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Diário de - pucrs

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Como o dia <strong>de</strong> hontem fosse horrível, não <strong>de</strong>ixei unir bois à tar<strong>de</strong>. Assim a pionada ficou pelo galpão,<br />

fazendo faxina uns, outros a cortar umas conjuntas do couro do pampa velho que morreu magro e sarnoso, enquanto<br />

que nós tomávamos matte, mantendo o assumpto.<br />

De cá para lá e <strong>de</strong> lá para cá, veio à scena o tio Victor, sogro do seu Dico. Surgiu como patrono <strong>de</strong><br />

algumas mentiras. Eis uma:<br />

“D’uma feita eu (o tio Victor), na porteira da mangueira contava, <strong>de</strong> noite, uma tropa que nós levávamos<br />

p’ra S. Gabriel. A noite era feia que era negocio; ameaçando tormenta. Cahiram 5 raios; quando vinha o clarão, eu<br />

balanceava o cavallo, e o raio cahia no meu costado; e eu seguia contando igual...<br />

Anoitece, marca o relógio 6h20. A tar<strong>de</strong> se <strong>de</strong>spe<strong>de</strong> triste, tão triste como as minhas idéias agora. Sinto uma<br />

vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> esporear-me: ter uma casa bonita e cheia <strong>de</strong> graça, ser abastado e conceituado, sempre no meio do<br />

trabalho rural. Não quero <strong>de</strong>itar-me sobre um capital dourado, mas pisar o leito áspero do trabalho acompanhando-<br />

o, na marcha para o progresso. Não é a <strong>de</strong>mora que me acabrunha, mas sim, o facto <strong>de</strong> marchar parallelo àquella<br />

estrada que eu escolhi, entre as mil que conduzem o homem ao bem estar; aquella estrada que só eu sei...<br />

16 <strong>de</strong> Agosto. 7 horas da noite<br />

Reli o que escrevi hontem, e durante a leitura me lembrei <strong>de</strong> escrever ao Xavier e Da. Inah ...(<strong>de</strong>sta, a<br />

lembrança é in<strong>de</strong>vida). Como não posso palestrar, ver, ambos, tomo a resolução <strong>de</strong> escrever ao Xavier pois o que a<br />

ella... siquer imaginar ella po<strong>de</strong>, que eu ponha-lhe o nome aqui. - Assim vamos ao Xavier. Que contraste! Do Perna-<br />

Torta à filha do rio Uruguay!...<br />

25 <strong>de</strong> Agosto<br />

Finda o mez. A secca é gran<strong>de</strong>, obrigando os arados a suspen<strong>de</strong>rem a sua faina <strong>de</strong> estragarem campo.<br />

O Quirino trouxe uma cruzeira do cercado. Irá fazer companhia à que está na gaiola e que attenção<br />

<strong>de</strong>sperta no povo que vae ao ponto <strong>de</strong> aportar aqui só para vê-la. Um velhinho, estando aqui durante a nossa<br />

ausência, contemplou o bicho e fez para a piôa:<br />

“Qual, siá Chininha, estes meninos po<strong>de</strong>m ser muito bons, mas <strong>de</strong>pois que agarraram este bicho,<br />

hum... não há que se fiar.”<br />

Estamos em negócio para comprarmos o Tarumã aos her<strong>de</strong>iros do Gabito. Não me agrada o campo, mas as<br />

condições do compra são boas: pequena entrada à vista, e prazo longo. Demais 13:000$ com casa e banheiro. Si<br />

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