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IMMAGULADA.<br />
A'manhã vae ser inaugurada com<br />
a solemnidade religiosa correspondente,<br />
a estatua da Immaculada Conceição,<br />
no pateo ajardinado do con-<br />
vento de Santa Clara.<br />
A'manhã vae ficar fronteiro á cidade,<br />
visivelmente, um padrão reaccionário,<br />
como que soltando um brado<br />
ironico de desafio a todos nós.<br />
De todas as vezes que os nossos<br />
olhos se erguerem de cá, indifferentes<br />
ou descuidados, para o enorme<br />
casarão do convento, o brilho branco<br />
• da pedra da estatua ferir-nos-ha,<br />
sempre, mais branco —oh! incomparavelmente<br />
mais branco! —que a<br />
consciência de quem al'i fez elevar<br />
aquelle attestado da reacção.<br />
A estatua — coitada da estatua,<br />
banal e fria! — passará a ser para<br />
nós, ou antes deverá ser um aviso,<br />
um constante relembrar que elles<br />
vão cada vez mais sahindo do escuro<br />
dos segredos e dos mysterios e<br />
ousam vir á luz do sol, no meio da<br />
paysagem explendida da nossa terra,<br />
deixar um marco milliario da sua<br />
força e da sua audacia.<br />
Levantaram a estatua á Immaculada<br />
Conceição 1 Conseguiram afrontar<br />
Coimbra com a ameaça quasi<br />
irónica mas subtilmente forte d'aquelle<br />
monumento I...<br />
Regosijam os coios! rejubila o<br />
beaterio! cahem aboborados em goso...<br />
divino os irmãos de S. Vicente<br />
de Paula e Santa Theresa!...<br />
Mas (o que é a consciência!) a<br />
estatua em vez de estar voltada á<br />
cidade, desafiando resignada e evangelicamente<br />
a face serena da casaria<br />
branca, está voltada á direita, mais<br />
ou menos na direcção do Seminário,<br />
como que receando alguma cousa..;<br />
O quê?... Porque a não voltaram<br />
para cá? porque a não collocaram<br />
bem á frente de nós todos ?<br />
Será porque receie o pouco commodo<br />
tête-á-tête com o ainda hypothetico<br />
Joaquim Antonio dÃgtiiar?<br />
Será porque receie a vista de tão<br />
fundo pôço de immoralidade e modernismo<br />
como é a cidade? Será<br />
porque não goste dos senhores lentes?...<br />
Quem saberá a razão!...<br />
O que se vê é que a estatua está<br />
voltada para aquelle armazém de<br />
virtude e de saber — o Seminário.<br />
Como se hão de alegrar os reverendos<br />
todos, quando das suas janellas,<br />
ao olhar nostalgicamente os<br />
campos verdes onde ha vida, e o espaço<br />
azul onde ha liberdade, encontrarem<br />
risonha, branca, alegremente<br />
serena, a Immaculada de pedra fria<br />
que alguém alli lhes poz para exemplo,<br />
para estimulo e para recr eio do<br />
espirito devoto!<br />
Vê-se que alli andou mão de mestre<br />
e de bom mestre.<br />
Coimbra não merecia as honras<br />
de um olhar —embora o olhar vazio<br />
da estatua. O bom Joaquim Antonio<br />
dAguiar era muito rude para<br />
tão subtil e delicada companhia. E<br />
os senhores lentes, pezar de tudo o<br />
que se sabe, andam um pouco em<br />
peccado...<br />
Não ha duvida: só para a direita.<br />
Para a esquerda, não, que dava para<br />
o Choupal; logo... para alli, para<br />
os reverendos do Seminário, .<br />
Os felizões 1..,<br />
Carta de João Semana<br />
Presado Amigo. — Eu fui lá nunca<br />
porventura homenr para voltar a<br />
cara ás questões interessantes, ou<br />
de deixar sem resposta um crítico,<br />
embora benevolo?<br />
Mas não vá por um momento, sequer,<br />
pensar que fiquei maguado pelas<br />
considerações, aliás muito cortezes,<br />
e até fidalgas que se dignou<br />
fazer-me o sr. Floro Henriques, que<br />
sempre leio e digiro.<br />
Maguar-me é que não, mesmo<br />
porque o vejo discutindo princípios<br />
e deixar as pessoas — saboreia os<br />
fructos e despeja a casca; aprecia<br />
em mais o grão que a palha.<br />
Eu tenciono depois fazer a apresentação<br />
da minha Escola; da escola<br />
moderna, positiva, verdadeira, e<br />
também iconoclasta.<br />
De uma vez Bernardino Machado,<br />
esse Homem, disse numa oração de<br />
sapientia, que eu lhe escutei e que<br />
ftu Ji, pouco mais ou mm$, isto ~ A<br />
tt£§I&^l£jg€iA~$uIiita.feÍr0, O de julho de 10O8<br />
virtude aprende-se como se estuda<br />
o oxygeneo; preparando-o.<br />
Não ha, para nós de hoje, virtude<br />
sem conhecimentos, sem o saber.<br />
A Virtude é a primeira derivada da<br />
Sciencia em ordem ao progresso humano,<br />
como d'ella diria um profes<br />
sor de psychologia experimental, se<br />
a enquadrasse na mechanica dos microcosmos.<br />
Sem quasi o querer, Bernardino<br />
Machado deu para mim uma delimitação<br />
do objecto — Escola; e esta é a<br />
Pedagogia que, por sua vez, é uma<br />
sciencia experimental e de observação<br />
A escola é o professor, vale o que<br />
elle é, nunca pelo armazém de conhecimentos<br />
que elle seja, sempre<br />
pela orientação do seu psyche.<br />
A respeito, porém, de escola, o<br />
vulgar entende também o edifício, e<br />
nada da alma que lá está dentro.<br />
E' que o vulgar come a pelle e despeja<br />
o fructo.<br />
Tinham neste ponto razão os peripatheticos<br />
— a casa de escola é o<br />
mundo banhado de luz sideral. E<br />
quer casa mais hygienica? Por certo<br />
que a não ha.<br />
Olhe, meu amigo, o Adães Bermudes<br />
teve razão em fazer gaiolas<br />
para grillos.<br />
Em Portugal podemo-nos escusar<br />
do luxo de ter edifícios escolares<br />
com todos os requesitos da Hygiene<br />
encarcerada.<br />
Era economia por umas poucas<br />
de razões.<br />
Sabe o amigo do que nós cá precisávamos<br />
em Portugal? ... Na minha<br />
singela opinião, era de portuguezes,<br />
em todas as classes e em todos<br />
os ramos da actividade.<br />
Desenrolem-se estradas de varias<br />
especies e classes, dotem-seecriemse<br />
mais laboratorios, inventem-se<br />
professores com pspirito scientifico<br />
moderno, e o resto é questão de tempo<br />
apenas.<br />
E emquanto á tal letra redonda<br />
ou bicuda, virá como uma necessidade<br />
tornada instintiva, depois do<br />
povo saber que ella é como as estampilhas<br />
que teem o condão de<br />
transportar longe as idêas fechadas<br />
num papel.<br />
Quanto a mim, obrigar o povo a<br />
ler sem necessidade, o mesmo é que<br />
impmgir-lhe uma panaceia ou um<br />
dogma, que elle não digere.<br />
Sabe Você que ha annos em Inglaterra<br />
tudo se insurgiu contra a<br />
vaccinação obrigatoria; alliviou-selhe<br />
a obrigatoriedade, restituiu-se ao<br />
povo liberdade de acção, e o povo<br />
começou de vaccinar-se quando se<br />
convenceu do erro ou risco em que<br />
poderia incorrer.<br />
Não ha como crear necessidades;<br />
os consumidores apparacom depois.<br />
A leitura é uma necessidadã para<br />
aquelles que já sabem alguma coisa,<br />
é pelo menos uma grande vantagem<br />
adquirida, no sentido estreito em que<br />
muitos do povo consideram a posse<br />
do saber ler.<br />
Meu amigo e já agora para rematar,<br />
o ensino da leitura ha de fazer-se<br />
especialmente na familia, e<br />
isto num futuro mais ou menos proximo.<br />
E não só se tornará attribuição<br />
exclusivamente domestica a leitura,<br />
mas também escrever e contar.<br />
Bem sei; já num congresso de instrucção<br />
primaria em Portugal, e<br />
isto ha boa dúzia de annos. se disse<br />
que á familia pertencia a escola primaria<br />
do futuro. Isso porém, será<br />
de cada vez menos praticavel — requer<br />
Qgpecialisação e tempo disponível<br />
que nem um nem outro são de<br />
fácil abundancia nos que teem de<br />
produzir para viver.<br />
Como esta já vae longa, e a paciência<br />
para me aturar lhe irá faltando,<br />
eu prometto voltar ao assumto<br />
mais por meudos, e então um:<br />
Até lá!<br />
Do seu<br />
JOÃO SEMANA.<br />
Quintanistas de medicina<br />
No proximo domingo tomam grau<br />
todos os estudantes do 5 0 anno medico,<br />
realisando-se depois a tradiccional<br />
festa de despedida.<br />
A imposição do grau terá logar<br />
na sala dos actos grandes, segundo<br />
consta.<br />
Vão ser auctorisados trabalhos no<br />
lanço de estrada comprehendido en -<br />
tre Calvete e Banhos da Amieira,<br />
»epte diptrieto*<br />
Reclamação<br />
Como a lei de 6 de junho continua<br />
numa inovervancia lastimosa, e<br />
altamente lesiva dos interesses dos<br />
operários, a Federação das Associações<br />
de Classe delegou uma commissão<br />
de operários para que fossem<br />
perante o sr. governador civil<br />
reclamar mais uma vez providen-<br />
cias sobre o assumpto, a fim de que<br />
os mestres d'obras encarregados ou<br />
responsáveis, observem e cumpram<br />
a lei.<br />
O sr. governador civil bem como<br />
o sr. commissario de policia, que estava<br />
presente, asseveraram á commissão.<br />
que pela sua parte a lei seria<br />
rigorosamente cumprida.<br />
O sr. governador civil aconselhou<br />
a commissão a que egualmente<br />
lembrassem o mesmo assumpto ao<br />
sr. administrador do concelho e director<br />
das <strong>Obra</strong>s Publicas, e a este<br />
especialmente, porque a elle competia<br />
obrigar os responsáveis pelas<br />
construcções á observancia da lei.<br />
A commissão dirigiu-se ao sr.<br />
administrador que affirmou á mesma<br />
que em seguida ao desastre havido<br />
na Avenida dos Olreiros, tinha<br />
publicado um edital, mas que apezar<br />
d'isso ia novamente pedir ao sr.<br />
director das <strong>Obra</strong>s Publicas para<br />
que este funccionario recommendasse<br />
aos empregados dependentes da sua<br />
repartição a que fiscalisassem accuradamente<br />
as obras em actividade,<br />
velando porque seja garantida a integridade<br />
de seus operários.<br />
Consta-nos que foram enviado's<br />
para juiso os autos sobre o desastre<br />
succedido na obra da Avenida dos<br />
Oleiros e na do quartel de Sant'Anna.<br />
A' Associação de Classe das Artes<br />
Graphicas se deve esta iniciativa.<br />
O sr. Antonio Joaquim Dias Monteiro,<br />
escrivão de fazenda em Miranda<br />
do Corvo, foi promovido á2. a classe<br />
para Almada.<br />
Caso grave<br />
O nosso estimado collega local —<br />
Defeca, insere no seu numero de ontem,<br />
a seguinte noticia:<br />
«A' hora a que o nosso jornal está<br />
para entrar na maquina cnega-nos a<br />
grave noticia de que no matadouro<br />
estão sob reserva, como suppostos<br />
de atacados da terrível peste carbunculosa,<br />
3 bois alemtejanos e 28<br />
carneiros. Parte das vísceras foram<br />
para o laboratorto bactereologico<br />
da Universidade, a fim de serem<br />
analysadas pelosr. Charles Lepierre.<br />
«Mais nos informam de que já hontem<br />
foram enterradas pelo mesmo<br />
motivo 7 cabeças de gado. Parece,<br />
pois, que se trata de uma epidemia<br />
de febre carbunculosa, o que é de<br />
uma gravidade extraordinaria, compptni-lo<br />
íí< auctoridades tomar as necessárias<br />
providencias para sobreguardar<br />
a saúde publica.»<br />
Foram postos fóra da cidade, pela<br />
policia judiciaria, os amigos do<br />
alheio, Valentim Machado Gonçalves,<br />
Filipe Rodrigues, José Martins, hespanhoes<br />
e Manuel Nunes Martins,<br />
portuguez, que ainda ha pouco aqui<br />
assou pela via ordinaria, vindo de<br />
Eisboa, para Leiria, terra da sua naturalidade.<br />
Mais desastres da Guerra Peninsular<br />
Numa terra visinha d'esta cidade,<br />
feudo declarado de dois eleiçoeiros<br />
d'aqui e patria da mais afamada<br />
musica que todos conhecemos, também<br />
o centenar ardor bellico das<br />
guerras peninsulares teve o seu<br />
triumphosinho,<br />
Não sabemos se houve missa campal,<br />
mas teve discursos. O sr. professo»*<br />
que, seja dito á puridade, sabe<br />
muito mais de eleições do que de<br />
mestre, mandou fazer a discursata<br />
patriótica na sua escola por uma<br />
creança sua filha, que frequenta a 3. a<br />
classe dos lyceus. A sr." professora.<br />
para commodidade, foi com as<br />
alumnas ouvir «aquillo que o sr. professoria<br />
dizer, e ... mesmo para ver<br />
se alguma das pequenas também<br />
queria dizer alguma cousa» !...<br />
Que ratões. Até faz crer na metaphisica<br />
theoria da alma do nosso<br />
Larcher. Aquilio anda por alli en-<br />
gano das almas dos taes músicos da<br />
; terra ao egco^er morada,,,<br />
A questão de Marrocos complica-se<br />
duma fórma muito para te-<br />
mer. A proclamação do intruso Mulai<br />
Kafid em Fez e as claras e terminantes<br />
declarações da Allemanha<br />
estão provocando a guerra.<br />
O governo francez cinge-se eríl<br />
absoluto á doutrina exarada no protocolo<br />
da conferencia de Algeciras,<br />
e neste proposito insiste com o gabinete<br />
de Berlim para que abandone<br />
á sua sorte a causa do usurpador<br />
Hafid.<br />
Se Guilherme II presistir era sustentar<br />
a odiosa causa de Mulai Hafid<br />
— seu protegido —a França declarará<br />
a guerra á Allemanha, com o<br />
preciso concurso dos inglez«s.<br />
Vão longe os dias inglorios das<br />
vergonhosas transigências.<br />
A ultima nota expedida de Paris<br />
ao governo allemão contém, na concisa<br />
aífirmação de toda a imprensa<br />
europeia, o protesto contra os acontecimentos<br />
ae Fez, e o restabelecimento<br />
naquella zona marroquina de<br />
statuo quo anterior, isto é a nullidade<br />
da proclamação de Mulai Ha<br />
dif.<br />
Poderá o gabinete de Berlin transigir<br />
com o espirito de imperiosa<br />
exigencia d'essa nota?!... Qual a<br />
sua resposta?<br />
A [situação entre os dois paizes<br />
é muito tensa e a imprensa eUropea<br />
por interessantes considerações sobre<br />
o assumpto.<br />
Por outro lado, na facha do litto<br />
ral atlantico e mediterraneano occupada<br />
pelas tropas fráncezas, tudò<br />
se mobiliza para uma acção decisiva<br />
contra o exercito usurpador<br />
O energico general Damade já fez<br />
saber ao general Picquart, ministro<br />
daguerra, e ao sr. Pichon, ministro<br />
dos negocios estrangeiros, não<br />
estar resolvido a manobrar única e<br />
simplesmente na zona delimitada<br />
pela acta da conferencia de Algeci-<br />
'as, e os dois ministros responde^<br />
ram-lhe immediatamente que aguardasse<br />
as suas novas instrucções.<br />
Em vista da suprema gravidade<br />
da situação, convocou-se o conselho<br />
de ministros no Elyseu, sob a presidência<br />
de Falliéres e assistência<br />
do ministro da Inglaterra em Paris,<br />
praxe nova, sem precedentes, em<br />
paiz algum do munao.<br />
O conselho resolveu immediatamente<br />
denunciar ás potencias o protocollo,<br />
ou tratado de Algeciras, obrigando-se<br />
a Allemanha a abandonar<br />
a causa de Mulai Hafid.<br />
Este energico procedimento causou<br />
grande enthusiasmo em Paris e<br />
em toda a Inglaterra a sensação é<br />
profunda e geral o contentamento. A<br />
imprensa britannica applaude com<br />
sinceras demonstrações de jubilo a<br />
a energica attitude da Republica<br />
Franceza, e formula fervorosos votos<br />
para que em breve se regresse<br />
aos grandes dias da Convenção,<br />
Ef por isso fácil de conceber-se<br />
a profunda irritação da imprensa<br />
allemã. A Taqlebatt-Zeitunq, órgão<br />
do partido feudal, incita Guilherme II<br />
a atravessar-se d'espada *:n punho<br />
no caminho da França em Marrocos<br />
e no da Inglaterra no Egypto, e<br />
num artigo em que chama ao imperador<br />
da Allemanha o Carlos Ma-<br />
gno do século XX, faz a previsão da<br />
rapida dissolução do Império Britannico.<br />
O odio da imprensa germanica á<br />
Grã-Bretanha excede todos os limites<br />
do possível, e da sua linguagem<br />
aggressiva e intolerantemente violenta,<br />
chega a deprehender-se a extranha<br />
affirmação de que a Allemanha<br />
poderia muito bem ser hoje a<br />
mais sincera alliada da França, se<br />
não fôram as machinações da Inglaterra<br />
no intuito de a ferir e prejudicar.<br />
E' certo que foi este por muito<br />
tempo o sonho de Guilherme II. O<br />
hábil diplomata chegou a querer transacionar<br />
com a Republica Franceza<br />
a elevação da Alsacia-Lorena a Estado<br />
autonomo sob a dupla protecção<br />
da Allemanha e da França, com o<br />
fím de supprimir de vez a causa de<br />
conflictos.<br />
A adhesão da Allemanha á alliança<br />
franco-russa teria mudado a face<br />
aos acontecimentos e refundido de<br />
fonde en comble o modo de ser da<br />
politica internacional Era esta a situação<br />
que Waldeck-Rousseau teria<br />
fatyjmente ^e^rado e attii^tóo ?e<br />
a morte não lhe viesse cortar os audaciosos<br />
desígnios no estio de 1904,<br />
e a partir'desse momento tão prejudicial<br />
â pólitiòa de Guilherme II, a<br />
diplpmacia ingleza começou a trabalhar<br />
activamente para uma approximação<br />
da Inglaterra e dá França,<br />
ora quasi commettida ena aUiança.<br />
Foi esta a primacial origem do<br />
actual conflicto que tão extranhâ derivação<br />
tem tido na questão de Marrocos.<br />
A Inglaterra, mettendo-se de<br />
permeio na contenda, codilhou a Allemanha,<br />
ganhando-lhe a partida, e<br />
a França—-a seductora enamorada<br />
tão violentamente disputada pelos<br />
dois rivaes, acabou por juntar a sua<br />
copa com o feliz John Buli.<br />
O ciúme do governo allemão é<br />
d'aquelles ciúmes cegos e raivosos<br />
que não conhecem limites. O caso está<br />
intrincado, mas o governo Clemenceau<br />
está disposto a destrinça-lo bem:<br />
— ou a Allemanha abandona Mulai<br />
Hafed, ou a França lançar-se-ha<br />
immediatamente na guerra. O erro<br />
commettido por Rouvier em 1905, ao<br />
descartar-se de Delcassé, está era<br />
via de reparação.<br />
Guilherme II é neste momento o<br />
supremo arbitro dos destinos da Europa.<br />
Novo Cesar, todo o Mundo está<br />
voltado para o Omnipotente soberano!...<br />
O que irá elle decidir:—a<br />
paz, abandonando o usurpador Hafíd,<br />
ou a guerra, continuando a proteger-lhe<br />
a causa?!... Este momento<br />
é único na Historia.<br />
O Napoleão germânico é uma<br />
•phinge cuja decifração compete mais<br />
á pathologia dos grande génios. A<br />
loucura é prima co-irmã do génio,<br />
e estes loucos sublimes que foram<br />
Alexandre da Macedónia, Julio Cesar,<br />
Tamerlani Bajazet e Bonaparte,<br />
reflectem-se na soberba intelligencia,<br />
na vastidão delirante de gigantescos<br />
projectos, em Guilherme o Grande I...<br />
Sim, está gloriosamente assignalada<br />
na historia do século xx a gigantesca<br />
personalidade de Guilherme<br />
o Grande!... Ja3 a^j^n^nH<br />
O que irá elle decidir?!.. 1 A Europa<br />
aguarda anciosa a sua deliberação<br />
para fazer d'elle um Tito, ou<br />
um Athila, o flagello de Deus, que<br />
ainda hoje os poetas da Moscowia<br />
apresentam de azorrague em punho,<br />
ameaçando... o Occidente!...<br />
Mas seja qual fôr a sua decisão,<br />
a França avançando, encontra-se já<br />
duplamente victoriosa sem desembainhar<br />
a espada.<br />
Republica gloriosa, digna rivai<br />
d'um tal génio!..,<br />
# J dè'ju mo ; otj aí1 " J U