16.04.2013 Views

Livro em PDF (2,1MB) - Valdir Aguilera

Livro em PDF (2,1MB) - Valdir Aguilera

Livro em PDF (2,1MB) - Valdir Aguilera

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

— Credo!<br />

www.nead.unama.br<br />

E D. Francisca Mônica Carneiro da Costa e Gama, a orgulhosa Marquesa de<br />

Baependi, juntando as mãos:<br />

— A Domitila! A divorciada!<br />

— Não é à toa, cochicha a Viscondessa da Cachoeira, que traz no pulso um<br />

bracelete cravejado de enormíssimas safiras; não é à toa que o Paço hoje regurgita<br />

de gente. Todos quer<strong>em</strong> ver a futura Imperatriz. Repar<strong>em</strong> um pouco na Goitacases...<br />

Até a Goitacases veio hoje ao beija-mão!<br />

Realmente! Até D. Ana Francisca Rosa Maciel da Costa, a velha Baronesa<br />

de Goitacases, aquela mesma famosa, enfunadíssima Dama que desacatara D.<br />

Domitila na Capela Imperial, abalou-se tr<strong>em</strong>ulamente de casa para vir ao beija-mão.<br />

Queria ver — ver com os seus olhos! — o incrível escândalo daquele triunfo!<br />

Mas não é só. A flor mais nobre da aristocracia brasileira resplandece <strong>em</strong><br />

São Cristóvão. É soltar os olhos pela sala...Que deslumbrante! D. Ilda Mafalda de<br />

Sousa Queiroz, a rutilante Marquesa de Valença, vestido de gorgorão negro, cadeia<br />

de ouro e mitenes de seda, corre pelos grupos o seu lorgnon de madrepérola. A<br />

graciosa Baronesa Nogueira da Gama, a pequenina D. Maria Francisca Calmon,<br />

filha da austera Condessa de Itapagipe, enfeita lindamente o Paço com a garridice<br />

primaveril dos seus vinte anos. A Viscondessa do Rio Seco, recamada de laçarotes,<br />

grande fortuna da época, traz no decote um áspero faiscar de jóias dardejantes.<br />

Os cavalheiros, agrupados pelos salões, comentam maldosamente. O<br />

assunto e s<strong>em</strong>pre o mesmo, um único, inesgotável: a Marquesa de Santos.<br />

No vão duma janela, amigos e íntimos, Pedro de Araújo Lima, Marquês de<br />

Olinda, murmura, com triste meneio de cabeça, ao distintíssimo Marquês de<br />

Valença:<br />

— O Pais está perdido, meu caro Estêvão de Rezende! Ora veja este beijamão!<br />

Pode lá haver escândalo maior?<br />

Mas o Marquês de Valença, ao ver aproximar-se D. Francisco de Assis<br />

Mascarenhas, Conde de Palma, faz um gesto significativo ao amigo:<br />

— Chut! Aí v<strong>em</strong> o Palma...<br />

E o Conde de Palma, aquele gentil e maneiroso descendente dos Castelo<br />

Branco da Costa Lencastre, condes de Sabugal, envaidecido pela sua retumbante<br />

nomeação de plenipotenciário, vara gloriosamente o salão, azougado, distribuindo<br />

sorrisos de triunfador. Ao vê-lo passar, banhado de júbilo, o velho Paranaguá,<br />

tocando ao de leve no ombro do Visconde de Gericinó, Ildefonso Caldeira Brant,<br />

exclama com um sorriso:<br />

— Lá vai, meu honrado Visconde, o substituto do seu irmão!<br />

Gericinó franze o sobrolho. E dando largas a uma ira represada custo:<br />

— Mas que injustiça, sr. Marquês!<br />

145

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!