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Diário de - pucrs

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Fevereiro abrasava e os viajantes chegaram a um rancho afim <strong>de</strong> comprarem uma melancia.<br />

Veiu a fructa apetecida que foi <strong>de</strong>vorada num instante. Chegada a hora <strong>de</strong> sahir, pediu o inglez o preço da<br />

melancia. O caboclo dono do rancho <strong>de</strong>u-o: uma exorbitância. O neto <strong>de</strong> John Bull pagou sem protestar. Sahiram, já<br />

longe da casa disse a inglês: “O’ D.Lauro, muito escassas <strong>de</strong>vem ser as melancias no Brasil.”<br />

- “Não” - respon<strong>de</strong> o Lauro, mui ligeiro - “Melancias há muitas, os ingleses é que são escassos”.<br />

Chove que se leva ao diabo. Está chato. No galpão contaram-me uma boa. É a caso que um vivente vinha<br />

afogando estrada afora, a ver si ainda chegava à hora do almoço, na estância mais próxima.<br />

Mas foi <strong>de</strong> azar, apeou bem no momento em que a pionada tomava uns amargos, para tirar o gostinho do feijão.<br />

Como fosse pessoa <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque veiu o patrão e levou-o para <strong>de</strong>ntro. Iniciando a conversa com uma pergunta sobre<br />

o tempo, gritou o fazen<strong>de</strong>iro para alguém que <strong>de</strong>via estar na sala próxima: “O Chininha traz um café aqui p’ro seu Sibico!”<br />

Este, interrompendo a <strong>de</strong>scrição dum temporal que lhe arrebentara o chiqueiro dos terneiros, chegou-<br />

se para o dono da casa:<br />

- “Me diga uma cousa, compadre, cafezinho antes do almoço não faz mal?”<br />

- “Ah! Você ainda não jantou ?”<br />

-“Não, compadre”.<br />

Sonho d’inverno<br />

- “Bueno. Olha” - gritou <strong>de</strong> novo - “<strong>de</strong>ixa o café e traz um almoço”.<br />

Maneiroso, como si nada houvesse acontecido, o Sivibo seguiu a história do temporal.<br />

Ella chegará do passeio. O chapeozinho mui apertado, aplastara-lhe os cabellos louros. Tirou-o e chegou-se<br />

para o espelho do cabi<strong>de</strong> japonez da sala <strong>de</strong> entrada. Estava lindo que nem um fructo prohibido! E eu a contemplava<br />

embevecido. Offereci-lhe o meu pente <strong>de</strong> bolso. Aceitou-o sorrindo. Enquanto se penteava, pensava eu na Capitu do<br />

Machado <strong>de</strong> Assis. Porque cortara a mata, os cabellos da mulher? Que pena...<br />

Devolveu-me o pente com um sorriso, misto <strong>de</strong> gratidão e promessa. Não pu<strong>de</strong>, ante esse convite, esse<br />

incentivo amável que eu li em seus olhos, fitei-a terno, pedindo e com o dorso do pente flexível, afaguei-a atrás da orelha.<br />

Que estúpido fora na escolha <strong>de</strong>ste logar ! Nem sei mesmo porque a fiz.<br />

O mesmo olhar, porém, todo incentivo e meiguice, instigava-me e sentia o meu ser gritar: “vamos,<br />

avança...” e baixei o pente lúbrico, passando-o com vagar, num antegozo louco, na ponta <strong>de</strong> seu seio erecto, mas<br />

contido na justeza do vestido.<br />

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