fora da<br />
casa. Significa que não basta iluminar<br />
somente o próprio lar com<br />
a luz e calor do verda<strong>de</strong>iro modo<br />
<strong>de</strong> vida judaico <strong>de</strong> Torá, mas é<br />
necessário difundi-los ao exterior<br />
da casa, pela vizinhança e<br />
comunida<strong>de</strong> em geral.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
29/11, sexta-feira<br />
antes das 19h33<br />
30/11, sábado<br />
após às 19h35<br />
01/12, domingo<br />
ao anoitecer<br />
02/12, segunda-feira<br />
ao anoitecer<br />
03/12, terça-feira<br />
ao anoitecer<br />
04/12, quarta-feira<br />
ao anoitecer<br />
05/12, quinta-feira<br />
ao anoitecer<br />
06/12, sexta-feira<br />
antes das 19h38<br />
Como acen<strong>de</strong>r a Chanuquiá<br />
• Primeiro acenda o shamash e<br />
<strong>de</strong>pois pronuncie as bênçãos.<br />
Em seguida, acenda as velas<br />
da chanuquiá com o shamash.<br />
• Acenda a primeira vela do lado<br />
direito da chanuquiá; na segunda<br />
noite, acrescente uma<br />
vela nova do lado esquerdo da<br />
primeira, e assim sucessivamente.<br />
A vela a ser acesa é<br />
sempre a nova, proce<strong>de</strong>ndo<br />
da esquerda para a direita.<br />
• Antes <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r as luzes da<br />
chanuquiá na primeira noite<br />
recite as três bênçãos e nas<br />
noites seguintes, somente as<br />
duas primeiras.<br />
1. Baruch Atá A-do-nai E-lohênu<br />
Melech Haolam, asher<br />
ki<strong>de</strong>shânu bemitsvotav, vetsivánu<br />
lehadlic ner Chanucá.<br />
(Bendito és Tu, ó Eterno<br />
nosso D-us, Rei do Universo,<br />
que nos santificou com seus<br />
Mandamentos e nos or<strong>de</strong>nou<br />
acen<strong>de</strong>r as velas <strong>de</strong> Chanucá).<br />
2. Baruch Atá A-do-nai E-lohênu<br />
Mêlech Haolam, sheassá<br />
nissim laavotênu bayamim<br />
hahêm bizman hazê.<br />
(Bendito és Tu, ó Eterno nosso<br />
D-us, Rei do Universo, que<br />
operou milagres para nossos<br />
antepassados, naqueles dias,<br />
correspon<strong>de</strong>ntes a esta época).<br />
3. Baruch Atá A-do-nai E-lohênu<br />
Mêlech Haolam, shehecheyánu<br />
vekiyemánu vehiguiánu<br />
lizman hazê. (Bendito<br />
és Tu, ó Eterno nosso D-us,<br />
Rei do Universo, que nos <strong>de</strong>u<br />
vida, nos manteve e nos permitiu<br />
chegar até a presente<br />
época).<br />
Por que se pronunciam<br />
três bênçãos sobre as velas<br />
na primeira noite <strong>de</strong><br />
Chanucá?<br />
As duas primeiras bênçãos<br />
que se pronuncia sobre as velas<br />
<strong>de</strong> Chanucá referem-se especificamente<br />
ao acendimento<br />
das luzes e ao milagre <strong>de</strong> Chanucá.<br />
A terceira bênção, o Shechecheiánu,<br />
é recitada na primeira<br />
noite <strong>de</strong> todas as festas.<br />
Expressa gratidão pessoal por<br />
estar-se vivo, bem e em condições<br />
<strong>de</strong> observar a festivida<strong>de</strong>.<br />
É costume comer latkes (bolinhos<br />
<strong>de</strong> batata fritos) e sonhos<br />
em Chanucá, porque eles são<br />
fritos em óleo, e o óleo simboliza<br />
o milagre da chama que ficou<br />
acesa oito dias.<br />
Receita <strong>de</strong> latkes<br />
Ingredientes:<br />
• ½ kg <strong>de</strong> batata;<br />
• 2 ovos inteiros;<br />
• 4 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> trigo;<br />
• sal a gosto.<br />
5<br />
Modo <strong>de</strong> fazer:<br />
Descascar as batatas, lavar e secar. Ralar<br />
no ralador grosso, fazendo tirinhas. Misturar<br />
com os ovos, o trigo e o sal. A massa <strong>de</strong>ve<br />
ficar úmida. Fritar em óleo bem quente.
6<br />
* Shmuel Lemle, do<br />
Centro <strong>de</strong> Cabala do<br />
Rio <strong>de</strong> Janeiro –<br />
shmuel.lemle@<br />
kabbalah.com<br />
adaptou este texto<br />
baseado nos<br />
ensinamentos do<br />
cabalista Rav Berg,<br />
diretor internacional<br />
do Centro <strong>de</strong> Cabala<br />
www.kabbalah.com<br />
Os cabalistas sempre buscam<br />
explorar o invisível — as causas<br />
ocultas por trás dos eventos que<br />
ocorrem no universo. Seus estudos<br />
incluem as festas judaicas.<br />
Através dos penetrantes olhos<br />
do cabalista, as festas não são<br />
meras celebrações que criam tradições.<br />
Se não são tradições ou<br />
celebrações anuais, o que são?<br />
De acordo com a sabedoria cabalística,<br />
as festas fazem parte do<br />
plano do universo — a agenda<br />
cósmica que po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo muito<br />
prático, melhorar nosso bemestar<br />
físico e espiritual.<br />
A festa representa um dia sagrado,<br />
em referência à palavra Kadosh<br />
em hebraico. Kadosh é traduzido<br />
como sagrado,<br />
mas na<br />
verda<strong>de</strong> significa<br />
completo. É um<br />
dia que apresenta<br />
um circuito inteiro<br />
e completo <strong>de</strong><br />
energia espiritual.<br />
Na verda<strong>de</strong> é bastante<br />
simples. Assim<br />
como um físico<br />
usa fórmulas simples<br />
para <strong>de</strong>screver os misté-<br />
É compreensível que a consciência<br />
histórica e o seu registro escrito<br />
somente hajam se <strong>de</strong>senvolvido no<br />
seio daqueles povos <strong>de</strong> marcada autoconfiança,<br />
convictos <strong>de</strong> seu caráter<br />
específico.<br />
Na Antiguida<strong>de</strong> este sentimento<br />
<strong>de</strong> nobreza e irregularida<strong>de</strong> existiu<br />
em dois povos: os gregos e os ju<strong>de</strong>us.<br />
Ambos empreen<strong>de</strong>ram a tarefa <strong>de</strong> escrever<br />
a história, primeiro os israelitas<br />
e séculos mais tar<strong>de</strong>, os gregos.<br />
Chanucá faz parte <strong>de</strong>sta história.<br />
Um empreendimento é uma vitória<br />
militar <strong>de</strong> poucos sobre muitos, <strong>de</strong><br />
uma idéia, <strong>de</strong> uma fé e <strong>de</strong> bases e<br />
premissas religiosas baseadas na<br />
existência <strong>de</strong> um D-us único, sobre<br />
o conceito da idolatria. Os gregos<br />
ao dominarem a pequena Israel resolveram<br />
impor o seu pensamento<br />
religioso à força provocando a revolta<br />
dos Macabeus.<br />
Os Macabeus, uma família <strong>de</strong> cin-<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
O Sod (Segredo) <strong>de</strong> Chanucá<br />
Shmuel Lemle*<br />
rios do universo, o cabalista faz o<br />
mesmo usando as letras hebraicas<br />
— Kadosh (completo) é uma<br />
fórmula que se refere a circuitos<br />
completos <strong>de</strong> energia espiritual.<br />
um dia festivo, completo, uma<br />
energia única e específica está<br />
disponível para todos que tiverem<br />
a tecnologia para se conectar com<br />
ela. A Cabala é essa tecnologia.<br />
Portanto, será que Chanucá<br />
po<strong>de</strong> realmente ser interpretado<br />
através <strong>de</strong> seus símbolos — os<br />
sonhos, o sevivon (pião) e a chanuquiá?<br />
A Cabala ensina que <strong>de</strong>vemos<br />
fazer perguntas. Através<br />
das perguntas po<strong>de</strong>mos fazer uma<br />
conexão profunda com seu significado<br />
interno. Colocando <strong>de</strong> uma<br />
maneira simples, se não sabemos<br />
o que a festa <strong>de</strong> Chanucá po<strong>de</strong><br />
fazer por nós, em nossa vida diária,<br />
vamos continuar a testemunhar<br />
a <strong>de</strong>sespiritualização <strong>de</strong> Chanucá.<br />
Vamos agora explorar que<br />
tipo <strong>de</strong> energia está disponível em<br />
Chanucá e como po<strong>de</strong>mos atrair<br />
essa energia espiritual para nossas<br />
vidas.<br />
Por que esse feriado se<br />
chama Chanucá?<br />
Encontramos <strong>de</strong>ntro da lenda<br />
<strong>de</strong> Chanucá a história <strong>de</strong> Chana.<br />
Chana recusou-se a se submeter<br />
ao paganismo dos gregos. Ela<br />
preferia ser morta, junto com seus<br />
sete filhos, do que enfrentar a alternativa.<br />
De acordo com a sabedoria<br />
cabalística, Chana é uma<br />
palavra em código — outra fórmula<br />
— que correspon<strong>de</strong> ao nosso<br />
mundo físico. Quando se adicionam<br />
duas letras hebraicas ao<br />
nome Chana, cria-se uma nova<br />
palavra em hebraico — Chanucá.<br />
Essas duas letras hebraicas são<br />
o Kaf e o Vav. Quando combinadas,<br />
essas duas letras têm o valor<br />
numérico 26. A Cabala nos ensina<br />
que o número 26 é o código<br />
numérico do nome <strong>de</strong> D-us. Em<br />
outras palavras, quando Chana<br />
transformou seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> receber<br />
instintivo — sua preocupação natural<br />
somente com ela mesma —<br />
num <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> compartilhar e <strong>de</strong><br />
auto-sacrifício verda<strong>de</strong>iro, ela fez<br />
uma conexão com o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> D-us<br />
através <strong>de</strong>stas duas letras representadas<br />
pelo evento <strong>de</strong> Chanucá.<br />
Quando fazemos as bênçãos,<br />
o acendimento das velas e os outros<br />
rituais conectados com Chanucá,<br />
nós também po<strong>de</strong>mos nos<br />
conectar com a energia que Chana<br />
representa. Aproveitamos o<br />
po<strong>de</strong>r do Criador em sua forma<br />
Por que no terceiro milênio ainda<br />
festejamos Chanucá?<br />
Edda Bergmann*<br />
co filhos que resolveram seguir as<br />
idéias <strong>de</strong> seu pai Matatiau e dirigir e<br />
orientar uma revolta contra a ocupação<br />
do Santuário por estátuas e imagens<br />
pagãs, inclusive a profanação<br />
<strong>de</strong> um porco colocado sobre o “Aron<br />
ha ko<strong>de</strong>sh”. Surge aí a união da família<br />
e a li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> um dos filhos,<br />
por acaso o mais moço, sem o direito<br />
da primogenitura. Yehuda Macabi,<br />
o Macabeu, o Martelo.<br />
Dirigidos por seu lí<strong>de</strong>r formou-se<br />
a guerrilha que resultou na vitória dos<br />
hebreus e na reconsagração do Santuário.<br />
Este fato muito auspicioso<br />
pren<strong>de</strong>-se ao chamado milagre <strong>de</strong><br />
Chanucá. Encontrado apenas um pequeno<br />
cântaro do óleo sagrado intacto,<br />
pois por uma aparente insignificância<br />
não mereceu o olhar do invasor,<br />
mas era um óleo mais concentrado<br />
e talvez mais puro que permitiu<br />
a lâmpada sagrada ficar acesa durante<br />
oito dias, tempo necessário para<br />
que o sacerdote produzisse novo<br />
óleo. Este é o chamado milagre.<br />
Mas por que ainda hoje festejamos<br />
Chanucá? Por que se trata da<br />
vitória da fé, <strong>de</strong> uma fé inabalável e<br />
contínua, <strong>de</strong> uma fé no D-us único,<br />
da confiança no Homem como <strong>de</strong>positário<br />
<strong>de</strong>sta fé. A alegria e o festejo<br />
se dão <strong>de</strong>ntro do Templo sagrado e o<br />
júbilo é a sua <strong>de</strong>monstração.<br />
A vitória militar foi baseada na fé,<br />
a libertação ocorreu em função <strong>de</strong>ste<br />
nome Fé e o júbilo religioso é o<br />
resultado da população unida em torno<br />
<strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al.<br />
Chanucá chegou aos dias <strong>de</strong> hoje<br />
com todo este impacto, <strong>de</strong> vitória militar<br />
baseada na religião judaica, baseada<br />
na luta pela preservação do que é<br />
nosso, do que nos pertence por <strong>de</strong>sígnio<br />
<strong>de</strong> D-us. Vitória dos nossos valores<br />
que são as bases da nossa história,<br />
tanto mo<strong>de</strong>rna e atual como antiga.<br />
Assim, um largo período <strong>de</strong> consciência<br />
histórica constitui sempre um<br />
pré-requisito para escrever a história.<br />
Quando as energias humanas bro-<br />
mais po<strong>de</strong>rosa, assim como ela<br />
fez há tantos séculos atrás.<br />
A tecnologia da Cabala nos<br />
oferece meditações especiais que<br />
nos ajudam a fazer estas conexões.<br />
As meditações cabalísticas<br />
funcionam como correntes elétricas<br />
ou espirituais. Os cabos que<br />
conduzem esta corrente são a<br />
chanuquiá, as velas e as bênçãos.<br />
Estes instrumentos nos conectam<br />
diretamente com o banco <strong>de</strong> energia<br />
espiritual <strong>de</strong> nosso universo,<br />
cujo nome é Biná – um plano acima<br />
dos nossos cinco sentidos,<br />
on<strong>de</strong> a Luz do Criador flui e alimenta<br />
nosso universo vivo.<br />
Chanucá é muito mais do que<br />
rodar piões ou relembrar algum<br />
evento antigo, sem nenhuma relevância<br />
aparente em nossa vida.<br />
Chanucá representa nossa oportunida<strong>de</strong><br />
final <strong>de</strong> selar a qualida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> nossas vidas para o resto<br />
do ano que vem. Po<strong>de</strong>mos mudar<br />
nosso <strong>de</strong>stino. Superar qualquer<br />
obstáculo. Vencer qualquer<br />
situação. Tudo através do po<strong>de</strong>r<br />
da Luz que emana do Criador.<br />
Chanucá é nossa antena para receber<br />
esta força incrível — uma<br />
antiga tecnologia que vem mais<br />
uma vez para iluminar a contínua<br />
disseminação da Cabala.<br />
tam do solo fértil <strong>de</strong>ssa consciência<br />
especial é necessária a<strong>de</strong>mais a<br />
combinação <strong>de</strong> duas qualida<strong>de</strong>s para<br />
que a historiografia seja possível: o<br />
dom e o impulso científico para pesquisar<br />
e elucidar a continuida<strong>de</strong> da<br />
vida. A história é uma combinação <strong>de</strong><br />
ciência e arte, do racional e do irracional<br />
combinados com a análise crítica<br />
e imaginação, <strong>de</strong> pesquisa e intuição.<br />
Ainda hoje festejamos o milagre<br />
<strong>de</strong> Chanucá e sua visão histórica científica<br />
e artística porque ela proclama<br />
a vitória da fé em D-us, a confiança<br />
do homem em valores superiores<br />
sujeitos às premissas científicas<br />
e claras <strong>de</strong> que a vida humana<br />
tem significado e ampla função<br />
neste mundo que, em última análise,<br />
é um mundo <strong>de</strong> D-us. E os homens<br />
estão nele por premissas divinas<br />
e é regido por algo superior<br />
e extraterreno, ainda que in<strong>de</strong>cifrável<br />
para o ser humano.<br />
Algo que chamamos D-US!!!
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
O caso contra Chanucá: quando<br />
o cetro <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> Judá<br />
Shlomo Risk*<br />
Por mais incrível que pareça,<br />
po<strong>de</strong>-se fazer uma boa conjectura<br />
contra a celebração <strong>de</strong> Chanucá.<br />
Ao examinar o trecho abaixo,<br />
da autoria <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s,<br />
constatamos que um preço terrível<br />
foi pago pela vitória dos<br />
Macabeus: foi quebrada uma<br />
antiga tradição <strong>de</strong> ter um rei da<br />
tribo <strong>de</strong> Judá.<br />
“Durante o período do Segundo<br />
Templo, os gregos impuseram<br />
aos ju<strong>de</strong>us éditos cruéis,<br />
anulando sua religião e proibindo<br />
o estudo da Torá e a observância<br />
dos mandamentos (...)<br />
esses éditos violavam o Templo,<br />
profanando os objetos puros e<br />
sagrados. Isto afligiu e angustiou<br />
tanto o povo <strong>de</strong> Israel que, finalmente,<br />
D-us teve misericórdia e<br />
salvou-o <strong>de</strong>sse domínio (...). Os<br />
filhos dos Hasmoneus, os sumos<br />
sacerdotes mataram os gregos,<br />
salvando os ju<strong>de</strong>us, e colocaram<br />
no trono um rei escolhido<br />
entre os sacerdotes. Assim, o<br />
reino <strong>de</strong> Israel foi restabelecido<br />
por mais 200 anos, até a <strong>de</strong>struição<br />
do Segundo Templo<br />
“(Leis <strong>de</strong> Chanucá,3:1).<br />
Com a vitória dos Hasmoneus,<br />
surgiu uma nova realida<strong>de</strong><br />
– rei como sacerdote, sacerdote<br />
como rei – uma clara violação<br />
das instruções <strong>de</strong> Jacó a<br />
seus 12 filhos: “O cetro não <strong>de</strong>ixará<br />
<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> Judá, nem o<br />
bastão <strong>de</strong> governante se apartará<br />
<strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes”<br />
(Gênesis 49:10).<br />
Dentre todos seus filhos,<br />
Jacó valorizava o caráter <strong>de</strong><br />
Judá: como este reage sob pressão,<br />
seja no momento em que<br />
Tamar revela ser ele o homem<br />
que a engravidou, ou resgatando<br />
a vida <strong>de</strong> José do poço ou,<br />
mais tar<strong>de</strong>, quando Benjamin é<br />
acusado <strong>de</strong> roubar o vice-rei<br />
egípcio furtando-lhe a taça <strong>de</strong><br />
prata e Judá implora “<strong>de</strong>ixa-me<br />
ficar como teu escravo em lugar<br />
do menino (...), pois como po<strong>de</strong>rei<br />
suportar tanto sofrimento do<br />
meu pai por essa <strong>de</strong>sgraça” (Gênesis<br />
44:33, 34 ).<br />
Um verda<strong>de</strong>iro rei, como se<br />
vê da escolha <strong>de</strong> Jacó, é aquele<br />
disposto a sacrificar tudo, até<br />
sua própria liberda<strong>de</strong>, para salvar<br />
um irmão e proteger os poucos<br />
anos que restam a um pai.<br />
Judá po<strong>de</strong> reinar sobre os outros<br />
precisamente porque ele não<br />
<strong>de</strong>seja reinar.<br />
O fato histórico, no entanto,<br />
é que os Hasmoneus, sacerdotes<br />
<strong>de</strong>votados a D-us <strong>de</strong> todo o<br />
coração, alma e força, tornamse<br />
os governantes e finalmente,<br />
reis em Israel. Isto não só burlou<br />
a Torá, mas também pôs fim<br />
à separação do Templo e Estado,<br />
uma divisão que havia preservado<br />
o sacerdócio e a realeza<br />
como duas instituições distintas.<br />
O trono <strong>de</strong> um rei po<strong>de</strong> ser<br />
elevado, mas os mesmos mandamentos<br />
que se aplicam a todo<br />
ju<strong>de</strong>u – Shabat, Kashrut, Tefilin,<br />
Tzedaká – orientaram a vida e o<br />
regime do rei David. Os sacerdotes,<br />
entretanto, no seu relacionamento<br />
com o sagrado, têm a<br />
tendência <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rarem<br />
acima dos outros mortais. Eles<br />
têm, por exemplo, entrada em<br />
recintos do Templo, on<strong>de</strong> o homem<br />
comum, mesmo o rei, não<br />
tem permissão <strong>de</strong> entrar. Um rei,<br />
ciente dos direitos inerentes ao<br />
sacerdócio, tinha assim a humilda<strong>de</strong><br />
que lhe era imposta – um<br />
dos resultados positivos <strong>de</strong> separação<br />
das duas funções.<br />
Mas, o que acontece quando<br />
o rei também é Sumo Sacerdote?<br />
Possivelmente, um convite<br />
ao <strong>de</strong>sastre, e não nos surpreen<strong>de</strong><br />
que o governo dos Hasmoneus<br />
estivesse fadado à ruína.<br />
Houve expansão territorial e a<br />
construção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras o<br />
que não impediu contendas,<br />
guerra civil e conflitos internos<br />
entre Hyrcanos II e seu irmão<br />
Oristobulus II. Descen<strong>de</strong>ntes<br />
dos primeiros Hasmoneus terminaram<br />
à beira da apostasia, incentivando<br />
a assimilação para o<br />
mundo helenístico contra o qual<br />
seus antepassados haviam combatido<br />
com tanto fervor.<br />
Levando tudo isso em consi<strong>de</strong>ração,<br />
a celebração do 25º dia<br />
<strong>de</strong> <strong>Kislev</strong> como um festival <strong>de</strong> luzes<br />
po<strong>de</strong> parecer <strong>de</strong>saconselhado.<br />
De que maneira compreen<strong>de</strong>r,<br />
então, por que esta festa é vista<br />
somente sob a mais pura luz?<br />
Lord Acton disse certa vez<br />
que “o po<strong>de</strong>r corrompe, e o po<strong>de</strong>r<br />
absoluto corrompe <strong>de</strong> modo<br />
absoluto”. Bem colocado, mas<br />
<strong>de</strong>screve somente uma parte do<br />
quadro. O po<strong>de</strong>r absoluto po<strong>de</strong><br />
corromper <strong>de</strong> modo absoluto,<br />
mas o que dizer da impotência<br />
absoluta? Tendo sido vítimas <strong>de</strong><br />
tantas potências estrangeiras<br />
através da história, os ju<strong>de</strong>us<br />
conhecem a fraqueza da impotência<br />
e <strong>de</strong> como esta conduz à<br />
beira da <strong>de</strong>struição.<br />
Assisti, recentemente, a uma<br />
peça na qual um filho <strong>de</strong>scobre<br />
que seu pai, a quem havia sempre<br />
reverenciado como herói sobrevivente<br />
do Holocausto, tinha<br />
na verda<strong>de</strong> sido kapo em Auschwitz.<br />
O filho não po<strong>de</strong> se conter<br />
e confronta seu pai com essa<br />
<strong>de</strong>scoberta no meio do Se<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />
Pêssach. O pai, embora estupefato<br />
pela revelação, não a nega<br />
e, com lágrimas nos olhos, sem<br />
autojustificar-se, calmamente<br />
<strong>de</strong>clara: “Não houve heróis em<br />
Auschwitz; houve simplesmente<br />
os que morreram e os que<br />
sobreviveram”.<br />
É a fuga <strong>de</strong>sse pesa<strong>de</strong>lo perene<br />
que celebramos em Chanucá.<br />
O que os Hasmoneus conseguiram<br />
foi à reconquista da<br />
soberania judaica e, uma vez<br />
que a temos – e somente se a<br />
tivermos – po<strong>de</strong>mos realizar<br />
nosso potencial como nação.<br />
O Tratado Rosh Hashaná 18b<br />
ensina que o jejum <strong>de</strong> Tisha<br />
BeAv – o dia mais triste do calendário<br />
– se tornará um dia <strong>de</strong><br />
regozijo quando houver a paz.<br />
Rashi explica que a paz vem<br />
quando os idólatras (i.é. as potências<br />
estrangeiras) não atacarem<br />
Israel. O primeiro passo<br />
para conseguir esta condição é<br />
que os ju<strong>de</strong>us sejam o po<strong>de</strong>r<br />
soberano em sua terra.<br />
Maimôni<strong>de</strong>s, em suas Leis<br />
dos Reis (12:2) <strong>de</strong>senvolve o<br />
mesmo conceito <strong>de</strong> soberania,<br />
quando <strong>de</strong>staca que a única diferença<br />
entre a sua época (século<br />
12) e os dias messiânicos é<br />
que os ju<strong>de</strong>us não mais serão<br />
subjugados por reis estrangeiros.<br />
Em outras palavras, o simples<br />
fato <strong>de</strong> haver ju<strong>de</strong>u vivendo<br />
na mo<strong>de</strong>rna Terra <strong>de</strong> Israel tem<br />
implicações messiânicas. A re<strong>de</strong>nção<br />
fala em termos <strong>de</strong> reconhecimento<br />
<strong>de</strong> D-us, mas ela<br />
terá <strong>de</strong> começar com os primeiros<br />
passos hesitantes <strong>de</strong> uma<br />
nação judaica caminhando para o<br />
seu <strong>de</strong>stino na Terra Prometida.<br />
Portanto, toda a <strong>de</strong>scendência<br />
da dinastia dos Hasmoneus<br />
– e houve muitas transgressões<br />
– não po<strong>de</strong> empanar o brilho dos<br />
Macabeus, um brilho vital para<br />
o futuro do povo ju<strong>de</strong>u. As luzes<br />
<strong>de</strong> Chanucá tinham <strong>de</strong> ser acesas<br />
ou as luzes do mundo se<br />
teriam eclipsado.<br />
Existe hoje em Israel uma situação<br />
similar. Algumas pessoas<br />
acham que muitas coisas estão<br />
erradas neste Estado – as pessoas<br />
“erradas” no po<strong>de</strong>r, ciúmes<br />
interpartidários, e punhaladas<br />
antipartidárias pelas costas, paralisia<br />
burocrática e, freqüentemente<br />
a mão direita não sabendo<br />
o que está fazendo a mão<br />
esquerda. Nem por isso, enquanto<br />
um governo judaico em<br />
solo judaico, ainda que a paz<br />
não seja perfeita e nós ainda não<br />
fomos contemplados com um<br />
governo e um corpo dirigente<br />
perfeitos, isso significa estarmos<br />
<strong>de</strong> volta à Europa <strong>de</strong> 1939,<br />
à mercê <strong>de</strong> potências estrangeiras<br />
impiedosas, ou <strong>de</strong> nações<br />
um pouco mais humanas,<br />
conce<strong>de</strong>ndo a uma pequena<br />
porcentagem <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us um<br />
abrigo temporário.<br />
As realizações dos últimos 53<br />
anos são quase inacreditáveis.<br />
Não creio que o israelense mais<br />
otimista, em 1948, pu<strong>de</strong>sse ter<br />
imaginado o crescimento e o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssas cinco<br />
décadas, isto, sem mencionar o<br />
retorno milagroso dos exilados,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os etíopes da tribo <strong>de</strong><br />
Dan, aos ju<strong>de</strong>us russos, retorno<br />
esse que po<strong>de</strong>ria mudar<br />
drasticamente o quadro <strong>de</strong>mográfico<br />
do país.<br />
Chanucá, a festa durante o<br />
qual cantamos todo o Hallel em<br />
cada um dos oito dias <strong>de</strong> sua<br />
duração, nos faz lembrar que a<br />
re<strong>de</strong>nção é um processo que se<br />
faz dia após dia, e se parece que<br />
temos nossos Aristobulus e Hyrcanos<br />
no Knesset, jamais <strong>de</strong>vemos<br />
esquecer o milagre que nos<br />
trouxe <strong>de</strong> volta à Terra <strong>de</strong> Israel.<br />
7<br />
* Shlomo Risk é<br />
rabino-chefe da<br />
cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Efrat.<br />
Se você não recebeu seu exemplar <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, entre em<br />
contato conosco pelo telefone 3018-8018 ou então pelo e-mail<br />
visaojudaica@visaojudaica.com.br
8<br />
* Joseph Farah tem<br />
<strong>de</strong>scendência<br />
árabe, é jornalista,<br />
editor e redatorchefe<br />
do<br />
WorldNetDaily,<br />
on<strong>de</strong> escreve uma<br />
coluna diária.<br />
Quem realmente se preocupa<br />
com os direitos humanos dos árabes-palestinos?<br />
A Síria, Iraque,<br />
Egito, Irã, Jordânia e outras nações<br />
muçulmanas têm advertido<br />
Israel, sob variadas formas e diferentes<br />
graus <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, a<br />
respeito do suposto mau tratamento<br />
que o Estado Ju<strong>de</strong>u dispensa<br />
aos árabes-palestinos. Há um<br />
problema maior com tais advertências.<br />
Aquelas nações têm feito<br />
muito menos pelos árabes-palestinos<br />
do que Israel.<br />
Isto é verda<strong>de</strong>. Digo e penso<br />
assim. Permitamme<br />
dar um exemplo<br />
do que estou<br />
falando.<br />
O jornal The<br />
Jordan Times noticiou<br />
que “Os refugiados<br />
palestinos<br />
no Líbano, que<br />
sempre tiveram negados<br />
muitos dos<br />
direitos civis, incluindo<br />
o direito <strong>de</strong><br />
trabalhar, enfrentam<br />
agora um novo<br />
obstáculo nas suas<br />
vidas precárias.”<br />
De acordo com<br />
uma lei aprovada<br />
pelo Parlamento,<br />
no início do ano,<br />
os árabes-palestinos<br />
ficam <strong>de</strong>sprovidos<br />
do direito <strong>de</strong><br />
proprieda<strong>de</strong>.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Quem se interessa pelos palestinos?<br />
Joseph Farah *<br />
Aqueles que já são donos <strong>de</strong> alguma<br />
proprieda<strong>de</strong> não po<strong>de</strong>rão<br />
<strong>de</strong>ixá-la como herança para<br />
seus filhos.<br />
Agora, imaginem se Israel<br />
aprovasse uma lei <strong>de</strong>sse tipo?<br />
Po<strong>de</strong>riam imaginar a gritaria internacional?<br />
O que tem a ONU a<br />
dizer a respeito? Quanto <strong>de</strong>moraria<br />
para igualar o sionismo a racismo<br />
novamente? Como a mídia<br />
importante do oci<strong>de</strong>nte viria tal<br />
ofensa draconiana?<br />
Mas isso está acontecendo num<br />
país árabe, praticamente sem nenhum<br />
comentário — exceto aqui.<br />
E dêem uma olhada na transparente<br />
racionalida<strong>de</strong> para explicar<br />
tal atitu<strong>de</strong> do Líbano, conforme<br />
escrito no The Jordan Times:<br />
“O Parlamento libanês aprovou<br />
uma lei com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteger<br />
os direitos dos refugiados palestinos,<br />
na eventualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retornarem<br />
a seus lares, dos quais<br />
fugiram <strong>de</strong>pois da criação do Estado<br />
<strong>de</strong> Israel em terras da Palestina,<br />
em 1948.”<br />
Gostaram? Estamos protegendo<br />
os seus direitos, negando-lhes<br />
os seus direitos. Somente no<br />
mundo árabe essa duplamente<br />
hipócrita explicação po<strong>de</strong> acontecer<br />
sem cair no ridículo internacional<br />
e sem a <strong>de</strong>núncia universal.<br />
Tenham em mente que a maioria<br />
dos refugiados palestinos nasceu<br />
bem <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1948. Nunca<br />
viveram num país chamado Palestina.<br />
E a razão é que os vizinhos<br />
árabes se mostraram pouco hos-<br />
pitaleiros. Não se lhes foi permitido<br />
se assentarem nos países árabes<br />
porque os lí<strong>de</strong>res árabes estavam<br />
<strong>de</strong>terminados a soprar as<br />
chamas do ódio a Israel. Desejavam<br />
manter viva essa válvula <strong>de</strong><br />
escape <strong>de</strong> uma pátria palestina a<br />
fim <strong>de</strong> que o povo árabe não se<br />
vire contra seus próprios lí<strong>de</strong>res<br />
e comecem a questionar porque<br />
se acham <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> seus<br />
próprios direitos humanos.<br />
Por enquanto, o Líbano é virtualmente<br />
um estado sob o manto<br />
da Síria. Acha-se ocupado pelo<br />
exército sírio. Nenhuma <strong>de</strong>cisão<br />
política importante se faz em Beirute<br />
sem a aprovação e orientação<br />
<strong>de</strong> Damasco. E é Damasco,<br />
mais do que qualquer outra capital<br />
árabe, que apóia a campanha<br />
<strong>de</strong> terror árabe contra Israel, que<br />
mina cada tentativa <strong>de</strong> reconciliação<br />
pacífica entre árabes e ju<strong>de</strong>us<br />
e que orquestrou essa estratégia<br />
<strong>de</strong> negar abertamente<br />
aos palestinos seus direitos humanos,<br />
em nome dos direitos humanos<br />
palestinos.<br />
Como está ruim a situação no<br />
Líbano? Eis aqui alguns <strong>de</strong>talhes,<br />
conforme noticiado pelo The Jordan<br />
Times - que não é exatamente<br />
um porta-voz da vasta "conspiração<br />
internacional sionista":<br />
a. De acordo com a lei trabalhista<br />
libanesa, que se aplica aos estrangeiros,<br />
aos palestinos são<br />
negados 74 tipos <strong>de</strong> empregos;<br />
b. os palestinos <strong>de</strong>vem submeter<br />
pedidos <strong>de</strong> entrada e saída;<br />
c. aos palestinos, no Líbano, não<br />
é garantida a cidadania;<br />
d. os palestinos se acham confinados<br />
em 12 campos, sem receber<br />
do governo serviços sociais,<br />
<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação, e<br />
são impedidos, em alguns dos<br />
campos, <strong>de</strong> construir ou reparar<br />
suas casas;<br />
Alguns, no Líbano, já reconheceram<br />
a natureza “racista” <strong>de</strong>ssa<br />
campanha - políticas muito piores<br />
do que qualquer coisa que jamais<br />
aconteceu em Israel.<br />
Mais <strong>de</strong> meio milhão <strong>de</strong> sírios<br />
marcharam, em apoio do levante<br />
palestino em Israel, acusando<br />
o Estado Ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong> práticas<br />
“nazistas e fascistas”. Tais cidadãos<br />
sírios têm a menor idéia do<br />
tipo <strong>de</strong> opressão que os árabes<br />
palestinos enfrentam na porta<br />
vizinha no Líbano?<br />
Terão eles a menor idéia <strong>de</strong><br />
que seu governo apóia diretamente<br />
tais políticas? Estarão<br />
eles cientes <strong>de</strong> que mais tropas<br />
sírias foram levadas, agora, para<br />
o Líbano, para dar apoio a um<br />
regime que impôs essas medidas<br />
repressivas?<br />
Enquanto Israel está sendo<br />
pressionado para acomodar os<br />
árabes palestinos - especialmente<br />
aqueles que foram vítimas da<br />
guerra <strong>de</strong> 1948 - as nações árabes<br />
somente fizeram explorar a<br />
sua miséria. Essa exploração<br />
continua até os dias <strong>de</strong> hoje. Ela<br />
é aberta. É matéria <strong>de</strong> lei. Mas o<br />
mundo não vê isso.<br />
Cosedi está mais próxima da população nos bairros<br />
Descentralização possibilitará atendimento quase imediato às reclamações das comunida<strong>de</strong>s<br />
A Comissão <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong> Edificações e Imóveis<br />
(Cosedi) está <strong>de</strong>scentralizando os atendimentos,<br />
que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final <strong>de</strong> outubro é feito também nos Núcleos<br />
da Secretaria Municipal do Urbanismo nas oito<br />
Administrações Regionais. “Estamos levando a Cosedi<br />
para mais perto das comunida<strong>de</strong>s e agilizando o<br />
atendimento à população”, afirma o secretário municipal<br />
do Urbanismo, Luiz Fernando Jamur.<br />
Segundo o engenheiro Paulo Almeida, a <strong>de</strong>scentralização<br />
vai possibilitar um atendimento quase imediato<br />
às reclamações, que po<strong>de</strong>m continuar sendo<br />
feitas através do telefone 350-8871, que fica no prédio<br />
central da Secretaria, ou diretamente pelos telefones<br />
das Ruas da Cidadania (veja quadro abaixo).<br />
“Antes <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>scentralização, quando recebíamos<br />
alguma reclamação <strong>de</strong> emergência acionávamos<br />
por rádio ou celular um engenheiro ou arquiteto, que<br />
muitas vezes estava do outro lado da cida<strong>de</strong> naquele<br />
momento, o que atrasava e encarecia o atendimen-<br />
to”, explicou Almeida.<br />
“Agora acionamos a Rua da Cidadania, que também<br />
tem profissionais qualificados e vai prestar um<br />
atendimento quase imediatamente, esclarecendo as<br />
pessoas e tomando as providências necessárias”, disse<br />
o engenheiro.<br />
A <strong>de</strong>scentralização, segundo Almeida, vai facilitar<br />
também a obtenção <strong>de</strong> informações sobre as exigências<br />
feitas pela Cosedi. “Muitas vezes o proprietário<br />
é notificado para <strong>de</strong>molir um muro que ameaça<br />
<strong>de</strong>sabar ou substituir a re<strong>de</strong> elétrica. Antes eles tinham<br />
que vir ao prédio central para obter esclarecimentos,<br />
apresentar documentos ou solicitar novos<br />
prazos, o que agora po<strong>de</strong> ser feito diretamente nas<br />
Ruas da Cidadania”.<br />
“Todos os serviços oferecidos pela Cosedi estão<br />
disponíveis nas Administrações Regionais, inclusive<br />
a aprovação <strong>de</strong> projetos para instalação <strong>de</strong> cercas<br />
elétricas”, afirma Paulo Almeida.<br />
Telefones das<br />
Administrações Regionais<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○<br />
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />
○ ○<br />
○ ○ ○ ○<br />
Matriz 323 4474<br />
Boa Vista 356 2566<br />
Boqueirão 276 6016<br />
Cajuru 366 5074<br />
Pinheirinho 346 1419<br />
Portão 254 1100<br />
Sta. Felicida<strong>de</strong> 297 3259<br />
Bairro Novo 289 4141
“Um marco na história da<br />
nossa comunida<strong>de</strong>”. É assim<br />
que Sérgio Fisbein, presi<strong>de</strong>nte<br />
da Kehilá do Paraná, <strong>de</strong>fine o<br />
evento que acontece no próximo<br />
dia 6 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro (sexta-feira),<br />
data da inauguração <strong>de</strong><br />
mais uma parte das obras<br />
no Centro Israelita do Paraná<br />
(CIP). Para comemorar a<br />
reabertura da “nossa casa”,<br />
como frisa Fisbein, está programada<br />
uma cerimônia oficial<br />
<strong>de</strong> inauguração, com a<br />
presença da comunida<strong>de</strong>,<br />
autorida<strong>de</strong>s e outros convidados.<br />
Graças ao horário <strong>de</strong><br />
verão, a cerimônia vai ocorrer<br />
antes <strong>de</strong> um Kabalat<br />
Shabat comemorativo com<br />
um kidush especial. No dia 7, os<br />
sócios serão convidados a passar<br />
o dia todo no clube, com muitas<br />
atrações, além <strong>de</strong> uma superfesta<br />
para os jovens. Um calendário<br />
repleto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s está<br />
sendo planejado para todo o mês<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, culminando com<br />
uma gran<strong>de</strong> festa <strong>de</strong> reveillon.<br />
Depois <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong><br />
reformas, a se<strong>de</strong> da Kehilá do<br />
Paraná, abrirá suas portas para<br />
os sócios novamente. Até o momento,<br />
apenas a parte esportiva<br />
estava em funcionamento. A<br />
reforma teve início no mês <strong>de</strong><br />
<strong>novembro</strong> <strong>de</strong> 2001 e, <strong>de</strong> acordo<br />
com Gerson Raskin, da Comissão<br />
<strong>de</strong> Obras da Kehilá, segue<br />
o cronograma previsto. As duas<br />
primeiras etapas correspon<strong>de</strong>m<br />
a mais <strong>de</strong> 50% do total a ser executado.<br />
A primeira etapa foi res-<br />
ponsável pela significativa melhora<br />
do ginásio <strong>de</strong> esportes.<br />
Segundo o presi<strong>de</strong>nte da Kehilá<br />
do Paraná, com a quadra oficial,<br />
o piso <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong>, as<br />
arquibancadas, os vestiários, ventilação<br />
e iluminação especiais, o<br />
novo ginásio po<strong>de</strong> até promover<br />
campeonatos, além <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r<br />
muito melhor às necessida<strong>de</strong>s da<br />
comunida<strong>de</strong>. Assim como as quadras<br />
<strong>de</strong> tênis e <strong>de</strong> grama sintética,<br />
que po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas entre<br />
as melhores dos clubes <strong>de</strong> Curitiba.<br />
Ainda na primeira fase, o<br />
acesso ao clube foi transferido<br />
<strong>de</strong> uma rua movimentada, como<br />
é a Mateus Leme, para a Rua<br />
Cel. Agostinho <strong>de</strong> Macedo. A<br />
entrada vem sendo utilizada<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do mês <strong>de</strong> abril.<br />
A nova rampa garante a segurança<br />
necessária aos sócios do<br />
CIP, facilitando a entrada dos<br />
veículos e pe<strong>de</strong>stres.<br />
Aproximadamente na meta<strong>de</strong><br />
do primeiro semestre, a construtora<br />
Dória iniciou a execução da<br />
segunda etapa e última prevista<br />
para o ano <strong>de</strong> <strong>2002</strong>, segundo in-<br />
A Marcha – Michael Stivelman – Ed.<br />
Nova Fronteira<br />
Michael Stivelman, em certa altura da vida,<br />
olhando a estrada percorrida, se sentiu obrigado<br />
a dar o testemunho do que viveu e presenciou.<br />
Um testemunho pungente, comum a toda<br />
uma geração <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us da Europa oriental que<br />
enfrentou o dramático <strong>de</strong>safio do Holocausto.<br />
Discriminados por serem ju<strong>de</strong>us, os Stivelman<br />
viveram seu êxodo particular através das<br />
planícies geladas, sofrendo toda espécie <strong>de</strong> injustiças e<br />
privações. Andando <strong>de</strong> um lado para o outro, ora sob o tacão das botas<br />
nazistas, ora sob a mira das armas dos fascistas romenos, eles não podiam<br />
compreen<strong>de</strong>r o que estava se passando consigo mesmos e com<br />
seus irmãos <strong>de</strong> raça e nacionalida<strong>de</strong>.<br />
Seu livro revela a trajetória típica do homem <strong>de</strong>ste século. Revela<br />
também um momento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za humana que serve <strong>de</strong> advertência e<br />
lição para todos nós.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Kehilá inaugura novo CIP em <strong>de</strong>zembro<br />
Fran Baras<br />
<strong>Visão</strong> indica livro<br />
Edifício principal em abril, durante reforma<br />
formações da Comissão <strong>de</strong><br />
Obras, que estabeleceu a festa<br />
<strong>de</strong> Chanucá como prazo limite.<br />
A inauguração acontece com<br />
essa fase completamente concluída.<br />
Agora, os sócios contam<br />
com a mesma estrutura existente<br />
antes da reforma, mas<br />
com a vantagem <strong>de</strong> estar<br />
renovada e mo<strong>de</strong>rnizada.<br />
O gran<strong>de</strong> prédio do<br />
CIP, que abrigava poucas<br />
<strong>de</strong>pendências, foi totalmente<br />
reformado. Seu<br />
espaço foi racionalmente<br />
aproveitado para oferecer<br />
uma infra-estrutura<br />
completa para todos os<br />
gostos e todas as ida<strong>de</strong>s.<br />
Um restaurante, uma cozinha<br />
casher – além da normal,<br />
bar para a piscina, salas <strong>de</strong> jogos,<br />
<strong>de</strong> estar, <strong>de</strong> reuniões, aca<strong>de</strong>mia,<br />
vestiários, biblioteca e um cyber<br />
café são alguns dos atrativos da<br />
construção. O prédio tem espaço<br />
reservado também para as se<strong>de</strong>s<br />
das entida<strong>de</strong>s, administração da<br />
Kehilá e outras ativida<strong>de</strong>s.<br />
A reformulação das piscinas,<br />
área mais movimentada do clube<br />
durante o verão, está inserida<br />
na fase em conclusão. A piscina<br />
maior foi mudada <strong>de</strong> posição,<br />
para melhor aproveitamento<br />
do sol. Suas dimensões quase<br />
não sofreram alterações,<br />
apenas a profundida<strong>de</strong> foi reduzida.<br />
Os antigos vestiários serão<br />
maiores e mais confortáveis,<br />
com espaço disponível para<br />
uma sauna, que po<strong>de</strong> ser instalada<br />
futuramente.<br />
Fotos: Szyja Lorber<br />
Maquete <strong>de</strong> como ficará o novo CIP quando concluído<br />
Inauguração do ginásio <strong>de</strong> esportes<br />
Em 2003, inicia-se a terceira<br />
e última etapa das reformas. A<br />
estimativa da Comissão é que<br />
tudo esteja pronto em, aproximadamente,<br />
dois anos. On<strong>de</strong> hoje<br />
fica o estacionamento, será construída<br />
a Sinagoga e um Salão <strong>de</strong><br />
Festas. O novo estacionamento,<br />
um prédio-garagem, <strong>de</strong> três andares,<br />
com capacida<strong>de</strong> para,<br />
mais ou menos, 200 veículos,<br />
será construído em um terreno ao<br />
lado do clube.<br />
9
10<br />
A curitibana Anna Fuks<br />
Gente Nossa<br />
Anninha Fuks, a<br />
personagem <strong>de</strong>ste<br />
mês <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />
é uma renomada odontóloga<br />
e pesquisadora<br />
da área reconhecida<br />
internacionalmente.<br />
Ela é uma das cinco<br />
autorida<strong>de</strong>s mundiais<br />
em matéria <strong>de</strong> tratamento<br />
<strong>de</strong> canais <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> leite e materiais<br />
biológicos <strong>de</strong> restauração.<br />
Cerca <strong>de</strong><br />
uma centena <strong>de</strong> artigos<br />
especializados, livros<br />
e prêmios obtidos,<br />
é só parte <strong>de</strong>ste exemplo<br />
<strong>de</strong> mulher que conquistou<br />
com garra, espírito<br />
<strong>de</strong> luta e perseverança<br />
a posição alcançada,<br />
dividindo-se entre o estudo,<br />
o trabalho e os afazeres do<br />
lar. Viajada, ministrou cursos e<br />
palestras em países <strong>de</strong> todos os<br />
continentes. Mas é com orgulho,<br />
fala do tempo em que, em seu<br />
consultório, <strong>de</strong> odontopediatria,<br />
atendia a criançada ostentando o<br />
único título da cida<strong>de</strong> com especialização<br />
no exterior.<br />
Anna Fuks nasceu em Curitiba,<br />
filha <strong>de</strong> pais nascidos na Europa.<br />
Seus pais, Isaac e Esther<br />
Bruck Blin<strong>de</strong>r cercaram seus irmãos,<br />
Clara e Moisés (Dico) z”l, e<br />
a ela <strong>de</strong> todos os cuidados, possibilitando-lhes<br />
que cursassem as<br />
escolas e faculda<strong>de</strong>s em busca <strong>de</strong><br />
uma formação profissional. Anninha,<br />
como é mais conhecida entre<br />
nós, freqüentou a Escola Israelita<br />
Brasileira Salomão Guelmann<br />
e pertenceu a uma das últi-<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Anninha Fuks, a curitibana que é<br />
autorida<strong>de</strong> mundial em odontopediatria<br />
A história <strong>de</strong> um vida <strong>de</strong>dicada à pesquisa, ao ensino e ao sionismo<br />
mas turmas que tiveram o privilégio<br />
<strong>de</strong> estudar com o falecido professor<br />
Baruch Bariach. Com ele<br />
apren<strong>de</strong>u, não só o iídiche, o hebraico<br />
e o respeito às tradições<br />
religiosas judaicas, como também<br />
os valores do povo ju<strong>de</strong>u e os anseios<br />
<strong>de</strong>ste povo <strong>de</strong> retornar ao<br />
seu lar nacional em Eretz Israel.<br />
Mais tar<strong>de</strong>, ela cursou a Escola<br />
Normal e, com o término da<br />
construção do novo Colégio Estadual<br />
do Paraná, para lá se transferiu,<br />
junto com um grupo gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> colegas, on<strong>de</strong> concluiu o ginásio<br />
e o científico. Decidiu então se<br />
tornar <strong>de</strong>ntista e cursou a Faculda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Odontologia da Universida<strong>de</strong><br />
do Paraná. Após a conclusão<br />
do curso, ela tornou-se assistente<br />
voluntária da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong><br />
Odontopediatria.<br />
Mas foi sem dúvida sua <strong>de</strong>cisão<br />
<strong>de</strong> ir estudar nos Estados<br />
Unidos que mudou radicalmente<br />
sua vida profissional. Como assistente<br />
na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia<br />
do Paraná, conseguiu uma<br />
bolsa estudos da Capes (Coor<strong>de</strong>nação<br />
<strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong><br />
Pessoal <strong>de</strong> Nível Superior), órgão<br />
do Ministério da Educação, para<br />
uma pós-graduação na Universida<strong>de</strong><br />
do Alabama, com o professor<br />
Sidney Finn, autor do livro <strong>de</strong><br />
Odontopediatria mais conhecido<br />
naquela época. O marido não podia<br />
ficar com ela no exterior, e por<br />
isso, foi-lhe permitido fazer simultaneamente<br />
sua pós-graduação e<br />
a residência (2 anos em 1). Foi<br />
algo “bastante extenuante”, para<br />
usar suas própria expressão, pois<br />
era obrigada a dar plantões men-<br />
sais no hospital, junto com os pósgraduados<br />
<strong>de</strong> Medicina, e trabalhar<br />
no laboratório aos sábados e<br />
domingos. Contudo, consi<strong>de</strong>ra<br />
que foi compensador, pois estimulou<br />
sua curiosida<strong>de</strong> a ponto <strong>de</strong>la<br />
passar a gostar da pesquisa, tanto<br />
a clínica como a <strong>de</strong> laboratório.<br />
Foi nessa ocasião que ela conheceu<br />
os colegas da Odontopediatria<br />
da Universida<strong>de</strong> Hebraica<br />
<strong>de</strong> Jerusalém, os quais também<br />
faziam seus mestrados no Alabama.<br />
Segundo ela, foram eles que<br />
mais tar<strong>de</strong> a ajudaram bastante e<br />
são, praticamente, os responsáveis<br />
diretos pela sua <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />
passar a integrar a Universida<strong>de</strong><br />
Hebraica <strong>de</strong> Jerusalém. Ela<br />
própria não acredita que teria<br />
chegado profissionalmente até<br />
on<strong>de</strong> chegou, não fosse a compreensão,<br />
o apoio e a paciência<br />
do seu marido.<br />
De retorno a Curitiba <strong>de</strong>pois<br />
que terminou seu curso <strong>de</strong> pósgraduação,<br />
por pressões do então<br />
candidato à direção do <strong>de</strong>partamento,<br />
não conseguiu retomar sua<br />
minha posição <strong>de</strong> assistente da<br />
ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Odontopediatria da<br />
UFPR e então montou uma clínica<br />
particular. Nela aten<strong>de</strong>u praticamente<br />
a totalida<strong>de</strong> das crianças<br />
da coletivida<strong>de</strong> israelita e <strong>de</strong><br />
muitos filhos <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s<br />
importantes na política, no comércio<br />
e da socieda<strong>de</strong> curitibana<br />
em geral. Na época, ela era a<br />
única especialista em Odontopediatria<br />
que existia em Curitiba,<br />
com curso no exterior.<br />
CAMINHO DO SIONISMO<br />
Seu pai, um sionista convicto,<br />
fazia sua hachshará (adaptação)<br />
no Kibutz Klosov, na Polônia, e<br />
acabou vindo para o Brasil, em<br />
Curitiba, por não ter conseguido<br />
visto <strong>de</strong> emigração para Israel. Foi<br />
ele, mais do que ninguém, que a<br />
influenciou, assim como a seus<br />
irmãos no caminho do sionismo.<br />
Todos acabaram se filiando ao<br />
movimento Dror e <strong>de</strong>le absorveram<br />
os i<strong>de</strong>ais e os valores sionistas.<br />
Posteriormente ela participou<br />
<strong>de</strong> vários empreendimentos sociais<br />
e culturais da comunida<strong>de</strong><br />
israelita <strong>de</strong> Curitiba. Pertenceu ao<br />
corpo redacional <strong>de</strong> O Macabeu<br />
e, junto com a Martha Kaplan<br />
(hoje Schulmann) escrevia a Página<br />
Feminina.<br />
O Macabeu contribuiu para o<br />
aprimoramento dos seus valores<br />
culturais, mas acima <strong>de</strong> tudo, <strong>de</strong>staca<br />
ela, propiciou “que tivéssemos<br />
um grupo unido que acabou<br />
condicionando relacionamentos<br />
afetivos, que levaram alguns ao<br />
casamento (casos da Martha com<br />
o Maurício e eu e o Fuks).<br />
Devido ao envolvimento intenso<br />
do Fuks nas ativida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong><br />
israelita <strong>de</strong> Curitiba e no<br />
Centro Israelita do Paraná, Anna<br />
acabou por participar do Departamento<br />
Cultural e, assim contribuiu<br />
na criação e nas ativida<strong>de</strong>s do<br />
Grupo Folclórico, on<strong>de</strong> fez parte<br />
do conjunto musical tocando gaitinha<br />
<strong>de</strong> boca e harmônica, do<br />
Grupo <strong>de</strong> Teatro e também <strong>de</strong><br />
muitas outras realizações culturais<br />
e sociais da comunida<strong>de</strong>. Suas<br />
ativida<strong>de</strong>s sociais culminaram<br />
com a sua posição <strong>de</strong> “Primeira<br />
Dama”, quando o Fuks foi eleito<br />
presi<strong>de</strong>nte do CIP (Centro Israelita<br />
do Paraná).<br />
A formação sionista <strong>de</strong> ambos,<br />
<strong>de</strong> Anna e do marido, acabou por<br />
levá-los a Israel. Nos anos 70, por<br />
ocasião <strong>de</strong> uma visita que fizeram<br />
a Israel, Anna procurou os seus<br />
colegas que conheceu no Alabama<br />
e, eles a convidaram a juntarse<br />
ao <strong>de</strong>partamento em Jerusalém.<br />
O convite era tentador, pois<br />
sempre pensou em <strong>de</strong>dicar parte<br />
do seu tempo ao ensino e à pesquisa.<br />
Assim, aceitou o convite e,<br />
em 1973, passou a integrar o Departamento<br />
<strong>de</strong> Odontopediatria da<br />
Universida<strong>de</strong> Hebraica <strong>de</strong> Jerusalém.<br />
Foi com o auxílio <strong>de</strong>sses seus<br />
colegas israelenses que progrediu<br />
Arquitetura<br />
Patrícia Blin<strong>de</strong>r Teig<br />
Rua Pasteur, 52 - CEP 8025-0080<br />
Fone/Fax 222-4522<br />
Cel. 9103-1846
na carreira acadêmica, observa<br />
ela, <strong>de</strong>stacando ainda que iniciou<br />
como simples professor adjunta e<br />
chegou à condição <strong>de</strong> professora<br />
titular, que vem ocupando até a<br />
presente data.<br />
CARREIRA PROFISSIONAL<br />
Além do magistério, também<br />
se <strong>de</strong>dicou à pesquisa e, <strong>de</strong>vido<br />
a esse fato, tornou-se membro do<br />
Comitê Científico da Associação<br />
Internacional <strong>de</strong> Odontopediatria<br />
(IAPD). Como professora visitante<br />
do Medical Research Institute<br />
da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Witwatersrand<br />
(Wits), Johanesburgo, África do<br />
Sul e das universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Nova<br />
Jersey, EUA e London, Ontário,<br />
Canadá, <strong>de</strong>senvolveu estudos e<br />
pesquisas no setor <strong>de</strong> Terapia<br />
Pulpar e Materiais Dentários. Ministrou<br />
palestras e cursos no Brasil,<br />
Uruguai, Argentina, México,<br />
Estados Unidos, Canadá, Itália,<br />
França, Grécia, Chipre, Turquia e<br />
África do Sul e tornou-se membro<br />
honorário das Aca<strong>de</strong>mias Mexicana,<br />
Italiana e Brasileira <strong>de</strong> Odontopediatria<br />
e “Fellow” da Aca<strong>de</strong>mia<br />
Americana <strong>de</strong> Odontopediatria.<br />
Foi agraciada com vários prêmios<br />
internacionais <strong>de</strong> pesquisa e<br />
foi incluída como membro do corpo<br />
redacional <strong>de</strong> várias revistas<br />
internacionais <strong>de</strong> odontologia geral<br />
e Odontopediatria. Publicou<br />
perto <strong>de</strong> 100 artigos e 70 separatas<br />
(abstracts) em revistas internacionais<br />
e capítulos publicados<br />
em quatro livros <strong>de</strong> odontologia.<br />
Atualmente continua exercendo<br />
as funções <strong>de</strong> professora do<br />
Departamento <strong>de</strong> Odontopediatria<br />
e encarregada da Pesquisa Clínica<br />
da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia<br />
da Universida<strong>de</strong> Hebraica <strong>de</strong> Jerusalém.<br />
Entre suas várias atribuições,<br />
exerce também a <strong>de</strong> examinadora<br />
na banca do board <strong>de</strong><br />
Odontopediatria <strong>de</strong> Israel.<br />
A partir dos anos 90 acentuou<br />
sua ativida<strong>de</strong> profissional no Brasil<br />
aon<strong>de</strong> vem <strong>de</strong>senvolvendo trabalhos<br />
<strong>de</strong> pesquisa com professores<br />
<strong>de</strong> Odontopediatria <strong>de</strong> várias<br />
faculda<strong>de</strong>s brasileiras. Dentre essas,<br />
<strong>de</strong>staca as faculda<strong>de</strong>s do Rio<br />
Gran<strong>de</strong> do Sul, Brasília, São Paulo<br />
(Capital) e Araraquara.<br />
Além <strong>de</strong> proporcionar tratamento<br />
para várias crianças, tanto<br />
no Brasil como em Israel, contribui<br />
com o setor <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong> substitutos para o formocresol,<br />
tornando mais biológico<br />
o tratamento pulpar em <strong>de</strong>ntes<br />
temporários.<br />
Hoje, ela é consi<strong>de</strong>rada uma<br />
das cinco autorida<strong>de</strong>s internacionais<br />
no setor <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong><br />
Canais em Dentes <strong>de</strong> Leite e Materiais<br />
Biológicos <strong>de</strong> Restaurações<br />
e foi a única não-americana a participar<br />
da Consensus Conference<br />
in Pediatric Restorative Materials,<br />
realizada neste ano no Texas, com<br />
o intuito <strong>de</strong> estabelecer um consenso<br />
no uso <strong>de</strong> materiais em<br />
Odontopediatria.<br />
Anna Fuks não quer parar.<br />
Embora oficialmente aposentada,<br />
preten<strong>de</strong> continuar suas ativida<strong>de</strong>s<br />
profissionais também no futuro,<br />
enquanto tiver condições e julgarem<br />
sua contribuição valiosa,<br />
acrescenta ela. Recentemente<br />
assumiu compromissos para o<br />
resto <strong>de</strong> <strong>2002</strong> e o ano <strong>de</strong> 2003<br />
para ministrar cursos na Austrália,<br />
Tailândia, Suíça, Espanha,<br />
Venezuela, Chile e Estados Unidos.<br />
Mas não é só: a energia e<br />
disposição vai além, pois ela preten<strong>de</strong><br />
participar <strong>de</strong> outros congressos<br />
internacionais.<br />
Embora vivendo distante <strong>de</strong><br />
Curitiba há mais <strong>de</strong> 30 anos, vem<br />
freqüentemente à sua cida<strong>de</strong><br />
para rever a família, os amigos<br />
curitibanos e manter contacto<br />
com a coletivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem nunca<br />
se <strong>de</strong>sligou.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Foto: Szyja Lorber<br />
Superiora da Irmanda<strong>de</strong> Evangélica<br />
<strong>de</strong> Maria encontra-se com li<strong>de</strong>ranças<br />
Isac Baril, Sami Goldstein, Betty e Simão Blin<strong>de</strong>r, com as irmãs Salomé, Adola e Nechama<br />
Esteve em Curitiba, durante o mês <strong>de</strong> outubro, irmã Salomé, vice-diretora<br />
internacional da Irmanda<strong>de</strong> Evangélica <strong>de</strong> Maria, que é uma das fundadoras da<br />
filial Canaã no Brasil, em 1980, cuja se<strong>de</strong> é em Curitiba. A Irmanda<strong>de</strong> Evangélica<br />
<strong>de</strong> Maria é uma organização mundial e inter<strong>de</strong>nominacional, fundada na<br />
Alemanha em 1947, <strong>de</strong>ntro do contexto da Igreja Evangélica (Luterana).<br />
Da programação da visita <strong>de</strong> irmã Salomé a Curitiba, constou um encontro<br />
com representantes da comunida<strong>de</strong> judaica, entre elas o presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />
Israelita do Paraná, Simão Blin<strong>de</strong>r e sua esposa, Betty Blin<strong>de</strong>r; o lí<strong>de</strong>r espiritual<br />
da Sinagoga “Francisco Frischmann”, Sami Goldstein; o presi<strong>de</strong>nte da B´nai<br />
B`rith do Paraná, Isac Baril e o editor do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, Szyja Lorber.<br />
Junto com as irmãs Adola e Nechama, da Irmanda<strong>de</strong> em Curitiba, a irmã<br />
Salomé esteve presente no Cabalat Shabat da Sinagoga “Francisco Frischmann”,<br />
antes <strong>de</strong> retornar para a se<strong>de</strong> mundial na Alemanha. Na sinagoga, ela falou ao<br />
público presente, <strong>de</strong> coração aberto, explicando que a Irmanda<strong>de</strong> surgiu após a<br />
Segunda Guerra Mundial e elas têm um profundo sentimento <strong>de</strong> amor pelo povo<br />
ju<strong>de</strong>u, pelo que sofreu, não somente na época <strong>de</strong> Hitler, mas também durante<br />
séculos <strong>de</strong> anti-semitismo cristão.<br />
A irmanda<strong>de</strong> foi fundada por madre Basilea, que ansiava por reparar os pecados<br />
do passado, cometidos pela Alemanha, <strong>de</strong>ntro do espírito <strong>de</strong> Daniel 9.<br />
Isto levou à abertura <strong>de</strong> uma pequena casa <strong>de</strong> hóspe<strong>de</strong>s, em 1961, em Jerusalém,<br />
para sobreviventes do Holocausto. Depois da Guerra, explicou irmã Salomé,<br />
madre Basilea i<strong>de</strong>ntificou-se com a culpa do seu país, visitando os lugares das<br />
atrocida<strong>de</strong>s nazistas nos países vizinhos, e buscando reconciliação com os tchecos,<br />
poloneses e outros, especialmente, os ju<strong>de</strong>us. Em vários lugares, placas <strong>de</strong><br />
reconciliação têm sido colocadas, expressando tristeza por esses crimes.<br />
Na semana passada, as irmãs Adola e Nechama estiveram na CIP (Congregação<br />
Israelita Paulista) falando para 1.600 pessoas sobre suas ações voltadas<br />
para o arrependimento pelo sofrimento causado ao povo ju<strong>de</strong>u.<br />
11
12<br />
VJ indica filme<br />
Insurreição<br />
Diretor - John Avnet<br />
Elenco: - Leelee<br />
Sobieski, Hank<br />
Azaria, David<br />
Schwimmer, John<br />
Voight, Donald<br />
Sutherland, Cary<br />
Elwes, Stephen<br />
Mayer e Sadie Frost -<br />
Produção – Estados<br />
Unidos – 2001<br />
Em 1943, quando<br />
as forças nazistas<br />
ocuparam a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Varsóvia, na Polônia,<br />
mais <strong>de</strong> 500 mil ju<strong>de</strong>us<br />
foram isolados em<br />
guetos — e, eventualmente,<br />
enviados para<br />
morrer nos campos <strong>de</strong><br />
concentração. Basada<br />
em fatos reais, esta<br />
minissérie relata a<br />
ação corajosa <strong>de</strong> um<br />
grupo <strong>de</strong> jovens<br />
poloneses ju<strong>de</strong>us que<br />
<strong>de</strong>cidiu não se submeter<br />
aos invasores<br />
alemães, enfrentandoos<br />
com táticas <strong>de</strong><br />
guerrilha.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Passatempo Turismo<br />
Aju<strong>de</strong> Rafael chegar até a chanuquiá<br />
TURISMO<br />
Rodovias, caminhos e pontos turísticos <strong>de</strong> Israel<br />
Haifa - Megiddo 35 km<br />
Desta vez, vamos fazer um roteiro diferente,<br />
ao invés <strong>de</strong> pelo caminho localizarmos<br />
os vários pontos turísticos do roteiro,<br />
vamos nos dirigir diretamente a Megiddo,<br />
pois apesar <strong>de</strong> existir diversos pontos interessantes<br />
pelo caminho, consi<strong>de</strong>ramos que<br />
o nosso local <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino é um ponto por <strong>de</strong>mais<br />
importante. A colina <strong>de</strong> Megiddo fica a<br />
um quilometro do entroncamento entre as<br />
rodovias 65 e 66, está localizada a pouca<br />
distância <strong>de</strong> Nazareth, do mar da Galiléia,<br />
das colinas <strong>de</strong> Golan e Cesárea; portanto é<br />
importante tanto hoje como foi no passado.<br />
O local oferece uma boa infra-estrutura,<br />
como costuma acontecer com todos os pontos<br />
turísticos <strong>de</strong> Israel. A colina é um lugar<br />
<strong>de</strong> interesse turístico e científico e por isso<br />
é protegida por cercas altas, portanto existe<br />
horário <strong>de</strong> visitação, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do dia<br />
e da época do ano. Sugerimos que o viajante<br />
se informe antes <strong>de</strong> se dirigir para lá<br />
(o ingresso custa em torno <strong>de</strong> US$ 5,00).<br />
No local existe um museu que conta toda<br />
história do lugar, com documentos, fotos e<br />
maquetes <strong>de</strong> algumas construções que ali<br />
existiram (muito interessante).<br />
Megiddo está localizada <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Ki-<br />
ROTEIRO 6<br />
Salomão Figlarz é arquiteto<br />
Salomão Figlarz<br />
butz, que oferece ao turista uma infra-estrutura<br />
hoteleira para quem visitar o local.<br />
Queremos <strong>de</strong>ixar claro que é um albergue<br />
simples, com piscina e acesso a 9000 anos<br />
<strong>de</strong> história.<br />
A colina escon<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> antigas<br />
fortalezas, e estando lá em cima enten<strong>de</strong>se<br />
porque tantas civilizações disputaram<br />
este lugar, pois se consegue enxergar livremente<br />
por 360 graus. Diz-se que o local<br />
existe há 9000 anos e as escavações feitas<br />
i<strong>de</strong>ntificam 20 cida<strong>de</strong>s.<br />
Megiddo foi controlada pelos cananeus,<br />
assírios, babilônios, persas e romanos. O<br />
Rei Salomão também construiu uma fortaleza<br />
no local.<br />
Jeroboão, Rei <strong>de</strong> Israel entre 783-743<br />
a.C, construiu um poço enorme para armazenar<br />
grãos durante um cerco prolongado.<br />
Chegando ao alto da colina, e após visitarmos<br />
todas as construções, utiliza-se um<br />
imenso túnel, que sai do alto e nos leva para<br />
fora dos limites da fortaleza. Antigamente<br />
os ocupantes utilizavam-no para buscar<br />
água durante os cercos.<br />
Vale a pena.
Receitas com grife<br />
A transformação das cores e aromas dos alimentos<br />
envolvendo criativida<strong>de</strong>, beleza e <strong>de</strong>dicação no<br />
preparo fazem do cozinhar uma arte, na qual o<br />
artista compartilha do resultado final da sua obra.<br />
Sabine Borowski Sabbag é filha <strong>de</strong> Éster Woller<br />
Borowski z”l e Henrique Borowski z”l, casada com<br />
o paulistano Fernando Sabbag, que também<br />
aprecia uma boa alquimia. Tem três filhos:<br />
Henrique, Caroline e Daniele. É psicóloga e trabalha<br />
na Secretaria Estadual da Criança e Assuntos da<br />
Família. Herdou o dom da cozinha da sua mãe que<br />
muitos lembram com sauda<strong>de</strong>s.<br />
Linguado com uvas<br />
• Filés <strong>de</strong> Linguado<br />
• Uvas Itália <strong>de</strong>scascadas<br />
e sem semente<br />
• Creme <strong>de</strong> leite (uma<br />
colher <strong>de</strong> sopa para 2<br />
filés)<br />
• Manteiga<br />
Frite os filés na manteiga, acrescente o caldo, o creme<br />
<strong>de</strong> leite e as uvas, <strong>de</strong>ixando até aquecer bem.<br />
Sirva com arroz <strong>de</strong> açafrão.<br />
• 4 ovos<br />
• 1 xícara <strong>de</strong> chocolate<br />
em pó<br />
• 2 xícaras <strong>de</strong> açúcar<br />
• 1 xícara <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong><br />
trigo<br />
INGREDIENTES:<br />
MODO DE FAZER:<br />
INGREDIENTES:<br />
Bata as claras em neve, vá acrescentando as gemas,<br />
uma a uma, batendo sem parar e acrescente<br />
aos poucos o açúcar. Misture todos os outros<br />
ingredientes, <strong>de</strong>ixando por último a margarina previamente<br />
<strong>de</strong>rretida. Coloque em forma untada e<br />
polvilhada com farinha, asse em forno brando por<br />
mais ou menos10 minutos. Estará no ponto quando<br />
ao se enfiar um palito esse sair molhado. Sirva<br />
com sorvete.<br />
• 1 caixa <strong>de</strong> sucrilhos<br />
• 1 lata <strong>de</strong> leite con<strong>de</strong>nsado<br />
• Sal e pimenta a gosto<br />
• Caldo <strong>de</strong> peixe<br />
Para o preparo do caldo<br />
<strong>de</strong> peixe, ferva durante<br />
15 minutos a cabeça<br />
<strong>de</strong> peixe, água, vinho<br />
branco seco, sal e<br />
bouquet quarni.<br />
Bolo <strong>de</strong> chocolate<br />
cana<strong>de</strong>nse<br />
MODO DE FAZER:<br />
• 200g <strong>de</strong> margarina<br />
• nozes picadas<br />
• ½ cálice <strong>de</strong> rum<br />
• Algumas gotas <strong>de</strong><br />
essência <strong>de</strong> baunilha<br />
Bolachinhas <strong>de</strong><br />
sucrilhos<br />
INGREDIENTES:<br />
MODO DE FAZER:<br />
Misture os ingredientes e coloque em colheradas<br />
para assar em forma bem untada. Retire da forma<br />
após as bolachinhas esfriarem.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
A batida do tambor no sentimento<br />
anti-israelense, virtualmente, vai,<br />
<strong>de</strong> forma constante tornar-se algo<br />
ocasional. Quando três garotos <strong>de</strong><br />
catorze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> foram mortos<br />
por soldados israelenses, os jornais<br />
europeus enfatizaram a juventu<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>les e a tragédia <strong>de</strong> sua morte, mas<br />
não o fato <strong>de</strong> que eles usaram explosivos<br />
ao redor a cintura e que foram<br />
mortos buscando martírio.<br />
Em resposta à visão unilateral<br />
das Nações Unidas sobre os eventos<br />
do Oriente Médio o embaixador<br />
israelense contestou. Ele era sumariamente<br />
reprovado pelo secretário<br />
geral Kofi Anan com a incrível <strong>de</strong>claração:<br />
“você pensa que tem razão<br />
e o mundo está errado?“<br />
A agora abortada missão <strong>de</strong> ONU<br />
que seria enviada para “<strong>de</strong>scobrir<br />
atrocida<strong>de</strong>s” em Jenin, nem mesmo<br />
tinha se reunido antes do julgamento<br />
po<strong>de</strong>ria ter ouvido as notícias dos cafés<br />
<strong>de</strong> Paris até Harvard Square. Jenin<br />
foi convertida My Lai israelense.<br />
Ainda que o secretário <strong>de</strong> Estado<br />
norte-americano Colin Powell,<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> visitar esse acampamento<br />
<strong>de</strong> refugiados, tenha dito, “não há<br />
qualquer evidência <strong>de</strong> massacre”. A<br />
partir <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>claração foram encontrados<br />
39 palestinos e 23 israelenses<br />
mortos.<br />
A evidência disponível também<br />
indica que em muitas casas foram<br />
feitas armadilhas explosivas e que<br />
os palestinos estavam armados e<br />
preparados para lutar. Claro que casas<br />
foram <strong>de</strong>struídas; afinal <strong>de</strong> contas<br />
é uma guerra, mas a <strong>de</strong>struição<br />
foi limitada a uma área em Jenin<br />
on<strong>de</strong> os terroristas conhecidos estavam<br />
se escon<strong>de</strong>ndo.<br />
O júri, porém, não esperou por<br />
um veredicto. Israel foi consi<strong>de</strong>rado culpado<br />
no tribunal da opinião mundial.<br />
Neste caso, a evidência é irrelevante.<br />
O mais surpreen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tudo é<br />
a convicção <strong>de</strong> que Israel não tem<br />
direito <strong>de</strong> golpear a esses que só<br />
querem matar mulheres e crianças.<br />
Têm em conta <strong>de</strong> que o primeiro-ministro<br />
Sharon não fez virtualmente<br />
nada quando foram mortos os adolescentes<br />
em uma boate <strong>de</strong> Tel Aviv<br />
e nem quando foram assassinados<br />
os convidados <strong>de</strong> um Bar Mitzvah ou<br />
ainda quando dúzias <strong>de</strong> pessoas foram<br />
<strong>de</strong>spedaçadas no salão da pizzaria<br />
Sbarro. Na realida<strong>de</strong>, até mesmo<br />
quando foram enviados helicópteros<br />
armados à Margem Oci<strong>de</strong>ntal, foi<br />
anunciado para os lí<strong>de</strong>res palestinos<br />
e advertidos para que <strong>de</strong>ixassem os<br />
locais dos objetivos potenciais do<br />
exército. Consi<strong>de</strong>rando esta restrição<br />
óbvia, é risível pensar em Sharon<br />
como um guerreiro sanguinário. Mas<br />
a batida vai em frente.<br />
De acordo com fontes oficiais<br />
francesas houve mais <strong>de</strong> 300 atos<br />
<strong>de</strong> anti-semitismo naquele país nos<br />
últimos meses variando da profanação<br />
<strong>de</strong> túmulos a pichação em pare<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> sinagogas, a agressões a ju<strong>de</strong>us<br />
vestidos com trajes tradicionais,<br />
e fogo ateado aos templos.<br />
Quando eu indaguei na embaixada<br />
francesa sobre atos contra os muçulmanos<br />
e mesquitas a resposta<br />
era “nenhum do meu conhecimento”.<br />
O francês po<strong>de</strong> criticar os Estados<br />
Unidos pela atenção insuficiente<br />
para o efeito estufa, um tópico próximo<br />
e caro aos lí<strong>de</strong>res franceses,<br />
mas sinagogas queimando não geram<br />
o mesmo nível <strong>de</strong> preocupação.<br />
13<br />
Verda<strong>de</strong> e a posição israelense<br />
Herbert I. London *<br />
Os franceses não estão sós. A<br />
opinião da esquerda nos Estados<br />
Unidos encontrou uma causa nova.<br />
Numa recente reunião acontecida no<br />
Union Square Park manifestantes<br />
pediram a retirada israelense dos<br />
“territórios ocupados” e um aumento<br />
no salário mínimo. Primeiro, claro,<br />
que as palavras “territórios ocupados”<br />
<strong>de</strong>veriam elevar todo o tipo <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>iras<br />
vermelhas, mas o importante<br />
disso é o que, qualquer coisa, como<br />
o salário mínimo tem a ver com a política<br />
israelense? Não somente as<br />
causas têm parceiros <strong>de</strong> cama estranhos;<br />
parceiros <strong>de</strong> cama estranhos<br />
se aliam a causas estranhas.<br />
Deixem-me <strong>de</strong>volver a ácida pergunta<br />
<strong>de</strong> Kofi Anan: Está Israel correto<br />
e o mundo errado? Eu respon<strong>de</strong>ria<br />
inequivocamente sim. Apesar<br />
<strong>de</strong> todas as alegações sobre brutalida<strong>de</strong>,<br />
apesar <strong>de</strong> todas as acusações<br />
não comprovadas <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong>,<br />
Israel manteve restrição e a<strong>de</strong>rência<br />
a uma posição <strong>de</strong> guerra justa.<br />
Eu sou simpatizante <strong>de</strong> muitos<br />
palestinos que foram usados como<br />
garantia por lí<strong>de</strong>res árabes e <strong>de</strong><br />
quem o empenho foi ignorado por<br />
esses que po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>veriam ajudar.<br />
Isto é para on<strong>de</strong> o rancor <strong>de</strong>veria ser<br />
dirigido. Ao invés disso, Israel é consi<strong>de</strong>rado<br />
o “bicho-papão” e no processo<br />
morrem pessoas inocentes e<br />
a Força <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel é obrigada<br />
retaliar.<br />
Po<strong>de</strong> não haver um fim à vista, embora<br />
utópicos esperem soluções fáceis.<br />
E ao menos esses no Oci<strong>de</strong>nte que<br />
sabem a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>veriam falar. Esse<br />
é o primeiro passo na estrada para estabilida<strong>de</strong>,<br />
assumindo qualquer um a<br />
preocupação com a verda<strong>de</strong>.<br />
* Herbert I. London é presi<strong>de</strong>nte do Hudson Institute e professor <strong>de</strong> Ciências Humanas na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova Iorque. Ele é o autor<br />
<strong>de</strong> Década <strong>de</strong> Negação, recentemente publicado pela Lexington Books. Você po<strong>de</strong> visitar o website <strong>de</strong>le em www.herblondon.org<br />
Unibes faz campanha em Curitiba<br />
para arrecadar doação <strong>de</strong> objetos<br />
A Unibes - União Brasileiro-Israelita do Bem-<br />
Estar Social - é uma instituição filantrópica reconhecida,<br />
que promove atendimento global a crianças<br />
e adultos para melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida,<br />
restituindo valores <strong>de</strong> cidadania para milhares <strong>de</strong><br />
pessoas a cada ano. Surgiu em 1915 com um pequeno<br />
grupo <strong>de</strong> senhoras, que mobilizava esforços<br />
para apoiar imigrantes ju<strong>de</strong>us recém-chegados da<br />
Europa e que vinham se estabelecer em São Paulo.<br />
A situação econômica que o País atravessa fez<br />
com que diminuíssem drasticamente as contribuições<br />
para a Unibes e, ao mesmo tempo, aumentou<br />
o número <strong>de</strong> atendimentos às pessoas carentes.<br />
Atualmente, a entida<strong>de</strong> aten<strong>de</strong> a centenas <strong>de</strong> famílias<br />
cadastradas, <strong>de</strong>senvolvendo ações para reduzir<br />
as condições <strong>de</strong> precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos e<br />
famílias em situação social-problema, ou vítimas <strong>de</strong><br />
disfunções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> física e mental.<br />
A Unibes tem recebido freqüentemente, através<br />
<strong>de</strong> correio, doações da comunida<strong>de</strong> curitibana para<br />
seu Bazar. Consi<strong>de</strong>rando esta generosida<strong>de</strong> espontânea,<br />
a instituição <strong>de</strong>cidiu fazer uma campanha<br />
no final <strong>de</strong>sse ano, em Curitiba, para arrecadação<br />
<strong>de</strong> doações que serão encaminhadas ao Bazar<br />
Bernardo Goldfarb.<br />
Tudo o que não esteja mais sendo usado po<strong>de</strong><br />
ser objeto <strong>de</strong> doação: roupas, sapatos, bijuterias,<br />
quadros, móveis, eletrodomésticos, objetos<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>coração, livros, eletroeletrônicos, CDs, etc.<br />
Novos ou usados.<br />
As doações po<strong>de</strong>m ser entregues na se<strong>de</strong> da<br />
Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>de</strong> Curitiba, no Centro Israelita<br />
do Paraná, à Rua Coronel Augustinho <strong>de</strong> Macedo,<br />
248 – Bom Retiro, aos cuidados da Sra. Sônia ou<br />
Sra. Fabiane do Eitan. Mais informações através<br />
do telefone (41) 3024 7575.
14<br />
Cheiro <strong>de</strong> guerra no ar<br />
Informações <strong>de</strong> várias fontes e<br />
países dizem que este Ramadã<br />
(mês em que o Islam recebeu o<br />
Corão e do dia do julgamento) começa<br />
com aumento das tensões<br />
entre americanos e sauditas e avisos<br />
<strong>de</strong> que o Al Qaeda prepara<br />
novas surpresas.<br />
Se diz que a Marinha americana<br />
começa a movimentar suas<br />
naves. Não se informa a direção<br />
final. Tem navios <strong>de</strong> carga gigantes<br />
saindo <strong>de</strong> portos dos Estados<br />
Unidos. São dos que levam veículos<br />
pesados. Seriam o “Bob Hope”,<br />
o “Belatrix” e o ”Fisher’ que po<strong>de</strong>m<br />
carregar helicópteros.<br />
A Marinha americana diz que<br />
existem vários outros transportes<br />
ancorados na base <strong>de</strong> Diego Garcia,<br />
no Índico. Grupos <strong>de</strong> naves <strong>de</strong><br />
guerra — USS.Constellation, porta-avião,<br />
já <strong>de</strong>ixou seu ancoradouro<br />
em San Diego, Califórnia,<br />
o USS.Truman, sairá logo. E já<br />
navega o grupo do Kitty Hawk.<br />
Espera-se que se juntem lá para<br />
o fim do mês e estejam prontos<br />
para entrar em ação no começo<br />
<strong>de</strong> janeiro. Os grupos são li<strong>de</strong>rados<br />
por porta-aviões e cada<br />
um é uma armada.<br />
Sauditas criticam duramente os<br />
americanos via seus jornais précensurados.<br />
E Saleh Kamel,<br />
dono do conglomerado Dallah Albarakah<br />
talvez a maior fortuna do<br />
país <strong>de</strong>pois da dos Saud, a família<br />
reinante, avisa que um ataque<br />
a Saddam precipitará reações<br />
antiamericanas por toda a<br />
região. É eufemismo para ações<br />
armadas contra os americanos.<br />
Terroristas ou outras.<br />
Os saudis enfatizam que os<br />
americanos exigem absoluto acatamento<br />
das resoluções das Nações<br />
Unidas pelo Iraque e nada<br />
exigem dos israelenses. Qualificanos<br />
<strong>de</strong> adotar política <strong>de</strong> dois pesos<br />
e duas medidas. Interpreta-se<br />
a ênfase saudita neste ponto, lugar<br />
comum há anos, como meio<br />
<strong>de</strong> explicar que o país não po<strong>de</strong>rá<br />
permitir <strong>de</strong> forma alguma o uso<br />
das bases americanas para a operação<br />
anti-Saddam. São os Estados<br />
Unidos os protetores dos sauditas.<br />
Aparentemente, o receio <strong>de</strong><br />
reações internas das suas maiorias<br />
fundamentalistas é mais forte<br />
do que a perda provisória da ami-<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Nahum Sirotsky*, <strong>de</strong> Israel<br />
za<strong>de</strong> americana. Há rumores da<br />
presença <strong>de</strong> Bin La<strong>de</strong>n em algum<br />
lugar da Arábia Saudita que é<br />
wahabita, seita ultra-fundamentalista.<br />
Os sauditas têm o petróleo.<br />
Mas, nos antigos países soviéticos<br />
cresce a produção e só faltam<br />
meios econômicos <strong>de</strong> lançá-la aos<br />
mercados atuais. Mas há rumor<br />
sobre um acordo russo-israelense<br />
para a recuperação <strong>de</strong> oleoduto<br />
fechado e seu uso. Estou levantando<br />
mais <strong>de</strong>talhes e logo po<strong>de</strong>rei<br />
passá-los. Negócio é negocio,<br />
os inimigos <strong>de</strong> ontem são bons<br />
amigos <strong>de</strong> hoje.<br />
Um novo comando americano<br />
está sendo montado no Sul da África.<br />
Uma base naval está surgindo<br />
em Djbouti. Nas proximida<strong>de</strong>s, há<br />
dias, no Yemen, foram mortos seis<br />
elementos do Al Qaeda por um<br />
clone supostamente da CIA. A região<br />
é <strong>de</strong> influência francesa! Será<br />
que Paris diz uma coisa pela boca<br />
e outra no concreto?<br />
Os serviços secretos alemães<br />
insistem que Bin La<strong>de</strong>n está vivo.<br />
Eles tem indícios <strong>de</strong> que se tentará<br />
um mega-ataque no seu país.<br />
Circulam rumores semelhantes<br />
por todos os cantos do mundo que<br />
importa à força oci<strong>de</strong>ntal. E em Israel.<br />
Um <strong>de</strong>les há <strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>iro.<br />
O Al Qaeda tem suficiente sofisticação<br />
para conhecer as táticas<br />
da guerra da informação: tanto se<br />
espalha rumor falso que cansa os<br />
secretas e é quando vem o ataque.<br />
Há rumores <strong>de</strong> que os israelenses<br />
estão treinando tropas especiais<br />
americanas em guerra urbana,<br />
no que têm experiência. E que<br />
têm comandos seus rodando pelo<br />
Iraque para localizar as baterias <strong>de</strong><br />
mísseis e lançadoras dos aviões<br />
sem piloto para que sejam <strong>de</strong>struídas<br />
no primeiro golpe americano.<br />
Se não acontecer, fariam eles<br />
o trabalho, pois Saddam tem meios<br />
aéreos que chegam até Israel<br />
on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sesperado, ou no primeiro<br />
momento, po<strong>de</strong>ria lançar armas<br />
químicas e biológicas.<br />
Ainda não houve a vacinação<br />
em massa em Israel que seria o<br />
sinal <strong>de</strong> que a guerra se tornou<br />
inevitável e está para chegar.<br />
Uff! A minha tendência é dizer,<br />
como brasileiro, Santa Maria.<br />
Tenho <strong>de</strong> dizer que D-us Aju<strong>de</strong>,<br />
por razões óbvias.<br />
* Nahum Sirotsky é jornalista correspon<strong>de</strong>nte da RBS em Israel e colunista do Último<br />
Segundo/IG. A reprodução <strong>de</strong> sua coluna do IG tem autorização do autor.<br />
Espalhando luz<br />
Os vaga-lumes, passeando ao<br />
anoitecer, receberam instruções da<br />
mãe vaga–lume: ”Tomem cuidado”,<br />
ela disse. Fiquem em fila e ao chegarmos<br />
na floresta escura não <strong>de</strong>ixem<br />
brilhar sua luz. Lá, há pássaros<br />
que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>scer voando e consumir<br />
vocês!<br />
Os vaga-lumes obe<strong>de</strong>ceram, e o<br />
mais novo fechava a fila. Enquanto<br />
assim procediam, repentinamente se<br />
viu uma luz vinda <strong>de</strong> trás. “Parem”,<br />
chamou a mãe vaga–lume. “De quem<br />
é essa luz?”<br />
“Sou eu”, falou o vaga-lume<br />
mais novo.<br />
“Você ouviu o que eu lhe falei”,<br />
disse a mãe vaga-lume. “Por que<br />
não obe<strong>de</strong>ce?”<br />
“Pois é”, disse o pequenino,<br />
“quando não dá mais para segurar,<br />
tenho que brilhar”.<br />
O acendimento das velas em Chanucá<br />
simboliza a expulsão da escuridão<br />
e a difusão da luz. As velas <strong>de</strong><br />
Chanucá simbolizam o cumprimento<br />
das mitsvot (mandamentos Divinos)<br />
através dos quais iluminamos espiritualmente<br />
o nosso mundo. O afastamento<br />
da escuridão se realiza através<br />
da guarda dos preceitos negativos<br />
cuja meta é <strong>de</strong>sviar do mal (não<br />
roubar, não cobiçar, não guardar rancor,<br />
não odiar o próximo, etc.). A difusão<br />
da luz se realiza através do<br />
cumprimento dos preceitos positivos<br />
cuja meta é praticar o bem (honrar pai<br />
e mãe, respeitar os idosos, lembrar o<br />
Shabat, praticar a carida<strong>de</strong>, etc.).<br />
Cada membro do povo ju<strong>de</strong>u tem<br />
a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cumprir as<br />
duas categorias <strong>de</strong> mitsvot: as negativas<br />
e as positivas. No entanto, existem<br />
pessoas que são diligentes em<br />
<strong>de</strong>sviar-se do mal. São especialmente<br />
escrupulosas <strong>de</strong> não infringir qualquer<br />
preceito negativo. Conhecemos,<br />
também, pessoas que se <strong>de</strong>dicam<br />
sempre a praticar o bem, caprichando<br />
no cumprimento dos preceitos positivos<br />
e procurando sempre adicionar<br />
mais uma boa ação no seu dia-a-dia.<br />
No Talmud há uma controvérsia<br />
entre o Beit Shamai e o Beit Hilel a<br />
respeito do procedimento apropriado<br />
no acendimento das velas <strong>de</strong> Chanucá.<br />
O Beit Shamai ensina que <strong>de</strong>vemos<br />
acen<strong>de</strong>r oito velas na primeira<br />
noite e sucessivamente, a cada noite,<br />
diminuir uma luz, terminando a<br />
festa com uma única vela, acesa na<br />
oitava noite. O Beit Hilel ensina que<br />
B"H<br />
Rabino Yossef Dubrawsky *<br />
<strong>de</strong>vemos acen<strong>de</strong>r apenas, uma vela,<br />
na primeira noite e, em seguimento,<br />
acrescentar uma vela a cada noite,<br />
terminando a festa com o brilho das<br />
oito velas. Como é do conhecimento<br />
<strong>de</strong> todos, a lei, na prática, é conforme<br />
a opinião do Beit Hilel.<br />
Beit Shamai enfatizava o serviço<br />
espiritual <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar do mal. Beit Hilel<br />
acentuava o serviço espiritual <strong>de</strong><br />
praticar o bem. A linha <strong>de</strong> pensamento<br />
<strong>de</strong> cada um é refletida na sua orientação<br />
a respeito do acendimento da<br />
Chanuquiá.<br />
No trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar do mal é<br />
necessário, inicialmente, investir<br />
muita força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> e muito sacrifício,<br />
pois <strong>de</strong>ve haver uma ruptura<br />
com uma rotina que se tornou<br />
parte da nossa natureza e cotidiano.<br />
Porém, com o passar do tempo,<br />
sentimos que diminui a atração pela<br />
ativida<strong>de</strong> prejudicial e com bem<br />
menos esforço consegue-se abrir<br />
mão e, finalmente, eliminar tal hábito<br />
ou prática. Esta idéia é expressa<br />
pela intensida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> luz<br />
no primeiro dia, sucedida pela sua<br />
diminuição gradativa a cada dia,<br />
conforme ensina o Beit Shamai.<br />
Em comparação, no serviço <strong>de</strong><br />
praticar o bem é possível ingressar<br />
com pouca resolução ou diligência,<br />
fazer uma boa ação a cada vez, e <strong>de</strong>pois<br />
sentir como se aumenta o <strong>de</strong>sejo<br />
<strong>de</strong> fazer mais, e uma mitsvá acaba<br />
atraindo outra, na sua seqüência. Por<br />
isso, a opinião do Beit Hilel é começar<br />
com uma vela e terminar com as oito.<br />
Chanucá nos ensina que, na prática,<br />
<strong>de</strong>vemos seguir o caminho <strong>de</strong> fazer<br />
o bem, procurar sempre adicionar<br />
mais uma mitsvá positiva, e assim,<br />
por si só, ficarão anuladas as<br />
coisas in<strong>de</strong>sejáveis. Pois a escuridão,<br />
em verda<strong>de</strong>, é covar<strong>de</strong>; basta acen<strong>de</strong>r<br />
uma luz e ela foge. Cada um <strong>de</strong><br />
nós tem habilida<strong>de</strong> inata e po<strong>de</strong>r para<br />
brilhar e iluminar nosso ambiente, fato<br />
que não <strong>de</strong>ve e não po<strong>de</strong> ser abafado.<br />
Jamais faltará energia espiritual<br />
no mundo, enquanto <strong>de</strong>ixarmos o<br />
nosso brilho interior se manifestar.<br />
Desejo um Feliz Chanucá para<br />
todos nossos leitores. Que possamos<br />
através do nosso serviço espiritual<br />
da difusão da luz e expulsão<br />
da escuridão apressar a revelação<br />
do Mashiach quando assistiremos<br />
ao acendimento da Menorá no nosso<br />
terceiro Templo Sagrado, que<br />
seja muito em breve!<br />
*Yossef Dubrawsky é rabino do Beit Chabad <strong>de</strong> Curitiba
Markin Tu<strong>de</strong>r*<br />
Recebi, há alguns dias, através<br />
do correio eletrônico do movimento<br />
Paz Agora do Brasil, o convite<br />
<strong>de</strong> uma lista <strong>de</strong> organizações<br />
e entida<strong>de</strong>s, para participar <strong>de</strong> um<br />
“Jejum Pela Paz No Oriente Médio”,<br />
que <strong>de</strong>veria ter se realizado<br />
dia 12 <strong>de</strong> outubro, na Praça da Sé.<br />
Em São Paulo. Quem encabeçava<br />
a lista dos organizadores era o<br />
“Grupo Solidário São Domingo”.<br />
No mesmo evento <strong>de</strong>veria ter sido<br />
lida uma mensagem <strong>de</strong> Dom Pedro<br />
Casaldáliga, bispo <strong>de</strong> São<br />
Félix do Araguaia, que a mim pareceu<br />
relativamente equilibrada,<br />
apesar <strong>de</strong> transparecer <strong>de</strong>la também<br />
uma certa ten<strong>de</strong>nciosida<strong>de</strong><br />
pró-palestina. Por exemplo, o senhor<br />
bispo sabe pleitear a retirada<br />
das “tropas <strong>de</strong> ocupação”, mas<br />
não menciona sequer a cessação<br />
dos bárbaros atos <strong>de</strong> terror. Bem,<br />
suponhamos que tenha sido um<br />
lapso, se bem que é difícil aceitar<br />
que se esqueça justamente do<br />
principal problema no conflito palestino-israelense,<br />
ou seja, a atuação<br />
dos grupos terroristas que negam<br />
qualquer tipo <strong>de</strong> entendimento<br />
e, conseqüentemente, da Paz<br />
que os senhores dizem almejar.<br />
O que revolta real e profundamente,<br />
senhor bispo, meus senhores,<br />
são os termos do convite, que<br />
constituem, eles mesmos, um ato<br />
<strong>de</strong> terror e uma afronta à inteligência.<br />
Isso consi<strong>de</strong>rando que o convite<br />
adverte <strong>de</strong> que (cito):<br />
“...a versão que circulou anteriormente<br />
na Internet foi produto<br />
<strong>de</strong> enxertos maliciosos promovidos<br />
por grupos interessados em<br />
manipular o evento, <strong>de</strong>svirtuando<br />
o seu caráter eminentemente<br />
ecumênico e pacifista para uma<br />
linha exatamente contrária, <strong>de</strong><br />
acusações maniqueístas e <strong>de</strong> fomento<br />
<strong>de</strong> ódio”.<br />
Posso até imaginar o teor <strong>de</strong>sta<br />
versão, que não recebi. Mas isto<br />
esclarece o caráter dos grupos e<br />
entida<strong>de</strong>s que se encontram por<br />
<strong>de</strong>trás do mencionado evento.<br />
Pois bem, vejamos o teor do convite.<br />
Cito:<br />
“…A guerra contra o povo palestino,<br />
já dura dois anos, …”<br />
Sabem os senhores quantos<br />
anos dura a luta contra o povo ju<strong>de</strong>u?<br />
Não tenciono me remontar<br />
a épocas que não lhes convém<br />
relembrar, mas só me referir aos<br />
tempos mais recentes e só ao processo<br />
<strong>de</strong> retorno do povo ju<strong>de</strong>u à<br />
Pátria da qual foi expulso. Pois<br />
bem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros estabelecimentos<br />
<strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us na então<br />
chamada Palestina, em terras<br />
compradas a preço <strong>de</strong> ouro <strong>de</strong><br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Despindo cor<strong>de</strong>iros<br />
seus proprietários, em transação<br />
legal, os colonos foram vítimas <strong>de</strong><br />
seguidos e repetidos ataques <strong>de</strong><br />
bandos e quadrilhas terroristas,<br />
que semeavam a morte e o terror.<br />
O pioneiro ju<strong>de</strong>u que veio reconstruir<br />
a sua pátria e fazer com que<br />
o árido <strong>de</strong>serto em que ela se<br />
transformou <strong>de</strong>vido ao abandono<br />
que sofreu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a expulsão dos<br />
ju<strong>de</strong>us voltasse a jorrar leite e mel,<br />
tinha que empunhar a enxada em<br />
uma mão e o fuzil na outra, para<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a sua vida e a sua obra.<br />
Isto, senhores, é uma história que<br />
se prolonga não dois, mas cem<br />
anos. Com diferenças <strong>de</strong> nuances,<br />
a luta pela preservação <strong>de</strong><br />
nossa vida e <strong>de</strong> nossa obra continua<br />
até hoje. Com a diferença que<br />
hoje temos instrumentos para<br />
isso, coisa que nunca tivemos<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a expulsão <strong>de</strong> nossa Pátria,<br />
e o principal <strong>de</strong>les é o nosso Exército<br />
<strong>de</strong> Defesa.<br />
Como esses senhores são dotados<br />
<strong>de</strong> memória curta, quero<br />
lembrá-los do que aconteceu há<br />
dois anos quando começou, segundo<br />
suas palavras, a guerra<br />
contra o povo palestino. E, posso<br />
garantir-lhes que sou fiel à verda<strong>de</strong>.<br />
O primeiro-ministro <strong>de</strong> Israel<br />
ainda não era Ariel Sharon, e sim<br />
Ehud Barak. Sentindo que estava<br />
per<strong>de</strong>ndo a maioria no parlamento,<br />
<strong>de</strong>cidiu cumprir a qualquer custo<br />
a sua promessa <strong>de</strong> chegar a um<br />
acordo <strong>de</strong> paz com Arafat e trazer<br />
esse acordo à aprovação <strong>de</strong> um<br />
plebicito que indubitavelmente lhe<br />
daria a maioria. Com um plano<br />
muito ousado, que com certeza<br />
não obteria a maioria no parlamento,<br />
Barak foi ao encontro <strong>de</strong><br />
Arafat e Clinton em Camp David.<br />
Sua esperança estava na aprovação<br />
do plano, que entregava à<br />
Autorida<strong>de</strong> Palestina 94% dos assim<br />
chamados territórios ocupados,<br />
e mais 3% <strong>de</strong> território em<br />
troca <strong>de</strong> um território <strong>de</strong>nsamente<br />
colonizado por ju<strong>de</strong>us. Dava<br />
também à Autorida<strong>de</strong> Palestina o<br />
controle da parte oriental <strong>de</strong> Jerusalém,<br />
que seria transformada na<br />
capital do futuro Estado Palestino.<br />
E na sua aceitação por plebiscito<br />
em Israel. Arafat negou o plano,<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou a Intifada, optando<br />
pela estratégia da violência para<br />
internacionalizar o conflito, fez<br />
com que o governo trabalhista <strong>de</strong><br />
Ehud Barak caísse e com que Ariel<br />
Sharon fosse eleito por maioria<br />
inédita. O povo achou, e não sem<br />
razão, que essa seria a escolha<br />
certa para fazer frente à <strong>de</strong>claração<br />
<strong>de</strong> guerra feita por Arafat<br />
e os palestinos, e à onda <strong>de</strong> terror<br />
sangrento que a ela se seguiu,<br />
e contra o qual esses se-<br />
nhores não dispensam uma palavra<br />
<strong>de</strong> censura sequer.<br />
Em seguida, o convite diz<br />
(cito):”…<br />
“Vamos homenagear as crianças<br />
palestinas assassinadas pelo<br />
exército <strong>de</strong> Israel e as crianças<br />
israelenses mortas em atentados.”<br />
Crianças palestinas assassinadas<br />
e crianças israelenses mortas.<br />
Eu me envergonho do fato <strong>de</strong> uma<br />
organização dita ecumênica usar<br />
<strong>de</strong> tanta malícia e malda<strong>de</strong> na distorção<br />
dos fatos, criando uma imagem<br />
<strong>de</strong>moníaca falsa e inversa<br />
dos mesmos. Só lhes falta a <strong>de</strong>scrição<br />
<strong>de</strong> soldados israelenses<br />
invadindo as casas <strong>de</strong> famílias<br />
pacatas, arrancando as crianças<br />
dos braços <strong>de</strong> suas mães e as<br />
<strong>de</strong>golando. Ou talvez encostando<br />
uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong>las no paredão e<br />
fuzilando-as a sangue frio. Talvez<br />
essa <strong>de</strong>scrição seja anexada ao<br />
próximo convite para uma prece,<br />
ou qualquer outro evento futuro.<br />
De outra parte, crianças israelenses<br />
foram mortas em atentados.<br />
Talvez por acaso? O que tinham<br />
elas <strong>de</strong> fazer numa discoteca? Ou<br />
talvez o terrorista pensou que lá<br />
fosse uma importante base militar?<br />
A criança <strong>de</strong> cinco anos que<br />
estava dormindo seu sono em sua<br />
cama e foi fuzilada a um metro <strong>de</strong><br />
distância, foi morta, não assassinada.<br />
Talvez o terrorista nem tivesse<br />
intenção <strong>de</strong> matá-la e a<br />
arma disparou por engano. Crianças<br />
que viajam com seus pais, são<br />
atingidas e “mortas” provavelmente<br />
por falta <strong>de</strong> pontaria dos terroristas<br />
franco-atiradores.<br />
Não houve um caso sequer em<br />
que um soldado israelense atirou<br />
<strong>de</strong>liberadamente em uma criança<br />
palestina, senhores ecumenos. A<br />
maioria <strong>de</strong>las morreu ou porque<br />
foram usadas como barreiras à<br />
frente <strong>de</strong> terroristas armados, ou<br />
pelo fato <strong>de</strong>sses mesmos terroristas<br />
se escon<strong>de</strong>rem em zonas <strong>de</strong>nsamente<br />
povoadas, para se protegerem.<br />
Foi nos imposta uma<br />
guerra, e numa guerra morrem<br />
inocentes, inclusive crianças. Jejuem,<br />
rezem por elas se isso lhes<br />
faz bem. Mas não mintam e nem<br />
invertam os papéis, pois isso não<br />
é próprio <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> que se<br />
diz ecumênica.<br />
Quanto às doações, garantolhes<br />
que nem um real será doado<br />
a crianças israelenses, e foi comprovado<br />
por documentos que dos<br />
dinheiros doados aos palestinos,<br />
parte vai para os bolsos <strong>de</strong> corruptos<br />
e parte para armar terroristas<br />
e recompensar suas famílias.<br />
Esta semana vi uma reportagem<br />
sobre os países do sul da África.<br />
Em seis <strong>de</strong>sses países, estão para<br />
morrer <strong>de</strong> fome 14 milhões <strong>de</strong> pessoas,<br />
a maioria <strong>de</strong>las crianças,<br />
<strong>de</strong>vido à seca. Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>las<br />
são órfãos, pois os pais morreram<br />
<strong>de</strong> AIDS. Existirá causa<br />
mais nobre para vocês <strong>de</strong>stinarem<br />
os seus donativos? Será pelo fato<br />
<strong>de</strong> serem africanos? Não, não é<br />
possível, pois racismo é algo que<br />
está longe <strong>de</strong> vocês.<br />
Minha gente, vamos <strong>de</strong> uma<br />
vez por todas <strong>de</strong>spir esse rebanho<br />
<strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros. Não se espantem <strong>de</strong><br />
encontrar por baixo <strong>de</strong> suas ingênuas<br />
vestes uma matilha <strong>de</strong> lobos,<br />
a<strong>de</strong>ptos e suportadores do Al-Qaeda<br />
e <strong>de</strong> seus afiliados, como<br />
Hezbollah, Jihad Islâmico, Hamas<br />
e outros. Ainda não ouvi o seu grito<br />
<strong>de</strong> protesto contra a barbarida<strong>de</strong><br />
cometida na pacífica Ilha <strong>de</strong><br />
Java, que tirou a vida a 200 inocentes<br />
e feriu mais 300 (talvez a<br />
maioria cristãos) que foram ali<br />
passar suas férias. Quem pensou<br />
que o terror fosse voltado só<br />
contra Israel e Estados Unidos,<br />
que se cui<strong>de</strong>.<br />
Esse é o rebanho <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros<br />
disfarçados, organizadores<br />
do evento:<br />
Grupo Solidário São Domingos,<br />
Grito dos Excluídos Brasil e<br />
Continental, Via Campesina, Movimento<br />
Sem Terra (MST), Movimento<br />
dos Trabalhadores Sem<br />
Teto (MTST), Central Única dos<br />
Trabalhadores (CUT), Sindicato<br />
dos Advogados <strong>de</strong> São Paulo,<br />
Re<strong>de</strong> Social <strong>de</strong> Justiça e Direitos<br />
Humanos, Central <strong>de</strong> Movimentos<br />
Populares (CMP), Instituto<br />
Jerusalém, Serviço Pastoral dos<br />
Migrantes, Centro <strong>de</strong> Educação<br />
Popular do Instituto Se<strong>de</strong>s Sapientiae<br />
(CEPIS), Movimento<br />
Mística e Revolução.<br />
15<br />
* Markin Tu<strong>de</strong>r é<br />
tradutor e resi<strong>de</strong><br />
em Israel
16<br />
* Dore Gold é<br />
porta-voz do<br />
governo Sharon,<br />
presi<strong>de</strong>nte do<br />
Jerusalem Center<br />
for Public Affairs<br />
(Centro <strong>de</strong><br />
Jerusalém para<br />
Negócios<br />
Públicos). Foi<br />
Embaixador <strong>de</strong><br />
Israel junto às<br />
Nações Unidas<br />
(1997-1999).<br />
A “ocupação” como uma<br />
acusação<br />
No coração da luta diplomática<br />
palestina contra Israel está a<br />
repetida afirmação <strong>de</strong> que os palestinos<br />
da Margem Oci<strong>de</strong>ntal e da<br />
Faixa <strong>de</strong> Gaza estão resistindo “à<br />
ocupação”. Falando recentemente<br />
no programa Larry King Weekend,<br />
da CNN, Hanan Ashrawi esperou<br />
que a guerra norte-americana contra<br />
o terrorismo conduzisse a novas<br />
iniciativas diplomáticas novas<br />
para colocar as causas do que<br />
consi<strong>de</strong>ra ser a raiz do problema.<br />
Ela foi especifica em i<strong>de</strong>ntificar a<br />
<strong>de</strong>morada ocupação como um<br />
exemplo <strong>de</strong> uma das origens do<br />
terrorismo.¹ Assim, em outras palavras,<br />
<strong>de</strong> acordo com Ashrawi, a<br />
violência da Intifada emana da<br />
“ocupação” israelense.<br />
Mustafa Barghouti, presi<strong>de</strong>nte<br />
dos Comitês <strong>de</strong> Alívio Médico palestinos<br />
e um convidado freqüente<br />
da CNN também, <strong>de</strong> forma<br />
semelhante afirmou isso: “a raiz do<br />
problema é a ocupação israelense”.²<br />
Escrevendo no Washington<br />
Post no dia 16 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> <strong>2002</strong>,<br />
Marwan Barghouti, cabeça do Fatah<br />
<strong>de</strong> Arafat, a facção da OLP na<br />
Margem Oci<strong>de</strong>ntal, continuou este<br />
tema com um artigo intitulado:<br />
“Quer Segurança? Termine a Ocupação”.<br />
Esta se tornou a linha<br />
mais onipresente <strong>de</strong> argumentos,<br />
hoje, entre os porta-vozes palestinos<br />
que têm que enfrentar o consenso<br />
internacional crescente<br />
contra o terrorismo como um instrumento<br />
político.<br />
Essa linguagem e esta lógica<br />
também penetraram nas lutas diplomáticas<br />
nas Nações Unidas.<br />
Durante agosto <strong>de</strong> 2001, um projeto<br />
<strong>de</strong> resolução foi apresentado<br />
pelos palestinos ao Conselho <strong>de</strong><br />
Segurança da ONU repetindo a<br />
referência palestina comumente<br />
usada para a Margem Oci<strong>de</strong>ntal e<br />
na Faixa <strong>de</strong> Gaza como “territórios<br />
palestinos ocupados”.<br />
Referências à “ocupação estrangeira”<br />
<strong>de</strong> Israel também apareceram<br />
em Durban no projeto da<br />
Declaração da ONU na Conferência<br />
Mundial Contra o Racismo. O<br />
embaixador da Líbia nas Nações<br />
Unidas, em nome da Cúpula política<br />
do Grupo Árabe, reiterou no<br />
dia 1º <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2001, o que<br />
porta-vozes palestinos haviam dito<br />
em re<strong>de</strong> <strong>de</strong> televisão: “O Grupo<br />
Árabe enfatiza sua <strong>de</strong>terminação<br />
em confrontar qualquer tentativa<br />
para classificar a resistência à ocupação<br />
como ato <strong>de</strong> terrorismo.” 3<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Um manual sobre os<br />
Dore Gold *<br />
Territórios “Ocupados” ou “disputados”?<br />
A diferença é enorme. Eis aqui tudo que<br />
você precisa saber.<br />
“Territórios Ocupados”<br />
Três objetivos claros parecem<br />
estar contidos nas repetidas referências<br />
à “ocupação “ ou aos “territórios<br />
palestinos ocupados”. Primeiro,<br />
os porta-vozes palestinos<br />
esperam criar um contexto político<br />
para explicar e até mesmo justificar<br />
a adoção da violência e do<br />
terrorismo palestinos durante a<br />
atual Intifada. Segundo, a <strong>de</strong>manda<br />
palestina contra Israel para o<br />
“fim da ocupação” não <strong>de</strong>ixa nenhum<br />
espaço para o compromisso<br />
<strong>de</strong> acordo territorial na Margem<br />
Oci<strong>de</strong>ntal e na Faixa <strong>de</strong> Gaza,<br />
como sugerido no texto original da<br />
Resolução 242, do Conselho <strong>de</strong><br />
Segurança da ONU (veja abaixo).<br />
Terceiro, o uso da expressão<br />
“territórios palestinos ocupados”<br />
nega qualquer reivindicação israelense<br />
para a terra; se utilizada<br />
uma linguagem mais neutra, como<br />
“territórios disputados”, então os<br />
palestinos e Israel estariam jogando<br />
num campo com direitos iguais.<br />
Adicionalmente, apresentando Israel<br />
como um “ocupante estrangeiro”,<br />
<strong>de</strong>fensores da causa palestina<br />
tornam ilegítima a histórica ligação<br />
judaica com Israel. Este se<br />
tornou o foco dos esforços diplomáticos<br />
palestinos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que fracassaram<br />
os acordos <strong>de</strong> 2000 na<br />
Conferência <strong>de</strong> Camp David, mais<br />
precisamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Conferência<br />
da ONU em Durban, em 2001.<br />
Realmente, em Durban, a campanha<br />
<strong>de</strong> ilegitimação contra Israel<br />
explorou a linguagem “ocupação”<br />
para fazer invocar as recordações<br />
da Europa ocupada pelos nazistas<br />
durante a Segunda Guerra<br />
Mundial e ligá-las às ações israelenses<br />
na Margem Oci<strong>de</strong>ntal e na<br />
Faixa <strong>de</strong> Gaza. 4<br />
A terminologia <strong>de</strong> outros<br />
territórios disputados<br />
O peso político do termo “territórios<br />
ocupados” ou “ocupação”<br />
parece só se aplicar para Israel e<br />
quase nunca é usado quando são<br />
discutidas outras disputas territoriais,<br />
especialmente através <strong>de</strong> terceiras<br />
partes interessadas. Por exemplo, o<br />
Departamento norte-americano <strong>de</strong><br />
Estado refere-se à Cachemira como<br />
“áreas disputadas”. 5<br />
Similarmente em seus Country<br />
Reports on Human Rights Practices<br />
(Relatórios nacionais <strong>de</strong> Práticas<br />
em Direitos Humanos), o<br />
Departamento <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong>screve<br />
o território do Azerbaijão reivindicado<br />
como uma república in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />
por separatistas armênios<br />
nativos como “a área disputada<br />
<strong>de</strong> Nagorno-Karabakh”. 6<br />
Apesar da recomendação <strong>de</strong><br />
1995, do Tribunal Internacional <strong>de</strong><br />
Justiça que estabeleceu que o<br />
Saara Oci<strong>de</strong>ntal não estava sob a<br />
soberania territorial marroquina,<br />
geralmente não é aceito para <strong>de</strong>screver<br />
incursão militar marroquina<br />
na ex-colônia espanhola como um<br />
ato <strong>de</strong> “ocupação”. Numa <strong>de</strong>cisão<br />
mais recente do Tribunal Internacional<br />
<strong>de</strong> Justiça, em março <strong>de</strong><br />
2001, a ilha <strong>de</strong> Zubarah, no Golfo<br />
Pérsico, reivindicada por Qatar e<br />
Bahrain, foi <strong>de</strong>scrita pelo Tribunal<br />
como “território disputado”, até que<br />
foi finalmente conferida a Qatar. 7<br />
É claro que cada situação tem<br />
sua própria história singular, mas<br />
em uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras disputas<br />
territoriais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Norte <strong>de</strong><br />
Chipre, passando pelas Ilhas Kurilas,<br />
até Abu Musa no Golfo Pérsico<br />
— que envolveram algum<br />
grau <strong>de</strong> conflito armado — o termo<br />
“territórios ocupados” não é<br />
comumente usado em discursos<br />
internacionais. 8<br />
Assim, o caso da Margem Oci<strong>de</strong>ntal<br />
e da Faixa <strong>de</strong> Gaza parece<br />
ser uma exceção especial na história<br />
recente, pois em muitas outras<br />
disputas territoriais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
Segunda Guerra Mundial na qual a<br />
terra em questão esteve sob a soberania<br />
prévia <strong>de</strong> outro Estado, o<br />
termo “território ocupado” não foi<br />
aplicado à área que ficou sob o controle<br />
do exército <strong>de</strong> um lado como<br />
resultado <strong>de</strong> conflito armado.<br />
Soberania sem prévio<br />
reconhecimento nos<br />
Territórios<br />
Israel entrou na Margem Oci<strong>de</strong>ntal<br />
e na Faixa <strong>de</strong> Gaza na<br />
Guerra dos Seis Dias, em 1967.<br />
Peritos legais israelenses resistiram<br />
tradicionalmente aos esforços<br />
para <strong>de</strong>finir a Margem Oci<strong>de</strong>ntal e<br />
a Faixa <strong>de</strong> Gaza como “ocupados”<br />
ou incluindo-os nos tratados internacionais<br />
principais que lidam com<br />
ocupação militar. O ex-juiz-chefe<br />
da Corte Suprema <strong>de</strong> Justiça, Meir<br />
Shamgar escreveu nos anos 70<br />
que não há, <strong>de</strong> jure (<strong>de</strong> direito), nenhuma<br />
aplicabilida<strong>de</strong> da Quarta<br />
Convenção <strong>de</strong> Genebra, <strong>de</strong> 1949,<br />
com relação a territórios ocupados<br />
para o caso da Margem Oci<strong>de</strong>ntal<br />
e da Faixa <strong>de</strong> Gaza visto que a convenção<br />
“está baseada na suposição<br />
que <strong>de</strong> havia um soberano que<br />
foi <strong>de</strong>salojado e que ele tinha uma<br />
soberania legítima”.<br />
Na realida<strong>de</strong>, antes <strong>de</strong> 1967, a<br />
Jordânia tinha ocupado a Margem<br />
Oci<strong>de</strong>ntal e o Egito tinha ocupado<br />
a Faixa <strong>de</strong> Gaza; a presença <strong>de</strong>les<br />
nesses territórios foi resultado<br />
da invasão ilegal em 1948, em<br />
<strong>de</strong>safio ao Conselho <strong>de</strong> Segurança<br />
da ONU. A anexação, em 1950,<br />
da Margem Oci<strong>de</strong>ntal pela Jordânia<br />
só foi reconhecida pela Grã<br />
Bretanha (excluindo a anexação<br />
<strong>de</strong> Jerusalém) e pelo Paquistão, e<br />
rejeitada pela vasta maioria da comunida<strong>de</strong><br />
internacional, incluindo<br />
os estados árabes.<br />
Por insistência da Jordânia, a<br />
Linha <strong>de</strong> Armistício <strong>de</strong> 1949 constituiu<br />
a fronteira israelense-jordaniana<br />
até 1967, não era uma fronteira<br />
internacional reconhecida,<br />
mas só uma linha que separava<br />
exércitos. O Acordo <strong>de</strong> Armistício<br />
especificamente <strong>de</strong>clarava: “nenhuma<br />
provisão <strong>de</strong>ste acordo<br />
prejudicará <strong>de</strong> qualquer forma os<br />
direitos, reivindicações, e posições<br />
<strong>de</strong> qualquer parte na <strong>de</strong>terminação<br />
relativa sobre o assentamento pacífico<br />
na questão palestina, as providências<br />
<strong>de</strong>ste acordo serão ditadas<br />
exclusivamente por consi<strong>de</strong>rações<br />
militares” (ênfase adicionada)<br />
(Artigo II.2).<br />
Como se po<strong>de</strong> notar acima, em<br />
muitos outros casos na história<br />
recente na qual fronteiras internacionais<br />
reconhecidas foram cruzadas<br />
em conflitos armados e território<br />
soberano tomado, a expressão<br />
“ocupação” não era usada —<br />
até mesmo em casos claros <strong>de</strong><br />
agressão. Já no caso da Margem<br />
Oci<strong>de</strong>ntal e da Faixa <strong>de</strong> Gaza on<strong>de</strong><br />
nenhum controle soberano foi internacionalmente<br />
reconhecido,<br />
nem previamente existiu, o estigma<br />
<strong>de</strong> Israel como “ocupante” ganhou<br />
circulação.<br />
Auto<strong>de</strong>fesa versus agressão<br />
Juristas internacionais geralmente<br />
fazem uma distinção entre<br />
situações <strong>de</strong> “conquista agressiva”<br />
e disputas territoriais que surgem<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma guerra <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>fesa.<br />
O ex-conselheiro Stephen<br />
Schwebel, do Departamento <strong>de</strong> Estado<br />
que <strong>de</strong>pois encabeçou o Tribunal<br />
Internacional <strong>de</strong> Justiça em<br />
Hague, escreveu em 1970 relativamente<br />
ao caso <strong>de</strong> Israel: “On<strong>de</strong> o<br />
proprietário anterior do território tinha<br />
tomado <strong>de</strong> modo ilegal aquele<br />
território, a <strong>de</strong>claração com a qual<br />
subseqüentemente se toma o território<br />
no exercício legal da auto<strong>de</strong>fesa<br />
contra aquele proprietário anterior,<br />
tem melhor direito”. 9<br />
Aqui a sucessão histórica dos<br />
eventos do dia 5 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1967,<br />
é crítica, apesar <strong>de</strong> Israel só entrar<br />
na Margem Oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>pois<br />
que a artilharia jordaniana abriu<br />
fogo repetidas vezes e os movimentos<br />
no solo cruzaram as linhas<br />
prévias do armistício. Os ataques
dos jordanianos começaram às 10 h da manhã;<br />
uma advertência israelense à Jordânia foi passada<br />
pela ONU às 11 da manhã; os ataques jordanianos,<br />
no entanto, persistiram, <strong>de</strong> forma que<br />
a ação do exército israelense só começou às<br />
12h45 da tar<strong>de</strong>. Adicionalmente forças iraquianas<br />
tinham cruzado o território da Jordânia e se<br />
preparavam para entrar na Margem Oci<strong>de</strong>ntal.<br />
Sob tais circunstâncias, as fronteiras temporárias<br />
do armistício <strong>de</strong> 1949 per<strong>de</strong>ram a valida<strong>de</strong> no<br />
momento em que as forças da Jordânia revogaram<br />
o armistício e atacaram. Israel passou a controlar<br />
a Margem Oci<strong>de</strong>ntal como resultado <strong>de</strong> uma<br />
guerra <strong>de</strong>fensiva.<br />
A expressão “ocupação” foi adotada pelos<br />
porta-vozes palestinos para que ofuscasse esta<br />
história. Apontando repetidamente a “ocupação”,<br />
eles conseguem inverter a causalida<strong>de</strong> do conflito,<br />
especialmente na frente <strong>de</strong> audiências oci<strong>de</strong>ntais.<br />
Assim, a disputa territorial atual é supostamente<br />
o resultado <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão israelense<br />
para “ocupar”, em lugar do resultado <strong>de</strong> uma guerra<br />
imposta a Israel por uma coalizão <strong>de</strong> estados<br />
árabes em 1967.<br />
Notas<br />
1. O programa Larry King Weekend (Larry King<br />
fim-<strong>de</strong>-semana), na CNN “America Recovers:<br />
Can the Fight Against Terrorism be Won?<br />
(América se recupera: A luta contra o<br />
terrorismo po<strong>de</strong> ser ganha?), 10 <strong>de</strong><br />
<strong>novembro</strong> <strong>de</strong> 2001” (CNN.com/transcripts).<br />
2. Mustafa Baghouti, “Ocupação é o problema”,<br />
jornal Al-Ahram, Esboço Semanal, 6 <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001.<br />
3. Anne F. Bayefsky, “Terrorismo e Racismo: O<br />
Resultado <strong>de</strong> Durban, pontos <strong>de</strong> vista”,<br />
Jerusalém, 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001.<br />
4. Veja Bayefsky, Funcionários dos E.U.A. e<br />
europeus po<strong>de</strong>m usar a termo “ocupação”<br />
fora <strong>de</strong> uma preocupação necessariamente<br />
humanitária dos palestinos, sem i<strong>de</strong>ntificar<br />
com o programa <strong>de</strong> trabalho político da OLP<br />
para Durban ou à ONU.<br />
5. Departamento <strong>de</strong> Estado norte-americano,<br />
Folha <strong>de</strong> Informação Consular: Índia (http://<br />
travel.state.gov/india.html) 23 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong><br />
<strong>de</strong> 2001.<br />
6. 1999 Country Reports on Human Rights<br />
Practices (Relatórios nacionais <strong>de</strong> Práticas<br />
em Direitos Humanos <strong>de</strong> 1999): Azerbaijão,<br />
liberado pela Agência <strong>de</strong> Democracia,<br />
Direitos Humanos e Trabalho, Departamento <strong>de</strong><br />
Estado norte-americano, 25 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2000.<br />
7. Caso com respeito à Delimitação Marítima e<br />
Questões Territoriais entre Qatar e Bahrain,<br />
15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2001. Julgamento <strong>de</strong> Méritos,<br />
Tribunal Internacional <strong>de</strong> Justiça, 16 <strong>de</strong><br />
março <strong>de</strong> 2000, parágrafo 100.<br />
8. O Ministério japonês das Relações<br />
Exteriores não usa a expressão “término da<br />
ocupação russa das Ilhas Kurilas”, mas dá<br />
preferência a “solucionando o assunto do<br />
território do norte”. (http://www.aish.com/<br />
SSI/www.mofa.go.jp/region/europe/russia/<br />
territory). “Notas <strong>de</strong> Fundo” do<br />
Departamento <strong>de</strong> Estado norte-americano<br />
<strong>de</strong>screvem a república turca do Norte do<br />
Chipre como a ”parte do norte da Ilha [que é]<br />
sob uma administração turco-cipriota,<br />
autônoma, apoiada pela presença <strong>de</strong> tropas<br />
turcas” — não sob a ocupação turca.<br />
9. Stephen Schwebel, “Que Peso para<br />
Conquista”, American Journal of<br />
International Law (Jornal americano do<br />
direito internacional, 64 (1970):345-347.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Sete anos <strong>de</strong> regresso<br />
Este mês assinalam-se 7 anos do assassinato do<br />
primeiro-ministro Yitzchak Rabin por um fanático ju<strong>de</strong>u<br />
<strong>de</strong> proveniência religiosa.<br />
Não sei quanto o leitor é capaz <strong>de</strong> assimilar a enormida<strong>de</strong><br />
da tragédia implícita nesta sentença. E apesar<br />
<strong>de</strong> que muito já se disse e muito já se escreveu sobre<br />
isto, a realida<strong>de</strong> atual <strong>de</strong> Israel e do povo ju<strong>de</strong>u impele<br />
a manter o assunto na pauta do discurso coletivo e da<br />
reflexão individual.<br />
Para quem – como o autor <strong>de</strong>stas linhas e para tantos<br />
<strong>de</strong> minha geração – o renascimento nacional judaico<br />
em Israel era a esperança <strong>de</strong> um retorno do povo<br />
ju<strong>de</strong>u a sua vocação universal <strong>de</strong> justiça e tolerância nos<br />
mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma estrutura social e territorial progressista<br />
e aberta, o ato praticado por Ygal Amir <strong>de</strong>ve ser visto<br />
como uma suprema traição:<br />
• Traição ao espírito humanista do verda<strong>de</strong>iro judaismo;<br />
• Traição ao espírito <strong>de</strong> básico consenso que sempre<br />
orientou a socieda<strong>de</strong> israelense quanto às normas<br />
<strong>de</strong> conduta em relação à direção <strong>de</strong> seus organismos<br />
– pelo qual legítimas diferenças <strong>de</strong> opinião <strong>de</strong>vem<br />
ser resolvidas por um <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>mocrático honesto<br />
e quanto mais racional e responsável;<br />
• Traição aos costumes <strong>de</strong> alta moralida<strong>de</strong> que inspiraram<br />
os combatentes da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Israel durante<br />
todos os anos da luta pela fundação e sobrevivência<br />
do Estado Ju<strong>de</strong>u.<br />
O que é grave porém é que à distância <strong>de</strong> 7 anos,<br />
não só não se ouvem vozes <strong>de</strong> arrependimento e chamados<br />
a um exame <strong>de</strong> consciência por parte da li<strong>de</strong>rança<br />
religiosa promotora da incitação que culminou<br />
no crime do assasínio, como novamente se levantam<br />
vozes <strong>de</strong> chamado à violência, inspiradas na pregação<br />
<strong>de</strong> supostos “rabanim” movidos por falsos impulsos messiânicos<br />
e <strong>de</strong>turpadas interpretações do legado espiritual<br />
do judaismo.<br />
Em flagrante violação dos princípios <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> opinião e <strong>de</strong> acato às <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>mocráticas, corre<br />
hoje pela midia a exigência por parte <strong>de</strong>sse setor do<br />
público israelense, <strong>de</strong> ”levar a juízo os criminosos <strong>de</strong><br />
Oslo”: não uma discussão (<strong>de</strong> per si legítima) para contestar<br />
uma medida tomada por um governo <strong>de</strong>mocraticamente<br />
eleito e apoiada pela maioria do povo, e sim<br />
uma afirmação a priori <strong>de</strong> que os lí<strong>de</strong>res que cristalizaram<br />
aquele acordo são criminosos que têm que ser trazidos<br />
ao tribunal: sob a autorida<strong>de</strong> não da lei civil que rege<br />
qualquer país civilizado e Israel <strong>de</strong>ntre eles, mas sim <strong>de</strong><br />
uma lei religiosa mal <strong>de</strong>finida, arcaica, arbitrariamente aplicada<br />
por critérios irracionais baseados em postulados discutíveis<br />
e em regras obsoletas, apenas e mal-e-mal sustentáveis<br />
como curiosida<strong>de</strong> histórica ou como um <strong>de</strong>ntre<br />
os muitos fatores <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> uma cultura.<br />
É igualmente sob o impulso <strong>de</strong> tais falsos lí<strong>de</strong>res<br />
espirituais que incitam jovens a se opor com violência<br />
à evacuação <strong>de</strong> assentamentos <strong>de</strong>claradamente ilegais,<br />
<strong>de</strong>snecessários, e flagrantemente perniciosos à<br />
segurança e ao prestígio do país. Ou a agir com revoltante<br />
brutalida<strong>de</strong> contra camponeses em inocente exercício<br />
<strong>de</strong> sua colheita; contra feirantes e lojistas em inofensivo<br />
comércio <strong>de</strong> sua mercadoria; e com atrevida<br />
ostentação <strong>de</strong> armas que lhes foram cedidas unicamente<br />
para auto-<strong>de</strong>fesa.<br />
Por estes dias noticiou-se a próxima libertação <strong>de</strong><br />
Yona Avrushmi, cuja pena <strong>de</strong> prisão perpétua por assassinato<br />
<strong>de</strong> Emil Grinzweig durante um comício <strong>de</strong><br />
pacifistas foi comutada e reduzida, numa assimétrica<br />
<strong>de</strong>cisão baseada em costume humanitário arraigado na<br />
Justiça israelense e não condizente com a especial gravida<strong>de</strong><br />
do crime político, nem com o veneno da propa-<br />
17<br />
Vittorio Corinaldi *<br />
ganda intolerante que jorra <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas camadas da<br />
marginalida<strong>de</strong> política.<br />
Não será <strong>de</strong> espantar se em futuro não tão distante,<br />
<strong>de</strong>cisão semelhante venha a exonerar Ygal Amir da pena<br />
que cumpre pela morte <strong>de</strong> Rabin: insinuações neste sentido<br />
já vêm se infiltrando, oriundas dos mesmos meios<br />
extremistas <strong>de</strong> roupagem religiosa.<br />
É hora <strong>de</strong> por um fim à ação <strong>de</strong>ste perigoso setor:<br />
trata-se <strong>de</strong> uma minoria militante, que vem impondo sua<br />
presença e sua in<strong>de</strong>sejada visão social e política por<br />
meios que ameaçam a frágil <strong>de</strong>mocracia israelense.<br />
Depois do acordo <strong>de</strong> Oslo, a situação <strong>de</strong> Israel foi<br />
se <strong>de</strong>teriorando progressivamente: muito por culpa da<br />
li<strong>de</strong>rança palestina, que não soube captar o momento<br />
histórico e levou seu povo a mais um capítulo da tragédia<br />
que vem carregando há mais <strong>de</strong> meio século. Mas<br />
também com a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> governos <strong>de</strong> Israel,<br />
que, rejeitando os entendimentos alcançados em Oslo,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então vêm antepondo consi<strong>de</strong>rações eleitorais e<br />
manobras <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m “i<strong>de</strong>ológica” aos verda<strong>de</strong>iros e profundos<br />
interesses da nação: entre outras coisas, fechando<br />
os olhos às provocações daqueles fanatizados extremistas,<br />
e contrariando o ditado histórico <strong>de</strong> que tinham<br />
sido encarregados.<br />
Mas este problema não é apenas um <strong>de</strong>safio para o<br />
publico e o governo <strong>de</strong> Israel: ele toca também às comunida<strong>de</strong>s<br />
judaicas da Golá, e à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />
reexame do posicionamento frente à sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional<br />
e religiosa.<br />
As coletivida<strong>de</strong>s judaicas do Oci<strong>de</strong>nte têm há anos<br />
estado sujeitas ao conflito da rápida assimilação ao bemestar<br />
consumístico, da diluição <strong>de</strong> seus valores culturais<br />
e espirituais, do dilema da dupla fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, da perda <strong>de</strong><br />
uma memória coletiva.<br />
Incapazes <strong>de</strong> encontrar a solução <strong>de</strong>ntre os valores<br />
<strong>de</strong> um pensamento laico mas genuinamente ju<strong>de</strong>u, elas<br />
se voltam com cada vez maior intensida<strong>de</strong> para as<br />
fórmulas entorpecentes do misticismo messiânico,<br />
largamente propagadas por apóstolos <strong>de</strong> uma religião<br />
que lhes oferece respostas fáceis e a ilusão <strong>de</strong>,<br />
com a adoção <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> conduta rigidamente<br />
ortodoxa, estarem se esquivando das nocivas tendências<br />
apontadas.<br />
É preciso que as camadas conscientes da opinião pública<br />
judaica assumam um papel mais ativo neste aspecto,<br />
rejeitando todos os matizes com que esse fundamentalismo<br />
se apresenta.<br />
A vocação humana do judaismo é aberta, tolerante,<br />
renovadora, encorajadora <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> honestida<strong>de</strong><br />
intelectual: características que sempre puseram<br />
nosso povo na vanguarda da criação do espírito e da<br />
mente, nunca na esfera do coercimento <strong>de</strong> idéias e situações<br />
por vias violentas: “Or lagoim” (luz para os povos),<br />
não como a arrogante visão das mo<strong>de</strong>rnas milícias messiânicas,<br />
mas como uma responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consciência<br />
frente às arbitrarieda<strong>de</strong>s do gran<strong>de</strong> mundo.<br />
E o princípio <strong>de</strong> que nada é mais importante e mais<br />
sagrado do que a vida <strong>de</strong>veria nos orientar na procura<br />
dos valores atualizados que – em vez das estéreis regras<br />
<strong>de</strong> comportamento da ortodoxia – nos traga <strong>de</strong> volta<br />
à ética do judaismo, do qual o Sionismo equilibrado continua<br />
sendo o veículo renovador e realizador.<br />
Esta é, parece-me, a essência que po<strong>de</strong> ser extraída<br />
da memória <strong>de</strong> Rabin: ela não <strong>de</strong>ve ficar como um<br />
culto estático, e sim prosseguir para uma aplicação honesta<br />
do processo que – se não cortado por mão assassina<br />
– talvez nos teria hoje <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma esperança<br />
e <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paz.<br />
* Vittorio Corinaldi é arquiteto e mora em Tel Aviv, Israel.
18 <strong>Visão</strong> panorâmica<br />
Só para si<br />
Yossi Groisseoign<br />
O site está lá para quem quiser checar:<br />
http://www.cut.org.br/Palestina.htm É<br />
uma página da Central Única dos Trabalhadores<br />
(Cut) e informa que apóia a luta<br />
pela in<strong>de</strong>pendência da Palestina e que<br />
após receber uma<br />
<strong>de</strong>legação <strong>de</strong>cidiu<br />
em uma reunião<br />
plenária apoiar uma<br />
campanha <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong><br />
ao povo<br />
palestino para arrecadarmedicamentos<br />
e recursos (fase<br />
concluída em 30 <strong>de</strong><br />
junho) e divulgação<br />
do tema “Um povo,<br />
um país”. É interessante<br />
notar que enquanto<br />
a maioria dos israelenses pensa<br />
em “dois povos, dois países” — ou seja<br />
aceitam a criação da Palestina para os<br />
palestinos, estes, e agora também a Cut<br />
aqui no Brasil, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que o território<br />
seja só dos palestinos. Evi<strong>de</strong>ntemente,<br />
no texto só há con<strong>de</strong>nação a Israel pela<br />
“brutalida<strong>de</strong> da ocupação”. Nada contra<br />
o terrorismo palestino contra civis, nem<br />
mesmo uma palavrinha sequer. Quando<br />
o jornalista e escritor israelense Amos Oz,<br />
um dos fundadores do movimento Paz<br />
Agora, esteve no Brasil tempos atrás um<br />
jornalista perguntou-lhe se <strong>de</strong> fato os ju<strong>de</strong>us<br />
não estavam ocupando o território<br />
dos palestinos, Oz respon<strong>de</strong>u dizendo que<br />
os ju<strong>de</strong>us, como qualquer povo, vieram <strong>de</strong><br />
algum lugar, não são extraterrestres... Falta<br />
só os cutistas pensarem nisso.<br />
Irã aceita Israel?<br />
O Irã não se oporá a uma solução <strong>de</strong><br />
dois Estados para o conflito do Oriente<br />
Médio, caso tanto palestinos quanto israelenses<br />
concordarem, teria dito o ministro<br />
do Exterior iraniano, Hamid-Reza Asefi,<br />
em outubro, numa inesperada mo<strong>de</strong>ração<br />
<strong>de</strong> sua antiga oposição ao Estado<br />
Ju<strong>de</strong>u. A informação foi divulgada pelo<br />
Palestine Media Center. A referência não<br />
foi direta a um reconhecimento, mas assim<br />
foi interpretada, a partir das <strong>de</strong>clarações<br />
feitas por intermédio <strong>de</strong> um portavoz:<br />
“Acreditamos num único estado (cobrindo<br />
toda) da (histórica) Palestina, mas<br />
se os palestinos e os israelenses acordarem<br />
sobre outra solução — mesmo que<br />
não seja nossa própria posição - não nos<br />
oporemos a ela”. A <strong>de</strong>claração foi feita à<br />
Agência France Press após a chegada a<br />
Teerã <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>legação da União Européia,<br />
que gestiona para o reconhecimento<br />
<strong>de</strong> Israel como uma condiçãochave<br />
para um acordo comercial planejado.<br />
Esta foi a primeira vez que a posição<br />
é oficialmente endossada e publicamente<br />
pelo governo iraniano, após a<br />
revolução islâmica.<br />
Uma a cada década<br />
O professor <strong>de</strong> História <strong>Judaica</strong> Ely<br />
Ben Gal, da Universida<strong>de</strong> Bar-Ilan, que<br />
esteve no Brasil em setembro para uma<br />
série <strong>de</strong> conferências, inclusive em Curitiba,<br />
na Faculda<strong>de</strong>s Curitiba fez uma cu-<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
riosa observação a respeito do conflito no<br />
Oriente Médio. Ele <strong>de</strong>stacou que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />
criação <strong>de</strong> Israel, o país se viu envolvido<br />
em guerras com seus vizinhos árabes,<br />
uma a cada década. Confiram: 1948 –<br />
Guerra da In<strong>de</strong>pendência; 1956 – Guerra<br />
do Sinai (também conhecida como <strong>de</strong><br />
Suez); 1967 – Guerra dos Seis Dias; 1973<br />
– Guerra do Iom Kipur; 1982; Guerra do<br />
Líbano; 1991 – Guerra do Golfo (Israel foi<br />
atacado com mísseis iraquianos, mas não<br />
revidou); e 2000 – Intifada. É preciso frisar,<br />
entretanto, que Israel não provocou<br />
nem iniciou nenhum <strong>de</strong>sse conflitos armados,<br />
que visavam todos eles a <strong>de</strong>struição<br />
do país. Em todos eles, menos na<br />
Guerra do Golfo, cujo embate principal foi<br />
entre os Estados Unidos e o Iraque, Israel<br />
se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u e venceu.<br />
Três fronteiras<br />
Matéria da CNN mostra que o terrorismo<br />
está latente na área das três fronteiras,<br />
Brasil, Argentina e Paraguai. Fontes<br />
disseram que houve uma reunião nas<br />
imediações <strong>de</strong> Ciudad Del Este, entre representantes<br />
do Al-Qaeda, do Hezbollah<br />
e <strong>de</strong> outros grupos simpatizantes <strong>de</strong> Osama<br />
Bin La<strong>de</strong>n para planejar novos atentados<br />
contra os EUA e objetivos israelenses.<br />
A informação coinci<strong>de</strong> com o alerta<br />
sobre ação terrorista <strong>de</strong> duas semanas<br />
atrás, das agências <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> Argentina<br />
emitiram uma advertência <strong>de</strong> que<br />
algo estava ocorrendo, pois um homem<br />
i<strong>de</strong>ntificado como sendo Imad Mugniyeh,<br />
ligado ao Irã e ao Hezbollah, do Líbano<br />
estaria dirigindo ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> terroristas<br />
na América do Sul. Mugniyeh é suspeito<br />
<strong>de</strong> ataques contra os EUA e Israel durante<br />
os últimos 20 anos, inclusive a explosão<br />
do quartel da Marinha norte-americana<br />
em Beirute e o carro-bomba que<br />
<strong>de</strong>struiu a Embaixada israelense <strong>de</strong> Buenos<br />
Aires, Argentina, em 1992.<br />
Três fronteiras II<br />
Advertências sobre ativida<strong>de</strong> terrorista<br />
na região das três fronteiras não são novas.<br />
Em outubro <strong>de</strong> 2001 a polícia paraguaia<br />
tentou capturar Assad Ahmad Barakat <strong>de</strong><br />
quem se dizia ser o elo regional do Hezbollah.<br />
Promotores argentinos acreditam<br />
que ele tenha um papel principal na explosão<br />
da Embaixada <strong>de</strong> Israel Buenos<br />
Aires. Barakat está foragido e po<strong>de</strong> estar<br />
escondido no Brasil ou ter escapado para<br />
o Líbano. Ainda assim, o Ministro da Justiça<br />
brasileiro minimiza a questão e <strong>de</strong>smentiu<br />
que haja qualquer alerta na região<br />
<strong>de</strong> Foz do Iguaçu.<br />
Acordo entre Líbano e Israel<br />
Segundo a agência <strong>de</strong> notícias italiana<br />
Ansa, o primeiro-ministro libanês, Rafic<br />
Hariri, e o secretário americano <strong>de</strong><br />
Estado, Colin Powell, chegaram a um<br />
acordo sobre a repartição das águas do<br />
Rio Wazzani, que percorre o Líbano e Israel,<br />
evitando assim o perigo <strong>de</strong> um novo<br />
conflito regional, informou o diário Ad-<br />
Dyar, <strong>de</strong> Beirute. O Líbano concordou em<br />
manter um sistema <strong>de</strong> medição do nível<br />
do rio, <strong>de</strong>sviado para irrigar al<strong>de</strong>ias libanesas.<br />
O conflito era iminente porque os<br />
libaneses tinham um projeto para <strong>de</strong>sviar<br />
o leito do rio, o que <strong>de</strong>ixaria a região Norte<br />
<strong>de</strong> Israel sem fonte <strong>de</strong> água.<br />
Desmonte <strong>de</strong> colônias<br />
Conta o jornalista Nahum Sirotsky, que<br />
<strong>de</strong> volta a Israel, viu num sábado militantes<br />
da extrema direita, habitantes dos<br />
assentamentos israelenses na Judéia e<br />
na Samária (nomes que dão à Cisjordânia),<br />
resistirem fisicamente a grupamentos<br />
das Forças Armadas no cumprimento<br />
<strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m para <strong>de</strong>smonte <strong>de</strong> colônias<br />
qualificadas <strong>de</strong> ilegais. Resistiam a<br />
jovens <strong>de</strong> uniforme, entre os quais filhos<br />
<strong>de</strong> moradores da região, a serviço da pátria<br />
e da lei. Estes, dos seus amigos e<br />
conhecidos ouviam os piores insultos. A<br />
tropa teve <strong>de</strong> usar a força muscular, seus<br />
conhecimentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa pessoal. E jovens<br />
colonos recorreram a pesadas<br />
pedras. Vários soldados e soldadas foram<br />
feridos, mas o local foi <strong>de</strong>smontado. Retirada<br />
a tropa, voltavam caminhões dos<br />
colonos para reconstruir tudo. O primeiro<br />
ministro Sharon con<strong>de</strong>nou o comportamento<br />
dos colonos enfatizando que a lei<br />
tem <strong>de</strong> ser cumprida e respeitada. Ao<br />
mesmo tempo, <strong>de</strong>clarou que o comando<br />
da tropa não precisaria ter agido com tal<br />
pressa e <strong>de</strong>srespeitado o shabat.<br />
Maior mercado<br />
Em outubro, o website da Casa Branca,<br />
publicou nota informando que tem<br />
observado o <strong>de</strong>senvolvimento da economia<br />
<strong>de</strong> Israel com admiração. Que acredita<br />
na força da economia israelense e<br />
tem confiança em seu potencial. A base<br />
da economia <strong>de</strong> Israel vem da engenhosida<strong>de</strong><br />
e empreen<strong>de</strong>dorismo da sua população.<br />
Na última década, a economia<br />
do país tem tido uma boa performance,<br />
com uma bem sucedida integração <strong>de</strong><br />
imigrantes que aumentou sua população<br />
em mais <strong>de</strong> 20 por cento.Des<strong>de</strong> a implantação<br />
do Acordo <strong>de</strong> Livre Comércio em<br />
1985, Israel tornou-se um dos maiores<br />
<strong>de</strong>stinos dos investimentos americanos<br />
<strong>de</strong> alta tecnologia e o comércio bilateral<br />
<strong>de</strong> produtos com os EUA cresceu para<br />
US$ 19,5 bilhões em 2001, fazendo <strong>de</strong><br />
Israel o 20º maior parceiro comercial do<br />
mundo e o maior mercado para as exportações<br />
americanas no Oriente Médio.<br />
Atentados<br />
Um dia antes da visita do emissário<br />
americano William Burns a Israel, o Jihad<br />
Islâmico tentou novamente eliminar mais<br />
uma tentativa <strong>de</strong> se pavimentar o caminho<br />
para a paz, com o atentado em Karkur,<br />
com mortes, infelizmente. Nessas<br />
tentativas das organizações terroristas <strong>de</strong><br />
impedir a abertura <strong>de</strong> caminho político,<br />
eles voltam a atingir o próprio povo palestino.<br />
Entre 6 e 21 <strong>de</strong> outubro acumularam-se<br />
49 ameaças <strong>de</strong> intenções <strong>de</strong> executar<br />
atentados, boa parte <strong>de</strong>las evitadas<br />
graças à prontidão especial das forças <strong>de</strong><br />
segurança, prisão <strong>de</strong> terroristas e/ou seus<br />
emissários e, em dois outros casos, as<br />
forças <strong>de</strong> segurança mataram os suicidas<br />
que iam efetuar o atentado. As organizações<br />
terroristas aproveitam a boa vonta<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Israel <strong>de</strong> aliviar o sofrimento dos<br />
palestinos ao promover a abertura nos<br />
cercos, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento, e em<br />
passos humanitários <strong>de</strong>stinados a facilitar<br />
a vida diária. Quem critica Israel pela<br />
imposição do toque <strong>de</strong> recolher, cercos e<br />
barreiras nas estradas e etc., <strong>de</strong>ve ter<br />
consciência da íntima relação entre a sua<br />
retirada e a renovada irrupção do terror.<br />
O objetivo é atingir os focos do terror e<br />
não a população palestina que não está<br />
vinculada ao terror.<br />
Lembranças<br />
O Consulado Geral <strong>de</strong> Israel em São<br />
Paulo está divulgando novo site do Yitzhak<br />
Rabin Center for Israel Studies, em<br />
memória dos sete anos <strong>de</strong> seu assassinato.<br />
Nesse en<strong>de</strong>reço eletrônico po<strong>de</strong>rão<br />
ser encontradas informações como sua<br />
biografia, os esforços para paz e o assassinato,<br />
entre outras. O en<strong>de</strong>reço: http://<br />
www.rabincenter.org.il<br />
Também recordou-se na semana passada<br />
outra triste lembrança — a Kristallnacht<br />
— episódio ocorrido ocorrido em 9<br />
<strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> 1938, quando os nazistas<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram um onda <strong>de</strong> violência<br />
para queimar 1.500 sinagogas da Alemanha,<br />
incinerar livros sagrados e quebrar<br />
as vidraças das casas e das lojas dos<br />
ju<strong>de</strong>us. O pretexto foi o assassinato <strong>de</strong><br />
um diplomata alemão em Paris, Ernst Von<br />
Rath pelo estudante Herschel Grynszpan,<br />
revoltado com o fato <strong>de</strong> que seus pais juntamente<br />
com outros 17 mil ju<strong>de</strong>us haviam<br />
sido expatriados e encontraram-se na<br />
fronteira com a Polônia, morrendo <strong>de</strong><br />
fome e <strong>de</strong> frio. Foi a antevisão do que viria<br />
a ser o Holocausto.<br />
Sharon favorito<br />
As primeiras pesquisas <strong>de</strong> opinião realizadas<br />
<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> o primeiro-ministro israelense,<br />
Ariel Sharon, ter convocado<br />
eleições antecipadas na terça-feira da<br />
semana passada indicam que seu partido,<br />
o Likud, ampliará a bancada no Parlamento<br />
(Knesset) e ele venceria seu rival,<br />
Binyamin Bibi Netanyahu, nas primárias<br />
partidárias. Levantamento do Instituto<br />
Dahaf, divulgada pelo jornal Yediot<br />
Ahronot, aponta 44% <strong>de</strong> apoio ao Likud<br />
para Sharon e 38% para Netanyahu. Segundo<br />
a pesquisa, o Likud saltaria <strong>de</strong> 19<br />
para 33 ca<strong>de</strong>iras no Parlamento e o Partido<br />
Trabalhista, que <strong>de</strong>tém a maior bancada<br />
(26) ficaria com 19. A saída dos trabalhistas<br />
do governo, no dia 30, levou Sharon<br />
a antecipar as eleições previstas inicialmente<br />
para até outubro <strong>de</strong> 2003, já que não<br />
conseguiu formar nova coalizão. O Parlamento<br />
aprovou também na semana passada<br />
a nomeação do ex-primeiro-ministro<br />
Netanyahu para o posto <strong>de</strong> chanceler no<br />
período <strong>de</strong> transição até a próxima eleição,<br />
marcada em princípio para 28 <strong>de</strong> janeiro.<br />
França <strong>de</strong>teve atacantes<br />
Agentes da inteligência francesa pren<strong>de</strong>ram<br />
seis pessoas, prováveis responsáveis<br />
por um ataque contra uma sinagoga<br />
<strong>de</strong> Ghriba, na ilha <strong>de</strong> Djerba, na Tunísia,<br />
em 11 <strong>de</strong> abril, que matou 21 pessoas,<br />
das quais, a maioria era <strong>de</strong> turistas alemães.<br />
O atentado havia sido reivindicado<br />
pela Al-Qaeda, em gravação divulgada<br />
pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong> TV Al-Jazira, do Catar.<br />
No atentado, outras 20 ficaram feridas.
Motivo <strong>de</strong> orgulho para toda a comunida<strong>de</strong> o<br />
ranking alcançado pela nossa Escola<br />
Israelita Brasileira Salomão Guelmann, na<br />
edição da Veja Curitiba <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> outubro.<br />
De 15 escolas <strong>de</strong> Ensino Fundamental,<br />
classificadas pela revista, entre 53<br />
pesquisadas, a nossa escola se encontra<br />
em 11º lugar, à frente, por exemplo dos<br />
colégios Decisivo e Bom Jesus, entre<br />
outros. Muitas famosas e bem conceituadas<br />
<strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser citadas. Vai por água<br />
abaixo a teoria <strong>de</strong> que a EIBSG não<br />
respon<strong>de</strong> às expectativas dos mais<br />
“mo<strong>de</strong>rninhos”.<br />
Com a presença muitos <strong>de</strong> pais e alunos<br />
foram distribuídos mais <strong>de</strong> 60 prêmios<br />
durante o bingo promovido pela escola no<br />
dia 3 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong>. Os melhores prêmios<br />
foram: Quickditionary para João Grinner, da<br />
2ª série; Enciclopédia Koogan Huaiss para<br />
Brenda Souza Belloulou, do Jardim I;<br />
English Millenium para Thaís Mizrahi<br />
Jacobson, da 2ª série; bicicleta 8<br />
marchas para Léa Barbalat, da 3ª série; e<br />
passagem para Foz do Iguaçu para Noah<br />
Weishof, da 6ª série.<br />
A Escola Israelita Brasileira Salomão<br />
Guelmann está contratando morim para as<br />
matérias <strong>de</strong> Mole<strong>de</strong>t e História <strong>Judaica</strong> para<br />
turmas <strong>de</strong> 4ª à 8ª série. Os interessados<br />
<strong>de</strong>vem encaminhar curriculum resumido<br />
para mantenedora@eibsg.com.br até 15/11.<br />
Somente serão aceitos via email. Não<br />
<strong>de</strong>verá haver contato com a Escola, Os<br />
interessados aguardarão contato via email.<br />
Mais notícias da Escola: durante as<br />
Macabíadas realizadas em outubro, a<br />
equipe <strong>de</strong> Futsal, Categoria B, sagrou-se<br />
campeã, obtendo o 1º lugar. Em partidas<br />
brilhantes venceu as equipes favoritas dos<br />
colégios Liessin (RJ), IL Peretz (SP) e o<br />
CIB (RS). O coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> esportes do<br />
CIP, Gustavo Meier Brasil disse que outras<br />
colocações obtidas foram 5º lugar no Futsal<br />
categoria A e 4º lugar no Handball Feminino<br />
categoria A. Viajaram 45 crianças da escola<br />
no período <strong>de</strong> 11 a 16 <strong>de</strong> outubro e o<br />
<strong>de</strong>staque foi<br />
para o<br />
comportamento<br />
e participação<br />
<strong>de</strong> todos que<br />
respeitaram e<br />
representaram<br />
a escola <strong>de</strong><br />
maneira<br />
exemplar.<br />
Equipe da EIBSG campeã <strong>de</strong> futsal<br />
Ida Axelrud comemorou com seus amigos,<br />
familiares e médicos mais um ano <strong>de</strong> seu<br />
bem sucedido transplante. Que possa<br />
festejar até os 120 anos.<br />
Aconteceu no sábado, dia 26, o Bat Mitzvá<br />
<strong>de</strong> algumas meninas da comunida<strong>de</strong>. A<br />
cerimônia religiosa foi realizada na<br />
Sinagoga Francisco Frischmann e a festa<br />
nos salões do Clube Curitibano. A animação<br />
ultrapassou as 5h da manhã.<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Aniversariaram até o dia 9/11 Davi Krieger,<br />
Rosita Reich, Isidoro Rozemblum, Julio<br />
Krieger, Sulamita Paciornik Macioro, Sérgio<br />
Feldman, Gerson Guelmann, que teve bom<br />
motivo para comemorar, Szyja Ber Lorber<br />
nosso gran<strong>de</strong> companheiro, Rosa Krieger<br />
que recebeu uma linda festa <strong>de</strong> seus filhos,<br />
Martha Schulmann que foi homenageada<br />
por Nani Carvalho e suas amigas com um<br />
belíssimo almoço e Duda Berman. A todos<br />
vocês muita saú<strong>de</strong> e felicida<strong>de</strong>s.<br />
O coral do Instituto <strong>de</strong> Cegos, formado pelos<br />
meninos que vieram <strong>de</strong> Angola e regido pela<br />
maestrina Patrícia Fuchs, participou do<br />
Festival <strong>de</strong> Musica <strong>Judaica</strong> na Hebraica <strong>de</strong><br />
São Paulo e trouxe um prêmio que muito<br />
nos orgulha: o primeiro lugar do certame<br />
musical promovido pelo Clube “A Hebraica”<br />
e o Departamento <strong>de</strong> Educação da Agência<br />
<strong>Judaica</strong> <strong>de</strong><br />
Intercâmbio<br />
Cultural. A<br />
viagem foi<br />
patrocinada<br />
por Miguel<br />
Krigsner. A<br />
canção<br />
“Esperança”,<br />
composta<br />
Wilson Ma<strong>de</strong>ira,o compositor, é o 2º à direita<br />
.<br />
por um dos<br />
integrantes<br />
do grupo, Wilson Antônio Ma<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong> 16<br />
anos, agradou a todos. Vão em frente<br />
crianças e mostrem que é possível ser feliz.<br />
Dr. Rodolfo Paciornik recebeu merecida<br />
homenagem, com a sala dos médicos<br />
recebendo seu nome na Santa Casa <strong>de</strong><br />
Misericórdia. Médico e escritor reconhecido<br />
é motivo <strong>de</strong> orgulho para todos nós.<br />
O casal Tânia e Beni Slud rumaram para<br />
Fortaleza on<strong>de</strong> vão gozar <strong>de</strong> merecidas<br />
férias. Divirtam-se e aproveitem.<br />
Para quem gosta <strong>de</strong> comida judaica e<br />
israelense foi inaugurado o Häifa Café.<br />
Agen<strong>de</strong> teu lanche para se <strong>de</strong>liciar com os<br />
falafel, bagels, pretzels, basteles,<br />
sambussak, burekas e muito mais. Anote:<br />
Av. Silva Jardim, 1509.<br />
No dia 26 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong>, o Beit Chabad<br />
realizará uma palestra <strong>de</strong> confraternização<br />
com o Rabino Gabriel Aboutbol (que fez o<br />
sucesso dos dois<br />
Seminários do Beit Chabad). Estará<br />
conosco, para conversar sobre “Chanucá<br />
<strong>5763</strong> - O Po<strong>de</strong>r da Luz”. Vamos ter música<br />
e um <strong>de</strong>licioso chá. Agen<strong>de</strong>: dia 26<br />
<strong>de</strong> <strong>novembro</strong>, terça-feira, no Beit<br />
Chabad. A<strong>de</strong>são: R$ 10,00.<br />
A Na´Amat Pioneiras Curitiba realizou no<br />
último domingo 10/11, uma a palestra com o<br />
médico psiquiatra e escritor Gláucio Alves<br />
sobre “Stress na Socieda<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna”. Foi<br />
no Hotel Lancaster. E no dia 1º <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />
promove um Tour <strong>de</strong> barco pelas ilhas do litoral<br />
catarinense, em Joinville. Informações e<br />
inscrições pelos telefones 225-7414 e 222-1281.<br />
O Leitor Escreve<br />
19<br />
Cartas para a Redação fone/fax: 3018-8018<br />
e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />
Ida<strong>de</strong> do Ouro e suas ativida<strong>de</strong>s<br />
Prezados amigos:<br />
A Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro, também conhecida como Terceira Ida<strong>de</strong>,<br />
foi fundada em 10 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1989, na gestão do presi<strong>de</strong>nte<br />
do Centro Israelita do Paraná, Bernardo Tockus, tendo em vista<br />
que, na época, as pessoas que freqüentavam o clube, na<br />
faixa etária acima dos 60 anos, não tinham ativida<strong>de</strong>s específicas.<br />
Fomos convidados a integrar a referida Terceira Ida<strong>de</strong> como<br />
coor<strong>de</strong>nador pela empatia que havia com os elementos, que,<br />
foi formado, originalmente, com 50 pessoas.<br />
A diretoria foi encabeçada pelo Sr. David José Kupper z”l,<br />
como presi<strong>de</strong>nte e sua senhora, Mira Kupper, na vice-presidência,<br />
ambos competentes e merecedores <strong>de</strong> gratidão pelo<br />
excelente trabalho e apoio. Era conhecida como Terceira Ida<strong>de</strong>.<br />
Entretanto, por idéia <strong>de</strong> Rosalind Tockus e nossa, passou<br />
o grupo a <strong>de</strong>nominar-se “Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro”.<br />
São 13 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e encontros, quase todos os domingos.<br />
A programação é intensa, incluindo palestras com profissionais<br />
<strong>de</strong> renome, tanto na coletivida<strong>de</strong> como fora <strong>de</strong>la. Bingos,<br />
filmes, teatros, passeios, etc, completam as ativida<strong>de</strong>s.<br />
Hoje, composta <strong>de</strong> 28 participantes, não há mais uma diretoria<br />
especial, mas a preocupação com essas pessoas da comunida<strong>de</strong><br />
continua a cada semana, com muito respeito e carinho<br />
entre todos os componentes, e como as chamamos carinhosamente<br />
<strong>de</strong> minhas meninas, criou-se uma relação afetuosa<br />
<strong>de</strong> mãe para filho.<br />
Dentre todas as ativida<strong>de</strong>s, a que mais marcou e trouxe<br />
inclusive público com torcida foi o “Show do Milhão”, realizado<br />
no ano passado com festa <strong>de</strong> encerramento no Hotel Tibagi,<br />
com apoio total <strong>de</strong> amigos da coletivida<strong>de</strong> e empresas.<br />
Para o ano <strong>de</strong> 2003, em função das obras na Kehilá,<br />
estamos apresentando filmes e “Quem sabe, sabe”, no estilo<br />
do “Show do Milhão”, quando todos os componentes<br />
participam com perguntas <strong>de</strong> conhecimento sobre a cultura<br />
judaica e cultura geral.<br />
No décimo aniversário houve um almoço nas <strong>de</strong>pendências<br />
do Centro Israelita do Paraná. No período da tar<strong>de</strong> teve<br />
lugar uma festa em homenagem aos pais com entrega <strong>de</strong> brin<strong>de</strong>s,<br />
apresentação do folclore e a Terceira Ida<strong>de</strong> da Prefeitura<br />
<strong>de</strong> Curitiba com a apresentação do “Rancho das Flores”, que<br />
todos os anos faz a abertura do Carnaval Curitibano.<br />
No décimo-primeiro aniversário realizamos um Bingo Beneficente,<br />
com entrega <strong>de</strong> alimentos não perecíveis, <strong>de</strong>stinado<br />
aos idosos e a creche do Lar dos Idosos do Tarumã.<br />
Quem se sentir bem po<strong>de</strong> participar. Não existe limite <strong>de</strong><br />
ida<strong>de</strong>, embora a mais nova participante possui 53 anos.<br />
Bernardo Taytelbaum<br />
Ida<strong>de</strong> do Ouro<br />
Artigo fantástico<br />
Senhores diretores:<br />
Quem escreveu ou <strong>de</strong> on<strong>de</strong> foram tiradas as frases referente<br />
ao material publicado sobre Shabat na última edição?<br />
Fantástico o artigo. O jornal está realmente ótimo. Espero<br />
que evolua cada vez mais, inclusive no papel. Parabéns ao<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />
Leopoldo Ehrlich<br />
Simpatia pelo VJ<br />
Prezados editores;<br />
Já me acostumei a receber, a cada mês, meu exemplar do<br />
jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, uma publicação que merece meus elogios.<br />
Fico sempre ansiosa quando vou olhar a caixa do Correio<br />
pois seus artigos e reportagens são primorosos. Cumprimentando-os,<br />
<strong>de</strong>sejo-lhes um Feliz Chanucá.<br />
Tatiana Engelbert, São Paulo
20<br />
Na frente, Clara Josef, e em segundo plano, a partir da esquerda, Adélia Gielkop<br />
Formiga, Laura Gielkop, sara Blin<strong>de</strong>r e Hella Schwartz<br />
<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />
Em primeiro plano, a partir da direita, Clarita Coifman, Paulina Hirsch e<br />
Raquel Fainer. Ao fundo, Busia Finkel e lea Schmidt<br />
No próximo dia 15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro a “Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro” vai realizar seu<br />
tradicional encerramento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s do ano. Segundo Bernardo<br />
Taytelbaum, que coor<strong>de</strong>na o grupo, na ocasião serão ofertados<br />
prêmios a todas as integrantes que participaram durante o ano <strong>de</strong><br />
<strong>2002</strong> da promoção do “Quem sabe, sabe; quem não sabe dança”. São<br />
oito as finalistas do ”Quem sabe, sabe”. Durante a entrega dos prêmios<br />
também será feita a brinca<strong>de</strong>ira do “Amigo Secreto”.<br />
A “Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro” completou em agosto <strong>de</strong>ste ano 13 anos <strong>de</strong><br />
ativida<strong>de</strong>s. Os prêmios especiais para o encerramento das ativida<strong>de</strong>s<br />
foram ofertados por: Casa das Sombrinhas, Mini Preços, Campelle,<br />
Jaboti...Q, Martha Schulman, Cira Wickler, Boutique Bianrose,<br />
Clorophyla e Ironman Sports. Taytelbaum <strong>de</strong>staca ainda que a “Ida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Ouro” possui, além das empresas e pessoas que auxiliam com<br />
prêmios e brin<strong>de</strong>s, amigos e colaboradores como Bernardo Sandler,<br />
Schulamit Paciornik, Isac Baril e Rony Czaczkes.<br />
Os integrantes da “Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro” são Adélia Gielkop Formiga,<br />
Busia Finkel, Clarita Coifman, Clara Josef, Cássia Warszawiak, Ethel<br />
Klein, Felícia Grynbaum, Hella Schwartz, Laura Gielkop, Lea Schmidt,<br />
Luba Herszenhorn, Mira Kupper, Paulina Hirsch, Raquel Fainer,<br />
Sara Blin<strong>de</strong>r, Sara Goldstein, Sara Klaiman, Sara Troib e Zahava<br />
Polikar. Todos os domingos elas se reúnem, num pequeno espaço,<br />
provisoriamente, <strong>de</strong>vido às obras da Kheilá.