A Escravidão em Mogi das Cruzes - Dialética Cultural
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andeira”.<br />
Em Santa Isabel, cidade onde as posturas municipais haveriam de proibir as danças como o<br />
moçambique, com<strong>em</strong>orava-se a Festa do Divino de 1844 com a sua Imperatriz solicitando licença<br />
para esmolar, segundo documento do Arquivo Histórico do Município de São Paulo, “a fim de<br />
solenizar melhor a festa do Divino”.<br />
Estes ex<strong>em</strong>plos nos mostram que aos olhos do poder instituído as festas e danças populares eram<br />
acompanha<strong>das</strong> e regulamenta<strong>das</strong> pelas leis porque eram vistas como uma possibilidade de<br />
transgressão da ord<strong>em</strong>, principalmente numa sociedade escravocrata, por outro lado mostrava a<br />
autonomia, desejos e vontades do povo.<br />
Sabendo que estas festividades, muitas vezes cercea<strong>das</strong>, eram de extr<strong>em</strong>a importância para manter a<br />
identidade do povo, o modernista Mario de Andrade realizou excursões às cidades que circundam<br />
São Paulo para mapear as festas, danças e costumes <strong>das</strong> comunidades.<br />
Visitando <strong>Mogi</strong> <strong>das</strong> <strong>Cruzes</strong> <strong>em</strong> 30 de maio de 1936, escreveu um artigo para a Revista do Arquivo<br />
Municipal de São Paulo, sobre a Entrada dos Palmitos: “Chegado a <strong>Mogi</strong> pelas doze horas do dia<br />
30, para organizar as filmagens que o Departamento de Cultura realizaria no dia seguinte, cuidei<br />
de indagar o que era essa “Entrada dos Palmitos”. Infelizmente perdera a cerimônia que é<br />
tradicionalmente às primeiras horas da manhã. Como julgo ver nessa festa uma curiosa e ainda<br />
viva r<strong>em</strong>iniscência do culto do vegetal da primavera no Brasil, venho comunicá-la para que os<br />
conhecedores mais completos dos costumes nacionais ligu<strong>em</strong> a festa mogiana a outras do país e a<br />
estud<strong>em</strong>”.<br />
Estudar a festa e conhecer seu significado, não deixar a tradição morrer envolvida pela<br />
modernidade, este era o projeto de um modernista como Mario de Andrade.A congada e o<br />
moçambique que ele filmou pouco se modificou, a cavalhada filmada no Largo do Bom Jesus não<br />
mais existe.<br />
A festa chegou até nossos dias muito diferente e muito igual. Igualdade na tradição e fé dos devotos<br />
e participantes. Diferente sob o signo dos valores da sociedade cont<strong>em</strong>porânea, do consumo e da<br />
mercadoria.<br />
As festividades significam encontros, possibilidades de socialização, liberdade e para todos que<br />
viv<strong>em</strong> o Divino, envolvimento, participação, solidariedade e <strong>em</strong>oção. Em qualquer época e <strong>em</strong><br />
qualquer lugar homens e mulheres tornaram e tornam as festas autenticas e concorri<strong>das</strong>.<br />
Postado por Angelo E N Nanni