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terragente - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

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■<br />

memória das lutas ———<br />

3-o cerco <strong>de</strong> fogo<br />

- <strong>de</strong>rrota dos contestados<br />

O general Setembrino passou a a<br />

tuar em duas frentes. De um lado procura<br />

va persuadir os revoltosos a abandonarem<br />

as armas, oferecendo-lhes terras <strong>de</strong> que<br />

mais tar<strong>de</strong> teriam títulos^ De outro prepa<br />

rou um plano <strong>de</strong> cerco da área em conflito,<br />

a começar pela vigilância sobre a estrada<br />

<strong>de</strong> ferro, caminhos e estradas, <strong>de</strong> forma a<br />

impedir a entrada <strong>de</strong> mercadorias para os<br />

revoltosos e pela formação <strong>de</strong> quatro po<strong>de</strong><br />

rosas colunas que marcharam sobre a regT<br />

ão sublevada.<br />

Diante do cerco das forças do ge<br />

neral Setembrino, os revoltosos lançaram-<br />

-se num gran<strong>de</strong> plano <strong>de</strong> contra-ataque. Au<br />

mentaram o numero <strong>de</strong> povoados e fazendas<br />

saqueadas- Mas o avanço das forças gover<br />

nistas era implacável. Vilas e cida<strong>de</strong>s fõ<br />

ram sendo reconquistadas e a área sob con<br />

trole dos revoltosos foi diminuindo.<br />

Diante da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> man<br />

ter a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> vários redutos, os Conte,s<br />

tados resolveram transferir toda a popula<br />

ção para o vale do arroio <strong>de</strong> Santa Maria.<br />

Estejiovo reduto situava-se num vale es<br />

tratêgico, no meio <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sfila<strong>de</strong>iro,coin<br />

estreitas gargantas naturais e portanto<br />

era muito bom para um sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa.<br />

Contestado geralmente nos ê apre<br />

sentada como a luta dos "caboclos fanati<br />

zados e enlouquecidos", que queriam res<br />

taurar a Monarquia e que portanto eram T<br />

nimigos da republica.<br />

Mas, as causas <strong>de</strong> um conflito tão<br />

gran<strong>de</strong>, não po<strong>de</strong>m ser encontradas no sim<br />

pies fanatismo religioso ou no monarquis<br />

mo dos caboclos. Os revoltosos queriam una<br />

socieda<strong>de</strong> "on<strong>de</strong> o povinho possa beber â<br />

gua limpa e <strong>de</strong>ixar que todos também be<br />

bessem", mas sabiam eles que "a maior par<br />

te dos senhores continua a sujar a água<br />

que todos tem que beber", nas palavras <strong>de</strong><br />

seu i<strong>de</strong>ólogo, o monge José Maria.<br />

O Monarquismo so po<strong>de</strong> ser compre<br />

endido como uma contraposição ao regime fê<br />

gime republicano que era o responsável pe<br />

Ia perda <strong>de</strong> terras e a piora das condi<br />

ções <strong>de</strong> vida dos "caboclos". Era uma espe<br />

cie <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> volta ao passado,on<strong>de</strong><br />

nao havia estrangeiros e coronéis a lhes<br />

<strong>terragente</strong> 44<br />

conclusão<br />

Enquanto isto, os combates conti<br />

nuavam. Os Contestados, utilizando-se dos<br />

conhecimentos do relevo e das <strong>de</strong>fesas na<br />

turais da região, conseguiam conter o a<br />

vanço das forças do exercito. Mas tinham<br />

um inimigo que a cada avanço das forças<br />

govemistas tomava-se mais <strong>de</strong>vastador: A<br />

FOME. A fome que aos poucos matava cente<br />

nas e centenas <strong>de</strong> pessoas e que também cau<br />

sava <strong>de</strong>sentendimentos entre a população<br />

do reduto do Santa Maria. Parte queria a<br />

rendição, parte não aceitava. Registraram<br />

-se inúmeros inci<strong>de</strong>ntes entre os próprios<br />

revoltosos que quebraram sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

resistência e o próprio sistema <strong>de</strong>mocrãti<br />

co <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r existente. Por isto aos pou<br />

cos foi-se consolidando o po<strong>de</strong>r absoluto<br />

<strong>de</strong> um único indivíduo sobre todos os par<br />

ticipantes do movimento. Foi a Ditaduradõ<br />

chefe A<strong>de</strong>odato.<br />

Em abril <strong>de</strong> 1915, o reduto <strong>de</strong><br />

Santa Maria era conquistado pelas forças<br />

govemistas que o reduziram a cinzas para<br />

que <strong>de</strong>le não sobrassem referências aos re<br />

voltosos. Parte dos revoltosos conseguiu<br />

fugir. Fundaram a cida<strong>de</strong> Santa <strong>de</strong> São Pe<br />

dro, <strong>de</strong>struída ao final do ano <strong>de</strong> 1915.<br />

Com isto, estava terminado o movimento do<br />

Contestado.<br />

tomarem as terras. Por que, a luta pela<br />

terra era a verda<strong>de</strong>ira origem do conflito,<br />

como po<strong>de</strong> ser visto numa.frase encontrada<br />

no bolso <strong>de</strong> um "caboclo" morto em combate:<br />

"Nois não tem direito <strong>de</strong> terra. Tudo é<br />

pras gente da Europa".<br />

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA<br />

TOTA, Antônio Pedro - Contestado: A<br />

ra do novo mundo. Ed. Brasiliense.<br />

çao "Tudo e História", n? 70, 1983,<br />

Paulo.<br />

guer<br />

Lole<br />

Sao<br />

DERENGOSKI, Paulo - A Saga do Contestado.<br />

Correio do Povo "Ca<strong>de</strong>rno <strong>de</strong> Sábado", 1980<br />

Porto Alegre.<br />

QUEIROZ, Maurício Vinhas <strong>de</strong> - Messianismo<br />

e conflito social - A Guerra Sertaneja do<br />

Contestado. Ed. Civilização Brasileira,<br />

1966, Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

í

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