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Livro em PDF (2,1MB) - Valdir Aguilera

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www.nead.unama.br<br />

Certa manhã, o Monarca recebeu as notícias almejadas. Eram ótimas.<br />

Barbacena escrevia:<br />

Senhor!<br />

Poucas horas depois de expedir a minha última carta, recebi aviso do meu<br />

comissário na Dinamarca com as mais lisonjeiras informações sobre a formosura,<br />

elegância, caráter e educação d. princesa. E como da parte da Dinamarca existe<br />

decidida aversão pela Áustria, e como toda a cautela parece filha do receio que a<br />

Áustria venha estorvar esse casamento, estou com as mais fundadas esperanças de<br />

concluir este negócio muito à satisfação de Vossa Majestade. Já expedi resposta<br />

aos quesitos; e vindo o "sim" partirá o Marquês de Rezende para a Dinamarca.<br />

D. Pedro delirou. Vivo entusiasmo <strong>em</strong>bandeirou-lhe a alma. E romântico,<br />

velho romântico, D. Pedro erguia castelos sobre castelos.<br />

Ah, devia ser linda! E elegante, e fina, e loura.<br />

E o Imperador pôs-se a esperar, impaciente, as notícias que viriam pelo<br />

primeiro barco.<br />

E as notícias chegaram. Eram deste teor:<br />

Senhor!<br />

Aprovando os primeiros passas do Rezende e do Itabaiana, na escolha do<br />

agente <strong>em</strong> Dinamarca, tive o maior cuidado <strong>em</strong> recomendar, como condição sine<br />

qua non, a perfeição física e moral da princesa. Sei agora, no entanto, que a<br />

princesa é, com efeito, elegante; mas, infelizmente, t<strong>em</strong> os olhos, pestanas e<br />

sobrancelhas albinos, como todas as princesas da Dinamarca, o que basta para<br />

tornar repulsiva ainda a maior beleza deste mundo. Os albinos são o que nós, no<br />

Brasil, chamamos preto aço; e quereria Vossa Majestade s<strong>em</strong>elhante noiva?<br />

Certamente não!<br />

Vou, portanto, suspender as minhas diligências daquele lado e continuar <strong>em</strong><br />

outro.<br />

Que desapontamento! D. Pedro, ao ler aquilo, largou um grande murro na<br />

mesa.<br />

— Este Barbacena é um animal!<br />

Indignadíssimo, s<strong>em</strong> poder agir, isolado aqui neste fundo pedaço da<br />

América, D. Pedro, de braços cruzados, tinha ímpetos de desistir do casamento, de<br />

estrangular Barbacena, de acabar com tudo!<br />

E os dias corriam.<br />

Dias longos, entediantes, de revirar os nervos. E a cada paquete que<br />

entrava a barra, estourava nova tentativa de Barbacena. Era s<strong>em</strong>pre assim:<br />

Não perco um instante <strong>em</strong> tomar informações e lançar minhas vistas sobre<br />

outras casas. Muitíssima pressa tenho eu na conclusão do casamento e neste<br />

mesmo instante se me apresenta outra porta à qual vou bater. E essa porta, que se<br />

me apresenta, é a da Holanda, de onde recebi aviso de se haver anulado o ajuste do<br />

casamento da Filha do Rei com o príncipe de Suécia. Pelo retrato que mostrei a<br />

Vossa Majestade e pelas informações uníssonas que tenho recebido, nenhuma<br />

união seria tão feliz como essa.<br />

A Holanda! E de novo, no peito do viúvo, entrava fugidio clarão de<br />

esperança. D. Pedro punha-se então a esperar pela Holanda. E era nova ânsia! E<br />

nova agitação! E novo desespero!<br />

Os dias continuavam a correr.<br />

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