14.04.2013 Views

educação popular e cerâmica na vila união kathia prujansky ... - UFSC

educação popular e cerâmica na vila união kathia prujansky ... - UFSC

educação popular e cerâmica na vila união kathia prujansky ... - UFSC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

sobre ele desaba o império draconiano dos direitos fundamentais da<br />

sociedade, centrados <strong>na</strong> propriedade privada, cuja contrapartida necessária é<br />

a anulação de suas prerrogativas enquanto morador. Assim, nem nesse<br />

aspecto mínimo o favelado tem aparecido enquanto cidadão urbano,<br />

surgindo aos olhos da sociedade como um usurpador que pode ser destituído<br />

sem possibilidade de defesa, pois contra ele paira o reino da legalidade em<br />

que se assenta o direito de expulsá-lo<br />

De toda forma, a política gover<strong>na</strong>mental que congelou o crescimento<br />

das favelas, procurando impedir o surgimento de novos núcleos e o<br />

adensamento dos já existentes, destruindo muitos aglomerados e permitindo<br />

que o proprietário privado o fizesse impunemente, criou entre os favelados<br />

uma consciência de proibição: é a condição de estar numa situação ilegal de<br />

ser obrigado a abando<strong>na</strong>r a favela de um momento para outro”. 61<br />

Apesar de não viverem numa favela no sentido real, mas sim em um Conjunto<br />

Habitacio<strong>na</strong>l para pessoas de baixa renda, os moradores da Vila União sofrem com o<br />

preconceito e o estigma de serem considerados “favelados” cotidia<strong>na</strong>mente, causando lhes<br />

inúmeros constrangimentos e diminuindo suas oportunidades de emprego e acesso a cidade.<br />

Paulo Lins, autor do livro “Cidade de Deus” chama os conjuntos habitacio<strong>na</strong>is de “neo-<br />

favelas” e critica-os pelo seu papel de segregação das populações de baixa renda.62<br />

Kowarick continua seu a<strong>na</strong>lise dizendo,<br />

“Até mesmo <strong>na</strong>s relações de trabalho o favelado é estigmatizado.<br />

Não raro, as empresas deixam de empregar um indivíduo pelo fato de morar<br />

numa favela, em certos períodos da década de 70 algumas chegavam mesmo<br />

a ostentar placas que evidenciavam semelhante forma de discrimi<strong>na</strong>ção. Nas<br />

residências das classes mais abastadas é comum não aceitar ou até mesmo<br />

despedir uma empregada doméstica quando a patroa descobre a origem<br />

domiciliar daquela que convive nos quartos de fundos das moradias<br />

burguesas.” 63<br />

Por estas razões, muitos dos moradores da Vila União referem-se ao local onde<br />

moram não enquanto Vila União, mas como Vargem ou Cachoeira do Bom Jesus ao<br />

conhecerem alguém no ônibus ou ao solicitar um emprego <strong>na</strong> tentativa de evitar esse tipo<br />

de discrimi<strong>na</strong>ção.<br />

61 KOWARICK, Lúcio. A Espoliação Urba<strong>na</strong>. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979. Pági<strong>na</strong> 91.<br />

62 Entrevista com Paulo Lins no programa “Roda Viva” da TV Cultura, Outubro de 2002.<br />

63 KOWARICK, Lúcio. A Espoliação Urba<strong>na</strong>. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1979. Pági<strong>na</strong> 92.<br />

42

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!