Concha Rousia - Universidade da Coruña
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Sentir-se, saber-se e ser-se minoria<br />
Un artigo de: <strong>Concha</strong> <strong>Rousia</strong><br />
[16/03/2006]<br />
O passado dezembro, por razões que nós julgáramos pessoais<br />
mas que decerto eram também sociais, fomos passar o Natal a<br />
Barcelona. Custou-nos encontrar bilhetes; de avião foi<br />
impossível, nem fazendo o rodeio por Madrid. Finalmente<br />
fomos, coma nos velhos tempos, no Shangai.<br />
Chegamos a Barcelona, na estação de metro <strong>da</strong> Via Júlia, um letreiro<br />
rolante desejava-nos "BOAS FESTAS" na nossa língua, também o<br />
fazia em catalão, em euskara, em castelhano e em inglês. Sentimonos<br />
em casa, estávamos nos Nou Barris. Começamos a descer até o<br />
carrer Rio de Janeiro na procura do bar Penacova, onde aguar<strong>da</strong>vam<br />
por nós. Passamos fronte a ten<strong>da</strong> dos de Loureses, onde se pode<br />
encontrar qualquer produto galego. Entre eles o pão de Ginzo, que o<br />
forno do Martim envia em grandes camiões três ou quatro vezes por<br />
semana; ou os produtos Serra do Larouco, de Baltar. O pão galego<br />
também se vende na ten<strong>da</strong> do Paquistanês, como anuncia um letreiro<br />
colado na porta.<br />
Passamos diante do colégio "Sant Lluis" onde algumas mulheres já<br />
aguar<strong>da</strong>vam a saí<strong>da</strong> dos seus pequenos. Como sempre não nos<br />
surpreendeu que falassem em galego, e até quase se nos passa<br />
desapercebido. O que sim notamos foi a presença de mais outras<br />
línguas; a experiência de multiculturali<strong>da</strong>de era máxima num Ciber-<br />
Locutorio, ao que fomos pola tarde, de outro Paquistanês, que<br />
sempre lhe oferece algum lambisco à pequena Uxia, minha sobrinha,<br />
que mora na mesma rua; e na rua que se cruza com esta vivem Iria<br />
e Fran, e Estrela, que hoje ain<strong>da</strong> não saíram <strong>da</strong> escola. Também<br />
vimos, ao lado do "Cinco Portas" o taxi do Elias de Fontearqueira;<br />
quando passamos fronte à entra<strong>da</strong> do bar ouvimos que dentro<br />
falavam também na nossa língua.<br />
Por fim chegamos ao Penacova, que tem um letreiro de metacrilato<br />
enorme, branco e azul, a nossa bandeira, no fundo pode-se ler: Bar<br />
Penacova, e em letras mais pequenas: especiali<strong>da</strong>de: "Polvo à feira".<br />
Dentro, se um não está avisado, o mais surpreendente é o novo casal<br />
que regenta o negócio; Wei-Li atendendo as mesas e os pedidos do<br />
mostrador onde convivem a "empana<strong>da</strong> galega" com o "arroz três<br />
delícias" e a "butifarra"; na cozinha está o seu marido Min-Xin, quem<br />
aprendeu a cozinhar desde o "polvo à feira" até o "caldo de grelos"<br />
<strong>da</strong> anterior proprietária durante o traspasso do negócio. Assim é<br />
Barcelona, sempre surpreendendo-nos, sempre indo um passo por<br />
diante na sua forma de integração, na sua multiculturali<strong>da</strong>de bem<br />
harmoniza<strong>da</strong>. Durante a nossa estância também tivemos ocasião<br />
para ir ao museu <strong>da</strong> ciência, e ao coração <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, embora o que<br />
mais fizemos foi estar no bairro com a família. As ruas estavam,<br />
desta vez, mais cheias de gente de por cá, que como nós fora passar<br />
o Natal com a sua família. Esto antes nunca ocorria, eram os que<br />
moravam em Barcelona os que voltavam polo Natal, isto de agora<br />
era impensável, o mundo ao revés.<br />
E chegou o dia <strong>da</strong> volta, levou-nos à estação um taxista que falava<br />
galego, no <strong>da</strong> emissora de radio não tivemos tanta sorte, como diria<br />
Pepe Rubianes… Chegamos finalmente a Santiago, na estação<br />
notamos a ausência dum cartazinho para nos desejar felizes festas.<br />
Também com o taxista não houve sorte: falou-nos em castelhano.<br />
Chegáramos a casa e por primeira vez em muitos dias sentimo-nos<br />
minoria. Sentimo-nos vulneráveis. Porque, amigos meus, sentir-se<br />
minoria nem tem a ver com o numero de membros dum determinado<br />
colectivo… como acontecia em África do Sul até não há tanto, ou em<br />
Bolívia, ou mesmo sendo mulher.<br />
Não, ser minoria tem a ver com esse sentimento de vulnerabili<strong>da</strong>de,<br />
de indefensão que se che mete no peito e che coloca um nó na<br />
garganta que até a nena pequena percebe, e te mira, e essa olha<strong>da</strong><br />
dá-che forças para seguir chamado as cousas polo seu nome… E no<br />
http://vello.vieiros.com/opinion/opinion.php?id=48602&Ed=1 (1 of 2) [09-03-2007 3:17:25]<br />
<strong>Concha</strong> <strong>Rousia</strong><br />
<strong>Concha</strong> <strong>Rousia</strong> nasceu<br />
em 1962 em Covas,<br />
uma pequena aldeia<br />
no sul <strong>da</strong> Galiza. É<br />
psicoterapeuta na<br />
comarca de Compostela. No 2004<br />
ganhou o Prémio de Narrativa do<br />
Concelho de Marim. Tem publicado<br />
poemas e relatos em diversas revistas<br />
galegas como Agália ou A Folha <strong>da</strong><br />
Fouce. Fez parte <strong>da</strong> equipa fun<strong>da</strong>dora<br />
<strong>da</strong> revista cultural "A Regueifa".<br />
Colabora em diversos jornais galegos.<br />
O seu primeiro romance As sete fontes,<br />
foi publicado em formato e-book pola<br />
editora digital portuguesa ArcosOnline.<br />
Recentemente, em 2006, ganhou o<br />
Certame Literário Feminista do<br />
Con<strong>da</strong>do. Saber máis<br />
ÚLTIMOS ARTIGOS DE <strong>Concha</strong> <strong>Rousia</strong>:<br />
Aprender Inglês em 15 Minutos<br />
(05/03/2007)<br />
Eu detesto toura<strong>da</strong>s... (14/02/2007)<br />
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A Constitución: Garantia de<br />
igual<strong>da</strong>de de direitos para todos os<br />
espanhois. (05/12/2006)<br />
Halloween... Samhain... o nosso<br />
são-che os Magostos! (09/11/2006)<br />
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