Vazamentos no condomínio - Jornal do Síndico
Vazamentos no condomínio - Jornal do Síndico
Vazamentos no condomínio - Jornal do Síndico
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Fevereiro de 2009 13<br />
DICAS<br />
Várias precauções em compras<br />
A não-entrega <strong>do</strong> produto é o problema mais reclama<strong>do</strong> nas<br />
compras feitas fora <strong>do</strong> estabelecimento comercial, ou seja, pela<br />
internet, telefone ou catálogo. Para se precaver de problemas<br />
deve-se solicitar informações sobre a empresa (razão social, CNPJ,<br />
endereço e telefone). Se a referência for apenas um número de<br />
caixa postal, será mais difícil localizar o fornece<strong>do</strong>r em caso de<br />
problemas. Solicitar também to<strong>do</strong>s os da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> produto, como<br />
especificação, modelo, tamanho, cor, número de peças, entre<br />
outros. No caso de compras pela internet, imprima a tela <strong>do</strong> site.<br />
Para comprovar a oferta, guarde to<strong>do</strong> o material publicitário.<br />
Verificaque qual o prazo da garantia e quais as assistências técnicas<br />
disponíveis. Preste atenção aos endereços e à eventual taxa<br />
de cobrança pela retirada <strong>do</strong> produto. E sempre que possível,<br />
condicionar o pagamento à entrega <strong>do</strong> produto. Os cheques devem<br />
ser cruza<strong>do</strong>s e <strong>no</strong>minais à empresa. Deve-se checar se o<br />
consumi<strong>do</strong>r pagará o frete. Na hora da entrega, conferir a merca<strong>do</strong>ria,<br />
testar para ver se funciona, se foi entregue com todas as<br />
peças e acessórios e se contem manual de instruções em linguagem<br />
didática, termo de garantia e relação das assistências técnicas.<br />
E não deixe de exigir a <strong>no</strong>ta fiscal.<br />
Moradia e negócios<br />
<strong>no</strong> mesmo lugar<br />
Um <strong>con<strong>do</strong>mínio</strong>, além de ser um espaço residencial ou para<br />
uso comercial, deve ser encara<strong>do</strong> como um negócio. É o que<br />
dizem os arquitetos. Para eles, os investimentos realiza<strong>do</strong>s em<br />
áreas comuns podem ser o grande diferencial para valorizar<br />
as unidades e o patrimônio como um to<strong>do</strong>. E o <strong>con<strong>do</strong>mínio</strong><br />
não precisa gastar uma fortuna com isso: precisa apenas investir<br />
direito. Há uma tendência de expansão das áreas comuns<br />
em <strong>con<strong>do</strong>mínio</strong>s, sejam empreendimentos residenciais<br />
ou comerciais, e daí o surgimento de apartamentos que são<br />
verdadeiros clubes, ou edifícios comerciais que incorporam<br />
serviços e facilidades que só eram vistos <strong>no</strong>s grandes escritórios.<br />
As áreas sociais podem ser restritas e abertas. As áreas<br />
restritas são acessadas apenas pelos condômi<strong>no</strong>s e raramente<br />
por visitantes. É o caso da piscina, salão de festas ou salas de<br />
reunião. Áreas abertas, por sua vez, têm mais importância na<br />
valorização <strong>do</strong> imóvel. Por ali passam to<strong>do</strong>s os usuários <strong>do</strong><br />
<strong>con<strong>do</strong>mínio</strong>, desde o próprio condômi<strong>no</strong> a visitantes, clientes<br />
e fornece<strong>do</strong>res, <strong>no</strong> caso de prédios comerciais. O cuida<strong>do</strong><br />
com essas áreas é a parte mais importante.<br />
Mudanças sem contratempos<br />
Um dia de mudança <strong>no</strong> <strong>con<strong>do</strong>mínio</strong> pode trazer muitos<br />
transtor<strong>no</strong>s aos condômi<strong>no</strong>s. Afinal, a mudança implica <strong>no</strong> trânsito<br />
de pessoas estranhas pelas áreas comuns. Além disso, o<br />
transporte de caixas, móveis, eletro<strong>do</strong>mésticos e outros objetos<br />
torna o uso <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong>r concorri<strong>do</strong>. Enfim, se não houver<br />
rigor e cumprimento <strong>do</strong> regulamento, a mudança pode se transformar<br />
em um e<strong>no</strong>rme <strong>do</strong>r de cabeça. Muitos destes problemas<br />
residem basicamente na falta de comunicação entre quem<br />
está entran<strong>do</strong> ou sain<strong>do</strong> <strong>do</strong> prédio e a administração. Muitas<br />
mudanças não são programadas e comunicadas ao síndico ou<br />
ao zela<strong>do</strong>r com antecedência. É preciso evitar que aconteça<br />
mais de uma mudança <strong>no</strong> mesmo dia. Em caso de uma mudança<br />
muito grande, deve-se verificar, por exemplo, qual o tamanho<br />
<strong>do</strong> caminhão e se é possível que ele entre <strong>no</strong> <strong>con<strong>do</strong>mínio</strong>.<br />
O uso de protetores <strong>no</strong>s eleva<strong>do</strong>res também é recomenda<strong>do</strong>.<br />
Além <strong>do</strong>s cuida<strong>do</strong>s dentro <strong>do</strong> prédio, a mudança exige também<br />
atenção com o estacionamento <strong>do</strong> caminhão na rua.<br />
É BOM SABER<br />
Exibir e prestar contas<br />
Dois temas entrelaça<strong>do</strong>s –<br />
exibição de <strong>do</strong>cumentos e prestação<br />
de contas – desafiam o bom<br />
andamento das relações con<strong>do</strong>miniais<br />
quan<strong>do</strong> o bom senso perde<br />
a primazia e o segre<strong>do</strong> ou a<br />
desonestidade contamina a administração<br />
<strong>do</strong> prédio.<br />
Onde há transparência e bons<br />
propósitos, tu<strong>do</strong> ocorre com naturalidade.<br />
O síndico deixa sempre<br />
à disposição <strong>do</strong>s condômi<strong>no</strong>s<br />
a <strong>do</strong>cumentação relativa às despesas<br />
comuns, elabora balancetes<br />
mensais para comunicar o resulta<strong>do</strong><br />
de sua atuação e presta contas<br />
anualmente à assembleia geral,<br />
relatan<strong>do</strong> as idas e vindas de<br />
sua gestão. Por confiarem <strong>no</strong> síndico,<br />
pouquíssimos condômi<strong>no</strong>s<br />
solicitam vista da papelada.<br />
O que fazer, porém, quan<strong>do</strong><br />
impera a desconfiança? Quan<strong>do</strong><br />
há suspeitas de superfaturamento,<br />
desvio, má administração? Teria<br />
os condômi<strong>no</strong>s o direito de<br />
exigir a exibição de <strong>do</strong>cumentos<br />
em mãos <strong>do</strong> síndico? Ou de demandar<br />
que preste contas a to<strong>do</strong><br />
o tempo de seus atos?<br />
Examinemos primeiro, a exibição<br />
de <strong>do</strong>cumentos. Não há na<br />
legislação brasileira, uma <strong>no</strong>rma<br />
específica que obrigue o representante<br />
legal <strong>do</strong>s condômi<strong>no</strong>s a<br />
mostrar <strong>no</strong>tas, recibos, extratos<br />
etc. a seus representa<strong>do</strong>s. O Código<br />
de Processo Civil regulamenta<br />
a ação de exibição de <strong>do</strong>cumentos<br />
(artigo 355 e seguintes),<br />
mas fixa regras gerais, que<br />
exigem que a parte requerente<br />
justifique o pedi<strong>do</strong>, demonstran<strong>do</strong>,<br />
entre outras coisas, “a finalidade<br />
da prova” e “as circunstâncias"<br />
indicativas de que se encontram<br />
em mãos <strong>do</strong> requeri<strong>do</strong>. Trata-se<br />
de medida judicial que deve<br />
ser evitada, em razão <strong>do</strong>s ônus<br />
que acarreta, em termos de custas<br />
e ho<strong>no</strong>rários.<br />
Melhor caminho a seguir é<br />
buscar a intervenção <strong>do</strong> conselho<br />
consultivo <strong>do</strong> prédio, instan<strong>do</strong>-o<br />
a persuadir o síndico a efetivar a<br />
demonstração solicitada, poden<strong>do</strong>-se,<br />
para tanto, marcar dia e<br />
hora, em sala nas dependências<br />
comuns, de preferência, para que<br />
o condômi<strong>no</strong> ou alguém em seu<br />
<strong>no</strong>me (conta<strong>do</strong>r, por exemplo)<br />
examine as contas e os comprovantes<br />
de despesas <strong>do</strong> con<strong>do</strong>mí-<br />
nio. O custo é quase zero e o resulta<strong>do</strong><br />
será o mesmo que o de<br />
uma providência judicial.<br />
Lembra o TeleCon<strong>do</strong>, em parecer<br />
sobre o assunto, que “o síndico,<br />
enquanto representante <strong>do</strong><br />
<strong>con<strong>do</strong>mínio</strong>, detém a posse (e<br />
não a propriedade) de <strong>do</strong>cumentos<br />
comuns que dizem respeito a<br />
to<strong>do</strong>s os condômi<strong>no</strong>s, e seria inclusive<br />
demonstração de transparência<br />
em seu mandato deixar tais<br />
<strong>do</strong>cumentos disponíveis para<br />
consulta <strong>do</strong>s condômi<strong>no</strong>s”.<br />
Outra é a polêmica da prestação<br />
de contas. O dever de prestar<br />
contas está previsto <strong>no</strong> bojo<br />
das atribuições <strong>do</strong> síndico, de forma<br />
clara a explícita. Diz o Código<br />
Civil em vigor: “Art. 1.348.<br />
Compete ao síndico: [...] VIII -<br />
prestar contas à assembleia, anualmente<br />
e quan<strong>do</strong> exigidas;”.<br />
O síndico não presta contas a<br />
cada um <strong>do</strong>s mora<strong>do</strong>res ou usu-<br />
Luiz Fernan<strong>do</strong> Queiroz*<br />
ários, individualmente ou em peque<strong>no</strong>s<br />
grupos, mas à assembleia<br />
geral <strong>do</strong>s condômi<strong>no</strong>s, reunida<br />
ordinariamente uma vez por a<strong>no</strong>.<br />
Todavia, tem a obrigação de prestar<br />
contas fora <strong>do</strong> tempo previsto<br />
sempre que estas lhe forem<br />
“exigidas”, o que pode ser to<strong>do</strong><br />
semestre, quadrimestre ou trimestre,<br />
se assim estiver delibera<strong>do</strong><br />
na convenção, <strong>no</strong> regimento<br />
ou em ata assemblear.<br />
De per si os co-proprietários<br />
não podem “exigir” a prestação de<br />
contas. Em coletividade, reuni<strong>do</strong>s<br />
em assembleia, ou, por analogia<br />
(Cód. Civil, art. 1.350, parág. 2º),<br />
utilizan<strong>do</strong>-se de convocação democrática<br />
através de edital assina<strong>do</strong><br />
por 1/4 (um quarto) <strong>do</strong>s condômi<strong>no</strong>s,<br />
isto será possível, sem<br />
margem para impugnação.<br />
*Autor <strong>do</strong> Guia <strong>do</strong> Con<strong>do</strong>mínio IOB e<br />
colabora<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>Jornal</strong> <strong>do</strong> <strong>Síndico</strong>