Racionalismo Cristão
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Capa<br />
Prática do<br />
<strong>Racionalismo</strong><br />
<strong>Cristão</strong><br />
12ª edição<br />
1989<br />
ÍNDICE<br />
RACIONALISMO CRISTÃO...................................................................4<br />
INTRODUÇÃO ........................................................................................5<br />
O QUE É O CENTRO REDENTOR ......................................................12<br />
LUIZ DE MATTOS, FUNDADOR DO RACIONALISMO CRISTÃO..16<br />
LUIZ ALVES THOMAZ ........................................................................20<br />
PADRE ANTÔNIO VIEIRA...................................................................24<br />
ANTONIO DO NASCIMENTO COTTAS .............................................30<br />
PRIMEIRA PARTE............................................................................. 33<br />
LIMPEZA PSÍQUICA.............................................................................34<br />
LIMPEZA PSÍQUICA NO LAR .............................................................36<br />
Irradiações...........................................................................................38<br />
Água fluídica preparada no lar ............................................................38<br />
CAPÍTULO I – A OBSESSÃO ...............................................................40<br />
CAPÍTULO II – A DESOBSESSÃO.......................................................47<br />
Normalização de obsedados onde não existirem Filiados ou<br />
Correspondentes do Centro Redentor..................................................49<br />
CAPÍTULO III – MEDIUNIDADE E MÉDIUNS...................................56<br />
CAPÍTULO IV – MISTIFICAÇÕES.......................................................69<br />
CAPÍTULO V – CORRESPONDENTES (INÍCIO DE UMA CASA<br />
RACIONALISTA) ..................................................................................72<br />
SEGUNDA PARTE.............................................................................. 77<br />
CAPÍTULO VI – NORMAS E ORIENTAÇÕES....................................78<br />
CAPÍTULO VII – OBSERVAÇÕES GERAIS........................................84<br />
CAPÍTULO VIII – INSTRUÇÕES DISCIPLINARES ............................93<br />
Compete aos presidentes .....................................................................93<br />
Compete aos diretores .........................................................................93<br />
Compete aos auxiliares da assistência.................................................93<br />
Compete aos médiuns .........................................................................94<br />
Compete aos esteios ............................................................................96
CAPÍTULO IX – CONVENÇÕES REGIMENTAIS ..............................97<br />
Irradiações...........................................................................................97<br />
Sinais:..................................................................................................98<br />
Sacudimento:.......................................................................................99<br />
Explicações ao público......................................................................100<br />
Fluidificação da água ........................................................................102<br />
Limpeza psíquica ..............................................................................102<br />
CAPÍTULO X - SESSÕES....................................................................106<br />
Sessões públicas................................................................................106<br />
Organização das sessões públicas .....................................................111<br />
Corrente fluídica ...............................................................................113<br />
Meia-corrente ....................................................................................113<br />
Disciplina nas sessões públicas.........................................................115<br />
Sessões particulares...........................................................................121<br />
A) De Desdobramento - às terças e quintas-feiras, à noite. ...........121<br />
B) Doutrinação às quintas-feiras - realizada, somente, na Casa-Chefe.<br />
......................................................................................................126<br />
C) Segundo sábado pela manhã ....................................................126<br />
D) Segundo sábado de cada mês ...................................................130<br />
E) Na Casa Chefe:.........................................................................133<br />
CONCLUSÃO ......................................................................................135<br />
RACIONALISMO CRISTÃO<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> expressa, neste título, a conjugação de duas<br />
práticas sublimadas. <strong>Racionalismo</strong> é palavra ligada ao procedimento<br />
dentro do raciocínio e da razão. Temos de buscar a razão ou a justiça na<br />
ação do raciocínio ou do pensamento bem orientado.<br />
O raciocínio, trabalhado com profundidade e apuro, é iluminativo,<br />
quando elevado, e o seu uso criteriosamente esmerado é uma prática que<br />
nos conduz a conclusões lógicas, dentro da Verdade. O raciocínio lógico<br />
descobre as dolosas maquinações engendradas pelos prevaricadores.<br />
Raciocinar com consciência é promover bases sólidas para alcançar as<br />
convicções verdadeiras, é desvendar, é encontrar o que se procura no<br />
emaranhado das idéias. A palavra "<strong>Cristão</strong>", associada a "<strong>Racionalismo</strong>",<br />
completa o sentido revelador da Doutrina. Jesus expressou-se<br />
racionalmente, e a sua Doutrina é ensinada no Centro Redentor e suas<br />
Filiais. Ser <strong>Cristão</strong> e Racionalista é viver a vida terrena sob normas<br />
espiritualistas do mais alto padrão; é saber preparar o espírito para a vida<br />
presente e futura, e não para apresentar-se numa ou noutra como<br />
transgressor ou faltoso, mas como um ser esclarecido, consciente do seu<br />
estado e das suas condições espirituais.<br />
4
INTRODUÇÃO<br />
Este livro, dedicado aos militantes do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, é a<br />
parte prática da Doutrina apresentada dentro de um critério disciplinado e<br />
uniforme. Destina-se, pois, àqueles que já conhecem os seus ensinamentos<br />
e compreendem a sua verdadeira finalidade.<br />
Somente os que estudaram o conteúdo das demais obras racionalistas<br />
cristãs e absorveram, com proveito, os ensinos contidos nessas obras,<br />
estão em condições de compreender a parte prática da Doutrina e dar-lhe o<br />
devido valor.<br />
Aqueles que a analisaram sob este aspecto prático, antes de inteirarse<br />
do seu sentido eminentemente espiritualista, estabeleceram confusões<br />
que os levaram a tirar conclusões menos exatas da sua essência.<br />
Hoje, com a edição desta obra, foi reparada a inconveniência<br />
apontada. A obra básica, <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, contém o espírito da<br />
Doutrina, em suas características fundamentais. Nela o estudioso define a<br />
sua posição. Se não estiver suficientemente maduro para sentir o desejo de<br />
firmar-se nesta Corrente Espiritualista, escusa-se de entrar em outros<br />
pormenores.<br />
Não resta a menor dúvida de que estão em evolução, na Terra,<br />
espíritos de várias classes ou planos; portanto, a capacidade de absorver<br />
assuntos espirituais varia, de acordo com essas classes.<br />
Estão nesse caso, para exemplificar, os que obstinadamente repelem<br />
o conceito das reencarnações. A lógica deste conceito tem um grande<br />
poder de convicção para quem possua a capacidade espiritual de penetrar<br />
no âmago da sua razão de ser.<br />
No entanto, os que conservam a mente fechada a essa realidade têm<br />
o campo visual da espiritualidade sumamente restrito e são incapazes de<br />
aceitar outro conceito que não seja o de que se encontram saturados. É<br />
uma situação, de fato, difícil de ser alterada, pelo menos em curto prazo.<br />
Assim, os que não podem aceitar o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> estão<br />
coerentes com o seu estado e precisam passar por experiências que outros<br />
passaram, aprendendo lições ainda não absorvidas e livrando-se de<br />
concepções materialistas ou de limitações terrenas que lhes foram<br />
5<br />
marteladas no espírito, em encarnações seguidas. Isso só se dará com o<br />
correr do tempo, com as viagens contínuas, de ida e volta, entre a Terra e o<br />
plano astral.<br />
Entregar, pois, um livro destes a quem não está em condições de o<br />
receber, é praticar um desperdício, embora a sua difusão não seja limitada<br />
aos seres esclarecidos sobre os problemas fundamentais da vida, como os<br />
que exercem funções nas Casas Racionalistas Cristãs; ele interessa a todos<br />
os que quiserem estudar, com seriedade, a vida fora da matéria.<br />
Não há aqui a pretensão de esconder um conhecimento e torná-lo<br />
secreto, pois no <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> nada se oculta. A Verdade é<br />
explanada com franqueza, sem subterfúgios, meios-termos ou evasivas.<br />
Por isso, os que preferem viver de promessas ilusórias, sem querer<br />
enfrentar os rigores da realidade, não se acomodam com a dureza de<br />
verem desvendadas, pela iluminação interior, as infrações que cometem no<br />
trato comum do viver cotidiano.<br />
Não se afirma também ser o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> detentor exclusivo<br />
da Verdade. Esta está por aí, ao alcance de todos. Busquem-na os que se<br />
empenharem em encontrá-la, sabendo raciocinar. O ser humano possui<br />
livre-arbítrio, e tem o poder do raciocínio. No <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong><br />
estimula-se o desenvolvimento desse poder e do propósito de fazer-se dele<br />
bom e acertado uso. Não se quer nada forçado, nada que contrarie o que<br />
determinam as leis naturais e imutáveis que definem o Poder Universal.<br />
Muitos são os que não se filiam ao <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, para poder<br />
continuar alimentando certos vícios que reputam de pequena expressão,<br />
com o que revelam vontade fraca, apego a sensações terrenas,<br />
insensibilidade ao desperdício, descaso pela associação aos espíritos do<br />
astral inferior, e negatividade para as funções espirituais.<br />
Esses hão de voltar, mais tarde, a renovar o mesmo curso, no correr<br />
dos séculos, quando, por alto preço pago com sofrimento, todos os índices<br />
negativos terão de desaparecer. Ninguém se deve aborrecer por não poder<br />
reformar o mundo com a força de uma rajada. Cada qual é responsável<br />
pelos próprios atos e pelo resgatar dos seus débitos, à sua custa exclusiva.<br />
Nesse período de prestação de contas, o mundo é radicalmente surdo às<br />
suas lamentações.<br />
6
Só o conhecimento da Verdade libertará os homens das algemas do<br />
materialismo entorpecente. E não se diga que a Terra não oferece os meios<br />
de conhecê-la. Pelo contrário, aqui, neste laboratório psíquico, é que todos<br />
terão de encontrar o verdadeiro caminho, que é o da evolução.<br />
A essa rota chegam os que confiam em si mesmos como<br />
componentes da Força Inteligente que governa o Universo. Aqueles que<br />
vêem no princípio básico da espiritualidade o rumo iluminado da ascensão<br />
a planos mais elevados, sabem que a vida é eterna, que a evolução se<br />
processa em encarnações sucessivas e que tanto mais será apressado o<br />
progresso individual, quanto mais rápido for o desligamento dos atrativos<br />
materiais e terrenos, substituídos pelo prazer do dever cumprido, pela<br />
alegria de proporcionar felicidade, pela satisfação de sentir-se útil, pela<br />
paz interior que deriva da exata compreensão do que lhe cabe fazer na<br />
posição que ocupa no seio da coletividade.<br />
A evolução pode processar-se, lentamente, à custa de doloroso<br />
resgate de débitos morais produzidos, incessantemente, num percurso de<br />
milhares de anos, em que se renovam centenas e centenas de encarnações,<br />
umas perdidas e outras mal aproveitadas, ou mais depressa, evitando-se a<br />
prática de erros.<br />
No primeiro caso evidencia-se a falta de critério, quando o indivíduo<br />
se deixa vencer pelos gozos terrenos, entregando-se ao vício de comer<br />
abusivamente, de beber, de fumar, de luxar, com o que passa a ser<br />
influenciado por forças afins do astral inferior. Neste estado, fica<br />
envolvido por uma vibração sensualista, dentro da qual reflete toda a sua<br />
natureza adulterada ou degenerada.<br />
Em tais condições mórbidas, pode o indivíduo encarnar e<br />
desencarnar, sucessivamente, milhares de vezes, sempre marcando passo<br />
na escala da evolução. Conhece, nessa trajetória multimilenária, a loucura,<br />
a delinqüência, o crime, o suicídio, a miséria, a escravatura, a humilhação,<br />
o desprezo, a revolta, a fome e demais formas de sofrimento físico, moral<br />
e espiritual.<br />
Um dia, porém, o espírito, cansado de tanto sofrimento, de tantos<br />
erros procura raciocinar sobre as misérias terrenas. É quando ligeira<br />
aragem espiritual principia a manifestar-se. Sempre que o ser se inclinar<br />
7<br />
para as idéias e sentimentos morais elevados, novas oportunidades vão-selhe<br />
apresentando para progredir espiritualmente.<br />
Entretanto, somente quando ele começa a sentir que a sua evolução<br />
pode seguir um curso mais apressado, é que se dispõe, com firmeza, a<br />
abolir os erros praticados conscientemente.<br />
Jesus recomendava que se examinassem todas as coisas e se retivesse<br />
o que fosse bom, isto é, o que fosse verdadeiro e útil. Essas palavras vão<br />
de encontro às que proíbem leituras morais divergentes das sectáricas, ou<br />
delas se esquiva o leitor. O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> vem, com o apoio nas<br />
lições do Astral Superior, afirmando a verdade sobre a lei das<br />
reencarnações e o nulo efeito dos perdões. É pena que para essa verdade<br />
tantos se obstinem em fechar os olhos.<br />
Uma vez chegados à convicção, pela iluminação espiritual, de que os<br />
erros têm de ser resgatados por quem os pratica, custe o que custar, leve o<br />
resgate o tempo que levar, sem nenhuma possibilidade de serem<br />
perdoados ou anulados, então um novo critério passará a ser adotado.<br />
Não havendo erros a resgatar, (ou quando estes são mínimos) os<br />
sofrimentos quase desaparecem, os bons hábitos tomam o lugar dos maus,<br />
as correntes brancas do bem afastam os espíritos do astral inferior, começa<br />
a haver mais saúde e tranqüilidade, os negócios prosperam, a amizade no<br />
meio social floresce e a vida se transforma.<br />
São considerados erros os atos que contrariem as leis naturais, e<br />
entre eles, a alimentação de vícios de qualquer espécie e tudo quanto seja<br />
cometido em prejuízo próprio ou do próximo: as ações denunciadoras da<br />
falta de caráter; as fraquezas morais, o desperdício, a leviandade, a<br />
luxúria, a indolência, a vingança, a mentira, a infidelidade, a traição, a<br />
mistificação, as apropriações indébitas, as injustiças e outras práticas<br />
idênticas.<br />
Deve, pois, considerar-se a vantagem de ser processada a evolução<br />
por um caminho mais curto, evitando tanto quanto possível, as longas e<br />
desnecessárias caminhadas que acarretem sofrimentos inúteis. É esta,<br />
aliás, a orientação que os ensinamentos do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> a todos<br />
proporcionam, e só fecham os olhos para eles os que realmente estiverem<br />
incapacitados de os apreender, seja pelo estado mental, pelo fanatismo,<br />
8
pela inconformação de deixarem velhas crenças, hábitos e costumes, ou<br />
pela falta de sinceridade e de espírito de renúncia.<br />
É certo que o sectarismo religioso também condena os erros<br />
apontados. O mal está, no entanto, em serem os sectários pedintes<br />
obstinados e esmoleiros inveterados; em fazer campanhas ostensivas de<br />
angariação de dinheiro, tomando-o, por opressão moral, sem se limitarem<br />
ao círculo dos prosélitos; o mal está em apresentarem ao mundo um deus<br />
materializado, sem onisciência; em admitir o perdão para os erros<br />
cometidos, mesmo quando tenham redundado em graves prejuízos morais<br />
e físicos para terceiros; em desconhecerem o que se passa depois da<br />
desencarnação, limitando-se a fantasiar acanhados conceitos lendários, de<br />
nenhuma realidade, quando, na época que atravessamos, já não há mais<br />
barreira intransponível entre esta e a outra vida; em se recusarem a aceitar<br />
a verdade sobre as reencarnações, pela completa ignorância do processo<br />
evolutivo universal; em incutirem idéias falsas de inferno, de céu<br />
paradisíaco, de condenação eterna, ridicularizando, deste modo a Justiça<br />
emanada das leis espirituais; em fecharem o raciocínio ao cenário da vida,<br />
que apresenta à reflexão cegos e loucos, aleijados e maltrapilhos, ao lado<br />
de ricos e sábios, poderosos e sadios, sem atentar para a evidência das<br />
culpas e responsabilidades, do mérito e dos acervos espirituais, tudo isso<br />
também porque apreciam a vida no curto e limitado espaço de uma<br />
existência terrena efêmera, quando ela tem de ser considerada através de<br />
numerosas reencarnações, uma vez que os fatos da existência presente<br />
estão diretamente ligados ou associados aos das vidas anteriores.<br />
Assim se pode compreender porque não convém entregar um livro<br />
destes a um sectário. A sua concepção de vida está formada sob um outro<br />
aspecto. Ele encontra-se viajando por um caminho sinuoso, e este, apesar<br />
disso, mais lhe agrada; ele também chegará à meta final, muito embora<br />
isso possa levar séculos incontáveis e encarnações saturadas de dor.<br />
Por mais renitente e irredutível que seja o ser humano em aceitar a<br />
sua verdadeira condição espiritual, chegará o dia do enfartamento dos<br />
prazeres ilusórios da vida material. Isto porque não há condenação eterna.<br />
Todos terão a sua oportunidade e, enquanto ela não for aproveitada,<br />
voltará a apresentar-se, intermitentemente, em outras vidas, cada vez se<br />
situando em níveis mais acessíveis ao seu descobrimento, que é facilitado<br />
9<br />
pela insuficiência de meios, de reservas, de modo que o sofrimento,<br />
sempre próximo, esteja pronto a manifestar-se.<br />
Diante de tais perspectivas, não deixa de ser uma aventura possuir o<br />
indivíduo condições espirituais para sentir o que este livro encerra, e<br />
encontrar nele um caminho para as suas realizações, na prática dos<br />
princípios doutrinários. O objetivo alcançado será a disposição firme de<br />
pautar os atos da vida, em todas as ocasiões, pelos ensinos revelados pelo<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, na certeza de que está correspondendo a elevados<br />
compromissos.<br />
Podem os seres perdoar-se mutuamente ou, melhor dizendo,<br />
desculpar as ofensas recebidas, no sentido de não alimentarem ódio,<br />
malquerença ou sentimento de vingança contra quem lhes tenha sido<br />
ingrato ou maldoso, mas esse perdão, sinônimo de desculpa, nada tem a<br />
ver com o ato falso de dizer-se a alguém, mediante rezas e donativos, que<br />
"os seus pecados (os erros) estão perdoados".<br />
Quem acreditar nessa enganosa afirmação está sendo iludido,<br />
desviado do caminho da verdade e, mais dia menos dia, sofrerá as<br />
conseqüências, sempre desastrosas para a sua existência espiritual. O<br />
delinqüente que com dinheiro ou rezas pensa haver liquidado o seu débito<br />
para com o Poder-Justiça, fiado em vã promessa, feita levianamente,<br />
compartilha com o seu perdoador na responsabilidade do erro em que<br />
ambos ficaram envolvidos.<br />
Apontando falhas dessa gravidade, o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> procura<br />
esclarecer as criaturas, sem o menor interesse, porque nada quer de<br />
ninguém; age, apenas, com o intuito de beneficiar os seres de boa-vontade,<br />
cumprindo os verdadeiros preceitos cristãos, sem esperar, com isso,<br />
receber recompensas ou agradecimentos. O lema de fazer o bem sem olhar<br />
a quem faz parte do Código de Princípios desta Doutrina.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> sugere, para todas as ocasiões, o uso da<br />
simplicidade; um uso natural e espontâneo, sem a menor afetação. O uso<br />
traz o hábito, e este se torna uma segunda natureza. A simplicidade não<br />
deve ser só na aparência, mas, principalmente, na formação interior que<br />
conduz à humildade, fator indispensável ao crescimento espiritual. Tanto a<br />
simplicidade como a humildade expressam um verdadeiro conhecimento<br />
da grandiosidade da Vida, que a inteligência humana não consegue<br />
10
devassar, mas tão-somente sentir, e assim mesmo de modo vago. O ser<br />
humano, esclarecido, só pode admitir a simplicidade e a humildade como<br />
molde para o seu viver.<br />
Ser simples não é andar mal vestido e desalinhado; não é usar de<br />
falsa modéstia; não é ser retraído e tímido. Ser simples é não se envaidecer<br />
pelo que tem ou conhece; é saber humanizar-se com os que honradamente<br />
trabalham e produzem; é demonstrar identificação com a coletividade e<br />
confraternizar-se com os seus problemas. Assim também ser humilde não<br />
é sujeitar-se a humilhações; não é permitir que o ofendam ou deprimam;<br />
não é genuflectir-se diante de quem quer que seja. Ser humilde é não<br />
querer aparecer através de seus feitos; é conservar-se anônimo na<br />
distribuição de benefícios; é saber sujeitar-se, sem mágoas, aos atos de<br />
renúncia.<br />
Eis o que explana o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> e, notadamente, o que<br />
revela este livro, em que está expresso o sentido prático da Doutrina. Os<br />
auxiliares das Casas Racionalistas Cristãs precisam compulsá-lo,<br />
amiudamente, em favor da harmonização e regularidade da disciplina das<br />
sessões. Quanto mais uniforme for essa disciplina, tanto melhor será<br />
servida a Causa. E, neste particular, o desejo de todos os servidores do<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> deve ser um só: — Renovar, a cada passo, os seus<br />
esforços para cumprirem, cada vez melhor, os seus honrosos encargos.<br />
11<br />
O QUE É O CENTRO REDENTOR<br />
O Centro Redentor é a Casa do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>. Assim como<br />
no ser humano o espírito tem o seu corpo físico, esta Doutrina também o<br />
tem, que é a sua sede material, uma Casa apropriada para a divulgação dos<br />
seus ensinos.<br />
A palavra Redentor dá sentido de libertação, pois, na realidade, é a<br />
Verdade que faz os homens livres, espiritualmente, e no Centro Redentor<br />
somente se expõe a Verdade.<br />
É onde estão centralizadas as atividades espiritualistas cristãs, e de<br />
onde elas são irradiadas à distância, sob a orientação do Astral Superior.<br />
A sede central, na cidade do Rio de Janeiro, projeta a sua influência<br />
sobre todos os países, cabendo às Casas Filiais, não só cuidar da sua área<br />
regional, como participar, astralmente, do movimento geral.<br />
Para os Espíritos do Astral Superior, distâncias não constituem<br />
obstáculos, pois podem, de qualquer ponto do planeta, observar, por<br />
clarividência, o que se passa em outro, e transportar-se para lá em um<br />
instante, se as circunstâncias assim o exigirem.<br />
A velocidade da luz é da ordem de trezentos mil quilômetros por<br />
segundo, o que permite a uma partícula de luz dar cerca de oito voltas em<br />
redor do mundo em um segundo. Se uma partícula de luz pode dispor<br />
dessa velocidade, é evidente que também o pode um Espírito de Luz<br />
Astral Superior.<br />
Isto serve para demonstrar que os Centros Redentor, disseminados<br />
pelo Brasil e o estrangeiro, podem estar situados a qualquer distância um<br />
do outro, que tal fato não constitui para o Astral Superior o menor<br />
obstáculo para que um Espírito de Luz compareça num e noutro quase no<br />
mesmo instante.<br />
O Centro Redentor é, assim, o edifício em que estão centralizadas as<br />
atividades libertadoras do espírito quanto aos meios de despojar-se o ser<br />
humano de crendices avassaladoras que atrofiam os valores espirituais e<br />
impedem de se ver a Verdade com os olhos da alma.<br />
Os que nele ingressam encontram ambiente acolhedor de paz e<br />
tranqüilidade. Durante as Sessões, trabalham os Espíritos dirigentes do<br />
12
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> em prol da evolução do mundo. Assim procedem<br />
para a normalização do estado psíquico das almas angustiadas, torturadas<br />
pelo sofrimento da vida, e para a higienização do ambiente terráqueo, em<br />
que pululam milhares de milhões de espíritos perturbados.<br />
Tudo ali é conduzido de modo a distribuir benefícios, a melhorar as<br />
condições físicas, morais e espirituais com o esclarecimento que difunde.<br />
É uma Casa que faz as vezes de laboratório psíquico, de educandário e de<br />
templo, no bom sentido. O Centro Redentor é, por isso, uma Casa de<br />
grande respeito, de sentido altruístico e de incentivo à prática da<br />
confraternização.<br />
Pelo fato de ser "Centro", não há que se confundir com centro de<br />
confabulação espírita, que é coisa diferente. É Centro porque centraliza,<br />
porque é lugar de convergência de atividades específicas que promovem a<br />
cultura espiritual, assim como, simplesmente, há Centros Culturais.<br />
Os Centros Redentor têm uma constituição apropriada: são<br />
constituídos em obediência a preceitos disciplinares, e prestam-se,<br />
unicamente, às atividades regimentais, não lhes sendo dada qualquer outra<br />
aplicação. No entanto, franqueiam-se ao povo de todas as classes sociais,<br />
de todos os credos religiosos, de todas as cores políticas, para o exame da<br />
Doutrina.<br />
Em horas preestabelecidas são nele recebidos, fraternalmente, com<br />
sentido cristão, todos os que desejarem conhecer o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong><br />
para a sua orientação pessoal e ilustração espiritual. Não há caixas para<br />
esmolas nem sacolas para espórtulas, e não se convida ninguém para ser<br />
sócio da Organização.<br />
Os Centros Redentor têm, em sua maioria, sedes próprias e os seus<br />
edifícios são erguidos e se mantêm sem se pedir nada a ninguém. A<br />
direção material e espiritual da Doutrina e a sua difusão são problemas do<br />
Astral Superior. Os discípulos apenas cumprem as suas obrigações<br />
terrenas, fiéis à disciplina da Casa, e deste modo prestam aos Espíritos<br />
Superiores o concurso que eles esperam de cada um.<br />
Sempre que se torne necessário levantar a sede de uma Filial, erguese<br />
o edifício em tempo oportuno, sem alarde, sem propaganda, sem festas<br />
para arrecadação de fundos. Os Centros Redentor, ao serem construídos,<br />
obedecem a um plano de higienização e conforto, de solidez e<br />
13<br />
simplicidade. São Casas que, com o correr dos trabalhos e do tempo, se<br />
vão tornando cada vez mais imanizadas pelas irradiações do bem, do<br />
Amor <strong>Cristão</strong>, da fortaleza espiritual. Por isso elas têm um único fim, que<br />
é justamente o que se lhes dá.<br />
Assim se compreende a razão pela qual não se fazem festas nos seus<br />
salões, nem se permite que organizações estranhas se sirvam de suas<br />
instalações para quaisquer fins. A corrente Racionalista Cristã tem de ser<br />
mantida intacta, sem interferências. Com este cuidado, prestam-se os<br />
Centros Redentor a distribuir maiores benefícios à coletividade, os<br />
auxiliares da Casa cumprem, com seriedade e desprendimento, os seus<br />
deveres, e o Astral Superior mantém a disciplina astral com toda a<br />
segurança.<br />
Além de o edifício chamar-se Centro Redentor, pelos motivos<br />
revelados, ainda se pode assinalar a sua perfeita adaptabilidade aos<br />
ditames da Doutrina. Toda a disposição interna obedece a princípios que<br />
correspondem exatamente às necessidades do serviço.<br />
O Centro Redentor é, pois, uma casa que mantém, desde o início, a<br />
sua tradição espiritualista, servindo ao <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>. As cidades<br />
que se podem regozijar de possuir um desses Centros de esclarecimento e<br />
de espiritualização da humanidade, fazem parte de uma rede, cujos nós<br />
representam marcos históricos permanentes.<br />
Por ser Escola de ensinos espiritualistas do mais alto valor, esclarece<br />
os assistentes sobre a verdadeira vida, que é a espiritual, para auxiliá-los a<br />
alcançar maior rendimento no aproveitamento da reencarnação. Os que<br />
neles comparecem constatam a importância dos trabalhos e os benefícios<br />
morais e físicos que são prestados à coletividade, também por meio das<br />
Limpezas Psíquicas, operadas no ambiente e feitas à distância.<br />
Os Centros Redentor são envolvidos, na hora das sessões, por<br />
luminosas e potentes correntes magnéticas, organizadas pelo Astral<br />
Superior, as quais beneficiam e vivificam tanto os corpos físicos como os<br />
espirituais dos presentes, preparando-os para enfrentar o cotidiano com<br />
maior disposição e êxito.<br />
A disciplina é ali demonstrada no rigor do seu entendimento, uma<br />
vez que não se pode dissociar a espiritualidade da disciplina e da ordem.<br />
O Universo inteiro obedece a severa disciplina verificada na pontualidade<br />
14
do movimento dos corpos no espaço sideral. Assim também nos Centros<br />
Redentor a disciplina é observada corretamente, com todo o respeito que<br />
se deve tributar às Forças Superiores que estão na direção espiritual das<br />
sessões.<br />
No Centro Redentor não há partidarismo, não se fazem campanhas<br />
políticas, respeitam-se todas as ideologias, acatam-se o livre-arbítrio e a<br />
liberdade de pensamento e cuida-se, tão-somente, do bem geral, da<br />
confraternização, da união dos seres pelos laços do espírito, procurandose,<br />
por vários meios, fortalecer a atuação dos Governantes, para que<br />
melhor se inspirem na aplicação das suas decisões em favor dos seus<br />
governados.<br />
Os ensinos nas Sessões dos Centros Redentor, em grande parte<br />
provocados por pensamentos de dúvida comuns a vários assistentes, são<br />
focalizados com a finalidade de esclarecimento. Por esta norma do<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, os assuntos abordados se transformam na resposta<br />
adequada aos anseios de estudiosos e investigadores.<br />
Um dos grandes objetivos do Centro Redentor é a expansão e<br />
difusão da Doutrina Racionalista Cristã, porém, sempre dentro de critérios<br />
cautelosos e racionais, a fim de se evitar a degenerescência para um<br />
sensacionalismo incompatível com nossos princípios.<br />
A difusão ir-se-á esquematizando de acordo com as possibilidades,<br />
sem açodamento, para se atingir a meta desejada com segurança, tudo<br />
sendo efetivado gradativamente, através de propaganda sóbria e discreta<br />
na imprensa escrita e falada, conferências, palestras e outros meios de<br />
divulgação aceitáveis.<br />
A teoria de que devemos esperar que a humanidade chegue até nós<br />
ao invés de procurarmos chegar a ela, era aceitável antigamente, porém,<br />
inaceitável perante o nível de desenvolvimento de nossa sociedade atual.<br />
Ver essa humanidade mergulhada no atoleiro da perturbação e degradação<br />
em que se encontra e mantermo-nos numa atitude de passividade, sem nos<br />
preocuparmos em mostrar-lhe, através da difusão necessária, os benefícios<br />
que nossa filosofia espiritualista pode proporcionar, seria o mesmo que<br />
praticarmos um lamentável crime de omissão.<br />
15<br />
LUIZ DE MATTOS, FUNDADOR DO<br />
RACIONALISMO CRISTÃO<br />
Entre os grandes vultos da humanidade que deixaram na Terra traços<br />
luminosos da sua passagem, a figura imperecível de Luiz de Mattos ocupa<br />
uma posição de singular relevo.<br />
Espíritos da categoria do fundador do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> só<br />
podem vir à terra para desempenhar importante missão traçada no Espaço<br />
Superior.<br />
16
Para uns, a missão é singela, para outros, mais complexa, mas, para<br />
alguns raros, é árdua, e se projeta além das fronteiras do pátrio-lar,<br />
estendendo-se pelo orbe.<br />
Luiz de Mattos trouxe para executar, quando por aqui esteve, uma<br />
grandiosa missão destinada a transpor os limites continentais, e viveu o<br />
tempo necessário para que o seu idealismo fosse implantado no planeta,<br />
com segurança, em cumprimento da missão que o fez vir à Terra.<br />
Ele possuía, no mais alto grau, qualidades humanas só cultivadas<br />
pelos seres conscientes.<br />
Foi um exemplo de bondade, de firmeza, de honradez e de bravura<br />
cristã — atributos que só os grandes espíritos possuem.<br />
Como Chefe, soube fazer-se respeitado e amado com a superioridade<br />
das suas maneiras pessoais distintas e nobres, de tolerância e de estímulo.<br />
Todos os bons, os compreensivos, os que não cultivavam a inveja e a<br />
mentira, não escondiam o bem imenso que lhe tributavam.<br />
Luiz de Mattos distribuiu, às mancheias, as dádivas do seu saber e o<br />
calor da sua alma forte e generosa, e não conheceu os deslizes<br />
depreciadores que se encontram em caracteres vulneráveis que se<br />
desmerecem nas posições que ocupam.<br />
Homem de atitudes, de ação e de princípios, soube engrandecer, com<br />
o seu nome e o extraordinário valor de que era dotado, a pátria que lhe<br />
serviu de túmulo, o Brasil, à qual tudo deu de melhor, numa vida de lutas<br />
e glórias, de esperanças e de realizações, de gestos largos e de<br />
indimensionável altruísmo.<br />
A vibração amena do seu espírito afetivo perdura sobre os que o<br />
conheceram e amaram como um bálsamo tonificador, refletindo a sua<br />
imagem como um símbolo na retina mental dos seus discípulos.<br />
Mestre dos mestres, impôs-se pelo poder da sua eloqüente e concisa<br />
oração, pela sabedoria dos seus conceitos vazados em conhecimentos<br />
originais de alta transcendência, e as suas opiniões apresentavam-se de tal<br />
modo inspiradas, que serviam de roteiro até mesmo a supremos dirigentes<br />
da Nação.<br />
17<br />
Em todas as suas atividades distinguiu-se, sempre, pela ponderação,<br />
pelo critério, pelo acerto das proposições firmadas em segura base e<br />
ditadas pelo equilíbrio da sua orientação racional.<br />
As obras que deixou, os seus memoráveis escritos, as suas famosas<br />
"Notas" são fontes perenes de inspiração para novas produções e normas<br />
de viver que todos devem seguir, além de advertências enérgicas e úteis<br />
para os que desejam acertar nas experiências diárias e na marcha pelo<br />
torvelinho da vida.<br />
Jornalista emérito, militou na imprensa com disciplina equilibrada,<br />
sadia, construtiva e enaltecedora das virtudes humanas. Sua pena vigorosa<br />
esteve sempre ao serviço dos oprimidos, com o desejo de vê-los<br />
recuperados e integrados no seio da coletividade, de posse das legítimas<br />
reivindicações conquistadas. Desprendido de bens materiais, jamais se<br />
deixou seduzir por eles, o que importava em poder usar de liberdade plena<br />
em todas as suas admoestações.<br />
Revelou-se um Mestre, um educador esmerado em jornalismo, em<br />
que deu sempre exemplos de honorabilidade, de envergadura moral e de<br />
amor à verdade, com profundo respeito pela opinião dos seus opositores,<br />
tanto que, fazendo do seu jornal diário, A RAZÃO, uma tribuna livre,<br />
punha-o à disposição destes para a publicação gratuita da contestação que<br />
desejassem fazer dos seus escritos.<br />
Espírito profundamente liberal e democrático, o jornalista expunha,<br />
com exemplar coragem e, muitas vezes, temerariamente, as suas idéias,<br />
sem as impor a ninguém, e era um autêntico paladino do debate, por achálo<br />
indispensável ao esclarecimento do povo.<br />
Escusado é dizer que por estar permanentemente apoiado na<br />
verdade, com a qual fazia a sua trincheira, sempre levou a melhor, em<br />
todas as campanhas que empreendeu.<br />
Os opositores, faltos de argumentos, abandonavam o campo de luta,<br />
ao cabo das primeiras escaramuças, e o grande público leitor do jornal<br />
testemunhava, entusiasmado, as vitórias sobre vitórias do bravo lidador, a<br />
quem não regateava o aplauso e o estímulo.<br />
Luiz de Mattos fulgurará, sempre, para os seus discípulos como uma<br />
das mais vivas e generosas fontes de inspiração.<br />
18
Seus exemplos de uma vida nobre e luminosa dedicada ao bem da<br />
humanidade, jamais serão esquecidos.<br />
Em forma astral, pode ser concebido como uma grande e reluzente<br />
estrela, a espancar, com o clarão dos seus raios, as sombras da ignorância<br />
espiritual — única maneira de transformar o mal em bem, a pobreza em<br />
riqueza e a obscuridade em luz.<br />
19<br />
LUIZ ALVES THOMAZ<br />
Luiz de Mattos talvez não pudesse ter levado a efeito a implantação<br />
do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> na Terra, sem a preciosa ajuda do seu intemerato<br />
amigo e companheiro de lutas, Luiz Alves Thomaz.<br />
Enquanto o primeiro codificava e burilava a parte cultural e teórica<br />
da Doutrina, facilitando a sua compreensão e aplicação na vida, o segundo<br />
desenvolvia uma eficiente ação prática, solidificando as bases materiais<br />
para garantir a independência da Doutrina.<br />
A ambos deve a humanidade essa inesgotável fonte de<br />
esclarecimento e saber que se sintetiza na Doutrina Racionalista Cristã,<br />
20
porque os dois se completavam na integração de um só idealismo, de uma<br />
única estrutura, de uma perfeita realização.<br />
Luiz de Mattos e Luiz Thomaz simbolizam os heróis da alma lusa,<br />
cuja aura sempre recobriu o Brasil na majestosa seqüência dos fatos<br />
históricos.<br />
Ambos, desde longa data, irmanados nos mesmos propósitos, nunca<br />
recuaram diante dos maiores tropeços, na inabalável resolução da cumprir<br />
os planos e projetos que haviam traçado espiritualmente.<br />
Ambos, antes de se apresentarem ao meio físico, haviam<br />
estabelecido, quando ainda nos mundos de luz, um pacto de honra, na<br />
presença de outros Mestres, dentre os quais se realçava a figura<br />
inconfundível do padre Antônio Vieira, com o fim de restabelecerem na<br />
Terra, em sua pureza original, os ensinos de Jesus, tão deturpados pelo<br />
sectarismo religioso.<br />
Luiz Alves Thomaz manteve-se exemplarmente na sua missão, ora<br />
predicando com a fortaleza dos seus conhecimentos, ora preparando<br />
fundos para a manutenção da grande obra. Soube aplicar, com grande<br />
perícia, na vida prática de negócios e na economia privada, as sábias e<br />
incomparáveis lições que o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> ministra, sempre<br />
colhendo, como prova do seu valor, os mais auspiciosos resultados.<br />
Forte, enérgico, operoso, extremamente simples e controlado,<br />
desfrutou de plena autoridade moral na corporificação de todos os seus<br />
atos, sempre comedidos e seguros, angariando amizades e simpatias<br />
através de suas atitudes cativantes.<br />
Renunciando às atrações terrenas, casado, mas sem filhos, voltou-se,<br />
abnegadamente, para a sua grande Causa, e por ela lutou estoicamente,<br />
dando o máximo de si, num aproveitamento completo das suas energias e<br />
atividades.<br />
Partiu deste mundo cinco anos depois do seu companheiro de ideal,<br />
Luiz de Mattos, após cumprir a principal incumbência de deixar<br />
amparado, financeiramente, o movimento Racionalista <strong>Cristão</strong>, que já por<br />
esta época crescia, em número de adeptos, a passos agigantados.<br />
É princípio básico da Doutrina que sendo, como é, uma entidade de<br />
elevado cunho espiritualista, não se deve formar e manter à custa da<br />
21<br />
migalha do necessitado, da espórtula do desprovido, do sacrifício do<br />
sacrificado.<br />
A Doutrina, dirigida por Espíritos do Astral Superior, tem por<br />
escopo esclarecer as almas encarnadas, tarefa incomparavelmente maior e<br />
mais difícil para aqueles Espíritos do que a mera coletagem de meios<br />
materiais.<br />
Para solucionar este aspecto dos trabalhos que iriam desenvolver no<br />
Planeta, ao invés de ficarem na dependência de humilhantes peditórios<br />
terrenos, como é comum, por falta de esclarecimento espiritual, decidiram<br />
a vinda à Terra, de pleno acordo com o mesmo, do intrépido Espírito que<br />
aqui tomou o nome de Luiz Alves Thomaz, para resolver, exatamente<br />
como ele o fez, a situação financeira da Doutrina.<br />
Deste modo, a Doutrina nasceu independente, nunca soube o que foi<br />
pedir e nem o deseja saber. Ela se impõe por princípios imutáveis, e estes<br />
determinam que, em matéria de dinheiro, os assuntos espirituais com ela<br />
não se imiscuam.<br />
Tão rigorosos foram os dirigentes astrais neste particular, que,<br />
podendo atribuir a Luiz de Mattos as duas tarefas — a de codificar a<br />
Doutrina e a de formar o patrimônio material desta —, decidiram de modo<br />
diferente, separando uma missão da outra, ao confiarem a cada um dos<br />
seus dois grandes valores, Luiz de Mattos e Luiz Alves Thomaz, operações<br />
distintas.<br />
Esta ocorrência, sobremaneira significativa, coloca o <strong>Racionalismo</strong><br />
<strong>Cristão</strong> numa posição de evidente relevo na interpretação das coisas do<br />
espírito. Há na Casa discípulos de Luiz Alves Thomaz que se inspiraram<br />
no seu magnífico exemplo, oferecendo convincentes provas de<br />
aproveitamento e prática. Uma delas é a nova sede do <strong>Racionalismo</strong><br />
<strong>Cristão</strong>, inaugurada a 20 de outubro de 1956, que exigiu — no curso de<br />
três anos, período da sua construção — uma soma não inferior a quatorze<br />
milhões de cruzeiros, os quais foram postos à disposição do<br />
empreendimento pela plêiade anônima de seus discípulos.<br />
E comum verificar-se o empenho com que as agremiações<br />
pastoreadas procuram aliciar prosélitos, que produzem, quase sempre,<br />
moralmente coagidos, aumento da renda mensal, situando, com isso, a<br />
22
matéria acima do tratamento espiritual, quando este é, às vezes, quase<br />
nenhum.<br />
Pseudo-espiritualistas mostram-se por aí ardentes buscadores de<br />
dinheiro, prevalecendo-se do que as suas prosaicas místicas dizem<br />
oferecer. O certo é que a maior prova de fraqueza espiritual de tais<br />
esdrúxulas instituições é a carência de recursos provindos de procedências<br />
elevadas, pois que se valem, para alimentá-las, da sôfrega procura de<br />
meios, artificiosos ou não, com o fim de atrair o metal sonante. Não se<br />
sentem rebaixados nessa prática humilhante, porque os precários recursos<br />
espirituais de que dispõem não lhes propiciam o discernimento necessário.<br />
Por outro lado, se chegam a atingir o estado que lhes dá a<br />
compreensão de que a entidade deveria subsistir pela própria força dos<br />
seus postulados, curvam-se à situação de fato, como ela se apresenta, e<br />
preferem fechar os olhos da alma, a ver a instituição desaparecer.<br />
Para que não se diga que não é possível alcançar os fins espirituais<br />
sem o mercantilismo ostensivo ressalta-se o exemplo imperecível do<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, a Doutrina da Verdade, que atesta, pela sua<br />
independência soberana, tanto em assuntos materiais como espirituais, o<br />
valor objetivo e real dos seus Princípios.<br />
Assim se confirma a ação pioneira de Luiz Alves Thomaz, o<br />
insuperável batalhador de uma memorável jornada terrena, em que soube<br />
sustentar esse basilar conceito de que uma obra espiritualista se impõe<br />
pela elevação moral dos seus Princípios norteadores, pairando acima dos<br />
interesses materiais pela sua independência em todos os sentidos, e pela<br />
demonstração de que os suprimentos chegam, sem ser necessário que os<br />
responsáveis pela Causa molestem o seu semelhante, com maneiras<br />
submissas de uma refinada e hipócrita mendicância.<br />
Luiz Alves Thomaz foi um exemplo, uma bandeira, uma glória para<br />
o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>. Estendeu a sua vitória a todos os militantes,<br />
porque, acima de tudo, estimulou e concretizou. A sua alta missão foi<br />
inteiramente cumprida, e os seus magníficos resultados ecoam,<br />
incessantemente, em todo o movimento Racionalista <strong>Cristão</strong>, como uma<br />
vigorosa força impulsionadora que transmite confiança e coragem,<br />
perseverança e firmeza.<br />
23<br />
PADRE ANTÔNIO VIEIRA<br />
O Padre Antônio Vieira foi uma figura central no lançamento do<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, na face da Terra.<br />
A análise da sua índole, do seu temperamento, do seu idealismo<br />
revela uma afinidade impressionante com Luiz de Mattos.<br />
Antônio Vieira teve, no Plano Astral, quando ficou resolvido fosse<br />
essa Doutrina projetada no meio físico, um grande número de discípulos e<br />
companheiros que a ele se juntaram para a gloriosa missão. Os dois<br />
voluntários que se predispuseram a baixar à Terra para, como duas<br />
colunas mestras, sustentar o arcabouço da Doutrina, foram, como sabem<br />
24
todos os racionalistas cristãos, os intrépidos e valorosos Luiz de Mattos e<br />
Luiz Alves Thomaz.<br />
Enquanto Antônio Vieira e outros trabalhavam, intensamente, no<br />
Astral Superior pelo bom resultado da tarefa confiada aos dois Luíses,<br />
estes enfrentavam, no ambiente pesado do mundo, toda sorte de<br />
dificuldades que embaraçavam a execução dos seus elevados propósitos, e<br />
somente quando se achavam no período de madureza, conseguiram<br />
firmar-se e implantar a Doutrina.<br />
Durante esse tempo, lá estava Vieira em seu mundo de luz, vigilante,<br />
enérgico, persistente e pronto a intervir, quando necessário, para que os<br />
fins colimados fossem alcançados.<br />
A atuação de Antônio Vieira, nesse interregno, foi de um valor<br />
inestimável. Sem ele e os seus colaboradores astrais, não teria sido<br />
possível atingir os resultados conhecidos.<br />
O interesse de Vieira pela causa da espiritualização do Brasil vem<br />
por ele sendo cultivado, através de séculos. Quando encarnou em Portugal,<br />
em 1608, para viver ora por lá, ora pelo Brasil, até 1697 — ano em que<br />
partiu da Bahia para o Astral Superior — foi para identificar-se,<br />
profundamente, com a mentalidade dominante nas duas esferas de ação, e<br />
absorver, em sua natureza espiritual, os traços vibratórios das reformas<br />
que se impunham.<br />
Pelo fato de haver dado, corajosa e lealmente, a interpretação, que<br />
sabia ser verdadeira, de determinados tópicos teológicos, atraiu para si as<br />
iras do fanatismo clerical.<br />
Nunca, porém, se sentiu alquebrado pelo sofrimento, com altividade<br />
soube suportar as humilhações que lhe impuseram os superiores<br />
hierárquicos da ordem dos jesuítas, a que pertencia.<br />
Antônio Vieira foi padre a fim de poder colher, nessa investidura, os<br />
mais favoráveis resíduos para serem analisados no seu laboratório<br />
psíquico. Com o seminário ao seu dispor, instruiu-se, como convinha, e<br />
teve a oportunidade de manter contato com o mundo intelectual da época,<br />
graças ao prestígio que lhe davam o talento e a cultura que possuía.<br />
Consideraram-no o maior espírito do século em que viveu, não só na<br />
órbita portuguesa, como na internacional.<br />
25<br />
Distinguiu-se, além disso, como orador eloqüente, como vernaculista<br />
exímio e escritor esmerado. Na literatura, nenhum prosador português o<br />
excedeu na exuberância e propriedade do vocabulário empregado. As suas<br />
obras abrangem vinte e cinco volumes, que compreendem cerca de<br />
duzentos sermões, mais de quinhentas cartas e numerosos escritos<br />
políticos e literários.<br />
Em Vieira, preponderavam as coisas do espírito. Estóico e<br />
renunciante, as comodidades, o conforto e as conveniências pessoais não o<br />
atraíam. Era fiel a si mesmo, aos princípios do verdadeiro cristianismo,<br />
junto aos quais se conservava, pouco lhe importando as desventuras que o<br />
pudessem atingir. Nada fez para evitar que o prendessem, e uma vez<br />
encarcerado em pequena cela escura, não se deixou abater, mantendo<br />
intacta a sua dignidade. Conhecia-se como Homem Imortal, e as<br />
vicissitudes por que passava não alteravam a sua fortaleza interior,<br />
consciente da inferioridade espiritual dos seus algozes e da duração<br />
passageira das suas injustiças.<br />
As torturas morais e materiais que lhe infringiram os seus<br />
companheiros de sotaina serviram-lhe para melhor sentir, na própria<br />
carne, os erros do clericalismo dominante e o flagrante desvirtuamento do<br />
cristianismo.<br />
Por outro lado, as lições colhidas nas fases mais adversas de sua<br />
vida, caldearam-lhe o espírito, curtiram-lhe a alma cristalina e deram-lhe o<br />
suficiente ensejo para robustecer o seu propósito de separar o joio do trigo<br />
na obra de Jesus. Esse trabalho de remodelação resultou na criação da<br />
Doutrina Racionalista Cristã, que hoje está medrando na Terra com a<br />
árdua e gloriosa missão de restabelecer a Verdade nos Princípios<br />
divulgados pelo Mestre Nazareno.<br />
Voltando ao Espaço Superior, depois de uma existência terrena de<br />
quase noventa anos, levou consigo um cabedal de experiências e<br />
conclusões que o habilitaram a planejar o futuro deste grande país, o<br />
Brasil, no campo da espiritualidade e, conseqüentemente, o da<br />
humanidade. Foram duzentos e treze anos os que decorreram da sua<br />
desencarnação até à fundação da primeira Casa Racionalista Cristã em<br />
Santos, Estado de São Paulo (1697-1910). Esse tempo foi necessário para<br />
estabelecer os meios, os locais e as pessoas que teriam de ser alistadas<br />
26
para a grande ofensiva contra o erro, a ignorância, e também para dar<br />
tempo ao tempo, evitando as improvisações e inoportunidades.<br />
Tanto Luiz de Mattos como Luiz Thomaz e os demais espíritos que<br />
tomaram parte no lançamento da Doutrina na Terra, sob a direção central<br />
de Antônio Vieira, estão unidos, desde os primeiros momentos em que<br />
foram firmadas as bases desta obra, e unidos continuarão acompanhando e<br />
dirigindo a sua evolução até que ela alcance a meta principal de<br />
esclarecimento da humanidade.<br />
A personalidade de Antônio Vieira está bem caracterizada na<br />
história, por onde se confirma a natureza varonil, independente,<br />
destemerosa e segura das suas convicções. Foi um grande orientador. O rei<br />
de Portugal, D. João IV, ouvia-o antes de tomar qualquer decisão<br />
importante. Fê-lo embaixador em espinhosos encargos, sempre confiante<br />
no desempenho elevado das suas missões. Era leal e verdadeiro nas<br />
exortações, havendo se mostrado um baluarte na defesa da moralidade dos<br />
costumes e na rigidez do procedimento. Vieira era um lema, uma<br />
bandeira, um fanal. Irredutível em questões de honestidade, foi um<br />
exemplo de fidelidade aos seus princípios, e um Mestre no sustentar a<br />
pureza da filosofia que adotava.<br />
Compreende-se o valor do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> através da<br />
luminosidade dos seus fundadores, dentre os quais, em Plano Astral, como<br />
estrela de primeira grandeza, fulgura, destacadamente, Antônio Vieira.<br />
Dizem os historiadores que Vieira foi um espírito fértil e inventivo,<br />
de ânimo resoluto, e um conselheiro prudente e moderado. Pelo seu saber<br />
impôs-se à confiança de D. João IV, que o considerava o primeiro homem<br />
do mundo. Com esse conceito, tornava-se, dia a dia, mais necessária a sua<br />
presença nas conferências do reino e nas reuniões secretas em que se<br />
decidiam os mais graves e importantes negócios de Estado.<br />
Os Tribunais designavam seus membros para consultá-lo sobre<br />
assuntos da sua própria alçada. Foi nomeado preceptor e mestre do<br />
príncipe herdeiro D. Teodósio, que preparou para ser um grande rei, e ele<br />
o teria sido, se o seu prematuro desaparecimento não lhe tivesse cortado a<br />
carreira.<br />
Vieira era considerado o homem mais capaz de que dispunha<br />
Portugal para defender o País das artimanhas da política exterior. Ele foi, a<br />
27<br />
um só tempo, missionário e diplomata, financista e estadista, além de<br />
filósofo. À admirável fecundidade de sua inteligência, eram submetidas as<br />
questões de economia política, de impostos, as relacionadas com as<br />
instituições de comércio, com a marinha, guerra, cessões de territórios,<br />
tratados e alianças. Segundo os historiadores, esse homem extraordinário<br />
foi o maior de Portugal em seu tempo, e um dos maiores de toda a história<br />
lusa.<br />
Era inteiramente desprendido em matéria de dinheiro e riquezas. Nas<br />
missões diplomáticas em Paris, Roma e Haia, limitava-se sempre a gastar<br />
o indispensável dentro de uma linha de discreta simplicidade. Se das<br />
viagens que fazia lhe sobravam algumas dobras, restituía-as,<br />
escrupulosamente, sem se beneficiar da menor quantia que fosse. Dos<br />
Sermões, nunca recebeu as espórtulas regulamentares, recusando<br />
proventos que considerava ilícitos.<br />
Certa vez, dada a sua amizade com o rei, empenhava-se com ele em<br />
negócio de grandes resultados, quando pessoas interessadas no mesmo,<br />
cientes dessa intervenção graciosa, fizeram chegar até ele uma bolsa com<br />
seis mil dobrões de ouro, e para não parecer que o estavam subornando,<br />
mandaram-lhe dizer que distribuísse essa importância com os pobres.<br />
Vieira, percebendo o intento dos mercadores, e indignando-se,<br />
recusou a oferenda, não antes de fazer ver ao portador, com aquela<br />
maneira franca que tinha de dizer as coisas, que diante de tal atrevimento<br />
merecia que o fizesse descer pela janela, ao invés de pela escada.<br />
Entre ridículas denúncias ao Santo Ofício de indivíduos malintencionados,<br />
foi acusado, por alguns padres, de possuir livros de<br />
profecias, de aconselhar a instalação de sinagogas judaicas particulares em<br />
Lisboa, (a exemplo do que era permitido em Roma), de defender os judeus<br />
das perseguições do jesuitismo intolerante e de não crer na infalibilidade<br />
do Papa, do que resultou ser submetido a humilhante interrogatório,<br />
processado e preso.<br />
Durante alguns anos, esteve interditado em Colégio Jesuíta, e por<br />
dois anos e três meses encarcerado, incomunicável, em um lúgubre<br />
cubículo de cerca de oito metros quadrados de área, sem luz, mal arejado,<br />
servido de uma cama, um cântaro, uma mesinha, um banco e um vaso de<br />
despejos.<br />
28
Condenado, só não o levaram à fogueira temerosos das<br />
conseqüências.<br />
Sofreu essas torturas no reinado de D. Afonso VI, que foi deposto<br />
por seu irmão D. Pedro, em cuja facção contava Vieira com grandes e<br />
prestigiosos amigos. Os seus algozes, acovardando-se diante da reviravolta<br />
política, trataram, o quanto antes, de indultá-lo de todas as penalidades<br />
que lhe haviam imposto,<br />
O Padre Antônio Vieira, embora amando a terra lusa, sentia-se<br />
também brasileiro, e o seu sotaque era mais do Brasil do que de Portugal.<br />
Somente a grande amizade que nutria por D. João IV fez com que não<br />
passasse mais anos nesta então colônia ocidental. Contudo, viveu o<br />
bastante, de um lado e do outro, para conhecer bem a formação moral dos<br />
dois povos irmãos. Vieira era um elo, um traço de união entre essas duas<br />
grandes florações humanas. A sua vida foi fértil em realizações e pródiga<br />
em ensinamentos.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> tem, pois, a estruturação da sua Doutrina<br />
firmada sobre o patrimônio moral e espiritual de valorosos Espíritos, que<br />
deixaram na Terra o rasto luminoso de sua grandeza.<br />
Foi o Padre Antônio Vieira, indiscutivelmente, o Racionalista<br />
<strong>Cristão</strong> Patrono, o seu idealizador e inspirador fecundo no plano Astral.<br />
Com os dois companheiros que figuram como fundadores da Doutrina no<br />
plano físico, constituiu a tríade imortal que enriqueceu o mundo com a<br />
ilustração verdadeira dos conhecimentos espiritualizados que o<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> vem difundindo.<br />
29<br />
ANTONIO DO NASCIMENTO COTTAS<br />
Antonio do Nascimento Cottas nasceu em Sirvuzelo, Concelho de<br />
Monte Alegre, Portugal, a 19 de novembro de 1892, e faleceu no Rio de<br />
Janeiro, em 12 de junho de 1983.<br />
Veio para o Brasil a 18 de abril de 1905, com 12 anos de idade,<br />
ingressando, desde logo, no comércio, onde prosperou, tornando-se dos<br />
mais acatados e respeitados comerciantes. Possuiu várias casas<br />
comerciais, como o Armazém Brasil, a Mercearia Brasileira, o Armazém<br />
dos Heróis, passando, em 1922, para o atacado, tornando-se a firma que<br />
dirigia grande importadora do famoso azeite Sacadura Cabral, de vinhos<br />
etc.<br />
30
No <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> realizou uma obra gigantesca. Em 1926,<br />
com a desencarnação de Luiz de Mattos, foi nomeado por este, ainda em<br />
vida física, seu substituto, assumindo assim a Chefia da Doutrina.<br />
Consolidou os grandes alicerces do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, e sob a sua mão<br />
tutelar floresceram muitas Casas Racionalistas.<br />
Foi o maior discípulo de Luiz de Mattos. Dedicou-se, de corpo e<br />
alma, à Doutrina que lhe fora confiada. Divulgou os ensinamentos do<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> através da correspondência e das explanações que<br />
fazia durante as Sessões Públicas de Limpeza Psíquica realizadas no<br />
Centro Redentor. Assegurou à Doutrina recursos para a sua independência<br />
material. Além de doutrinador, foi lutador incansável pelo esclarecimento<br />
da humanidade.<br />
Dotado de extraordinário valor moral e de inquebrantável caráter,<br />
transbordava nele o entusiasmo, sempre aplicado aos interesses<br />
racionalistas, sem jamais falar de si, elogiar os seus trabalhos ou fazer<br />
estandarte do seu nome.<br />
Sempre confiante nas horas difíceis, venceu todas as batalhas<br />
travadas contra a Doutrina, e as suas iniciativas se encaminhavam ao<br />
desejado êxito.<br />
Não havia quem não o respeitasse e venerasse porque ao afeto de<br />
todos se impunha pelo seu trato cavalheiresco, além da bondade que era<br />
inata em seu espírito.<br />
Antonio do Nascimento Cottas, Chefe do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, era<br />
um homem extremamente simples. Desprezava as honrarias. Apesar de<br />
haver sido agraciado com o título de Comendador, não permitia que assim<br />
o chamassem.<br />
Dos títulos com que foi distinguido, o que mais se orgulhava de<br />
possuir era o de cidadania brasileira, assinado, em 8 de agosto de 1939,<br />
pelo então Ministro da Justiça, Embaixador Francisco Negrão de Lima,<br />
em nome do Presidente da República.<br />
Entre outros títulos, destacamos os seguintes:<br />
Cruz de Benemerência — concedido pelo Governo Português, Grau<br />
de Comendador, Cidadão do Estado da Guanabara, Cidadão do Estado de<br />
Minas Gerais, Cidadão Benemérito do Estado da Guanabara, Grande<br />
31<br />
Benemérito do Real Gabinete Português de Leitura, mais tarde elevado ao<br />
honroso cargo de 1.° Vice-Presidente Emérito, Benemérito da Caixa de<br />
Socorros D. Pedro V, Conselheiro da Federação das Associações<br />
Portuguesas e Luso-Brasileiras, Sócio Benemérito do Clube Ginástico<br />
Português, Sócio Benemérito da Real Sociedade Portuguesa de<br />
Beneficência, Fundador e Sócio Proprietário da Associação Atlética Vila<br />
Isabel, Sócio Proprietário do Clube de Regatas Vasco da Gama e Sócio da<br />
Associação Brasileira de Imprensa, desde a sua fundação.<br />
Antonio do Nascimento Cottas, apesar de ter sido distinguido com<br />
títulos e distinções, foi, durante toda a sua longa vida física, um homem<br />
simples, isento de vaidades.<br />
32
PRIMEIRA PARTE<br />
Limpeza Psíquica<br />
Limpeza Psíquica no Lar<br />
A Obsessão<br />
A Desobesessão<br />
Mediunidade e Médiuns<br />
Mistificadores<br />
Correspondentes<br />
33<br />
LIMPEZA PSÍQUICA<br />
Os espíritos componentes do astral inferior dividem-se em muitas<br />
classes, sendo a mais baixa constituída de elementos de ínfima condição<br />
moral. Em conseqüência desse estado, estão muitos deles envolvidos em<br />
matéria fluídica densa, impregnada de miasmas de moléstias e de<br />
substâncias putrefatas, próprias do meio em que permanecem, em<br />
obediência à lei de atração. As vibrações dos pensamentos da maioria de<br />
tais espíritos são de ordem sensualista, animalizada, predominando o<br />
sentimento de malquerença, de ódio, de inveja, de vingança e outros do<br />
mesmo gênero.<br />
Quando o ser encarnado se descuida e emite pensamentos que se<br />
identifiquem com os baixos sentimentos dessa classe de obsessores, atrai<br />
um ou mais de tais elementos para a sua companhia e absorve parte dos<br />
seus fluidos inferiores, juntamente com a correspondente carga pestífera<br />
que conduzem.<br />
É essa a razão de ser adotada a prática da Limpeza Psíquica no<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, como uma das medidas de mais alto valor, e esta<br />
precisa ser feita, diariamente, duas ou mais vezes, ou em todas as ocasiões<br />
em que a pessoa perca o controle e se exalte, ou sinta o desejo de proferir<br />
expressões contundentes ou agressivas, o que deve sempre evitar.<br />
Não tendo esse cuidado, seja por ignorância, negligência ou<br />
comodismo, está sujeita a enfermar, sofrer acidentes, desencarnar<br />
prematuramente ou a passar por alterações mórbidas no seu estado<br />
psíquico. A lei de causa e efeito impera, inexoravelmente.<br />
A Limpeza Psíquica é feita nas Casas Racionalistas em Sessões<br />
Públicas, às segundas, quartas e sextas, e Particulares, às terças e quintasfeiras,<br />
às 20 horas. Além disso, os auxiliares e militantes convictos a<br />
praticam em seus lares, em horas previamente estabelecidas, para a<br />
higienização do ambiente doméstico.<br />
Essa prática de higiene mental consiste nas Irradiações, que são<br />
vibrações do espírito, com as quais se opera o afastamento do astral<br />
inferior para fora da atmosfera da Terra. Esse afastamento é produzido por<br />
espíritos do Astral Superior que, em entrosamento com os pensamentos<br />
34
disciplinados dos seres de boa vontade, em exercício mental nas Casas<br />
Racionalistas, ou em colaboração com estas, operam a limpeza psíquica.<br />
Este indispensável preparo mental, esta limpeza psíquica, está para o<br />
espírito como a higiene física está para o corpo carnal. Por isso o<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> a aconselha a todas as pessoas, para que, por meio<br />
de um viver disciplinado, metódico e consciente, tenham equilíbrio<br />
espiritual e físico.<br />
35<br />
LIMPEZA PSÍQUICA NO LAR<br />
As pessoas que quiserem proceder à Limpeza Psíquica em seus lares,<br />
devem, durante cinco minutos, às 7 horas e às 20 horas, reunir-se,<br />
diariamente, da maneira que se segue: *<br />
1) a pessoa mais esclarecida ou de mais responsabilidade no lar deve<br />
colocar-se à cabeceira da mesa, tomando, por isso, o nome de<br />
presidente, e daí não sairá nem deixará que se retire qualquer dos<br />
presentes, antes de dar por terminada a Limpeza Psíquica;<br />
2) as demais pessoas ficarão colocadas ao redor da mesa, sentadas<br />
ou de pé;<br />
3) estando presente alguma pessoa perturbada psiquicamente, deverá<br />
ficar sentada na cadeira existente na extremidade da mesa, tendo<br />
por trás uma pessoa sã e de vontade forte para sacudi-la, dandolhe<br />
um ou mais estremeções fortes, com as duas mãos, uma em<br />
cada lado, na altura dos ombros, cada vez que o presidente<br />
proferir a irradiação B.<br />
Em torno da mesa não deverá haver intervalo algum entre<br />
uma pessoa e outra. O sacudimento é sempre útil, mesmo em<br />
seres normais, mas quem tiver de sacudir uma pessoa perturbada<br />
não deve abandonar a sua posição, até o fim da limpeza psíquica.<br />
No caso de ter a perturbação aspecto de obsessão ou loucura,<br />
deverá ser observada a disciplina especial constante dos capítulos<br />
desta obra números I e II, denominados Obsessão e Desobsessão.<br />
4) se os enfermos estiverem acamados, as irradiações deverão ser<br />
feitas em torno de seu leito, comparecendo, apenas, as pessoas de<br />
corpo são e vontade forte, capazes de emitir pensamentos firmes e<br />
valorosos.<br />
* Não sendo possível dar preferência ao horário acima indicado pera as irradiações<br />
de Limpeza Psíquica, escolha-se a hora mais apropriada, imposta pelo condições<br />
de trabalho; os que não puderem irradiar em conjunto, irradiem mentalmente<br />
dentro do horário estabelecido, estejam onde estiverem. O isolamento não impede<br />
a prática irradiativa da Limpeza Psíquica.<br />
36
Colocados os participantes da Limpeza Psíquica o mais próximo<br />
possível uns dos outros, todos em absoluto silêncio, o presidente fará, em<br />
voz alta, a irradiação A e, a seguir, a irradiação B, repetindo esta última<br />
irradiação B durante cinco minutos.<br />
Findos os cinco minutos de irradiações, o presidente dará por<br />
encerrada a limpeza psíquica, fazendo uma irradiação B, dirigida ao Astral<br />
Superior, e outra, também B, a Antonio Cottas, Presidente Astral do<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, depois do que todos se levantam, devendo ter o<br />
cuidado de se manterem sempre calmos e bem-humorados.<br />
As irradiações que o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> aconselha constituem<br />
simples preparo mental, nada valendo se aqueles que as estiverem fazendo<br />
não procurarem desligar-se das coisas ou seres materiais, elevar o<br />
pensamento às Forças Astrais Superiores e sentir bem o que elas<br />
significam.<br />
Se alguma pessoa, enquanto as irradiações estiverem sendo feitas,<br />
for acometida de ataque ou tentar transmitir comunicações de espíritos, é<br />
preciso sacudi-la fortemente, com muita calma, dar-lhe Água Fluídica e<br />
chamá-la pelo nome, até despertar. Isso deverá ser feito por uma ou mais<br />
pessoas, enquanto as demais continuarão acompanhando mentalmente as<br />
irradiações, sem se levantarem do lugar em que estiverem, haja o que<br />
houver.<br />
Estas instruções devem ser observadas à risca. Quem fizer mais<br />
alguma coisa além do que está indicado, especialmente sessões espíritas<br />
no lar, corre o risco de ficar perturbado, doente do corpo e do espírito.<br />
Não devem freqüentar casas de cartomantes, terreiros, feiticeiros ou<br />
outros quaisquer ambientes de superstição e fanatismo, porque de tal<br />
freqüência e prática resultam freqüentemente a loucura e enfermidades<br />
várias.<br />
37<br />
IRRADIAÇÕES<br />
IRRADIAÇÃO "A"<br />
AO ASTRAL SUPERIOR<br />
"Grande Foco! Força Criadora!<br />
Nós sabemos que as Leis que regem o Universo são naturais<br />
e imutáveis e a elas tudo está sujeito!<br />
Sabemos também que é pelo estudo, o raciocínio e o<br />
sofrimento derivado da luta contra os maus hábitos e as<br />
imperfeições, que o espírito se esclarece e alcança maior<br />
evolução.<br />
Certos do que nos cabe fazer, e pondo em ação o nosso livrearbítrio<br />
para o bem, irradiamos pensamentos aos Espíritos<br />
Superiores, para que eles nos envolvam na sua luz e fluidos,<br />
fortificando-nos para o cumprimento dos nossos deveres".<br />
IRRADIAÇÃO "B"<br />
"Grande Foco! Vida do Universo!<br />
Aqui estamos a irradiar pensamentos às Forças Superiores<br />
para que a luz se faça em nosso espírito, e ele tenha a consciência<br />
dos seus erros a fim de repará-los e evitar o mal."<br />
Esta irradiação "B" repete-se, durante cinco minutos.<br />
ÁGUA FLUÍDICA PREPARADA NO LAR<br />
Coloca-se, em uma ou mais vasilhas, a quantidade de água que se<br />
deseja fluidificar, fazendo em seguida, uma ou mais pessoas, irradiações<br />
ao Astral Superior e ao Grande de Foco, por cerca de dois minutos.<br />
As pessoas enfermas deverão tomar um cálice desta água de hora em<br />
hora, e bebê-la, sempre que tiverem sede, podendo também ser usada,<br />
externamente, para lavar ferimentos ou em compressas, fria ou amornada<br />
em banho-maria. As pessoas sadias poderão tomá-la também, como se<br />
fosse uma água comum.<br />
Esta água não pode ser fervida. Ela é preventiva e beneficiadora,<br />
podendo ser tomada sem restrição alguma. Pelo fato de conter fluidos<br />
38
lançados pelo Astral Superior, alivia ou neutraliza certos males, por meio<br />
desses fluidos.<br />
39<br />
CAPÍTULO I – A OBSESSÃO<br />
A obsessão é enfermidade psíquica resultante do mau uso do livrearbítrio,<br />
da vontade mal-educada, das inclinações sensualistas, do<br />
descontrole nos atos cotidianos, do nervosismo desenfreado, dos desejos<br />
insuperáveis, da ambição desmedida, do temperamento voluntarioso e,<br />
conseqüentemente, do desconhecimento ou da inobservância dos ensinos<br />
racionalistas cristãos.<br />
Ao fazer mau uso do livre-arbítrio, contraria o ser as leis naturais e<br />
imutáveis que estabelecem normas de vida seguras e apropriadas e<br />
precisam ser respeitadas, a qualquer custo.<br />
A faculdade do livre-arbítrio, que possui o ser humano, representa<br />
para ele o privilégio de conduzir-se por si mesmo com liberdade e<br />
independência, como convém aos seres dotados de raciocínio.<br />
É fora de dúvida que, com o raciocínio bem exercitado para a<br />
solução dos problemas que se apresentam na vida, tendo sempre em vista<br />
o aspecto honrado de todas as questões, os seres humanos podem manterse<br />
na linha da boa conduta, beneficiando-se a si mesmos e ao meio em que<br />
vivem. Os que se afastam desse caminho, o fazem porque querem, porque<br />
se deixam enfraquecer, e onde entra o enfraquecimento moral, entra a<br />
atuação dos espíritos do astral inferior que produzem, em pouco tempo, a<br />
obsessão.<br />
A vontade mal-educada é o resultado da indolência, do pouco caso e<br />
da negligência para com as coisas sérias da vida. O indolente deixa de<br />
fazer o que deve, esperando que outros o façam por ele; não gosta de<br />
horário nem de disciplina; é inimigo do trabalho e da ordem e nada faz<br />
pelo progresso, estando, por isso, situado no plano dos parasitas e dos<br />
adormecidos. Enquanto o mundo exige atividade e ação, o indolente vê,<br />
com indiferença, o que se passa, sem vontade de participar do movimento<br />
que reclama a presença de todos.<br />
Ninguém se pode eximir do dever de trabalhar e de procurar no<br />
trabalho a satisfação da vida. O Universo inteiro é uma oficina de trabalho<br />
permanente, na qual todos precisam ser operários ativos e diligentes. Os<br />
que assim não compreendem, ficam à margem da vida, tornando-se<br />
40
indivíduos marginais, como marginais são os espíritos do astral inferior<br />
com os quais se associam, pela lei da atração. Logo, a ociosidade é mal<br />
que deve ser combatido, energicamente, por meio da educação da vontade.<br />
Nas inclinações sensualistas estão os germes do materialismo<br />
obsedante. Elas incluem, como fatores preponderantes, os vícios, a<br />
luxúria, o desperdício, os abusos e a incontinência. O ser humano,<br />
subjugado por este estado, dá expansão aos seus instintos, alimento aos<br />
desejos desregrados e acolhimento franco aos espíritos do astral inferior,<br />
seus afins, que concorrem para obsedá-lo.<br />
Os atos cotidianos precisam ser pautados, criteriosamente, para<br />
refletirem o maior bom senso possível. A organização social obedece a um<br />
esquema cujos traços gerais definem a posição que todos devem adotar no<br />
intercâmbio das relações humanas. A esse particular, de especial<br />
importância, todos devem estar atentos. Entre as normas de bem-viver,<br />
estão o acatamento e o respeito ao semelhante, na sua natural<br />
representação espiritual. Para conseguir esse fim, é preciso haver controle<br />
nas atitudes, domínio sobre si mesmo e o raciocínio em ação.<br />
Do descontrole em atos e palavras, resultam as ofensas, os<br />
conseqüentes remorsos, os ressentimentos que custam a passar e, não raro,<br />
as antipatias e inimizades.<br />
Os espíritos do astral inferior gostam de aproveitar-se dos seres<br />
descontrolados que pouco ou nada pensam antes de falar e fazer, para se<br />
rirem dos efeitos que as suas atuações causam. Daí a razão de os<br />
acompanharem, procurando oportunidades para se divertirem. Seres<br />
descontrolados são, pois, presas fáceis do astral inferior e, mais dia menos<br />
dia, podem ser levados à obsessão.<br />
O nervosismo desenfreado produz a irritação, a intolerância, a<br />
irreflexão, a imprudência — males que conduzem o ser a um deplorável<br />
estado psíquico. É imprescindível que seja ele combatido por todos os<br />
meios, por ser agente de perturbação, pois onde há perturbação não falta<br />
campo favorável à atuação dos espíritos do astral inferior — os maiores<br />
responsáveis pelas obsessões. Os maiores — entenda-se — não os únicos,<br />
porque o obsedado tem, nelas, a sua parte. O nervosismo chega a ficar<br />
desenfreado porque o neurótico não procura controlar-se. O resultado é<br />
41<br />
cair nas malhas do astral inferior e seguir o caminho desastrado da<br />
obsessão.<br />
Desejos insuperáveis são aspirações inatingíveis. Há indivíduos que<br />
nunca se contentam com o que têm. Estão sempre queixosos, achando que<br />
merecem mais. Sentem-se permanentemente infelizes. Em lugar de se<br />
alegrar com o muito que possuem, lamentam a falta do mais que poderiam<br />
ter. Vivem num estado de perene insatisfação. Tornam-se desagradáveis.<br />
Julgam-se incompreendidos. Lastimam-se, a propósito de qualquer<br />
insignificância.<br />
E perfeitamente racional que o ser humano procure melhorar as suas<br />
condições de vida, obtendo maiores recursos, melhor bem-estar, situação<br />
mais desafogada e capacidade de atendimento a todas as solicitações<br />
indispensáveis mas, enquanto não alcançar essa situação, há de<br />
conformar-se, compreendendo que ainda não chegou o momento, e deve<br />
tratar de preparar-se, melhor ainda, orientando bem os seus pensamentos,<br />
as suas atitudes e a sua disposição de progredir, cada vez mais, sempre<br />
agindo honestamente, para que as coisas se resolvam a perfeito contento.<br />
O estado, porém, do indivíduo insatisfeito e mal-agradecido que<br />
alimenta idéias fantasiosas, é deplorável, porque estas o transformam em<br />
um revoltado, um mal-humorado, um desgostoso e inadaptado. Caminha<br />
assim por uma estrada perigosa, envolvido em pensamentos afins de<br />
espíritos do astral inferior, que lhe sugerem negras imagens martirizantes e<br />
precursoras da obsessão.<br />
As aspirações inatingíveis na presente encarnação podem ser<br />
alcançadas nas seguintes. E só ter paciência e esperar. Nenhum espírito<br />
deixa de voltar a encarnar, enquanto mantiver aspiração terrena a<br />
satisfazer. A lei de atração não falha, e a ela todos estão sujeitos. Se,<br />
porém, chegar a compreender, em tempo, que as atrações terrenas são<br />
ilusórias e passageiras e trazem, quase sempre, conseqüências dolorosas e<br />
grande atraso na evolução, por certo acabará por modificar a maneira de<br />
sentir e ambicionar.<br />
A ambição descomedida é, já por si, um estado de fobia em que o<br />
egoísmo e a egolatria estão presentes. Os indivíduos ambiciosos quanto<br />
mais têm mais querem ter, a qualquer custo, e de qualquer forma. Não<br />
olham os meios para obter os fins. Usurpam, açambarcam e lesam.<br />
42
Domina-os a idéia obsessiva do ganho rápido, da manobra extorsiva e<br />
escorchante. Para eles, nada de contemplações ou meios-termos: a<br />
determinação é avançar. Arquitetam golpes ousados, andando pelas<br />
entrelinhas da lei ou pelas suas omissões, o que é mais comum, e não<br />
possuem formação moral respeitável.<br />
O mundo está cheio desses tipos, que são a causa do grande<br />
desequilíbrio econômico na Terra. Eles estão divididos em duas grandes<br />
massas: uma na Terra, agindo especulativamente, com enorme sagacidade<br />
e astúcia, e a outra no astral inferior, igualmente ativa, formada por todos<br />
aqueles que procediam, quando encarnados, como os seus atuais parceiros<br />
encarnados. As duas massas estão intimamente associadas e gozam da<br />
mesma volúpia que constitui a sua obsessão.<br />
O temperamento voluntarioso reflete o feitio moral egocêntrico dos<br />
que entendem que a razão está exclusivamente do seu lado e querem<br />
exigir, por isso, que a sua vontade seja satisfeita, muito embora interfira<br />
nas decisões alheias. São indivíduos que estão sempre em choque com os<br />
demais, mesmo que esses choques não se revelem. Nada mais divertido<br />
para os espíritos do astral inferior do que presenciarem tais choques. Eles<br />
os assanham, e andam, por essa razão, à espreita da ocasião propícia para<br />
os provocarem. O indivíduo voluntarioso está sempre na sua mira. A cada<br />
momento vêem um ensejo de armar um choque. Na falta de outra<br />
ocupação, esta é das mais absorventes para os obsessores. O voluntarioso<br />
irrita-se, facilmente, despreza o ponto-de-vista do seu semelhante e quer<br />
fazer prevalecer sempre o seu modo de ver, tornando-se um fomentador de<br />
contrariedade.<br />
O voluntarioso estriba-se nos seus conhecimentos e quer restringir<br />
tudo a eles, desconhecendo que o saber varia de pessoa para pessoa, de<br />
acordo com as oportunidades aproveitadas de cada um. Daí a necessidade<br />
de haver alguma tolerância na apreciação dos fatos, que o voluntarioso<br />
geralmente não tem. Ele costuma ser radical e, deste modo, a sua obsessão<br />
se manifesta por idéias fixas, pela irritabilidade e pela maneira, mais ou<br />
menos irredutível, de apreciar as questões.<br />
Como facilmente se depreende, a obsessão decorre da falta de<br />
esclarecimento, da ausência de conhecimento do mecanismo da vida, da<br />
43<br />
ignorância sobre o que se passa depois da chamada "morte" e de como se<br />
deve proceder para bem aproveitar a encarnação.<br />
Há formas sutis de obsessão (imperceptíveis aos olhos daqueles que<br />
não se acham familiarizados com o assunto) que se podem desenvolver e<br />
levar as criaturas à loucura. É de grande vantagem, por isso, todos se<br />
instruírem, na fase inicial, a respeito da sua manifestação.<br />
Em face da sutileza com que a obsessão se apresenta, as vítimas não<br />
se apercebem do risco a que estão expostas e deixam, por isso, de cortar o<br />
mal pela raiz, quando ainda estão em condições de o fazer. A obsessão vai<br />
penetrando, lentamente, e tomando conta da criatura. Esta, por sua vez,<br />
não lhe dá importância e, quando se vai habituando a aceitar o que o<br />
obsessor lhe intui, o domínio deste passa a ser maior e mais rápido e<br />
violento.<br />
Todo cuidado é pouco, e somente quando conhece bem a causa e o<br />
meio pelo qual se processa a obsessão, é que fica a criatura em condições<br />
de evitá-la e defender-se dela. As atrações apaixonantes são as mais<br />
perigosas, porque o indivíduo sente prazer e impulso convidativo muito<br />
forte para embrenhar-se nas suas cariciosas malhas. Até os esclarecidos<br />
primários se precipitam, às vezes, nesse abismo.<br />
O ser humano nunca se deve deixar abater. Sem dúvida, ocorrem,<br />
para alguns, abalos morais fortíssimos. Há necessidade, nestes casos, de<br />
fazer um esforço muito grande para reagir, dominar-se e vencer a situação.<br />
Muitos têm, por falta de reação pronta e enérgica, chegado à obsessão. O<br />
caso, por vezes, se verifica com a partida de um ente querido para o além:<br />
vêm o desespero, a inconformação, o descontrole e, finalmente, a<br />
perturbação. O ser, naquela dor, clama pelo espírito desencarnado que, por<br />
falta de esclarecimento, não está em condições de acudir. Aflige-se ele<br />
então, sofre, procura intuir para acalmar, não o consegue e acaba por<br />
tornar-se obsessor, podendo levar à loucura o intuído.<br />
Cumpre ao ser encarnado, em tais situações, irradiar convictamente<br />
para ajudar o espírito que desencarnou a ascender ao seu mundo, onde não<br />
sofrerá. Esta orientação é a única cabível para livrá-lo da perturbação que<br />
aquele possível obsessor poderá produzir.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> empenha-se em oferecer todos os<br />
conhecimentos relacionados com o fenômeno, bastando que os seres se<br />
44
interessem por eles e procurem assimilar os seus ensinamentos. Grande<br />
parte da humanidade é vítima da obsessão por absoluta ignorância de<br />
como deve proceder para evitá-la ou dominá-la.<br />
Alguns sintomas do estado inicial da obsessão podem ser observados<br />
nos seguintes casos:<br />
1) tendência para rir sem motivo, ou a pretexto de coisas fúteis;<br />
2) manifestação de cacoetes;<br />
3) vontade de chorar, sem razão plausível;<br />
4) comer exageradamente;<br />
5) estar sempre com sono;<br />
6) sentir prazer na ociosidade;<br />
7) exteriorização de manias;<br />
8) idéias fixas;<br />
9) fazer gracinhas tolas;<br />
10) amofinar, persistentemente, o próximo;<br />
11) repetir, mecanicamente, o mesmo dito;<br />
12) extremar-se nas paixões;<br />
13) alimentar prevenções descabidas;<br />
14) casmurrice;<br />
15) práticas viciosas;<br />
16) atos de ostentação;<br />
17) explosões temperamentais;<br />
18) mistificação;<br />
19) hábito de mentir;<br />
20) expressar-se licenciosamente;<br />
21) revelar covardia;<br />
22) usar palavrões;<br />
23) demonstrar fanatismo;<br />
24) gesticular e falar sozinho:<br />
25) ser sistematicamente importuno;<br />
26) ouvir e ver coisas fantásticas;<br />
27) gastar acima do que deve e pode;<br />
45<br />
28) mania de queixar-se de doenças que na realidade não tem;<br />
29) descuidar-se das suas obrigações no lar e no trabalho;<br />
30) abandonar os imperativos deveres caseiros, ausentando-se do<br />
seio da família;<br />
31) viver num mundo distante, sonhadoramente;<br />
32) provocar discussões, constantemente.<br />
Os que assim procedem estão a caminho ou, pelo menos, revelam<br />
grande predisposição para a obsessão. O melhor que têm a fazer, portanto,<br />
é corrigir-se para não continuarem a atrair espíritos do astral inferior e a<br />
associar-se a eles.<br />
Não é demais repetir que os espíritos do astral inferior são<br />
obsessores. A linguagem por eles usada é a do pensamento, e os<br />
pensamentos dos encarnados lhe são, por isso, perfeitamente conhecidos.<br />
Assim, podem entrar em contato com os seres humanos, conhecer os seus<br />
intentos e participar da vida daqueles que lhes fornecerem corrente de<br />
atração.<br />
A aproximação dos espíritos do astral inferior não só produz a<br />
obsessão, como ainda enfermidades físicas, além de agravar as já<br />
existentes. Sabe-se que estes espíritos estão impregnados de miasmas de<br />
várias doenças, que passam para os corpos dos enfermos por eles<br />
assistidos, agravando-lhes os males.<br />
Até mesmo por higiene mental, ninguém se deve ligar pelo<br />
pensamento a desafetos ou outros seres humanos que alimentem<br />
sentimentos inferiores e pensamentos indignos, por estarem tais criaturas<br />
cercadas de obsessores.<br />
Pensando nelas, as criaturas se ligam aos espíritos da sua corrente<br />
avassaladora, ficando sujeitas à assistência do astral inferior.<br />
Certo é que, praticando o ser humano, com rigor, os ensinos<br />
racionalistas cristãos, manter-se-á forte de espírito, poderá trabalhar e<br />
produzir com eficiência, na certeza de que será bem sucedido e de que<br />
nunca ficará avassalado.<br />
46
CAPÍTULO II – A DESOBSESSÃO<br />
A desobsessão é feita, com melhores resultados, nas correntes<br />
fluídicas organizadas pelo Astral Superior nas Casas Racionalistas Cristãs.<br />
Nas Sessões Públicas de Limpeza Psíquica, que se realizam no Centro<br />
Redentor e suas Filiais e Correspondentes, o obsedado fica em cadeira<br />
adequada, sentado à mesa das Sessões (um de cada lado do fecho) rodeado<br />
por três esteios Estes, cautelosamente, o observam, aplicando-lhe a<br />
disciplina do sacudimento. De quando em vez, dão-lhe a beber um pouco<br />
de água fluídica.<br />
O sacudimento tem por fim facilitar o arrebatamento, pelos espíritos<br />
do Astral Superior, ali presentes, do obsessor do corpo do obsedado. O<br />
obsedado freqüentemente estrebucha na cadeira, revelando a ação do<br />
obsessor, que se obstina em não deixar a vítima. Sendo necessário, atamse<br />
à cadeira os pés, as mãos e a cintura do obsedado, para evitar que se<br />
machuque com as contorções violentas que algumas vezes faz.<br />
Os esteios irradiam, confiantes, para melhor reforçar a corrente e<br />
facilitar a ação desobsessora. Enquanto isso, a Sessão prossegue com<br />
serenidade e segurança, não dando nenhum dos auxiliares, a partir do<br />
presidente, a menor importância às reclamações ou protestos que o<br />
obsedado faça. Depois que o obsessor é arrancado, o obsedado se acalma,<br />
sentindo profunda prostração, em virtude da perda de vida anímica que<br />
lhe foi sugada pelo obsessor.<br />
O obsedado, porém, ainda não está bom. A desorganização celular<br />
provocada pelo obsessor foi grande, e há necessidade de retornar o<br />
equilíbrio às unidades desajustadas do organismo. Nesse estado, se não<br />
puder contar em sua casa com pessoas que o assistam, aplicando a<br />
disciplina e a correção aconselhadas pela Doutrina, está sujeito a atrair<br />
outro obsessor, dos milhões que existem na superfície da Terra e em sua<br />
atmosfera, dificultando ou impossibilitando a sua normalização.<br />
No entanto, se as pessoas da casa ajudarem, fazendo as irradiações<br />
em torno do obsedado, duas vezes ao dia, durante cinco minutos,<br />
sacudindo-o, durante essas irradiações, rapidamente se operará a sua<br />
desobsessão, se o estado de inquietação do enfermo não tornar necessárias<br />
outras disciplinas<br />
47<br />
Os obsedados alimentam, em regra, os desejos dos obsessores, que<br />
são de comida forte e excitante, razão pela qual lhes deve ser ministrado,<br />
durante o tratamento, um regime alimentar de convalescente, que os<br />
obsessores detestam.<br />
Não se deve esquecer que os espíritos da camada mais baixa do<br />
astral inferior conservam os mesmos costumes e vícios que tinham,<br />
quando encarnados. Assim, para alimentarem as exigências do seu "eu"<br />
materializado, que intensamente sentem, apegam-se e unem-se fortemente<br />
aos encarnados afins que os possam saciar, ainda que ilusoriamente. No<br />
tratamento da obsessão, esta particularidade não pode ser esquecida.<br />
Os obsedados devem continuar o tratamento até ficarem<br />
normalizados, comparecendo regularmente às Sessões de Limpeza<br />
Psíquica praticadas nas Casas Racionalistas, onde se lhes aplica a<br />
disciplina já descrita.<br />
Ali vão ouvindo as doutrinações e, não obstante o seu estado ainda<br />
de perturbação ou de desajustamento, alguma coisa do que ouvem fica<br />
gravada no seu perispírito, produzindo efeitos benéficos. Os seus<br />
acompanhantes também vão adquirindo, por esse meio, conhecimentos<br />
que os habilitam a prosseguir no tratamento da desobsessão em casa.<br />
Os milhões de obsessores que povoam o astral inferior têm, cada<br />
qual, as suas preferências e escolhem as vítimas encarnadas de acordo<br />
com a afinidade que por elas sentem ou os sentimentos que os animam<br />
com relação a essas mesmas vítimas. Os pensamentos afins são sempre o<br />
ímã de atração.<br />
Há os que gostam de bebidas alcoólicas, os que foram gastrônomos e<br />
continuam com o mesmo vício, e os fumantes e escravos de outros hábitos<br />
viciosos, todos empenhados em satisfazer os seus intemperados desejos.<br />
As vibrações harmônicas do obsessor e do obsedado conjugam-se,<br />
fundem-se, ajustam-se e se encaixam de tal maneira uma na outra, que se<br />
torna difícil a separação.<br />
A desobsessão de um ser rancoroso e vingativo é sempre<br />
problemática porque, alimentando ódio e malquerença, revela grande<br />
inferioridade espiritual; com esses sentimentos se torna um associado<br />
permanente dos espíritos inferiores. Em tais casos a enfermidade passa a<br />
48
ser incurável, desde que o livre-arbítrio da criatura continue a ser<br />
empregado para o mal.<br />
Depois de desobsedado, limpo psiquicamente, é preciso fortificar<br />
não só o seu espírito, mas também o corpo, danificados ambos pelos maus<br />
fluidos e grande perda de energia anímica, o que se consegue pela<br />
reeducação da vontade e disciplina de pensamento.<br />
O bom êxito desse segundo período de desobsessão é mais difícil de<br />
ser alcançado, por depender da reeducação da vontade do normalizando e<br />
da reação contra novas obsessões. Os vícios provocados pelos obsessores<br />
ficam tão arraigados em seu espírito, que só os deixa a muito custo. Sob a<br />
influência desta disciplina, começa o normalizando a raciocinar e a<br />
dominar os vícios próprios e aqueles que foram desenvolvidos pelos<br />
obsessores, e quando se lhe tornar fácil esse domínio, não mais se deixará<br />
obsedar.<br />
A normalização das crianças se fará desobsedando e esclarecendo os<br />
pais e as demais pessoas com quem convivem, levando-as, assiduamente,<br />
às correntes fluídicas das Casas Racionalistas.<br />
As crianças também se normalizam com a mudança de ambiente,<br />
quando retiradas do meio onde agem os espíritos do astral inferior<br />
(atraídos pelos vícios e maus pensamentos dos adultos), para outro em que<br />
o viver ameno seja pautado pelos Princípios que esta obra explana.<br />
NORMALIZAÇÃO DE OBSEDADOS ONDE NÃO EXISTIREM<br />
FILIADOS OU CORRESPONDENTES DO CENTRO REDENTOR<br />
Também se pode normalizar o obsedado na sua própria casa ou,<br />
melhor ainda, em casa isolada, afastado da família, porque quanto mais<br />
isolado ele ficar, mais facilmente se normalizará, desde que haja ao seu<br />
lado uma pessoa calma, de vontade forte, conhecedora dos ensinamentos<br />
constantes deste livro e que os pratique à risca, sem vacilações nem<br />
esmorecimento.<br />
Essa pessoa, preparada e convicta do seu dever para com o<br />
obsedado, deverá ler, atentamente, este e o próximo Capítulo deste livro,<br />
para melhor se inteirar da disciplina a seguir e a aplicar durante a<br />
desobsessão.<br />
49<br />
O seu trabalho será mais facilitado se organizar uma corrente<br />
fluídica que facilite a atração dos Espíritos Superiores para a sua<br />
assistência e a do enfermo. Neste caso, deverá procurar seis ou mais<br />
pessoas adultas, de boa moral, para a organização da Corrente.<br />
Constituída a corrente fluídica, e todos cientes e conscientes do<br />
dever a cumprir, dará o responsável início à desobsessão da seguinte<br />
maneira:<br />
O aposento destinado ao obsedado furioso ou violento deverá ter<br />
janela gradeada e porta bastante forte. Em outro compartimento próximo,<br />
colocará uma mesa, também forte, e junto a esta, as cadeiras, para se<br />
sentarem as pessoas que formam a corrente.<br />
Na última dessas cadeiras ficará colocado o obsedado, e ali se<br />
conservará até findar a Limpeza Psíquica, depois da qual deverá ser<br />
retirado logo para o seu aposento. Nesse aposento não deverá existir<br />
nenhum objeto com o qual ele se possa ferir ou praticar depredações.<br />
Antes de começar o processo de desobsessão, deve a pessoa<br />
incumbida dessa disciplina procurar mais duas ou três pessoas fortes,<br />
calmas, que não se perturbem, e colocá-las atrás do obsedado, ficando<br />
estas bem atentas para segurá-lo fortemente, se for preciso, até que a<br />
Limpeza Psíquica seja terminada.<br />
O obsedado, desde o primeiro dia, deve ser dominado por completo e<br />
obrigado a conter-se para se convencer de que não lhe é permitido ter<br />
vontade para o mal e sinta a necessidade de reagir contra os obsessores e<br />
os seus vícios e fraquezas.<br />
É para isso que se exigem pessoas calmas, de vontade forte e capazes<br />
de o obrigarem a manter-se dentro da disciplina e a fazer tudo quanto é<br />
indicado nesta obra, para a sua completa normalização.<br />
Iniciada a Limpeza Psíquica com as irradiações mencionadas na<br />
primeira parte deste livro, todos os presentes acompanham essas<br />
irradiações mentalmente, e num ambiente de inteira calma e elevação<br />
espiritual — sem que se dê a menor importância ao que disser ou fizer o<br />
obsedado — o presidente mandará sacudir todos, por três vezes, inclusive<br />
o obsedado, este um pouco mais fortemente que os demais.<br />
50
As irradiações deverão ser feitas durante 15 minutos, e no começo de<br />
cada uma delas, já depois de haver sido sacudido fortemente o obsedado,<br />
nas três primeiras, continuará ele a ser sacudido, porém mais<br />
brandamente.<br />
Antes de dar a Limpeza Psíquica por terminada, o presidente manda<br />
sacudir novamente a todos, inclusive o obsedado, por mais três vezes, este<br />
sempre mais fortemente, determinando que lhe dêem a beber Água<br />
Fluídica. Se ele não quiser tomá-la, é preciso obrigá-lo a bebê-la,<br />
servindo-se de um copo plástico (nunca copo de vidro ou de barro).<br />
Para o encerramento da Limpeza Psíquica, o presidente faz a<br />
irradiação — Grande Foco — e logo em seguida o obsedado deve ser<br />
conduzido ao aposento, onde deverá ficar impedido de falar com pessoa<br />
alguma, além da que lhe servir de enfermeiro. Outras pessoas só entrarão<br />
no quarto destinado ao obsedado, quando requisitadas pelo enfermeiro.<br />
A Limpeza Psíquica deverá ser feita todos os dias, às 7 e às 20 horas<br />
em ponto.<br />
Após a Limpeza Psíquica, cumprem-se, rigorosamente, as regras<br />
disciplinares exaradas nesta obra, impondo-se ao obsedado a observância<br />
disciplinar de horas certas, inalteráveis, de acordo com o seguinte regime:<br />
1°. — levantar e tomar banho, às 6 horas;<br />
2°. — fazer, a seguir, a primeira alimentação, sem usar chá da índia,<br />
café, chocolate ou qualquer bebida excitante;<br />
3°. — assistir à Limpeza Psíquica, às 7 horas;<br />
4°. — se estiver em condições, trabalhar, manual ou mentalmente,<br />
das 8 às 9h 30min. como meio auxiliar de reeducação, já que a ociosidade<br />
concorre para agravar a obsessão;<br />
5°. — almoçar, das 11 às 12 horas;<br />
6°. — descansar, das 12 às 13 horas e, se dormir, não o acordar;<br />
7°. — continuar o trabalho manual ou mental até uma hora antes de<br />
jantar;<br />
8°. — jantar às 18 horas;<br />
9°. — assistir à Limpeza Psíquica, às 20 horas;<br />
51<br />
10°. — tomar qualquer alimento leve às 21 horas, deitando-se, em<br />
seguida, para dormir. Antes de o obsedado adormecer, devem-se fazer as<br />
irradiações perto dele, ou nas proximidades do aposento, quando estiver<br />
muito agitado; é preciso, porém, que não se abuse das irradiações,<br />
evitando-se fazê-las a qualquer pretexto.<br />
Além desse regime imposto ao obsedado, é necessário observar mais<br />
o seguinte:<br />
1°. — educá-lo, desde o primeiro dia, com enérgica e intransigente<br />
repressão aos vícios que tiver, como fumar, ingerir bebidas alcoólicas,<br />
comer coisas de seu especial agrado, mas prejudiciais, falar dos outros ou<br />
cometer qualquer ação que esteja em desacordo com os Princípios<br />
constantes do livro <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, Capítulo XIX.<br />
2°. — ocupá-lo com qualquer trabalho manual ou mental, de<br />
maneira a prender a sua atenção às coisas úteis, durante as horas a isso<br />
destinadas, deixando-o dormir à vontade quando tiver sono, até ficar mais<br />
calmo;<br />
3°. — corrigi-lo e, se for necessário, manietá-lo, até que se convença<br />
de que não se deve deixar atuar a ponto de ficar furioso e de não respeitar<br />
as demais pessoas.<br />
Tais obsedados devem ser contrariados em tudo que não seja<br />
racional, para se irem educando e convencendo de que só podem ter<br />
vontade as criaturas normais.<br />
O obsedado deverá ser afastado da sociedade, não podendo receber<br />
visitas enquanto não der provas de estar normalizado; sua alimentação<br />
deve ser sadia, beberá somente água fluídica e, em estado de lucidez,<br />
copiará trechos dos livros Cartas doutrinárias e <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>,<br />
para raciocinar sobre o que for escrevendo. Caso seja analfabeto, a pessoa<br />
que lhe estiver servindo de enfermeiro o irá esclarecendo sobre os<br />
Princípios Racionalistas <strong>Cristão</strong>s.<br />
A normalização dos obsedados poderá ser feita, em qualquer parte,<br />
pela educação da vontade, remodelação dos maus hábitos e de todos os<br />
vícios, que são a causa da atração dos espíritos obsessores<br />
Tais normalizações só se conseguem, no entanto, pelo método<br />
presente, quando empregado por pessoas de boa-vontade e esclarecidas,<br />
52
que procurem seguir à risca os ensinamentos exarados nesta e nas demais<br />
obras editadas pelo Centro Redentor. Fora disso, é tempo perdido, é<br />
concorrer para aumentar o mal do obsedado, visto que o ser conforme<br />
pensar assim será, e quem não pensa e pratica o bem, não pode normalizar<br />
pessoa alguma.<br />
Cumpre ainda observar que os pensamentos das pessoas que<br />
convivem com o obsedado não devem, de modo algum, ter ligação com o<br />
estado do mesmo. Nada de pensar em doenças.<br />
O isolamento do obsedado muito facilita a sua normalização, sendo<br />
mesmo indispensável para que ela se faça completamente. Quando já<br />
puder raciocinar, deverá ser doutrinado constantemente sobre as causas da<br />
obsessão e os meios que foram empregados para normalizá-lo, a fim de<br />
aprender a repelir outros obsessores, pela própria vontade e pensamentos.<br />
É através dessa educação metódica e perseverante que o espírito do<br />
obsedado vai corrigindo as suas fraquezas e vícios, e aquele que se rebelar<br />
contra ela, demonstra que deseja continuar a pensar mal e a conviver com<br />
espíritos do astral inferior.<br />
O educador deve fazer sentir ao educando que o seu espírito está<br />
viciado, e que para evitar e corrigir os vícios, impõem-se o trabalho, a<br />
disciplina, a ordem e a correção.<br />
O obsedado dá sinal de convalescença quando começa a dormir por<br />
longos períodos, a ter saudades de pessoas o que prova o despertar do<br />
espírito e a sua libertação dos obsessores.<br />
Enquanto não dormir bem e não despertarem nele os sentimentos<br />
afetivos, demonstra estar ainda obsedado, sob o domínio dos espíritos do<br />
astral inferior.<br />
Qualquer ato violento do obsedado deve ser reprimido, na mesma<br />
ocasião, para que contenha os seus ímpetos animalizados, que são a causa<br />
desse estado furioso.<br />
O obsedado sabe tudo o que faz, não se esquece de coisa alguma que<br />
com ele se passe, mesmo durante o período agudo da obsessão, e sente<br />
prazer em conviver com espíritos do astral inferior e fazer o que os<br />
obsessores lhe intuem. É por isso que se deve, desde o primeiro dia, fazerlhe<br />
sentir os erros e os vícios que o atiraram às garras de espíritos do astral<br />
53<br />
inferior, nas quais se conserva porque se sente bem, em conseqüência do<br />
seu errado viver.<br />
O que sirva de enfermeiro de tais anormais precisa ter uma vontade<br />
fortemente educada para o bem, deve ser enérgico mas não violento para<br />
com o obsedado, procedendo com muita calma, muita paciência, sem<br />
desejar milagres, porque estes não existem, e sabendo esperar o tempo<br />
necessário para que, pouco a pouco, o espírito do obsedado se vá<br />
convencendo da má educação que teve e precisa corrigir.<br />
Durante a normalização, o enfermeiro deverá proporcionar ao<br />
obsedado a leitura de obras esclarecedoras editadas pelo Centro Redentor,<br />
e manter com ele palestras úteis.<br />
Por mais alta que seja a posição social do obsedado, tem ele de<br />
submeter-se integralmente, e sem condescendência, à disciplina racional e<br />
científica aqui exarada.<br />
Assim é preciso, para ir adquirindo a convicção do que é a vida real,<br />
para a qual todos os seres vêm a este mundo, e que o luxo, a indolência, a<br />
pretensa superioridade, a aristocracia, a vaidade, são causas da obsessão,<br />
que devem ser combatidas, tenazmente, de maneira a cristianizar o espírito<br />
e convencê-lo de que cada um deve ficar apto para tudo fazer, sem pensar<br />
que o ser humano desce da sua dignidade quando executa serviços<br />
humildes.<br />
Convencido o obsedado de que o ser humano, rico ou erudito,<br />
encarna e desencarna como toda gente, e como toda gente deve viver<br />
lutando, sem que o trabalho humilde se lhe apresente como desdouro e,<br />
ainda, compenetrado de que a superioridade do espírito só se revela<br />
através da sua grandeza moral e do amor ao trabalho, facilmente se<br />
normalizará e não tornará a ficar obsedado.<br />
Para conclusão deste capítulo, acrescentaremos:<br />
Na grandiosa obra da Inteligência Universal — Grande Foco — tudo<br />
se encadeia num sentido harmonioso. Nas sábias leis que conduzem à<br />
perfeição e produzem desde o insignificante grão de areia, o pequenino<br />
inseto, o microscópico átomo, aos grandes planetas dispersos no infinito,<br />
constituindo o Universo, tudo toma o estado preciso ao meio e às correntes<br />
54
fluídicas, para o estabelecimento de uma vida em harmonia com as<br />
irrevogáveis leis da natureza.<br />
As leis do Universo, de elevadíssima sabedoria que surpreende o<br />
homem, encerram todos os segredos, estabelecem todas as verdades,<br />
confirmam todas as ciências e explicam todos os fenômenos.<br />
No estudo destes Princípios, é mister compreender que novas causas,<br />
novos efeitos cercam incessantemente o estudioso, envolvendo-o em<br />
estranhos pensamentos e ligando-o, por inúmeros fios condutores, a todos<br />
os seres inteligentes, corpóreos e incorpóreos, transmitindo-lhe descargas<br />
fluídicas e impressões do mundo espiritual, e se a sua imperfeição não<br />
fora tanta, ele sentiria melhor as vibrações do bem e repeliria as da<br />
perversidade.<br />
A obsessão é, pois, sem a mínima dúvida, o resultado da ação de<br />
pensamentos maus, por meio dos quais são atraídos espíritos do astral<br />
inferior que envolvem o paciente, subjugando-o e impondo-lhe a sua<br />
vontade. É pelo meio em que vive o encarnado e pelas suas fraquezas,<br />
vícios e falta de moral, que ele se torna um ímã de atração dos espíritos<br />
que, por ignorância ou perversidade, permanecem na atmosfera da Terra.<br />
Em decorrência dessa atração, começam os espíritos obsessores a<br />
fazer sentir, pouco a pouco, a sua influência, que se reflete na aura da<br />
vítima, impregnando o seu perispírito de fluidos danificadores, até<br />
estabelecerem pleno domínio e ação sobre ela.<br />
Perturbado, completamente, o espírito da vítima, o obsessor toma<br />
conta dela, passa a influenciá-la, a intuir-lhe cismas e manias<br />
perturbadoras, e é assim que se opera a obsessão.<br />
A obsessão dos seres humanos é mais comum do que se calcula, e<br />
isto porque, não estando a humanidade devidamente esclarecida, não<br />
conhecendo a ação do pensamento e os seus efeitos e ignorando, até<br />
mesmo, a existência dos espíritos do astral inferior, que agem com força<br />
altamente maléfica, não está em condições de livrar-se das correntes do<br />
mal, o que só seria possível por meio de uma reação inteligente.<br />
55<br />
CAPÍTULO III – MEDIUNIDADE E MÉDIUNS<br />
A faculdade mediúnica — pelo menos a intuitiva — é inata no ser<br />
humano e exige dele cuidados e atenções especiais. A sua grande<br />
sensibilidade tem íntima ligação com o sistema nervoso. E esse sistema,<br />
uma vez alterado, poderá levar o indivíduo à irritabilidade, expondo-o às<br />
investidas do astral inferior.<br />
Isto indica que o ponto fundamental de conduta para os seres em<br />
geral, e principalmente para os que possuem a faculdade mediúnica mais<br />
desenvolvida, é o controle individual, não se deixando irritar por coisa<br />
alguma, muito embora se manifeste neles uma forte tendência para agir de<br />
forma impulsiva. A tarefa, por certo, não é fácil, mas a dificuldade não<br />
deve influir para que o assunto não seja encarado com a seriedade que<br />
exige.<br />
Os estudantes do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> sabem que os espíritos do<br />
astral inferior esperam a ocasião oportuna para desfechar os seus ataques<br />
contra os desprevenidos, principalmente aqueles que lhes oferecem maior<br />
receptividade como, no caso, os médiuns.<br />
Imperam, nos antros sombrios do astral inferior, os seres<br />
desencarnados de má índole, bisbilhoteiros, fanfarrões, intrigantes, os que<br />
gostam de graçolas fúteis e de mau gosto, amantes de mexericos,<br />
vingativos, gozadores, pusilânimes, ignorantes, pérfidos, ociosos,<br />
xingadores bestiais e ignóbeis que foram, quando encarnados, mentirosos,<br />
delatores, vilões, sensualistas, malandros, traidores, velhacos, impostores,<br />
pervertidos, prevaricadores, homicidas, gatunos, falsificadores e imorais.<br />
Vagando pela crosta terrena, nas condições mais lamentáveis,<br />
encontram-se esses infelizes na atmosfera da Terra em estado perturbativo,<br />
em decorrência dos crimes resultantes do mau uso do livre-arbítrio, e<br />
assim, como contumazes delinqüentes, empregam as suas maléficas<br />
atividades nos divertimentos mais condenáveis possíveis, que são os de<br />
atormentar o ser humano que, alheio à sua presença e maquinações, por<br />
falta de esclarecimento, os atrai inconscientemente, e acaba por praticar o<br />
que eles lhe intuem.<br />
56
Existem, além disso, os que foram inimigos quando encarnados, que<br />
tudo fazem, agora que se tornaram invisíveis, para vingar-se dos antigos<br />
desafetos.<br />
Esse é o grande perigo a que todos estão sujeitos e, mais ainda, os<br />
médiuns. Contra tal risco todos se precisam precaver, com o pensamento<br />
bem orientado, pondo a força de vontade em ação para não pensarem mal<br />
e não praticarem atos criminosos, única maneira de afastarem todas as<br />
más influências que aqueles espíritos inferiores produzem.<br />
O médium, devido à sua sensibilidade, precisa estar ainda mais<br />
prevenido do que os demais. Deve saber que os espíritos obsessores<br />
operam, de início, sutilmente, de maneira imperceptível, procurando<br />
estabelecer uma vibração harmônica com ele, explorando certas<br />
tendências ou anseios alimentados de tal modo que não se aperceba do<br />
que se está passando, por julgar que aquela freqüência na focalização de<br />
um mesmo objetivo, de algum modo reprovável, é coisa sua. Isto não quer<br />
dizer que não tenha realmente um pouco de si próprio no alcance do tal<br />
fim em mira. Mas o que é absolutamente certo, é que os espíritos do astral<br />
inferior tomam conhecimento do fato e, atentos, não perdem a<br />
oportunidade de agravar o mal, pois, para isso, são aos milhões, e estão em<br />
toda parte.<br />
Aqueles que desconhecem o que somos e o que é a vida fora da<br />
matéria, não têm meios de defesas contra tais situações, e os que possuem<br />
mediunidade, principalmente a de incorporação, sem ter o adequado<br />
esclarecimento, vivem desprotegidos, terminando, não raro, vítimas da<br />
obsessão ou da loucura.<br />
O médium, para ingressar nos trabalhos da Doutrina Racionalista<br />
Cristã, precisa levar vida rigorosamente disciplinada, a fim de se poder<br />
manter, material e espiritualmente, em plenas condições de equilíbrio e<br />
saúde, para bem cumprir os seus delicados deveres.<br />
Essa disciplina consiste em:<br />
a) habituar-se a ter horas para tudo;<br />
b) alimentar-se moderada e racionalmente, de maneira a satisfazer as<br />
necessidades orgânicas;<br />
57<br />
c) não se alterar diante das falhas ou erros, voluntários ou não do<br />
seu semelhante;<br />
d) não discutir nunca;<br />
e) ouvir, com tolerância, as opiniões alheias e, quando tiver de<br />
emitir a sua, fazê-lo com oportunidade e critério;<br />
f) não se irritar, não blasfemar, não maldizer, em nenhuma hipótese;<br />
g) combater os sentimentos de revolta;<br />
h) conservar serenidade e paz em ambientes alvoroçados ou<br />
conturbados; não o conseguindo, afastar-se, o quanto antes;<br />
i) esforçar-se por ser comedido, prudente, verdadeiro e leal;<br />
j) pensar antes de falar e de fazer alguma coisa;<br />
k) ouvir e saber calar;<br />
l) procurar ser compreensivo diante dos males que não têm<br />
remédio;<br />
m) não se lamuriar nem queixar;<br />
n) não manter relações sociais com pessoas com quem não sentir<br />
afinidade;<br />
o) ser valoroso, digno e consciente das suas obrigações e deveres;<br />
p) reconhecer a elevação dos misteres do cônjuge: pai, mãe,<br />
preceptor, filho e cidadão, dando o exemplo;<br />
q) ser afetivo para com os que mereçam essa distinção, e reservado<br />
para com os que não a merecem;<br />
r) não se afligir descontroladamente;<br />
s) adotar parcimônia nos gastos, e simplicidade na apresentação;<br />
t) suprimir o desperdício;<br />
u) combater, tenazmente, a vaidade e o orgulho porventura<br />
existentes na sua personalidade moral;<br />
v) não se ocupar da vida alheia, nem fazer comentários<br />
desabonadores a terceiros;<br />
58
x) cultivar os bons sentimentos, aproveitando bem as horas do dia<br />
em trabalho útil;<br />
y) não se apaixonar por nenhum assunto, seja político, esportivo ou<br />
de qualquer outra natureza;<br />
z) viver, tanto quanto possível, impessoalmente, reconhecendo que a<br />
faculdade mediúnica exige renúncia e devotamento à Causa que<br />
abraçou;<br />
z-1) adotar, na vida cotidiana, sistematicamente, os princípios<br />
ministrados pelo <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />
Todas estas recomendações disciplinares e outras que o bom senso<br />
comum indica, objetivam fechar as portas aos espíritos do astral inferior,<br />
que dão preferência aos médiuns de incorporação para sobre eles<br />
exercerem ação perniciosa, obsedante e aniquiladora. Além disso, a<br />
prática desta disciplina favorece a formação de uma personalidade serena,<br />
confiante e esclarecida, indispensável ao exercício da mediunidade.<br />
Evidentemente esta disciplina é recomendável aos que possuem<br />
qualquer das outras modalidades mediúnicas e aos seres em geral, por ser<br />
a mediunidade intuitiva comum a todas as pessoas. No entanto, dá-se,<br />
nestas normas, mais atenção à mediunidade de incorporação, em virtude<br />
de possuírem essa faculdade os médiuns que prestam serviços à Doutrina<br />
Racionalista Cristã, e serem eles os mais expostos às influências do mal.<br />
Por esta razão os médiuns devem ser tratados com a necessária<br />
compreensão, irradiando-se sobre eles pensamentos repletos de valor e de<br />
honra. Isto ajuda a revigorá-los, e com este apoio podem mais facilmente<br />
agir em defesa própria e oferecer melhor serviço.<br />
Devido à faculdade que possuem, sentem os médiuns, por vezes,<br />
estados de profunda nostalgia, de grande tristeza, originados, em certas<br />
ocasiões, nas ondas vibratórias do sofrimento que envolve o mundo. Não<br />
devem dar maior importância ao caso, visto que a situação logo se<br />
modifica, graças aos Poderes Superiores que operam, constantemente, no<br />
Universo. Quando, porém, tal estado se prolonga ou se repete,<br />
amiudamente, a ação dos espíritos do astral inferior precisa ser<br />
considerada, devendo contra ela os médiuns reagir com todas as energias<br />
de que dispõem.<br />
59<br />
No <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> ninguém é constrangido a prestar serviços,<br />
e muito menos os médiuns. Estes, no uso pleno do livre-arbítrio,<br />
deliberam, espontaneamente, dedicar-se à Causa, e só podem ser aceitos<br />
para os trabalhos depois de se haverem inteirado muito bem dos princípios<br />
doutrinários e de se mostrarem capazes de adotar a sua disciplina.<br />
Duas são as fases que o médium atravessa no exercício da sua<br />
faculdade: na primeira, apenas recebe os espíritos do astral inferior,<br />
enquanto na segunda, além destes, recebe os do Astral Superior.<br />
Na primeira fase do desenvolvimento, o médium está com o seu<br />
corpo preparado para sintonizar-se com o meio ambiente, que é comum a<br />
todos, povoado de espíritos inferiores.<br />
Em todas as fases, o desenvolvimento mediúnico somente se deve<br />
operar nas Casas Racionalistas Cristãs, dentro das correntes fluídicas<br />
formadas pelos espíritos do Astral Superior e sob a direção destes, com<br />
obediência rigorosa à disciplina implantada por esses espíritos de elevada<br />
evolução.<br />
Os espíritos do astral inferior, ao atuarem, impõem abnegação e<br />
sacrifício ao médium, em face do estado de perturbação, maldade ou<br />
sofrimento em que se acham, ao passo que os do Astral Superior atuam<br />
brandamente, e a sua aproximação é suave e benéfica ao médium.<br />
É certo que entre os espíritos do astral inferior, há os mais e os<br />
menos perturbados, os agressivos obsessores e os melifluentes e<br />
mistificadores, mas o médium esclarecido tem meios de conhecer e<br />
controlar a sua manifestação, evitando que se pronunciem em desacordo<br />
com os princípios da Doutrina. Além disso, desde que a corrente esteja<br />
bem firme, pela correta concentração de todos os seus componentes, os<br />
espíritos do Astral Superior, que estão presentes, intervêm em favor do<br />
médium, sempre que tal medida se impuser.<br />
A disciplina é, pois, de capital importância no desempenho dos<br />
trabalhos nas Casas Racionalistas Cristãs, não podendo ser tolerada a sua<br />
quebra, por ela representar segurança, respeito às Forças Superiores, senso<br />
de responsabilidade, demonstração de amor à Causa, conhecimento dos<br />
princípios doutrinários e intransigência em relação ao cumprimento do<br />
dever. A sua quebra pode ocasionar prejuízos materiais e morais, além de<br />
60
descrédito para a Doutrina. Esta observação não atinge somente os<br />
médiuns, mas a todos os militantes.<br />
Os espíritos do astral inferior nada conhecem acerca do<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, porque, se algo conhecessem, não estariam<br />
perambulando na crosta terrena. Essa é uma das razões pelas quais os<br />
espíritos mistificadores podem ser facilmente desmascarados pelo próprio<br />
médium. Logo que se apresentam com o desejo de intuir, exteriorizando<br />
um fraseado de falso sentimento e repetindo conhecidos chavões da<br />
mística religiosa, são prontamente reconhecidos, desde que o médium<br />
esteja atento e prevenido contra a possível manifestação de um destes<br />
perturbadores burlões.<br />
Pode suceder que os médiuns sintam, por vezes, dúvida sobre se o<br />
que estão transmitindo é o pensamento de um espírito ou o seu próprio.<br />
Essa dúvida, entretanto, não deve prevalecer levando-se em conta que o<br />
médium possui extrema sensibilidade e a transmissão é feita muito<br />
sutilmente.<br />
Uma vez que este esteja calmo, entregue docilmente ao desempenho<br />
do seu trabalho, livre de fluidos materializados subtraídos durante as<br />
prévias irradiações e assistido por espíritos do Astral Superior, é manter-se<br />
confiante em si mesmo e transmitir o que receber, sem alimentar a menor<br />
dúvida de que está sendo um veículo para o espírito atuante. Observadas<br />
as condições expostas, essa insidiosa dúvida deve ser vencida pelo<br />
médium, em benefício da sua evolução.<br />
A faculdade mediúnica só deve ser desenvolvida debaixo da ação<br />
direta de espíritos do Astral Superior. Estes somente podem permanecer<br />
entre os seres encarnados em condições especiais e por meio de corrente<br />
previamente organizada por espíritos adredemente preparados para esse<br />
fim, como ocorre exclusivamente nas Casas Racionalistas Cristãs. Daí a<br />
razão de não ser permitido a nenhum médium filiado a esta Doutrina<br />
concentrar-se e receber espíritos fora das suas correntes fluídicas. A esta<br />
medida disciplinar é dada excepcional importância, por representar uma<br />
grande segurança para o médium e para os participantes das Sessões.<br />
Os ensinos racionalistas cristãos demonstram, exaustivamente, os<br />
perigos a que ficam expostos os que não souberem livrar-se das<br />
influências do astral inferior. Por isso, insiste-se em recomendar que todos<br />
61<br />
observem os ensinamentos da Doutrina na sua vida cotidiana. O médium,<br />
com especialidade, deve abster-se de falar sobre a sua faculdade e<br />
atividades psíquicas.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não tem necessidade de fazer propaganda<br />
dos seus ensinos, das suas idéias e dos seus propósitos. Ele também nada<br />
pede a ninguém, oferecendo a todos, no entanto, os meios de conseguirem<br />
o esclarecimento espiritual, que é o maior bem, a maior conquista que se<br />
pode almejar na Terra. Quem dá, não precisa pedir que aceite. Essa é uma<br />
das razões de nada se pedir. Dentre os militantes, cada qual deve procurar<br />
tornar-se merecedor da oportunidade que se lhe apresente de bem servir à<br />
Causa.<br />
Os médiuns devem reconhecer que constitui para eles um privilégio,<br />
dos maiores, a oportunidade de poderem desenvolver as suas faculdades<br />
mediúnicas, com plena segurança, nas correntes do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>,<br />
sob a ação das Forças Superiores e, deste modo, prestarem um serviço<br />
inestimável a si mesmos, que os tornará credores de benefícios<br />
proporcionais. "Quem bem faz para si o faz" — é um adágio que expressa<br />
uma verdade indiscutível.<br />
A faculdade mediúnica é perceptível nos seres, desde tenra idade,<br />
fenômeno que a medicina materialista desconhece, o que muito vem<br />
dificultar o emprego da terapêutica adequada. A falta de esclarecimento<br />
dos pais é outro entrave que impede o ser de receber os meios<br />
indispensáveis de defesa, num mundo de reconhecida agressividade. A<br />
essas duas falhas lamentáveis procura o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> dar solução,<br />
para o bem da humanidade, com a constante difusão de seus ensinos.<br />
Aos poucos, vai-se fazendo luz no espírito dos encarnados, mas,<br />
enquanto os conhecimentos reais da vida não forem amplamente<br />
divulgados e conhecidos, há de haver cadeias e hospitais de alienados<br />
repletos de obsedados.<br />
Os piores males causados à coletividade são, ainda, os praticados<br />
pelos obsedados que andam soltos, sem que a maioria os reconheça. Todos<br />
eles são médiuns, uns mais outros menos desenvolvidos, mas sempre na<br />
primeira fase da evolução mediúnica e, por isso, joguetes indefesos de<br />
espíritos do astral inferior para a prática do mal.<br />
62
Não comete exagero quem assegurar que as desgraças, os crimes ou<br />
desavenças, a intranqüilidade, os infortúnios, as prevaricações, as<br />
injustiças e os danos pessoais têm a sua origem, direta ou indireta, nas<br />
irreflexões e nos desatinos dos milhões de médiuns que agem na Terra<br />
inconscientes do seu verdadeiro estado, alheios à faculdade mediúnica que<br />
possuem.<br />
São os médiuns que oferecem ao presidente das Sessões, durante<br />
estas, os temas mais oportunos para o momento, facultando a certos<br />
assistentes ouvirem justamente o que mais precisam para a sua orientação<br />
espiritual; são eles que dão ensejo a que os assistentes meditem sobre a<br />
deplorável situação moral em que se encontram os espíritos do astral<br />
inferior que se manifestam; são, ainda, eles que transmitem, já na segunda<br />
fase da evolução mediúnica, os judiciosos conselhos e as sábias<br />
advertências dos espíritos do Astral Superior.<br />
Quanto mais disciplinados forem os médiuns, quanto mais<br />
devotados, mais fiéis à aplicação, sem fanatismo, dos Princípios na vida<br />
prática, mais rapidamente farão a sua evolução espiritual, e melhores serão<br />
os serviços prestados.<br />
Ao dedicar-se ao trabalho mediúnico nas correntes fluídicas<br />
organizadas pelos espíritos do Astral Superior, o instrumento está ali<br />
plenamente protegido contra qualquer intervenção nefasta do astral<br />
inferior.<br />
Por isso, deve manter-se calmo e confiante nos bons resultados do<br />
seu trabalho, abstraindo-se de pensar, nessa ocasião, em tudo quanto se<br />
relacionar com a vida material, com os problemas da existência e os<br />
assuntos caseiros, para focalizar os seus pensamentos no sentido das<br />
palavras das irradiações ou nas dissertações, como também na produção<br />
do seu próprio trabalho e no controle da atuação dos espíritos.<br />
O médium, para permitir que o espírito se manifeste por seu<br />
intermédio, prepara-se para isso e, num estado de relaxamento dos tecidos<br />
musculares, o seu espírito facilita ao espírito manifestante a transmissão<br />
do pensamento deste. Ficam, pois, os dois espíritos — o do médium e o do<br />
atuante — lado a lado. Como o cérebro é semelhante, por comparação, a<br />
um aparelho receptor de rádio, o espírito atuante pensa no que deseja<br />
63<br />
dizer, e as vibrações desses pensamentos, por eles captadas, transformamse<br />
nas palavras que são por todos ouvidas.<br />
O espírito do médium pode ainda auxiliar a transmissão, com maior<br />
ou menor intensidade, reforçando as vibrações do espírito atuante com as<br />
suas próprias, e intervir, se quiser, controlando as palavras que vão sendo<br />
proferidas e interpondo as mais apropriadas. Quanto mais culto for o<br />
médium e maiores os seus conhecimentos do vernáculo, mais límpidas e<br />
expressivas serão as transmissões, facilitadas pela sua cultura.<br />
Os médiuns que trabalham nas Casas Racionalistas nada devem<br />
temer, por se acharem ali resguardados pelas Forças Superiores; e fora<br />
dali, desde que observem os princípios disciplinares, não lhes faltará a<br />
mesma assistência. Quando em trabalho, devem pôr de lado toda timidez,<br />
entregando-se ao serviço decididamente, sem preocupações a respeito de<br />
como podem estar sendo apreciados.<br />
Em princípio deve admitir-se que todos estão dando o melhor de que<br />
dispõem, e daí não haver motivo para receios e retraimentos. Cada qual,<br />
no seu posto, deve cuidar de si próprio, no desempenho das suas<br />
atribuições, nunca se preocupando com o que os outros estão fazendo ou<br />
possam achar e dizer. Se todos tiverem a consciência de estar dentro dos<br />
princípios da Doutrina, procederão acertadamente, e nada terão de<br />
conjeturar.<br />
Os médiuns podem contar com a simpatia de todos os companheiros<br />
da Causa, na certeza de que eles sabem apreciar o valor da sua<br />
contribuição. O respeito, a consideração e a estima devem prevalecer em<br />
todas as ocasiões, porquanto a família racionalista cristã tem normas de<br />
proceder e deve ser unida. As vibrações harmônicas de compreensão e<br />
entendimento atuam salutarmente na formação de um clima propício à<br />
composição de boas correntes fluídicas.<br />
Não deve haver ressentimento dos médiuns quando não são<br />
colocados à mesa, nesta ou naquela posição. Todos os lugares são bons.<br />
Quando o médium é suscetível de facilmente ressentir-se, pode o<br />
ressentimento ser provocado, propositalmente, pela ação Superior, para ser<br />
reconhecido, enfrentado, combatido e eliminado por ele. Às vezes, o ser<br />
ignora certos defeitos que possui, e então é preciso revelá-los e aflorá-los<br />
para que sejam destruídos. O ressentimento é uma falha do espírito que<br />
64
deve ser encarada frontalmente e com naturalidade, para melhor<br />
conseguir-se o seu extermínio.<br />
A rotina dos trabalhos mediúnicos poderá apresentar-se monótona<br />
aos olhos de alguns médiuns, com o correr dos anos, cumprindo-lhes, em<br />
lugar de aceitarem essa hipótese, procurar conhecer o porquê da<br />
monotonia, que bem poderá significar estarem eles, por indolência ou por<br />
se entregarem a hábitos rotineiros, estacionando em sua evolução.<br />
À medida que o médium evolui, vai encontrando novas sensações na<br />
própria atividade espiritual em que os seus horizontes se dilatam,<br />
oferecendo-lhe novas e mais amplas e interessantes perspectivas.<br />
A evolução consiste numa sucessão de conhecimentos novos e cada<br />
vez mais elevados, que continuadamente se superpõem. Onde há evolução<br />
efetiva, não existe lugar para a monotonia, já que em cada dia se aprende<br />
uma lição desconhecida, até mesmo nos acontecimentos aparentemente<br />
banais.<br />
Essa evolução, porém, exige a conscientização do médium e o seu<br />
permanente empenho de aperfeiçoar, cada vez mais, a faculdade<br />
mediúnica; a instrução e a cultura muito o auxiliarão nessa tarefa.<br />
Como o acaso não existe e tudo tem a sua justificação, a sua razão<br />
de ser, dentro da lei de causa e efeito, certas manifestações apresentadas<br />
pelo médium, aparentemente destituídas de interesses, podem encerrar<br />
ocultas lições para serem descobertas. Os médiuns não precisam que os<br />
presidentes sempre as revelem, pois que eles mesmos podem e devem<br />
colher os frutos que estiverem ao alcance das suas mãos.<br />
Em cada sessão nas Casas Racionalistas Cristãs, há sempre uma<br />
oportunidade nascente, desde que aquela hora seja vivida com dedicação e<br />
se sinta a utilidade daquele trabalho e o seu alto objetivo. Firmem-se todos<br />
os médiuns nessa realidade, fugindo, o mais possível, da sensação ilusória<br />
dos atrativos materiais que contrastam, não pouco, com os encargos sérios<br />
da Doutrina, os quais demandam renúncia, abdicação e fuga às ilusões e<br />
enganos do mundo, sempre traiçoeiros.<br />
A mediunidade não é faculdade hereditária. Ela é própria do espírito.<br />
A hereditariedade provém da matéria, é legado que passa de pais a filhos,<br />
por via material, e quase sempre em forma de moléstia, como, entre<br />
65<br />
outros, o caso da sífilis. A mediunidade não é doença e sim, como se<br />
afirma, uma faculdade, o que quer dizer, um dom. Daí a necessidade de<br />
cultivá-la bem, dando-lhe todos os cuidados que precisa ter.<br />
Todos vêm à Terra encarnar com as ferramentas adequadas aos<br />
misteres que vão exercer. As ferramentas são os dons, as especialidades,<br />
as vocações. Uns trazem o tino comercial; outros, a vocação para lecionar,<br />
a artística, a científica; ainda outros vêm para ser artífices, industriais,<br />
lavradores e, entre todos, muitos trazem, por acréscimo, a faculdade<br />
mediúnica da incorporação.<br />
Esta tem de ser exercida sob a ação do Astral Superior, nas Casas<br />
Racionalistas Cristãs, nunca como meio de vida, mas graciosa e<br />
espontaneamente, para o bem comum da coletividade. Aqueles que<br />
exploram, lá fora, esse dom, tirando dele proveito material, estão se<br />
condenando às mais duras correções futuras, sendo-lhes então cerceado o<br />
uso de tal patrimônio.<br />
Nem todos os médiuns de incorporação chegam a poder desenvolver<br />
a sua faculdade sob a ação do Astral Superior. Neste caso, não devem<br />
desenvolvê-la. Conservem-na como está, apenas servindo-se do grau de<br />
sensibilidade que lhe é adicional.<br />
Essa sensibilidade é utilíssima no sentido de poderem perceber<br />
coisas que se passam, sem que sejam relatadas. As aspirações, as<br />
intenções, as maquinações trabalhadas pelos pensamentos ficam<br />
registradas no éter, e podem ser percebidas pela sensibilidade supervibrátil<br />
da mediunidade.<br />
Conquanto todos os médiuns não se possam servir das correntes<br />
fluídicas organizadas pelo Astral Superior para o seu desenvolvimento,<br />
dispõem, no entanto, dessa magnífica modalidade sensitiva para prestar,<br />
com ela, preciosos serviços no meio em que viverem, ora transmitindo<br />
conselhos previdentes, ora impedindo a prática de atos prejudiciais.<br />
Contudo, é condição primordial que o médium leve vida sã, sob a<br />
inspiração dos ensinos racionalistas cristãos, para evitar que seja intuído<br />
pelo astral inferior e se sinta desmoralizado com a aceitação das<br />
mistificações dos obsessores.<br />
Os médiuns que desejarem trabalhar nas correntes fluídicas das<br />
Casas Racionalistas Cristãs, devem, primeiramente, fazer um exame de<br />
66
consciência, a fim de verificarem se realmente estão aptos para exercer tal<br />
atividade.<br />
Eles precisam conhecer, profundamente, o que diz este capítulo, e<br />
estarem resolvidos a enquadrar o seu modo de viver na disciplina nele<br />
registrada. Caso não se sintam fortemente dispostos a assumir os<br />
compromissos que os Princípios doutrinários impõem, é sinal de que<br />
ainda é cedo para tomar essa resolução. O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não faz<br />
questão de quantidade, mas de qualidade.<br />
E dolorosíssimo para todos os companheiros da Causa terem de<br />
enfrentar o dever de dispensar um médium iniciado, por haver ele<br />
fraquejado nas suas obrigações e na conduta. Com o rigor da disciplina só<br />
os fortes vencem, e na Doutrina unicamente estes podem ser admitidos<br />
para o trabalho.<br />
Os que se julgarem, porém, preparados para entrar em ação e<br />
estiverem firmemente decididos a dar de si o máximo, devem endereçar o<br />
seu pedido de admissão ao presidente da Casa Racionalista respectiva.<br />
Cada ingresso de pessoa esclarecida é recebido com regozijo e<br />
aplausos íntimos, não só pelos obreiros militantes, como pelo Astral<br />
Superior, que, desse modo, contará com mais discípulos dedicados,<br />
dispostos a auxiliar na grandiosa tarefa.<br />
Convém, vez por outra, meditar sobre a exígua duração da existência<br />
terrena, em comparação com a eternidade. Isto levará o ser a encarar as<br />
coisas com mais realismo. Enquanto o oceano é formado por um número<br />
limitado, ainda que grande, de gotas, a eternidade não tem limites. Logo, o<br />
tempo de duração de uma existência terrena, seja ela de setenta ou cem<br />
anos, é comparativamente, em face da vida eterna, menos do que uma gota<br />
de água do oceano.<br />
Ora, uma vez reconhecida essa realidade, não há por que dar tanta<br />
importância, como em geral se vê, às posições e grandezas absorventes<br />
que a vida terrena pode, no campo material, oferecer. Os esclarecidos têm<br />
o dever de encarar as funções mais altas não como privilégios, mas como<br />
deveres e responsabilidades maiores. E só uma questão de entendimento.<br />
Esta argumentação é necessária, para não se sentir ninguém<br />
prejudicado e principalmente o médium, por deixar de desfrutar, hoje, o<br />
67<br />
que a matéria ilusoriamente sugere, para, em troca, usufruir mais tarde os<br />
benefícios, as confortantes alegrias de um viver elevado.<br />
Essa conquista já a fizeram aqueles para quem as atrações efêmeras<br />
da Terra não representam mais que fugidias reminiscências do passado.<br />
68
CAPÍTULO IV – MISTIFICAÇÕES<br />
Os estudiosos da mediunidade e dos seus efeitos sabem que todos os<br />
médiuns podem mistificar, desde que não sigam ou não sejam fiéis aos<br />
Princípios Racionalistas <strong>Cristão</strong>s.<br />
Dentro da corrente organizada pelo Astral Superior está colocado o<br />
médium, que fica sob a ação deste, com o poder preciso para dominar o<br />
astral inferior.<br />
Ninguém se deve preocupar com os espíritos que se manifestam, mas<br />
somente com os Princípios doutrinários, dentro dos quais o investigador<br />
sincero tem o dever de basear a sua observação.<br />
A repulsa à mistificação define o esclarecimento do médium e o seu<br />
aperfeiçoamento na prática mediúnica; é da perfeição do instrumento que<br />
depende a perfeição da música e, por mais notável que seja o artista, nada<br />
conseguirá de bom se o instrumento for deficiente.<br />
Médium mistificador é todo aquele:<br />
a) que, intencionalmente, deturpa a comunicação, com segundas<br />
intenções, ou dá expansão ao seu próprio eu, sem estar atuado;<br />
b) que se entrega a práticas mediúnicas fora das bases do<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> e desconhece a ação do pensamento e da vontade;<br />
c) que, mesmo sendo honesto e revelando grande boa-vontade para a<br />
prática do bem, fala demais sobre qualquer assunto, por vezes do que não<br />
entende, principalmente sobre espiritismo, deixando-se levar aos<br />
princípios errados, contrários à Verdade;<br />
d) que tem o espírito repleto de idéias preconcebidas, de tal forma, e<br />
em tal grau, que, quando qualquer Espírito Superior nele atua, para<br />
comunicar coisas úteis, recusa transmitir a intuição que recebe e externa o<br />
que tem na sua mente;<br />
e) que se deixa atormentar por desconfianças e pensamentos de<br />
dúvida e de inveja irradiados sobre ele.<br />
Pode, ainda, o médium mistificar quando a corrente fluídica em que<br />
se acha enfraquece por falta de concentração de qualquer dos seres que a<br />
formam.<br />
69<br />
Este aspecto das mistificações é dos mais melindrosos, razão por que<br />
os ensinos exarados nas obras Racionalistas Cristãs precisam ser<br />
absorvidos com meticulosidade.<br />
Desde que começa o segundo período de desenvolvimento e recebe<br />
as intuições dos Espíritos Superiores, passa o médium a ser tenazmente<br />
perseguido pelo astral inferior, que se aproveita dos seus menores<br />
descuidos para o avassalar.<br />
O astral inferior usa de hábeis subterfúgios para levar os médiuns à<br />
mistificação, aproveitando-se dos descuidos relacionados com a<br />
inobservância da disciplina para envolvê-los nos seus fluidos, com o fim<br />
de familiarizá-los com eles, facilitando, deste modo, a sua aproximação,<br />
em momentos oportunos. Estando, porém, os médiuns sempre vigilantes e<br />
apoiados nos ensinos ministrados pelo <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, a ação<br />
prejudicial do astral inferior não se dará.<br />
Dentre os instrumentos do Astral Superior, os mais visados são o<br />
presidente e os médiuns.<br />
Aproveita-se o astral inferior também do enfraquecimento da<br />
corrente fluídica para aproximar-se do médium mais desenvolvido e que<br />
melhores serviços presta, atirando-lhe descargas fluídicas, e estes, um<br />
tanto casados com esse fluido, sentindo a irradiação com que o astral<br />
inferior procura imitar o Superior, pode, eventualmente, deixar-se<br />
mistificar.<br />
Como é possível ao astral inferior tomar o médium, nessa ocasião, e<br />
substituir o Astral Superior, se o trabalho é sério, o ambiente bom, o<br />
médium honrado e disciplinado, o fluido diferente e, ainda, se as trevas<br />
não suplantam a luz? — perguntará o leitor.<br />
Pode, sim, porque a corrente fluídica organizada pelo Astral<br />
Superior, dentro da qual está o médium, é, por vezes, enfraquecida por<br />
falta de concentração, cessando a força atrativa — ímã que retém o Astral<br />
Superior junto ao médium.<br />
Para mais à vontade conseguir a mistificação, e para o médium não o<br />
repelir, aproveita-se o astral inferior das efluviações lançadas pelo Astral<br />
Superior e conservadas no perispírito do médium.<br />
70
Não é fácil ao Astral Superior, em virtude da sua pureza e dos<br />
fluidos em que está envolvido, tomar o médium. Para fazê-lo, precisa<br />
preparar-lhe o perispírito com descargas fluídicas, até se identificarem os<br />
dois fluidos — o do médium e o do Astral Superior.<br />
É como que uma desinfecção que o Astral Superior faz no corpo do<br />
médium, para depois nele poder atuar e produzir benefícios em prol da<br />
humanidade.<br />
Essa atuação, lenta e suavemente feita, além de beneficiar o médium,<br />
produz-lhe um grande bem-estar; ao contrário da do mistificador que, após<br />
a retirada, deixa o médium abatido e repleto de fluidos pesados, que lhe<br />
produzem uma certa irascibilidade, se os seus fluidos não estão casados,<br />
há muito, com os desse infeliz.<br />
Finalmente, está o médium sujeito à mistificação quando se descuida<br />
ou, melhor, quando se afasta, por negligência, da disciplina regulamentar<br />
a que deve submeter-se; disciplina cuja observância constitui uma garantia<br />
para todos os que trabalham em prol desta Doutrina Racionalista e,<br />
especialmente, os médiuns, por serem eles os instrumentos que mais se<br />
expõem aos manejos do astral inferior.<br />
71<br />
CAPÍTULO V – CORRESPONDENTES<br />
(INÍCIO DE UMA CASA RACIONALISTA)<br />
Nas práticas do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> somente podem ser admitidas<br />
criaturas que tenham perfeito conhecimento da Doutrina e façam uso<br />
sistemático, na vida cotidiana, dos seus Princípios. As práticas nas sessões<br />
são efetuadas exclusivamente nas Casas Racionalistas Cristãs, sob a<br />
direção do Astral Superior. Este preceito precisa ser rigorosamente<br />
observado.<br />
A ordem e a disciplina, nos trabalhos das sessões, são impostas para<br />
a regularidade dos serviços e para a segurança de todos os presentes,<br />
sendo, portanto, o acatamento à disciplina condição indispensável no<br />
desempenho das funções regulamentares.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é praticado tão-somente nas Casas<br />
Racionalistas Cristãs: no Centro Redentor, com sede na cidade do Rio de<br />
Janeiro, rua Jorge Rudge, 119 (Casa-Chefe), e nas suas Filiais e<br />
Correspondentes dispersos pelo Brasil e estrangeiro.<br />
Uma Casa Racionalista inicia-se com o agrupamento de criaturas<br />
esclarecidas, dentre as quais haja uma disposta a assumir a<br />
responsabilidade de ser Correspondente do Centro Redentor.<br />
Essa pessoa escreve à Casa-Chefe, expondo os anseios espirituais do<br />
grupo, e esta manda-lhe uma Ficha Confidencial para preencher e<br />
devolver, com um retrato 3x4. Só pode ser Correspondente aquele que for<br />
honrado e exemplar chefe de família, e não fume nem se entregue ao vício<br />
de bebidas alcoólicas ou outros quaisquer.<br />
Uma vez aceito como Correspondente, passa a realizar Sessões<br />
Públicas de Limpeza Psíquica às segundas, terças, quartas e quintas-feiras,<br />
das 20 às 20h 30min., sendo 15 minutos para as irradiações e 15 para a<br />
leitura e comentários. Nas sessões do segundo sábado de cada mês, às 8<br />
horas da manhã, 15 minutos para as irradiações e 15 para a leitura das<br />
doutrinações enviadas pela Casa-Chefe, em que é facultado o tempo que<br />
for necessário para a referida leitura e comentários. A disciplina a seguir é<br />
a do Capítulo VIII desta obra (Instruções Disciplinares). Nos<br />
72
Correspondentes não se admitem manifestações de espíritos enquanto não<br />
existirem médiuns desenvolvidos.<br />
O Correspondente poderá ser iniciado numa sala ou salão, sempre<br />
que possível independente da residência, e com acesso também<br />
independente, até que tenha, como é desejável, sede própria.<br />
Com o correr do tempo, surgindo criaturas dispostas ao cultivo das<br />
faculdades mediúnicas, o Correspondente dá ciência disso à Casa-Chefe, e<br />
esta delibera se pode ou não haver treino de médiuns.<br />
Todas as Filiais começam como Correspondentes nomeados pela<br />
Casa-Chefe, desde que possuam estes um mínimo de seis participantes,<br />
todos com as fichas necessárias.<br />
Menores não podem fazer parte das correntes.<br />
Somente poderão desenvolver mediunidade pessoas de maior idade<br />
que possuam conduta moral irrepreensível e conhecimento da Doutrina<br />
Racionalista Cristã.<br />
O treinamento dos médiuns e o desenvolvimento da mediunidade<br />
obedecem às instruções contidas no Capítulo VII, parágrafos 13, 14 e 15,<br />
deste livro.<br />
O Centro Redentor é a Casa-Chefe controladora e supervisionadora<br />
do movimento Racionalista <strong>Cristão</strong> em qualquer parte do mundo.<br />
Todas as Filiais usam, obrigatoriamente, a denominação Centro<br />
Redentor Filial ou Correspondente e recebem, diretamente, instruções e<br />
esclarecimentos do órgão centralizador e coordenador, que é a Casa-<br />
Chefe, com sede no Rio de Janeiro.<br />
O preparo e a instalação de cada Filial ou Correspondente são feitos<br />
sob o controle da Casa-Chefe, que tudo orienta no sentido da<br />
uniformização das regras disciplinares, indicando, na data da instalação, o<br />
nome do Presidente Astral respectivo, que é designado pelo Astral<br />
Superior.<br />
No estrangeiro, as Casas Racionalistas Cristãs são instaladas em<br />
obediência às normas legais de cada país, (nem sempre adaptáveis às<br />
brasileiras) entendendo-se que, em qualquer hipótese, há de emprestar-se o<br />
máximo acatamento e respeito aos poderes oficiais constituídos, uma vez<br />
73<br />
que um dos fins da Doutrina é auxiliar e fortalecer a ação governamental,<br />
em benefício da própria coletividade dirigida.<br />
O presidente físico dos Correspondentes e seu substituto eventual<br />
(sempre um esteio, nunca um médium) bem como os componentes da<br />
corrente e da meia-corrente são designados mediante lista apresentada à<br />
Casa-Chefe contendo o nome de elementos selecionados no sentido moral<br />
e conhecedores dos princípios doutrinários. As listas devem conter a<br />
idade, a profissão e a residência destes.<br />
Os componentes da corrente e da meia-corrente têm por dever<br />
manter-se concentrados durante os trabalhos, abstendo-se de pensar em<br />
assuntos da vida terrena. Os pensamentos precisam estar focalizados na<br />
dissertação do presidente, no sentido das doutrinações e nas irradiações,<br />
de acordo com o momento. Os que assim não procederem quebram a<br />
corrente, prejudicam a normalidade dos trabalhos e ficam sujeitos a ser<br />
dispensados dos mesmos, nas reincidências.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> bate-se pela Verdade e deseja que todos se<br />
esclareçam sobre a finalidade da Vida e a maneira correta de conduzir-se<br />
na existência terrena, para evitar sofrimentos desnecessários e perdas de<br />
encarnações. Por isso esclarece:<br />
1 ) O ser humano deve fugir de extravagâncias, adotando as regras<br />
do bom senso comum em atos e palavras, e não se desviar do que<br />
preceituam as leis naturais e imutáveis da vida, procurando entendê-las e<br />
cumpri-las;<br />
2) deve procurar conhecer-se como Força e Matéria, para bem<br />
distinguir a vida material da espiritual;<br />
3) o espírito é uma partícula do Todo (da Inteligência Universal) e,<br />
como tal, está subordinado à lei da evolução; logo, é dever dos seres<br />
humanos procurar evoluir espiritualmente;<br />
4) a calma e a serenidade são indispensáveis como condição<br />
importante para o acerto das resoluções a tomar; estas, quando bem<br />
orientadas, conduzem ao êxito;<br />
5) a inteligência humana desabrocha, desenvolve-se e evolui na<br />
medida do esforço, do trabalho, da sua exercitação e da vontade posta em<br />
ação;<br />
74
6) o ser conforme pensar assim será. Como o pensamento é uma<br />
força que atrai ou repele outros pensamentos bons ou maus, de igual<br />
natureza, não deve ele deixar de orientá-lo no sentido das boas ações, se<br />
quiser ser bem sucedido.<br />
O fato de existirem médiuns nas práticas racionalistas cristãs não<br />
significa que se pratique espiritismo, no sentido vulgar. O espiritualismo<br />
não exclui das suas teorias e práticas fenômenos mediúnicos, e o<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é uma Doutrina essencialmente espiritualista e<br />
espiritualizadora. Os trabalhos são dirigidos pelo Astral Superior, e, como<br />
existe um Presidente Astral na direção espiritual de cada Casa<br />
Racionalista Cristã, torna-se evidente que as práticas racionalistas em<br />
nada se assemelham com a magia negra rotulada de espiritismo, que tem<br />
por base a invocação de espíritos para os mais variados fins.<br />
Os médiuns do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> captam por telepatia ou por<br />
intuição, em suas Sessões Públicas de Limpeza Psíquica, pensamentos que<br />
lhes são dirigidos ou encaminhados pelos organizadores Astrais das<br />
Sessões, e também, debaixo da mesma direção, recebem reflexos do<br />
pensamento de assistentes e mensagens ou comunicações das Forças<br />
Superiores, além das manifestações de espíritos inferiores que revelam a<br />
verdadeira situação em que se encontram após um viver de corrupção, de<br />
falsidades, de materialismo e de erros. Não há invocações no<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, e se o Astral Superior entende fazer uso de médiuns<br />
para ensejar explanações necessárias ao esclarecimento dos presentes, o<br />
faz por sua espontânea vontade e alto descortino, sem interferência ou<br />
solicitação de qualquer ser encarnado.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é Doutrina estruturada em Princípios bem<br />
definidos codificados no livro <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, ilustrados na obra A<br />
Vida Fora da Matéria e desenvolvidos em várias outras publicações<br />
editadas pelo Centro Redentor. Ele ensina a conhecer a Verdade, explana<br />
as realidades da vida através de concepções baseadas nas lições deixadas<br />
por Jesus na Terra, que sucessivas deturpações tornaram irreconhecíveis.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> tem um programa definido de remodelação<br />
de hábitos e costumes, com o objetivo de fortalecer a moral dos povos e<br />
estabelecer gerações sadias na linha do caráter e do dever.<br />
75<br />
Ele trabalha para ver nas atividades públicas e particulares, na<br />
imprensa, no rádio, nos educandários, nos lares, nas empresas e<br />
especialmente na direção suprema das nações, homens honrados e dignos,<br />
respeitáveis e esclarecidos. Nestas condições, de posse de um elevado<br />
Código de Princípios e de grande programa, sem similar em qualquer<br />
outra organização, não há maneira, em boa-fé, de confundir-se a obra<br />
Racionalista Cristã com o espiritismo vulgar.<br />
No espiritismo bíblico-religioso, o que buscam, quase todos, é o<br />
proveito material. Fazem-se ali especulações, "serviços", "trabalhinhos", à<br />
custa de elementos obsessores do astral inferior. Em tal ambiente, as<br />
mistificações têm grande predomínio. Os riscos da obsessão são<br />
tremendos. Nele não há disciplina protetora contra os maus elementos, por<br />
ser esta ministrada tão-somente pelos espíritos do Astral Superior, que não<br />
se imiscuem nessas práticas.<br />
Ao serviço do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, médiuns e esteios nada devem<br />
temer; em primeiro lugar, porque estão seguros dos seus conhecimentos e<br />
sabem como agir em defesa própria; e em segundo, porque contam com a<br />
assistência dos espíritos do Astral Superior, aos quais se ligam por<br />
pensamentos elevados e pela disciplina por eles instituída.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é Doutrina Espiritualista, cujos princípios<br />
visam o esclarecimento humano, sem se preocupar com religiões, seitas ou<br />
credos, mas defende a verdade dentro dos limites dos conhecimentos<br />
humanos, a fim de que todos se conheçam como partículas da Inteligência<br />
Universal, saibam de onde vêm, para onde vão e o que precisam fazer para<br />
lograr bom êxito nas suas tarefas e missões na Terra.<br />
Como a condenação eterna é uma balela, todos terão oportunidade<br />
de chegar à verdade explanada pelo <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, no decorrer de<br />
dias, meses, anos ou, se necessários, séculos.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> foi implantado na Terra pelo Astral<br />
Superior, e aí está a maior garantia da sua estabilidade perene. Os que<br />
gostam de viver no mar das ilusões, no reino da fantasia ou no país dos<br />
sonhos, não encontram ambiente propício no <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, onde<br />
se ensina que todos têm de enfrentar a dura realidade da vida com<br />
coragem, renúncia e abnegação.<br />
76
SEGUNDA PARTE<br />
Normas e Orientações<br />
Observações Gerais<br />
Instruções Disciplinares<br />
Convenções Regimentais<br />
Disciplina nas Sessões Particulares e Públicas<br />
PUBLICAÇÃO DESTINADA ESPECIALMENTE<br />
AOS MILITANTES E ESTUDIOSOS DA<br />
DOUTRINA RACIONALISTA CRISTÃ<br />
77<br />
CAPÍTULO VI – NORMAS E ORIENTAÇÕES<br />
O primeiro dever dos membros das Casas Racionalistas Cristãs é<br />
darem exemplos, em todos os atos da vida, da prática efetiva dos<br />
princípios que aprenderam na Doutrina.<br />
Os exemplos têm maior força persuasiva do que as palavras. O<br />
hábito de falar excessivamente, além de comprometer a criatura, leva-a,<br />
muitas vezes, sem que disso se aperceba, a contradizer-se ou a desviar-se<br />
da orientação criteriosa que todos devem adotar.<br />
Prática recomendável é dedicar-se o ser humano, durante alguns<br />
momentos do dia, ao recolhimento interior, ao silêncio, à meditação.<br />
Não há quem não tenha problemas materiais, morais ou espirituais a<br />
resolver. E essa meditação, esse recolhimento espiritual e o pensamento<br />
profundo muito facilitam a solução desses problemas.<br />
A Força Criadora está em toda parte e atua em todos os sentidos do<br />
Universo. A razão é óbvia: ela enche o Espaço Total e penetra todos os<br />
corpos, sem deixar um único ponto vazio.<br />
Os verdadeiros sábios pensam muito e falam pouco, justamente por<br />
sentirem imperiosa necessidade de pensar. O mesmo acontece com os<br />
cientistas, com os inventores, com os investigadores, enfim, com os<br />
estudiosos em geral. Somente pela meditação constante, habitual, o ser<br />
humano é capaz de aumentar os conhecimentos e enriquecer a sua vida<br />
interior.<br />
Quando alguém se põe a meditar, concentrado em determinado<br />
assunto, estabelece os meios, as condições, o clima espiritual que<br />
facilitam, pelas vibrações harmônicas e sintonizantes que emite, a ligação<br />
às Forças Superiores.<br />
O repositório da sabedoria mais alta não está na Terra, como muitos<br />
supõem, mas no Espaço Superior. Os avançados progressos da tecnologia<br />
moderna não existiriam, se muitas frações dessa sabedoria não tivessem<br />
sido transmitidas aos seres humanos pela via da intuição.<br />
O nosso planeta, sem que a maioria dos seus habitantes se aperceba<br />
desta grande verdade, continua a receber importantes subsídios dos planos<br />
78
superiores. E eles viriam, ainda em escala maior, se o contingente de seres<br />
em condições de receber essas intuições fosse mais elevado.<br />
Para essa elevação, entretanto, é indispensável que a criatura humana<br />
se prepare, eliminando da alma todo sentimento inferior. A calma, a<br />
serenidade e a reflexão constituem hábitos altamente saudáveis para o<br />
corpo e o espírito.<br />
O mundo, onde quer que a criatura se encontre, reclama a sua<br />
presença para fazê-la participar dos acontecimentos que a todos envolvem.<br />
Como peças indispensáveis de um conjunto, como componentes do<br />
Todo, não nos cabe fugir às responsabilidades e aos deveres que a vida<br />
impõe a cada um, ainda mesmo que não nos sejam agradáveis.<br />
Sempre que nos encontramos, por qualquer motivo, em posição<br />
desfavorável, saibamos cumprir, com ânimo e bravura, a parte que nos<br />
toca nos deveres, imprimindo aos nossos atos a maior parcela de<br />
dignidade e agindo com nobreza e incentivamento<br />
Nunca nos separemos da ação construtiva a que estivermos ligados,<br />
nem que para isso tenhamos de arrostar sacrifícios e suportar renúncias,<br />
porque o que a Vida reclama de nós em abnegação deve ser dado com<br />
superioridade e grandeza.<br />
Os que sentiram no <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> uma visão larga e ampla<br />
das coisas, os que não se deixam mais prender pelas passageiras emoções<br />
terrenas, sabem que a vida continua incessantemente, oferecendo-nos, a<br />
cada passo, novas oportunidades para o enriquecimento do nosso<br />
patrimônio espiritual.<br />
Uma vez bem conhecida a lei das reencarnações e desperta a<br />
consciência para o fato de ser este mundo-escola, a Terra, que nos dá os<br />
meios de tirar das lições que oferece o conhecimento de que tanto<br />
precisamos, façamos então o máximo esforço para sermos alunos<br />
aplicados, submetendo a nossa conduta à mais severa e rigorosa<br />
vigilância.<br />
Não sejamos indelicados, se pudermos ser atenciosos; cuidemos de<br />
não ser importunos, desde que possamos ser discretos; não sejamos<br />
intolerantes, mas compreensivos; não demonstremos sapiência, e sim<br />
79<br />
modéstia; e não sejamos instrumento de mágoas, mas mensageiros de<br />
palavras amenas e reconfortantes.<br />
Não nos esqueçamos de que as riquezas materiais, não são nossas.<br />
Elas pertencem ao mundo e nele ficam, quando passarmos a gravitar em<br />
outro plano. Nossas, inteiramente nossas, são as riquezas morais e<br />
espirituais, conquistadas durante a peregrinação por esta esfera física.<br />
Logo, não façamos confusão entre essas riquezas: as primeiras são<br />
efêmeras e, em certo sentido, ilusórias; as segundas, reais e eternas. Não<br />
concedamos àquelas o valor que estas têm.<br />
A maioria das pessoas perde-se pela vaidade quimérica das riquezas<br />
materiais. Quanto mais sentimos o valor dessas riquezas, na satisfação do<br />
nosso ego, tanto menos estaremos sentindo o valor das riquezas<br />
espirituais.<br />
No entanto, havendo possibilidade, procuremos ser ricos material e<br />
espiritualmente, reconhecendo-se que o progresso material é necessário e<br />
que em melhores condições estarão os espiritualistas para incentivá-lo e<br />
dele fazerem bom uso.<br />
Não haja descaso pelas coisas sérias. Estejamos atentos e<br />
disciplinados, não só para com as obrigações nas Casas Racionalistas, mas<br />
no lar, no trabalho ou em qualquer outra parte. Como o hábito é uma<br />
segunda natureza, introduzamos em nossa natureza individual o hábito da<br />
metodização, da ordem e da disciplina, para que este sistema seja<br />
praticado com espontânea naturalidade, em todas as ocasiões.<br />
O racionalista cristão deve estar bem-humorado, mesmo diante da<br />
mais severa adversidade.<br />
Uma vez que o acaso não encontra lugar dentro das leis que regem o<br />
Universo, as coisas acontecem, normalmente, para ser alcançado um<br />
objetivo. Nem sempre sabemos, no mesmo instante do acontecimento,<br />
qual seja ele, mas não importa, pois o saberemos, se quisermos, depois. O<br />
importante é reconhecermos que há um objetivo, e que este vem ou virá<br />
em benefício nosso, de outrem, ou da nossa evolução. O ditado que diz:<br />
"há males que vêm para o bem", já é o reconhecimento dessa verdade<br />
numerosas vezes comprovada.<br />
80
O respeito que todos devem aos indivíduos de outras crenças deve<br />
ser sempre mantido. As vidas anteriores influem, poderosamente, no que<br />
estamos sendo hoje. A natureza não dá saltos. A evolução se processa<br />
paulatinamente, porque ela depende de muitos fatores-experiência obtidos<br />
ou não obtidos, mas necessários, na seqüência das encarnações.<br />
É um engano pensar-se que todos os seres estão maduros para<br />
receberem a Doutrina Racionalista Cristã. A maioria precisa despojar-se<br />
primeiramente de uma pesada carga de hábitos, crenças, limitações e<br />
temores correspondentes a estados crônicos de pensamentos errôneos que<br />
a fazem, por enquanto, tomar um caminho diverso daquele por onde vem<br />
palmilhando, há séculos ou milênios.<br />
Por isso, não se deve discutir sobre crenças. O desabrochar é sempre<br />
de dentro para fora, dependendo do estado interior do indivíduo e a sua<br />
capacidade de aprender concepções espirituais.<br />
Diz-se que Jesus recomendava que não se semeasse sobre os<br />
abrolhos. É o caso. Devemos ter percepção suficiente para não pretender<br />
propagar a Doutrina em meio hostil.<br />
As ocasiões de nos manifestarmos sobre ela surgem, naturalmente, e<br />
a oportunidade se apresenta sem ser provocada. O caminho certo é indicar<br />
o Centro Redentor nos casos de interesse despertado, sem procurar o<br />
interrogado estender-se em explanações. A exposição da Doutrina deve ser<br />
sempre feita sob a ação do Astral Superior, o que se dá dentro das<br />
correntes fluídicas formadas nas Casas Racionalistas Cristãs.<br />
Todos devem cuidar muito da saúde, alimentando-se<br />
convenientemente, a horas certas, descansando de acordo com as<br />
necessidades físicas e não trabalhando exaustiva e desordenadamente. Os<br />
que assim não procederem abalam a saúde, encurtam a permanência na<br />
Terra e praticam, de certo modo, o suicídio, aos poucos.<br />
Suicidar-se não é só acabar com a vida terrena, instantaneamente,<br />
num gesto trágico e louco. É também contribuir para a desencarnação<br />
prematura, agindo irracionalmente e praticando atos prejudiciais, de<br />
maneira consciente.<br />
Os que alcançaram os conhecimentos Racionalistas <strong>Cristão</strong>s não têm<br />
desculpas para proceder de modo a infringir os seus ensinamentos,<br />
81<br />
terminando por desencarnar antes do tempo. Quanto mais esclarecido<br />
estiver o ser, mais preparado ficará para tirar da encarnação melhor<br />
proveito e assim alcançar posição mais elevada na vida futura, sem criar<br />
débitos que teriam de ser saldados ou resgatados inescusavelmente, no<br />
porvir.<br />
Os apegos também devem ser combatidos. É comum apegarem-se os<br />
seres demasiadamente uns aos outros, a animais, a objetos, a lembranças,<br />
a guardados antigos, não raro com veneração doentia.<br />
Não nos esqueçamos de que as coisas materiais ficam na Terra, pois<br />
que lhe pertencem. Poderemos conservar estima a tal ou qual objeto, pelo<br />
que nos representa no sentido espiritual. Às vezes uma coisa<br />
aparentemente insignificante pode avivar a saudade de um ente querido,<br />
evocar um sentimento de gratidão ou um reconhecimento profundo. Não<br />
devemos, no entanto, levar a estima ao ponto de cairmos no<br />
sentimentalismo exagerado, que chega a deprimir. Procuremos sempre<br />
andar pela linha do meio-termo, eqüidistante dos extremos, linha que,<br />
como se diz comumente, é a posição da virtude.<br />
Como se vê, todos precisamos proceder com prudência e atenção,<br />
pois, se não estivermos senhores do nosso próprio governo, se não<br />
andarmos com as mãos nas rédeas, as nossas vidas poderão tomar rumo<br />
muito diverso daquele que gostaríamos de seguir.<br />
Isto porque temos "tendências" — produto dos meios em que<br />
vivemos nas encarnações anteriores — que, sendo más, precisam ser<br />
reformadas e orientadas com os conhecimentos atuais hauridos no<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />
Para manter na devida ordem todos os assuntos que se relacionam<br />
com o viver terreno, muito há que raciocinar e meditar em cada dia, e os<br />
que assim não procederem erram, a cada passo, promovem sofrimentos,<br />
acarretam prejuízos e acumulam dívidas morais para resgate, mais tarde,<br />
em condições penosas.<br />
A Terra — mundo-escola — ensina o ser humano a manejar bem as<br />
riquezas materiais e a ser humilde; ensina, ainda, o indivíduo culto a<br />
perceber a humana pequenez e o pouco que sabe. Isto quando cada um<br />
está tirando bom proveito da vida, na coleta das experiências.<br />
82
Quando o indivíduo, porém, é desprovido de recursos, revoltado com<br />
a sua situação e invejoso dos que possuem fortuna, o rico, o perdulário<br />
gozador, apenas preocupado com o seu bem-estar egoísta e orgulhoso,<br />
sempre disposto a menosprezar os simples; a criatura irascível, recalcada e<br />
vingativa, que apenas aguarda o ensejo para verter o veneno acumulado<br />
em sua alma; o homem culto, mas presunçoso, imbuído de vaidade,<br />
exibicionista e ambicioso do poder temporal para satisfazer a sua falsa<br />
grandeza, então, nesse andar, a perda da encarnação é completa para estes,<br />
e na volta, na encarnação próxima-futura, ou nas seguintes, outras<br />
experiências lhes serão oferecidas, cada vez mais duras, até que possam,<br />
algum dia, bolear arestas contundentes dos seus espíritos, burilar as<br />
anfractuosidades defeituosas e alcançar, aos poucos, a forma correta de<br />
viver.<br />
Não existem seres privilegiados, já que todos percorrem os múltiplos<br />
caminhos da evolução. Os que hoje são bons, já foram maus. Os que ainda<br />
são maus, dependem de muito trabalho, de muita luta, de muito<br />
sofrimento para se tornarem bons.<br />
Diante dessa evidência, dessa realidade, precisamos ser<br />
complacentes com aqueles que não atingiram, por enquanto, a luz do<br />
esclarecimento.<br />
Isto não quer dizer que os esclarecidos possuam um grande<br />
adiantamento espiritual, pois muitos deles ainda estão em ponto raso na<br />
escala da evolução, sendo certo, no entanto, que os que permanecem nas<br />
trevas da ignorância situam-se na retaguarda daqueles, precisando muito<br />
de quem os ajude, de quem lhes sugira, mesmo que veladamente, algo que<br />
aspiram, ainda indefinido para os seus espíritos.<br />
83<br />
CAPÍTULO VII – OBSERVAÇÕES GERAIS<br />
1) Ao serviço da Doutrina todos devem compenetrar-se das suas<br />
obrigações, e dar-lhes cabal desempenho;<br />
2) só por motivo plenamente justificado, poderão faltar às Sessões os<br />
que nelas trabalham;<br />
3) todos os trabalhos na Doutrina são igualmente dignos de serem feitos,<br />
não devendo ninguém alimentar preferência por este ou aquele serviço<br />
ou este ou aquele lugar;<br />
4) deverá reinar, sempre, a mais perfeita harmonia entre todos, para se<br />
poderem entender como bons cidadãos e verdadeiros cristãos;<br />
5) as relações com o público deverão ser mantidas invariavelmente num<br />
tom cavalheiresco, escolhendo-se, para esse mister, auxiliares de boa<br />
aparência, afáveis, maneirosos e delicados, que saibam expressar-se,<br />
corretamente, em bom português;<br />
6) os que estiverem a serviço da Doutrina deverão distinguir-se pelo<br />
exemplo das suas ações e atitudes;<br />
7) o estudo das nossas obras, especialmente a básica, <strong>Racionalismo</strong><br />
<strong>Cristão</strong>, precisa ser constante pelos que trabalham na Doutrina, a fim<br />
de se integrarem, cada vez mais, na essência dos princípios;<br />
8) nenhum trabalho será iniciado no Centro, sem que sejam feitas no<br />
estrado as irradiações disciplinares;<br />
9) quando alguém precisar afastar-se dos trabalhos, por alguns dias,<br />
deverá dar ciência disso ao presidente;<br />
10) qualquer irregularidade disciplinar que porventura ocorra deverá ser<br />
levada ao conhecimento do presidente;<br />
11) todos os que trabalham nas Casas Racionalistas devem saber sacudir;<br />
observando a maneira mais correta, que é colocar as mãos na altura<br />
dos ombros da pessoa, lateralmente, e aplicar um estremeção rápido,<br />
acompanhado da irradiação mental;<br />
12) em torno de um obsedado devem ficar três esteios, circundando-o<br />
bem; a ação irradiativa desses auxiliares, conjugada com os<br />
periódicos estremeções, produzirá o efeito desejado; a água fluídica<br />
84
será, nessa ocasião, dada a beber em copo de papel que, uma vez<br />
usado por uma pessoa, deve ser imediatamente inutilizado; no caso de<br />
se manifestarem acessos de fúria, deverá o obsedado ser atado, de<br />
acordo com as instruções que os auxiliares recebem; *<br />
13) os médiuns femininos, depois de feita a irradiação no estrado, deverão<br />
entrar para a sala da organização das correntes, onde permanecerão<br />
em silêncio, em preparo mental, até o início dos trabalhos; os médiuns<br />
masculinos acaso existentes e o presidente permanecerão à mesa, no<br />
estrado, até a hora da organização da corrente;<br />
14) devem os médiuns abster-se de conversas sobre a mediunidade,<br />
limitando-se a ler, com atenção, o que a respeito do assunto expõe o<br />
livro <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, pondo o raciocínio em ação, com o firme<br />
desejo de dissipar toda e qualquer dúvida, e meditando sobre o que<br />
ouvirem nas doutrinações;<br />
15) o treinamento dos médiuns para a formação de correntes deverá ser<br />
feito às terças e quintas-feiras. Nas Filiais, o presidente autoriza o<br />
treinamento de médiuns novos para a organização de correntes,<br />
exercitando-se um de cada vez, isto é, não exercitando um segundo ou<br />
um terceiro para tirar as correntes, antes que aquele que iniciou o<br />
exercício esteja plenamente habilitado. Esse treinamento é feito,<br />
unicamente, na organização da primeira corrente, e a posição do<br />
médium à mesa é entre dois esteios, sentado na terceira cadeira, de<br />
qualquer dos dois lados;<br />
16) quando se apresentar em qualquer Filial, um membro da corrente de<br />
outra Filial ou da Casa Chefe, com a devida carta de apresentação<br />
assinada pelo Presidente, pode o mesmo tomar parte nos trabalhos das<br />
sessões particulares, mesmo sem ser escolhido, mas, neste caso, o<br />
presidente o mandará sentar no último lugar da mesa;<br />
* Fica rigorosamente proibido o uso de copos de água fluídica na mesa dos trabalhos<br />
e no estrado em geral. Só será permitido o oferecimento de copo de água fluídica<br />
aos obsedados em horas certas ou nos momentos adequados, e após o oferecimento,<br />
o copo é retirado da mesa, não podendo, em hipótese alguma, adotar-se a<br />
permanência de copos em cima da mesa.<br />
85<br />
l7) os dois últimos esteios devem estar atentos aos sinais do presidente,<br />
nas sessões particulares, pois, quando houver na corrente algum<br />
sonolento, são eles que o devem sacudir, por determinação (ou sinal)<br />
do presidente;<br />
18) os que tiverem de proferir as irradiações em voz alta, precisam<br />
esforçar-se para ter boa dicção, devendo pronunciar as palavras clara<br />
e corretamente, sem omissão de sílabas ou letras. Caso insistam em<br />
dizê-las sem observarem a acentuação, compete à Secretaria, por<br />
sugestão de um dos diretores, escrever uma carta ao auxiliar<br />
reincidente, apontando os erros cometidos ao irradiar, e este não se<br />
deve melindrar com a observação, que é sempre feita com o elevado<br />
propósito de bem servir à Causa. Há imperiosa necessidade de serem<br />
as irradiações bem pronunciadas, por causarem péssima impressão,<br />
principalmente aos iniciantes, as que são pronunciadas<br />
incorretamente;<br />
19) as pessoas muito enfermas não devem ser trazidas ao Centro sem<br />
prévio entendimento com o presidente ou um dos diretores, e os<br />
portadores de moléstias contagiosas devem praticar as disciplinas em<br />
seus próprios lares, para evitar, com a sua presença no Centro, o<br />
desassossego dos assistentes impressionáveis, que se estão<br />
aproximando da Doutrina.<br />
20) depois de terminados os trabalhos de Limpeza Psíquica, no início das<br />
Sessões Públicas, devem os assistentes permanecer atentos às<br />
doutrinações, evitando até mesmo ir aos lavatórios, a não ser em caso<br />
de extrema necessidade;<br />
21) enquanto o presidente estiver fazendo irradiações, os auxiliares que se<br />
acharem em pé, encostados à mesa para o mesmo fim, permanecerão<br />
ali até que ele as tenha terminado;<br />
22) ao subirem ao estrado para fazer as duas irradiações regulamentares,<br />
os auxiliares podem cumprimentar os que estão no estrado com um<br />
fraternal bom-dia ou boa-noite; este cumprimento será respondido<br />
somente pelo presidente, em seu nome e no dos demais presentes;<br />
23) recomenda-se o máximo zelo na limpeza geral, especialmente na do<br />
salão; o relógio deve ser mantido certo; as campainhas funcionando,<br />
as lâmpadas queimadas prontamente substituídas, os alto-falantes em<br />
86
oas condições e os lampiões de reserva para casos de falta de luz,<br />
prontos para serem acesos à noite, a qualquer momento. Os auxiliares,<br />
como não fumam, não estão munidos de fósforos, razão por que deve<br />
haver uma caixa presa, por um fio, a cada lampião;<br />
24) o lado esquerdo do salão do Centro, incluindo-se a meia-corrente,<br />
tomando por base a posição do presidente, será sempre reservado às<br />
senhoras e crianças que precisarem ficar junto de suas mães, e o lado<br />
direito aos homens;<br />
25) a metade do salão ocupada pelo elemento feminino ficará aos<br />
cuidados de auxiliares femininos, e só excepcionalmente terão o<br />
concurso dos auxiliares masculinos incumbidos da disciplina na outra<br />
metade do salão;<br />
26) os obsedados ficam em lugar adequado, junto à parede, nas<br />
proximidades do estrado; quando a corrente é formada e toma lugar à<br />
mesa, os mais necessitados são colocados nas cadeiras apropriadas na<br />
extremidade da mesa, seguindo os auxiliares as instruções do item 12;<br />
todavia, quando houver obsedados manifestando fortes acessos de<br />
fúria antes de iniciada a sessão, tais obsedados devem ser<br />
imediatamente colocados nas cadeiras a eles destinadas mesmo antes<br />
de formada a corrente);<br />
27) as crianças de tenra idade devem ficar junto da mãe ou do pai, e<br />
somente em casos especiais, a juízo dos diretores, poderão ser levadas<br />
para o estrado, nas sessões públicas, mormente em se tratando de<br />
crianças ainda de colo;<br />
28) quando a criança estiver sonolenta, permite-se que durma, nas Sessões<br />
Públicas, desde que não esteja ainda em idade de compreender o que<br />
se explana;<br />
29) toda criança que chorar impertinentemente deverá ser recolhida, após<br />
a Limpeza Psíquica, realizada nos dez minutos iniciais, à sala anexa,<br />
com sua mãe, até que termine a sessão pública, desde que continue<br />
chorando;<br />
30) em torno da mesa destinada à formação das correntes, todos, menos<br />
os médiuns que tiverem de escrever, ficarão em pé, e em pé ficarão<br />
também para fluidificar a água;<br />
87<br />
31) as pessoas em trabalho, em torno da mesa, terão as mãos ou os<br />
antebraços apoiados sobre ela;<br />
32) o presidente, além dos casos acima previstos, também ficará em pé<br />
para presidir as Sessões Públicas, sendo-lhe facultado, nas outras<br />
Sessões, ficar em pé ou sentado;<br />
33) em caso de extrema necessidade para atender a necessidades<br />
fisiológicas, qualquer um pode deixar a mesa, mesmo com os<br />
trabalhos em andamento, sem, contudo, se retirar do recinto do<br />
Centro; se o caso for com o presidente ou o fecho, receberão os<br />
esteios mais próximos do presidente a determinação deste de fazerem<br />
a substituição. As únicas posições que não podem ficar<br />
desguarnecidas, são a do presidente e a do fecho;<br />
34) os presidentes das Filiais devem esforçar-se para que os trabalhos se<br />
desenvolvam como na Casa Chefe, sem a menor alteração, de modo<br />
que se tiverem, em qualquer tempo, de ser dirigidos por um enviado<br />
da Casa Chefe, não note este, nem os membros da Filial, a menor<br />
diferença, a mais leve divergência na prática da disciplina, que é uma<br />
só. Qualquer inovação introduzida, mesmo com o sentido de<br />
aperfeiçoamento, deve ser encarada como indisciplina;<br />
35) durante os trabalhos, todos deverão ter o cuidado de evitar ruídos,<br />
como os provocados pelo arrastar de pés, cadeiras, etc. Conquanto<br />
não seja exigida uma imobilidade absoluta, devem os movimentos ser<br />
limitados ao mínimo;<br />
36) durante o período de concentração, não há necessidade de fechar os<br />
olhos, Esta se faz fixando o pensamento no trabalho espiritual e<br />
alheiando-o de pessoas e coisas;<br />
37) quando, em Sessão de Desdobramento ou Pública, na hora da<br />
doutrinação, se manifestar um espírito do astral inferior, já<br />
esclarecido, no momento, pelas Forças Superiores, que dê o seu nome,<br />
o presidente determina que seja feita por ele uma irradiação B,<br />
dizendo: "Pelo espírito de (cita o nome)" e o fecho faz essa irradiação;<br />
38) o sacudimento no estrado será feito na metade do semicírculo da<br />
meia-corrente em que se sentam as senhoras, por um auxiliar<br />
88
feminino e na outra metade, por um masculino; após o sacudimento,<br />
sentar-se-ão na posição correspondente;<br />
39) o sacudimento dos componentes da corrente, no estrado, faz-se, tanto<br />
de um lado como de outro, por um dos três auxiliares que circundam<br />
as cadeiras dos obsedados;<br />
40) nas Sessões Mensais de Leitura das Comunicações, serão lidas<br />
somente aquelas que forem enviadas pela Casa Chefe;<br />
41) terminadas as Sessões Públicas, far-se-á sair a assistência,<br />
principiando pelos que se acharem mais próximos da porta de saída,<br />
enquanto os outros esperam, sentados; depois, faz-se levantar mais<br />
um certo número de assistentes e, finalmente, os últimos; a corrente<br />
aguarda o sinal n°. 6 do presidente, que só é dado depois de haverem<br />
deixado o estrado os assistentes que estiverem sentados ao lado da<br />
meia-corrente, assim como os dois obsedados;<br />
42) as pessoas que não fizeram parte da corrente da sessão imediatamente<br />
anterior não se encostam à mesa na organização da corrente para a<br />
sessão seguinte, salvo se não houver um mínimo de oito, dentre as que<br />
formaram a última corrente; neste caso, completa-se esse mínimo com<br />
as que estiverem ao lado;<br />
43) nas Sessões Particulares, às terças e quintas-feiras, ao sair a corrente<br />
da sala de formação, as pessoas que ficarem no estrado permanecerão<br />
sentadas, e as que forem escolhidas sentar-se-ão à mesa, no lugar<br />
indicado pelo presidente;<br />
44) nas sessões de desdobramento não deve, quem se encontrar à<br />
cabeceira da mesa, bater demasiadamente forte com o bastão, como<br />
sinal aos médiuns para levantarem o busto por serem os médiuns de<br />
natureza muito sensível, e o susto produzido por fortes pancadas com<br />
o bastão, dificulta o seu desdobramento. As pancadas fortes poderão<br />
ser dadas, apenas, para fazer vibrar o médium, quando este se sentir<br />
empolgado ou chamar a atenção de algum sonolento. Durante as<br />
sessões de desdobramento, as pancadas com o bastão devem ser, tanto<br />
quanto possível, suaves;<br />
45) todas as pessoas, principalmente as da mesa e as da meia-corrente,<br />
por permanecerem muito próximas umas das outras, durante todo o<br />
89<br />
tempo da sessão, precisam ter um cuidado especial com a higiene<br />
corporal, a fim de não molestarem os vizinhos, com os seus humores;<br />
46) nos instantes em que o presidente abre e encerra a Sessão, nas Sessões<br />
Públicas, fazendo as irradiações regulamentares, todos devem parar<br />
no lugar em que estiverem; nas Sessões Particulares e em todos os<br />
trabalhos preliminares, a mesma disciplina será observada, sempre<br />
que estiverem sendo feitas as irradiações;<br />
47) os auxiliares, em contato com o público, encaminharão a qualquer<br />
diretor mais próximo o assistente que solicitar esclarecimentos, os<br />
quais devem ser dados o mais sucintamente possível;<br />
48) os presidentes têm, além da função de presidir as Sessões, as<br />
atribuições de observar o cumprimento da disciplina, sabendo dela<br />
dar o exemplo, e devem fazer compreender aos seus companheiros,<br />
sempre que preciso, que não há cargos superiores ou inferiores, pois<br />
todos são igualmente dignos de serem ocupados, não cabendo a<br />
ninguém supor-se mais importante com o desempenho deste ou<br />
daquele trabalho.<br />
Não existem superiores nem inferiores, como não há patrões<br />
nem gerentes, e muito menos subordinados, mas almas desprendidas e<br />
desejosas de trabalhar por uma causa que não é mais de A do que de<br />
B, e cujo único objetivo é beneficiar a humanidade.<br />
Assim, pois, os presidentes que na luta pela vida forem patrões<br />
devem esquecer-se dessa condição material quando, no Centro,<br />
passarem a desempenhar os cargos que lhes forem atribuídos.<br />
Cada um é subordinado aos Princípios Doutrinários, e nestas<br />
condições se encontram todos, sem exceção alguma.<br />
Os nomes dos vários cargos são empregados, apenas, para<br />
definir atribuições e responsabilidades e não para determinar postos<br />
de mando, porque a obediência é dada aos Princípios e não aos<br />
indivíduos, que exorbitariam se quisessem colocar-se no lugar deles.<br />
Não deverá haver confusão das denominações dos cargos nas<br />
Casas Racionalistas com as que se empregam nas atividades da vida<br />
material: os presidentes, os diretores, os auxiliares, em geral, são<br />
todos membros necessários de um conjunto harmônico, onde a<br />
90
cooperação se faz sentir sob a compreensão clara dos deveres a<br />
cumprir.<br />
Todos são precisos, mas ninguém é absolutamente<br />
indispensável. Todos são imperfeitos, mas o que vale é o desejo de<br />
acertar, posto em ação. O Astral Superior dá o exemplo da tolerância,<br />
suportando os erros de cada um até quando eles possam ser<br />
suportados, desde que não afetem a disciplina ou a moral dos<br />
Princípios. Por isso, todos são iguais perante a disciplina e, pela sua<br />
intangibilidade, cada qual tem o dever de zelar. A Casa Chefe espera<br />
que cada um cumpra o seu dever, assumindo, com valor, as<br />
responsabilidades que esse mesmo dever impõe.<br />
Cargos na Doutrina são encargos, e os seus ocupantes devem<br />
ter a consciência da responsabilidade que assumem, ao colocá-los<br />
sobre os ombros.<br />
Os presidentes e demais diretores, no exercício das suas<br />
funções não se sentirão, nunca, sobre um pedestal, de onde olhem os<br />
companheiros como seus subordinados, porque esta concepção está<br />
fora dos Princípios.<br />
O princípio de autoridade de cada um é mantido pela própria<br />
prática da disciplina; por tal razão, quem não estiver perfeitamente<br />
integrado nos Princípios, quem não estiver esclarecido sobre os<br />
fundamentos da Doutrina, não tem condições para trabalhar nas Casas<br />
Racionalistas.<br />
49) Para trabalhar no Centro Redentor, é indispensável:<br />
1) ser conhecedor e praticante dos Princípios;<br />
2) ser assíduo freqüentador, e gozar de boa saúde;<br />
3) fazer o pedido, por carta, ao presidente;<br />
4) preencher a ficha que lhe for fornecida.<br />
O presidente poderá aceitar ou não o oferecimento, de acordo<br />
com o que souber ou apurar a respeito do candidato, no tocante à sua<br />
conduta pessoal.<br />
50) Os auxiliares das Casas Racionalistas, principalmente aqueles que<br />
entram em contato com o público, têm por dever ser educados e<br />
precisam saber tratar o assistente com urbanidade, consideração,<br />
91<br />
delicadeza e, sobretudo, com sentimento cristão. De maneira nenhuma<br />
serão permitidas as alterações de voz, assim como as descomposturas<br />
e recriminações.<br />
Os freqüentadores que não tiverem bom procedimento<br />
demonstrarão má assistência e, para estes, reservam-se as atenções<br />
constantes da disciplina racionalista. A transferência do assistente de<br />
um lugar para outro, desde que indicada, é feita na companhia do<br />
auxiliar que a determinou, sempre que, para atender a essa indicação,<br />
tenha o assistente de transitar pelo salão.<br />
A voz baixa deverá suprimir o mau hábito dos gestos<br />
condenavelmente usados para chamar pessoas à distância, às vezes<br />
ainda precedidos de um "psiu" bastante irreverente. Não são<br />
permitidas conversas em nenhuma parte do edifício, logo que sejam<br />
abertos os portões para início dos trabalhos preliminares.<br />
51) Os presidentes das Filiais, independentemente de autorização da Casa<br />
Chefe, deverão treinar dois esteios das Correntes, entre os mais<br />
instruídos e capazes, para presidirem as Sessões Públicas, reservando<br />
os presidentes, para si, um dia da semana. Essa prática é muito<br />
recomendável até mesmo para os assistentes, pois, sendo as Sessões<br />
sempre presididas pela mesma pessoa, acabam por tornar-se<br />
cansativas e desinteressantes.<br />
92
CAPÍTULO VIII – INSTRUÇÕES DISCIPLINARES<br />
COMPETE AOS PRESIDENTES<br />
a) presidir as Sessões;<br />
b) zelar pela boa ordem dos trabalhos;<br />
c) manter a disciplina contida nos Princípios do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> e<br />
neste livro, dando o exemplo.<br />
COMPETE AOS DIRETORES<br />
a) supervisionar os serviços na assistência às Sessões Públicas de<br />
Limpeza Psíquica;<br />
b) providenciar para que os auxiliares, na assistência e no estrado,<br />
estejam nos seus lugares, prontos para o cumprimento do dever, sem<br />
preferência por pessoa alguma, mas visando, somente, o bem de todos;<br />
c) ministrar aos auxiliares conhecimentos práticos sobre o modo de tratar<br />
um obsedado e a maneira correta de aplicar o sacudimento;<br />
d) impedir conversações, mesmo em voz baixa, no recinto do Centro,<br />
desde o início dos trabalhos preparatórios.<br />
COMPETE AOS AUXILIARES DA ASSISTÊNCIA<br />
a) apresentar-se devidamente limpos, asseados, barba e cabelos feitos,<br />
para não darem aos assistentes uma triste impressão de desleixo, em<br />
desprestígio da Doutrina;<br />
b) nas Sessões Públicas, todos os servidores masculinos do <strong>Racionalismo</strong><br />
<strong>Cristão</strong> deverão usar, obrigatoriamente, terno de passeio, colarinho e<br />
gravata;<br />
c) nas Sessões Particulares, poderão usar calça e camisa esporte, sendo<br />
facultado o uso de colarinho e gravata. As auxiliares femininas deverão<br />
comparecer decentemente trajadas, observando, sempre que possível, a<br />
moda, porém sem quaisquer exageros. Tanto nas Sessões Públicas<br />
como nas particulares, o uso de calças compridas é permitido às<br />
auxiliares;<br />
93<br />
d) dar cumprimento aos seus deveres, dentro e fora do recinto do Centro<br />
em que servirem, com exemplos de seriedade e de conduta moral<br />
condizentes com os ensinamentos do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>;<br />
e) tudo fazerem com calma, com acerto, com elevação de espírito e sem a<br />
menor perturbação, para não dificultar a ação do Astral Superior, no<br />
seu grande, no seu ingente trabalho de Limpeza Psíquica dos<br />
assistentes, sob pena de serem afastados e destituídos dos cargos que<br />
lhes estiverem confiados;<br />
f) ocupar os lugares determinados pelos diretores, de quem receberão<br />
instruções sobre a maneira de procederem antes, durante e depois das<br />
Sessões, inclusive a respeito do sacudimento, vigilância e pormenores<br />
que exigirem atenção especial;<br />
g) somente deixarem o recinto do Centro depois de todos os assistentes se<br />
haverem retirado;<br />
h) não manterem palestras uns com os outros no recinto do Centro, para<br />
onde não devem ser levados quaisquer assuntos de natureza material.<br />
COMPETE AOS MÉDIUNS<br />
a) esforçar-se para chegarem às sessões cerca de quinze minutos antes da<br />
organização das correntes, recolhendo-se à sala própria, a fim de se<br />
prepararem mentalmente para os trabalhos, alheando-se, por completo,<br />
de coisas e pessoas;<br />
b) não se concentrarem nem falar em espiritismo fora do Centro,<br />
afastando-se, discretamente, das pessoas que em tais palestras<br />
insistirem;<br />
c) pensar, quando à mesa das sessões, unicamente no fiel cumprimento<br />
do dever, recebendo, com toda a calma, as intuições dos espíritos, sem<br />
o menor receio de que lhes possa acontecer alguma coisa desagradável;<br />
d) transmitir o que lhes for intuído, menos palavras inconvenientes, visto<br />
que o médium é senhor de si mesmo e pode controlar a comunicação<br />
do espírito que nele atuar;<br />
e) não dar a menor importância ao que se passar no recinto das Sessões<br />
ou mesmo à mesa, na certeza de que quanto mais bem concentrados<br />
estiverem, melhor cumprirão os seus deveres;<br />
94
f) sempre que tiverem necessidade de viajar para lugar onde exista Filial<br />
do Redentor, seguir munidos de carta de apresentação firmada pelo<br />
presidente, devendo esta medida disciplinar — que é adotada pela<br />
Casa Chefe e suas Filiais — ser observada por todos os demais<br />
instrumentos, quando a viagem não for feita para atender a serviço<br />
imposto pelas obrigações materiais a que estiverem sujeitos;<br />
g) selecionar as suas relações sociais de maneira a evitar o choque da<br />
disciplina que praticam com o viver de pessoas contrário aos princípios<br />
racionalistas;<br />
h) não maldizer de pessoa alguma, por estar fora dos princípios<br />
racionalistas quem murmura ou maldiz;<br />
i) não tomar excitantes, que são sempre prejudiciais ao organismo, e<br />
fazerem uso moderado de uma alimentação sadia;<br />
j) considerar que todos os excessos são prejudiciais ao espírito e ao<br />
corpo, e procederem, por isso, com prudência e moderação em todos os<br />
seus atos;<br />
l) ser simples, modestos e tolerantes, não se ressentindo quando, por<br />
qualquer circunstância, não forem colocados à mesa, mesmo porque o<br />
número de pessoas que esta comporta é limitado;<br />
m) observar que, se se entregarem a um viver incorreto, negligenciando o<br />
respeito que devem à disciplina, serão desligados das correntes<br />
fluídicas e recusada, daí por diante, a sua colaboração;<br />
n) demonstrar, pelos seus atos, terem confiança em si mesmos, não se<br />
deixando fanatizar nem empolgar, sempre controlando as<br />
manifestações dos espíritos mistificadores e intrujões;<br />
o) não se deixar atuar fora das correntes do Redentor e do horário<br />
regularmente previsto; se o fizerem, deverão ser advertidos, no<br />
momento oportuno, pelo presidente efetivo;<br />
p) compreender que em nenhuma comunicação mediúnica, falada ou<br />
escrita, pode ser alterada a disciplina regulamentar constante deste<br />
livro. Qualquer modificação disciplinar só poderá ser feita pela Casa<br />
Chefe, que a transmitirá, em circulares, às Casas Racionalistas Cristãs,<br />
passando então a vigorar as disposições contidas em tais circulares,<br />
que serão mencionadas em nova edição desta obra;<br />
95<br />
q) As doutrinações versarão exclusivamente sobre princípios doutrinários<br />
e não devem abordar assuntos referentes a pessoas ou coisas materiais);<br />
r) Os médiuns não se devem alongar na transmissão dos reflexos.<br />
COMPETE AOS ESTEIOS<br />
a) observar o mesmo comportamento recomendado nos itens "f", "h", "i",<br />
"l" e "m" da secão anterior;<br />
b) manter-se inteiramente calmos no exercício das suas funções;<br />
c) procurar ter perfeito conhecimento do que significa a concentração,<br />
que consiste no poder de controlar a atenção, dirigindo-a a um único<br />
objetivo de natureza espiritual;<br />
d) preocupar-se, apenas, com a eficiência de sua concentração no decorrer<br />
dos trabalhos.<br />
96
CAPÍTULO IX – CONVENÇÕES REGIMENTAIS<br />
São designadas por duas letras — uma "A" e outra "B" — as duas<br />
irradiações adotadas pelo <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />
IRRADIAÇÃO A:<br />
Grande Foco! Força Criadora!<br />
Nós sabemos que as Leis que regem o Universo são naturais<br />
e imutáveis, e a elas tudo está sujeito!<br />
Sabemos também que é pelo estudo, o raciocínio, e o<br />
sofrimento derivado da luta contra os maus hábitos e as<br />
imperfeições, que o espírito se esclarece e alcança maior<br />
evolução.<br />
Certos do que nos cabe fazer, e pondo em ação o nosso livrearbítrio<br />
para o bem, irradiamos pensamentos aos Espíritos<br />
Superiores, para que eles nos envolvam na sua luz e fluidos,<br />
fortificando-nos para o cumprimento dos nossos deveres.<br />
IRRADIAÇÃO B:<br />
Grande Foco! Vida do Universo!<br />
Aqui estamos a irradiar pensamentos às Forças Superiores,<br />
para que a luz se faça em nosso espírito, e ele tenha a consciência<br />
dos seus erros, a fim de repará-los e evitar o mal.<br />
As principais disciplinas estabelecidas para as sessões, são:<br />
IRRADIAÇÕES<br />
1) Uma irradiação A ao Astral Superior seguida de três irradiações<br />
B, intercaladas por duas pancadas com o pé do bastão, e mais uma<br />
irradiação B, ao Presidente Astral, no início de qualquer trabalho no<br />
Centro, salvo nas sessões noturnas de desdobramento, que começam com<br />
duas irradiações B — uma ao Astral Superior e a outra ao Presidente<br />
Astral;<br />
97<br />
2) uma série de irradiações B, com duração de cerca de dez minutos,<br />
no início das Sessões Públicas, e de cinco a sete minutos, nas do segundo<br />
sábado. de cada mês, pela manhã;<br />
3) no início das Sessões noturnas de desdobramento, às terças e<br />
quintas-feiras, essas irradiações B deverão ser feitas durante cerca de dez<br />
minutos;<br />
4) o tempo das irradiações B, nas Sessões Particulares, estende-se até<br />
às 20 horas, quando será dado início à sessão de desdobramento;<br />
5) antes do encerramento de todas as Sessões são feitas três<br />
irradiações B, acompanhadas do sacudimento, intercaladas por duas<br />
pancadas com o pé do bastão, seguindo-se mais duas: uma ao Astral<br />
Superior, e a outra ao Presidente Astral;<br />
6) os auxiliares deverão fazer, mentalmente, duas irradiações B junto<br />
à mesa do estrado, antes do início de qualquer atividade no Centro, desde<br />
que os lugares da cabeceira e do fecho estejam ocupados por componentes<br />
da Corrente Fluídica.<br />
7) todo elemento que ocupar a cabeceira da mesa, ainda mesmo que<br />
não seja o Presidente efetivo, é mencionado, nesta obra, como Presidente.<br />
SINAIS:<br />
O Presidente dirigirá os trabalhos munido de um bastão, com o qual<br />
dará os seguintes sinais:<br />
1) uma pancada, e em seguida mais duas; com o dorso do bastão,<br />
para determinar o início das Sessões ou de qualquer trabalho que comece<br />
com a irradiação A.<br />
2) duas pancadas com o pé do bastão, para que o fecho faça a<br />
irradiação B.<br />
3) duas pancadas com a ponta do bastão para dar prosseguimento ao<br />
desdobramento;<br />
4) duas pancadas com a ponta do bastão, para que os médiuns<br />
continuem recebendo, ou para chamar um dos auxiliares do estrado;<br />
5) duas pancadas com o pé do bastão, e mais duas, sucessivas, com a<br />
ponta, para advertir que as Sessões estão prestes a terminar e para que se<br />
98
façam três sacudimentos, cada um dos quais com uma irradiação B,<br />
precedida de duas pancadas com o pé do bastão e duas, sucessivamente,<br />
com a ponta.<br />
6) duas pancadas com o dorso do bastão, para o encerramento dos<br />
trabalhos.<br />
Além dos sinais mencionados a seguir, as campainhas elétricas<br />
soarão, com:<br />
1) um sinal, para pedir silêncio;<br />
2) três sinais, seguidos, para pedir atenção;<br />
3) três sinais, espaçados, nas Sessões Públicas, sendo o primeiro<br />
cinco minutos antes do início destas, para alertar os auxiliares dos portões<br />
sobre as providências disciplinares a tomar; o segundo, três minutos,<br />
também antes do início, e o terceiro, no momento que antecede o começo<br />
da Sessão.<br />
SACUDIMENTO:<br />
O sacudimento é feito nas pessoas que se encontrarem no estrado, na<br />
mesa e nas cadeiras de obsedados, com exceção do presidente e do fecho,<br />
no período da Limpeza Psíquica, por três vezes, enquanto estão sendo<br />
proferidas as irradiações B.<br />
No salão será permitido o sacudimento em caráter excepcional,<br />
apenas nas seguintes eventualidades: na ocorrência de ataques de obsessão<br />
e quando se verificar algum assistente em estado de sonolência.<br />
Inicia-se o sacudimento simultaneamente na mesa e na meiacorrente;<br />
na meia-corrente, os auxiliares que sacodem começam na<br />
extremidade da ala, de onde caminham, sacudindo um por um, para o<br />
centro; na mesa, os auxiliares começam na ponta, onde está o obsedado, e<br />
vão sacudindo, também um por um, até os últimos, ao lado da presidência,<br />
fazendo o percurso inverso, com a segunda irradiação, e finalmente<br />
repetem, com a terceira irradiação, o primeiro percurso.<br />
O presidente só deverá dar o sinal (duas pancadas com o pé do<br />
bastão), para que o fecho repita a irradiação, depois que os auxiliares<br />
tiverem sacudido a fila, até o fim. O sacudimento, no encerramento das<br />
99<br />
Sessões, é feito quando o presidente dá o sinal, (duas pancadas com o pé<br />
do bastão e duas com a ponta) e o fecho faz a irradiação B.<br />
O sacudimento se fará na metade do semicírculo da meia-corrente<br />
em que se sentam as senhoras, por um auxiliar feminino, e na outra<br />
metade do semicírculo, em que se sentam os homens, por um auxiliar<br />
masculino; este se mantém ao lado, sentado na última cadeira colocada na<br />
extremidade do semicírculo, após o sacudimento, mas sempre vigilante, e<br />
de igual modo procede o auxiliar feminino, na posição correspondente à<br />
daquele.<br />
O sacudimento da corrente deve ser feito, tanto de um lado como do<br />
outro, por um dos três auxiliares masculinos que circundam as cadeiras<br />
dos obsedados.<br />
Para o sacudimento colocam-se as mãos na altura da ligação dos<br />
braços com o tronco da pessoa a ser sacudida, aplicando-lhe um<br />
estremeção rápido, seguido de irradiação mental.<br />
EXPLICAÇÕES AO PÚBLICO<br />
São permitidas na Casa Chefe e demais Casas Racionalistas<br />
explicações ao público, que poderão ser efetivadas segundo duas<br />
modalidades:<br />
1) em caráter pessoal, no Estrado, com o pronunciamento das<br />
irradiações disciplinares, mediante entrevista com dia e hora previamente<br />
marcados com a pessoa interessada;<br />
2) ou, então, adotando-se o sistema de atendimento ao público em<br />
geral em horários e dias da semana determinados, ficando a designação<br />
desses dias e horários a critério de cada Casa Racionalista, de acordo com<br />
as conveniências da Comunidade.<br />
A adoção de qualquer um desses métodos, tanto na Casa Chefe como<br />
nas demais Casas Racionalistas, fica inteiramente a critério dos<br />
Presidentes, de acordo com as necessidades locais, podendo ser adotado<br />
somente um deles ou os dois ao mesmo tempo.<br />
No atendimento previsto na segunda hipótese (dias e horas certos<br />
para o público em geral) ter-se-á que observar o seguinte esquema<br />
disciplinar para o cumprimento dos trabalhos:<br />
100
101<br />
Será necessário o comparecimento de duas pessoas, uma para dar<br />
explicações e a outra para atender ao que for preciso, ficando esta no<br />
fecho e aquela na cabeceira. Antes de se dar entrada ao público, procedese<br />
da seguinte forma:<br />
O presidente dá três toques de companhia, seguidos, e depois uma e<br />
mais duas pancadas com o dorso do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e faz a irradiação A. Profere mais três<br />
irradiações B, intercaladas por duas pancadas com o pé do bastão. Após,<br />
diz:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — e faz a irradiação<br />
B.<br />
Não havendo outro auxiliar presente, o que está no fecho levanta-se e<br />
vai abrir a porta para dar entrada às pessoas que esperam, do lado de fora,<br />
atendimento. Estas entram, em ordem e silêncio, e vão tomar os lugares<br />
que lhes forem indicados nos assentos do semicírculo do estrado, ficando<br />
as senhoras de um lado e os homens do outro.<br />
Feito isso, o auxiliar volta a tomar o seu lugar no fecho. Em seguida,<br />
o presidente vai chamando um por um para sentar-se à mesa, atendendo,<br />
alternadamente, a uma senhora e, depois, a um homem, até o último. Os<br />
homens ocupam a primeira cadeira do lado direito, e as senhoras a<br />
primeira do lado esquerdo. Senhoras e homens vão-se retirando,<br />
silenciosamente, deixando o edifício, um por um, à medida que forem<br />
sendo atendidos.<br />
O atendimento será feito, tanto quanto possível, pela ordem de<br />
chegada das pessoas.<br />
Os componentes de uma mesma família poderão ser atendidos<br />
conjuntamente, se isso for julgado conveniente.<br />
Terminadas as explicações, ficam no recinto somente os auxiliares<br />
que tomaram parte nos trabalhos, procedendo-se, de portas fechadas, da<br />
seguinte maneira:<br />
O presidente diz:<br />
— Ao Astral Superior — e faz a irradiação B. A seguir faz mais<br />
três irradiações B, intercaladas por duas pancadas com o pé do bastão, e<br />
prossegue:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — e profere a<br />
irradiação B, finda a qual dá duas pancadas com o dorso do bastão,<br />
retirando-se todos do edifício.<br />
FLUIDIFICAÇÃO DA ÁGUA<br />
Depois das Sessões de Desdobramento, recolhe-se a corrente à Sala<br />
onde se faz a fluidificação da Água. Os componentes da corrente e os dois<br />
primeiros médiuns tomam, ao redor da mesa de fluidificação, a mesma<br />
posição, exceto os outros médiuns, que devem ficar bem próximos da<br />
abertura da caixa d'água, juntos ao primeiro esteio de cada lado. O<br />
presidente dá duas pancadas com o pé do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação B. Os médiuns<br />
espargem sobre a água os fluidos das Forças Superiores, dando depois,<br />
cada um, o nome do espírito que nele atuou.<br />
O presidente diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação B.<br />
O presidente dá duas pancadas com o dorso do bastão, e com este<br />
sinal todos se retiram.<br />
LIMPEZA PSÍQUICA<br />
A disciplina para a Limpeza Psíquica é a seguinte:<br />
O presidente dá uma e mais duas pancadas com o dorso do bastão, e<br />
diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação A.<br />
O presidente dá duas pancadas com o pé do bastão, no final de cada<br />
irradiação B, preferida pelo fecho, e mantém essas irradiações por 5, 10 ou<br />
15 minutos, conforme as ocasiões ou de acordo com o ambiente. O<br />
sacudimento é feito no período das três primeiras irradiações B da série,<br />
intercaladas por duas pancadas com o pé do bastão.<br />
Em seguida, o presidente diz:<br />
102
103<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação B.<br />
O presidente diz mais:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) e o fecho faz a<br />
irradiação B.<br />
O presidente dá duas pancadas com o dorso do bastão, ficando assim<br />
terminada a disciplina.<br />
Nos lugares onde não houver Filial, cita-se na Limpeza Psíquica, na<br />
ocasião regulamentar, o nome do Presidente Astral da Casa Chefe.<br />
ESQUEMA DEMONSTRATIVO DA POSIÇÃO DA MESA DAS<br />
SESSÕES COM RELAÇÃO À LINHA NORTE-SUL<br />
O retângulo central, representa a posição da mesa das Sessões, na<br />
exata direção Norte-Sul. Onde se lê Face Sul, é a posição indicada para a<br />
Presidência. O presidente fica, então, como convém, de frente para o<br />
Norte. Até quando a direção da mesa acuse um ângulo de 0 a 45° para<br />
Noroeste ou para Nordeste, considera-se a face Sul dentro do quadrante<br />
Sul. Conquanto não seja rigorosamente obrigatória manterem-se estas<br />
posições, em face de eventual situação do terreno, são, no entanto, as mais<br />
favoráveis ao desempenho dos trabalhos Astrais Superiores, portanto as<br />
mais recomendáveis para a colocação da mesa.<br />
Figure 1<br />
104
ESQUEMA DEMONSTRATIVO DA COLOCAÇÃO DAS PESSOAS<br />
Figure 2<br />
105<br />
A – Mesa onde se instala a corrente para a realização das Sessões;<br />
B – Cadeira destinada ao presidente;<br />
C – Cadeira destinada ao fecho;<br />
D-E – Cadeiras em que se sentam médiuns e esteios;<br />
F – Últimas cadeiras da mesa reservadas a indivíduos perturbados;<br />
G – Semicírculo do estrado, cujas seis cadeiras do centro são ocupadas<br />
pelas seis pessoas que formam a meia-corrente; as demais serão<br />
preenchidas por quem os diretores determinarem;<br />
H – Cadeiras para os assistentes.<br />
SESSÕES PÚBLICAS<br />
CAPÍTULO X - SESSÕES<br />
As Sessões Públicas realizam-se três vezes por semana nas segundas,<br />
quartas e sextas-feiras, com início às 20 horas em ponto. Franqueadas a<br />
todas as pessoas interessadas em conhecer a doutrina racionalista cristã,<br />
são estas tratadas com respeito e consideração, num ambiente de ordem,<br />
disciplina e serenidade. Na segunda-feira de carnaval não há Sessão<br />
Pública.<br />
As posições das pessoas na vida material ficam do lado de fora da<br />
porta, porquanto, no tratamento da vida espiritual, todas são partículas<br />
integrantes da Inteligência Universal e com um mesmo curso evolutivo a<br />
fazer ou completar neste planeta.<br />
A disciplina nas Casas Racionalistas, estabelecida pelo Astral<br />
Superior, é mantida, em seus pormenores, como resultado da obediência<br />
por todos devida aos seus preceitos disciplinares, e da compreensão desse<br />
dever.<br />
As Casas Racionalistas são lugares de preparo espiritual, onde cada<br />
um se deverá esforçar para esquecer-se das suas lutas da vida material, a<br />
fim de concentrar-se, unicamente, nas coisas do espírito.<br />
O objetivo principal destas Sessões é esclarecer as criaturas de boavontade<br />
sobre a Verdade relacionada com as leis e os deveres que a vida<br />
impõe, e, ainda, o de beneficiar, com a limpeza psíquica, as pessoas<br />
presentes, para que possam fazer bom uso do seu livre-arbítrio e se<br />
preparar, deste modo, para melhor cumprir as suas atribuições terrenas e<br />
espirituais.<br />
Os assistentes poderão verificar o interesse dos responsáveis pelo<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, nas Sessões Públicas, voltado exclusivamente para<br />
o esclarecimento do semelhante. Estamos num mundo-escola — a Terra<br />
— onde precisamos saber interpretar as lições que ele nos apresenta.<br />
Esta é uma das tarefas do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>. A generalidade não<br />
esclarecida dos seres encontra-se rodeada de dúvidas, incertezas e<br />
106
107<br />
confusões oriundas da falta de conhecimentos verdadeiros a respeito do<br />
que somos espiritualmente.<br />
No <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> os servidores sentem-se felizes pelos<br />
ensinamentos que receberam e continuam a receber do Mestre Luiz de<br />
Mattos, e cumprem, com alegria, as obrigações para consigo mesmos e<br />
para com o próximo, sem esperar outra recompensa além daquela que lhes<br />
dá a satisfação do dever cumprido.<br />
A Limpeza Psíquica tem nos pensamentos bem irradiados o seu<br />
ponto mais alto. Sem dúvida, a corrente doutrinária, formada por<br />
pensamentos esclarecidos, beneficia a humanidade, como um todo. Não<br />
têm conta as desobsessões feitas nas Casas Racionalistas, e a consciência<br />
desse serviço, espontânea e desinteressadamente prestado, é motivo de<br />
entusiasmo para aqueles que nelas trabalham.<br />
O procedimento humano é registrado na aura de cada ser. Não<br />
existem segredos na vida, sobretudo no plano espiritual. Na Terra, os<br />
enganos são comuns. No Espaço, não, porque a clarividência de que são<br />
dotados os espíritos livres da matéria orgânica, tudo deixa ver.<br />
As Forças Superiores sabem, por isso, com quem podem contar neste<br />
mundo, e confiam aos que são leais, valorosos, honrados e dignos os<br />
encargos da Doutrina, dentro, naturalmente, da capacidade e das<br />
limitações de cada um.<br />
Todos se devem apoiar na firmeza dos Princípios, meditando sobre<br />
cada ação praticada através de constantes exames de consciência, a que se<br />
devem sempre submeter. Ninguém é invulnerável à ação do astral inferior<br />
quando comete descuidos ou infrações na parte disciplinar e se deixa<br />
envolver por pensamentos impróprios.<br />
É de grande sofrimento para o espírito que desencarna e retorna ao<br />
seu mundo espiritual a constatação de haver-se tornado exatamente por<br />
esses descuidos ou infrações, um joguete do astral inferior.<br />
O ambiente nas Casas Racionalistas deve ser sempre o mais fraternal<br />
e acolhedor possível, para que sintam, assistentes e auxiliares, verdadeira<br />
satisfação em nelas estar e permanecer. O próprio Astral Superior<br />
necessita desse ambiente assim bem formado. Com ele, os assistentes, por<br />
outro lado, se predispõem melhor a receber as intuições e a dar maior<br />
atenção aos ensinamentos que ouvem.<br />
Os esclarecidos sabem que esse clima superior é formado e mantido<br />
com vibrações harmônicas de compreensão, de solidariedade, de apoio e<br />
do desejo de verem melhoradas as condições psíquicas dos que chegam às<br />
Casas Racionalistas em busca de alimento para a alma, que é a<br />
espiritualização.<br />
Nas Sessões Públicas, os presidentes não se poderão afastar da linha<br />
doutrinária do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, não combatendo, sob qualquer<br />
pretexto, os regimes constituídos, as religiões e os credos políticos.<br />
A liberdade do pensamento é inteiramente respeitada, seguindo cada<br />
qual o caminho que lhe aprouver. Nunca se intentará promover<br />
aliciamentos. Os que chegam à Doutrina Racionalista Cristã o fazem por<br />
livre e espontânea vontade, com a consciência de que estão dando esse<br />
passo em benefício próprio, e não da Doutrina.<br />
No <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não há, não houve nunca e jamais haverá<br />
qualquer ato que exprima intento de aliciar ou de conquistar adesões. O<br />
que existe, realmente, é a satisfação de receber no seio comunitário da<br />
nossa Doutrina esclarecedora todos os investigadores sinceros, a fim de se<br />
prepararem — libertos do domínio fanatizante de dogmas, rituais e mitos<br />
escravizadores — para contribuir para a evolução do planeta.<br />
Não existe, pois, nenhuma idéia, nenhum pensamento voltado para<br />
interesses de natureza material. No <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não há lugar<br />
para artifícios ou expedientes subalternos.<br />
Os que servem à Doutrina com dignidade e valor sabem como suprir<br />
as suas necessidades materiais, sem o recurso a processos especulativos ou<br />
angariações de qualquer natureza.<br />
A presidência abordará os assuntos encarando-os em tese, de um<br />
plano elevado, de maneira que os assistentes que ainda desconhecem a<br />
Doutrina não se sintam ressentidos ou magoados pelo uso evitável de<br />
expressões contundentes, muito embora proferidas com a finalidade<br />
elevada de alertar o indivíduo e iluminar o seu caminho.<br />
Esta ponderação é da maior importância, pois o que pretende o<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é despertar nos estudiosos o interesse pelo<br />
108
109<br />
esclarecimento, único meio de se melhorarem as condições psíquicas da<br />
humanidade.<br />
É bem certo que os ensinamentos Racionalistas <strong>Cristão</strong>s produzem,<br />
no primeiro contato, um certo choque inevitável entre aquilo que revelam<br />
e o que ensinam por aí as instituições religiosas.<br />
Mas se a matéria for explanada de forma elucidativa, de maneira a<br />
que o raciocínio encontre base sólida para conclusões, a luz se fará, aos<br />
poucos, no espírito daqueles que se mostrarem permeáveis. Não há<br />
nenhum empenho em que a criatura se converta, tanto mais que a<br />
finalidade do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não é de conversão e, sim, de<br />
esclarecimento. Uma vez que o esclarecimento tenha de vir, mais dia,<br />
menos dia, mais século, menos século, mais milênio, menos milênio, em<br />
função de incoercíveis leis naturais e imutáveis, não convém contrariar o<br />
estado de decisivo fervor religioso em que o indivíduo se encontre,<br />
imaturo para as coisas reais do espírito.<br />
Há que dar tempo ao tempo, deixando que a vida se incumba, em<br />
repetidas manifestações, com dores, contusões e sofrimentos que<br />
constantemente impõe, de reduzir ao mínimo as falsas concepções que a<br />
ignorância alimenta, quando então novos horizontes se delinearão para<br />
esses espíritos.<br />
Cumpre, assim aos presidentes, durante as Sessões Públicas,<br />
contornar, com habilidade, as posições delicadas em que se encontram os<br />
assistentes que, desiludidos por crenças que não mais os satisfazem,<br />
procuram novos meios, novos caminhos, na esperança de depararem uma<br />
saída para as suas profundas divergências interiores.<br />
Estes chegam ao <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> quase como náufragos e com<br />
pouca capacidade de reação contra os abalos morais que receberam, mas<br />
ainda ligeiramente alimentados pela idéia de nele poderem encontrar um<br />
bálsamo capaz de restituir-lhes as energias perdidas.<br />
Neste estado de depauperamento moral, somente diante da ação<br />
vivificadora do meio e da força irradiante que parte da Presidência é que a<br />
tonificação se realiza e a criatura começa a sentir-se outra.<br />
Daí a razão pela qual os auxiliares devem andar atentos, cada um<br />
bem concentrado nas suas obrigações, para que do conjunto harmônico<br />
dos seus pensamentos nunca falte o indispensável apoio vibratório que<br />
precisa ser dado, nas Sessões Públicas, a quantos estiverem presentes para<br />
recebê-lo.<br />
Outro relevante serviço prestado nas Sessões Públicas é a<br />
desobsessão de indivíduos, mesmo quando se achem fortemente<br />
dominados pelo astral inferior. Colocados dois no extremo da mesa do<br />
estrado, um de cada lado, rodeados por três esteios, ficam eles em<br />
condições de receber do Astral Superior a ação desobsessora.<br />
Os auxiliares, em qualquer posição que estiverem, devem conservarse<br />
serenos diante de algum tumulto que os obsedados intentem produzir.<br />
Esse estado de serenidade contribuirá enormemente para que as Forças<br />
Superiores exerçam ação normalizadora e obtenham seguros resultados.<br />
Os auxiliares têm, pois, grande responsabilidade no exercício de suas<br />
atribuições.<br />
Nas dissertações doutrinárias, os presidentes farão observações<br />
oportunas quanto ao papel que o ser humano deverá desempenhar na<br />
Terra, no cultivo do caráter, da moralidade, da decência, do respeito, da<br />
honestidade, da lealdade, da educação, do comedimento, do gosto pelo<br />
trabalho, da simplicidade, da amizade, do intercâmbio da cordialidade, da<br />
ação criteriosa, da prestimosidade, da confraternização, da solidariedade,<br />
da perseverança, da afetividade, do bom-humor, de normas apaziguadoras,<br />
da pontualidade, do firme apalavramento, do recato nas maneiras, das<br />
decisões ponderadas, da discrição em assuntos reservados, da renúncia<br />
altruística, do método na distribuição de horários, da ordem na execução<br />
das tarefas, da disciplina na imposição de hábitos, da tolerância com os<br />
bem-intencionados e da constante vigilância que deve ser exercida sobre o<br />
controle do temperamento e o governo das próprias ações e pensamentos,<br />
com o fim de evitar a intromissão, na conduta de cada um, dos espíritos<br />
do astral inferior e, conseqüentemente, contribuir para melhorar as<br />
condições psíquicas do planeta.<br />
Os diretores superintendem a disciplina geral durante as Sessões<br />
Públicas, combinam, entre si, a distribuição dos encargos, de tal modo que<br />
não haja colisão nas atribuições de um com as do outro.<br />
Devem eles trocar idéias quando surgirem mal-entendidos, para que<br />
nunca sejam criados pontos-de-vista divergentes. Harmonia e<br />
110
111<br />
entendimento são condições básicas para o bom andamento dos trabalhos.<br />
O que não estiver registrado na disciplina regulamentar deverá ser<br />
resolvido com critério e bom senso, enquanto não forem solicitadas<br />
instruções à Casa Chefe a respeito, o que deverá ser feito, sempre que as<br />
circunstâncias o aconselharem.<br />
ORGANIZAÇÃO DAS SESSÕES PÚBLICAS<br />
As Sessões Públicas só podem ser organizadas após a existência da<br />
entidade, constituída pela Casa Chefe, Centro Redentor Filial. Os<br />
membros do Diretório e da Junta Cooperativa tomarão parte efetiva nos<br />
trabalhos gerais, especialmente nos destas Sessões.<br />
Para a organização de uma Sessão Pública são precisas, pelo menos,<br />
dezesseis pessoas, assim distribuídas:<br />
• oito na mesa das Sessões;<br />
• quatro na meia-corrente;<br />
• duas para sacudir no estrado;<br />
• duas para fiscalizar as entradas.<br />
O auxiliar encarregado do portão de entrada deverá impedir que<br />
ébrios e pessoas inconvenientes penetrem no recinto e assistam às sessões.<br />
Seu dever é estar sempre atento, vigilante, não conversando nem<br />
permitindo conversas, e quando lhe fizerem alguma pergunta, encaminhar<br />
o interessado ao outro auxiliar que deve estar postado do lado de fora da<br />
porta do salão das sessões e que tem por dever:<br />
a) auxiliar o companheiro no que se tornar necessário ao bom<br />
desempenho das suas funções;<br />
b) fazer entrar no recinto, rapidamente, as pessoas que desejarem<br />
assistir às sessões, indicando, se lhe perguntarem alguma coisa, o primeiro<br />
auxiliar da assistência, que deve estar no lado de dentro da porta do salão.<br />
Este auxiliar se limitará a prestar informações sobre a hora de principiar e<br />
terminar a sessão, avisando que a ninguém será permitido sair antes do<br />
encerramento desta.<br />
Os diretores e auxiliares têm por dever, nas Sessões Públicas:<br />
1°. — Receber todos com a máxima atenção e delicadeza,<br />
determinando o lugar de cada um, de acordo com o seu estado de higiene<br />
e saúde. E necessário ter todo cuidado para não colocar uma pessoa que<br />
tenha noção de higiene junto de outra que a não possua, a fim de não<br />
dificultar a sua limpeza psíquica ou normalização, pois um ser limpo,<br />
perto de outro que não o seja, sente-se mal, não fica à vontade nem presta<br />
a atenção devida aos fenômenos e às manifestações da má assistência da<br />
maioria das pessoas presentes;<br />
2°. — esclarecer, rapidamente, os assistentes a respeito da maneira<br />
pela qual se devem conduzir, fazendo saber que explicações sobre a<br />
Doutrina são dadas, diariamente, como consta na página 100 (Explicações<br />
ao Público);<br />
3°. — colocar nos lugares da frente, na assistência, os que mais<br />
demonstrarem precisar. As crianças de tenra idade, devem ficar junto da<br />
mãe ou do pai;<br />
4°. — colocar os obsedados, isto é, os atuados, nas duas últimas<br />
cadeiras da mesa, podendo, entretanto substituí-los, sem perda de tempo,<br />
por outros que demonstrarem estar em piores condições;<br />
5°. — os diretores devem, na medida do possível, mandar colocar as<br />
pessoas de primeira vez junto à meia-corrente, de um lado e do outro,<br />
qualquer que seja o motivo que as tenha levado às Sessões. Esta colocação<br />
é feita principiando do centro para os extremos. Devem ser colocados,<br />
também ao lado da meia-corrente, aqueles que parecerem mais<br />
interessados nas investigações dos assuntos doutrinários;<br />
6°. — imporem-se, finalmente, pela energia cristã e por maneiras<br />
que façam sentir a quem procura as Casas Racionalistas que nelas há<br />
ordem, método, disciplina, valor, respeito e, acima de tudo, a noção do<br />
cumprimento do dever.<br />
Na parte posterior do salão fica o estrado, com a altura de 70<br />
centímetros, 8,50m de comprimento, por 6,50m de largura, quando o<br />
recinto das sessões tiver de 35 a 40 metros de comprimento; fora disso,<br />
será proporcional às suas dimensões. Sobre ele se acha colocada a mesa de<br />
trabalhos, que deve comportar de 3 a 9 pessoas de cada lado, tendo a<br />
112
113<br />
largura de 1,50m e ser fortemente construída. Aí se assentam os médiuns e<br />
os esteios escolhidos pelo Astral Superior para constituírem a corrente<br />
fluídica e, na última cadeira de cada lado da mesa (que deverá ser, ainda,<br />
mais forte e resistente, coloca-se um obsedado para ser normalizado.<br />
O presidente, assim colocado, não se arredará nem virará as costas<br />
para os assistentes, enquanto durar a sessão, haja o que houver na<br />
corrente, meia-corrente ou assistência.<br />
CORRENTE FLUÍDICA<br />
Entende-se por Corrente Fluídica as vibrações do pensamento,<br />
emitidas no mesmo sentido, animadas de um só desejo: o de prestar<br />
serviços às Forças Superiores, na ação de aperfeiçoamento espiritual da<br />
humanidade.<br />
Na mesa das Sessões o presidente fica de frente para a assistência,<br />
não podendo, por detrás dele, estacionar ou passar pessoa alguma.<br />
Para a corrente se tornar eficaz, é necessário que seja constituída por<br />
um mínimo de seis pessoas, previamente indicadas pelas Forças<br />
Superiores.<br />
Para a organização das correntes são designados, pelo Presidente<br />
Astral, dois Espíritos Superiores, porém de mundos diferentes.<br />
Atuado, o médium, sentado à esquerda do presidente, escreverá os<br />
nomes que lhe forem intuídos para a organização da primeira corrente.<br />
O médium designado para o primeiro lugar, à direita do presidente,<br />
organizará a segunda corrente. Um só espírito do Astral Superior pode<br />
organizar a primeira e a segunda correntes. Neste caso ele organiza a<br />
primeira, e o presidente lê os nomes das pessoas, que passam a tomar os<br />
seus lugares, pela ordem. Feito isso, o presidente pede concentração, e o<br />
médium volta a ser atuado e irradiado pelo mesmo espírito e, já com<br />
melhor corrente, escreve os nomes intuídos para a corrente definitiva.<br />
MEIA-CORRENTE<br />
A Meia-Corrente é formada com um mínimo de três e um máximo<br />
de seis pessoas mensalmente designadas pelo presidente, que as escolherá<br />
entre servidores antigos e bem integrados na Doutrina. Esses participantes<br />
da meia-corrente, cuja ação irradiadora é equivalente à da corrente<br />
fluídica, sentam-se no centro do semicírculo, na periferia do estrado.<br />
Sempre que possível, a designação do presidente recairá em três<br />
senhoras e três homens. Os esteios femininos da meia-corrente devem<br />
sentar-se do lado das senhoras, e os masculinos do lado dos homens.<br />
De um e do outro lado dessas pessoas, sentam-se os assistentes<br />
indicados por um dos diretores.<br />
Na falta de alguma das pessoas designadas para a meia-corrente, o<br />
diretor encarregado da disciplina na assistência colocará as que melhor<br />
puderem substituí-las.<br />
A meia-corrente serve de ponto de apoio ao Astral Superior para<br />
ligação, nas Sessões Públicas, dos trabalhos da mesa com os da<br />
assistência.<br />
A disposição dada às cadeiras em semicírculo na periferia do<br />
estrado, abrange o espaço que circunda a metade do lado oposto ao do<br />
presidente (vide figura, página 104).<br />
Esta disposição disciplinar para a meia corrente é rigorosamente<br />
inalterável nas sessões públicas. Todavia, nas sessões particulares em que<br />
não há assistentes sentados no salão, é tolerável um relativo aumento da<br />
extensão da meia corrente quando, em dias de festividade ou por qualquer<br />
outro motivo, ocorrer um maior número de companheiros presentes.<br />
O espaço dos lados direito e esquerdo do presidente fica livre, e nele<br />
somente podem transitar os auxiliares em serviço.<br />
Os assistentes colocados no estrado devem ficar juntos, principiando<br />
sempre a sua colocação da meia-corrente para as extremidades. Na última<br />
destas cadeiras, em cada lado, fica sentado o auxiliar encarregado da<br />
fiscalização dos trabalhos no estrado.<br />
Uma vez organizadas estas correntes e mantidas pela ação do<br />
pensamento dos seus componentes, estará assegurado o êxito das sessões,<br />
pois o Astral Superior, que as organiza e assiste, eliminará todas as más<br />
irradiações, quer partam estas de encarnados ou de desencarnados.<br />
Além destas duas correntes, outra, também fluídica, é formada pelo<br />
Astral Superior em volta da mesa das Sessões, por trás dos médiuns e<br />
114
115<br />
esteios, que assim ficam garantidos. Essa dupla corrente formada pelo<br />
fluido do Astral Superior é luminosa, e pode ser vista pelos médiuns<br />
videntes. O livro A vida Fora da Matéria expõe, com clareza, esse<br />
assunto.<br />
Para que essas correntes possam manter-se firmes, é preciso que o<br />
presidente não se perturbe e que cada um dos instrumentos encarnados<br />
que as constituem se conserve concentrado, sem o menor receio ou<br />
vacilação.<br />
A perturbação do presidente é bastante para quebrar a corrente,<br />
assim como o sono ou o medo de qualquer dos médiuns e esteios.<br />
Quebrada a corrente, o Astral Superior é obrigado a afastar-se, do que se<br />
aproveita o inferior para apoderar-se, rapidamente, dos médiuns e<br />
provocar as desordens de que são capazes os obsessores.<br />
Todavia, como o presidente é forte de ânimo e não perde a confiança<br />
em si mesmo e no Astral Superior nem a consciência do papel e das<br />
responsabilidades que lhe foram confiadas, o domínio do astral inferior<br />
será, além de momentâneo, limitado a um ou outro médium que não lhe<br />
opuser reação, já que o restabelecimento da corrente de apoio ao Astral<br />
Superior se faz rapidamente.<br />
A corrente bem formada é que garante o êxito das sessões e obriga<br />
todos os espíritos perturbados que a ela chegam a partirem para o mundo<br />
que lhes pertence. Uma vez envolvido nessa corrente, por mais perverso<br />
que se mostre o espírito, será arrebatado para o Espaço Superior e não<br />
voltará mais para o meio em que estava.<br />
DISCIPLINA NAS SESSÕES PÚBLICAS<br />
A disciplina nas Sessões Públicas, é a seguinte:<br />
Às 18h 30min, chegada dos primeiros auxiliares, que se vão<br />
dirigindo imediatamente ao estrado, tomando a cabeceira e o fecho da<br />
mesa um diretor ou auxiliar integrados na disciplina, previamente<br />
designados pelo presidente efetivo.<br />
Todos se deverão manter em completo silêncio, irradiando<br />
mentalmente às Forças Superiores ou lendo livros da Doutrina ou<br />
Comunicações do Astral Superior que serão postos, antes, no centro da<br />
mesa, e retirados, depois da entrada dos componentes das Correntes na<br />
sala própria.<br />
Este mesmo critério deverá ser observado em todas as demais<br />
Sessões, apenas variando os horários.<br />
Às 18h 55min, com os portões fechados, o presidente dá três sinais,<br />
seguidos, de campainha, e uma e mais duas pancadas leves com o dorso<br />
do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação A. Em seguida,<br />
são preferidas três irradiações B, intercaladas por duas pancadas com o pé<br />
e duas com a ponta do bastão, procedendo-se ao sacudimento, que é feito<br />
por dois auxiliares. Findas as três irradiações, o presidente diz:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — e o fecho faz outra<br />
irradiação B.<br />
O presidente dá duas pancadas com o dorso do bastão, e os<br />
auxiliares retiram-se para os seus postos, ficando em seus lugares,<br />
sentados, os que ocuparem a cabeceira e o fecho, e aqueles que fizerem<br />
parte das correntes.<br />
Às 19 horas, dão-se três sinais de campainha, abrem-se os portões e<br />
começa-se a receber o público. Dessa hora em diante, até o fim da Sessão,<br />
os diretores e auxiliares podem, apenas, trocar frases ligeiras acerca do<br />
andamento e regularidade dos serviços.<br />
Abertos os portões, o público vai sendo conduzido aos lugares<br />
indicados. Os assistentes que quiserem podem tomar água fluídica, antes<br />
de se sentarem. As pessoas perturbadas são colocadas nas proximidades<br />
do estrado, em lugar próprio, previamente reservado, onde permanecerão<br />
sob as vistas e os cuidados de um ou mais auxiliares atentos.<br />
As mães, com crianças de colo, devem ficar com elas, de preferência<br />
em lugares de fácil acesso aos banheiros; para a mesa, vão somente duas<br />
pessoas perturbadas, que são colocadas nas cabeceiras próprias, depois de<br />
ocuparem os seus lugares os participantes escolhidos para as correntes, ou<br />
antes, em caso de absoluta necessidade, a juízo dos diretores. Os<br />
assistentes tomam assento em prosseguimento à meia-corrente, no estrado,<br />
depois de organizada a corrente da mesa.<br />
116
117<br />
Às 19h 30min, o presidente dá três sinais, seguidos, de campainha e<br />
uma e mais duas pancadas leves com o dorso do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação A. Em seguida,<br />
o fecho faz três irradiações B, intercaladas por duas pancadas com o pé do<br />
bastão, e, finalmente, o presidente diz:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — e o fecho faz a<br />
irradiação B, dando o presidente, a seguir, duas pancadas com o dorso do<br />
bastão.<br />
Ato contínuo, os médiuns femininos que estão sentados à mesa<br />
levantam-se e recolhem-se à sala das correntes, onde aguardam, em<br />
meditação espiritual ou lendo o livro <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> ou outras obras<br />
editadas pelo Centro Redentor, o momento de organizarem as correntes.<br />
Os médiuns femininos que chegarem, involuntariamente, depois<br />
dessa hora, (e até às 19h 40min) aproximam-se da mesa, do lado esquerdo<br />
ou direito do presidente, (depende da colocação da sala das correntes),<br />
onde ficam em pé, e este diz:<br />
— Ao Astral Superior — e faz, em voz baixa, duas irradiações B,<br />
seguidas, terminadas as quais dá duas pancadas leves com o dorso do<br />
bastão, para se recolherem à sala, onde já se encontram os demais.<br />
Os auxiliares que forem chegando depois das 19 e até às 19h 45min<br />
vão diretamente à mesa, onde, em pé e com as mãos apoiadas sabre ela,<br />
fazem, mentalmente, duas irradiações B ao Astral Superior, para poderem<br />
dar início ao cumprimento dos seus deveres.<br />
Às 19h 40min, o presidente dá três sinais de campainha para<br />
anunciar a próxima organização da corrente.<br />
Às 19h 45min, o presidente dá mais três sinais de campainha e duas<br />
pancadas com o pé do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz duas irradiações B,<br />
intercaladas com duas pancadas com o pé do bastão; em seguida, o<br />
presidente dá duas pancadas com o dorso do bastão e os que estiverem à<br />
mesa levantam-se e se dirigem, com o presidente efetivo, à frente, à sala<br />
de formação das correntes, em ordem, onde tomam lugar à mesa nas<br />
posições ocupadas na Sessão anterior, ficando em pé com as mãos<br />
apoiadas sobre esta, exceção feita ao primeiro médium da direita e ao<br />
primeiro da esquerda, que se sentam; os médiuns e os esteios que não<br />
participaram da corrente da Sessão anterior, ficam ao lado, isolados da<br />
mesa; caso, porém, os da corrente da Sessão anterior sejam menos de oito,<br />
este número deverá ser preenchido com os que estiverem à margem, como<br />
excedentes. A seguir, com o presidente efetivo na cabeceira da mesa, este<br />
dá dois sinais com o pé do bastão e diz:<br />
— Aos nossos (cita os nomes dos dois organizadores astrais das<br />
correntes) — e o fecho faz a irradiação B.<br />
O médium da esquerda escreve a relação que lhe for intuída das<br />
pessoas que tomarão parte na primeira corrente, na ordem das respectivas<br />
posições, e o presidente lê essa relação, para que todos tomem os lugares<br />
indicados.<br />
Em seguida, como houve movimentação e quebra do silêncio, o<br />
presidente diz:<br />
— Concentrem-se todos bem — apresentando, logo após, o verso<br />
da folha de papel ao médium da direita, que passa a escrever, na devida<br />
ordem, os nomes dos componentes da segunda corrente que lhe forem<br />
intuídos. Se houver, apenas, um médium desenvolvido para receber o<br />
Astral Superior, ele toma a cadeira à direita do presidente, organizando a<br />
primeira corrente e, depois, a segunda. (Vide página 113, desta edição).<br />
O presidente, depois, diz:<br />
— Ao nosso ou aos nossos (cita o nome ou os nomes dos<br />
organizadores astrais das correntes) — e o fecho faz a irradiação B. Em<br />
seguida, o presidente lê os nomes da segunda relação, dá duas pancadas<br />
com o dorso do bastão, a corrente sai da sala para tomar lugar à mesa do<br />
estrado, nas posições indicadas na segunda relação, enquanto os<br />
excedentes vão prestar a sua cooperação onde os diretores determinarem.<br />
Às 19h 55min, o presidente dá um sinal de campainha, para governo<br />
dos auxiliares.<br />
Às 19h 58mirn, dá um segundo sinal (também de campainha) para<br />
prevenir que todos se devem preparar para as irradiações.<br />
Às 20 horas em ponto, com o primeiro badalar do relógio, o<br />
presidente, em pé, dá um terceiro sinal de campainha; um auxiliar regula a<br />
iluminação do estrado, enquanto o presidente dá uma pancada e, em<br />
118
119<br />
seguida, mais duas com o dorso do bastão, para marcar o início da Sessão.<br />
Nesse instante são fechados os portões, todos ficam onde estão, em<br />
absoluto silêncio, enquanto o presidente diz:<br />
— Ao Astral Superior — e faz a irradiação A. Terminada esta, o<br />
presidente diz:<br />
— Por determinação do nosso Presidente Astral, está aberta a<br />
Sessão. — E, em seguida: — Ao nosso Presidente Astral (cita o nome)<br />
— e faz a irradiação B.<br />
O presidente dá um sinal prolongado de campainha, abrem-se<br />
novamente os portões, momento em que dá duas pancadas com o pé do<br />
bastão para o fecho iniciar a série de irradiações B, sempre intercaladas<br />
por duas pancadas com o pé do bastão, e faz-se o sacudimento por três<br />
vezes, simultaneamente, à mesa e no semicírculo do estrado. O toque de<br />
campainha, porém, cessa, quando os auxiliares das extremidades do<br />
semicírculo, fazendo o sacudimento, se encontram, pela primeira vez, no<br />
centro da meia-corrente. O sacudimento prossegue, por mais duas vezes,<br />
com a campainha já em silêncio.<br />
Às 20h 10min, o presidente dá um sinal de campainha e são<br />
fechadas as entradas; dá, em seguida, duas pancadas leves com a ponta do<br />
bastão, para indicar que um dos médiuns pode transmitir. Finda a<br />
exposição doutrinária do presidente, motivada pela manifestação<br />
transmitida por aquele médium, seguem-se duas pancadas com o pé do<br />
bastão, e o fecho faz uma irradiação B; depois, mais duas pancadas com a<br />
ponta do bastão, e qualquer médium transmite a intuição que receber;<br />
assim devem continuar estes trabalhos até, aproximadamente, às 20h<br />
40min, sem que o presidente se veja obrigado a interromper,<br />
abruptamente, a tese doutrinária que estiver desenvolvendo, devendo<br />
arrematá-la, no entanto, dentro de 5 minutos, para, às 20h 45min, poder<br />
manifestar-se o Presidente Astral (ou outro espírito do Astral Superior) por<br />
intermédio do médium da direita do presidente.<br />
Durante as manifestações dadas até às 20h 40min, se algum espírito<br />
der o seu nome, o presidente diz: — Pelo espírito de (cita o nome dado),<br />
dá duas pancadas com o pé do bastão e o fecho prefere a irradiação B.<br />
Às 20h 45min, o presidente encerra a sua preleção, se estiver<br />
doutrinando, e diz: — Concentrem-se todos bem, passando o primeiro<br />
médium da direita a receber e transmitir a comunicação do Astral<br />
Superior, finda a qual dá o nome do Espírito Superior que se manifestou, e<br />
transmite a determinação do Presidente Astral para o encerramento da<br />
Sessão. A manifestação do Astral Superior terá a duração de oito ou no<br />
máximo 10 minutos. O presidente, então, diz: — Ao nosso (cita o nome<br />
transmitido pelo médium), dá duas pancadas com o pé do bastão e o fecho<br />
faz a irradiação B; em seguida, duas pancadas com o pé do bastão e mais<br />
duas, sucessivamente, com a ponta do bastão, para determinar o<br />
sacudimento no estrado, simultaneamente com o proferimento, pelo fecho,<br />
da irradiação B; repete-se, por três vezes, esta disciplina e, por fim, o<br />
presidente diz:<br />
— Ao Astral Superior, e faz, ele próprio, a irradiação B.<br />
Torna o presidente:<br />
— Ao nosso Presidente Astral, e faz também a irradiação B.<br />
Termina o presidente: — Por determinação do nosso Presidente<br />
Astral (cita o nome) está encerrada a Sessão. A seguir dá duas pancadas<br />
com o dorso do bastão, um toque de campainha, e senta-se ou continua em<br />
pé. Abrem-se os portões, aumenta-se a claridade, e os auxiliares<br />
promovem a sa’lda da assistência, na forma disciplinar, sem que as alas<br />
masculina e feminina se misturem no recinto.<br />
Depois de se estarem encaminhando para a saída os assistentes, o<br />
presidente dá duas pancadas com a ponta do bastão para a saída das duas<br />
alas do semicírculo do estrado. Tão logo saiam estas duas alas, o<br />
presidente dá mais duas pancadas com a ponta do bastão para saírem os<br />
dois obsedados, que devem ser entregues aos membros da família ou<br />
acompanhados até à saída por auxiliares. Finalmente, o presidente dá duas<br />
pancadas com o dorso do bastão e retiram-se os componentes da corrente<br />
e meia-corrente, juntamente com os demais auxiliares.<br />
120
SESSÕES PARTICULARES *<br />
A) DE DESDOBRAMENTO - às terças e quintas-feiras, à noite.<br />
121<br />
O bom resultado dessas sessões depende da forte concentração e da<br />
grande boa-vontade dos médiuns e dos esteios.<br />
Aquele, portanto, que durante o dia não se tenha conduzido<br />
disciplinarmente na vida material, subordinando todos os seus atos aos<br />
princípios de moderação e justiça, não estará em condições de assisti-las,<br />
pois a vida material, para ser bem vivida, tem de caminhar a par da<br />
espiritual.<br />
Qualquer médium ou esteio que durante os trabalhos quebrar a<br />
concentração pelo sono, não deverá voltar a participar dos trabalhos até<br />
demonstrar que se corrigiu e colocou-se em condições.<br />
Os médiuns principiantes não se desdobram nas primeiras sessões,<br />
limitando-se a observar como se desdobram os mais antigos; depois<br />
começam a receber o astral inferior, sem se desdobrar, e quando se<br />
julgarem em condições de transmitir as intuições dos espíritos<br />
perturbados, participam do desdobramento, acompanhando a ordem<br />
normal dos trabalhos.<br />
As Sessões de Desdobramento são as de maior resultado para a<br />
humanidade em geral, pois, firmados nas correntes das Casas<br />
Racionalistas Cristãs, os Espíritos Superiores vão a qualquer parte do<br />
planeta libertar das garras do astral inferior indivíduos ou corporações.<br />
É por este meio que os Espíritos Superiores procuram amenizar a<br />
existência de governantes e governados, beneficiando enfermos cuja causa<br />
seja a obsessão, e livrando-os, muitas vezes, da desencarnação prematura.<br />
É para tão alto fim que o Astral Superior estabelece a sua corrente<br />
fluídica.<br />
O espírito do médium, ao desdobrar-se, segue com o Astral Superior,<br />
continuando ligado ao corpo carnal por cordões fluídicos.<br />
* Não há Sessão Particular na noite de terça-feira de carnaval.<br />
Isto é necessário, porque os Espíritos Superiores não podem penetrar<br />
num meio deletério, materializado, repleto de correntes más, enquanto que<br />
o espírito do médium, com o seu corpo astral, pode estar em contato com<br />
os espíritos perturbados que constituem essas más correntes.<br />
São os espíritos do Astral Superior que, utilizando-se dos espíritos<br />
dos médiuns, arrebatam os obsessores e os conduzem à corrente fluídica, e<br />
daí para o Espaço Superior.<br />
Às 19 horas, com três sinais de campainha e os portões e as portas<br />
de entrada fechados, o presidente dá uma e mais duas pancadas com o<br />
dorso do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação A e mais três<br />
irradiações B, acompanhadas de sacudimento e intercaladas de duas<br />
pancadas com o pé e duas com a ponta do bastão.<br />
A seguir, diz o presidente:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — o fecho faz a<br />
irradiação B. Terminada esta, o presidente dá duas pancadas com o dorso<br />
do bastão e saem os auxiliares para os seus postos, ficando em seus<br />
lugares, sentados, os auxiliares de cabeceira, do fecho e mais os que fazem<br />
parte das correntes.<br />
Às 19h 30min, com os médiuns e esteios presentes, o presidente faz<br />
soar a campainha com três sinais curtos, dá uma e mais duas pancadas,<br />
com o dorso do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação A; terminada<br />
esta, o presidente dá duas pancadas com o pé do bastão, e o fecho faz a<br />
irradiação B, repetindo-a, com o intercalamento das duas pancadas com o<br />
pé do bastão, por mais duas vezes. O presidente diz, então:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — e o fecho faz a<br />
irradiação B, dando o presidente, em seguida, duas pancadas leves com o<br />
dorso do bastão. Os médiuns femininos levantam-se e recolhem-se à sala<br />
das correntes, onde ficam em silêncio e preparo mental para o fiel<br />
desempenho das suas atribuições. Os esteios e os médiuns masculinos<br />
mantêm-se sentados à mesa do estrado.<br />
Os médiuns que chegarem depois das 19h 30min e até às 19h 35min,<br />
encostam-se à cabeceira da mesa do estrado, e o presidente faz duas<br />
122
123<br />
irradiações B em voz baixa, recolhendo-se, eles também, à sala das<br />
correntes.<br />
Às 19h 40min, o presidente dá três toques de campainha para<br />
determinar o fechamento da porta ou portão de acesso ao recinto, e duas<br />
pancadas com o pé do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação B; o presidente<br />
dá duas pancadas com o pé do bastão, e o fecho faz mais uma irradiação<br />
B; em seguida, o presidente dá duas pancadas com o dorso do bastão e<br />
todos se levantam, seguindo para a sala da organização das correntes,<br />
onde se dispõem em torno da mesa, nas posições ocupadas na Sessão<br />
anterior, ficando em pé, com as mãos apoiadas sobre ela, exceção feita aos<br />
dois médiuns da direita e da esquerda, que se sentam; os médiuns e esteios<br />
que não participaram da corrente da Sessão anterior, ficam ao lado,<br />
isolados da mesa; caso porém os componentes da corrente da Sessão<br />
anterior sejam menos de oito, esse número deverá ser preenchido com os<br />
que estiverem presentes, com excedentes.<br />
O presidente dá duas pancadas com o pé do bastão, e diz:<br />
— Aos nossos (cita os nomes dos dois organizadores astrais das<br />
correntes) — e o fecho faz a irradiação B.<br />
O médium da esquerda escreve a relação dos que vão tomar parte na<br />
primeira corrente, na ordem das respectivas posições, e o presidente faz a<br />
leitura dessa relação para que as pessoas escolhidas tomem os lugares<br />
indicados. Em seguida, como houve movimentação e quebra do silêncio, o<br />
presidente diz: — Concentrem-se todos bem, passando o médium da<br />
direita a escrever, no verso da folha que o presidente lhe entrega, na ordem<br />
que lhes forem intuídos, os nomes dos componentes da segunda corrente.<br />
Tanto o médium da esquerda, quanto o da direita, escrevem, abaixo do<br />
fecho, o nome do organizador astral da corrente. Terminada a leitura, o<br />
presidente diz:<br />
— Aos nossos (cita os nomes dos dois espíritos organizadores das<br />
correntes), e o fecho faz a irradiação B.<br />
O presidente lê os nomes dos escolhidos para a corrente, dá duas<br />
pancadas com o dorso do bastão e encaminham-se todos para a mesa do<br />
estrado, tomando os seus devidos lugares.<br />
Sentadas à mesa as pessoas escolhidas, o presidente dá uma e mais<br />
duas pancadas com o dorso do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior, e o fecho faz a irradiação A. Terminada<br />
esta, o presidente diz:<br />
— Por determinação do nosso Presidente Astral, está aberta a<br />
Sessão. E depois:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome), e o fecho faz a<br />
irradiação B.<br />
Finda a irradiação, o presidente dá duas pancadas com o pé do<br />
bastão, o fecho faz a irradiação B e os auxiliares das extremidades<br />
sacodem a meia-corrente, por três vezes, com intercalação das irradiações<br />
proferidas pelo fecho, em fiel obediência aos sinais dados pela<br />
presidência; em seguida são sacudidos todos os componentes da mesa,<br />
também por três vezes, exceto o presidente e o fecho. Havendo auxiliares<br />
em número suficiente no estrado, sacodem-se, ao mesmo tempo, as<br />
pessoas da mesa e do estrado.<br />
Terminado o sacudimento, o presidente continua dando duas<br />
pancadas com o pé do bastão e o fecho fazendo a irradiação B, até que o<br />
mostrador do relógio marque 20 horas, quando então o presidente diz:<br />
— Ao Astral Superior, e o fecho faz a irradiação B, ao fim da qual<br />
o presidente diz:<br />
— Ao nosso Presidente Astral, e o fecho faz a irradiação B.<br />
Terminada essa irradiação, o presidente diz:<br />
— Por determinação do nosso Presidente Astral, (cita o nome)<br />
está encerrada a sessão. Dá duas pancadas com o dorso do bastão.<br />
A seguir, o presidente dá duas pancadas com o pé do bastão e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação B.<br />
Prossegue o presidente:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — e o fecho repete a<br />
irradiação B.<br />
O presidente diz:<br />
124
125<br />
— Os médiuns desdobrem-se. Concentrem todos bem, e dá duas<br />
pancadas com a ponta do bastão.<br />
Em obediência a essa determinação, os médiuns cruzam os braços e<br />
debruçam-se sobre a mesa, enquanto os esteios permanecem firmes nas<br />
suas posições À medida que os médiuns forem prestando o serviço de<br />
desdobramento (para o que gastam um minuto aproximadamente), erguem<br />
o busto; e logo que o presidente notar que mais da metade deles se<br />
desdobrou, dá duas pancadas com o pé do bastão e os demais médiuns<br />
também levantam o busto, fazendo o fecho a irradiação B. Finda esta, o<br />
presidente dá duas pancadas com a ponta do bastão e os médiuns retornam<br />
à posição indicada, para se desdobrarem; este trabalho se repete até às 20h<br />
25min, quando, após a irradiação B, feita pelo fecho, o presidente diz:<br />
— Não se desdobrem, e dá duas pancadas com o pé do bastão para<br />
o fecho proferir a irradiação B.<br />
Em prosseguimento, dá duas pancadas com a ponta do bastão e os<br />
médiuns, um a um, dão oportunidade aos espíritos inferiores de se<br />
manifestarem, para serem convenientemente doutrinados pelo presidente;<br />
ao fim de cada doutrinação, o presidente dá duas pancadas com o pé do<br />
bastão e o fecho faz a irradiação B, até às 20h 30min, quando o presidente<br />
dá duas pancadas com o pé do bastão e duas com a ponta, a fim de todos<br />
serem sacudidos por três vezes, enquanto o fecho faz três irradiações B,<br />
intercaladas por duas pancadas com o pé do bastão e duas com a ponta,<br />
encerrando-se os trabalhos da seguinte maneira:<br />
Presidente: — Ao Astral Superior — o fecho faz a irradiação B.<br />
Presidente: — Ao nosso Presidente Astral — o fecho faz mais uma<br />
irradiação B.<br />
Presidente: — Por determinação do nosso Presidente Astral (cita<br />
o nome) está encerrada a Sessão. Dá duas pancadas com o dorso do<br />
bastão, os médiuns vão a água, terminada esta, todos se retiram, inclusive<br />
os auxiliares sentados na meia-corrente.<br />
Nas Filiais onde exista somente um médium habilitado para a<br />
formação das correntes, este, sentado na primeira cadeira do lado direito<br />
do presidente, organiza a primeira corrente, e depois a segunda,<br />
B) DOUTRINAÇÃO ÀS QUINTAS-FEIRAS - realizada, somente,<br />
na Casa-Chefe.<br />
Logo após a Sessão de Desdobramento, e com a mesma corrente,<br />
recolhem-se todos à sala das correntes, colocando-se em redor da caixa de<br />
Água Fluídica, onde ficam sentados o presidente, os médiuns e os esteios,<br />
em fiel obediência à corrente saída do es trado. As demais pessoas tomam<br />
lugar à mesa da organização das correntes. Todos sentados, o presidente<br />
dá uma e mais duas pancadas com o dorso do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — proferindo, ele próprio, a irradiação A.<br />
O presidente:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome), e faz a irradiação B.<br />
O presidente pede concentração, e em seguida os médiuns,<br />
principiando geralmente pelo primeiro da direita, transmitem as<br />
comunicações doutrinárias do Astral Superior, as quais uma vez<br />
terminadas, o Presidente Astral, por intermédio do primeiro médium da<br />
direita, determina o encerramento da Sessão, que é feito como se segue:<br />
O presidente diz:<br />
— Ao Astral Superior — e faz a irradiação B.<br />
O presidente:<br />
— Ao nosso Presidente Astral — e repete a irradiação B. Em<br />
seguida diz:<br />
— Por determinação do nosso Presidente Astral (cita o nome),<br />
está encerrada a Sessão. Dá duas pancadas com o dorso do bastão, e<br />
todos se levantam e retiram do edifício.<br />
C) SEGUNDO SÁBADO PELA MANHÃ<br />
À medida que forem chegando os auxiliares e diretores,<br />
encaminham-se, imediatamente, ao estrado, onde diretores ou (na falta<br />
deles), auxiliares integrados na disciplina assumem a cabeceira e o fecho,<br />
seguindo-se a disciplina constante do primeiro parágrafo de Disciplinas<br />
nas Sessões Públicas. (Página 115).<br />
126
127<br />
Às 7h 15min, o presidente dá três sinais de campainha e uma e mais<br />
duas pancadas com o dorso do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação A.<br />
A cada duas pancadas com o pé do bastão e duas com a ponta,<br />
precedendo cada irradiação, o fecho faz três irradiações B, enquanto dois<br />
auxiliares, previamente escalados, procedem ao sacudimento. A seguir,<br />
diz:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — e o fecho faz a<br />
irradiação B; dá duas pancadas com o dorso do bastão, e os demais<br />
auxiliares assumem os seus postos. Daí por diante, vão chegando os outros<br />
auxiliares que, antes de começarem a trabalhar, encostam-se à mesa do<br />
estrado para fazerem mentalmente duas irradiações B, na forma<br />
disciplinar.<br />
As irradiações das 7h 15min são destinadas, exclusivamente, aos<br />
diretores e auxiliares, e uma vez terminadas, serão abertos os portões para<br />
a entrada de pessoas previamente autorizadas a assisti-las.<br />
Às 7h 45min, dá três toques de campainha e uma e mais duas<br />
pancadas com o dorso do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação A e três<br />
irradiações B, sempre intercaladas com duas pancadas com o pé do<br />
bastão.<br />
Prossegue quem está na cabeceira:<br />
— Ao nosso Presidente Astral, (cita o nome) — e o fecho faz a<br />
irradiação B.<br />
O presidente dá duas pancadas leves com o dorso do bastão e todos<br />
os médiuns femininos se levantam, recolhendo-se à sala de formação das<br />
correntes<br />
Às 7h 50min, dá três sinais de campainha e duas pancadas com o pé<br />
do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — fazendo o fecho a irradiação B; dá, a<br />
seguir, duas pancadas com o pé do bastão, e o fecho repete a mesma<br />
irradiação. O presidente dá duas pancadas leves com o dorso do bastão e<br />
todos os da mesa se levantam e seguem atrás do presidente, para a sala da<br />
organização das correntes, onde tomam lugar em torno da mesa, de acordo<br />
com a disciplina.<br />
O presidente dá duas pancadas com o pé do bastão, e diz:<br />
— Aos nossos (cita os nomes dos dois organizadores das correntes),<br />
e o fecho faz a irradiação B.<br />
O médium da esquerda escreve os nomes dos componentes da<br />
primeira corrente e passa o papel ao presidente; este faz a leitura, e todos<br />
se colocam nas posições indicadas; o presidente pede que se concentrem<br />
todos bem, e passa o papel ao médium da direita, que escreve, no verso da<br />
mesma folha, a relação dos componentes da segunda corrente que lhe é<br />
intuída. O presidente recebe essa segunda relação, e diz:<br />
— Aos nossos (repete os nomes dos dois organizadores das<br />
correntes), — e o fecho faz a irradiação B.<br />
O presidente lê, a seguir, a relação dos nomes, e no final dá duas<br />
pancadas com o dorso do bastão e todos seguem para o estrado, onde se<br />
colocam à mesa, nas posições indicadas na segunda relação.<br />
Às 8 horas, o presidente dá um sinal de campainha, uma pancada e<br />
mais duas com o dorso do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação A; depois, diz o<br />
presidente:<br />
— Por determinação do nosso Presidente Astral, está aberta a<br />
Sessão. Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — e o fecho faz a<br />
irradiação B. Seguem-se as irradiações B por cinco minutos, intercaladas<br />
de duas pancadas com o pé do bastão, sendo que durante as três primeiras<br />
faz-se o sacudimento no estrado.<br />
Às 8h 07min, suspendem-se as irradiações e estabelece-se completo<br />
silêncio no recinto para que todos se concentrem e meditem sobre assuntos<br />
espirituais e doutrinários, ou irradiem, mentalmente, às Forças Superiores.<br />
Às 8h 10min, o presidente passa a ler duas comunicações<br />
previamente escolhidas, sempre da Casa Chefe, uma de Luiz de Mattos e<br />
outra de Antonio Cottas, e depois de comentar o que foi lido, dá duas<br />
pancadas com o pé do bastão e mais duas com a ponta, e os auxiliares<br />
sacodem, por três vezes, as pessoas da meia-corrente e as da mesa, de<br />
128
129<br />
conformidade com a disciplina. O presidente, dá, por mais três vezes, duas<br />
pancadas com o pé do bastão, e o fecho, em cada um desses sinais, faz a<br />
irradiação B. Terminada a terceira irradiação, o presidente diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação B. O presidente<br />
diz: — Ao nosso Presidente Astral — e o fecho volta a fazer a irradiação<br />
B; o presidente então diz: — Por determinação do nosso Presidente<br />
Astral (cita o nome), está encerrada a Sessão. Dá duas pancadas com o<br />
dorso do bastão, e todos se retiram do edifício.<br />
D) SEGUNDO SÁBADO DE CADA MÊS<br />
NAS FILIAIS:<br />
Até às 8h 10min, os trabalhos se processam normalmente. Nessa<br />
hora, faz o presidente a leitura de duas comunicações, uma de Luiz de<br />
Mattos e outra de Antonio Cottas, enviadas pela Casa Chefe. Em seguida,<br />
comenta o que foi lido, sendo-lhe facultado falar sobre os Princípios<br />
Doutrinários. Às 8h 25min, o presidente dá duas pancadas com o pé do<br />
bastão e mais duas com a ponta do mesmo, e os auxiliares sacodem, por<br />
três vezes, as pessoas da meia-corrente e as da mesa, de conformidade<br />
com a disciplina. O presidente dá, por mais três vezes, duas pancadas com<br />
o pé do bastão, e o fecho faz a irradiação B. Terminada a terceira<br />
irradiação, o presidente diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação B.<br />
O presidente diz:<br />
— Ao nosso Presidente Astral — e o fecho faz a irradiação B.<br />
O presidente diz, finalmente:<br />
— Por determinação do nosso Presidente Astral (cita o nome),<br />
está encerrada a Sessão. Dá duas pancadas com o dorso do bastão e<br />
todos os que não trabalham na Casa se retiram do recinto.<br />
Tendo permanecido, apenas, os auxiliares e os diretores, e já<br />
fechados os portões, o presidente dá três sinais de campainha e diz:<br />
— Vamos dar início à leitura de algumas doutrinações<br />
transmitidas na Casa Chefe, assim como uma circular (ou circulares se<br />
forem mais de uma, no caso de as haver recebido).<br />
Terminada a leitura, o presidente ventilará, se necessário, quaisquer<br />
assuntos de ordem disciplinar (nunca, em nenhuma hipótese, de natureza<br />
material), para que tudo na Filial seja feito como na Casa Chefe,<br />
permitindo a qualquer diretor ou auxiliar que se manifeste sobre a<br />
disciplina.<br />
Por fim, o presidente diz: — Vamos encerrar a Sessão de Leitura.<br />
Em seguida dá duas pancadas com o pé do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação B.<br />
130
131<br />
Torna o presidente:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — e o fecho repete a<br />
irradiação B. O presidente diz: — Está encerrada a Sessão.<br />
REUNIÃO DO DIRETÓRIO (sempre no segundo sábado de cada<br />
mês) * :<br />
Cinco minutos depois, todos os membros do Diretório e da Junta<br />
Cooperativa voltam a sentar-se à mesa, onde já estão os Livros de<br />
Presença e de Atas, e a pasta do Expediente contendo material de interesse<br />
da Casa, a ser discutido e apreciado nessa reunião. Na Casa Chefe, estarão<br />
presentes também os membros dos Conselhos Superiores e Fiscal.<br />
Tendo todos assinado o Livro de Presença, o presidente diz:<br />
*<br />
Assuntos pertinentes ao exercício da mediunidade só com os médiuns por serem<br />
extremamente delicados, deverão ser tratados, pelo presidente, em reunião<br />
previamente designada por este. O presidente deverá tanto quanto possível falar em<br />
tese sobre o assunto que o levou a fazer a convocaçãó, abstendo-se de referências<br />
pessoais, e recomendando, com empenho, a leitura deste livro e, mais especialmente,<br />
os Capítulos que se referem à mediunidade e à obsessão, bem como a obra básica da<br />
Doutrina.<br />
Nessas reuniões, o presidente deverá insistir na necessidade de se manterem<br />
eles rigorosamente dentro dos princípios disciplinares da Doutrina, para evitar a ação<br />
do astral inferior, a que ficam sujeitos, como pessoas de maior sensibilidade, quando<br />
os infrigem.<br />
Se o presidente tiver necessidade de chamar a atenção de algum médium, em<br />
particular, sobre assunto disciplinar, deverá solicitar a sua presença no estrado.<br />
É facultada, em caráter excepcional, a alternativa de se realizarem em qualquer<br />
outro horário e dia do mês, inclusive aos domingos, as reuniões mensais com sessão de<br />
Limpeza Psíquica previstas para os segundos sábados, isto na hipótese de localidades<br />
e países em geral, onde não se adote o sistema de trabalho da chamada semana<br />
inglesa, locais, portanto, onde os sábados são considerados como dias úteis com<br />
atividades laborativas normais, circunstância esta que redunda em dificuldades para o<br />
comparecimento de todos os companheiros. Todavia, fica bem claro que, seja qual for<br />
o dia e horário adotados, é rigorosamente obrigatória a realização uma vez por mês<br />
das referidas reuniões e sessão de limpeza psíquica, dentro do esquema disciplinar<br />
determinado, ou seja: inicialmente, a sessão de limpeza psíquica; em seguida, a<br />
reunião de leitura de comunicações doutrinárias; e, finalmente, a reunião do Diretório.<br />
— Ao Astral Superior — e aquele que estiver no fecho faz a<br />
irradiação B.<br />
O presidente diz:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — e é feita outra<br />
irradiação B pelo fecho, finda a qual, o presidente diz:<br />
— Está aberta a reunião. O Senhor Secretário vai ler a ata da<br />
reunião anterior. Passa-se, então, ao que se segue:<br />
a) leitura do expediente;<br />
b) ordem do dia;<br />
c) assuntos de interesse geral.<br />
As soluções de caráter administrativo ou disciplinar serão decididas<br />
pela maioria dos diretores presentes e dos membros da Junta Cooperativa,<br />
cabendo ao presidente o voto de desempate<br />
Nas Filiais e Correspondentes, o Diretório poderá adotar medidas<br />
para solucionar casos imprevistos, desde que não constituam norma<br />
regulamentar de trabalho em desacordo com as instruções contidas neste<br />
livro.<br />
Os membros do Diretório e da Junta Cooperativa, como pessoas<br />
educadas e esclarecidas que são, não deverão nunca levar as discussões<br />
para o terreno das ofensas pessoais. Os debates deverão ser feitos de<br />
maneira respeitosa, serena e cavalheiresca, para que ninguém se sinta<br />
diminuído ou ressentido com palavras ríspidas ou impróprias de quem se<br />
honra de ser racionalista cristão.<br />
ENCERRAMENTO:<br />
O presidente dá duas pancadas com o pé do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz uma e mais três irradiações<br />
B, intercaladas por duas pancadas com o pé do bastão, dadas pelo<br />
presidente.<br />
O presidente diz:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome) — e o fecho faz a<br />
irradiação B, finda a qual o presidente conclui:<br />
132
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— Está encerrada a reunião. Dá duas pancadas com o dorso do<br />
bastão e todos se retiram.<br />
E) NA CASA CHEFE:<br />
Até às 8h 10min, a prática disciplinar decorre como no segundo<br />
sábado de cada mês. Nessa hora, faz o presidente a leitura de uma<br />
doutrinação de Luiz de Mattos e outra de Antonio Cottas, finda a qual<br />
comenta, com elevação, o que foi lido.<br />
Processa-se, como nas Filiais, o encerramento da Sessão, retiram-se<br />
os que não forem auxiliares e, fechadas novamente as entradas, o<br />
presidente dá três sinais de campainha, e diz:<br />
— Vamos dar início à leitura de algumas doutrinações<br />
transmitidas durante o mês passado.<br />
O presidente passa a ler as doutrinações que disserem respeito à<br />
disciplina, para maior alertamento dos auxiliares, e outras mais.<br />
Finda essa leitura, ventilará, se necessário, quaisquer assuntos<br />
relacionados com a disciplina regulamentar, tornando franca a palavra, e<br />
termina essa parte dos trabalhos aproximadamente às 9 horas. Depois, dá<br />
duas pancadas com o pé do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — o fecho faz a irradiação B.<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome), e o fecho volta a fazer<br />
a irradiação B.<br />
O presidente então diz:<br />
— Está encerrada a Sessão, e dá duas pancadas com o dorso do<br />
bastão, retirando-se todos os que não forem diretores.<br />
Depois de um intervalo de cerca de dez minutos, todos voltarão a<br />
tomar assento à mesa para a reunião do Diretório e Conselhos Superior e<br />
Fiscal. Cada qual ocupando o seu lugar, o presidente dá duas pancadas<br />
com o pé do bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior, e o diretor que estiver no fecho faz a<br />
irradiação B.<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome, diz o presidente) e o<br />
fecho faz a irradiação B.<br />
Esta reunião levará o tempo necessário, a juízo do presidente, e tem<br />
a pauta comum às sociedades civis.<br />
Para encerrar a reunião, o presidente dá duas pancadas com o pé do<br />
bastão, e diz:<br />
— Ao Astral Superior — e o fecho faz a irradiação B.<br />
Volta o presidente:<br />
— Ao nosso Presidente Astral (cita o nome), e o fecho faz a<br />
irradiação B.<br />
O presidente diz:<br />
— Está encerrada a reunião. Dá duas pancadas com o dorso do<br />
bastão, e todos se retiram do edifício.<br />
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CONCLUSÃO<br />
135<br />
O objetivo desta obra é facilitar a compreensão da vida e demonstrar<br />
a necessidade imperiosa de cada qual pautar a sua conduta terrena em<br />
moldes racionais e cristãos.<br />
Do bom aproveitamento da existência neste mundo ninguém se deve<br />
afastar, nem mesmo por um instante. É possível descobrir algo de útil para<br />
fazer em todo lugar e em qualquer tempo. A consciência, para isso, precisa<br />
estar alerta, e a boa disposição bem cultivada. As oportunidades vão e<br />
vêm, a cada passo, embora muitas vezes passem despercebidas, por falta<br />
de educação espiritual.<br />
Neste livro, se lido com atenção e interesse, encontra o leitor um<br />
manancial de sugestões orientadoras, de efeito prático. São escritos que se<br />
aplicam aos militantes da Doutrina e a todos os que absorveram os seus<br />
ensinamentos através, principalmente, da leitura das obras —<br />
<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> e A Vida Fora da Matéria.<br />
Assim como na escola o bom aluno vive atento às recomendações do<br />
mestre e procura manter em dia as suas lições para bem aproveitar o curso,<br />
também na vida prática precisa o ser humano, que é sempre aluno, não se<br />
descuidar das importantes lições que a vida oferece, para não ter de repetir<br />
o ano que, neste caso, seria a repetição do ciclo terreno.<br />
Ouvir as lições do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> e não as pôr em prática, é<br />
negligenciar uma tarefa do mais alto valor. Os que não lograram, nesta<br />
existência, a rara felicidade de aproximar-se da Doutrina, têm justificativa<br />
para não proceder exatamente como ela recomenda, mas os que a<br />
conheceram e, indolentemente, permaneceram alimentando erros,<br />
incorrem numa falta de penosas conseqüências.<br />
Quando as práticas Racionalistas Cristãs não puderem, numa<br />
caminhada da vida, transformar para melhor, na medida desejada, as<br />
condições terrenas, essa transformação se dará, fatalmente, ainda nesta ou<br />
nas encarnações futuras. Não há razão para se perderem as esperanças. O<br />
período de uma encarnação é como uma gota de água no oceano, em<br />
comparação com a vida eterna, a que todos estão sujeitos.<br />
Este livro, pois, presta mais uma valiosa ajuda àqueles que<br />
trabalham nas Casas Racionalistas Cristãs, que não se podem esquecer do<br />
quanto deles se espera em dedicação aos Princípios.<br />
A garantia dos trabalhos está na disciplina, no bom entendimento e<br />
na cordialidade que deverão reinar em todas as ocasiões. A união faz a<br />
força, e essa união (não só entre os auxiliares, mas entre estes e o Astral<br />
Superior) é e será a chave de todas as vitórias. Portanto, ninguém deverá<br />
dar o menor motivo para que ela sofra o mais leve arranhão e<br />
descontinuidade.<br />
Os atos das criaturas, todos registrados no éter, são conhecidos,<br />
amplamente, pelas Forças Superiores, com mais razão os daqueles que<br />
servem como auxiliares da Instituição. Não pode haver dúvida de que<br />
todos têm o máximo empenho em demonstrar fidelidade à Causa, mas<br />
para isso há necessidade de porem em prática os ensinamentos difundidos<br />
nas obras racionalistas cristãs.<br />
Se o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> representa um alto valor para os seus<br />
militantes, muito mais o representa para o Astral Superior, que o concebeu<br />
e implantou no planeta. Trabalham no Espaço numerosos Espíritos da<br />
plêiade, em obediência a um programa bem traçado que visa à obtenção<br />
de resultados positivos na evolução da coletividade.<br />
Um dos valiosos pontos-de-apoio com que contam, é o conjunto dos<br />
servidores adestrados na disciplina imposta que laboram nas Casas<br />
Racionalistas Cristãs. Esse indispensável adestramento só será eficaz, se<br />
esses servidores estiverem imbuídos da necessidade de aprimorar os seus<br />
conhecimentos teóricos e práticos ministrados pela Doutrina.<br />
Para isso, é preciso ler, reler, meditar e pôr em prática o resultado<br />
dos estudos e observações.<br />
Este livro — é bom repetir — é um complemento das demais obras<br />
do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, utilíssimo para aqueles que não se querem<br />
limitar ao saber superficial, mas que, convictos da verdade que se explana,<br />
desejam colher os proveitos espirituais decorrentes da aplicação dos<br />
postulados estabelecidos. A obra é dos Espíritos Superiores. São eles,<br />
realmente, que intuem, inspiram e, em suas doutrinações especiais,<br />
recomendam as disciplinas coordenadoras.<br />
136
137<br />
A responsabilidade dos auxiliares exige que estes cumpram, sem<br />
vacilações, estas recomendações, para que as ocorrências cotidianas se<br />
processem sempre de maneira favorável. O merecimento de cada um está<br />
dentro dos limites da sua atuação nos atos da vida, de acordo com o que<br />
houver absorvido das lições condensadas nesta obra.<br />
Cumpre não esquecer que para serem bem atingidos os objetivos da<br />
vida, é preciso, primeiramente, planejar, estabelecer normas de conduta,<br />
desenvolver a faculdade criativa e não se limitar a fazer o que os outros<br />
fazem. Há necessidade de aprimorar a personalidade, de formar uma<br />
consciência própria — única maneira de fortalecer o modo de raciocinar e<br />
chegar a conclusões seguras.<br />
Os sectários decoram as proposições das seitas, pelo compromisso<br />
que têm de não duvidar das suas afirmativas. Esse processo produz um<br />
estado mecânico que leva o indivíduo a acreditar nas coisas, ainda que<br />
absurdas, sem raciocinar.<br />
A faculdade de raciocinar é um atributo que todos possuem para ser<br />
usado. E todo ser humano, como parte integrante que é da Inteligência<br />
Universal, tem, em estado latente, os mesmos atributos dessa Inteligência,<br />
devendo fazer todo esforço para os desabrochar e desenvolver. Entre esses<br />
atributos se encontra, precisamente, a faculdade de raciocinar. A prática<br />
do <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, leva-o por esse caminho.<br />
Há uma Escola Filosófica denominada "<strong>Racionalismo</strong>", que não<br />
deve ser confundida com o "<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>". Aquela, é de fundo<br />
materialista, ao passo que este é eminentemente espiritualista. Estão,<br />
portanto, em posição diametralmente aposta. Por esta razão, diz-se sempre<br />
"<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>" e não simplesmente, "<strong>Racionalismo</strong>", quando se<br />
faz referência à Doutrina Racionalista Cristã.<br />
Embora a tendência dos seres seja a de simplificar os termos, essa<br />
simplificação não pode ser aplicada ao nome da Doutrina, para evitar<br />
confusões.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não tem qualquer ramificação, nem se<br />
assemelha às religiões ou a outras Doutrinas existentes na Terra; é uno e<br />
possui um só Código e uma só disciplina. Em todas as Casas<br />
Racionalistas Cristãs o processamento dos trabalhos é idêntico, nelas<br />
imperando os mesmos inalteráveis Princípios.<br />
Essa unidade é mantida com a mais escrupulosa observância, em<br />
rigoroso respeito às instruções e à direção do Astral Superior. Um<br />
presidente físico de uma Casa Racionalista Cristã poderá presidir os<br />
trabalhos em qualquer outra Casa Filial, que não se notará nenhuma<br />
discrepância no método e na disciplina adotados.<br />
Absorvidos os ensinamentos desta obra, não há necessidade de fazerse<br />
qualquer comentário sobre o seu conteúdo com pessoas estranhas à<br />
Doutrina, para evitar discussões e choques entre pontos-de-vista<br />
divergentes.<br />
As explanações doutrinárias são feitas, exclusivamente, nas Casas<br />
Racionalistas Cristãs. Procurem-nas os que estiverem interessados nos<br />
ensinos nelas difundidos. Poderão também ser dadas explicações por<br />
cartas, quando solicitadas. Não há quem não se possa pôr em contato com<br />
a Doutrina. As portas estão abertas, e o serviço postal à disposição da<br />
coletividade.<br />
Os que procuram espiritualizar-se, precisam agir movidos por si<br />
mesmos, já que é trabalho que tem de ser feito por iniciativa própria. A<br />
revelação do intento há de ser individual e espontânea, e as Forças<br />
Superiores têm ciência do que ocorre com as almas desejosas de evoluir e,<br />
não raro, favorecem aspirações progressistas e de feição espiritual.<br />
Num mundo tão tormentoso como este, em que os seres se<br />
movimentam num oceano de angústias e incertezas, incorrendo, a cada<br />
passo, em falhas de maior ou menor gravidade, nada mais acertado do que<br />
procurarem firmar-se em conhecimentos espirituais verdadeiros e práticos<br />
que os livrem de andar às escuras pelo caminho da vida.<br />
O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, com os seus ensinos teóricos e práticos,<br />
oferece ao ser humano a melhor oportunidade de viver de maneira<br />
consciente e racional, realizando um seguro e eficiente programa de<br />
trabalho sem desperdícios, sem erros evitáveis, dentro do princípio de<br />
solidariedade e confraternização. É uma Doutrina esclarecedora,<br />
construtiva, moralista e purificadora, empenhada em restabelecer a<br />
Verdade nos conceitos espirituais da vida.<br />
A edição desta obra representa mais um esforço no sentido de<br />
oferecer subsídios capazes de contribuírem para o aprimoramento das<br />
qualidades psíquicas de cada militante da Causa, a fim de que, no<br />
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cumprimento dos seus relevantes encargos, sintam todos maior felicidade<br />
decorrente da ação bem desempenhada e da boa predisposição para o<br />
trabalho. Dentro das normas estipuladas neste conjunto, está a chave do<br />
êxito em todos os empreendimentos.