15.04.2013 Views

24 de Setembro - Post Milenio

24 de Setembro - Post Milenio

24 de Setembro - Post Milenio

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

20 De <strong>24</strong> a 30 <strong>de</strong> <strong>Setembro</strong> <strong>de</strong> 2010 Stadium Suplemento Desportivo<br />

Editorial Desportivo<br />

Benfica, vence... e convence!<br />

Estive mais uma vez no Estádio da Luz.<br />

Como foi agradável ver um jogo <strong>de</strong><br />

futebol com uma dimensão extraordinária,<br />

com um estádio a acusar a presença<br />

<strong>de</strong> 52 mil pessoas (50 mil do<br />

Benfica, 2 mil do Sporting), a “incendiarem”<br />

um evento <strong>de</strong>sportivo, sem a barulheira<br />

das vuvuzelas. Mas, no entanto, com<br />

um gritar constante que abanava o mais<br />

moribundo dos seres humanos ali presentes.<br />

Se me perguntarem se houve alguma dúvida sobre o<br />

mérito do triunfo benfiquista, que os a<strong>de</strong>ptos do clube<br />

encarnado fiquem <strong>de</strong>scansados pois o SLB ganhou com<br />

toda a justiça. Se me perguntarem como é que o Sporting<br />

per<strong>de</strong>u. Direi que não percebo nada <strong>de</strong> futebol. Que<br />

quem sabe são os técnicos. Eles é que têm os livros. E eu,<br />

nas minhas quatro décadas como comentador <strong>de</strong>sportivo,<br />

cada vez percebo menos das justificações. Senão,<br />

vejam só o que disse Paulo Sérgio após a <strong>de</strong>rrota:<br />

“O treinador do Sporting afirmou que a sua equipa<br />

“teve postura”, mas faltou-lhe “personalida<strong>de</strong> para trabalhar<br />

bem a bola” no jogo em que per<strong>de</strong>u por 2-0 com<br />

o Benfica, na quinta jornada da Liga <strong>de</strong> futebol.<br />

Paulo Sérgio consi<strong>de</strong>rou “justa a vitória do Benfica”,<br />

porque “marcou golos” no Estádio da Luz, e sublinhou<br />

que o Sporting <strong>de</strong>via ter sido uma “equipa mais incisiva<br />

e ter mais profundida<strong>de</strong> a tirar a bola do primeiro para o<br />

segundo corredor”.<br />

Discordando da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o Benfica foi superior,<br />

o responsável técnico do Sporting salientou que o jogo<br />

“foi equilibrado” e que a sua equipa cometeu o “erro” <strong>de</strong><br />

conce<strong>de</strong>r “muito espaço no corredor central e ter muitos<br />

passes transviados”.<br />

“O Benfica aproveitou isso”, disse, acrescentando<br />

que o adversário “teve três ou quatro oportunida<strong>de</strong>s,<br />

assim como o Sporting”.<br />

No enten<strong>de</strong>r <strong>de</strong> Paulo Sérgio, o Sporting teve algumas<br />

falhas <strong>de</strong>fensivas, nomeadamente nos lances dos<br />

dois golos do Benfica, marcados por Cardozo.<br />

“Falhámos. É óbvio que erros dão golos. No primeiro<br />

golo, <strong>de</strong>víamos ser mais rápidos a reagir. O ressalto permitiu<br />

a recarga e, <strong>de</strong>pois, no segundo golo fomos ingénuos”,<br />

afirmou, sublinhando a “elevada estatura dos<br />

jogadores do Benfica”.<br />

Por esse facto, Paulo Sérgio admitiu ter hesitado “na<br />

escolha do onze inicial”, optando por “colocar jogadores<br />

mais altos <strong>de</strong> início”.<br />

“Sou capaz <strong>de</strong> encontrar erros nas minhas <strong>de</strong>cisões”,<br />

reconheceu, referindo que o árbitro Carlos Xistra “também<br />

errou”, mas que “não foi por ele que o Sporting<br />

Alexandre R. Franco<br />

Director<br />

per<strong>de</strong>u”.”<br />

Será que dá para enten<strong>de</strong>r? No meio <strong>de</strong> tantas concordâncias<br />

negativas, discorda da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que o Benfica<br />

foi superior. Pois, Sr. Paulo Sérgio, 52 mil pessoas não<br />

tiveram a menor dúvida. A vitória do Benfica é justa<br />

porque marcou golos. Por favor! Mas a pior <strong>de</strong> todas é:<br />

“Faltou personalida<strong>de</strong> para trabalhar bem a bola!” Mas<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> quando é que se trabalha bem a bola com personalida<strong>de</strong>?<br />

O Benfica mostrou que é uma gran<strong>de</strong> equipa e que<br />

está a aproximar-se da classe que na última temporada o<br />

levou a conquistar o título.<br />

O Sporting, não dá para compreen<strong>de</strong>r. Ainda hoje<br />

recordo os tempos em que as equipas não podiam fazer<br />

substituições. Jogava-se com um “onze” e, acontecesse<br />

lá o que acontecesse, substituições... zip! Não é que seja<br />

solução para a equipa do Sporting, mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> mudar<br />

90% da equipa contra o Lille, <strong>de</strong> ter a prova <strong>de</strong> que resultou.<br />

Jogou bem, ganhou... (e o amigo leitor conhece bem<br />

o velho ditado: Em equipa que ganha não se mexe!) o Sr.<br />

Paulo Sérgio voltou à sua “querida” equipa que tinha<br />

empatado em “casa” contra o Olhanense, querendo<br />

provar o quê?<br />

Parabéns, Benfica!<br />

Adorei estar no “Inferno da Luz!”.<br />

A luta do Sporting para continuar gran<strong>de</strong><br />

Entre o <strong>de</strong>rby, os últimos 30 anos e os próximos 30<br />

Odrama do Sporting<br />

na Luz foi ter tido<br />

quase sempre a<br />

bola e quase nunca ter<br />

sabido o que lhe fazer.<br />

Acontece? Sim, mas<br />

muito raramente.<br />

Se o Benfica achasse que tinha<br />

pela frente um adversário inferior,<br />

como lhe suce<strong>de</strong> em gran<strong>de</strong> parte<br />

das vezes que recebe alguém, teria<br />

querido a bola para si. Assumiria<br />

claramente o jogo e abriria<br />

espaços que lhe po<strong>de</strong>riam ser<br />

fatais - veja-se os jogos com<br />

Académica e Nacional, para<br />

<strong>de</strong>ixar a polémica partida <strong>de</strong><br />

Guimarães fora da discussão.<br />

Acontece que a História e as<br />

camisolas ainda pesam o seu<br />

bocado, pelo que Jorge Jesus foi<br />

mais contido na abordagem ao<br />

jogo. E mais contido ficou quando<br />

se viu a ganhar quase ao início.<br />

A partir do primeiro golo <strong>de</strong><br />

Cardozo ficou claro que cabia ao<br />

Sporting ter a bola e atacar. Os<br />

homens <strong>de</strong> Paulo Sérgio tentaram,<br />

mas não conseguiram passar dos<br />

ro<strong>de</strong>ios.<br />

Chegou a ser confrangedora a<br />

forma como o Sporting tentava<br />

construir o seu futebol. Incrível é<br />

que no final tenha havido<br />

jogadores (e treinador) a falar em<br />

equilíbrio, em «bom jogo» e,<br />

pasme-se!, em quase tantas oportunida<strong>de</strong>s<br />

como teve o Benfica. É<br />

uma questão <strong>de</strong> matemática,<br />

escusamos <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r muito tempo<br />

com ela.<br />

Para os sportinguistas, a triste<br />

verda<strong>de</strong> é que o fosso para<br />

Benfica e Porto, enquanto equipas<br />

<strong>de</strong> referência do futebol português<br />

e europeu, aumenta drasticamente.<br />

As finanças e o mercado<br />

explicarão gran<strong>de</strong> parte do fenómeno,<br />

mas não todo.<br />

O número <strong>de</strong> vitórias do<br />

Sporting em casa dos dois maiores<br />

rivais, nos últimos 20 anos, é<br />

dramático. Sobretudo quando<br />

comparado com o número <strong>de</strong><br />

vitórias dos adversários em<br />

Alvala<strong>de</strong>.<br />

Ano após ano, com as gloriosas<br />

excepções <strong>de</strong> 2000 e 2002,<br />

os leões caminham para se tornar<br />

num oponente sempre temível, é<br />

certo, mas cada vez mais <strong>de</strong> outro<br />

campeonato. Cada vez mais<br />

Braga, Guimarães, Marítimo,<br />

Nacional - donos <strong>de</strong>sses campos<br />

on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> esperar sofrer uma<br />

<strong>de</strong>rrota a qualquer momento, mas<br />

que não assumem os confrontos<br />

em plano <strong>de</strong> estrita igualda<strong>de</strong>.<br />

Nesta conjuntura, teria sido<br />

uma sorte para o Sporting o<br />

Benfica assumir o jogo do último<br />

domingo na perspectiva <strong>de</strong> claro<br />

favorito. Conce<strong>de</strong>ria os tais<br />

espaços, e aí outros caminhos<br />

po<strong>de</strong>riam ter sido explorados<br />

pelos leões.<br />

Assim, ficaram a nu não só as<br />

<strong>de</strong>ficiências da equipa (que o<br />

Benfica também tem), mas acima<br />

<strong>de</strong> tudo o fosso <strong>de</strong> capital simbólico<br />

que se vai cavando entre os<br />

dois maiores emblemas <strong>de</strong> Lisboa.<br />

Não foi por acaso que o FC Porto<br />

elegeu, há muitos anos, o adversário<br />

principal.<br />

O maior dilema do Sporting,<br />

entalado entre um clube muito<br />

mais popular e outro muito mais<br />

ganhador, é escolher o caminho:<br />

continuar a justificar, no campo e<br />

nas tabelas classificativas, o seu<br />

estatuto <strong>de</strong> realmente gran<strong>de</strong> ou<br />

assumir que a realida<strong>de</strong> não dá<br />

para tanto e continuar a per<strong>de</strong>r<br />

influência durante mais 30 anos, o<br />

que a juntar aos últimos 30 terá<br />

efeitos bem relevantes.<br />

Enquanto os benfiquistas<br />

ainda forem zombando dos<br />

sportinguistas <strong>de</strong>pois das suas<br />

vitórias em <strong>de</strong>rbies o status quo<br />

vai-se aguentando.<br />

Mas já faltou mais para isso se<br />

tornar uma reminiscência histórico-social,<br />

que como todas essas<br />

reminiscências acaba por morrer<br />

com o tempo e ficar confinada a<br />

um nicho <strong>de</strong> tradição, ao jeito da<br />

tourada <strong>de</strong> morte em Barrancos ou<br />

da agricultura sem produtos<br />

químicos.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!