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Visão Judaica - novembro de 2002 Kislev / Tevet 5763

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<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

1


2<br />

Publicação mensal<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da Empresa<br />

Jornalística <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> Ltda.<br />

Redação, Administração e Publicida<strong>de</strong><br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br - Curitiba – PR, Brasil -<br />

Fone/fax: 55 41 3018-8018<br />

Diretora <strong>de</strong> Operações e Marketing<br />

Sheilla Figlarz<br />

Diretor <strong>de</strong> Redação<br />

Szyja B. Lorber<br />

Estamos nos aproximando <strong>de</strong><br />

Chanucá, a Festa das Luzes. A presente<br />

edição é <strong>de</strong>dicada a esta festivida<strong>de</strong>.<br />

Nela, o leitor po<strong>de</strong>rá encontrar<br />

diversos artigos sobre o<br />

tema, <strong>de</strong>ntro dos mais variados aspectos,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o histórico, o religioso,<br />

o cabalístico e o que inspira o<br />

sentimento profundamente intrínseco<br />

<strong>de</strong> ligação com o judaísmo e o<br />

amor à terra <strong>de</strong> Israel, lugar <strong>de</strong> nossos<br />

ancestrais. O escritor húngaro<br />

<strong>de</strong> origen judaica, Imre Kertész, que<br />

recentemente foi agraciado com o<br />

Prêmio Nobel <strong>de</strong> Literatura, talvez<br />

tenha conseguido traduzir muito<br />

bem esse sentimento durante a última<br />

visita que fez a Israel.<br />

Ele estava em Jerusalém, apreciando<br />

a paisagem da sacada <strong>de</strong><br />

seu apartamento <strong>de</strong> hotel quando<br />

recordou-se das palavras <strong>de</strong> Camus<br />

em “O Estrangeiro”. Naquela mesma<br />

manhã, um ônibus que ia <strong>de</strong><br />

Haifa a Jerusalém havia explodido.<br />

A força da <strong>de</strong>tonação fez o veículo<br />

saltar e pedaços <strong>de</strong> corpos humanos<br />

<strong>de</strong>stroçados voaram pelo ar.<br />

Nossa capa<br />

A capa reproduz o quadro cujo título é<br />

“Festa das Luzes”, pintado com a técnica<br />

óleo sobre tela, e dimensões 100cm x 80 cm,<br />

criação <strong>de</strong> Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi especialmente<br />

para esta edição <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi nasceu em Bucareste,<br />

Romênia. É Arquiteto e Artista Plástico<br />

e vive em Curitiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978. Já<br />

<strong>de</strong>senvolveu trabalhos em várias técnicas,<br />

<strong>de</strong>ntre elas pintura, gravura e tapeçaria.<br />

Recebeu premiações por seus trabalhos<br />

no Brasil e nos EUA. Suas obras estão<br />

espalhadas por vários países e tem no<br />

judaísmo, uma <strong>de</strong> suas principais fontes<br />

<strong>de</strong> inspiração.<br />

Diretora Comercial<br />

Hana Kleiner<br />

Diagramação e Arte Gráfica<br />

Sonia Mari Oleskovicz<br />

Colaboram nesta edição:<br />

Aristi<strong>de</strong> Bro<strong>de</strong>schi, Dore Gold, Edda Bergmann, Fran Baras, Herbert I.<br />

London, Joseph Farah, Markin Tu<strong>de</strong>r, Nahum Sirotsky, Salomão Figlarz,<br />

Sérgio Feldman, Shlomo Risk, Shmuel Lemle, Vittorio Corinaldi, Yossef<br />

Drubrawsky e Yossi Groisseoign.<br />

Os artigos assinados não representam necessariamente a opinião do jornal<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Acendimento das<br />

velas <strong>de</strong> shabat em<br />

Curitiba<br />

<strong>novembro</strong>/<strong>de</strong>zembro<br />

DIA HORA<br />

15/11<br />

22/11<br />

29/11<br />

6/12<br />

13/12<br />

19h23<br />

19h28<br />

19h33<br />

19h38<br />

19h43<br />

Passatempo<br />

Reflexões para Chanucá<br />

Nem sequer podia colocar seus<br />

pensamentos em or<strong>de</strong>m. Tinha ido<br />

a um congresso falar sobre o legado<br />

dos sobreviventes do Holocausto,<br />

das implicações morais e éticas<br />

para a Humanida<strong>de</strong>.<br />

No balcão do hotel pensa na situação<br />

dos israelenses assim como<br />

numa reação européia. “Tenho a<br />

impressão” — ele diz — “que o antisemitismo<br />

que durante muitos anos<br />

foi mantido no limite emergiu do<br />

pântano do subconsciente, como se<br />

fosse uma erupção <strong>de</strong> lava com<br />

odor <strong>de</strong> enxôfre.” Tanto em Jerusalém<br />

como em Berlim, ele viu na tela<br />

do televisor manifestações contrárias<br />

a Israel. Viu sinagogas incendiadas<br />

e cemitérios ju<strong>de</strong>us profanados<br />

na França. A poucas centenas<br />

<strong>de</strong> metros <strong>de</strong> sua casa berlinense,<br />

perto <strong>de</strong> Tiergarten, dois jovens ju<strong>de</strong>us<br />

norte-americanos foram agredidos<br />

em plena rua. Viu o escritor<br />

português Saramago comparando<br />

com Auschwitz o procer<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Israel<br />

contra os palestinos, sem consciência<br />

da escandalosa irrelevância<br />

Obs: Com a vigência do<br />

horário <strong>de</strong> verão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

3/11/<strong>2002</strong>, já foram<br />

acrescentadas uma hora<br />

a cada item da tabela.<br />

do paralelismo que utilizou.<br />

E com sincerida<strong>de</strong> confessou<br />

que quando viu na TV os tanques<br />

israelenses que se dirigiam a Ramallah,<br />

um pensamento atravessou-lhe<br />

a alma <strong>de</strong> forma involuntária<br />

e inelutável: a estrela judia sobre<br />

os tanques podia ser a cozida<br />

sobre sua roupa em 1944. Ou seja,<br />

ele não é imparcial e nem po<strong>de</strong> sêlo.<br />

Também nunca foi árbitro. Mas<br />

aos intelectuais europeus e críticos<br />

<strong>de</strong> Israel ele diz que em <strong>de</strong>terminadas<br />

questões po<strong>de</strong>m ter razão; entretanto,<br />

eles nunca compraram<br />

uma passagem para o ônibus que<br />

faz o trajeto Haifa-Jerusalém...<br />

E o jornalista Nahum Sirotsky,<br />

colaborador <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, que há<br />

pouco esteve no Brasil diz que “não<br />

será com atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fraqueza e<br />

medo que se vencerá o anti-semitismo<br />

renascente”. Não há motivo para<br />

ter medo, acrescenta, pois no Brasil<br />

a lei Afonso Arinos criminalizou o preconceito.<br />

Mas a observa que não se<br />

<strong>de</strong>ve confundir o racismo <strong>de</strong> minorias<br />

com a massa da nação.<br />

“À comunida<strong>de</strong> só posso dizer<br />

que an<strong>de</strong> ereta e nada tema. E que<br />

aqueles que pensarem que <strong>de</strong>vem<br />

fazer algo por Israel que o façam<br />

sem medo. Temos milhares <strong>de</strong> anos<br />

<strong>de</strong> história. Demos ao mundo os<br />

Mandamentos, as normas da ética<br />

i<strong>de</strong>al, Jesus e ate o islamismo. Somos<br />

obrigados por lei religiosa a fazer o<br />

melhor. Presto serviços á minha pátria,<br />

Brasil, do melhor jeito possível. E<br />

por amor a Israel não <strong>de</strong>ixo jamais <strong>de</strong><br />

criticar e con<strong>de</strong>nar seus erros. Só<br />

haverá paz quando israelenses e palestinos<br />

enten<strong>de</strong>rem que será viabilizada<br />

quando apren<strong>de</strong>rem que jamais<br />

existirá uma solução justa e<br />

satisfatória para lado algum. Será<br />

uma divisão <strong>de</strong> injustiças, como previu<br />

Chaim Weizman nos anos vinte.<br />

E ela virá, pois não há alternativa<br />

nem para israelenses nem palestinos<br />

no seio dos quais atuam os animalescos<br />

e bestiais terroristas. Mas<br />

também entre israelenses existem<br />

os exageros... “<br />

A Redação<br />

Vem aí o bazar Wizo-Provopar<br />

Uma opção muito boa para quem quiser fazer economia e antecipar<br />

suas compras <strong>de</strong> final <strong>de</strong> ano s erá visitar o 14º Bazar Beneficente<br />

que a Wizo e a Provopar vão promover dias 7 e 8 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro,<br />

no Shopping Novo Batel - Piso C. Atenção para os horários<br />

<strong>de</strong> funcionamento: Dia 7 das 20 às 22h e dia 8, das 10 às 19h.<br />

Como sempre, haverá comida típica Israelense, e os produtos, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

varieda<strong>de</strong>, serão comercializados abaixo do custo <strong>de</strong> mercado. Neste ano haverá<br />

eletrodomésticos, produtos importados, artigos <strong>de</strong> armazém, artesanato em<br />

geral, utensílios para o lar, roupas importadas e ainda muitas outras opções.<br />

Qualquer informação a respeito do bazar com Larisa no telefone 242-5561,<br />

às terças, quartas e quintas-feiras das 14 às 18h.<br />

A Wizo tem se<strong>de</strong>s espalhadas em vários países e é uma entida<strong>de</strong> que tem<br />

como objetivo preservar e divulgar a cultura e as tradições judaicas, bem como<br />

atuar no <strong>de</strong>senvolvimento das populações locais por intermédio <strong>de</strong> inúmeras<br />

ações, entre elas a beneficência.<br />

Datas importantes<br />

29 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> Véspera <strong>de</strong> Chanucá<br />

30 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong> 1º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />

1º <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 2º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />

2 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 3º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />

3 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 4º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />

4 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 5º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />

5 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 6º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />

6 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 7º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />

7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro 8º dia <strong>de</strong> Chanucá<br />

15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro Jejum <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> <strong>Tevet</strong><br />

Observação: Veja na página 5 os horários<br />

<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>nto das velas <strong>de</strong> Chanucá


<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Debates medievais (II) e alterida<strong>de</strong><br />

Sérgio Feldman *<br />

As obras <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s foram<br />

<strong>de</strong>latadas à Inquisição. E<br />

foram queimadas em uma fogueira.<br />

Mas quem acusou Maimôni<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> herético? Este fato<br />

ocorrido no ano <strong>de</strong> 1232 parece<br />

ficção ou até mentira, quando se<br />

conta que os acusadores eram<br />

ju<strong>de</strong>us, praticantes e ortodoxos.<br />

Como nos conta Simon Dubnow<br />

em seu Manual <strong>de</strong> la Historia<br />

Judia (Buenos Aires, 1944), nas<br />

pág. 436-437 e repetido no livro<br />

<strong>de</strong> Hans Borger, <strong>de</strong>nominado<br />

Uma história do povo ju<strong>de</strong>u<br />

(São Paulo: Sefer, 1999), nas<br />

pág. 399-400, isso realmente<br />

ocorreu. Mas seria uma distorção<br />

contar a história pela meta<strong>de</strong><br />

e com isso falsear a história,<br />

não contextualizando o<br />

momento, para enten<strong>de</strong>r o radicalismo<br />

e a intolerância.<br />

Em 1232, um grupo <strong>de</strong> sábios<br />

ju<strong>de</strong>us li<strong>de</strong>rados pelo rabi<br />

Salomon <strong>de</strong> Montpellier, proclamou<br />

como hereges, a todos<br />

aqueles que estudavam a filosofia,<br />

<strong>de</strong>clarando como excomungadas<br />

as obras <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s.<br />

Isso irritou os partidários do livre<br />

pensamento e iniciou-se um<br />

agudo conflito. Os dois lados<br />

consi<strong>de</strong>rando-se “donos da verda<strong>de</strong>”,<br />

começaram se agredir<br />

mutuamente. Então os “puritanos”<br />

(na expressão <strong>de</strong> Dubnow)<br />

<strong>de</strong> Montpellier <strong>de</strong>ram um passo<br />

muito perigoso: foram ver os<br />

monges dominicanos, que perseguiam<br />

os hereges albigenses<br />

no Sul da França (região <strong>de</strong>nominada<br />

Provença) e lhes disseram:<br />

“Sabeis que também em<br />

nosso povo existem muitos hereges<br />

e blasfemos, que se <strong>de</strong>leitam<br />

com os ensinamentos <strong>de</strong><br />

Maimôni<strong>de</strong>s, autor <strong>de</strong> obras <strong>de</strong><br />

filosofia inspiradas no epicurismo<br />

(hedonismo ou visão carnal<br />

da vida). Se exterminais, a vossos<br />

hereges, exterminais também<br />

os nossos, queimando os<br />

livros daninhos” (traduzi <strong>de</strong> maneira<br />

simplificada o texto <strong>de</strong> Dubnow).<br />

Com tal proposta partindo<br />

dos próprios ju<strong>de</strong>us, os dominicanos<br />

não vacilaram em<br />

obter autorização superior, para<br />

recolher e queimar as obras <strong>de</strong><br />

Maimôni<strong>de</strong>s. O magnífico “Guia<br />

dos Perplexos” foi a vitima principal<br />

<strong>de</strong>sta repressão e da queima<br />

<strong>de</strong> livros. O feitiço virou contra<br />

o feiticeiro: em 1242, já não<br />

era mais a obra <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s.<br />

Em Paris, baseada numa<br />

acusação falsa <strong>de</strong> Nicholas Donin,<br />

se repetiu esta violência<br />

contra uma das obras mais significativas<br />

da cultura judaica: o<br />

Talmud, a magnífica coletânea,<br />

feita pelos maiores rabinos <strong>de</strong><br />

toda a nossa história, foi <strong>de</strong>nunciado<br />

como anti-cristão e repleto<br />

<strong>de</strong> blasfêmias. A aliança <strong>de</strong><br />

dominicanos inquisidores e <strong>de</strong><br />

rabinos ju<strong>de</strong>us mostra como o<br />

radicalismo e a incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

dialogar com o próximo, po<strong>de</strong><br />

levar à cegueira e ao fanatismo.<br />

E no final, leva à tragédia.<br />

No período em que trabalhei<br />

em Belo Horizonte (entre 1984<br />

e 1987), foi <strong>de</strong>clarado pela Unesco,<br />

o ano <strong>de</strong> 1985, como o Ano<br />

Internacional <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s.<br />

Nascido em 1135 em Córdoba,<br />

na Espanha muçulmana, veio a<br />

falecer no Egito em 1204, Rambam<br />

(iniciais <strong>de</strong> Rabino Moisés<br />

filho <strong>de</strong> Maimon) foi a síntese do<br />

encontro do Judaísmo e da filosofia<br />

grega medieval (neoaristotelismo),<br />

num contexto da Sefarad<br />

(Espanha medieval), em que<br />

o Islam culto e tolerante, oferecia<br />

um espaço para reflexão, discussão<br />

e dialogo entre as três religiões:<br />

Judaísmo, Islamismo e Cristianismo.<br />

Era o final <strong>de</strong> uma era<br />

na Espanha muçulmana. O próprio<br />

Maimôni<strong>de</strong>s fugiu com sua família,<br />

vivendo um período no Marrocos<br />

e buscando refúgio no Egito<br />

dos Fatimidas, sob a proteção do<br />

sultão Saladino. O que po<strong>de</strong>mos<br />

apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ste episódio?<br />

Na semana passada participei<br />

<strong>de</strong> um segundo <strong>de</strong>bate com<br />

um intelectual árabe, sobre o<br />

conflito do Oriente Médio. O primeiro,<br />

realizado com o sr. George<br />

Bourdokan, no Teatro da Reitoria,<br />

em setembro último, foi difícil,<br />

incômodo e não propiciou<br />

dialogo e entendimento. O sr.<br />

Bourdokan, consi<strong>de</strong>rado um jornalista<br />

famoso e representante<br />

<strong>de</strong> certas alas da esquerda,<br />

mostrou-se mal preparado, intolerante<br />

e agressivo ao comparar<br />

o conflito do Oriente Médio com<br />

o Holocausto. Através <strong>de</strong> figuras<br />

<strong>de</strong> retórica distorceu fatos e não<br />

saiu em busca <strong>de</strong> dialogo, mas<br />

confrontação. Em nenhum momento<br />

falou <strong>de</strong> paz, reconhecimento<br />

mútuo e diálogo. Felizmente,<br />

tive um segundo <strong>de</strong>bate,<br />

<strong>de</strong>sta vez patrocinado pela Facel,<br />

com o intelectual árabe muçulmano,<br />

professor. doutor Jamil<br />

Ibrahim Iskandar (doutor em Filosofia).<br />

Um <strong>de</strong>bate intenso, crítico<br />

e can<strong>de</strong>nte. Os dois lados<br />

falaram as suas verda<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ram<br />

suas visões. De maneira<br />

elegante o prof. Iskandar<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u a causa palestina e os<br />

direitos <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>terminação do<br />

povo palestino. Sem baixarias e<br />

distorções. E <strong>de</strong> minha parte<br />

admiti meu <strong>de</strong>sprazer pela maneira<br />

que os radicais <strong>de</strong> ambos<br />

os lados estão dando as cartas.<br />

Obviamente <strong>de</strong>fendi o direito <strong>de</strong><br />

Israel a seu reconhecimento, à<br />

segurança <strong>de</strong> sua população e<br />

a uma vida normal no seio das<br />

nações. Foi um momento <strong>de</strong><br />

raro diálogo: entre duas posições<br />

que se opõem, mas po<strong>de</strong>m<br />

convergir no i<strong>de</strong>al da paz, da<br />

auto<strong>de</strong>terminação e do fim do<br />

circulo infinito e tão sofrido da<br />

violência. Não queremos acabar<br />

com os palestinos. Não<br />

queremos exterminar e nem ser<br />

exterminados. Queremos ser<br />

reconhecidos como um estado<br />

legítimo e po<strong>de</strong>r viver em paz.<br />

E temos que ofertar o mesmo<br />

para nossos vizinhos, ainda<br />

que o radicalismo nos cegue,<br />

que o fanatismo os cegue, pois<br />

não há outra saída.<br />

Al Andaluz (Espanha medieval)<br />

nos oferece um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

tolerância. O que se seguiu foi o<br />

fanatismo <strong>de</strong> muçulmanos fundamentalistas<br />

(num contexto historicamente<br />

diferente), que foram<br />

os reinos dos Almorávidas<br />

e dos Almoa<strong>de</strong>s (quando os pais<br />

<strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s fogem <strong>de</strong> Sefarad<br />

- Espanha). O que se seguiu<br />

foi a Inquisição e a queima, primeiro<br />

<strong>de</strong> livros e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> pessoas.<br />

Esta foi a inspiração medieval,<br />

para as câmaras <strong>de</strong> gás<br />

e os fornos crematórios. Será<br />

que po<strong>de</strong>mos apren<strong>de</strong>r algo da<br />

História? Verda<strong>de</strong>s absolutas e<br />

intolerância não levam a nada.<br />

Diálogo e convivência po<strong>de</strong>m<br />

nos levar a um futuro melhor. Na<br />

saída do <strong>de</strong>bate, tomamos um<br />

cafezinho, junto com os promotores<br />

do evento. Combinamos<br />

em data futura fazer uma mesa<br />

redonda para <strong>de</strong>bater sobre Al<br />

Andaluz (ou Sefarad) – a Espanha<br />

Medieval. Iskandar que é filosofo<br />

falaria <strong>de</strong> Avicena (acabou<br />

<strong>de</strong> traduzir um livro <strong>de</strong>le) e<br />

<strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s. E eu falaria do<br />

contexto histórico da Espanha<br />

das três religiões: um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

diálogo, cultura, religião e saber<br />

que po<strong>de</strong> servir para construir<br />

uma ponte entre os dois lados<br />

<strong>de</strong> um conflito que incomoda e<br />

afeta nosso cotidiano e traz mortes<br />

e pesar. SHALOM e SALAM:<br />

que a Paz seja sempre nosso<br />

i<strong>de</strong>al e a nossa verda<strong>de</strong>.<br />

3<br />

* Sérgio Feldman é<br />

professor adjunto<br />

<strong>de</strong> História Antiga<br />

do Curso <strong>de</strong><br />

História da<br />

Universida<strong>de</strong><br />

Tuiuti do Paraná e<br />

doutorando em<br />

História pela<br />

UFPR.


4<br />

Chanucá é a mais<br />

recente e o menos importante<br />

dos feriados<br />

judaicos, ainda que sua<br />

história e o cerimonial<br />

que envolve estejam mais<br />

vivos do que nunca.<br />

Chanucá celebra a bem-sucedida<br />

rebelião dos ju<strong>de</strong>us,<br />

nos dias do Segundo<br />

Templo, contra os gregos<br />

selêucidas, her<strong>de</strong>iros<br />

da parcela Síria do império <strong>de</strong>rrotado<br />

<strong>de</strong> Alexandre Magno. O<br />

oitavo sucessor da coroa da dinastia<br />

selêucida, Antíoco Epifânio,<br />

queria a todo custo implantar<br />

a religião grega na Judéia,<br />

baseado na sempre atual teoria<br />

<strong>de</strong> que o inconformismo religioso<br />

era uma ameaça ao Estado.<br />

Seus esforços foram tão bem sucedidos<br />

que, no ano <strong>de</strong> 168<br />

a.e.c., suas forças armadas instalaram<br />

um ídolo no Templo <strong>de</strong><br />

Jerusalém e <strong>de</strong>signaram sacerdotes<br />

ju<strong>de</strong>us convertidos para<br />

oferecer o sacrifício <strong>de</strong> porcos<br />

aos <strong>de</strong>uses gregos nos pátios do<br />

Rei Salomão.<br />

Antioco tornou crime passível<br />

<strong>de</strong> pena <strong>de</strong> morte em toda a Terra<br />

Santa o ensino da Bíblia e a<br />

circuncisão. Seus exércitos percorriam<br />

o país, colocando ídolos<br />

e sacerdotes convertidos em<br />

toda a al<strong>de</strong>ia, sem provocar<br />

qualquer reação das populações<br />

assombradas e amedrontadas.<br />

Um choque se <strong>de</strong>u quando Matatias,<br />

um ancião da família dos<br />

príncipes hasmoneus, recusou-<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Chanucá – A Festa das Luzes<br />

30/11 a 07/12 - 25 <strong>de</strong> <strong>Kislev</strong> (1ª noite – 29/11)<br />

se a oferecer um sacrifício ao<br />

objeto da idolatria instalado em<br />

sua cida<strong>de</strong>, Modiin, e com suas<br />

próprias mãos matou o homem<br />

que iria abater o porco em seu<br />

lugar. Seus cinco filhos o salvaram<br />

das mãos dos militares, levando-o<br />

para as colinas e organizando<br />

uma rebelião que, em<br />

três dias, varreu os gregos <strong>de</strong><br />

toda a Judéia. Assim, o gesto<br />

<strong>de</strong>cidido <strong>de</strong> um velho fez <strong>de</strong>sviar<br />

o curso dos acontecimentos.<br />

Todo o futuro do judaísmo po<strong>de</strong><br />

perfeitamente ter se baseado na<br />

atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Matatias.<br />

No vigésimo quinto dia <strong>de</strong><br />

<strong>Kislev</strong>, no ano <strong>de</strong> 165 a.e.c., as<br />

tropas legalistas li<strong>de</strong>radas por<br />

Judá, o Macabeu, filho guerreiro<br />

<strong>de</strong> Matatias, recapturaram o<br />

Templo e <strong>de</strong>ram início a oito dias<br />

<strong>de</strong> purificação e reconsagração<br />

do mesmo. Chanucá significa<br />

“consagração”. A festa assinala<br />

os oito dias durante os quais o<br />

Templo foi restaurado para o culto<br />

<strong>de</strong> D-us. Os serviços religiosos<br />

prosseguiram <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então<br />

durante mais <strong>de</strong> dois séculos,<br />

até que os romanos <strong>de</strong>rrubaram<br />

Jerusalém no ano 70 e <strong>de</strong>struíram<br />

a casa do Eterno, que ainda<br />

está para ser reconstruída.<br />

Chanucá em nossos dias<br />

Até aqui a história <strong>de</strong> Chanucá<br />

foi sintetizada porque, ao contrário<br />

das narrativas bíblicas, ela<br />

não integra o acervo comum da<br />

cultura oci<strong>de</strong>ntal. Durante um<br />

milênio <strong>de</strong> existência nacional<br />

em Canaã, os ju<strong>de</strong>us muitas vezes<br />

expulsaram os opressores e<br />

reconquistaram a in<strong>de</strong>pendência.<br />

Mas somente a guerra dos<br />

macabeus, que foi uma batalha<br />

pela liberda<strong>de</strong> religiosa, <strong>de</strong>stacou-se<br />

e tem espaço nos rituais<br />

<strong>de</strong> nossa fé. Foi a primeira confrontação<br />

dos ju<strong>de</strong>us, em larga<br />

escala, com uma questão que<br />

iria acompanhá-los nos dois milênios<br />

seguintes: po<strong>de</strong> uma pequena<br />

nação, vivendo em meio<br />

a uma cultura majoritária triunfante,<br />

participar da vida geral e<br />

ainda assim preservar uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

própria, ou <strong>de</strong>ve ela ser<br />

absorvida pela maioria?<br />

O <strong>de</strong>safio permanece. A proposta<br />

é a mesma: oferece-se um<br />

modo <strong>de</strong> vida diferente aos ju<strong>de</strong>us<br />

e, em troca, eles <strong>de</strong>vem<br />

renunciar à sua religião. Forças<br />

não repressoras sutilmente conduzem<br />

os ju<strong>de</strong>us. A posição dos<br />

governos do mundo livre é a <strong>de</strong><br />

que as comunida<strong>de</strong>s judaicas<br />

têm o direito <strong>de</strong> se manterem<br />

apegadas à fé <strong>de</strong> seus pais e<br />

<strong>de</strong>vem exercê-lo. Mas a contradição<br />

está implícita na força que<br />

Tocqueville já havia <strong>de</strong>finido em<br />

sua inesquecível frase como a<br />

maior fraqueza como a maior fraqueza<br />

da <strong>de</strong>mocracia: “a tirania<br />

da maioria” - a pressão para imitar<br />

os vizinhos, o impulso para<br />

se conformar com opiniões e<br />

maneiras populares, o profundo<br />

medo <strong>de</strong> ser diferente. São estas<br />

as forças <strong>de</strong> Antioco no mundo<br />

em que vivemos.<br />

É o único feriado judaico sem<br />

raízes bíblicas e, à primeira vista,<br />

comemora a mais improvável<br />

vitória militar. Mas, na verda<strong>de</strong>,<br />

Chanucá celebra a vitória da profundida<strong>de</strong><br />

e riqueza da cultura<br />

judaica contra a superficialida<strong>de</strong><br />

da cultura helênica.<br />

De acordo com a Lei, as velas<br />

<strong>de</strong> Chanucá <strong>de</strong>vem ar<strong>de</strong>r<br />

junto à janela para que possam<br />

ser vistas por todos os que passam<br />

na rua. Nossos sábios chamam<br />

a isto “proclamar o milagre”.<br />

O Talmud diz: “Houve um<br />

milagre e acharam um pote <strong>de</strong><br />

azeite lacrado com o selo do<br />

Cohen Gadol (Sumo Sacerdote)”<br />

(Shabat 21:2).<br />

O único ser humano que tinha<br />

o direito <strong>de</strong> entrar no Ko<strong>de</strong>sh<br />

Hakodashim, o lugar mais sagrado<br />

do mundo, era o Cohen Gadol.<br />

Os gregos, não tiveram<br />

acesso a este lugar, cuja santida<strong>de</strong><br />

é superior ao restante do<br />

Templo. Esta foi a razão pela<br />

qual não pu<strong>de</strong>ram mexer no pote<br />

com o selo do Cohen Gadol e<br />

torná-lo impuro.<br />

Esta foi também a razão pela<br />

qual o milagre do azeite durou<br />

oito dias, pois o Ko<strong>de</strong>sh Hakodashim<br />

está acima da natureza.<br />

O número oito simboliza o transcen<strong>de</strong>ntal.<br />

Tudo o que é sagrado<br />

está afastado da natureza,<br />

que é simbolizada pelo número<br />

sete (sete dias da semana). O<br />

número oito simboliza o que é<br />

superior à natureza.<br />

Em hebraico a palavra Shmone<br />

– que significa oito – tem as<br />

mesmas letras da palavra<br />

Neshamá – alma – e, também da<br />

palavra Hashemen – azeite. Estas<br />

três palavras estão interligadas<br />

pelo significado e lembram<br />

o transcen<strong>de</strong>ntal.<br />

Era o suprimento para um<br />

dia. Eles sabiam que seriam<br />

necessários pelo menos oito<br />

dias para produzir mais óleo<br />

puro mas, mesmo assim, <strong>de</strong>cidiram<br />

acen<strong>de</strong>r a gran<strong>de</strong> Menorá<br />

do Templo. O óleo ar<strong>de</strong>u<br />

durante oito dias.<br />

Este Midrash (comentários<br />

rabínicos muito antigos) é um<br />

resumo da história dos ju<strong>de</strong>us.<br />

Toda a nossa história é a lenda<br />

fantástica <strong>de</strong> um suprimento <strong>de</strong><br />

óleo para um só dia que dura oito<br />

dias, <strong>de</strong> campos incendiados<br />

que não se consomem, <strong>de</strong> uma<br />

existência nacional que pela lógica<br />

das coisas já <strong>de</strong>veria ter se<br />

extinguido há muito tempo e<br />

que, no entanto, continua a ar<strong>de</strong>r.<br />

Este é o relato que fazemos<br />

aos nossos filhos nas noites <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro, quando acen<strong>de</strong>mos<br />

as velinhas <strong>de</strong> Chanucá, no can<strong>de</strong>labro<br />

<strong>de</strong> nove braços.<br />

Como celebrar Chanucá<br />

• A primeira vela <strong>de</strong>ve ser colocada<br />

na extrema direita da<br />

chanuquiá (can<strong>de</strong>labro <strong>de</strong><br />

nove braços). A cada dia<br />

acrescenta-se mais uma vela,<br />

sempre começando da direita<br />

para a esquerda.<br />

• A primeira vela a ser acesa fica<br />

do lado direito da chanuquiá.<br />

Na segunda noite, adicionase<br />

uma nova vela à esquerda<br />

da primeira e assim por diante<br />

até completar oito velas.<br />

Portanto, sempre se começa<br />

acen<strong>de</strong>ndo a última vela colocada<br />

à esquerda e continua-se<br />

acen<strong>de</strong>ndo da esquerda<br />

para a direita.<br />

Por que se acen<strong>de</strong> uma<br />

vela na primeira noite <strong>de</strong> Chanucá,<br />

duas na segunda, etc,<br />

até que na última noite se<br />

acen<strong>de</strong>m oito velas?<br />

No Talmud, é discutido se<br />

<strong>de</strong>vemos acen<strong>de</strong>r uma vela na<br />

primeira noite, duas na segunda,<br />

etc. (que era a posição <strong>de</strong><br />

Hilel), ou se na primeira noite<br />

acen<strong>de</strong>mos oito velas, sete na<br />

segunda noite, etc. (que era a


posição <strong>de</strong> Shamai). Decidiu-se<br />

seguir a opinião <strong>de</strong> Hilel, que dizia<br />

que, em assuntos sagrados,<br />

<strong>de</strong>ve-se acrescentar (aumentar)<br />

e não diminuir.<br />

Por que se acen<strong>de</strong>m as<br />

velas <strong>de</strong> Chanucá da esquerda<br />

para a direita?<br />

Ao logo dos séculos evoluíram<br />

diversos costumes para o<br />

acendimento das velas. A mais<br />

aceita hoje em dia segue a tradição<br />

<strong>de</strong> dar a mesma importância<br />

aos lados direito e esquerdo da<br />

chanuquiá, indicando que D-us<br />

está presente em todos os lugares.<br />

As velas, portanto, são inseridas<br />

da direita para a esquerda<br />

e são acesas da esquerda<br />

para a direita (a vela nova é<br />

a primeira a ser acesa).<br />

• No shabat acen<strong>de</strong>-se primeiro<br />

as velas <strong>de</strong> Chanucá.<br />

• Sábado à noite <strong>de</strong>ve-se preparar<br />

e acen<strong>de</strong>r as velas <strong>de</strong><br />

Chanucá após a Havdalá.<br />

• Por ser sagrada, a luz da<br />

chanuquiá não po<strong>de</strong>rá ser usada<br />

para nenhum outro fim (trabalhar,<br />

ler, etc.)<br />

• Todos os membros da família<br />

<strong>de</strong>vem estar presentes na<br />

hora <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r a chanuquiá.<br />

Não somente marido e mulher,<br />

mas também crianças <strong>de</strong> todas<br />

as ida<strong>de</strong>s. Des<strong>de</strong> que possam<br />

segurar com segurança uma<br />

vela, as crianças têm obrigação<br />

<strong>de</strong> acendê-las. Estudantes ou<br />

solteiros que moram sozinhos<br />

<strong>de</strong>vem ter suas próprias chanuquiot.<br />

As mulheres têm a mesma<br />

obrigação, portanto, em um<br />

lugar on<strong>de</strong> só há mulheres, <strong>de</strong>ve<br />

ser acesa a chanuquiá e pronunciadas<br />

as bênçãos. Nossos sábios<br />

enfatizam a importância das<br />

mulheres participarem da cerimônia,<br />

pois gran<strong>de</strong> parte da vitória<br />

militar dos ju<strong>de</strong>us sobre<br />

seus inimigos se <strong>de</strong>ve a Judith.<br />

sevivon<br />

Rabi Yehoshua Ben-Levi diz: “As<br />

mulheres são obrigadas a cumprir<br />

a mitzvá <strong>de</strong> Chanucá, pois<br />

elas também são parte do milagre”.<br />

Os gregos haviam <strong>de</strong>cretado<br />

que toda jovem, no dia que<br />

antece<strong>de</strong>sse seu casamento,<br />

<strong>de</strong>veria se submeter sexualmente<br />

a um príncipe grego. As mulheres<br />

se salvaram <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>creto<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o milagre da vitória dos<br />

macabeus.<br />

• Após o aparecimento das<br />

estrelas, acen<strong>de</strong>r a chanuquiá<br />

diariamente durante os oito dias<br />

da festa <strong>de</strong> Chanucá. Se não for<br />

possível, po<strong>de</strong>rão ser acesas<br />

mais tar<strong>de</strong>, porém, em um horário<br />

no qual os membros da família<br />

ainda estejam acordados. Na<br />

sexta-feira <strong>de</strong>vem ser acesas<br />

antes do pôr-do-sol e antes das<br />

velas <strong>de</strong> Shabat. Devem permanecer<br />

acesas pelo menos meia<br />

hora após o anoitecer. Neste dia<br />

<strong>de</strong>vem ser usadas velas maiores<br />

para que ardam até meia<br />

hora <strong>de</strong>pois do inicio do Shabat.<br />

• Usar azeite ou velas <strong>de</strong><br />

cera gran<strong>de</strong>s o bastante para<br />

que a luz da chanuquiá permaneça<br />

acesa no mínimo meia hora<br />

após o anoitecer. Por isso, se<br />

uma vela apagar durante este<br />

período – com exceção da noite<br />

do Shabat – <strong>de</strong>verá ser acesa<br />

novamente.<br />

• Usar um Shamash (uma<br />

vela) que será colocado em um<br />

lugar especial na chanuquiá,<br />

para acen<strong>de</strong>r <strong>de</strong>mais velas.<br />

Por que se usa uma nona<br />

vela, o Shamash, para acen<strong>de</strong>r<br />

as outras velas da chanuquiá?<br />

Esta é uma continuação do<br />

costume seguido quando o can<strong>de</strong>labro<br />

<strong>de</strong> sete braços do Tabernáculo<br />

e do Templo era aceso. O<br />

sétimo braço em cada uma <strong>de</strong>stas<br />

menorót era <strong>de</strong>nominado shamash<br />

(“servidor”). Usado para<br />

acen<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mais, não era contado<br />

como uma das luminárias.<br />

Também se usa uma nona<br />

vela porque as oito velas principais<br />

da chanuquiá não po<strong>de</strong>m<br />

ser usadas para fins práticos.<br />

• Deve-se acen<strong>de</strong>r as luzes<br />

da chanuquiá <strong>de</strong> forma que sua<br />

luz seja vista do lado <strong>de</strong> fora da<br />

casa. Significa que não basta iluminar<br />

somente o próprio lar com<br />

a luz e calor do verda<strong>de</strong>iro modo<br />

<strong>de</strong> vida judaico <strong>de</strong> Torá, mas é<br />

necessário difundi-los ao exterior<br />

da casa, pela vizinhança e<br />

comunida<strong>de</strong> em geral.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

29/11, sexta-feira<br />

antes das 19h33<br />

30/11, sábado<br />

após às 19h35<br />

01/12, domingo<br />

ao anoitecer<br />

02/12, segunda-feira<br />

ao anoitecer<br />

03/12, terça-feira<br />

ao anoitecer<br />

04/12, quarta-feira<br />

ao anoitecer<br />

05/12, quinta-feira<br />

ao anoitecer<br />

06/12, sexta-feira<br />

antes das 19h38<br />

Como acen<strong>de</strong>r a Chanuquiá<br />

• Primeiro acenda o shamash e<br />

<strong>de</strong>pois pronuncie as bênçãos.<br />

Em seguida, acenda as velas<br />

da chanuquiá com o shamash.<br />

• Acenda a primeira vela do lado<br />

direito da chanuquiá; na segunda<br />

noite, acrescente uma<br />

vela nova do lado esquerdo da<br />

primeira, e assim sucessivamente.<br />

A vela a ser acesa é<br />

sempre a nova, proce<strong>de</strong>ndo<br />

da esquerda para a direita.<br />

• Antes <strong>de</strong> acen<strong>de</strong>r as luzes da<br />

chanuquiá na primeira noite<br />

recite as três bênçãos e nas<br />

noites seguintes, somente as<br />

duas primeiras.<br />

1. Baruch Atá A-do-nai E-lohênu<br />

Melech Haolam, asher<br />

ki<strong>de</strong>shânu bemitsvotav, vetsivánu<br />

lehadlic ner Chanucá.<br />

(Bendito és Tu, ó Eterno<br />

nosso D-us, Rei do Universo,<br />

que nos santificou com seus<br />

Mandamentos e nos or<strong>de</strong>nou<br />

acen<strong>de</strong>r as velas <strong>de</strong> Chanucá).<br />

2. Baruch Atá A-do-nai E-lohênu<br />

Mêlech Haolam, sheassá<br />

nissim laavotênu bayamim<br />

hahêm bizman hazê.<br />

(Bendito és Tu, ó Eterno nosso<br />

D-us, Rei do Universo, que<br />

operou milagres para nossos<br />

antepassados, naqueles dias,<br />

correspon<strong>de</strong>ntes a esta época).<br />

3. Baruch Atá A-do-nai E-lohênu<br />

Mêlech Haolam, shehecheyánu<br />

vekiyemánu vehiguiánu<br />

lizman hazê. (Bendito<br />

és Tu, ó Eterno nosso D-us,<br />

Rei do Universo, que nos <strong>de</strong>u<br />

vida, nos manteve e nos permitiu<br />

chegar até a presente<br />

época).<br />

Por que se pronunciam<br />

três bênçãos sobre as velas<br />

na primeira noite <strong>de</strong><br />

Chanucá?<br />

As duas primeiras bênçãos<br />

que se pronuncia sobre as velas<br />

<strong>de</strong> Chanucá referem-se especificamente<br />

ao acendimento<br />

das luzes e ao milagre <strong>de</strong> Chanucá.<br />

A terceira bênção, o Shechecheiánu,<br />

é recitada na primeira<br />

noite <strong>de</strong> todas as festas.<br />

Expressa gratidão pessoal por<br />

estar-se vivo, bem e em condições<br />

<strong>de</strong> observar a festivida<strong>de</strong>.<br />

É costume comer latkes (bolinhos<br />

<strong>de</strong> batata fritos) e sonhos<br />

em Chanucá, porque eles são<br />

fritos em óleo, e o óleo simboliza<br />

o milagre da chama que ficou<br />

acesa oito dias.<br />

Receita <strong>de</strong> latkes<br />

Ingredientes:<br />

• ½ kg <strong>de</strong> batata;<br />

• 2 ovos inteiros;<br />

• 4 colheres <strong>de</strong> sopa <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong> trigo;<br />

• sal a gosto.<br />

5<br />

Modo <strong>de</strong> fazer:<br />

Descascar as batatas, lavar e secar. Ralar<br />

no ralador grosso, fazendo tirinhas. Misturar<br />

com os ovos, o trigo e o sal. A massa <strong>de</strong>ve<br />

ficar úmida. Fritar em óleo bem quente.


6<br />

* Shmuel Lemle, do<br />

Centro <strong>de</strong> Cabala do<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro –<br />

shmuel.lemle@<br />

kabbalah.com<br />

adaptou este texto<br />

baseado nos<br />

ensinamentos do<br />

cabalista Rav Berg,<br />

diretor internacional<br />

do Centro <strong>de</strong> Cabala<br />

www.kabbalah.com<br />

Os cabalistas sempre buscam<br />

explorar o invisível — as causas<br />

ocultas por trás dos eventos que<br />

ocorrem no universo. Seus estudos<br />

incluem as festas judaicas.<br />

Através dos penetrantes olhos<br />

do cabalista, as festas não são<br />

meras celebrações que criam tradições.<br />

Se não são tradições ou<br />

celebrações anuais, o que são?<br />

De acordo com a sabedoria cabalística,<br />

as festas fazem parte do<br />

plano do universo — a agenda<br />

cósmica que po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> modo muito<br />

prático, melhorar nosso bemestar<br />

físico e espiritual.<br />

A festa representa um dia sagrado,<br />

em referência à palavra Kadosh<br />

em hebraico. Kadosh é traduzido<br />

como sagrado,<br />

mas na<br />

verda<strong>de</strong> significa<br />

completo. É um<br />

dia que apresenta<br />

um circuito inteiro<br />

e completo <strong>de</strong><br />

energia espiritual.<br />

Na verda<strong>de</strong> é bastante<br />

simples. Assim<br />

como um físico<br />

usa fórmulas simples<br />

para <strong>de</strong>screver os misté-<br />

É compreensível que a consciência<br />

histórica e o seu registro escrito<br />

somente hajam se <strong>de</strong>senvolvido no<br />

seio daqueles povos <strong>de</strong> marcada autoconfiança,<br />

convictos <strong>de</strong> seu caráter<br />

específico.<br />

Na Antiguida<strong>de</strong> este sentimento<br />

<strong>de</strong> nobreza e irregularida<strong>de</strong> existiu<br />

em dois povos: os gregos e os ju<strong>de</strong>us.<br />

Ambos empreen<strong>de</strong>ram a tarefa <strong>de</strong> escrever<br />

a história, primeiro os israelitas<br />

e séculos mais tar<strong>de</strong>, os gregos.<br />

Chanucá faz parte <strong>de</strong>sta história.<br />

Um empreendimento é uma vitória<br />

militar <strong>de</strong> poucos sobre muitos, <strong>de</strong><br />

uma idéia, <strong>de</strong> uma fé e <strong>de</strong> bases e<br />

premissas religiosas baseadas na<br />

existência <strong>de</strong> um D-us único, sobre<br />

o conceito da idolatria. Os gregos<br />

ao dominarem a pequena Israel resolveram<br />

impor o seu pensamento<br />

religioso à força provocando a revolta<br />

dos Macabeus.<br />

Os Macabeus, uma família <strong>de</strong> cin-<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

O Sod (Segredo) <strong>de</strong> Chanucá<br />

Shmuel Lemle*<br />

rios do universo, o cabalista faz o<br />

mesmo usando as letras hebraicas<br />

— Kadosh (completo) é uma<br />

fórmula que se refere a circuitos<br />

completos <strong>de</strong> energia espiritual.<br />

um dia festivo, completo, uma<br />

energia única e específica está<br />

disponível para todos que tiverem<br />

a tecnologia para se conectar com<br />

ela. A Cabala é essa tecnologia.<br />

Portanto, será que Chanucá<br />

po<strong>de</strong> realmente ser interpretado<br />

através <strong>de</strong> seus símbolos — os<br />

sonhos, o sevivon (pião) e a chanuquiá?<br />

A Cabala ensina que <strong>de</strong>vemos<br />

fazer perguntas. Através<br />

das perguntas po<strong>de</strong>mos fazer uma<br />

conexão profunda com seu significado<br />

interno. Colocando <strong>de</strong> uma<br />

maneira simples, se não sabemos<br />

o que a festa <strong>de</strong> Chanucá po<strong>de</strong><br />

fazer por nós, em nossa vida diária,<br />

vamos continuar a testemunhar<br />

a <strong>de</strong>sespiritualização <strong>de</strong> Chanucá.<br />

Vamos agora explorar que<br />

tipo <strong>de</strong> energia está disponível em<br />

Chanucá e como po<strong>de</strong>mos atrair<br />

essa energia espiritual para nossas<br />

vidas.<br />

Por que esse feriado se<br />

chama Chanucá?<br />

Encontramos <strong>de</strong>ntro da lenda<br />

<strong>de</strong> Chanucá a história <strong>de</strong> Chana.<br />

Chana recusou-se a se submeter<br />

ao paganismo dos gregos. Ela<br />

preferia ser morta, junto com seus<br />

sete filhos, do que enfrentar a alternativa.<br />

De acordo com a sabedoria<br />

cabalística, Chana é uma<br />

palavra em código — outra fórmula<br />

— que correspon<strong>de</strong> ao nosso<br />

mundo físico. Quando se adicionam<br />

duas letras hebraicas ao<br />

nome Chana, cria-se uma nova<br />

palavra em hebraico — Chanucá.<br />

Essas duas letras hebraicas são<br />

o Kaf e o Vav. Quando combinadas,<br />

essas duas letras têm o valor<br />

numérico 26. A Cabala nos ensina<br />

que o número 26 é o código<br />

numérico do nome <strong>de</strong> D-us. Em<br />

outras palavras, quando Chana<br />

transformou seu <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> receber<br />

instintivo — sua preocupação natural<br />

somente com ela mesma —<br />

num <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> compartilhar e <strong>de</strong><br />

auto-sacrifício verda<strong>de</strong>iro, ela fez<br />

uma conexão com o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> D-us<br />

através <strong>de</strong>stas duas letras representadas<br />

pelo evento <strong>de</strong> Chanucá.<br />

Quando fazemos as bênçãos,<br />

o acendimento das velas e os outros<br />

rituais conectados com Chanucá,<br />

nós também po<strong>de</strong>mos nos<br />

conectar com a energia que Chana<br />

representa. Aproveitamos o<br />

po<strong>de</strong>r do Criador em sua forma<br />

Por que no terceiro milênio ainda<br />

festejamos Chanucá?<br />

Edda Bergmann*<br />

co filhos que resolveram seguir as<br />

idéias <strong>de</strong> seu pai Matatiau e dirigir e<br />

orientar uma revolta contra a ocupação<br />

do Santuário por estátuas e imagens<br />

pagãs, inclusive a profanação<br />

<strong>de</strong> um porco colocado sobre o “Aron<br />

ha ko<strong>de</strong>sh”. Surge aí a união da família<br />

e a li<strong>de</strong>rança <strong>de</strong> um dos filhos,<br />

por acaso o mais moço, sem o direito<br />

da primogenitura. Yehuda Macabi,<br />

o Macabeu, o Martelo.<br />

Dirigidos por seu lí<strong>de</strong>r formou-se<br />

a guerrilha que resultou na vitória dos<br />

hebreus e na reconsagração do Santuário.<br />

Este fato muito auspicioso<br />

pren<strong>de</strong>-se ao chamado milagre <strong>de</strong><br />

Chanucá. Encontrado apenas um pequeno<br />

cântaro do óleo sagrado intacto,<br />

pois por uma aparente insignificância<br />

não mereceu o olhar do invasor,<br />

mas era um óleo mais concentrado<br />

e talvez mais puro que permitiu<br />

a lâmpada sagrada ficar acesa durante<br />

oito dias, tempo necessário para<br />

que o sacerdote produzisse novo<br />

óleo. Este é o chamado milagre.<br />

Mas por que ainda hoje festejamos<br />

Chanucá? Por que se trata da<br />

vitória da fé, <strong>de</strong> uma fé inabalável e<br />

contínua, <strong>de</strong> uma fé no D-us único,<br />

da confiança no Homem como <strong>de</strong>positário<br />

<strong>de</strong>sta fé. A alegria e o festejo<br />

se dão <strong>de</strong>ntro do Templo sagrado e o<br />

júbilo é a sua <strong>de</strong>monstração.<br />

A vitória militar foi baseada na fé,<br />

a libertação ocorreu em função <strong>de</strong>ste<br />

nome Fé e o júbilo religioso é o<br />

resultado da população unida em torno<br />

<strong>de</strong> um i<strong>de</strong>al.<br />

Chanucá chegou aos dias <strong>de</strong> hoje<br />

com todo este impacto, <strong>de</strong> vitória militar<br />

baseada na religião judaica, baseada<br />

na luta pela preservação do que é<br />

nosso, do que nos pertence por <strong>de</strong>sígnio<br />

<strong>de</strong> D-us. Vitória dos nossos valores<br />

que são as bases da nossa história,<br />

tanto mo<strong>de</strong>rna e atual como antiga.<br />

Assim, um largo período <strong>de</strong> consciência<br />

histórica constitui sempre um<br />

pré-requisito para escrever a história.<br />

Quando as energias humanas bro-<br />

mais po<strong>de</strong>rosa, assim como ela<br />

fez há tantos séculos atrás.<br />

A tecnologia da Cabala nos<br />

oferece meditações especiais que<br />

nos ajudam a fazer estas conexões.<br />

As meditações cabalísticas<br />

funcionam como correntes elétricas<br />

ou espirituais. Os cabos que<br />

conduzem esta corrente são a<br />

chanuquiá, as velas e as bênçãos.<br />

Estes instrumentos nos conectam<br />

diretamente com o banco <strong>de</strong> energia<br />

espiritual <strong>de</strong> nosso universo,<br />

cujo nome é Biná – um plano acima<br />

dos nossos cinco sentidos,<br />

on<strong>de</strong> a Luz do Criador flui e alimenta<br />

nosso universo vivo.<br />

Chanucá é muito mais do que<br />

rodar piões ou relembrar algum<br />

evento antigo, sem nenhuma relevância<br />

aparente em nossa vida.<br />

Chanucá representa nossa oportunida<strong>de</strong><br />

final <strong>de</strong> selar a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> nossas vidas para o resto<br />

do ano que vem. Po<strong>de</strong>mos mudar<br />

nosso <strong>de</strong>stino. Superar qualquer<br />

obstáculo. Vencer qualquer<br />

situação. Tudo através do po<strong>de</strong>r<br />

da Luz que emana do Criador.<br />

Chanucá é nossa antena para receber<br />

esta força incrível — uma<br />

antiga tecnologia que vem mais<br />

uma vez para iluminar a contínua<br />

disseminação da Cabala.<br />

tam do solo fértil <strong>de</strong>ssa consciência<br />

especial é necessária a<strong>de</strong>mais a<br />

combinação <strong>de</strong> duas qualida<strong>de</strong>s para<br />

que a historiografia seja possível: o<br />

dom e o impulso científico para pesquisar<br />

e elucidar a continuida<strong>de</strong> da<br />

vida. A história é uma combinação <strong>de</strong><br />

ciência e arte, do racional e do irracional<br />

combinados com a análise crítica<br />

e imaginação, <strong>de</strong> pesquisa e intuição.<br />

Ainda hoje festejamos o milagre<br />

<strong>de</strong> Chanucá e sua visão histórica científica<br />

e artística porque ela proclama<br />

a vitória da fé em D-us, a confiança<br />

do homem em valores superiores<br />

sujeitos às premissas científicas<br />

e claras <strong>de</strong> que a vida humana<br />

tem significado e ampla função<br />

neste mundo que, em última análise,<br />

é um mundo <strong>de</strong> D-us. E os homens<br />

estão nele por premissas divinas<br />

e é regido por algo superior<br />

e extraterreno, ainda que in<strong>de</strong>cifrável<br />

para o ser humano.<br />

Algo que chamamos D-US!!!


<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

O caso contra Chanucá: quando<br />

o cetro <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser <strong>de</strong> Judá<br />

Shlomo Risk*<br />

Por mais incrível que pareça,<br />

po<strong>de</strong>-se fazer uma boa conjectura<br />

contra a celebração <strong>de</strong> Chanucá.<br />

Ao examinar o trecho abaixo,<br />

da autoria <strong>de</strong> Maimôni<strong>de</strong>s,<br />

constatamos que um preço terrível<br />

foi pago pela vitória dos<br />

Macabeus: foi quebrada uma<br />

antiga tradição <strong>de</strong> ter um rei da<br />

tribo <strong>de</strong> Judá.<br />

“Durante o período do Segundo<br />

Templo, os gregos impuseram<br />

aos ju<strong>de</strong>us éditos cruéis,<br />

anulando sua religião e proibindo<br />

o estudo da Torá e a observância<br />

dos mandamentos (...)<br />

esses éditos violavam o Templo,<br />

profanando os objetos puros e<br />

sagrados. Isto afligiu e angustiou<br />

tanto o povo <strong>de</strong> Israel que, finalmente,<br />

D-us teve misericórdia e<br />

salvou-o <strong>de</strong>sse domínio (...). Os<br />

filhos dos Hasmoneus, os sumos<br />

sacerdotes mataram os gregos,<br />

salvando os ju<strong>de</strong>us, e colocaram<br />

no trono um rei escolhido<br />

entre os sacerdotes. Assim, o<br />

reino <strong>de</strong> Israel foi restabelecido<br />

por mais 200 anos, até a <strong>de</strong>struição<br />

do Segundo Templo<br />

“(Leis <strong>de</strong> Chanucá,3:1).<br />

Com a vitória dos Hasmoneus,<br />

surgiu uma nova realida<strong>de</strong><br />

– rei como sacerdote, sacerdote<br />

como rei – uma clara violação<br />

das instruções <strong>de</strong> Jacó a<br />

seus 12 filhos: “O cetro não <strong>de</strong>ixará<br />

<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> Judá, nem o<br />

bastão <strong>de</strong> governante se apartará<br />

<strong>de</strong> seus <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes”<br />

(Gênesis 49:10).<br />

Dentre todos seus filhos,<br />

Jacó valorizava o caráter <strong>de</strong><br />

Judá: como este reage sob pressão,<br />

seja no momento em que<br />

Tamar revela ser ele o homem<br />

que a engravidou, ou resgatando<br />

a vida <strong>de</strong> José do poço ou,<br />

mais tar<strong>de</strong>, quando Benjamin é<br />

acusado <strong>de</strong> roubar o vice-rei<br />

egípcio furtando-lhe a taça <strong>de</strong><br />

prata e Judá implora “<strong>de</strong>ixa-me<br />

ficar como teu escravo em lugar<br />

do menino (...), pois como po<strong>de</strong>rei<br />

suportar tanto sofrimento do<br />

meu pai por essa <strong>de</strong>sgraça” (Gênesis<br />

44:33, 34 ).<br />

Um verda<strong>de</strong>iro rei, como se<br />

vê da escolha <strong>de</strong> Jacó, é aquele<br />

disposto a sacrificar tudo, até<br />

sua própria liberda<strong>de</strong>, para salvar<br />

um irmão e proteger os poucos<br />

anos que restam a um pai.<br />

Judá po<strong>de</strong> reinar sobre os outros<br />

precisamente porque ele não<br />

<strong>de</strong>seja reinar.<br />

O fato histórico, no entanto,<br />

é que os Hasmoneus, sacerdotes<br />

<strong>de</strong>votados a D-us <strong>de</strong> todo o<br />

coração, alma e força, tornamse<br />

os governantes e finalmente,<br />

reis em Israel. Isto não só burlou<br />

a Torá, mas também pôs fim<br />

à separação do Templo e Estado,<br />

uma divisão que havia preservado<br />

o sacerdócio e a realeza<br />

como duas instituições distintas.<br />

O trono <strong>de</strong> um rei po<strong>de</strong> ser<br />

elevado, mas os mesmos mandamentos<br />

que se aplicam a todo<br />

ju<strong>de</strong>u – Shabat, Kashrut, Tefilin,<br />

Tzedaká – orientaram a vida e o<br />

regime do rei David. Os sacerdotes,<br />

entretanto, no seu relacionamento<br />

com o sagrado, têm a<br />

tendência <strong>de</strong> se consi<strong>de</strong>rarem<br />

acima dos outros mortais. Eles<br />

têm, por exemplo, entrada em<br />

recintos do Templo, on<strong>de</strong> o homem<br />

comum, mesmo o rei, não<br />

tem permissão <strong>de</strong> entrar. Um rei,<br />

ciente dos direitos inerentes ao<br />

sacerdócio, tinha assim a humilda<strong>de</strong><br />

que lhe era imposta – um<br />

dos resultados positivos <strong>de</strong> separação<br />

das duas funções.<br />

Mas, o que acontece quando<br />

o rei também é Sumo Sacerdote?<br />

Possivelmente, um convite<br />

ao <strong>de</strong>sastre, e não nos surpreen<strong>de</strong><br />

que o governo dos Hasmoneus<br />

estivesse fadado à ruína.<br />

Houve expansão territorial e a<br />

construção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obras o<br />

que não impediu contendas,<br />

guerra civil e conflitos internos<br />

entre Hyrcanos II e seu irmão<br />

Oristobulus II. Descen<strong>de</strong>ntes<br />

dos primeiros Hasmoneus terminaram<br />

à beira da apostasia, incentivando<br />

a assimilação para o<br />

mundo helenístico contra o qual<br />

seus antepassados haviam combatido<br />

com tanto fervor.<br />

Levando tudo isso em consi<strong>de</strong>ração,<br />

a celebração do 25º dia<br />

<strong>de</strong> <strong>Kislev</strong> como um festival <strong>de</strong> luzes<br />

po<strong>de</strong> parecer <strong>de</strong>saconselhado.<br />

De que maneira compreen<strong>de</strong>r,<br />

então, por que esta festa é vista<br />

somente sob a mais pura luz?<br />

Lord Acton disse certa vez<br />

que “o po<strong>de</strong>r corrompe, e o po<strong>de</strong>r<br />

absoluto corrompe <strong>de</strong> modo<br />

absoluto”. Bem colocado, mas<br />

<strong>de</strong>screve somente uma parte do<br />

quadro. O po<strong>de</strong>r absoluto po<strong>de</strong><br />

corromper <strong>de</strong> modo absoluto,<br />

mas o que dizer da impotência<br />

absoluta? Tendo sido vítimas <strong>de</strong><br />

tantas potências estrangeiras<br />

através da história, os ju<strong>de</strong>us<br />

conhecem a fraqueza da impotência<br />

e <strong>de</strong> como esta conduz à<br />

beira da <strong>de</strong>struição.<br />

Assisti, recentemente, a uma<br />

peça na qual um filho <strong>de</strong>scobre<br />

que seu pai, a quem havia sempre<br />

reverenciado como herói sobrevivente<br />

do Holocausto, tinha<br />

na verda<strong>de</strong> sido kapo em Auschwitz.<br />

O filho não po<strong>de</strong> se conter<br />

e confronta seu pai com essa<br />

<strong>de</strong>scoberta no meio do Se<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

Pêssach. O pai, embora estupefato<br />

pela revelação, não a nega<br />

e, com lágrimas nos olhos, sem<br />

autojustificar-se, calmamente<br />

<strong>de</strong>clara: “Não houve heróis em<br />

Auschwitz; houve simplesmente<br />

os que morreram e os que<br />

sobreviveram”.<br />

É a fuga <strong>de</strong>sse pesa<strong>de</strong>lo perene<br />

que celebramos em Chanucá.<br />

O que os Hasmoneus conseguiram<br />

foi à reconquista da<br />

soberania judaica e, uma vez<br />

que a temos – e somente se a<br />

tivermos – po<strong>de</strong>mos realizar<br />

nosso potencial como nação.<br />

O Tratado Rosh Hashaná 18b<br />

ensina que o jejum <strong>de</strong> Tisha<br />

BeAv – o dia mais triste do calendário<br />

– se tornará um dia <strong>de</strong><br />

regozijo quando houver a paz.<br />

Rashi explica que a paz vem<br />

quando os idólatras (i.é. as potências<br />

estrangeiras) não atacarem<br />

Israel. O primeiro passo<br />

para conseguir esta condição é<br />

que os ju<strong>de</strong>us sejam o po<strong>de</strong>r<br />

soberano em sua terra.<br />

Maimôni<strong>de</strong>s, em suas Leis<br />

dos Reis (12:2) <strong>de</strong>senvolve o<br />

mesmo conceito <strong>de</strong> soberania,<br />

quando <strong>de</strong>staca que a única diferença<br />

entre a sua época (século<br />

12) e os dias messiânicos é<br />

que os ju<strong>de</strong>us não mais serão<br />

subjugados por reis estrangeiros.<br />

Em outras palavras, o simples<br />

fato <strong>de</strong> haver ju<strong>de</strong>u vivendo<br />

na mo<strong>de</strong>rna Terra <strong>de</strong> Israel tem<br />

implicações messiânicas. A re<strong>de</strong>nção<br />

fala em termos <strong>de</strong> reconhecimento<br />

<strong>de</strong> D-us, mas ela<br />

terá <strong>de</strong> começar com os primeiros<br />

passos hesitantes <strong>de</strong> uma<br />

nação judaica caminhando para o<br />

seu <strong>de</strong>stino na Terra Prometida.<br />

Portanto, toda a <strong>de</strong>scendência<br />

da dinastia dos Hasmoneus<br />

– e houve muitas transgressões<br />

– não po<strong>de</strong> empanar o brilho dos<br />

Macabeus, um brilho vital para<br />

o futuro do povo ju<strong>de</strong>u. As luzes<br />

<strong>de</strong> Chanucá tinham <strong>de</strong> ser acesas<br />

ou as luzes do mundo se<br />

teriam eclipsado.<br />

Existe hoje em Israel uma situação<br />

similar. Algumas pessoas<br />

acham que muitas coisas estão<br />

erradas neste Estado – as pessoas<br />

“erradas” no po<strong>de</strong>r, ciúmes<br />

interpartidários, e punhaladas<br />

antipartidárias pelas costas, paralisia<br />

burocrática e, freqüentemente<br />

a mão direita não sabendo<br />

o que está fazendo a mão<br />

esquerda. Nem por isso, enquanto<br />

um governo judaico em<br />

solo judaico, ainda que a paz<br />

não seja perfeita e nós ainda não<br />

fomos contemplados com um<br />

governo e um corpo dirigente<br />

perfeitos, isso significa estarmos<br />

<strong>de</strong> volta à Europa <strong>de</strong> 1939,<br />

à mercê <strong>de</strong> potências estrangeiras<br />

impiedosas, ou <strong>de</strong> nações<br />

um pouco mais humanas,<br />

conce<strong>de</strong>ndo a uma pequena<br />

porcentagem <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us um<br />

abrigo temporário.<br />

As realizações dos últimos 53<br />

anos são quase inacreditáveis.<br />

Não creio que o israelense mais<br />

otimista, em 1948, pu<strong>de</strong>sse ter<br />

imaginado o crescimento e o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ssas cinco<br />

décadas, isto, sem mencionar o<br />

retorno milagroso dos exilados,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> os etíopes da tribo <strong>de</strong><br />

Dan, aos ju<strong>de</strong>us russos, retorno<br />

esse que po<strong>de</strong>ria mudar<br />

drasticamente o quadro <strong>de</strong>mográfico<br />

do país.<br />

Chanucá, a festa durante o<br />

qual cantamos todo o Hallel em<br />

cada um dos oito dias <strong>de</strong> sua<br />

duração, nos faz lembrar que a<br />

re<strong>de</strong>nção é um processo que se<br />

faz dia após dia, e se parece que<br />

temos nossos Aristobulus e Hyrcanos<br />

no Knesset, jamais <strong>de</strong>vemos<br />

esquecer o milagre que nos<br />

trouxe <strong>de</strong> volta à Terra <strong>de</strong> Israel.<br />

7<br />

* Shlomo Risk é<br />

rabino-chefe da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Efrat.<br />

Se você não recebeu seu exemplar <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, entre em<br />

contato conosco pelo telefone 3018-8018 ou então pelo e-mail<br />

visaojudaica@visaojudaica.com.br


8<br />

* Joseph Farah tem<br />

<strong>de</strong>scendência<br />

árabe, é jornalista,<br />

editor e redatorchefe<br />

do<br />

WorldNetDaily,<br />

on<strong>de</strong> escreve uma<br />

coluna diária.<br />

Quem realmente se preocupa<br />

com os direitos humanos dos árabes-palestinos?<br />

A Síria, Iraque,<br />

Egito, Irã, Jordânia e outras nações<br />

muçulmanas têm advertido<br />

Israel, sob variadas formas e diferentes<br />

graus <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, a<br />

respeito do suposto mau tratamento<br />

que o Estado Ju<strong>de</strong>u dispensa<br />

aos árabes-palestinos. Há um<br />

problema maior com tais advertências.<br />

Aquelas nações têm feito<br />

muito menos pelos árabes-palestinos<br />

do que Israel.<br />

Isto é verda<strong>de</strong>. Digo e penso<br />

assim. Permitamme<br />

dar um exemplo<br />

do que estou<br />

falando.<br />

O jornal The<br />

Jordan Times noticiou<br />

que “Os refugiados<br />

palestinos<br />

no Líbano, que<br />

sempre tiveram negados<br />

muitos dos<br />

direitos civis, incluindo<br />

o direito <strong>de</strong><br />

trabalhar, enfrentam<br />

agora um novo<br />

obstáculo nas suas<br />

vidas precárias.”<br />

De acordo com<br />

uma lei aprovada<br />

pelo Parlamento,<br />

no início do ano,<br />

os árabes-palestinos<br />

ficam <strong>de</strong>sprovidos<br />

do direito <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Quem se interessa pelos palestinos?<br />

Joseph Farah *<br />

Aqueles que já são donos <strong>de</strong> alguma<br />

proprieda<strong>de</strong> não po<strong>de</strong>rão<br />

<strong>de</strong>ixá-la como herança para<br />

seus filhos.<br />

Agora, imaginem se Israel<br />

aprovasse uma lei <strong>de</strong>sse tipo?<br />

Po<strong>de</strong>riam imaginar a gritaria internacional?<br />

O que tem a ONU a<br />

dizer a respeito? Quanto <strong>de</strong>moraria<br />

para igualar o sionismo a racismo<br />

novamente? Como a mídia<br />

importante do oci<strong>de</strong>nte viria tal<br />

ofensa draconiana?<br />

Mas isso está acontecendo num<br />

país árabe, praticamente sem nenhum<br />

comentário — exceto aqui.<br />

E dêem uma olhada na transparente<br />

racionalida<strong>de</strong> para explicar<br />

tal atitu<strong>de</strong> do Líbano, conforme<br />

escrito no The Jordan Times:<br />

“O Parlamento libanês aprovou<br />

uma lei com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> proteger<br />

os direitos dos refugiados palestinos,<br />

na eventualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retornarem<br />

a seus lares, dos quais<br />

fugiram <strong>de</strong>pois da criação do Estado<br />

<strong>de</strong> Israel em terras da Palestina,<br />

em 1948.”<br />

Gostaram? Estamos protegendo<br />

os seus direitos, negando-lhes<br />

os seus direitos. Somente no<br />

mundo árabe essa duplamente<br />

hipócrita explicação po<strong>de</strong> acontecer<br />

sem cair no ridículo internacional<br />

e sem a <strong>de</strong>núncia universal.<br />

Tenham em mente que a maioria<br />

dos refugiados palestinos nasceu<br />

bem <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1948. Nunca<br />

viveram num país chamado Palestina.<br />

E a razão é que os vizinhos<br />

árabes se mostraram pouco hos-<br />

pitaleiros. Não se lhes foi permitido<br />

se assentarem nos países árabes<br />

porque os lí<strong>de</strong>res árabes estavam<br />

<strong>de</strong>terminados a soprar as<br />

chamas do ódio a Israel. Desejavam<br />

manter viva essa válvula <strong>de</strong><br />

escape <strong>de</strong> uma pátria palestina a<br />

fim <strong>de</strong> que o povo árabe não se<br />

vire contra seus próprios lí<strong>de</strong>res<br />

e comecem a questionar porque<br />

se acham <strong>de</strong>sprovidos <strong>de</strong> seus<br />

próprios direitos humanos.<br />

Por enquanto, o Líbano é virtualmente<br />

um estado sob o manto<br />

da Síria. Acha-se ocupado pelo<br />

exército sírio. Nenhuma <strong>de</strong>cisão<br />

política importante se faz em Beirute<br />

sem a aprovação e orientação<br />

<strong>de</strong> Damasco. E é Damasco,<br />

mais do que qualquer outra capital<br />

árabe, que apóia a campanha<br />

<strong>de</strong> terror árabe contra Israel, que<br />

mina cada tentativa <strong>de</strong> reconciliação<br />

pacífica entre árabes e ju<strong>de</strong>us<br />

e que orquestrou essa estratégia<br />

<strong>de</strong> negar abertamente<br />

aos palestinos seus direitos humanos,<br />

em nome dos direitos humanos<br />

palestinos.<br />

Como está ruim a situação no<br />

Líbano? Eis aqui alguns <strong>de</strong>talhes,<br />

conforme noticiado pelo The Jordan<br />

Times - que não é exatamente<br />

um porta-voz da vasta "conspiração<br />

internacional sionista":<br />

a. De acordo com a lei trabalhista<br />

libanesa, que se aplica aos estrangeiros,<br />

aos palestinos são<br />

negados 74 tipos <strong>de</strong> empregos;<br />

b. os palestinos <strong>de</strong>vem submeter<br />

pedidos <strong>de</strong> entrada e saída;<br />

c. aos palestinos, no Líbano, não<br />

é garantida a cidadania;<br />

d. os palestinos se acham confinados<br />

em 12 campos, sem receber<br />

do governo serviços sociais,<br />

<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e educação, e<br />

são impedidos, em alguns dos<br />

campos, <strong>de</strong> construir ou reparar<br />

suas casas;<br />

Alguns, no Líbano, já reconheceram<br />

a natureza “racista” <strong>de</strong>ssa<br />

campanha - políticas muito piores<br />

do que qualquer coisa que jamais<br />

aconteceu em Israel.<br />

Mais <strong>de</strong> meio milhão <strong>de</strong> sírios<br />

marcharam, em apoio do levante<br />

palestino em Israel, acusando<br />

o Estado Ju<strong>de</strong>u <strong>de</strong> práticas<br />

“nazistas e fascistas”. Tais cidadãos<br />

sírios têm a menor idéia do<br />

tipo <strong>de</strong> opressão que os árabes<br />

palestinos enfrentam na porta<br />

vizinha no Líbano?<br />

Terão eles a menor idéia <strong>de</strong><br />

que seu governo apóia diretamente<br />

tais políticas? Estarão<br />

eles cientes <strong>de</strong> que mais tropas<br />

sírias foram levadas, agora, para<br />

o Líbano, para dar apoio a um<br />

regime que impôs essas medidas<br />

repressivas?<br />

Enquanto Israel está sendo<br />

pressionado para acomodar os<br />

árabes palestinos - especialmente<br />

aqueles que foram vítimas da<br />

guerra <strong>de</strong> 1948 - as nações árabes<br />

somente fizeram explorar a<br />

sua miséria. Essa exploração<br />

continua até os dias <strong>de</strong> hoje. Ela<br />

é aberta. É matéria <strong>de</strong> lei. Mas o<br />

mundo não vê isso.<br />

Cosedi está mais próxima da população nos bairros<br />

Descentralização possibilitará atendimento quase imediato às reclamações das comunida<strong>de</strong>s<br />

A Comissão <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong> Edificações e Imóveis<br />

(Cosedi) está <strong>de</strong>scentralizando os atendimentos,<br />

que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final <strong>de</strong> outubro é feito também nos Núcleos<br />

da Secretaria Municipal do Urbanismo nas oito<br />

Administrações Regionais. “Estamos levando a Cosedi<br />

para mais perto das comunida<strong>de</strong>s e agilizando o<br />

atendimento à população”, afirma o secretário municipal<br />

do Urbanismo, Luiz Fernando Jamur.<br />

Segundo o engenheiro Paulo Almeida, a <strong>de</strong>scentralização<br />

vai possibilitar um atendimento quase imediato<br />

às reclamações, que po<strong>de</strong>m continuar sendo<br />

feitas através do telefone 350-8871, que fica no prédio<br />

central da Secretaria, ou diretamente pelos telefones<br />

das Ruas da Cidadania (veja quadro abaixo).<br />

“Antes <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>scentralização, quando recebíamos<br />

alguma reclamação <strong>de</strong> emergência acionávamos<br />

por rádio ou celular um engenheiro ou arquiteto, que<br />

muitas vezes estava do outro lado da cida<strong>de</strong> naquele<br />

momento, o que atrasava e encarecia o atendimen-<br />

to”, explicou Almeida.<br />

“Agora acionamos a Rua da Cidadania, que também<br />

tem profissionais qualificados e vai prestar um<br />

atendimento quase imediatamente, esclarecendo as<br />

pessoas e tomando as providências necessárias”, disse<br />

o engenheiro.<br />

A <strong>de</strong>scentralização, segundo Almeida, vai facilitar<br />

também a obtenção <strong>de</strong> informações sobre as exigências<br />

feitas pela Cosedi. “Muitas vezes o proprietário<br />

é notificado para <strong>de</strong>molir um muro que ameaça<br />

<strong>de</strong>sabar ou substituir a re<strong>de</strong> elétrica. Antes eles tinham<br />

que vir ao prédio central para obter esclarecimentos,<br />

apresentar documentos ou solicitar novos<br />

prazos, o que agora po<strong>de</strong> ser feito diretamente nas<br />

Ruas da Cidadania”.<br />

“Todos os serviços oferecidos pela Cosedi estão<br />

disponíveis nas Administrações Regionais, inclusive<br />

a aprovação <strong>de</strong> projetos para instalação <strong>de</strong> cercas<br />

elétricas”, afirma Paulo Almeida.<br />

Telefones das<br />

Administrações Regionais<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○<br />

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○<br />

○ ○<br />

○ ○ ○ ○<br />

Matriz 323 4474<br />

Boa Vista 356 2566<br />

Boqueirão 276 6016<br />

Cajuru 366 5074<br />

Pinheirinho 346 1419<br />

Portão 254 1100<br />

Sta. Felicida<strong>de</strong> 297 3259<br />

Bairro Novo 289 4141


“Um marco na história da<br />

nossa comunida<strong>de</strong>”. É assim<br />

que Sérgio Fisbein, presi<strong>de</strong>nte<br />

da Kehilá do Paraná, <strong>de</strong>fine o<br />

evento que acontece no próximo<br />

dia 6 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro (sexta-feira),<br />

data da inauguração <strong>de</strong><br />

mais uma parte das obras<br />

no Centro Israelita do Paraná<br />

(CIP). Para comemorar a<br />

reabertura da “nossa casa”,<br />

como frisa Fisbein, está programada<br />

uma cerimônia oficial<br />

<strong>de</strong> inauguração, com a<br />

presença da comunida<strong>de</strong>,<br />

autorida<strong>de</strong>s e outros convidados.<br />

Graças ao horário <strong>de</strong><br />

verão, a cerimônia vai ocorrer<br />

antes <strong>de</strong> um Kabalat<br />

Shabat comemorativo com<br />

um kidush especial. No dia 7, os<br />

sócios serão convidados a passar<br />

o dia todo no clube, com muitas<br />

atrações, além <strong>de</strong> uma superfesta<br />

para os jovens. Um calendário<br />

repleto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s está<br />

sendo planejado para todo o mês<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, culminando com<br />

uma gran<strong>de</strong> festa <strong>de</strong> reveillon.<br />

Depois <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong><br />

reformas, a se<strong>de</strong> da Kehilá do<br />

Paraná, abrirá suas portas para<br />

os sócios novamente. Até o momento,<br />

apenas a parte esportiva<br />

estava em funcionamento. A<br />

reforma teve início no mês <strong>de</strong><br />

<strong>novembro</strong> <strong>de</strong> 2001 e, <strong>de</strong> acordo<br />

com Gerson Raskin, da Comissão<br />

<strong>de</strong> Obras da Kehilá, segue<br />

o cronograma previsto. As duas<br />

primeiras etapas correspon<strong>de</strong>m<br />

a mais <strong>de</strong> 50% do total a ser executado.<br />

A primeira etapa foi res-<br />

ponsável pela significativa melhora<br />

do ginásio <strong>de</strong> esportes.<br />

Segundo o presi<strong>de</strong>nte da Kehilá<br />

do Paraná, com a quadra oficial,<br />

o piso <strong>de</strong> maior qualida<strong>de</strong>, as<br />

arquibancadas, os vestiários, ventilação<br />

e iluminação especiais, o<br />

novo ginásio po<strong>de</strong> até promover<br />

campeonatos, além <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r<br />

muito melhor às necessida<strong>de</strong>s da<br />

comunida<strong>de</strong>. Assim como as quadras<br />

<strong>de</strong> tênis e <strong>de</strong> grama sintética,<br />

que po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radas entre<br />

as melhores dos clubes <strong>de</strong> Curitiba.<br />

Ainda na primeira fase, o<br />

acesso ao clube foi transferido<br />

<strong>de</strong> uma rua movimentada, como<br />

é a Mateus Leme, para a Rua<br />

Cel. Agostinho <strong>de</strong> Macedo. A<br />

entrada vem sendo utilizada<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do mês <strong>de</strong> abril.<br />

A nova rampa garante a segurança<br />

necessária aos sócios do<br />

CIP, facilitando a entrada dos<br />

veículos e pe<strong>de</strong>stres.<br />

Aproximadamente na meta<strong>de</strong><br />

do primeiro semestre, a construtora<br />

Dória iniciou a execução da<br />

segunda etapa e última prevista<br />

para o ano <strong>de</strong> <strong>2002</strong>, segundo in-<br />

A Marcha – Michael Stivelman – Ed.<br />

Nova Fronteira<br />

Michael Stivelman, em certa altura da vida,<br />

olhando a estrada percorrida, se sentiu obrigado<br />

a dar o testemunho do que viveu e presenciou.<br />

Um testemunho pungente, comum a toda<br />

uma geração <strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us da Europa oriental que<br />

enfrentou o dramático <strong>de</strong>safio do Holocausto.<br />

Discriminados por serem ju<strong>de</strong>us, os Stivelman<br />

viveram seu êxodo particular através das<br />

planícies geladas, sofrendo toda espécie <strong>de</strong> injustiças e<br />

privações. Andando <strong>de</strong> um lado para o outro, ora sob o tacão das botas<br />

nazistas, ora sob a mira das armas dos fascistas romenos, eles não podiam<br />

compreen<strong>de</strong>r o que estava se passando consigo mesmos e com<br />

seus irmãos <strong>de</strong> raça e nacionalida<strong>de</strong>.<br />

Seu livro revela a trajetória típica do homem <strong>de</strong>ste século. Revela<br />

também um momento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za humana que serve <strong>de</strong> advertência e<br />

lição para todos nós.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Kehilá inaugura novo CIP em <strong>de</strong>zembro<br />

Fran Baras<br />

<strong>Visão</strong> indica livro<br />

Edifício principal em abril, durante reforma<br />

formações da Comissão <strong>de</strong><br />

Obras, que estabeleceu a festa<br />

<strong>de</strong> Chanucá como prazo limite.<br />

A inauguração acontece com<br />

essa fase completamente concluída.<br />

Agora, os sócios contam<br />

com a mesma estrutura existente<br />

antes da reforma, mas<br />

com a vantagem <strong>de</strong> estar<br />

renovada e mo<strong>de</strong>rnizada.<br />

O gran<strong>de</strong> prédio do<br />

CIP, que abrigava poucas<br />

<strong>de</strong>pendências, foi totalmente<br />

reformado. Seu<br />

espaço foi racionalmente<br />

aproveitado para oferecer<br />

uma infra-estrutura<br />

completa para todos os<br />

gostos e todas as ida<strong>de</strong>s.<br />

Um restaurante, uma cozinha<br />

casher – além da normal,<br />

bar para a piscina, salas <strong>de</strong> jogos,<br />

<strong>de</strong> estar, <strong>de</strong> reuniões, aca<strong>de</strong>mia,<br />

vestiários, biblioteca e um cyber<br />

café são alguns dos atrativos da<br />

construção. O prédio tem espaço<br />

reservado também para as se<strong>de</strong>s<br />

das entida<strong>de</strong>s, administração da<br />

Kehilá e outras ativida<strong>de</strong>s.<br />

A reformulação das piscinas,<br />

área mais movimentada do clube<br />

durante o verão, está inserida<br />

na fase em conclusão. A piscina<br />

maior foi mudada <strong>de</strong> posição,<br />

para melhor aproveitamento<br />

do sol. Suas dimensões quase<br />

não sofreram alterações,<br />

apenas a profundida<strong>de</strong> foi reduzida.<br />

Os antigos vestiários serão<br />

maiores e mais confortáveis,<br />

com espaço disponível para<br />

uma sauna, que po<strong>de</strong> ser instalada<br />

futuramente.<br />

Fotos: Szyja Lorber<br />

Maquete <strong>de</strong> como ficará o novo CIP quando concluído<br />

Inauguração do ginásio <strong>de</strong> esportes<br />

Em 2003, inicia-se a terceira<br />

e última etapa das reformas. A<br />

estimativa da Comissão é que<br />

tudo esteja pronto em, aproximadamente,<br />

dois anos. On<strong>de</strong> hoje<br />

fica o estacionamento, será construída<br />

a Sinagoga e um Salão <strong>de</strong><br />

Festas. O novo estacionamento,<br />

um prédio-garagem, <strong>de</strong> três andares,<br />

com capacida<strong>de</strong> para,<br />

mais ou menos, 200 veículos,<br />

será construído em um terreno ao<br />

lado do clube.<br />

9


10<br />

A curitibana Anna Fuks<br />

Gente Nossa<br />

Anninha Fuks, a<br />

personagem <strong>de</strong>ste<br />

mês <strong>de</strong> <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>,<br />

é uma renomada odontóloga<br />

e pesquisadora<br />

da área reconhecida<br />

internacionalmente.<br />

Ela é uma das cinco<br />

autorida<strong>de</strong>s mundiais<br />

em matéria <strong>de</strong> tratamento<br />

<strong>de</strong> canais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> leite e materiais<br />

biológicos <strong>de</strong> restauração.<br />

Cerca <strong>de</strong><br />

uma centena <strong>de</strong> artigos<br />

especializados, livros<br />

e prêmios obtidos,<br />

é só parte <strong>de</strong>ste exemplo<br />

<strong>de</strong> mulher que conquistou<br />

com garra, espírito<br />

<strong>de</strong> luta e perseverança<br />

a posição alcançada,<br />

dividindo-se entre o estudo,<br />

o trabalho e os afazeres do<br />

lar. Viajada, ministrou cursos e<br />

palestras em países <strong>de</strong> todos os<br />

continentes. Mas é com orgulho,<br />

fala do tempo em que, em seu<br />

consultório, <strong>de</strong> odontopediatria,<br />

atendia a criançada ostentando o<br />

único título da cida<strong>de</strong> com especialização<br />

no exterior.<br />

Anna Fuks nasceu em Curitiba,<br />

filha <strong>de</strong> pais nascidos na Europa.<br />

Seus pais, Isaac e Esther<br />

Bruck Blin<strong>de</strong>r cercaram seus irmãos,<br />

Clara e Moisés (Dico) z”l, e<br />

a ela <strong>de</strong> todos os cuidados, possibilitando-lhes<br />

que cursassem as<br />

escolas e faculda<strong>de</strong>s em busca <strong>de</strong><br />

uma formação profissional. Anninha,<br />

como é mais conhecida entre<br />

nós, freqüentou a Escola Israelita<br />

Brasileira Salomão Guelmann<br />

e pertenceu a uma das últi-<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Anninha Fuks, a curitibana que é<br />

autorida<strong>de</strong> mundial em odontopediatria<br />

A história <strong>de</strong> um vida <strong>de</strong>dicada à pesquisa, ao ensino e ao sionismo<br />

mas turmas que tiveram o privilégio<br />

<strong>de</strong> estudar com o falecido professor<br />

Baruch Bariach. Com ele<br />

apren<strong>de</strong>u, não só o iídiche, o hebraico<br />

e o respeito às tradições<br />

religiosas judaicas, como também<br />

os valores do povo ju<strong>de</strong>u e os anseios<br />

<strong>de</strong>ste povo <strong>de</strong> retornar ao<br />

seu lar nacional em Eretz Israel.<br />

Mais tar<strong>de</strong>, ela cursou a Escola<br />

Normal e, com o término da<br />

construção do novo Colégio Estadual<br />

do Paraná, para lá se transferiu,<br />

junto com um grupo gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> colegas, on<strong>de</strong> concluiu o ginásio<br />

e o científico. Decidiu então se<br />

tornar <strong>de</strong>ntista e cursou a Faculda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Odontologia da Universida<strong>de</strong><br />

do Paraná. Após a conclusão<br />

do curso, ela tornou-se assistente<br />

voluntária da ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong><br />

Odontopediatria.<br />

Mas foi sem dúvida sua <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>de</strong> ir estudar nos Estados<br />

Unidos que mudou radicalmente<br />

sua vida profissional. Como assistente<br />

na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia<br />

do Paraná, conseguiu uma<br />

bolsa estudos da Capes (Coor<strong>de</strong>nação<br />

<strong>de</strong> Aperfeiçoamento <strong>de</strong><br />

Pessoal <strong>de</strong> Nível Superior), órgão<br />

do Ministério da Educação, para<br />

uma pós-graduação na Universida<strong>de</strong><br />

do Alabama, com o professor<br />

Sidney Finn, autor do livro <strong>de</strong><br />

Odontopediatria mais conhecido<br />

naquela época. O marido não podia<br />

ficar com ela no exterior, e por<br />

isso, foi-lhe permitido fazer simultaneamente<br />

sua pós-graduação e<br />

a residência (2 anos em 1). Foi<br />

algo “bastante extenuante”, para<br />

usar suas própria expressão, pois<br />

era obrigada a dar plantões men-<br />

sais no hospital, junto com os pósgraduados<br />

<strong>de</strong> Medicina, e trabalhar<br />

no laboratório aos sábados e<br />

domingos. Contudo, consi<strong>de</strong>ra<br />

que foi compensador, pois estimulou<br />

sua curiosida<strong>de</strong> a ponto <strong>de</strong>la<br />

passar a gostar da pesquisa, tanto<br />

a clínica como a <strong>de</strong> laboratório.<br />

Foi nessa ocasião que ela conheceu<br />

os colegas da Odontopediatria<br />

da Universida<strong>de</strong> Hebraica<br />

<strong>de</strong> Jerusalém, os quais também<br />

faziam seus mestrados no Alabama.<br />

Segundo ela, foram eles que<br />

mais tar<strong>de</strong> a ajudaram bastante e<br />

são, praticamente, os responsáveis<br />

diretos pela sua <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong><br />

passar a integrar a Universida<strong>de</strong><br />

Hebraica <strong>de</strong> Jerusalém. Ela<br />

própria não acredita que teria<br />

chegado profissionalmente até<br />

on<strong>de</strong> chegou, não fosse a compreensão,<br />

o apoio e a paciência<br />

do seu marido.<br />

De retorno a Curitiba <strong>de</strong>pois<br />

que terminou seu curso <strong>de</strong> pósgraduação,<br />

por pressões do então<br />

candidato à direção do <strong>de</strong>partamento,<br />

não conseguiu retomar sua<br />

minha posição <strong>de</strong> assistente da<br />

ca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Odontopediatria da<br />

UFPR e então montou uma clínica<br />

particular. Nela aten<strong>de</strong>u praticamente<br />

a totalida<strong>de</strong> das crianças<br />

da coletivida<strong>de</strong> israelita e <strong>de</strong><br />

muitos filhos <strong>de</strong> personalida<strong>de</strong>s<br />

importantes na política, no comércio<br />

e da socieda<strong>de</strong> curitibana<br />

em geral. Na época, ela era a<br />

única especialista em Odontopediatria<br />

que existia em Curitiba,<br />

com curso no exterior.<br />

CAMINHO DO SIONISMO<br />

Seu pai, um sionista convicto,<br />

fazia sua hachshará (adaptação)<br />

no Kibutz Klosov, na Polônia, e<br />

acabou vindo para o Brasil, em<br />

Curitiba, por não ter conseguido<br />

visto <strong>de</strong> emigração para Israel. Foi<br />

ele, mais do que ninguém, que a<br />

influenciou, assim como a seus<br />

irmãos no caminho do sionismo.<br />

Todos acabaram se filiando ao<br />

movimento Dror e <strong>de</strong>le absorveram<br />

os i<strong>de</strong>ais e os valores sionistas.<br />

Posteriormente ela participou<br />

<strong>de</strong> vários empreendimentos sociais<br />

e culturais da comunida<strong>de</strong><br />

israelita <strong>de</strong> Curitiba. Pertenceu ao<br />

corpo redacional <strong>de</strong> O Macabeu<br />

e, junto com a Martha Kaplan<br />

(hoje Schulmann) escrevia a Página<br />

Feminina.<br />

O Macabeu contribuiu para o<br />

aprimoramento dos seus valores<br />

culturais, mas acima <strong>de</strong> tudo, <strong>de</strong>staca<br />

ela, propiciou “que tivéssemos<br />

um grupo unido que acabou<br />

condicionando relacionamentos<br />

afetivos, que levaram alguns ao<br />

casamento (casos da Martha com<br />

o Maurício e eu e o Fuks).<br />

Devido ao envolvimento intenso<br />

do Fuks nas ativida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong><br />

israelita <strong>de</strong> Curitiba e no<br />

Centro Israelita do Paraná, Anna<br />

acabou por participar do Departamento<br />

Cultural e, assim contribuiu<br />

na criação e nas ativida<strong>de</strong>s do<br />

Grupo Folclórico, on<strong>de</strong> fez parte<br />

do conjunto musical tocando gaitinha<br />

<strong>de</strong> boca e harmônica, do<br />

Grupo <strong>de</strong> Teatro e também <strong>de</strong><br />

muitas outras realizações culturais<br />

e sociais da comunida<strong>de</strong>. Suas<br />

ativida<strong>de</strong>s sociais culminaram<br />

com a sua posição <strong>de</strong> “Primeira<br />

Dama”, quando o Fuks foi eleito<br />

presi<strong>de</strong>nte do CIP (Centro Israelita<br />

do Paraná).<br />

A formação sionista <strong>de</strong> ambos,<br />

<strong>de</strong> Anna e do marido, acabou por<br />

levá-los a Israel. Nos anos 70, por<br />

ocasião <strong>de</strong> uma visita que fizeram<br />

a Israel, Anna procurou os seus<br />

colegas que conheceu no Alabama<br />

e, eles a convidaram a juntarse<br />

ao <strong>de</strong>partamento em Jerusalém.<br />

O convite era tentador, pois<br />

sempre pensou em <strong>de</strong>dicar parte<br />

do seu tempo ao ensino e à pesquisa.<br />

Assim, aceitou o convite e,<br />

em 1973, passou a integrar o Departamento<br />

<strong>de</strong> Odontopediatria da<br />

Universida<strong>de</strong> Hebraica <strong>de</strong> Jerusalém.<br />

Foi com o auxílio <strong>de</strong>sses seus<br />

colegas israelenses que progrediu<br />

Arquitetura<br />

Patrícia Blin<strong>de</strong>r Teig<br />

Rua Pasteur, 52 - CEP 8025-0080<br />

Fone/Fax 222-4522<br />

Cel. 9103-1846


na carreira acadêmica, observa<br />

ela, <strong>de</strong>stacando ainda que iniciou<br />

como simples professor adjunta e<br />

chegou à condição <strong>de</strong> professora<br />

titular, que vem ocupando até a<br />

presente data.<br />

CARREIRA PROFISSIONAL<br />

Além do magistério, também<br />

se <strong>de</strong>dicou à pesquisa e, <strong>de</strong>vido<br />

a esse fato, tornou-se membro do<br />

Comitê Científico da Associação<br />

Internacional <strong>de</strong> Odontopediatria<br />

(IAPD). Como professora visitante<br />

do Medical Research Institute<br />

da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Witwatersrand<br />

(Wits), Johanesburgo, África do<br />

Sul e das universida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Nova<br />

Jersey, EUA e London, Ontário,<br />

Canadá, <strong>de</strong>senvolveu estudos e<br />

pesquisas no setor <strong>de</strong> Terapia<br />

Pulpar e Materiais Dentários. Ministrou<br />

palestras e cursos no Brasil,<br />

Uruguai, Argentina, México,<br />

Estados Unidos, Canadá, Itália,<br />

França, Grécia, Chipre, Turquia e<br />

África do Sul e tornou-se membro<br />

honorário das Aca<strong>de</strong>mias Mexicana,<br />

Italiana e Brasileira <strong>de</strong> Odontopediatria<br />

e “Fellow” da Aca<strong>de</strong>mia<br />

Americana <strong>de</strong> Odontopediatria.<br />

Foi agraciada com vários prêmios<br />

internacionais <strong>de</strong> pesquisa e<br />

foi incluída como membro do corpo<br />

redacional <strong>de</strong> várias revistas<br />

internacionais <strong>de</strong> odontologia geral<br />

e Odontopediatria. Publicou<br />

perto <strong>de</strong> 100 artigos e 70 separatas<br />

(abstracts) em revistas internacionais<br />

e capítulos publicados<br />

em quatro livros <strong>de</strong> odontologia.<br />

Atualmente continua exercendo<br />

as funções <strong>de</strong> professora do<br />

Departamento <strong>de</strong> Odontopediatria<br />

e encarregada da Pesquisa Clínica<br />

da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia<br />

da Universida<strong>de</strong> Hebraica <strong>de</strong> Jerusalém.<br />

Entre suas várias atribuições,<br />

exerce também a <strong>de</strong> examinadora<br />

na banca do board <strong>de</strong><br />

Odontopediatria <strong>de</strong> Israel.<br />

A partir dos anos 90 acentuou<br />

sua ativida<strong>de</strong> profissional no Brasil<br />

aon<strong>de</strong> vem <strong>de</strong>senvolvendo trabalhos<br />

<strong>de</strong> pesquisa com professores<br />

<strong>de</strong> Odontopediatria <strong>de</strong> várias<br />

faculda<strong>de</strong>s brasileiras. Dentre essas,<br />

<strong>de</strong>staca as faculda<strong>de</strong>s do Rio<br />

Gran<strong>de</strong> do Sul, Brasília, São Paulo<br />

(Capital) e Araraquara.<br />

Além <strong>de</strong> proporcionar tratamento<br />

para várias crianças, tanto<br />

no Brasil como em Israel, contribui<br />

com o setor <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> substitutos para o formocresol,<br />

tornando mais biológico<br />

o tratamento pulpar em <strong>de</strong>ntes<br />

temporários.<br />

Hoje, ela é consi<strong>de</strong>rada uma<br />

das cinco autorida<strong>de</strong>s internacionais<br />

no setor <strong>de</strong> Tratamento <strong>de</strong><br />

Canais em Dentes <strong>de</strong> Leite e Materiais<br />

Biológicos <strong>de</strong> Restaurações<br />

e foi a única não-americana a participar<br />

da Consensus Conference<br />

in Pediatric Restorative Materials,<br />

realizada neste ano no Texas, com<br />

o intuito <strong>de</strong> estabelecer um consenso<br />

no uso <strong>de</strong> materiais em<br />

Odontopediatria.<br />

Anna Fuks não quer parar.<br />

Embora oficialmente aposentada,<br />

preten<strong>de</strong> continuar suas ativida<strong>de</strong>s<br />

profissionais também no futuro,<br />

enquanto tiver condições e julgarem<br />

sua contribuição valiosa,<br />

acrescenta ela. Recentemente<br />

assumiu compromissos para o<br />

resto <strong>de</strong> <strong>2002</strong> e o ano <strong>de</strong> 2003<br />

para ministrar cursos na Austrália,<br />

Tailândia, Suíça, Espanha,<br />

Venezuela, Chile e Estados Unidos.<br />

Mas não é só: a energia e<br />

disposição vai além, pois ela preten<strong>de</strong><br />

participar <strong>de</strong> outros congressos<br />

internacionais.<br />

Embora vivendo distante <strong>de</strong><br />

Curitiba há mais <strong>de</strong> 30 anos, vem<br />

freqüentemente à sua cida<strong>de</strong><br />

para rever a família, os amigos<br />

curitibanos e manter contacto<br />

com a coletivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quem nunca<br />

se <strong>de</strong>sligou.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Foto: Szyja Lorber<br />

Superiora da Irmanda<strong>de</strong> Evangélica<br />

<strong>de</strong> Maria encontra-se com li<strong>de</strong>ranças<br />

Isac Baril, Sami Goldstein, Betty e Simão Blin<strong>de</strong>r, com as irmãs Salomé, Adola e Nechama<br />

Esteve em Curitiba, durante o mês <strong>de</strong> outubro, irmã Salomé, vice-diretora<br />

internacional da Irmanda<strong>de</strong> Evangélica <strong>de</strong> Maria, que é uma das fundadoras da<br />

filial Canaã no Brasil, em 1980, cuja se<strong>de</strong> é em Curitiba. A Irmanda<strong>de</strong> Evangélica<br />

<strong>de</strong> Maria é uma organização mundial e inter<strong>de</strong>nominacional, fundada na<br />

Alemanha em 1947, <strong>de</strong>ntro do contexto da Igreja Evangélica (Luterana).<br />

Da programação da visita <strong>de</strong> irmã Salomé a Curitiba, constou um encontro<br />

com representantes da comunida<strong>de</strong> judaica, entre elas o presi<strong>de</strong>nte da Fe<strong>de</strong>ração<br />

Israelita do Paraná, Simão Blin<strong>de</strong>r e sua esposa, Betty Blin<strong>de</strong>r; o lí<strong>de</strong>r espiritual<br />

da Sinagoga “Francisco Frischmann”, Sami Goldstein; o presi<strong>de</strong>nte da B´nai<br />

B`rith do Paraná, Isac Baril e o editor do jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, Szyja Lorber.<br />

Junto com as irmãs Adola e Nechama, da Irmanda<strong>de</strong> em Curitiba, a irmã<br />

Salomé esteve presente no Cabalat Shabat da Sinagoga “Francisco Frischmann”,<br />

antes <strong>de</strong> retornar para a se<strong>de</strong> mundial na Alemanha. Na sinagoga, ela falou ao<br />

público presente, <strong>de</strong> coração aberto, explicando que a Irmanda<strong>de</strong> surgiu após a<br />

Segunda Guerra Mundial e elas têm um profundo sentimento <strong>de</strong> amor pelo povo<br />

ju<strong>de</strong>u, pelo que sofreu, não somente na época <strong>de</strong> Hitler, mas também durante<br />

séculos <strong>de</strong> anti-semitismo cristão.<br />

A irmanda<strong>de</strong> foi fundada por madre Basilea, que ansiava por reparar os pecados<br />

do passado, cometidos pela Alemanha, <strong>de</strong>ntro do espírito <strong>de</strong> Daniel 9.<br />

Isto levou à abertura <strong>de</strong> uma pequena casa <strong>de</strong> hóspe<strong>de</strong>s, em 1961, em Jerusalém,<br />

para sobreviventes do Holocausto. Depois da Guerra, explicou irmã Salomé,<br />

madre Basilea i<strong>de</strong>ntificou-se com a culpa do seu país, visitando os lugares das<br />

atrocida<strong>de</strong>s nazistas nos países vizinhos, e buscando reconciliação com os tchecos,<br />

poloneses e outros, especialmente, os ju<strong>de</strong>us. Em vários lugares, placas <strong>de</strong><br />

reconciliação têm sido colocadas, expressando tristeza por esses crimes.<br />

Na semana passada, as irmãs Adola e Nechama estiveram na CIP (Congregação<br />

Israelita Paulista) falando para 1.600 pessoas sobre suas ações voltadas<br />

para o arrependimento pelo sofrimento causado ao povo ju<strong>de</strong>u.<br />

11


12<br />

VJ indica filme<br />

Insurreição<br />

Diretor - John Avnet<br />

Elenco: - Leelee<br />

Sobieski, Hank<br />

Azaria, David<br />

Schwimmer, John<br />

Voight, Donald<br />

Sutherland, Cary<br />

Elwes, Stephen<br />

Mayer e Sadie Frost -<br />

Produção – Estados<br />

Unidos – 2001<br />

Em 1943, quando<br />

as forças nazistas<br />

ocuparam a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Varsóvia, na Polônia,<br />

mais <strong>de</strong> 500 mil ju<strong>de</strong>us<br />

foram isolados em<br />

guetos — e, eventualmente,<br />

enviados para<br />

morrer nos campos <strong>de</strong><br />

concentração. Basada<br />

em fatos reais, esta<br />

minissérie relata a<br />

ação corajosa <strong>de</strong> um<br />

grupo <strong>de</strong> jovens<br />

poloneses ju<strong>de</strong>us que<br />

<strong>de</strong>cidiu não se submeter<br />

aos invasores<br />

alemães, enfrentandoos<br />

com táticas <strong>de</strong><br />

guerrilha.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Passatempo Turismo<br />

Aju<strong>de</strong> Rafael chegar até a chanuquiá<br />

TURISMO<br />

Rodovias, caminhos e pontos turísticos <strong>de</strong> Israel<br />

Haifa - Megiddo 35 km<br />

Desta vez, vamos fazer um roteiro diferente,<br />

ao invés <strong>de</strong> pelo caminho localizarmos<br />

os vários pontos turísticos do roteiro,<br />

vamos nos dirigir diretamente a Megiddo,<br />

pois apesar <strong>de</strong> existir diversos pontos interessantes<br />

pelo caminho, consi<strong>de</strong>ramos que<br />

o nosso local <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino é um ponto por <strong>de</strong>mais<br />

importante. A colina <strong>de</strong> Megiddo fica a<br />

um quilometro do entroncamento entre as<br />

rodovias 65 e 66, está localizada a pouca<br />

distância <strong>de</strong> Nazareth, do mar da Galiléia,<br />

das colinas <strong>de</strong> Golan e Cesárea; portanto é<br />

importante tanto hoje como foi no passado.<br />

O local oferece uma boa infra-estrutura,<br />

como costuma acontecer com todos os pontos<br />

turísticos <strong>de</strong> Israel. A colina é um lugar<br />

<strong>de</strong> interesse turístico e científico e por isso<br />

é protegida por cercas altas, portanto existe<br />

horário <strong>de</strong> visitação, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do dia<br />

e da época do ano. Sugerimos que o viajante<br />

se informe antes <strong>de</strong> se dirigir para lá<br />

(o ingresso custa em torno <strong>de</strong> US$ 5,00).<br />

No local existe um museu que conta toda<br />

história do lugar, com documentos, fotos e<br />

maquetes <strong>de</strong> algumas construções que ali<br />

existiram (muito interessante).<br />

Megiddo está localizada <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um Ki-<br />

ROTEIRO 6<br />

Salomão Figlarz é arquiteto<br />

Salomão Figlarz<br />

butz, que oferece ao turista uma infra-estrutura<br />

hoteleira para quem visitar o local.<br />

Queremos <strong>de</strong>ixar claro que é um albergue<br />

simples, com piscina e acesso a 9000 anos<br />

<strong>de</strong> história.<br />

A colina escon<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> antigas<br />

fortalezas, e estando lá em cima enten<strong>de</strong>se<br />

porque tantas civilizações disputaram<br />

este lugar, pois se consegue enxergar livremente<br />

por 360 graus. Diz-se que o local<br />

existe há 9000 anos e as escavações feitas<br />

i<strong>de</strong>ntificam 20 cida<strong>de</strong>s.<br />

Megiddo foi controlada pelos cananeus,<br />

assírios, babilônios, persas e romanos. O<br />

Rei Salomão também construiu uma fortaleza<br />

no local.<br />

Jeroboão, Rei <strong>de</strong> Israel entre 783-743<br />

a.C, construiu um poço enorme para armazenar<br />

grãos durante um cerco prolongado.<br />

Chegando ao alto da colina, e após visitarmos<br />

todas as construções, utiliza-se um<br />

imenso túnel, que sai do alto e nos leva para<br />

fora dos limites da fortaleza. Antigamente<br />

os ocupantes utilizavam-no para buscar<br />

água durante os cercos.<br />

Vale a pena.


Receitas com grife<br />

A transformação das cores e aromas dos alimentos<br />

envolvendo criativida<strong>de</strong>, beleza e <strong>de</strong>dicação no<br />

preparo fazem do cozinhar uma arte, na qual o<br />

artista compartilha do resultado final da sua obra.<br />

Sabine Borowski Sabbag é filha <strong>de</strong> Éster Woller<br />

Borowski z”l e Henrique Borowski z”l, casada com<br />

o paulistano Fernando Sabbag, que também<br />

aprecia uma boa alquimia. Tem três filhos:<br />

Henrique, Caroline e Daniele. É psicóloga e trabalha<br />

na Secretaria Estadual da Criança e Assuntos da<br />

Família. Herdou o dom da cozinha da sua mãe que<br />

muitos lembram com sauda<strong>de</strong>s.<br />

Linguado com uvas<br />

• Filés <strong>de</strong> Linguado<br />

• Uvas Itália <strong>de</strong>scascadas<br />

e sem semente<br />

• Creme <strong>de</strong> leite (uma<br />

colher <strong>de</strong> sopa para 2<br />

filés)<br />

• Manteiga<br />

Frite os filés na manteiga, acrescente o caldo, o creme<br />

<strong>de</strong> leite e as uvas, <strong>de</strong>ixando até aquecer bem.<br />

Sirva com arroz <strong>de</strong> açafrão.<br />

• 4 ovos<br />

• 1 xícara <strong>de</strong> chocolate<br />

em pó<br />

• 2 xícaras <strong>de</strong> açúcar<br />

• 1 xícara <strong>de</strong> farinha <strong>de</strong><br />

trigo<br />

INGREDIENTES:<br />

MODO DE FAZER:<br />

INGREDIENTES:<br />

Bata as claras em neve, vá acrescentando as gemas,<br />

uma a uma, batendo sem parar e acrescente<br />

aos poucos o açúcar. Misture todos os outros<br />

ingredientes, <strong>de</strong>ixando por último a margarina previamente<br />

<strong>de</strong>rretida. Coloque em forma untada e<br />

polvilhada com farinha, asse em forno brando por<br />

mais ou menos10 minutos. Estará no ponto quando<br />

ao se enfiar um palito esse sair molhado. Sirva<br />

com sorvete.<br />

• 1 caixa <strong>de</strong> sucrilhos<br />

• 1 lata <strong>de</strong> leite con<strong>de</strong>nsado<br />

• Sal e pimenta a gosto<br />

• Caldo <strong>de</strong> peixe<br />

Para o preparo do caldo<br />

<strong>de</strong> peixe, ferva durante<br />

15 minutos a cabeça<br />

<strong>de</strong> peixe, água, vinho<br />

branco seco, sal e<br />

bouquet quarni.<br />

Bolo <strong>de</strong> chocolate<br />

cana<strong>de</strong>nse<br />

MODO DE FAZER:<br />

• 200g <strong>de</strong> margarina<br />

• nozes picadas<br />

• ½ cálice <strong>de</strong> rum<br />

• Algumas gotas <strong>de</strong><br />

essência <strong>de</strong> baunilha<br />

Bolachinhas <strong>de</strong><br />

sucrilhos<br />

INGREDIENTES:<br />

MODO DE FAZER:<br />

Misture os ingredientes e coloque em colheradas<br />

para assar em forma bem untada. Retire da forma<br />

após as bolachinhas esfriarem.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

A batida do tambor no sentimento<br />

anti-israelense, virtualmente, vai,<br />

<strong>de</strong> forma constante tornar-se algo<br />

ocasional. Quando três garotos <strong>de</strong><br />

catorze anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> foram mortos<br />

por soldados israelenses, os jornais<br />

europeus enfatizaram a juventu<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>les e a tragédia <strong>de</strong> sua morte, mas<br />

não o fato <strong>de</strong> que eles usaram explosivos<br />

ao redor a cintura e que foram<br />

mortos buscando martírio.<br />

Em resposta à visão unilateral<br />

das Nações Unidas sobre os eventos<br />

do Oriente Médio o embaixador<br />

israelense contestou. Ele era sumariamente<br />

reprovado pelo secretário<br />

geral Kofi Anan com a incrível <strong>de</strong>claração:<br />

“você pensa que tem razão<br />

e o mundo está errado?“<br />

A agora abortada missão <strong>de</strong> ONU<br />

que seria enviada para “<strong>de</strong>scobrir<br />

atrocida<strong>de</strong>s” em Jenin, nem mesmo<br />

tinha se reunido antes do julgamento<br />

po<strong>de</strong>ria ter ouvido as notícias dos cafés<br />

<strong>de</strong> Paris até Harvard Square. Jenin<br />

foi convertida My Lai israelense.<br />

Ainda que o secretário <strong>de</strong> Estado<br />

norte-americano Colin Powell,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> visitar esse acampamento<br />

<strong>de</strong> refugiados, tenha dito, “não há<br />

qualquer evidência <strong>de</strong> massacre”. A<br />

partir <strong>de</strong>sta <strong>de</strong>claração foram encontrados<br />

39 palestinos e 23 israelenses<br />

mortos.<br />

A evidência disponível também<br />

indica que em muitas casas foram<br />

feitas armadilhas explosivas e que<br />

os palestinos estavam armados e<br />

preparados para lutar. Claro que casas<br />

foram <strong>de</strong>struídas; afinal <strong>de</strong> contas<br />

é uma guerra, mas a <strong>de</strong>struição<br />

foi limitada a uma área em Jenin<br />

on<strong>de</strong> os terroristas conhecidos estavam<br />

se escon<strong>de</strong>ndo.<br />

O júri, porém, não esperou por<br />

um veredicto. Israel foi consi<strong>de</strong>rado culpado<br />

no tribunal da opinião mundial.<br />

Neste caso, a evidência é irrelevante.<br />

O mais surpreen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> tudo é<br />

a convicção <strong>de</strong> que Israel não tem<br />

direito <strong>de</strong> golpear a esses que só<br />

querem matar mulheres e crianças.<br />

Têm em conta <strong>de</strong> que o primeiro-ministro<br />

Sharon não fez virtualmente<br />

nada quando foram mortos os adolescentes<br />

em uma boate <strong>de</strong> Tel Aviv<br />

e nem quando foram assassinados<br />

os convidados <strong>de</strong> um Bar Mitzvah ou<br />

ainda quando dúzias <strong>de</strong> pessoas foram<br />

<strong>de</strong>spedaçadas no salão da pizzaria<br />

Sbarro. Na realida<strong>de</strong>, até mesmo<br />

quando foram enviados helicópteros<br />

armados à Margem Oci<strong>de</strong>ntal, foi<br />

anunciado para os lí<strong>de</strong>res palestinos<br />

e advertidos para que <strong>de</strong>ixassem os<br />

locais dos objetivos potenciais do<br />

exército. Consi<strong>de</strong>rando esta restrição<br />

óbvia, é risível pensar em Sharon<br />

como um guerreiro sanguinário. Mas<br />

a batida vai em frente.<br />

De acordo com fontes oficiais<br />

francesas houve mais <strong>de</strong> 300 atos<br />

<strong>de</strong> anti-semitismo naquele país nos<br />

últimos meses variando da profanação<br />

<strong>de</strong> túmulos a pichação em pare<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> sinagogas, a agressões a ju<strong>de</strong>us<br />

vestidos com trajes tradicionais,<br />

e fogo ateado aos templos.<br />

Quando eu indaguei na embaixada<br />

francesa sobre atos contra os muçulmanos<br />

e mesquitas a resposta<br />

era “nenhum do meu conhecimento”.<br />

O francês po<strong>de</strong> criticar os Estados<br />

Unidos pela atenção insuficiente<br />

para o efeito estufa, um tópico próximo<br />

e caro aos lí<strong>de</strong>res franceses,<br />

mas sinagogas queimando não geram<br />

o mesmo nível <strong>de</strong> preocupação.<br />

13<br />

Verda<strong>de</strong> e a posição israelense<br />

Herbert I. London *<br />

Os franceses não estão sós. A<br />

opinião da esquerda nos Estados<br />

Unidos encontrou uma causa nova.<br />

Numa recente reunião acontecida no<br />

Union Square Park manifestantes<br />

pediram a retirada israelense dos<br />

“territórios ocupados” e um aumento<br />

no salário mínimo. Primeiro, claro,<br />

que as palavras “territórios ocupados”<br />

<strong>de</strong>veriam elevar todo o tipo <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>iras<br />

vermelhas, mas o importante<br />

disso é o que, qualquer coisa, como<br />

o salário mínimo tem a ver com a política<br />

israelense? Não somente as<br />

causas têm parceiros <strong>de</strong> cama estranhos;<br />

parceiros <strong>de</strong> cama estranhos<br />

se aliam a causas estranhas.<br />

Deixem-me <strong>de</strong>volver a ácida pergunta<br />

<strong>de</strong> Kofi Anan: Está Israel correto<br />

e o mundo errado? Eu respon<strong>de</strong>ria<br />

inequivocamente sim. Apesar<br />

<strong>de</strong> todas as alegações sobre brutalida<strong>de</strong>,<br />

apesar <strong>de</strong> todas as acusações<br />

não comprovadas <strong>de</strong> falsida<strong>de</strong>,<br />

Israel manteve restrição e a<strong>de</strong>rência<br />

a uma posição <strong>de</strong> guerra justa.<br />

Eu sou simpatizante <strong>de</strong> muitos<br />

palestinos que foram usados como<br />

garantia por lí<strong>de</strong>res árabes e <strong>de</strong><br />

quem o empenho foi ignorado por<br />

esses que po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>veriam ajudar.<br />

Isto é para on<strong>de</strong> o rancor <strong>de</strong>veria ser<br />

dirigido. Ao invés disso, Israel é consi<strong>de</strong>rado<br />

o “bicho-papão” e no processo<br />

morrem pessoas inocentes e<br />

a Força <strong>de</strong> Defesa <strong>de</strong> Israel é obrigada<br />

retaliar.<br />

Po<strong>de</strong> não haver um fim à vista, embora<br />

utópicos esperem soluções fáceis.<br />

E ao menos esses no Oci<strong>de</strong>nte que<br />

sabem a verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>veriam falar. Esse<br />

é o primeiro passo na estrada para estabilida<strong>de</strong>,<br />

assumindo qualquer um a<br />

preocupação com a verda<strong>de</strong>.<br />

* Herbert I. London é presi<strong>de</strong>nte do Hudson Institute e professor <strong>de</strong> Ciências Humanas na Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Nova Iorque. Ele é o autor<br />

<strong>de</strong> Década <strong>de</strong> Negação, recentemente publicado pela Lexington Books. Você po<strong>de</strong> visitar o website <strong>de</strong>le em www.herblondon.org<br />

Unibes faz campanha em Curitiba<br />

para arrecadar doação <strong>de</strong> objetos<br />

A Unibes - União Brasileiro-Israelita do Bem-<br />

Estar Social - é uma instituição filantrópica reconhecida,<br />

que promove atendimento global a crianças<br />

e adultos para melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida,<br />

restituindo valores <strong>de</strong> cidadania para milhares <strong>de</strong><br />

pessoas a cada ano. Surgiu em 1915 com um pequeno<br />

grupo <strong>de</strong> senhoras, que mobilizava esforços<br />

para apoiar imigrantes ju<strong>de</strong>us recém-chegados da<br />

Europa e que vinham se estabelecer em São Paulo.<br />

A situação econômica que o País atravessa fez<br />

com que diminuíssem drasticamente as contribuições<br />

para a Unibes e, ao mesmo tempo, aumentou<br />

o número <strong>de</strong> atendimentos às pessoas carentes.<br />

Atualmente, a entida<strong>de</strong> aten<strong>de</strong> a centenas <strong>de</strong> famílias<br />

cadastradas, <strong>de</strong>senvolvendo ações para reduzir<br />

as condições <strong>de</strong> precarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> indivíduos e<br />

famílias em situação social-problema, ou vítimas <strong>de</strong><br />

disfunções <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> física e mental.<br />

A Unibes tem recebido freqüentemente, através<br />

<strong>de</strong> correio, doações da comunida<strong>de</strong> curitibana para<br />

seu Bazar. Consi<strong>de</strong>rando esta generosida<strong>de</strong> espontânea,<br />

a instituição <strong>de</strong>cidiu fazer uma campanha<br />

no final <strong>de</strong>sse ano, em Curitiba, para arrecadação<br />

<strong>de</strong> doações que serão encaminhadas ao Bazar<br />

Bernardo Goldfarb.<br />

Tudo o que não esteja mais sendo usado po<strong>de</strong><br />

ser objeto <strong>de</strong> doação: roupas, sapatos, bijuterias,<br />

quadros, móveis, eletrodomésticos, objetos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>coração, livros, eletroeletrônicos, CDs, etc.<br />

Novos ou usados.<br />

As doações po<strong>de</strong>m ser entregues na se<strong>de</strong> da<br />

Fe<strong>de</strong>ração Israelita <strong>de</strong> Curitiba, no Centro Israelita<br />

do Paraná, à Rua Coronel Augustinho <strong>de</strong> Macedo,<br />

248 – Bom Retiro, aos cuidados da Sra. Sônia ou<br />

Sra. Fabiane do Eitan. Mais informações através<br />

do telefone (41) 3024 7575.


14<br />

Cheiro <strong>de</strong> guerra no ar<br />

Informações <strong>de</strong> várias fontes e<br />

países dizem que este Ramadã<br />

(mês em que o Islam recebeu o<br />

Corão e do dia do julgamento) começa<br />

com aumento das tensões<br />

entre americanos e sauditas e avisos<br />

<strong>de</strong> que o Al Qaeda prepara<br />

novas surpresas.<br />

Se diz que a Marinha americana<br />

começa a movimentar suas<br />

naves. Não se informa a direção<br />

final. Tem navios <strong>de</strong> carga gigantes<br />

saindo <strong>de</strong> portos dos Estados<br />

Unidos. São dos que levam veículos<br />

pesados. Seriam o “Bob Hope”,<br />

o “Belatrix” e o ”Fisher’ que po<strong>de</strong>m<br />

carregar helicópteros.<br />

A Marinha americana diz que<br />

existem vários outros transportes<br />

ancorados na base <strong>de</strong> Diego Garcia,<br />

no Índico. Grupos <strong>de</strong> naves <strong>de</strong><br />

guerra — USS.Constellation, porta-avião,<br />

já <strong>de</strong>ixou seu ancoradouro<br />

em San Diego, Califórnia,<br />

o USS.Truman, sairá logo. E já<br />

navega o grupo do Kitty Hawk.<br />

Espera-se que se juntem lá para<br />

o fim do mês e estejam prontos<br />

para entrar em ação no começo<br />

<strong>de</strong> janeiro. Os grupos são li<strong>de</strong>rados<br />

por porta-aviões e cada<br />

um é uma armada.<br />

Sauditas criticam duramente os<br />

americanos via seus jornais précensurados.<br />

E Saleh Kamel,<br />

dono do conglomerado Dallah Albarakah<br />

talvez a maior fortuna do<br />

país <strong>de</strong>pois da dos Saud, a família<br />

reinante, avisa que um ataque<br />

a Saddam precipitará reações<br />

antiamericanas por toda a<br />

região. É eufemismo para ações<br />

armadas contra os americanos.<br />

Terroristas ou outras.<br />

Os saudis enfatizam que os<br />

americanos exigem absoluto acatamento<br />

das resoluções das Nações<br />

Unidas pelo Iraque e nada<br />

exigem dos israelenses. Qualificanos<br />

<strong>de</strong> adotar política <strong>de</strong> dois pesos<br />

e duas medidas. Interpreta-se<br />

a ênfase saudita neste ponto, lugar<br />

comum há anos, como meio<br />

<strong>de</strong> explicar que o país não po<strong>de</strong>rá<br />

permitir <strong>de</strong> forma alguma o uso<br />

das bases americanas para a operação<br />

anti-Saddam. São os Estados<br />

Unidos os protetores dos sauditas.<br />

Aparentemente, o receio <strong>de</strong><br />

reações internas das suas maiorias<br />

fundamentalistas é mais forte<br />

do que a perda provisória da ami-<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Nahum Sirotsky*, <strong>de</strong> Israel<br />

za<strong>de</strong> americana. Há rumores da<br />

presença <strong>de</strong> Bin La<strong>de</strong>n em algum<br />

lugar da Arábia Saudita que é<br />

wahabita, seita ultra-fundamentalista.<br />

Os sauditas têm o petróleo.<br />

Mas, nos antigos países soviéticos<br />

cresce a produção e só faltam<br />

meios econômicos <strong>de</strong> lançá-la aos<br />

mercados atuais. Mas há rumor<br />

sobre um acordo russo-israelense<br />

para a recuperação <strong>de</strong> oleoduto<br />

fechado e seu uso. Estou levantando<br />

mais <strong>de</strong>talhes e logo po<strong>de</strong>rei<br />

passá-los. Negócio é negocio,<br />

os inimigos <strong>de</strong> ontem são bons<br />

amigos <strong>de</strong> hoje.<br />

Um novo comando americano<br />

está sendo montado no Sul da África.<br />

Uma base naval está surgindo<br />

em Djbouti. Nas proximida<strong>de</strong>s, há<br />

dias, no Yemen, foram mortos seis<br />

elementos do Al Qaeda por um<br />

clone supostamente da CIA. A região<br />

é <strong>de</strong> influência francesa! Será<br />

que Paris diz uma coisa pela boca<br />

e outra no concreto?<br />

Os serviços secretos alemães<br />

insistem que Bin La<strong>de</strong>n está vivo.<br />

Eles tem indícios <strong>de</strong> que se tentará<br />

um mega-ataque no seu país.<br />

Circulam rumores semelhantes<br />

por todos os cantos do mundo que<br />

importa à força oci<strong>de</strong>ntal. E em Israel.<br />

Um <strong>de</strong>les há <strong>de</strong> ser verda<strong>de</strong>iro.<br />

O Al Qaeda tem suficiente sofisticação<br />

para conhecer as táticas<br />

da guerra da informação: tanto se<br />

espalha rumor falso que cansa os<br />

secretas e é quando vem o ataque.<br />

Há rumores <strong>de</strong> que os israelenses<br />

estão treinando tropas especiais<br />

americanas em guerra urbana,<br />

no que têm experiência. E que<br />

têm comandos seus rodando pelo<br />

Iraque para localizar as baterias <strong>de</strong><br />

mísseis e lançadoras dos aviões<br />

sem piloto para que sejam <strong>de</strong>struídas<br />

no primeiro golpe americano.<br />

Se não acontecer, fariam eles<br />

o trabalho, pois Saddam tem meios<br />

aéreos que chegam até Israel<br />

on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sesperado, ou no primeiro<br />

momento, po<strong>de</strong>ria lançar armas<br />

químicas e biológicas.<br />

Ainda não houve a vacinação<br />

em massa em Israel que seria o<br />

sinal <strong>de</strong> que a guerra se tornou<br />

inevitável e está para chegar.<br />

Uff! A minha tendência é dizer,<br />

como brasileiro, Santa Maria.<br />

Tenho <strong>de</strong> dizer que D-us Aju<strong>de</strong>,<br />

por razões óbvias.<br />

* Nahum Sirotsky é jornalista correspon<strong>de</strong>nte da RBS em Israel e colunista do Último<br />

Segundo/IG. A reprodução <strong>de</strong> sua coluna do IG tem autorização do autor.<br />

Espalhando luz<br />

Os vaga-lumes, passeando ao<br />

anoitecer, receberam instruções da<br />

mãe vaga–lume: ”Tomem cuidado”,<br />

ela disse. Fiquem em fila e ao chegarmos<br />

na floresta escura não <strong>de</strong>ixem<br />

brilhar sua luz. Lá, há pássaros<br />

que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>scer voando e consumir<br />

vocês!<br />

Os vaga-lumes obe<strong>de</strong>ceram, e o<br />

mais novo fechava a fila. Enquanto<br />

assim procediam, repentinamente se<br />

viu uma luz vinda <strong>de</strong> trás. “Parem”,<br />

chamou a mãe vaga–lume. “De quem<br />

é essa luz?”<br />

“Sou eu”, falou o vaga-lume<br />

mais novo.<br />

“Você ouviu o que eu lhe falei”,<br />

disse a mãe vaga-lume. “Por que<br />

não obe<strong>de</strong>ce?”<br />

“Pois é”, disse o pequenino,<br />

“quando não dá mais para segurar,<br />

tenho que brilhar”.<br />

O acendimento das velas em Chanucá<br />

simboliza a expulsão da escuridão<br />

e a difusão da luz. As velas <strong>de</strong><br />

Chanucá simbolizam o cumprimento<br />

das mitsvot (mandamentos Divinos)<br />

através dos quais iluminamos espiritualmente<br />

o nosso mundo. O afastamento<br />

da escuridão se realiza através<br />

da guarda dos preceitos negativos<br />

cuja meta é <strong>de</strong>sviar do mal (não<br />

roubar, não cobiçar, não guardar rancor,<br />

não odiar o próximo, etc.). A difusão<br />

da luz se realiza através do<br />

cumprimento dos preceitos positivos<br />

cuja meta é praticar o bem (honrar pai<br />

e mãe, respeitar os idosos, lembrar o<br />

Shabat, praticar a carida<strong>de</strong>, etc.).<br />

Cada membro do povo ju<strong>de</strong>u tem<br />

a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cumprir as<br />

duas categorias <strong>de</strong> mitsvot: as negativas<br />

e as positivas. No entanto, existem<br />

pessoas que são diligentes em<br />

<strong>de</strong>sviar-se do mal. São especialmente<br />

escrupulosas <strong>de</strong> não infringir qualquer<br />

preceito negativo. Conhecemos,<br />

também, pessoas que se <strong>de</strong>dicam<br />

sempre a praticar o bem, caprichando<br />

no cumprimento dos preceitos positivos<br />

e procurando sempre adicionar<br />

mais uma boa ação no seu dia-a-dia.<br />

No Talmud há uma controvérsia<br />

entre o Beit Shamai e o Beit Hilel a<br />

respeito do procedimento apropriado<br />

no acendimento das velas <strong>de</strong> Chanucá.<br />

O Beit Shamai ensina que <strong>de</strong>vemos<br />

acen<strong>de</strong>r oito velas na primeira<br />

noite e sucessivamente, a cada noite,<br />

diminuir uma luz, terminando a<br />

festa com uma única vela, acesa na<br />

oitava noite. O Beit Hilel ensina que<br />

B"H<br />

Rabino Yossef Dubrawsky *<br />

<strong>de</strong>vemos acen<strong>de</strong>r apenas, uma vela,<br />

na primeira noite e, em seguimento,<br />

acrescentar uma vela a cada noite,<br />

terminando a festa com o brilho das<br />

oito velas. Como é do conhecimento<br />

<strong>de</strong> todos, a lei, na prática, é conforme<br />

a opinião do Beit Hilel.<br />

Beit Shamai enfatizava o serviço<br />

espiritual <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar do mal. Beit Hilel<br />

acentuava o serviço espiritual <strong>de</strong><br />

praticar o bem. A linha <strong>de</strong> pensamento<br />

<strong>de</strong> cada um é refletida na sua orientação<br />

a respeito do acendimento da<br />

Chanuquiá.<br />

No trabalho <strong>de</strong> <strong>de</strong>sviar do mal é<br />

necessário, inicialmente, investir<br />

muita força <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> e muito sacrifício,<br />

pois <strong>de</strong>ve haver uma ruptura<br />

com uma rotina que se tornou<br />

parte da nossa natureza e cotidiano.<br />

Porém, com o passar do tempo,<br />

sentimos que diminui a atração pela<br />

ativida<strong>de</strong> prejudicial e com bem<br />

menos esforço consegue-se abrir<br />

mão e, finalmente, eliminar tal hábito<br />

ou prática. Esta idéia é expressa<br />

pela intensida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> luz<br />

no primeiro dia, sucedida pela sua<br />

diminuição gradativa a cada dia,<br />

conforme ensina o Beit Shamai.<br />

Em comparação, no serviço <strong>de</strong><br />

praticar o bem é possível ingressar<br />

com pouca resolução ou diligência,<br />

fazer uma boa ação a cada vez, e <strong>de</strong>pois<br />

sentir como se aumenta o <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> fazer mais, e uma mitsvá acaba<br />

atraindo outra, na sua seqüência. Por<br />

isso, a opinião do Beit Hilel é começar<br />

com uma vela e terminar com as oito.<br />

Chanucá nos ensina que, na prática,<br />

<strong>de</strong>vemos seguir o caminho <strong>de</strong> fazer<br />

o bem, procurar sempre adicionar<br />

mais uma mitsvá positiva, e assim,<br />

por si só, ficarão anuladas as<br />

coisas in<strong>de</strong>sejáveis. Pois a escuridão,<br />

em verda<strong>de</strong>, é covar<strong>de</strong>; basta acen<strong>de</strong>r<br />

uma luz e ela foge. Cada um <strong>de</strong><br />

nós tem habilida<strong>de</strong> inata e po<strong>de</strong>r para<br />

brilhar e iluminar nosso ambiente, fato<br />

que não <strong>de</strong>ve e não po<strong>de</strong> ser abafado.<br />

Jamais faltará energia espiritual<br />

no mundo, enquanto <strong>de</strong>ixarmos o<br />

nosso brilho interior se manifestar.<br />

Desejo um Feliz Chanucá para<br />

todos nossos leitores. Que possamos<br />

através do nosso serviço espiritual<br />

da difusão da luz e expulsão<br />

da escuridão apressar a revelação<br />

do Mashiach quando assistiremos<br />

ao acendimento da Menorá no nosso<br />

terceiro Templo Sagrado, que<br />

seja muito em breve!<br />

*Yossef Dubrawsky é rabino do Beit Chabad <strong>de</strong> Curitiba


Markin Tu<strong>de</strong>r*<br />

Recebi, há alguns dias, através<br />

do correio eletrônico do movimento<br />

Paz Agora do Brasil, o convite<br />

<strong>de</strong> uma lista <strong>de</strong> organizações<br />

e entida<strong>de</strong>s, para participar <strong>de</strong> um<br />

“Jejum Pela Paz No Oriente Médio”,<br />

que <strong>de</strong>veria ter se realizado<br />

dia 12 <strong>de</strong> outubro, na Praça da Sé.<br />

Em São Paulo. Quem encabeçava<br />

a lista dos organizadores era o<br />

“Grupo Solidário São Domingo”.<br />

No mesmo evento <strong>de</strong>veria ter sido<br />

lida uma mensagem <strong>de</strong> Dom Pedro<br />

Casaldáliga, bispo <strong>de</strong> São<br />

Félix do Araguaia, que a mim pareceu<br />

relativamente equilibrada,<br />

apesar <strong>de</strong> transparecer <strong>de</strong>la também<br />

uma certa ten<strong>de</strong>nciosida<strong>de</strong><br />

pró-palestina. Por exemplo, o senhor<br />

bispo sabe pleitear a retirada<br />

das “tropas <strong>de</strong> ocupação”, mas<br />

não menciona sequer a cessação<br />

dos bárbaros atos <strong>de</strong> terror. Bem,<br />

suponhamos que tenha sido um<br />

lapso, se bem que é difícil aceitar<br />

que se esqueça justamente do<br />

principal problema no conflito palestino-israelense,<br />

ou seja, a atuação<br />

dos grupos terroristas que negam<br />

qualquer tipo <strong>de</strong> entendimento<br />

e, conseqüentemente, da Paz<br />

que os senhores dizem almejar.<br />

O que revolta real e profundamente,<br />

senhor bispo, meus senhores,<br />

são os termos do convite, que<br />

constituem, eles mesmos, um ato<br />

<strong>de</strong> terror e uma afronta à inteligência.<br />

Isso consi<strong>de</strong>rando que o convite<br />

adverte <strong>de</strong> que (cito):<br />

“...a versão que circulou anteriormente<br />

na Internet foi produto<br />

<strong>de</strong> enxertos maliciosos promovidos<br />

por grupos interessados em<br />

manipular o evento, <strong>de</strong>svirtuando<br />

o seu caráter eminentemente<br />

ecumênico e pacifista para uma<br />

linha exatamente contrária, <strong>de</strong><br />

acusações maniqueístas e <strong>de</strong> fomento<br />

<strong>de</strong> ódio”.<br />

Posso até imaginar o teor <strong>de</strong>sta<br />

versão, que não recebi. Mas isto<br />

esclarece o caráter dos grupos e<br />

entida<strong>de</strong>s que se encontram por<br />

<strong>de</strong>trás do mencionado evento.<br />

Pois bem, vejamos o teor do convite.<br />

Cito:<br />

“…A guerra contra o povo palestino,<br />

já dura dois anos, …”<br />

Sabem os senhores quantos<br />

anos dura a luta contra o povo ju<strong>de</strong>u?<br />

Não tenciono me remontar<br />

a épocas que não lhes convém<br />

relembrar, mas só me referir aos<br />

tempos mais recentes e só ao processo<br />

<strong>de</strong> retorno do povo ju<strong>de</strong>u à<br />

Pátria da qual foi expulso. Pois<br />

bem, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros estabelecimentos<br />

<strong>de</strong> ju<strong>de</strong>us na então<br />

chamada Palestina, em terras<br />

compradas a preço <strong>de</strong> ouro <strong>de</strong><br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Despindo cor<strong>de</strong>iros<br />

seus proprietários, em transação<br />

legal, os colonos foram vítimas <strong>de</strong><br />

seguidos e repetidos ataques <strong>de</strong><br />

bandos e quadrilhas terroristas,<br />

que semeavam a morte e o terror.<br />

O pioneiro ju<strong>de</strong>u que veio reconstruir<br />

a sua pátria e fazer com que<br />

o árido <strong>de</strong>serto em que ela se<br />

transformou <strong>de</strong>vido ao abandono<br />

que sofreu <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a expulsão dos<br />

ju<strong>de</strong>us voltasse a jorrar leite e mel,<br />

tinha que empunhar a enxada em<br />

uma mão e o fuzil na outra, para<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a sua vida e a sua obra.<br />

Isto, senhores, é uma história que<br />

se prolonga não dois, mas cem<br />

anos. Com diferenças <strong>de</strong> nuances,<br />

a luta pela preservação <strong>de</strong><br />

nossa vida e <strong>de</strong> nossa obra continua<br />

até hoje. Com a diferença que<br />

hoje temos instrumentos para<br />

isso, coisa que nunca tivemos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a expulsão <strong>de</strong> nossa Pátria,<br />

e o principal <strong>de</strong>les é o nosso Exército<br />

<strong>de</strong> Defesa.<br />

Como esses senhores são dotados<br />

<strong>de</strong> memória curta, quero<br />

lembrá-los do que aconteceu há<br />

dois anos quando começou, segundo<br />

suas palavras, a guerra<br />

contra o povo palestino. E, posso<br />

garantir-lhes que sou fiel à verda<strong>de</strong>.<br />

O primeiro-ministro <strong>de</strong> Israel<br />

ainda não era Ariel Sharon, e sim<br />

Ehud Barak. Sentindo que estava<br />

per<strong>de</strong>ndo a maioria no parlamento,<br />

<strong>de</strong>cidiu cumprir a qualquer custo<br />

a sua promessa <strong>de</strong> chegar a um<br />

acordo <strong>de</strong> paz com Arafat e trazer<br />

esse acordo à aprovação <strong>de</strong> um<br />

plebicito que indubitavelmente lhe<br />

daria a maioria. Com um plano<br />

muito ousado, que com certeza<br />

não obteria a maioria no parlamento,<br />

Barak foi ao encontro <strong>de</strong><br />

Arafat e Clinton em Camp David.<br />

Sua esperança estava na aprovação<br />

do plano, que entregava à<br />

Autorida<strong>de</strong> Palestina 94% dos assim<br />

chamados territórios ocupados,<br />

e mais 3% <strong>de</strong> território em<br />

troca <strong>de</strong> um território <strong>de</strong>nsamente<br />

colonizado por ju<strong>de</strong>us. Dava<br />

também à Autorida<strong>de</strong> Palestina o<br />

controle da parte oriental <strong>de</strong> Jerusalém,<br />

que seria transformada na<br />

capital do futuro Estado Palestino.<br />

E na sua aceitação por plebiscito<br />

em Israel. Arafat negou o plano,<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou a Intifada, optando<br />

pela estratégia da violência para<br />

internacionalizar o conflito, fez<br />

com que o governo trabalhista <strong>de</strong><br />

Ehud Barak caísse e com que Ariel<br />

Sharon fosse eleito por maioria<br />

inédita. O povo achou, e não sem<br />

razão, que essa seria a escolha<br />

certa para fazer frente à <strong>de</strong>claração<br />

<strong>de</strong> guerra feita por Arafat<br />

e os palestinos, e à onda <strong>de</strong> terror<br />

sangrento que a ela se seguiu,<br />

e contra o qual esses se-<br />

nhores não dispensam uma palavra<br />

<strong>de</strong> censura sequer.<br />

Em seguida, o convite diz<br />

(cito):”…<br />

“Vamos homenagear as crianças<br />

palestinas assassinadas pelo<br />

exército <strong>de</strong> Israel e as crianças<br />

israelenses mortas em atentados.”<br />

Crianças palestinas assassinadas<br />

e crianças israelenses mortas.<br />

Eu me envergonho do fato <strong>de</strong> uma<br />

organização dita ecumênica usar<br />

<strong>de</strong> tanta malícia e malda<strong>de</strong> na distorção<br />

dos fatos, criando uma imagem<br />

<strong>de</strong>moníaca falsa e inversa<br />

dos mesmos. Só lhes falta a <strong>de</strong>scrição<br />

<strong>de</strong> soldados israelenses<br />

invadindo as casas <strong>de</strong> famílias<br />

pacatas, arrancando as crianças<br />

dos braços <strong>de</strong> suas mães e as<br />

<strong>de</strong>golando. Ou talvez encostando<br />

uma <strong>de</strong>zena <strong>de</strong>las no paredão e<br />

fuzilando-as a sangue frio. Talvez<br />

essa <strong>de</strong>scrição seja anexada ao<br />

próximo convite para uma prece,<br />

ou qualquer outro evento futuro.<br />

De outra parte, crianças israelenses<br />

foram mortas em atentados.<br />

Talvez por acaso? O que tinham<br />

elas <strong>de</strong> fazer numa discoteca? Ou<br />

talvez o terrorista pensou que lá<br />

fosse uma importante base militar?<br />

A criança <strong>de</strong> cinco anos que<br />

estava dormindo seu sono em sua<br />

cama e foi fuzilada a um metro <strong>de</strong><br />

distância, foi morta, não assassinada.<br />

Talvez o terrorista nem tivesse<br />

intenção <strong>de</strong> matá-la e a<br />

arma disparou por engano. Crianças<br />

que viajam com seus pais, são<br />

atingidas e “mortas” provavelmente<br />

por falta <strong>de</strong> pontaria dos terroristas<br />

franco-atiradores.<br />

Não houve um caso sequer em<br />

que um soldado israelense atirou<br />

<strong>de</strong>liberadamente em uma criança<br />

palestina, senhores ecumenos. A<br />

maioria <strong>de</strong>las morreu ou porque<br />

foram usadas como barreiras à<br />

frente <strong>de</strong> terroristas armados, ou<br />

pelo fato <strong>de</strong>sses mesmos terroristas<br />

se escon<strong>de</strong>rem em zonas <strong>de</strong>nsamente<br />

povoadas, para se protegerem.<br />

Foi nos imposta uma<br />

guerra, e numa guerra morrem<br />

inocentes, inclusive crianças. Jejuem,<br />

rezem por elas se isso lhes<br />

faz bem. Mas não mintam e nem<br />

invertam os papéis, pois isso não<br />

é próprio <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> que se<br />

diz ecumênica.<br />

Quanto às doações, garantolhes<br />

que nem um real será doado<br />

a crianças israelenses, e foi comprovado<br />

por documentos que dos<br />

dinheiros doados aos palestinos,<br />

parte vai para os bolsos <strong>de</strong> corruptos<br />

e parte para armar terroristas<br />

e recompensar suas famílias.<br />

Esta semana vi uma reportagem<br />

sobre os países do sul da África.<br />

Em seis <strong>de</strong>sses países, estão para<br />

morrer <strong>de</strong> fome 14 milhões <strong>de</strong> pessoas,<br />

a maioria <strong>de</strong>las crianças,<br />

<strong>de</strong>vido à seca. Gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>las<br />

são órfãos, pois os pais morreram<br />

<strong>de</strong> AIDS. Existirá causa<br />

mais nobre para vocês <strong>de</strong>stinarem<br />

os seus donativos? Será pelo fato<br />

<strong>de</strong> serem africanos? Não, não é<br />

possível, pois racismo é algo que<br />

está longe <strong>de</strong> vocês.<br />

Minha gente, vamos <strong>de</strong> uma<br />

vez por todas <strong>de</strong>spir esse rebanho<br />

<strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros. Não se espantem <strong>de</strong><br />

encontrar por baixo <strong>de</strong> suas ingênuas<br />

vestes uma matilha <strong>de</strong> lobos,<br />

a<strong>de</strong>ptos e suportadores do Al-Qaeda<br />

e <strong>de</strong> seus afiliados, como<br />

Hezbollah, Jihad Islâmico, Hamas<br />

e outros. Ainda não ouvi o seu grito<br />

<strong>de</strong> protesto contra a barbarida<strong>de</strong><br />

cometida na pacífica Ilha <strong>de</strong><br />

Java, que tirou a vida a 200 inocentes<br />

e feriu mais 300 (talvez a<br />

maioria cristãos) que foram ali<br />

passar suas férias. Quem pensou<br />

que o terror fosse voltado só<br />

contra Israel e Estados Unidos,<br />

que se cui<strong>de</strong>.<br />

Esse é o rebanho <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros<br />

disfarçados, organizadores<br />

do evento:<br />

Grupo Solidário São Domingos,<br />

Grito dos Excluídos Brasil e<br />

Continental, Via Campesina, Movimento<br />

Sem Terra (MST), Movimento<br />

dos Trabalhadores Sem<br />

Teto (MTST), Central Única dos<br />

Trabalhadores (CUT), Sindicato<br />

dos Advogados <strong>de</strong> São Paulo,<br />

Re<strong>de</strong> Social <strong>de</strong> Justiça e Direitos<br />

Humanos, Central <strong>de</strong> Movimentos<br />

Populares (CMP), Instituto<br />

Jerusalém, Serviço Pastoral dos<br />

Migrantes, Centro <strong>de</strong> Educação<br />

Popular do Instituto Se<strong>de</strong>s Sapientiae<br />

(CEPIS), Movimento<br />

Mística e Revolução.<br />

15<br />

* Markin Tu<strong>de</strong>r é<br />

tradutor e resi<strong>de</strong><br />

em Israel


16<br />

* Dore Gold é<br />

porta-voz do<br />

governo Sharon,<br />

presi<strong>de</strong>nte do<br />

Jerusalem Center<br />

for Public Affairs<br />

(Centro <strong>de</strong><br />

Jerusalém para<br />

Negócios<br />

Públicos). Foi<br />

Embaixador <strong>de</strong><br />

Israel junto às<br />

Nações Unidas<br />

(1997-1999).<br />

A “ocupação” como uma<br />

acusação<br />

No coração da luta diplomática<br />

palestina contra Israel está a<br />

repetida afirmação <strong>de</strong> que os palestinos<br />

da Margem Oci<strong>de</strong>ntal e da<br />

Faixa <strong>de</strong> Gaza estão resistindo “à<br />

ocupação”. Falando recentemente<br />

no programa Larry King Weekend,<br />

da CNN, Hanan Ashrawi esperou<br />

que a guerra norte-americana contra<br />

o terrorismo conduzisse a novas<br />

iniciativas diplomáticas novas<br />

para colocar as causas do que<br />

consi<strong>de</strong>ra ser a raiz do problema.<br />

Ela foi especifica em i<strong>de</strong>ntificar a<br />

<strong>de</strong>morada ocupação como um<br />

exemplo <strong>de</strong> uma das origens do<br />

terrorismo.¹ Assim, em outras palavras,<br />

<strong>de</strong> acordo com Ashrawi, a<br />

violência da Intifada emana da<br />

“ocupação” israelense.<br />

Mustafa Barghouti, presi<strong>de</strong>nte<br />

dos Comitês <strong>de</strong> Alívio Médico palestinos<br />

e um convidado freqüente<br />

da CNN também, <strong>de</strong> forma<br />

semelhante afirmou isso: “a raiz do<br />

problema é a ocupação israelense”.²<br />

Escrevendo no Washington<br />

Post no dia 16 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> <strong>2002</strong>,<br />

Marwan Barghouti, cabeça do Fatah<br />

<strong>de</strong> Arafat, a facção da OLP na<br />

Margem Oci<strong>de</strong>ntal, continuou este<br />

tema com um artigo intitulado:<br />

“Quer Segurança? Termine a Ocupação”.<br />

Esta se tornou a linha<br />

mais onipresente <strong>de</strong> argumentos,<br />

hoje, entre os porta-vozes palestinos<br />

que têm que enfrentar o consenso<br />

internacional crescente<br />

contra o terrorismo como um instrumento<br />

político.<br />

Essa linguagem e esta lógica<br />

também penetraram nas lutas diplomáticas<br />

nas Nações Unidas.<br />

Durante agosto <strong>de</strong> 2001, um projeto<br />

<strong>de</strong> resolução foi apresentado<br />

pelos palestinos ao Conselho <strong>de</strong><br />

Segurança da ONU repetindo a<br />

referência palestina comumente<br />

usada para a Margem Oci<strong>de</strong>ntal e<br />

na Faixa <strong>de</strong> Gaza como “territórios<br />

palestinos ocupados”.<br />

Referências à “ocupação estrangeira”<br />

<strong>de</strong> Israel também apareceram<br />

em Durban no projeto da<br />

Declaração da ONU na Conferência<br />

Mundial Contra o Racismo. O<br />

embaixador da Líbia nas Nações<br />

Unidas, em nome da Cúpula política<br />

do Grupo Árabe, reiterou no<br />

dia 1º <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2001, o que<br />

porta-vozes palestinos haviam dito<br />

em re<strong>de</strong> <strong>de</strong> televisão: “O Grupo<br />

Árabe enfatiza sua <strong>de</strong>terminação<br />

em confrontar qualquer tentativa<br />

para classificar a resistência à ocupação<br />

como ato <strong>de</strong> terrorismo.” 3<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Um manual sobre os<br />

Dore Gold *<br />

Territórios “Ocupados” ou “disputados”?<br />

A diferença é enorme. Eis aqui tudo que<br />

você precisa saber.<br />

“Territórios Ocupados”<br />

Três objetivos claros parecem<br />

estar contidos nas repetidas referências<br />

à “ocupação “ ou aos “territórios<br />

palestinos ocupados”. Primeiro,<br />

os porta-vozes palestinos<br />

esperam criar um contexto político<br />

para explicar e até mesmo justificar<br />

a adoção da violência e do<br />

terrorismo palestinos durante a<br />

atual Intifada. Segundo, a <strong>de</strong>manda<br />

palestina contra Israel para o<br />

“fim da ocupação” não <strong>de</strong>ixa nenhum<br />

espaço para o compromisso<br />

<strong>de</strong> acordo territorial na Margem<br />

Oci<strong>de</strong>ntal e na Faixa <strong>de</strong> Gaza,<br />

como sugerido no texto original da<br />

Resolução 242, do Conselho <strong>de</strong><br />

Segurança da ONU (veja abaixo).<br />

Terceiro, o uso da expressão<br />

“territórios palestinos ocupados”<br />

nega qualquer reivindicação israelense<br />

para a terra; se utilizada<br />

uma linguagem mais neutra, como<br />

“territórios disputados”, então os<br />

palestinos e Israel estariam jogando<br />

num campo com direitos iguais.<br />

Adicionalmente, apresentando Israel<br />

como um “ocupante estrangeiro”,<br />

<strong>de</strong>fensores da causa palestina<br />

tornam ilegítima a histórica ligação<br />

judaica com Israel. Este se<br />

tornou o foco dos esforços diplomáticos<br />

palestinos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que fracassaram<br />

os acordos <strong>de</strong> 2000 na<br />

Conferência <strong>de</strong> Camp David, mais<br />

precisamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Conferência<br />

da ONU em Durban, em 2001.<br />

Realmente, em Durban, a campanha<br />

<strong>de</strong> ilegitimação contra Israel<br />

explorou a linguagem “ocupação”<br />

para fazer invocar as recordações<br />

da Europa ocupada pelos nazistas<br />

durante a Segunda Guerra<br />

Mundial e ligá-las às ações israelenses<br />

na Margem Oci<strong>de</strong>ntal e na<br />

Faixa <strong>de</strong> Gaza. 4<br />

A terminologia <strong>de</strong> outros<br />

territórios disputados<br />

O peso político do termo “territórios<br />

ocupados” ou “ocupação”<br />

parece só se aplicar para Israel e<br />

quase nunca é usado quando são<br />

discutidas outras disputas territoriais,<br />

especialmente através <strong>de</strong> terceiras<br />

partes interessadas. Por exemplo, o<br />

Departamento norte-americano <strong>de</strong><br />

Estado refere-se à Cachemira como<br />

“áreas disputadas”. 5<br />

Similarmente em seus Country<br />

Reports on Human Rights Practices<br />

(Relatórios nacionais <strong>de</strong> Práticas<br />

em Direitos Humanos), o<br />

Departamento <strong>de</strong> Estado <strong>de</strong>screve<br />

o território do Azerbaijão reivindicado<br />

como uma república in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

por separatistas armênios<br />

nativos como “a área disputada<br />

<strong>de</strong> Nagorno-Karabakh”. 6<br />

Apesar da recomendação <strong>de</strong><br />

1995, do Tribunal Internacional <strong>de</strong><br />

Justiça que estabeleceu que o<br />

Saara Oci<strong>de</strong>ntal não estava sob a<br />

soberania territorial marroquina,<br />

geralmente não é aceito para <strong>de</strong>screver<br />

incursão militar marroquina<br />

na ex-colônia espanhola como um<br />

ato <strong>de</strong> “ocupação”. Numa <strong>de</strong>cisão<br />

mais recente do Tribunal Internacional<br />

<strong>de</strong> Justiça, em março <strong>de</strong><br />

2001, a ilha <strong>de</strong> Zubarah, no Golfo<br />

Pérsico, reivindicada por Qatar e<br />

Bahrain, foi <strong>de</strong>scrita pelo Tribunal<br />

como “território disputado”, até que<br />

foi finalmente conferida a Qatar. 7<br />

É claro que cada situação tem<br />

sua própria história singular, mas<br />

em uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras disputas<br />

territoriais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Norte <strong>de</strong><br />

Chipre, passando pelas Ilhas Kurilas,<br />

até Abu Musa no Golfo Pérsico<br />

— que envolveram algum<br />

grau <strong>de</strong> conflito armado — o termo<br />

“territórios ocupados” não é<br />

comumente usado em discursos<br />

internacionais. 8<br />

Assim, o caso da Margem Oci<strong>de</strong>ntal<br />

e da Faixa <strong>de</strong> Gaza parece<br />

ser uma exceção especial na história<br />

recente, pois em muitas outras<br />

disputas territoriais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

Segunda Guerra Mundial na qual a<br />

terra em questão esteve sob a soberania<br />

prévia <strong>de</strong> outro Estado, o<br />

termo “território ocupado” não foi<br />

aplicado à área que ficou sob o controle<br />

do exército <strong>de</strong> um lado como<br />

resultado <strong>de</strong> conflito armado.<br />

Soberania sem prévio<br />

reconhecimento nos<br />

Territórios<br />

Israel entrou na Margem Oci<strong>de</strong>ntal<br />

e na Faixa <strong>de</strong> Gaza na<br />

Guerra dos Seis Dias, em 1967.<br />

Peritos legais israelenses resistiram<br />

tradicionalmente aos esforços<br />

para <strong>de</strong>finir a Margem Oci<strong>de</strong>ntal e<br />

a Faixa <strong>de</strong> Gaza como “ocupados”<br />

ou incluindo-os nos tratados internacionais<br />

principais que lidam com<br />

ocupação militar. O ex-juiz-chefe<br />

da Corte Suprema <strong>de</strong> Justiça, Meir<br />

Shamgar escreveu nos anos 70<br />

que não há, <strong>de</strong> jure (<strong>de</strong> direito), nenhuma<br />

aplicabilida<strong>de</strong> da Quarta<br />

Convenção <strong>de</strong> Genebra, <strong>de</strong> 1949,<br />

com relação a territórios ocupados<br />

para o caso da Margem Oci<strong>de</strong>ntal<br />

e da Faixa <strong>de</strong> Gaza visto que a convenção<br />

“está baseada na suposição<br />

que <strong>de</strong> havia um soberano que<br />

foi <strong>de</strong>salojado e que ele tinha uma<br />

soberania legítima”.<br />

Na realida<strong>de</strong>, antes <strong>de</strong> 1967, a<br />

Jordânia tinha ocupado a Margem<br />

Oci<strong>de</strong>ntal e o Egito tinha ocupado<br />

a Faixa <strong>de</strong> Gaza; a presença <strong>de</strong>les<br />

nesses territórios foi resultado<br />

da invasão ilegal em 1948, em<br />

<strong>de</strong>safio ao Conselho <strong>de</strong> Segurança<br />

da ONU. A anexação, em 1950,<br />

da Margem Oci<strong>de</strong>ntal pela Jordânia<br />

só foi reconhecida pela Grã<br />

Bretanha (excluindo a anexação<br />

<strong>de</strong> Jerusalém) e pelo Paquistão, e<br />

rejeitada pela vasta maioria da comunida<strong>de</strong><br />

internacional, incluindo<br />

os estados árabes.<br />

Por insistência da Jordânia, a<br />

Linha <strong>de</strong> Armistício <strong>de</strong> 1949 constituiu<br />

a fronteira israelense-jordaniana<br />

até 1967, não era uma fronteira<br />

internacional reconhecida,<br />

mas só uma linha que separava<br />

exércitos. O Acordo <strong>de</strong> Armistício<br />

especificamente <strong>de</strong>clarava: “nenhuma<br />

provisão <strong>de</strong>ste acordo<br />

prejudicará <strong>de</strong> qualquer forma os<br />

direitos, reivindicações, e posições<br />

<strong>de</strong> qualquer parte na <strong>de</strong>terminação<br />

relativa sobre o assentamento pacífico<br />

na questão palestina, as providências<br />

<strong>de</strong>ste acordo serão ditadas<br />

exclusivamente por consi<strong>de</strong>rações<br />

militares” (ênfase adicionada)<br />

(Artigo II.2).<br />

Como se po<strong>de</strong> notar acima, em<br />

muitos outros casos na história<br />

recente na qual fronteiras internacionais<br />

reconhecidas foram cruzadas<br />

em conflitos armados e território<br />

soberano tomado, a expressão<br />

“ocupação” não era usada —<br />

até mesmo em casos claros <strong>de</strong><br />

agressão. Já no caso da Margem<br />

Oci<strong>de</strong>ntal e da Faixa <strong>de</strong> Gaza on<strong>de</strong><br />

nenhum controle soberano foi internacionalmente<br />

reconhecido,<br />

nem previamente existiu, o estigma<br />

<strong>de</strong> Israel como “ocupante” ganhou<br />

circulação.<br />

Auto<strong>de</strong>fesa versus agressão<br />

Juristas internacionais geralmente<br />

fazem uma distinção entre<br />

situações <strong>de</strong> “conquista agressiva”<br />

e disputas territoriais que surgem<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> uma guerra <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>fesa.<br />

O ex-conselheiro Stephen<br />

Schwebel, do Departamento <strong>de</strong> Estado<br />

que <strong>de</strong>pois encabeçou o Tribunal<br />

Internacional <strong>de</strong> Justiça em<br />

Hague, escreveu em 1970 relativamente<br />

ao caso <strong>de</strong> Israel: “On<strong>de</strong> o<br />

proprietário anterior do território tinha<br />

tomado <strong>de</strong> modo ilegal aquele<br />

território, a <strong>de</strong>claração com a qual<br />

subseqüentemente se toma o território<br />

no exercício legal da auto<strong>de</strong>fesa<br />

contra aquele proprietário anterior,<br />

tem melhor direito”. 9<br />

Aqui a sucessão histórica dos<br />

eventos do dia 5 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1967,<br />

é crítica, apesar <strong>de</strong> Israel só entrar<br />

na Margem Oci<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>pois<br />

que a artilharia jordaniana abriu<br />

fogo repetidas vezes e os movimentos<br />

no solo cruzaram as linhas<br />

prévias do armistício. Os ataques


dos jordanianos começaram às 10 h da manhã;<br />

uma advertência israelense à Jordânia foi passada<br />

pela ONU às 11 da manhã; os ataques jordanianos,<br />

no entanto, persistiram, <strong>de</strong> forma que<br />

a ação do exército israelense só começou às<br />

12h45 da tar<strong>de</strong>. Adicionalmente forças iraquianas<br />

tinham cruzado o território da Jordânia e se<br />

preparavam para entrar na Margem Oci<strong>de</strong>ntal.<br />

Sob tais circunstâncias, as fronteiras temporárias<br />

do armistício <strong>de</strong> 1949 per<strong>de</strong>ram a valida<strong>de</strong> no<br />

momento em que as forças da Jordânia revogaram<br />

o armistício e atacaram. Israel passou a controlar<br />

a Margem Oci<strong>de</strong>ntal como resultado <strong>de</strong> uma<br />

guerra <strong>de</strong>fensiva.<br />

A expressão “ocupação” foi adotada pelos<br />

porta-vozes palestinos para que ofuscasse esta<br />

história. Apontando repetidamente a “ocupação”,<br />

eles conseguem inverter a causalida<strong>de</strong> do conflito,<br />

especialmente na frente <strong>de</strong> audiências oci<strong>de</strong>ntais.<br />

Assim, a disputa territorial atual é supostamente<br />

o resultado <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>cisão israelense<br />

para “ocupar”, em lugar do resultado <strong>de</strong> uma guerra<br />

imposta a Israel por uma coalizão <strong>de</strong> estados<br />

árabes em 1967.<br />

Notas<br />

1. O programa Larry King Weekend (Larry King<br />

fim-<strong>de</strong>-semana), na CNN “America Recovers:<br />

Can the Fight Against Terrorism be Won?<br />

(América se recupera: A luta contra o<br />

terrorismo po<strong>de</strong> ser ganha?), 10 <strong>de</strong><br />

<strong>novembro</strong> <strong>de</strong> 2001” (CNN.com/transcripts).<br />

2. Mustafa Baghouti, “Ocupação é o problema”,<br />

jornal Al-Ahram, Esboço Semanal, 6 <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001.<br />

3. Anne F. Bayefsky, “Terrorismo e Racismo: O<br />

Resultado <strong>de</strong> Durban, pontos <strong>de</strong> vista”,<br />

Jerusalém, 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2001.<br />

4. Veja Bayefsky, Funcionários dos E.U.A. e<br />

europeus po<strong>de</strong>m usar a termo “ocupação”<br />

fora <strong>de</strong> uma preocupação necessariamente<br />

humanitária dos palestinos, sem i<strong>de</strong>ntificar<br />

com o programa <strong>de</strong> trabalho político da OLP<br />

para Durban ou à ONU.<br />

5. Departamento <strong>de</strong> Estado norte-americano,<br />

Folha <strong>de</strong> Informação Consular: Índia (http://<br />

travel.state.gov/india.html) 23 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong><br />

<strong>de</strong> 2001.<br />

6. 1999 Country Reports on Human Rights<br />

Practices (Relatórios nacionais <strong>de</strong> Práticas<br />

em Direitos Humanos <strong>de</strong> 1999): Azerbaijão,<br />

liberado pela Agência <strong>de</strong> Democracia,<br />

Direitos Humanos e Trabalho, Departamento <strong>de</strong><br />

Estado norte-americano, 25 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2000.<br />

7. Caso com respeito à Delimitação Marítima e<br />

Questões Territoriais entre Qatar e Bahrain,<br />

15 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2001. Julgamento <strong>de</strong> Méritos,<br />

Tribunal Internacional <strong>de</strong> Justiça, 16 <strong>de</strong><br />

março <strong>de</strong> 2000, parágrafo 100.<br />

8. O Ministério japonês das Relações<br />

Exteriores não usa a expressão “término da<br />

ocupação russa das Ilhas Kurilas”, mas dá<br />

preferência a “solucionando o assunto do<br />

território do norte”. (http://www.aish.com/<br />

SSI/www.mofa.go.jp/region/europe/russia/<br />

territory). “Notas <strong>de</strong> Fundo” do<br />

Departamento <strong>de</strong> Estado norte-americano<br />

<strong>de</strong>screvem a república turca do Norte do<br />

Chipre como a ”parte do norte da Ilha [que é]<br />

sob uma administração turco-cipriota,<br />

autônoma, apoiada pela presença <strong>de</strong> tropas<br />

turcas” — não sob a ocupação turca.<br />

9. Stephen Schwebel, “Que Peso para<br />

Conquista”, American Journal of<br />

International Law (Jornal americano do<br />

direito internacional, 64 (1970):345-347.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Sete anos <strong>de</strong> regresso<br />

Este mês assinalam-se 7 anos do assassinato do<br />

primeiro-ministro Yitzchak Rabin por um fanático ju<strong>de</strong>u<br />

<strong>de</strong> proveniência religiosa.<br />

Não sei quanto o leitor é capaz <strong>de</strong> assimilar a enormida<strong>de</strong><br />

da tragédia implícita nesta sentença. E apesar<br />

<strong>de</strong> que muito já se disse e muito já se escreveu sobre<br />

isto, a realida<strong>de</strong> atual <strong>de</strong> Israel e do povo ju<strong>de</strong>u impele<br />

a manter o assunto na pauta do discurso coletivo e da<br />

reflexão individual.<br />

Para quem – como o autor <strong>de</strong>stas linhas e para tantos<br />

<strong>de</strong> minha geração – o renascimento nacional judaico<br />

em Israel era a esperança <strong>de</strong> um retorno do povo<br />

ju<strong>de</strong>u a sua vocação universal <strong>de</strong> justiça e tolerância nos<br />

mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma estrutura social e territorial progressista<br />

e aberta, o ato praticado por Ygal Amir <strong>de</strong>ve ser visto<br />

como uma suprema traição:<br />

• Traição ao espírito humanista do verda<strong>de</strong>iro judaismo;<br />

• Traição ao espírito <strong>de</strong> básico consenso que sempre<br />

orientou a socieda<strong>de</strong> israelense quanto às normas<br />

<strong>de</strong> conduta em relação à direção <strong>de</strong> seus organismos<br />

– pelo qual legítimas diferenças <strong>de</strong> opinião <strong>de</strong>vem<br />

ser resolvidas por um <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>mocrático honesto<br />

e quanto mais racional e responsável;<br />

• Traição aos costumes <strong>de</strong> alta moralida<strong>de</strong> que inspiraram<br />

os combatentes da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> Israel durante<br />

todos os anos da luta pela fundação e sobrevivência<br />

do Estado Ju<strong>de</strong>u.<br />

O que é grave porém é que à distância <strong>de</strong> 7 anos,<br />

não só não se ouvem vozes <strong>de</strong> arrependimento e chamados<br />

a um exame <strong>de</strong> consciência por parte da li<strong>de</strong>rança<br />

religiosa promotora da incitação que culminou<br />

no crime do assasínio, como novamente se levantam<br />

vozes <strong>de</strong> chamado à violência, inspiradas na pregação<br />

<strong>de</strong> supostos “rabanim” movidos por falsos impulsos messiânicos<br />

e <strong>de</strong>turpadas interpretações do legado espiritual<br />

do judaismo.<br />

Em flagrante violação dos princípios <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> opinião e <strong>de</strong> acato às <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong>mocráticas, corre<br />

hoje pela midia a exigência por parte <strong>de</strong>sse setor do<br />

público israelense, <strong>de</strong> ”levar a juízo os criminosos <strong>de</strong><br />

Oslo”: não uma discussão (<strong>de</strong> per si legítima) para contestar<br />

uma medida tomada por um governo <strong>de</strong>mocraticamente<br />

eleito e apoiada pela maioria do povo, e sim<br />

uma afirmação a priori <strong>de</strong> que os lí<strong>de</strong>res que cristalizaram<br />

aquele acordo são criminosos que têm que ser trazidos<br />

ao tribunal: sob a autorida<strong>de</strong> não da lei civil que rege<br />

qualquer país civilizado e Israel <strong>de</strong>ntre eles, mas sim <strong>de</strong><br />

uma lei religiosa mal <strong>de</strong>finida, arcaica, arbitrariamente aplicada<br />

por critérios irracionais baseados em postulados discutíveis<br />

e em regras obsoletas, apenas e mal-e-mal sustentáveis<br />

como curiosida<strong>de</strong> histórica ou como um <strong>de</strong>ntre<br />

os muitos fatores <strong>de</strong>terminantes <strong>de</strong> uma cultura.<br />

É igualmente sob o impulso <strong>de</strong> tais falsos lí<strong>de</strong>res<br />

espirituais que incitam jovens a se opor com violência<br />

à evacuação <strong>de</strong> assentamentos <strong>de</strong>claradamente ilegais,<br />

<strong>de</strong>snecessários, e flagrantemente perniciosos à<br />

segurança e ao prestígio do país. Ou a agir com revoltante<br />

brutalida<strong>de</strong> contra camponeses em inocente exercício<br />

<strong>de</strong> sua colheita; contra feirantes e lojistas em inofensivo<br />

comércio <strong>de</strong> sua mercadoria; e com atrevida<br />

ostentação <strong>de</strong> armas que lhes foram cedidas unicamente<br />

para auto-<strong>de</strong>fesa.<br />

Por estes dias noticiou-se a próxima libertação <strong>de</strong><br />

Yona Avrushmi, cuja pena <strong>de</strong> prisão perpétua por assassinato<br />

<strong>de</strong> Emil Grinzweig durante um comício <strong>de</strong><br />

pacifistas foi comutada e reduzida, numa assimétrica<br />

<strong>de</strong>cisão baseada em costume humanitário arraigado na<br />

Justiça israelense e não condizente com a especial gravida<strong>de</strong><br />

do crime político, nem com o veneno da propa-<br />

17<br />

Vittorio Corinaldi *<br />

ganda intolerante que jorra <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas camadas da<br />

marginalida<strong>de</strong> política.<br />

Não será <strong>de</strong> espantar se em futuro não tão distante,<br />

<strong>de</strong>cisão semelhante venha a exonerar Ygal Amir da pena<br />

que cumpre pela morte <strong>de</strong> Rabin: insinuações neste sentido<br />

já vêm se infiltrando, oriundas dos mesmos meios<br />

extremistas <strong>de</strong> roupagem religiosa.<br />

É hora <strong>de</strong> por um fim à ação <strong>de</strong>ste perigoso setor:<br />

trata-se <strong>de</strong> uma minoria militante, que vem impondo sua<br />

presença e sua in<strong>de</strong>sejada visão social e política por<br />

meios que ameaçam a frágil <strong>de</strong>mocracia israelense.<br />

Depois do acordo <strong>de</strong> Oslo, a situação <strong>de</strong> Israel foi<br />

se <strong>de</strong>teriorando progressivamente: muito por culpa da<br />

li<strong>de</strong>rança palestina, que não soube captar o momento<br />

histórico e levou seu povo a mais um capítulo da tragédia<br />

que vem carregando há mais <strong>de</strong> meio século. Mas<br />

também com a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> governos <strong>de</strong> Israel,<br />

que, rejeitando os entendimentos alcançados em Oslo,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> então vêm antepondo consi<strong>de</strong>rações eleitorais e<br />

manobras <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m “i<strong>de</strong>ológica” aos verda<strong>de</strong>iros e profundos<br />

interesses da nação: entre outras coisas, fechando<br />

os olhos às provocações daqueles fanatizados extremistas,<br />

e contrariando o ditado histórico <strong>de</strong> que tinham<br />

sido encarregados.<br />

Mas este problema não é apenas um <strong>de</strong>safio para o<br />

publico e o governo <strong>de</strong> Israel: ele toca também às comunida<strong>de</strong>s<br />

judaicas da Golá, e à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um<br />

reexame do posicionamento frente à sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> nacional<br />

e religiosa.<br />

As coletivida<strong>de</strong>s judaicas do Oci<strong>de</strong>nte têm há anos<br />

estado sujeitas ao conflito da rápida assimilação ao bemestar<br />

consumístico, da diluição <strong>de</strong> seus valores culturais<br />

e espirituais, do dilema da dupla fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong>, da perda <strong>de</strong><br />

uma memória coletiva.<br />

Incapazes <strong>de</strong> encontrar a solução <strong>de</strong>ntre os valores<br />

<strong>de</strong> um pensamento laico mas genuinamente ju<strong>de</strong>u, elas<br />

se voltam com cada vez maior intensida<strong>de</strong> para as<br />

fórmulas entorpecentes do misticismo messiânico,<br />

largamente propagadas por apóstolos <strong>de</strong> uma religião<br />

que lhes oferece respostas fáceis e a ilusão <strong>de</strong>,<br />

com a adoção <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> conduta rigidamente<br />

ortodoxa, estarem se esquivando das nocivas tendências<br />

apontadas.<br />

É preciso que as camadas conscientes da opinião pública<br />

judaica assumam um papel mais ativo neste aspecto,<br />

rejeitando todos os matizes com que esse fundamentalismo<br />

se apresenta.<br />

A vocação humana do judaismo é aberta, tolerante,<br />

renovadora, encorajadora <strong>de</strong> curiosida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> honestida<strong>de</strong><br />

intelectual: características que sempre puseram<br />

nosso povo na vanguarda da criação do espírito e da<br />

mente, nunca na esfera do coercimento <strong>de</strong> idéias e situações<br />

por vias violentas: “Or lagoim” (luz para os povos),<br />

não como a arrogante visão das mo<strong>de</strong>rnas milícias messiânicas,<br />

mas como uma responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consciência<br />

frente às arbitrarieda<strong>de</strong>s do gran<strong>de</strong> mundo.<br />

E o princípio <strong>de</strong> que nada é mais importante e mais<br />

sagrado do que a vida <strong>de</strong>veria nos orientar na procura<br />

dos valores atualizados que – em vez das estéreis regras<br />

<strong>de</strong> comportamento da ortodoxia – nos traga <strong>de</strong> volta<br />

à ética do judaismo, do qual o Sionismo equilibrado continua<br />

sendo o veículo renovador e realizador.<br />

Esta é, parece-me, a essência que po<strong>de</strong> ser extraída<br />

da memória <strong>de</strong> Rabin: ela não <strong>de</strong>ve ficar como um<br />

culto estático, e sim prosseguir para uma aplicação honesta<br />

do processo que – se não cortado por mão assassina<br />

– talvez nos teria hoje <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma esperança<br />

e <strong>de</strong> uma realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> paz.<br />

* Vittorio Corinaldi é arquiteto e mora em Tel Aviv, Israel.


18 <strong>Visão</strong> panorâmica<br />

Só para si<br />

Yossi Groisseoign<br />

O site está lá para quem quiser checar:<br />

http://www.cut.org.br/Palestina.htm É<br />

uma página da Central Única dos Trabalhadores<br />

(Cut) e informa que apóia a luta<br />

pela in<strong>de</strong>pendência da Palestina e que<br />

após receber uma<br />

<strong>de</strong>legação <strong>de</strong>cidiu<br />

em uma reunião<br />

plenária apoiar uma<br />

campanha <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong><br />

ao povo<br />

palestino para arrecadarmedicamentos<br />

e recursos (fase<br />

concluída em 30 <strong>de</strong><br />

junho) e divulgação<br />

do tema “Um povo,<br />

um país”. É interessante<br />

notar que enquanto<br />

a maioria dos israelenses pensa<br />

em “dois povos, dois países” — ou seja<br />

aceitam a criação da Palestina para os<br />

palestinos, estes, e agora também a Cut<br />

aqui no Brasil, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que o território<br />

seja só dos palestinos. Evi<strong>de</strong>ntemente,<br />

no texto só há con<strong>de</strong>nação a Israel pela<br />

“brutalida<strong>de</strong> da ocupação”. Nada contra<br />

o terrorismo palestino contra civis, nem<br />

mesmo uma palavrinha sequer. Quando<br />

o jornalista e escritor israelense Amos Oz,<br />

um dos fundadores do movimento Paz<br />

Agora, esteve no Brasil tempos atrás um<br />

jornalista perguntou-lhe se <strong>de</strong> fato os ju<strong>de</strong>us<br />

não estavam ocupando o território<br />

dos palestinos, Oz respon<strong>de</strong>u dizendo que<br />

os ju<strong>de</strong>us, como qualquer povo, vieram <strong>de</strong><br />

algum lugar, não são extraterrestres... Falta<br />

só os cutistas pensarem nisso.<br />

Irã aceita Israel?<br />

O Irã não se oporá a uma solução <strong>de</strong><br />

dois Estados para o conflito do Oriente<br />

Médio, caso tanto palestinos quanto israelenses<br />

concordarem, teria dito o ministro<br />

do Exterior iraniano, Hamid-Reza Asefi,<br />

em outubro, numa inesperada mo<strong>de</strong>ração<br />

<strong>de</strong> sua antiga oposição ao Estado<br />

Ju<strong>de</strong>u. A informação foi divulgada pelo<br />

Palestine Media Center. A referência não<br />

foi direta a um reconhecimento, mas assim<br />

foi interpretada, a partir das <strong>de</strong>clarações<br />

feitas por intermédio <strong>de</strong> um portavoz:<br />

“Acreditamos num único estado (cobrindo<br />

toda) da (histórica) Palestina, mas<br />

se os palestinos e os israelenses acordarem<br />

sobre outra solução — mesmo que<br />

não seja nossa própria posição - não nos<br />

oporemos a ela”. A <strong>de</strong>claração foi feita à<br />

Agência France Press após a chegada a<br />

Teerã <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>legação da União Européia,<br />

que gestiona para o reconhecimento<br />

<strong>de</strong> Israel como uma condiçãochave<br />

para um acordo comercial planejado.<br />

Esta foi a primeira vez que a posição<br />

é oficialmente endossada e publicamente<br />

pelo governo iraniano, após a<br />

revolução islâmica.<br />

Uma a cada década<br />

O professor <strong>de</strong> História <strong>Judaica</strong> Ely<br />

Ben Gal, da Universida<strong>de</strong> Bar-Ilan, que<br />

esteve no Brasil em setembro para uma<br />

série <strong>de</strong> conferências, inclusive em Curitiba,<br />

na Faculda<strong>de</strong>s Curitiba fez uma cu-<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

riosa observação a respeito do conflito no<br />

Oriente Médio. Ele <strong>de</strong>stacou que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

criação <strong>de</strong> Israel, o país se viu envolvido<br />

em guerras com seus vizinhos árabes,<br />

uma a cada década. Confiram: 1948 –<br />

Guerra da In<strong>de</strong>pendência; 1956 – Guerra<br />

do Sinai (também conhecida como <strong>de</strong><br />

Suez); 1967 – Guerra dos Seis Dias; 1973<br />

– Guerra do Iom Kipur; 1982; Guerra do<br />

Líbano; 1991 – Guerra do Golfo (Israel foi<br />

atacado com mísseis iraquianos, mas não<br />

revidou); e 2000 – Intifada. É preciso frisar,<br />

entretanto, que Israel não provocou<br />

nem iniciou nenhum <strong>de</strong>sse conflitos armados,<br />

que visavam todos eles a <strong>de</strong>struição<br />

do país. Em todos eles, menos na<br />

Guerra do Golfo, cujo embate principal foi<br />

entre os Estados Unidos e o Iraque, Israel<br />

se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u e venceu.<br />

Três fronteiras<br />

Matéria da CNN mostra que o terrorismo<br />

está latente na área das três fronteiras,<br />

Brasil, Argentina e Paraguai. Fontes<br />

disseram que houve uma reunião nas<br />

imediações <strong>de</strong> Ciudad Del Este, entre representantes<br />

do Al-Qaeda, do Hezbollah<br />

e <strong>de</strong> outros grupos simpatizantes <strong>de</strong> Osama<br />

Bin La<strong>de</strong>n para planejar novos atentados<br />

contra os EUA e objetivos israelenses.<br />

A informação coinci<strong>de</strong> com o alerta<br />

sobre ação terrorista <strong>de</strong> duas semanas<br />

atrás, das agências <strong>de</strong> segurança <strong>de</strong> Argentina<br />

emitiram uma advertência <strong>de</strong> que<br />

algo estava ocorrendo, pois um homem<br />

i<strong>de</strong>ntificado como sendo Imad Mugniyeh,<br />

ligado ao Irã e ao Hezbollah, do Líbano<br />

estaria dirigindo ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> terroristas<br />

na América do Sul. Mugniyeh é suspeito<br />

<strong>de</strong> ataques contra os EUA e Israel durante<br />

os últimos 20 anos, inclusive a explosão<br />

do quartel da Marinha norte-americana<br />

em Beirute e o carro-bomba que<br />

<strong>de</strong>struiu a Embaixada israelense <strong>de</strong> Buenos<br />

Aires, Argentina, em 1992.<br />

Três fronteiras II<br />

Advertências sobre ativida<strong>de</strong> terrorista<br />

na região das três fronteiras não são novas.<br />

Em outubro <strong>de</strong> 2001 a polícia paraguaia<br />

tentou capturar Assad Ahmad Barakat <strong>de</strong><br />

quem se dizia ser o elo regional do Hezbollah.<br />

Promotores argentinos acreditam<br />

que ele tenha um papel principal na explosão<br />

da Embaixada <strong>de</strong> Israel Buenos<br />

Aires. Barakat está foragido e po<strong>de</strong> estar<br />

escondido no Brasil ou ter escapado para<br />

o Líbano. Ainda assim, o Ministro da Justiça<br />

brasileiro minimiza a questão e <strong>de</strong>smentiu<br />

que haja qualquer alerta na região<br />

<strong>de</strong> Foz do Iguaçu.<br />

Acordo entre Líbano e Israel<br />

Segundo a agência <strong>de</strong> notícias italiana<br />

Ansa, o primeiro-ministro libanês, Rafic<br />

Hariri, e o secretário americano <strong>de</strong><br />

Estado, Colin Powell, chegaram a um<br />

acordo sobre a repartição das águas do<br />

Rio Wazzani, que percorre o Líbano e Israel,<br />

evitando assim o perigo <strong>de</strong> um novo<br />

conflito regional, informou o diário Ad-<br />

Dyar, <strong>de</strong> Beirute. O Líbano concordou em<br />

manter um sistema <strong>de</strong> medição do nível<br />

do rio, <strong>de</strong>sviado para irrigar al<strong>de</strong>ias libanesas.<br />

O conflito era iminente porque os<br />

libaneses tinham um projeto para <strong>de</strong>sviar<br />

o leito do rio, o que <strong>de</strong>ixaria a região Norte<br />

<strong>de</strong> Israel sem fonte <strong>de</strong> água.<br />

Desmonte <strong>de</strong> colônias<br />

Conta o jornalista Nahum Sirotsky, que<br />

<strong>de</strong> volta a Israel, viu num sábado militantes<br />

da extrema direita, habitantes dos<br />

assentamentos israelenses na Judéia e<br />

na Samária (nomes que dão à Cisjordânia),<br />

resistirem fisicamente a grupamentos<br />

das Forças Armadas no cumprimento<br />

<strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m para <strong>de</strong>smonte <strong>de</strong> colônias<br />

qualificadas <strong>de</strong> ilegais. Resistiam a<br />

jovens <strong>de</strong> uniforme, entre os quais filhos<br />

<strong>de</strong> moradores da região, a serviço da pátria<br />

e da lei. Estes, dos seus amigos e<br />

conhecidos ouviam os piores insultos. A<br />

tropa teve <strong>de</strong> usar a força muscular, seus<br />

conhecimentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa pessoal. E jovens<br />

colonos recorreram a pesadas<br />

pedras. Vários soldados e soldadas foram<br />

feridos, mas o local foi <strong>de</strong>smontado. Retirada<br />

a tropa, voltavam caminhões dos<br />

colonos para reconstruir tudo. O primeiro<br />

ministro Sharon con<strong>de</strong>nou o comportamento<br />

dos colonos enfatizando que a lei<br />

tem <strong>de</strong> ser cumprida e respeitada. Ao<br />

mesmo tempo, <strong>de</strong>clarou que o comando<br />

da tropa não precisaria ter agido com tal<br />

pressa e <strong>de</strong>srespeitado o shabat.<br />

Maior mercado<br />

Em outubro, o website da Casa Branca,<br />

publicou nota informando que tem<br />

observado o <strong>de</strong>senvolvimento da economia<br />

<strong>de</strong> Israel com admiração. Que acredita<br />

na força da economia israelense e<br />

tem confiança em seu potencial. A base<br />

da economia <strong>de</strong> Israel vem da engenhosida<strong>de</strong><br />

e empreen<strong>de</strong>dorismo da sua população.<br />

Na última década, a economia<br />

do país tem tido uma boa performance,<br />

com uma bem sucedida integração <strong>de</strong><br />

imigrantes que aumentou sua população<br />

em mais <strong>de</strong> 20 por cento.Des<strong>de</strong> a implantação<br />

do Acordo <strong>de</strong> Livre Comércio em<br />

1985, Israel tornou-se um dos maiores<br />

<strong>de</strong>stinos dos investimentos americanos<br />

<strong>de</strong> alta tecnologia e o comércio bilateral<br />

<strong>de</strong> produtos com os EUA cresceu para<br />

US$ 19,5 bilhões em 2001, fazendo <strong>de</strong><br />

Israel o 20º maior parceiro comercial do<br />

mundo e o maior mercado para as exportações<br />

americanas no Oriente Médio.<br />

Atentados<br />

Um dia antes da visita do emissário<br />

americano William Burns a Israel, o Jihad<br />

Islâmico tentou novamente eliminar mais<br />

uma tentativa <strong>de</strong> se pavimentar o caminho<br />

para a paz, com o atentado em Karkur,<br />

com mortes, infelizmente. Nessas<br />

tentativas das organizações terroristas <strong>de</strong><br />

impedir a abertura <strong>de</strong> caminho político,<br />

eles voltam a atingir o próprio povo palestino.<br />

Entre 6 e 21 <strong>de</strong> outubro acumularam-se<br />

49 ameaças <strong>de</strong> intenções <strong>de</strong> executar<br />

atentados, boa parte <strong>de</strong>las evitadas<br />

graças à prontidão especial das forças <strong>de</strong><br />

segurança, prisão <strong>de</strong> terroristas e/ou seus<br />

emissários e, em dois outros casos, as<br />

forças <strong>de</strong> segurança mataram os suicidas<br />

que iam efetuar o atentado. As organizações<br />

terroristas aproveitam a boa vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Israel <strong>de</strong> aliviar o sofrimento dos<br />

palestinos ao promover a abertura nos<br />

cercos, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento, e em<br />

passos humanitários <strong>de</strong>stinados a facilitar<br />

a vida diária. Quem critica Israel pela<br />

imposição do toque <strong>de</strong> recolher, cercos e<br />

barreiras nas estradas e etc., <strong>de</strong>ve ter<br />

consciência da íntima relação entre a sua<br />

retirada e a renovada irrupção do terror.<br />

O objetivo é atingir os focos do terror e<br />

não a população palestina que não está<br />

vinculada ao terror.<br />

Lembranças<br />

O Consulado Geral <strong>de</strong> Israel em São<br />

Paulo está divulgando novo site do Yitzhak<br />

Rabin Center for Israel Studies, em<br />

memória dos sete anos <strong>de</strong> seu assassinato.<br />

Nesse en<strong>de</strong>reço eletrônico po<strong>de</strong>rão<br />

ser encontradas informações como sua<br />

biografia, os esforços para paz e o assassinato,<br />

entre outras. O en<strong>de</strong>reço: http://<br />

www.rabincenter.org.il<br />

Também recordou-se na semana passada<br />

outra triste lembrança — a Kristallnacht<br />

— episódio ocorrido ocorrido em 9<br />

<strong>de</strong> <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> 1938, quando os nazistas<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>aram um onda <strong>de</strong> violência<br />

para queimar 1.500 sinagogas da Alemanha,<br />

incinerar livros sagrados e quebrar<br />

as vidraças das casas e das lojas dos<br />

ju<strong>de</strong>us. O pretexto foi o assassinato <strong>de</strong><br />

um diplomata alemão em Paris, Ernst Von<br />

Rath pelo estudante Herschel Grynszpan,<br />

revoltado com o fato <strong>de</strong> que seus pais juntamente<br />

com outros 17 mil ju<strong>de</strong>us haviam<br />

sido expatriados e encontraram-se na<br />

fronteira com a Polônia, morrendo <strong>de</strong><br />

fome e <strong>de</strong> frio. Foi a antevisão do que viria<br />

a ser o Holocausto.<br />

Sharon favorito<br />

As primeiras pesquisas <strong>de</strong> opinião realizadas<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> o primeiro-ministro israelense,<br />

Ariel Sharon, ter convocado<br />

eleições antecipadas na terça-feira da<br />

semana passada indicam que seu partido,<br />

o Likud, ampliará a bancada no Parlamento<br />

(Knesset) e ele venceria seu rival,<br />

Binyamin Bibi Netanyahu, nas primárias<br />

partidárias. Levantamento do Instituto<br />

Dahaf, divulgada pelo jornal Yediot<br />

Ahronot, aponta 44% <strong>de</strong> apoio ao Likud<br />

para Sharon e 38% para Netanyahu. Segundo<br />

a pesquisa, o Likud saltaria <strong>de</strong> 19<br />

para 33 ca<strong>de</strong>iras no Parlamento e o Partido<br />

Trabalhista, que <strong>de</strong>tém a maior bancada<br />

(26) ficaria com 19. A saída dos trabalhistas<br />

do governo, no dia 30, levou Sharon<br />

a antecipar as eleições previstas inicialmente<br />

para até outubro <strong>de</strong> 2003, já que não<br />

conseguiu formar nova coalizão. O Parlamento<br />

aprovou também na semana passada<br />

a nomeação do ex-primeiro-ministro<br />

Netanyahu para o posto <strong>de</strong> chanceler no<br />

período <strong>de</strong> transição até a próxima eleição,<br />

marcada em princípio para 28 <strong>de</strong> janeiro.<br />

França <strong>de</strong>teve atacantes<br />

Agentes da inteligência francesa pren<strong>de</strong>ram<br />

seis pessoas, prováveis responsáveis<br />

por um ataque contra uma sinagoga<br />

<strong>de</strong> Ghriba, na ilha <strong>de</strong> Djerba, na Tunísia,<br />

em 11 <strong>de</strong> abril, que matou 21 pessoas,<br />

das quais, a maioria era <strong>de</strong> turistas alemães.<br />

O atentado havia sido reivindicado<br />

pela Al-Qaeda, em gravação divulgada<br />

pela re<strong>de</strong> <strong>de</strong> TV Al-Jazira, do Catar.<br />

No atentado, outras 20 ficaram feridas.


Motivo <strong>de</strong> orgulho para toda a comunida<strong>de</strong> o<br />

ranking alcançado pela nossa Escola<br />

Israelita Brasileira Salomão Guelmann, na<br />

edição da Veja Curitiba <strong>de</strong> 23 <strong>de</strong> outubro.<br />

De 15 escolas <strong>de</strong> Ensino Fundamental,<br />

classificadas pela revista, entre 53<br />

pesquisadas, a nossa escola se encontra<br />

em 11º lugar, à frente, por exemplo dos<br />

colégios Decisivo e Bom Jesus, entre<br />

outros. Muitas famosas e bem conceituadas<br />

<strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser citadas. Vai por água<br />

abaixo a teoria <strong>de</strong> que a EIBSG não<br />

respon<strong>de</strong> às expectativas dos mais<br />

“mo<strong>de</strong>rninhos”.<br />

Com a presença muitos <strong>de</strong> pais e alunos<br />

foram distribuídos mais <strong>de</strong> 60 prêmios<br />

durante o bingo promovido pela escola no<br />

dia 3 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong>. Os melhores prêmios<br />

foram: Quickditionary para João Grinner, da<br />

2ª série; Enciclopédia Koogan Huaiss para<br />

Brenda Souza Belloulou, do Jardim I;<br />

English Millenium para Thaís Mizrahi<br />

Jacobson, da 2ª série; bicicleta 8<br />

marchas para Léa Barbalat, da 3ª série; e<br />

passagem para Foz do Iguaçu para Noah<br />

Weishof, da 6ª série.<br />

A Escola Israelita Brasileira Salomão<br />

Guelmann está contratando morim para as<br />

matérias <strong>de</strong> Mole<strong>de</strong>t e História <strong>Judaica</strong> para<br />

turmas <strong>de</strong> 4ª à 8ª série. Os interessados<br />

<strong>de</strong>vem encaminhar curriculum resumido<br />

para mantenedora@eibsg.com.br até 15/11.<br />

Somente serão aceitos via email. Não<br />

<strong>de</strong>verá haver contato com a Escola, Os<br />

interessados aguardarão contato via email.<br />

Mais notícias da Escola: durante as<br />

Macabíadas realizadas em outubro, a<br />

equipe <strong>de</strong> Futsal, Categoria B, sagrou-se<br />

campeã, obtendo o 1º lugar. Em partidas<br />

brilhantes venceu as equipes favoritas dos<br />

colégios Liessin (RJ), IL Peretz (SP) e o<br />

CIB (RS). O coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> esportes do<br />

CIP, Gustavo Meier Brasil disse que outras<br />

colocações obtidas foram 5º lugar no Futsal<br />

categoria A e 4º lugar no Handball Feminino<br />

categoria A. Viajaram 45 crianças da escola<br />

no período <strong>de</strong> 11 a 16 <strong>de</strong> outubro e o<br />

<strong>de</strong>staque foi<br />

para o<br />

comportamento<br />

e participação<br />

<strong>de</strong> todos que<br />

respeitaram e<br />

representaram<br />

a escola <strong>de</strong><br />

maneira<br />

exemplar.<br />

Equipe da EIBSG campeã <strong>de</strong> futsal<br />

Ida Axelrud comemorou com seus amigos,<br />

familiares e médicos mais um ano <strong>de</strong> seu<br />

bem sucedido transplante. Que possa<br />

festejar até os 120 anos.<br />

Aconteceu no sábado, dia 26, o Bat Mitzvá<br />

<strong>de</strong> algumas meninas da comunida<strong>de</strong>. A<br />

cerimônia religiosa foi realizada na<br />

Sinagoga Francisco Frischmann e a festa<br />

nos salões do Clube Curitibano. A animação<br />

ultrapassou as 5h da manhã.<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Aniversariaram até o dia 9/11 Davi Krieger,<br />

Rosita Reich, Isidoro Rozemblum, Julio<br />

Krieger, Sulamita Paciornik Macioro, Sérgio<br />

Feldman, Gerson Guelmann, que teve bom<br />

motivo para comemorar, Szyja Ber Lorber<br />

nosso gran<strong>de</strong> companheiro, Rosa Krieger<br />

que recebeu uma linda festa <strong>de</strong> seus filhos,<br />

Martha Schulmann que foi homenageada<br />

por Nani Carvalho e suas amigas com um<br />

belíssimo almoço e Duda Berman. A todos<br />

vocês muita saú<strong>de</strong> e felicida<strong>de</strong>s.<br />

O coral do Instituto <strong>de</strong> Cegos, formado pelos<br />

meninos que vieram <strong>de</strong> Angola e regido pela<br />

maestrina Patrícia Fuchs, participou do<br />

Festival <strong>de</strong> Musica <strong>Judaica</strong> na Hebraica <strong>de</strong><br />

São Paulo e trouxe um prêmio que muito<br />

nos orgulha: o primeiro lugar do certame<br />

musical promovido pelo Clube “A Hebraica”<br />

e o Departamento <strong>de</strong> Educação da Agência<br />

<strong>Judaica</strong> <strong>de</strong><br />

Intercâmbio<br />

Cultural. A<br />

viagem foi<br />

patrocinada<br />

por Miguel<br />

Krigsner. A<br />

canção<br />

“Esperança”,<br />

composta<br />

Wilson Ma<strong>de</strong>ira,o compositor, é o 2º à direita<br />

.<br />

por um dos<br />

integrantes<br />

do grupo, Wilson Antônio Ma<strong>de</strong>ira, <strong>de</strong> 16<br />

anos, agradou a todos. Vão em frente<br />

crianças e mostrem que é possível ser feliz.<br />

Dr. Rodolfo Paciornik recebeu merecida<br />

homenagem, com a sala dos médicos<br />

recebendo seu nome na Santa Casa <strong>de</strong><br />

Misericórdia. Médico e escritor reconhecido<br />

é motivo <strong>de</strong> orgulho para todos nós.<br />

O casal Tânia e Beni Slud rumaram para<br />

Fortaleza on<strong>de</strong> vão gozar <strong>de</strong> merecidas<br />

férias. Divirtam-se e aproveitem.<br />

Para quem gosta <strong>de</strong> comida judaica e<br />

israelense foi inaugurado o Häifa Café.<br />

Agen<strong>de</strong> teu lanche para se <strong>de</strong>liciar com os<br />

falafel, bagels, pretzels, basteles,<br />

sambussak, burekas e muito mais. Anote:<br />

Av. Silva Jardim, 1509.<br />

No dia 26 <strong>de</strong> <strong>novembro</strong>, o Beit Chabad<br />

realizará uma palestra <strong>de</strong> confraternização<br />

com o Rabino Gabriel Aboutbol (que fez o<br />

sucesso dos dois<br />

Seminários do Beit Chabad). Estará<br />

conosco, para conversar sobre “Chanucá<br />

<strong>5763</strong> - O Po<strong>de</strong>r da Luz”. Vamos ter música<br />

e um <strong>de</strong>licioso chá. Agen<strong>de</strong>: dia 26<br />

<strong>de</strong> <strong>novembro</strong>, terça-feira, no Beit<br />

Chabad. A<strong>de</strong>são: R$ 10,00.<br />

A Na´Amat Pioneiras Curitiba realizou no<br />

último domingo 10/11, uma a palestra com o<br />

médico psiquiatra e escritor Gláucio Alves<br />

sobre “Stress na Socieda<strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rna”. Foi<br />

no Hotel Lancaster. E no dia 1º <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro<br />

promove um Tour <strong>de</strong> barco pelas ilhas do litoral<br />

catarinense, em Joinville. Informações e<br />

inscrições pelos telefones 225-7414 e 222-1281.<br />

O Leitor Escreve<br />

19<br />

Cartas para a Redação fone/fax: 3018-8018<br />

e-mail: visaojudaica@visaojudaica.com.br<br />

Ida<strong>de</strong> do Ouro e suas ativida<strong>de</strong>s<br />

Prezados amigos:<br />

A Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro, também conhecida como Terceira Ida<strong>de</strong>,<br />

foi fundada em 10 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 1989, na gestão do presi<strong>de</strong>nte<br />

do Centro Israelita do Paraná, Bernardo Tockus, tendo em vista<br />

que, na época, as pessoas que freqüentavam o clube, na<br />

faixa etária acima dos 60 anos, não tinham ativida<strong>de</strong>s específicas.<br />

Fomos convidados a integrar a referida Terceira Ida<strong>de</strong> como<br />

coor<strong>de</strong>nador pela empatia que havia com os elementos, que,<br />

foi formado, originalmente, com 50 pessoas.<br />

A diretoria foi encabeçada pelo Sr. David José Kupper z”l,<br />

como presi<strong>de</strong>nte e sua senhora, Mira Kupper, na vice-presidência,<br />

ambos competentes e merecedores <strong>de</strong> gratidão pelo<br />

excelente trabalho e apoio. Era conhecida como Terceira Ida<strong>de</strong>.<br />

Entretanto, por idéia <strong>de</strong> Rosalind Tockus e nossa, passou<br />

o grupo a <strong>de</strong>nominar-se “Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro”.<br />

São 13 anos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e encontros, quase todos os domingos.<br />

A programação é intensa, incluindo palestras com profissionais<br />

<strong>de</strong> renome, tanto na coletivida<strong>de</strong> como fora <strong>de</strong>la. Bingos,<br />

filmes, teatros, passeios, etc, completam as ativida<strong>de</strong>s.<br />

Hoje, composta <strong>de</strong> 28 participantes, não há mais uma diretoria<br />

especial, mas a preocupação com essas pessoas da comunida<strong>de</strong><br />

continua a cada semana, com muito respeito e carinho<br />

entre todos os componentes, e como as chamamos carinhosamente<br />

<strong>de</strong> minhas meninas, criou-se uma relação afetuosa<br />

<strong>de</strong> mãe para filho.<br />

Dentre todas as ativida<strong>de</strong>s, a que mais marcou e trouxe<br />

inclusive público com torcida foi o “Show do Milhão”, realizado<br />

no ano passado com festa <strong>de</strong> encerramento no Hotel Tibagi,<br />

com apoio total <strong>de</strong> amigos da coletivida<strong>de</strong> e empresas.<br />

Para o ano <strong>de</strong> 2003, em função das obras na Kehilá,<br />

estamos apresentando filmes e “Quem sabe, sabe”, no estilo<br />

do “Show do Milhão”, quando todos os componentes<br />

participam com perguntas <strong>de</strong> conhecimento sobre a cultura<br />

judaica e cultura geral.<br />

No décimo aniversário houve um almoço nas <strong>de</strong>pendências<br />

do Centro Israelita do Paraná. No período da tar<strong>de</strong> teve<br />

lugar uma festa em homenagem aos pais com entrega <strong>de</strong> brin<strong>de</strong>s,<br />

apresentação do folclore e a Terceira Ida<strong>de</strong> da Prefeitura<br />

<strong>de</strong> Curitiba com a apresentação do “Rancho das Flores”, que<br />

todos os anos faz a abertura do Carnaval Curitibano.<br />

No décimo-primeiro aniversário realizamos um Bingo Beneficente,<br />

com entrega <strong>de</strong> alimentos não perecíveis, <strong>de</strong>stinado<br />

aos idosos e a creche do Lar dos Idosos do Tarumã.<br />

Quem se sentir bem po<strong>de</strong> participar. Não existe limite <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>, embora a mais nova participante possui 53 anos.<br />

Bernardo Taytelbaum<br />

Ida<strong>de</strong> do Ouro<br />

Artigo fantástico<br />

Senhores diretores:<br />

Quem escreveu ou <strong>de</strong> on<strong>de</strong> foram tiradas as frases referente<br />

ao material publicado sobre Shabat na última edição?<br />

Fantástico o artigo. O jornal está realmente ótimo. Espero<br />

que evolua cada vez mais, inclusive no papel. Parabéns ao<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>.<br />

Leopoldo Ehrlich<br />

Simpatia pelo VJ<br />

Prezados editores;<br />

Já me acostumei a receber, a cada mês, meu exemplar do<br />

jornal <strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong>, uma publicação que merece meus elogios.<br />

Fico sempre ansiosa quando vou olhar a caixa do Correio<br />

pois seus artigos e reportagens são primorosos. Cumprimentando-os,<br />

<strong>de</strong>sejo-lhes um Feliz Chanucá.<br />

Tatiana Engelbert, São Paulo


20<br />

Na frente, Clara Josef, e em segundo plano, a partir da esquerda, Adélia Gielkop<br />

Formiga, Laura Gielkop, sara Blin<strong>de</strong>r e Hella Schwartz<br />

<strong>Visão</strong> <strong>Judaica</strong> - <strong>novembro</strong> <strong>de</strong> <strong>2002</strong> <strong>Kislev</strong> / <strong>Tevet</strong> <strong>5763</strong><br />

Em primeiro plano, a partir da direita, Clarita Coifman, Paulina Hirsch e<br />

Raquel Fainer. Ao fundo, Busia Finkel e lea Schmidt<br />

No próximo dia 15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro a “Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro” vai realizar seu<br />

tradicional encerramento <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s do ano. Segundo Bernardo<br />

Taytelbaum, que coor<strong>de</strong>na o grupo, na ocasião serão ofertados<br />

prêmios a todas as integrantes que participaram durante o ano <strong>de</strong><br />

<strong>2002</strong> da promoção do “Quem sabe, sabe; quem não sabe dança”. São<br />

oito as finalistas do ”Quem sabe, sabe”. Durante a entrega dos prêmios<br />

também será feita a brinca<strong>de</strong>ira do “Amigo Secreto”.<br />

A “Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro” completou em agosto <strong>de</strong>ste ano 13 anos <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong>s. Os prêmios especiais para o encerramento das ativida<strong>de</strong>s<br />

foram ofertados por: Casa das Sombrinhas, Mini Preços, Campelle,<br />

Jaboti...Q, Martha Schulman, Cira Wickler, Boutique Bianrose,<br />

Clorophyla e Ironman Sports. Taytelbaum <strong>de</strong>staca ainda que a “Ida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Ouro” possui, além das empresas e pessoas que auxiliam com<br />

prêmios e brin<strong>de</strong>s, amigos e colaboradores como Bernardo Sandler,<br />

Schulamit Paciornik, Isac Baril e Rony Czaczkes.<br />

Os integrantes da “Ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ouro” são Adélia Gielkop Formiga,<br />

Busia Finkel, Clarita Coifman, Clara Josef, Cássia Warszawiak, Ethel<br />

Klein, Felícia Grynbaum, Hella Schwartz, Laura Gielkop, Lea Schmidt,<br />

Luba Herszenhorn, Mira Kupper, Paulina Hirsch, Raquel Fainer,<br />

Sara Blin<strong>de</strong>r, Sara Goldstein, Sara Klaiman, Sara Troib e Zahava<br />

Polikar. Todos os domingos elas se reúnem, num pequeno espaço,<br />

provisoriamente, <strong>de</strong>vido às obras da Kheilá.

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