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POESIA<br />
11,11.'-»...<br />
u<br />
Você me chama de maluco(a) doidao<br />
Pergunto, por que será?<br />
Será que sou o culpado?<br />
Só é eu que não encaro a vida, pra<br />
lutar e viver em liberdade?<br />
Sou eu que corro dos homens, porque<br />
vejo na maioria grande cniueldade.<br />
Só e eu que não tenho dinheiro, emprego<br />
e educação?<br />
Vejo crianças morrendo nos bairros<br />
humildes e sem assistência.<br />
Sou. eu o culpado?<br />
Quem pode ser o culpado?<br />
São os lavradores que com a sua força<br />
fazem a lavoura com cuidado,<br />
o defensor da fome, um homem<br />
mais maltratado?<br />
É o operário que trabalha todo dia,<br />
cada dia mais apertado, aumentando<br />
o número de filhos e o salário cada<br />
vez mais arrochado?<br />
Quem somos nós?<br />
Quem pode ser o culpado?<br />
Será que são aqueles homens que dizem<br />
defender o País com armas, bombas e<br />
fuzis? Serão eles os culpados das<br />
misérias do País?<br />
Serão aqueles bonzinhos em época<br />
de eleições?<br />
Quem sou eu?<br />
Quem somos nós?<br />
Sou eu o País, o estado, a democracia,<br />
a ditadura ou o regime militar?<br />
Se somos jovens temos que lutar, pois<br />
"Lutar • Vencer",<br />
Cada dedo que perderes na luta,<br />
ganharás em defesa milhares de "mãos",<br />
(Santa Maria da Vitória-Bahia}<br />
ODETE RODRIGUES DE SOUSA<br />
aso eros temcü<br />
Para quem vive o seu tempo<br />
~ * i c<br />
Nao ha vaga para o poema ^-s<br />
Porque o poema emerge dos abismos.<br />
m . ■*'"..*."" Ti i iBa*><br />
Me desculpem. Acabou o poema.<br />
Acabou o poema. 0 poema acabou só.<br />
Querem que lhes diga por que o poema<br />
acabou?<br />
Vejam vocês, . .<br />
Em 31 de março de 1964,<br />
Aconteceu um fato sinistro aqui,<br />
Vocês todos se lembram.<br />
Despencou do poder um governo civil.<br />
Eleito pelo povo,<br />
E subiu em seu lugar um grupo de<br />
Generais.<br />
Traidores de minha pátria,<br />
Não vêem vocês que não acabou o poema?<br />
Que o poema não se acaba?<br />
Que o poema a o povo?<br />
Generais infiéis, não vêem vocês<br />
Que o poema se esconde em cavernas<br />
Nos tempos ásperos, difíceis?<br />
E que na primavera sai pelas ruas,<br />
pelos campos com è bandeira da<br />
LIBERDADE?<br />
Não. Não acabou o poema,<br />
0 Poema é feito de sangue. , ,<br />
Se preciso for, 0 Poema não se acaba,<br />
Nem se trai.<br />
Une, Cresce sob as baionetas.<br />
E de repente, quando menos se espera,<br />
Arrebata<br />
Estabelece<br />
Transforma<br />
E permanece, . .<br />
autor: AGENOR_CAMPOS<br />
Salvador, Bahia,<br />
11 ' i « «M"«>l r^g*<br />
iag. 6 0 POSSEIRO = Março/B4<br />
O