15.04.2013 Views

NEGRA - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

NEGRA - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

NEGRA - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

REGISTRO MANIFESTO<br />

MiminàúB negra<br />

INTELECTUAL E DISCRIMINADO S.O.S. RACISMO<br />

Celso Pru<strong>de</strong>nte é antes <strong>de</strong><br />

mais nada um intelectual. Pro-<br />

fessor universitário, cineasta e<br />

representante docente no Con-<br />

selho <strong>de</strong> Pós-Graduação do<br />

Instituto Metodista <strong>de</strong> Ensino<br />

Superior.<br />

Mas Celso é negro e como<br />

tal conheceu o amargo sabor<br />

da agressão e discriminação.<br />

Nem é pelo fato <strong>de</strong> que esse<br />

nosso companheiro seja um<br />

intelectual mas, também, por<br />

esse fato.<br />

Celso se encontrava a ser-<br />

viço na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Itanhaém,<br />

no litoral <strong>de</strong> São Paulo, traba-<br />

lhando na realização <strong>de</strong> um fil-<br />

me.<br />

Vésperas do Natal do ano<br />

que se foi, na companhia <strong>de</strong><br />

um colega <strong>de</strong> trabalho, ele pre-<br />

ten<strong>de</strong>u voltar para São Paulo a<br />

fim <strong>de</strong> comemorarem as festas<br />

natalinas no seio <strong>de</strong> suas<br />

famílias. Para tanto comprou<br />

uma passagem <strong>de</strong> ônibus na<br />

Companhia Breda Turismo.<br />

No horário da saída do<br />

ônibus. Celso verificou que a<br />

poltrona numerada que lhe fo-<br />

ra vendida estava ocupada por<br />

outro cidadão.<br />

Dirigiu-se ao motorista a<br />

fim <strong>de</strong> esclarecer o fato, e isso<br />

foi o bastante para que ele e<br />

<strong>de</strong>mais passageiros se insurgis-<br />

sem contra, taxando-o <strong>de</strong> "ne-<br />

gro arruaceiro". Ato<br />

contínuo, a polícia foi chama-<br />

da e arrastado á força e colo-<br />

cado em um "camburão" e le-<br />

vado à presença <strong>de</strong> um <strong>de</strong>lega-<br />

do <strong>de</strong> Polícia. Na <strong>de</strong>legacia,<br />

diante dos protestos <strong>de</strong> Celso,<br />

a autorida<strong>de</strong> policial lavrou<br />

um boletim <strong>de</strong> ocorrência em<br />

que ele figurava como indicia-<br />

do, ou seja, como se <strong>de</strong> fato<br />

fosse um arruaceiro.<br />

Depois <strong>de</strong> muitas horas <strong>de</strong>-<br />

tido na Delegacia <strong>de</strong> Polícia,<br />

ele foi liberado, mas carregan-<br />

do a enorme dor que tal humi-<br />

lhação provoca.<br />

Celso entrou em contato<br />

com o Conselho da Comuni-<br />

da<strong>de</strong> Negra, através do seu<br />

Presi<strong>de</strong>nte, Eduardo Joaquim<br />

<strong>de</strong> Oliveira, e também com a<br />

Secretaria das Relações So-<br />

ciais, na pessoa do Sr. Secretá-<br />

rio Osvaldo Ribeiro, que acio-<br />

naram a imprensa, entraram<br />

em contato com o Secretário<br />

da Segurança e outras provi-<br />

dências no sentido <strong>de</strong> coibir<br />

tais atos. O Sindicato dos Tra-<br />

balhadores na Indústria Cine-<br />

matográfica <strong>de</strong> São Paulo, en-<br />

tida<strong>de</strong> á qual Celso é filiado,<br />

tornou público uma "Nota <strong>de</strong><br />

Repúdio" referente ao ocorri-<br />

do e nela o seu Presi<strong>de</strong>nte, An-<br />

tônio Ferreira <strong>de</strong> Sousa, lem-<br />

bra a Lei Afonso Arinos e pe-<br />

<strong>de</strong> punições aos agressores e<br />

discriminadores.<br />

ALUNOS RACISTAS SÃO EXPULSOS<br />

Diretor <strong>de</strong> escola expulsa alunos por não quererem<br />

assistir a aulas com professora negra<br />

Durante muito tempo, o<br />

sonho <strong>de</strong> toda menininha era o<br />

<strong>de</strong> ser professora. Foi durante<br />

muito tempo mesmo. Hoje<br />

não é bem assim, pois o sonho<br />

<strong>de</strong> muitas menininhas é ser<br />

"XUXA" ou então "MARA<br />

PORRETA" etc, mas naque-<br />

le tempo, que não vai tão lon-<br />

ge assim, uma garotinha so-<br />

nhava ser professora e tudo<br />

fez para consegui-lo, até ver<br />

tornada realida<strong>de</strong> o seu sonho.<br />

Eliane Leite é professora<br />

<strong>de</strong> matemática, leciona em um<br />

colégio da Zona Norte da Ca-<br />

pital.<br />

Até aí tudo bem.<br />

O sonho começa a virar pe-<br />

sa<strong>de</strong>lo daí por diante, quando<br />

ela começa a sentir resistência<br />

à disciplina por parte <strong>de</strong> al-<br />

guns alunos.<br />

Esforça-se por <strong>de</strong>scobrir<br />

qual era o problema e <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong> muita lágrima a revelação<br />

veio, chocante: Racismo!<br />

No seu sonho <strong>de</strong> cin<strong>de</strong>rela,<br />

Eliane esqueceu apenas do<br />

<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> ser <strong>NEGRA</strong>.<br />

Ela se confessa estarrecida,<br />

pois o colégio on<strong>de</strong> leciona es-<br />

tá situado em uma região on<strong>de</strong><br />

se concentra uma significativa<br />

parecela da comunida<strong>de</strong> ne-<br />

gra.<br />

E ainda mais, que cerca <strong>de</strong><br />

70% <strong>de</strong> seus alunos são da ra-<br />

ça negra ou <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />

O grupinho racista, com-<br />

posto <strong>de</strong> aproximadamente 10<br />

alunos, foi chamado à direto-<br />

ria e advertido.<br />

Mas isso apenas insuflou<br />

os ânimos <strong>de</strong>les contra a pro-<br />

fessora e levou-os a hostilizá-<br />

la e ofendê-la moralmente<br />

chamando-a <strong>de</strong> "preta vaga-<br />

bunda". .<br />

Essa cena foi assistida por<br />

todos os alunos da classe.<br />

A direção da escola infor-<br />

mada a respeito <strong>de</strong> mais esse<br />

episódio, não teve dúvidas, ex-<br />

pulsou os indisciplinados.<br />

Em seguida expediu uma<br />

<strong>de</strong>claração, on<strong>de</strong> enfatiza que<br />

"A falta <strong>de</strong> cultura leva o ser<br />

humano ao mais vil sentimen-<br />

to <strong>de</strong> casta e privilégio, fato<br />

que se cristaliza no comporta-<br />

mento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da so-<br />

cieda<strong>de</strong>, conduzindo-o a um<br />

elitismo <strong>de</strong> aparência e vaida-<br />

<strong>de</strong>". Mais adiante o mantenedor<br />

do colégio, o Sr. Celso <strong>de</strong> Oli-<br />

veira Andra<strong>de</strong> afirma que<br />

"<strong>de</strong>claro ser o preconceito ra-<br />

cial uma postura inaceitável,<br />

tanto da parte discente quanto<br />

da parte docente, pois quere-<br />

mos formar homens e não re-<br />

flexos obscuros <strong>de</strong> uma socie-<br />

da<strong>de</strong> retrógrada e isenta <strong>de</strong><br />

maturida<strong>de</strong>.<br />

Eliane recebeu todo cari-<br />

nho e apoio da direção do co-<br />

légio e <strong>de</strong> seus colegas profes-<br />

sores, mas, mesmo assim, afir-<br />

ma que "dos espinhos <strong>de</strong> seu<br />

ofício serem esses os mais do-<br />

lorosos".<br />

JUSTIÇA OU<br />

PENA DE MORTE<br />

PARA MEU FILHO<br />

Quando em 1981 era Mi-<br />

nistro da Justiça o Sr. Ibrain<br />

Abi Akel, o Sr. Sebastião José<br />

da Silva, ex-campeão brasilei-<br />

ro <strong>de</strong> box, escreveu uma pun-<br />

gente e patética carta àquele<br />

ministro narrando o seu dra-<br />

ma e o <strong>de</strong> seu filho. Nessa car-<br />

ta ele pe<strong>de</strong> ao ministro que<br />

aplique pena <strong>de</strong> morte para<br />

seu filho e para todos aqueles<br />

que estão presos e amontoados<br />

<strong>de</strong>ntro dos presídios. A solici-<br />

tação vem carregada <strong>de</strong> uma<br />

forte dose emocional em que<br />

fica <strong>de</strong>lineada toda a revolta<br />

contida nessa missiva que no<br />

fundo tinha por objetivo con-<br />

seguir a liberda<strong>de</strong> do jovem<br />

Ricardo, que hoje está com 29<br />

anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e que ainda se<br />

encontra nas mesmíssimas<br />

condições, e seu pai tentando<br />

uma fórmula para libertá-lo,<br />

sem nada conseguir.<br />

Explica Sebastião que seu<br />

filho foi preso por ter sido<br />

criado sem mãe e por andar<br />

em más companhias o que cul-<br />

minou com uma prisão em fla-<br />

grante certo dia quando ele<br />

furtava gasolina <strong>de</strong> um carro<br />

na rua.<br />

A a partir dai, foram im-<br />

pingidos a Ricardo outros in-<br />

quéritos, dos mais variados,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> assalto até estupro.<br />

Ele, Sebastião, juntamente<br />

com advogados, lutou inutil-<br />

mente para provar que esses<br />

outros crimes foram forjados<br />

contra seu filho, sem nada<br />

conseguir.<br />

A revolta <strong>de</strong> Ricardo era<br />

gran<strong>de</strong>, e ele só foi solto após<br />

3 anos.<br />

Envergonhado e carregan-<br />

do a pecha <strong>de</strong> ex-presidiário,<br />

ele tentava encontrar, empre-<br />

go, quando foi novamente <strong>de</strong>-<br />

tido e levado á <strong>de</strong>legacia on<strong>de</strong><br />

se constatou que estava con<strong>de</strong>-<br />

nado á revelia por um dos tais<br />

processos fraudulentos. Vol-<br />

tou para a prisão. E continua<br />

o seu drama. Agora, Sebastião<br />

se dá conta <strong>de</strong> que a semente<br />

da violência se instalou na<br />

mente <strong>de</strong> seu filho e que me-<br />

lhor <strong>de</strong> tudo isso é que se aca-<br />

be com o sofrimento do rapaz<br />

aplicando-lhe a "pena <strong>de</strong> mor-<br />

te".<br />

Durante toda sua explana-<br />

ção ao Ministro da Justiça na-<br />

quela época. Sebastião alegava<br />

que o que estava acontecendo<br />

nada mais era que resquícios<br />

da terrível época da escravi-<br />

dão, quando se impunha ao<br />

negro qualquer tipo <strong>de</strong> castigo<br />

com o propósito <strong>de</strong> aniquilá-lo<br />

para a vida e a socieda<strong>de</strong>.<br />

Hoje, cansado e sem con-<br />

seguir êxito em suas reivindi-<br />

cações, ele torna a apelar para<br />

as autorida<strong>de</strong>s:<br />

"Depois do que fizeram<br />

com meu filho, o melhor é que<br />

os senhores o matem".<br />

Com se<strong>de</strong> própria na Av. Mem <strong>de</strong> Sá n. ° 208,<br />

no Rio <strong>de</strong> Janeiro, e sendo uma entida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública o Í.P.C.N.<br />

lança um alerta e faz convite<br />

ao negro <strong>de</strong> modo geral para que participe <strong>de</strong> um<br />

gran<strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> conscientização.<br />

Violeta, anil, azul, ver<strong>de</strong>,<br />

amarela, laranja e vermelha são as<br />

sete cores que compõem nosso<br />

universo cromático, juntas elas<br />

nos trazem o brilho do sol.<br />

Preto, branco, amarelo, bai-<br />

xo, gordo, japonês, zulu, can-<br />

domblezista, motorista, canhoto,<br />

e tudo o mais, são expressões físi-<br />

cas,, culturais, religiosas, sociais,<br />

econômicas, sexuais e territoriais<br />

<strong>de</strong>ssa gente que forma a nossa so-<br />

cieda<strong>de</strong>, a eliminação ou discrimi-<br />

nação <strong>de</strong> quem quer que seja, apa-<br />

ga um pouco o brilho <strong>de</strong> vida que<br />

recebemos quando nascemos.<br />

Se você participa <strong>de</strong>sta opi-<br />

nião, e comunga com a idéia <strong>de</strong><br />

encarar <strong>de</strong> frente as discrimina-<br />

ções em nosso país, chegue-se a<br />

nós.<br />

Vamos caminhar juntos no<br />

resgate da verda<strong>de</strong>ira i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />

cultural <strong>de</strong> nosso país.<br />

A cor <strong>de</strong> sua pele, seu sexo,<br />

sua profissão, sua diferença/<strong>de</strong>-<br />

feito físico; ser assaltado, conse-<br />

guir emprego, ser garção, arranjar<br />

táxi, freqüentar na geral a torcida<br />

do seu clube, ser garota-<br />

propaganda, andar <strong>de</strong> metrô, ter<br />

seus filhos <strong>de</strong> volta da escola, re-<br />

ceber beijos <strong>de</strong> seus parentes ou<br />

dos parentes <strong>de</strong> quem você gosta<br />

po<strong>de</strong>m significar vantagens ou<br />

<strong>de</strong>svantagens.<br />

Sua expressão <strong>de</strong> nascença ou<br />

opção <strong>de</strong> vida po<strong>de</strong>m ao mesmo<br />

tempo significar as chaves do pa-<br />

raíso, ou as trancas dos portais do<br />

inferno. Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> que vo-<br />

cê saiba com quem está falando.<br />

Vivemos com a ameaça <strong>de</strong> ser-<br />

mos consi<strong>de</strong>rados cidadãos <strong>de</strong> se-<br />

gunda classe. O anjo discrimina-<br />

dor po<strong>de</strong> estar vivendo ao seu la-<br />

do, po<strong>de</strong> estar vivendo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

você.<br />

Vivemos com você este drama<br />

em segredo enquanto nossas cida-<br />

<strong>de</strong>s explo<strong>de</strong>m. Nossas crianças<br />

saem para as ruas e morremos <strong>de</strong><br />

medo <strong>de</strong> não retornarem, vítimas<br />

<strong>de</strong> alguma forma <strong>de</strong> discrimina-<br />

ção.<br />

Po<strong>de</strong>mos ter formas diferentes<br />

<strong>de</strong> manifestar nossos medos, ou<br />

<strong>de</strong> encararmos a questão, mas<br />

nosso medo é o mesmo.<br />

— "Pai, ai ficamos nos olhan-<br />

do, ali sem saber o que fazer, e<br />

corremos um para cada lado, fica-<br />

ram com tanto medo quanto eu,<br />

não compreen<strong>de</strong>ndo."<br />

— "É, eles sabem ganhar di-<br />

nheiro como ninguém..."<br />

— "Acho que naquela escola<br />

não aceitam nossas crianças."<br />

— "Você viu o listão do vesti-<br />

bular, eles são muito inteligen-<br />

tes".<br />

— "Não fosse o pessoal do<br />

banco, o "camburão" me arrasta-<br />

ria."<br />

— "É, foi aquela tensão toda<br />

viagem no táxi, não trocamos pa-<br />

lavras, além do necessário, ainda<br />

bem que estou em casa.''<br />

— "Ficamos mudos, cada<br />

qual <strong>de</strong>sceu no seu ponto sem<br />

olhar para os lados, o constrangi-<br />

mento era geral."<br />

— "Não <strong>de</strong>u para empregar<br />

quem você mandou, eu também<br />

não avisei, tudo bem."<br />

Nossas crianças, as pessoas,<br />

nossa gente vive repetindo diálo-<br />

gos como estes porque nós ainda<br />

não encaramos <strong>de</strong> frente os confli-<br />

tos gerados pelo preconceito.<br />

Nossas crianças estão repetin-<br />

do nossos preconceitos, só que as<br />

cida<strong>de</strong>s cresceram e os conflitos<br />

estão sendo resolvidos a bala, ca-<br />

nivete e prisão.<br />

Estamo-nos nos fechando nu-<br />

ma imensa gaiola <strong>de</strong> intolerância<br />

on<strong>de</strong> o preconceito não escolhe<br />

hora nem lugar para agir, e não<br />

discrimina quem vai agir em nome<br />

do racismo.<br />

Racismo é mais que atacar os<br />

pretos, amarelos ou índios, racis-<br />

mo é não se reconhecer como par-<br />

te do gênero humano. Somos um<br />

país <strong>de</strong> muitas culturas: diferentes<br />

entre brancos, diferentes culturas<br />

entre os índios, diferentes culturas<br />

entre os negros.<br />

Aceitar esta visão é começar a<br />

dissipar o medo <strong>de</strong> nosso cheiro.<br />

É resgatar nossa dignida<strong>de</strong> huma-<br />

na. É eliminar a tortura da intole-<br />

rância. É participar da raça huma-<br />

na. É <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser oprimido. É<br />

arrebentar com as ca<strong>de</strong>ias das <strong>de</strong>-<br />

sigualda<strong>de</strong>s que oprimem nosso<br />

povo.<br />

Junte-se a nós, ao IPCN —<br />

Direitos Humanos e Civis/SOS —<br />

Racismo.<br />

Não é complicado, você não<br />

precisa nem sair <strong>de</strong> casa, mudar<br />

<strong>de</strong> emprego, abondonar suas ami-<br />

za<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> freqüentar sua re-<br />

ligião, mudar <strong>de</strong> sexo ou <strong>de</strong> cor.<br />

Você po<strong>de</strong> agir on<strong>de</strong> está, bas-<br />

ta olhar em volta e perguntar se<br />

está tudo bem, se em seu espaço<br />

não existem discriminações. Se es-<br />

ta situação lhe indignar, não se<br />

acanhe, converse, e verá como as<br />

pessoas estão dispostas a conver-<br />

sar sobre este gran<strong>de</strong> mistério, que<br />

é a intolerância e a discriminação<br />

nessa terra <strong>de</strong> <strong>de</strong>serdados, nessa<br />

ilha <strong>de</strong> silêncio.<br />

Você verá como junto a outras<br />

pessoas fica mais tolerável cami-<br />

nhar pelas imagens <strong>de</strong> opressão<br />

que povoam os subúrbios <strong>de</strong> nos-<br />

sas mentes. Nós todos não esta-<br />

mos gostando das coisas como es-<br />

tão.<br />

Querendo mais, seja ativista.<br />

Venha, temos muita ação e esta-<br />

mos apenas começando, conta-<br />

mos com suas idéias.<br />

Se você sofreu ou está sofren-<br />

do algum tipo <strong>de</strong> discriminação,<br />

venha, e se acha que a discrimina-<br />

ção não é problema, que não exis-<br />

te, que o problema é social e eco-<br />

nômico, venha também. Muitos<br />

são os caminhos para acabar com<br />

a opressão.<br />

Precisamos <strong>de</strong> muitas crian-<br />

ças, velhos, donas-sem-casa,<br />

donas-<strong>de</strong>-casa, garçãos, soldados,<br />

motoristas, bancários, mães-<strong>de</strong>-<br />

santo, pastores, terapeutas, psicó-<br />

logos, assistentes sociais, advoga-<br />

dos, todos em geral sem<br />

discriminações. Não se <strong>de</strong>ixe cair<br />

nas armadilhas do racismo. Antes<br />

<strong>de</strong> tudo você <strong>de</strong>ve se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r bem<br />

como os que estão à sua volta.<br />

Basta <strong>de</strong> covardia!!!<br />

Você po<strong>de</strong> se tornar agente po-<br />

pular <strong>de</strong> justiça on<strong>de</strong> quer que se<br />

encontre. Juntos po<strong>de</strong>mos trilhar<br />

um belo caminho para o resgate<br />

<strong>de</strong> nossa dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser huma-<br />

no.<br />

Po<strong>de</strong> chegar, junte-se a nós, as<br />

portas estão abertas, entre sem<br />

bater.<br />

Ligue para SOS — RACISMO<br />

TELEFONE (021) 252-6683<br />

JOÃO MARCOS AURORE<br />

RAMÃO<br />

IPCN — DIREITOS HUMANOS<br />

E CIVIS

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!