17.04.2013 Views

A Escravidão em Mogi das Cruzes - Dialética Cultural

A Escravidão em Mogi das Cruzes - Dialética Cultural

A Escravidão em Mogi das Cruzes - Dialética Cultural

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

peças de trabalho, retirando e desorganizando o sentido coletivo do trabalho <strong>em</strong> sociedades cujo<br />

conceito trabalho estava envolto por categorias morais, sociais, rituais, e não físicas e econômicas<br />

como na Europa mercantilista.<br />

A transformação <strong>em</strong> freguesia gerou a situação que produziu o documento citado abaixo, ou seja,<br />

uma disputa colono x índios pelo lugar denominado barreiro, onde o trabalho tinha características<br />

coletivas para os indígenas e conseqüent<strong>em</strong>ente a fonte de matéria-prima era de uso comum,<br />

diferente da forma utilizada pelo colono que se caracterizou por tornar a terra de uso individual -<br />

utilitário para uso mercantil.<br />

Os moradores da Escada se referiam no início do século XIX a um lugar chamado “barreiro”<br />

utilizado de forma comunitária por várias famílias para produzir “loiças.[3] :<br />

“São o pobres Indígenas moradores junto a esta Cap. 1a de N. S. da Escada (segu<strong>em</strong> quatorze<br />

nomes e famílias), assim todos Moradores de dentro do pateo como de longe, q. desde sua criação,<br />

forão Srs , de hum lugar chamado Barreiro, onde todo porocurão o Barro p. a as facturas de loiça pa serventia de suas casas como donde tirão algum vint<strong>em</strong> p. a os mais socorros, assim todos<br />

moradores de mao comum se serv<strong>em</strong> dos d. os Barreiros:ex q. de repente o Espírito de ambição não<br />

dando lugar ao murador mais perto Manoel Joaq. m de Araújo, se faz S. r do d. o lugar sercando com<br />

caraguatás, afim de ficar<strong>em</strong> privados desta tão antiga posse, m. mo q. o d. o tivesse <strong>em</strong> seos títulos já<br />

se devia amordar aesta utilidade publica portanto [...]".<br />

Este documento também revela o traçado de um aldeamento com a referência a “moradores<br />

de dentro do pateo como de longe”, isto é, a Igreja e o terreno retangular <strong>em</strong> frente com habitações<br />

laterais (pateo) e possivelmente desde a criação do aldeamento os índios utilizavam a argila para<br />

manufaturas.<br />

Nos anos que se seguiram, os conflitos envolvendo d<strong>em</strong>arcação de terras e criações de animais<br />

continuaram a existir como mostra outro documento de 1834, mas, não envolvia mais os habitantes<br />

do ex-aldeamento.<br />

Hoje, praticamente é o mesmo espaço de outrora que encontramos na Freguesia da Escada, quase<br />

duzentos anos depois, com outra destinação e s<strong>em</strong> os habitantes originais ou seus descendentes.<br />

A grafia <strong>em</strong> itálico respeita o documento<br />

Fontes:<br />

[1] GUARINELLO,Norberto Luiz, História científica, história cont<strong>em</strong>porânea e história<br />

cotidiana. S.P., Rev. Bras. De História, v. 24, n° 48, 2004 p.19<br />

[2] - Documentos interessantes para história e costumes de São Paulo, volume 95, ed. Unesp,<br />

( 1990) p.105<br />

[3] - Acervo do Fórum, termos de conciliação,Arquivo Histórico de <strong>Mogi</strong> <strong>das</strong> <strong>Cruzes</strong><br />

Postado por Angelo E N Nanni

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!