É só um palpite de leigo - Curso de Florais de Bach
É só um palpite de leigo - Curso de Florais de Bach
É só um palpite de leigo - Curso de Florais de Bach
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
O cowboy e outros<br />
“mocinhos” <strong>de</strong> nossas vidas<br />
Todos temos <strong>um</strong> mocinho ou<br />
herói que é o nosso preferido.<br />
Fomos apresentados a eles <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
muito cedo, companheiros nas<br />
fantasias infantis. Quem escapou<br />
<strong>de</strong>ssa experiência? Eles estão por<br />
aí, pelos terrenos do lúdico, mantendo<br />
acesa a chama das narrativas.<br />
Por que motivo permanecem?<br />
Compartilhe sua opinião,<br />
conte-me qual é o seu herói.<br />
Como se faz <strong>um</strong> mocinho?<br />
O gênero faroeste tem se mostrado<br />
<strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo interessante em<br />
relação às séries heróicas. Sua<br />
origem tem referências históricas<br />
que vêm <strong>de</strong> 1803, quando Thomas<br />
Jefferson comprou da França<br />
o terreno do estado da Luisiana,<br />
abrindo assim fronteiras para a<br />
exploração das terras a oeste.<br />
Começou então a época <strong>de</strong> colonização<br />
<strong>de</strong> regiões novas em que<br />
se aventuraram toda a espécie <strong>de</strong><br />
gente em busca <strong>de</strong> riqueza. Essa<br />
busca alimentou <strong>um</strong> ciclo cinematográfi<br />
co <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> sucesso,<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o cinema mudo.<br />
O contexto social e econômico<br />
foi provi<strong>de</strong>ncial para o aparecimento<br />
<strong>de</strong> bandidos e mocinhos:<br />
<strong>um</strong>a terra a ser conquistada, sem<br />
leis, com o telégrafo, a locomotiva,<br />
e a imprensa se <strong>de</strong>senvolvendo<br />
lentamente, prenunciando<br />
também lentamente a chegada da<br />
civilização e da or<strong>de</strong>m. Uma avenida<br />
principal, com saloon para<br />
a jogatina e o álcool, a ca<strong>de</strong>ia, a<br />
igreja, formavam as cida<strong>de</strong>s que,<br />
junto à paisagem <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s espaços<br />
abertos, representavam <strong>um</strong><br />
cenário apropriado a xerifes e<br />
www.al<strong>um</strong>iar.com<br />
aventureiros.<br />
Com histórias lineares, sem<br />
gran<strong>de</strong>s enredos, com moralida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>fi nida (o bem sempre vence),<br />
acontecem perseguições, duelos<br />
e tiros aos montes. Então, não é<br />
difícil compor <strong>um</strong> quadro perfeito<br />
para a intervenção <strong>de</strong> heróis,<br />
travestidos <strong>de</strong> cowboy, o mocinho<br />
do bang-bang, com o i<strong>de</strong>alismo<br />
possível a esse mundo.<br />
Tal mocinho se prepara para<br />
o confronto com inimigos, vencendo<br />
os obstáculos, até chegar<br />
ao <strong>de</strong>stino, dando conta, enfi m,<br />
<strong>de</strong> seu projeto. Para isso, precisa<br />
<strong>de</strong> <strong>um</strong> cavalo, <strong>um</strong>a arma e coragem,<br />
atenção e ação consistente.<br />
Ele tem que ser <strong>um</strong> forte em sua<br />
solidão.<br />
Em <strong>um</strong> mundo assim masculino,<br />
cabe a aproximação com os<br />
conceitos mitológico e astrológico<br />
<strong>de</strong> Marte: aquele que movimenta<br />
a vonta<strong>de</strong> e faz o mundo acontecer.<br />
Tal planeta tem afi nida<strong>de</strong>s<br />
com o elemento fogo, que é quente<br />
e seco. Po<strong>de</strong>mos inferir daí<br />
alguns aspectos do nosso herói e<br />
das narrativas, representando essas<br />
qualida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> maneira simbólica:<br />
a ação intensa, a secura das<br />
relações e do cenário, a dureza <strong>de</strong><br />
todo o contexto. Tais aspectos se<br />
coadunam com o mundo do faroeste,<br />
<strong>de</strong> vastidões inóspitas, sem<br />
leis e cheio <strong>de</strong> perigos e pó. <strong>É</strong> <strong>um</strong><br />
mo<strong>de</strong>lo básico que dura até hoje,<br />
mesmo se levarmos em conta o revisionismo<br />
que o tem transformado<br />
a partir da década <strong>de</strong> sessenta,<br />
trazendo mais verossimilhança a<br />
aspectos da narrativa.<br />
O que explica a permanência<br />
do mo<strong>de</strong>lo? Para melhor enten<strong>de</strong>r<br />
a questão, se ampliarmos nossa<br />
observação, veremos que nem <strong>só</strong><br />
<strong>de</strong> cowboys vive o universo <strong>de</strong><br />
mocinhos. Muitos exemplos nos<br />
superheróis c<strong>um</strong>prem o mesmo<br />
papel, embora com aspectos <strong>um</strong><br />
pouco diferentes.<br />
Outras expressões fazem esse<br />
caminho do herói solitário e forte,<br />
lutando pela justiça. Nesses<br />
casos todos, pela <strong>de</strong>fesa do bem,<br />
a virilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Marte se coloca a<br />
serviço do próximo. O cavaleiro<br />
andante medieval foi durante séculos<br />
representante <strong>de</strong>sse comportamento,<br />
que podia ser <strong>de</strong>fi nido<br />
não pelos <strong>de</strong>sígnios da guerra,<br />
mas pelo compromisso social.<br />
Os superheróis Batman, Superman<br />
e Homem Aranha, alinhamse<br />
a outros exemplos (lembra-se<br />
do monge aprendiz Caine, o Gafanhoto<br />
da série Kung Fu?) da<br />
permanência <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo. Embora<br />
haja <strong>um</strong>a mudança na forma,<br />
há resistência <strong>de</strong> alguns aspectos<br />
comuns a eles todos, o que po<strong>de</strong><br />
ser explicado pela verda<strong>de</strong> h<strong>um</strong>ana<br />
presente nesse esquema. Eles<br />
apresentam recursos para sua mobilida<strong>de</strong>,<br />
<strong>um</strong>a arma (revólver, lança,<br />
lazer, habilida<strong>de</strong>), a força e a<br />
solidão. Principalmente, a essência<br />
heróica é sempre mantida.<br />
Tal esquema revela o mito do<br />
heróico, nos vários gêneros <strong>de</strong><br />
expressões culturais em que há<br />
elementos que personifi cam exteriormente<br />
a imagem arquetípica<br />
da natureza viril (Marte). A<br />
permanência <strong>de</strong>sses elementos ao<br />
longo do tempo nos indica a força<br />
<strong>de</strong>ssa representação. <strong>É</strong> assim<br />
que se faz <strong>um</strong> mocinho ou <strong>um</strong> superherói:<br />
com elementos masculinos<br />
a serviço <strong>de</strong> <strong>um</strong> projeto.<br />
Nossos mocinhos e heróis servem<br />
<strong>de</strong> espelho para histórias interiores,<br />
aquelas que nossa alma<br />
nos conta baixinho e que revivemos<br />
através <strong>de</strong>les. Eles dão voz a<br />
vivências <strong>de</strong> nossa natureza.<br />
Assistimos aos fi lmes, acompanhamos<br />
suas histórias e as sabemos<br />
nossas. Eles são parte <strong>de</strong><br />
nós. Neste mundo <strong>de</strong> tanta perplexida<strong>de</strong>,<br />
que eles permaneçam<br />
vivos alimentando a chama <strong>de</strong><br />
nossas esperanças.<br />
Ana Gonzáles<br />
Astróloga<br />
www.agonzalez.com.br<br />
9