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A Escravidão em Mogi das Cruzes - Dialética Cultural

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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011<br />

A Freguesia da Escada: o pouso, tropas e tropeiros<br />

Distante de <strong>Mogi</strong> <strong>das</strong> <strong>Cruzes</strong> alguns quilômetros, <strong>em</strong> direção a<br />

Guarar<strong>em</strong>a, encontramos um lugar chamado Freguesia da<br />

Escada.<br />

Outrora um aldeamento, a Escada tornou-se Freguesia no início<br />

do século XIX e <strong>em</strong> 1806 um documento escrito por uma viúva<br />

caracteriza a Freguesia ao dizer: ”...finalmente por onde ella eo<br />

seo marido transitavão pª satisfazer<strong>em</strong> ao preceito da Alma na<br />

Fregª de NSª da Escada que lhe fica mais próxima...” [1]<br />

Segundo a caracterização de Antônio Candido <strong>em</strong> Os Parceiros do Rio Bonito: ” a freguesia<br />

supunha um núcleo de habitação compacta e uma igreja provida de sacerdote,geralmente coadjutor<br />

do vigário da paróquia; o bairro era divisão que abrangia os moradores esparsos...”. [2]<br />

Em 1806, já freguesia a Escada tornou-se, <strong>em</strong> função da característica dispersa <strong>das</strong> pessoas da<br />

região, centro de atração principalmente por causa do t<strong>em</strong>plo religioso e a possibilidade de<br />

sociabilidades aí conti<strong>das</strong> ao agrupar as pessoas do entorno. A dificuldade para ter acesso a bens de<br />

consumo, <strong>em</strong> parte era resolvida pelas trocas que envolviam animais de trabalho (cavalo), animais<br />

de criação (galinha, porcos) e pequenos objetos (esporas, facas, etc.).<br />

O contato com outras regiões se fazia através de viajantes que ali passavam.<br />

Havia quatro tipos de alojamento [3] para aqueles que se punham a viajar pelas estra<strong>das</strong> no século<br />

XIX e a Freguesia da Escada era o local de parada de tropas e tropeiros.<br />

O alojamento mais simples, o pouso compreendia apenas o terreno onde os tropeiros poderiam<br />

acampar para passar a noite e dar água aos animais desde que com o consentimento do dono do<br />

lugar.<br />

O rancho era uma construção erguida com<br />

esteios de madeira da região e coberto de sape,<br />

onde a carga estaria protegida da chuva, ao<br />

mesmo t<strong>em</strong>po, servia de cama ou o couro que<br />

protegia a carga era estendido no chão de terra<br />

batida para se dormir, as armas ficavam<br />

encosta<strong>das</strong> nas colunas de sustentação e os<br />

arreios e quinquilharias eram pendurados nas<br />

vigas. Encostada <strong>em</strong> um canto havia a viola de<br />

um tropeiro cantador.<br />

A venda compreendia a existência de um<br />

vendeiro e era um local que atendia tanto os<br />

viajantes e tropeiros, como aos moradores do local ao proporcionar alguns produtos básicos como a<br />

carne-seca, fumo de corda, arreios, sal, açúcar, alho, livros de missa, etc.<br />

Vez por outra gatos e cachorros circulavam pelas ven<strong>das</strong> dividindo espaço com os freqüentadores.<br />

Nas acomodações que eram péssimas havia geralmente uma cama com fibras trança<strong>das</strong> e uma<br />

gamela que poderia ser usada como recipiente com água ou escarradeira. Por fim oferecia-se<br />

hospedag<strong>em</strong> também nas estalagens ou hospedarias onde se encontravam quartos de terra batida e<br />

jiraus com colchão.<br />

Fontes:<br />

[1] Acervo do Fórum, Arquivo Histórico de <strong>Mogi</strong> <strong>das</strong> <strong>Cruzes</strong><br />

[2] CANDIDO, Antônio, Os parceiros do rio bonito, Livraria Duas Cidades, 8 ed.1998, S.P., p.63<br />

[3] FRIEIRO, Eduardo-Feijão, Angu e Couve,ed. Itatiaia,MG, p.100, 101<br />

Postado por Angelo E N Nanni

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