NEGRA - Centro de Documentação e Pesquisa Vergueiro
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REGISTRO MANIFESTO<br />
MiminàúB negra<br />
INTELECTUAL E DISCRIMINADO S.O.S. RACISMO<br />
Celso Pru<strong>de</strong>nte é antes <strong>de</strong><br />
mais nada um intelectual. Pro-<br />
fessor universitário, cineasta e<br />
representante docente no Con-<br />
selho <strong>de</strong> Pós-Graduação do<br />
Instituto Metodista <strong>de</strong> Ensino<br />
Superior.<br />
Mas Celso é negro e como<br />
tal conheceu o amargo sabor<br />
da agressão e discriminação.<br />
Nem é pelo fato <strong>de</strong> que esse<br />
nosso companheiro seja um<br />
intelectual mas, também, por<br />
esse fato.<br />
Celso se encontrava a ser-<br />
viço na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Itanhaém,<br />
no litoral <strong>de</strong> São Paulo, traba-<br />
lhando na realização <strong>de</strong> um fil-<br />
me.<br />
Vésperas do Natal do ano<br />
que se foi, na companhia <strong>de</strong><br />
um colega <strong>de</strong> trabalho, ele pre-<br />
ten<strong>de</strong>u voltar para São Paulo a<br />
fim <strong>de</strong> comemorarem as festas<br />
natalinas no seio <strong>de</strong> suas<br />
famílias. Para tanto comprou<br />
uma passagem <strong>de</strong> ônibus na<br />
Companhia Breda Turismo.<br />
No horário da saída do<br />
ônibus. Celso verificou que a<br />
poltrona numerada que lhe fo-<br />
ra vendida estava ocupada por<br />
outro cidadão.<br />
Dirigiu-se ao motorista a<br />
fim <strong>de</strong> esclarecer o fato, e isso<br />
foi o bastante para que ele e<br />
<strong>de</strong>mais passageiros se insurgis-<br />
sem contra, taxando-o <strong>de</strong> "ne-<br />
gro arruaceiro". Ato<br />
contínuo, a polícia foi chama-<br />
da e arrastado á força e colo-<br />
cado em um "camburão" e le-<br />
vado à presença <strong>de</strong> um <strong>de</strong>lega-<br />
do <strong>de</strong> Polícia. Na <strong>de</strong>legacia,<br />
diante dos protestos <strong>de</strong> Celso,<br />
a autorida<strong>de</strong> policial lavrou<br />
um boletim <strong>de</strong> ocorrência em<br />
que ele figurava como indicia-<br />
do, ou seja, como se <strong>de</strong> fato<br />
fosse um arruaceiro.<br />
Depois <strong>de</strong> muitas horas <strong>de</strong>-<br />
tido na Delegacia <strong>de</strong> Polícia,<br />
ele foi liberado, mas carregan-<br />
do a enorme dor que tal humi-<br />
lhação provoca.<br />
Celso entrou em contato<br />
com o Conselho da Comuni-<br />
da<strong>de</strong> Negra, através do seu<br />
Presi<strong>de</strong>nte, Eduardo Joaquim<br />
<strong>de</strong> Oliveira, e também com a<br />
Secretaria das Relações So-<br />
ciais, na pessoa do Sr. Secretá-<br />
rio Osvaldo Ribeiro, que acio-<br />
naram a imprensa, entraram<br />
em contato com o Secretário<br />
da Segurança e outras provi-<br />
dências no sentido <strong>de</strong> coibir<br />
tais atos. O Sindicato dos Tra-<br />
balhadores na Indústria Cine-<br />
matográfica <strong>de</strong> São Paulo, en-<br />
tida<strong>de</strong> á qual Celso é filiado,<br />
tornou público uma "Nota <strong>de</strong><br />
Repúdio" referente ao ocorri-<br />
do e nela o seu Presi<strong>de</strong>nte, An-<br />
tônio Ferreira <strong>de</strong> Sousa, lem-<br />
bra a Lei Afonso Arinos e pe-<br />
<strong>de</strong> punições aos agressores e<br />
discriminadores.<br />
ALUNOS RACISTAS SÃO EXPULSOS<br />
Diretor <strong>de</strong> escola expulsa alunos por não quererem<br />
assistir a aulas com professora negra<br />
Durante muito tempo, o<br />
sonho <strong>de</strong> toda menininha era o<br />
<strong>de</strong> ser professora. Foi durante<br />
muito tempo mesmo. Hoje<br />
não é bem assim, pois o sonho<br />
<strong>de</strong> muitas menininhas é ser<br />
"XUXA" ou então "MARA<br />
PORRETA" etc, mas naque-<br />
le tempo, que não vai tão lon-<br />
ge assim, uma garotinha so-<br />
nhava ser professora e tudo<br />
fez para consegui-lo, até ver<br />
tornada realida<strong>de</strong> o seu sonho.<br />
Eliane Leite é professora<br />
<strong>de</strong> matemática, leciona em um<br />
colégio da Zona Norte da Ca-<br />
pital.<br />
Até aí tudo bem.<br />
O sonho começa a virar pe-<br />
sa<strong>de</strong>lo daí por diante, quando<br />
ela começa a sentir resistência<br />
à disciplina por parte <strong>de</strong> al-<br />
guns alunos.<br />
Esforça-se por <strong>de</strong>scobrir<br />
qual era o problema e <strong>de</strong>pois<br />
<strong>de</strong> muita lágrima a revelação<br />
veio, chocante: Racismo!<br />
No seu sonho <strong>de</strong> cin<strong>de</strong>rela,<br />
Eliane esqueceu apenas do<br />
<strong>de</strong>talhe <strong>de</strong> ser <strong>NEGRA</strong>.<br />
Ela se confessa estarrecida,<br />
pois o colégio on<strong>de</strong> leciona es-<br />
tá situado em uma região on<strong>de</strong><br />
se concentra uma significativa<br />
parecela da comunida<strong>de</strong> ne-<br />
gra.<br />
E ainda mais, que cerca <strong>de</strong><br />
70% <strong>de</strong> seus alunos são da ra-<br />
ça negra ou <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes.<br />
O grupinho racista, com-<br />
posto <strong>de</strong> aproximadamente 10<br />
alunos, foi chamado à direto-<br />
ria e advertido.<br />
Mas isso apenas insuflou<br />
os ânimos <strong>de</strong>les contra a pro-<br />
fessora e levou-os a hostilizá-<br />
la e ofendê-la moralmente<br />
chamando-a <strong>de</strong> "preta vaga-<br />
bunda". .<br />
Essa cena foi assistida por<br />
todos os alunos da classe.<br />
A direção da escola infor-<br />
mada a respeito <strong>de</strong> mais esse<br />
episódio, não teve dúvidas, ex-<br />
pulsou os indisciplinados.<br />
Em seguida expediu uma<br />
<strong>de</strong>claração, on<strong>de</strong> enfatiza que<br />
"A falta <strong>de</strong> cultura leva o ser<br />
humano ao mais vil sentimen-<br />
to <strong>de</strong> casta e privilégio, fato<br />
que se cristaliza no comporta-<br />
mento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da so-<br />
cieda<strong>de</strong>, conduzindo-o a um<br />
elitismo <strong>de</strong> aparência e vaida-<br />
<strong>de</strong>". Mais adiante o mantenedor<br />
do colégio, o Sr. Celso <strong>de</strong> Oli-<br />
veira Andra<strong>de</strong> afirma que<br />
"<strong>de</strong>claro ser o preconceito ra-<br />
cial uma postura inaceitável,<br />
tanto da parte discente quanto<br />
da parte docente, pois quere-<br />
mos formar homens e não re-<br />
flexos obscuros <strong>de</strong> uma socie-<br />
da<strong>de</strong> retrógrada e isenta <strong>de</strong><br />
maturida<strong>de</strong>.<br />
Eliane recebeu todo cari-<br />
nho e apoio da direção do co-<br />
légio e <strong>de</strong> seus colegas profes-<br />
sores, mas, mesmo assim, afir-<br />
ma que "dos espinhos <strong>de</strong> seu<br />
ofício serem esses os mais do-<br />
lorosos".<br />
JUSTIÇA OU<br />
PENA DE MORTE<br />
PARA MEU FILHO<br />
Quando em 1981 era Mi-<br />
nistro da Justiça o Sr. Ibrain<br />
Abi Akel, o Sr. Sebastião José<br />
da Silva, ex-campeão brasilei-<br />
ro <strong>de</strong> box, escreveu uma pun-<br />
gente e patética carta àquele<br />
ministro narrando o seu dra-<br />
ma e o <strong>de</strong> seu filho. Nessa car-<br />
ta ele pe<strong>de</strong> ao ministro que<br />
aplique pena <strong>de</strong> morte para<br />
seu filho e para todos aqueles<br />
que estão presos e amontoados<br />
<strong>de</strong>ntro dos presídios. A solici-<br />
tação vem carregada <strong>de</strong> uma<br />
forte dose emocional em que<br />
fica <strong>de</strong>lineada toda a revolta<br />
contida nessa missiva que no<br />
fundo tinha por objetivo con-<br />
seguir a liberda<strong>de</strong> do jovem<br />
Ricardo, que hoje está com 29<br />
anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e que ainda se<br />
encontra nas mesmíssimas<br />
condições, e seu pai tentando<br />
uma fórmula para libertá-lo,<br />
sem nada conseguir.<br />
Explica Sebastião que seu<br />
filho foi preso por ter sido<br />
criado sem mãe e por andar<br />
em más companhias o que cul-<br />
minou com uma prisão em fla-<br />
grante certo dia quando ele<br />
furtava gasolina <strong>de</strong> um carro<br />
na rua.<br />
A a partir dai, foram im-<br />
pingidos a Ricardo outros in-<br />
quéritos, dos mais variados,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> assalto até estupro.<br />
Ele, Sebastião, juntamente<br />
com advogados, lutou inutil-<br />
mente para provar que esses<br />
outros crimes foram forjados<br />
contra seu filho, sem nada<br />
conseguir.<br />
A revolta <strong>de</strong> Ricardo era<br />
gran<strong>de</strong>, e ele só foi solto após<br />
3 anos.<br />
Envergonhado e carregan-<br />
do a pecha <strong>de</strong> ex-presidiário,<br />
ele tentava encontrar, empre-<br />
go, quando foi novamente <strong>de</strong>-<br />
tido e levado á <strong>de</strong>legacia on<strong>de</strong><br />
se constatou que estava con<strong>de</strong>-<br />
nado á revelia por um dos tais<br />
processos fraudulentos. Vol-<br />
tou para a prisão. E continua<br />
o seu drama. Agora, Sebastião<br />
se dá conta <strong>de</strong> que a semente<br />
da violência se instalou na<br />
mente <strong>de</strong> seu filho e que me-<br />
lhor <strong>de</strong> tudo isso é que se aca-<br />
be com o sofrimento do rapaz<br />
aplicando-lhe a "pena <strong>de</strong> mor-<br />
te".<br />
Durante toda sua explana-<br />
ção ao Ministro da Justiça na-<br />
quela época. Sebastião alegava<br />
que o que estava acontecendo<br />
nada mais era que resquícios<br />
da terrível época da escravi-<br />
dão, quando se impunha ao<br />
negro qualquer tipo <strong>de</strong> castigo<br />
com o propósito <strong>de</strong> aniquilá-lo<br />
para a vida e a socieda<strong>de</strong>.<br />
Hoje, cansado e sem con-<br />
seguir êxito em suas reivindi-<br />
cações, ele torna a apelar para<br />
as autorida<strong>de</strong>s:<br />
"Depois do que fizeram<br />
com meu filho, o melhor é que<br />
os senhores o matem".<br />
Com se<strong>de</strong> própria na Av. Mem <strong>de</strong> Sá n. ° 208,<br />
no Rio <strong>de</strong> Janeiro, e sendo uma entida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong> pública o Í.P.C.N.<br />
lança um alerta e faz convite<br />
ao negro <strong>de</strong> modo geral para que participe <strong>de</strong> um<br />
gran<strong>de</strong> movimento <strong>de</strong> conscientização.<br />
Violeta, anil, azul, ver<strong>de</strong>,<br />
amarela, laranja e vermelha são as<br />
sete cores que compõem nosso<br />
universo cromático, juntas elas<br />
nos trazem o brilho do sol.<br />
Preto, branco, amarelo, bai-<br />
xo, gordo, japonês, zulu, can-<br />
domblezista, motorista, canhoto,<br />
e tudo o mais, são expressões físi-<br />
cas,, culturais, religiosas, sociais,<br />
econômicas, sexuais e territoriais<br />
<strong>de</strong>ssa gente que forma a nossa so-<br />
cieda<strong>de</strong>, a eliminação ou discrimi-<br />
nação <strong>de</strong> quem quer que seja, apa-<br />
ga um pouco o brilho <strong>de</strong> vida que<br />
recebemos quando nascemos.<br />
Se você participa <strong>de</strong>sta opi-<br />
nião, e comunga com a idéia <strong>de</strong><br />
encarar <strong>de</strong> frente as discrimina-<br />
ções em nosso país, chegue-se a<br />
nós.<br />
Vamos caminhar juntos no<br />
resgate da verda<strong>de</strong>ira i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong><br />
cultural <strong>de</strong> nosso país.<br />
A cor <strong>de</strong> sua pele, seu sexo,<br />
sua profissão, sua diferença/<strong>de</strong>-<br />
feito físico; ser assaltado, conse-<br />
guir emprego, ser garção, arranjar<br />
táxi, freqüentar na geral a torcida<br />
do seu clube, ser garota-<br />
propaganda, andar <strong>de</strong> metrô, ter<br />
seus filhos <strong>de</strong> volta da escola, re-<br />
ceber beijos <strong>de</strong> seus parentes ou<br />
dos parentes <strong>de</strong> quem você gosta<br />
po<strong>de</strong>m significar vantagens ou<br />
<strong>de</strong>svantagens.<br />
Sua expressão <strong>de</strong> nascença ou<br />
opção <strong>de</strong> vida po<strong>de</strong>m ao mesmo<br />
tempo significar as chaves do pa-<br />
raíso, ou as trancas dos portais do<br />
inferno. Tudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> que vo-<br />
cê saiba com quem está falando.<br />
Vivemos com a ameaça <strong>de</strong> ser-<br />
mos consi<strong>de</strong>rados cidadãos <strong>de</strong> se-<br />
gunda classe. O anjo discrimina-<br />
dor po<strong>de</strong> estar vivendo ao seu la-<br />
do, po<strong>de</strong> estar vivendo <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />
você.<br />
Vivemos com você este drama<br />
em segredo enquanto nossas cida-<br />
<strong>de</strong>s explo<strong>de</strong>m. Nossas crianças<br />
saem para as ruas e morremos <strong>de</strong><br />
medo <strong>de</strong> não retornarem, vítimas<br />
<strong>de</strong> alguma forma <strong>de</strong> discrimina-<br />
ção.<br />
Po<strong>de</strong>mos ter formas diferentes<br />
<strong>de</strong> manifestar nossos medos, ou<br />
<strong>de</strong> encararmos a questão, mas<br />
nosso medo é o mesmo.<br />
— "Pai, ai ficamos nos olhan-<br />
do, ali sem saber o que fazer, e<br />
corremos um para cada lado, fica-<br />
ram com tanto medo quanto eu,<br />
não compreen<strong>de</strong>ndo."<br />
— "É, eles sabem ganhar di-<br />
nheiro como ninguém..."<br />
— "Acho que naquela escola<br />
não aceitam nossas crianças."<br />
— "Você viu o listão do vesti-<br />
bular, eles são muito inteligen-<br />
tes".<br />
— "Não fosse o pessoal do<br />
banco, o "camburão" me arrasta-<br />
ria."<br />
— "É, foi aquela tensão toda<br />
viagem no táxi, não trocamos pa-<br />
lavras, além do necessário, ainda<br />
bem que estou em casa.''<br />
— "Ficamos mudos, cada<br />
qual <strong>de</strong>sceu no seu ponto sem<br />
olhar para os lados, o constrangi-<br />
mento era geral."<br />
— "Não <strong>de</strong>u para empregar<br />
quem você mandou, eu também<br />
não avisei, tudo bem."<br />
Nossas crianças, as pessoas,<br />
nossa gente vive repetindo diálo-<br />
gos como estes porque nós ainda<br />
não encaramos <strong>de</strong> frente os confli-<br />
tos gerados pelo preconceito.<br />
Nossas crianças estão repetin-<br />
do nossos preconceitos, só que as<br />
cida<strong>de</strong>s cresceram e os conflitos<br />
estão sendo resolvidos a bala, ca-<br />
nivete e prisão.<br />
Estamo-nos nos fechando nu-<br />
ma imensa gaiola <strong>de</strong> intolerância<br />
on<strong>de</strong> o preconceito não escolhe<br />
hora nem lugar para agir, e não<br />
discrimina quem vai agir em nome<br />
do racismo.<br />
Racismo é mais que atacar os<br />
pretos, amarelos ou índios, racis-<br />
mo é não se reconhecer como par-<br />
te do gênero humano. Somos um<br />
país <strong>de</strong> muitas culturas: diferentes<br />
entre brancos, diferentes culturas<br />
entre os índios, diferentes culturas<br />
entre os negros.<br />
Aceitar esta visão é começar a<br />
dissipar o medo <strong>de</strong> nosso cheiro.<br />
É resgatar nossa dignida<strong>de</strong> huma-<br />
na. É eliminar a tortura da intole-<br />
rância. É participar da raça huma-<br />
na. É <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser oprimido. É<br />
arrebentar com as ca<strong>de</strong>ias das <strong>de</strong>-<br />
sigualda<strong>de</strong>s que oprimem nosso<br />
povo.<br />
Junte-se a nós, ao IPCN —<br />
Direitos Humanos e Civis/SOS —<br />
Racismo.<br />
Não é complicado, você não<br />
precisa nem sair <strong>de</strong> casa, mudar<br />
<strong>de</strong> emprego, abondonar suas ami-<br />
za<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> freqüentar sua re-<br />
ligião, mudar <strong>de</strong> sexo ou <strong>de</strong> cor.<br />
Você po<strong>de</strong> agir on<strong>de</strong> está, bas-<br />
ta olhar em volta e perguntar se<br />
está tudo bem, se em seu espaço<br />
não existem discriminações. Se es-<br />
ta situação lhe indignar, não se<br />
acanhe, converse, e verá como as<br />
pessoas estão dispostas a conver-<br />
sar sobre este gran<strong>de</strong> mistério, que<br />
é a intolerância e a discriminação<br />
nessa terra <strong>de</strong> <strong>de</strong>serdados, nessa<br />
ilha <strong>de</strong> silêncio.<br />
Você verá como junto a outras<br />
pessoas fica mais tolerável cami-<br />
nhar pelas imagens <strong>de</strong> opressão<br />
que povoam os subúrbios <strong>de</strong> nos-<br />
sas mentes. Nós todos não esta-<br />
mos gostando das coisas como es-<br />
tão.<br />
Querendo mais, seja ativista.<br />
Venha, temos muita ação e esta-<br />
mos apenas começando, conta-<br />
mos com suas idéias.<br />
Se você sofreu ou está sofren-<br />
do algum tipo <strong>de</strong> discriminação,<br />
venha, e se acha que a discrimina-<br />
ção não é problema, que não exis-<br />
te, que o problema é social e eco-<br />
nômico, venha também. Muitos<br />
são os caminhos para acabar com<br />
a opressão.<br />
Precisamos <strong>de</strong> muitas crian-<br />
ças, velhos, donas-sem-casa,<br />
donas-<strong>de</strong>-casa, garçãos, soldados,<br />
motoristas, bancários, mães-<strong>de</strong>-<br />
santo, pastores, terapeutas, psicó-<br />
logos, assistentes sociais, advoga-<br />
dos, todos em geral sem<br />
discriminações. Não se <strong>de</strong>ixe cair<br />
nas armadilhas do racismo. Antes<br />
<strong>de</strong> tudo você <strong>de</strong>ve se <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r bem<br />
como os que estão à sua volta.<br />
Basta <strong>de</strong> covardia!!!<br />
Você po<strong>de</strong> se tornar agente po-<br />
pular <strong>de</strong> justiça on<strong>de</strong> quer que se<br />
encontre. Juntos po<strong>de</strong>mos trilhar<br />
um belo caminho para o resgate<br />
<strong>de</strong> nossa dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser huma-<br />
no.<br />
Po<strong>de</strong> chegar, junte-se a nós, as<br />
portas estão abertas, entre sem<br />
bater.<br />
Ligue para SOS — RACISMO<br />
TELEFONE (021) 252-6683<br />
JOÃO MARCOS AURORE<br />
RAMÃO<br />
IPCN — DIREITOS HUMANOS<br />
E CIVIS