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Revista de Estudos sobre Teatro de Formas Animadas<br />
MÓIN-MÓIN<br />
ele denominamos de “desdobramento objetivado”. Significa, para o<br />
ator-animador, organizar-se psicofisicamente em função desse outro<br />
que é ele (ator-animador), mas ao mesmo tempo não é. Habitando<br />
duas dimensões espaço-temporais distintas, necessita agir segundo<br />
as leis destas duas dimensões: a de seu próprio corpo e o universo<br />
circundante da representação; e as leis do objeto (leis inerentes à sua<br />
materialidade) e aos aspectos teatrais que o orientam (personagem,<br />
cena, espetáculo).<br />
O ator mantém a preocupação plástica no interior do espaço<br />
cênico que não deixa de modelar e remodelar ao ritmo de seus deslocamentos<br />
e de seus gestos. O ator-animador por sua vez diferencia<br />
seu modo de situar-se no espaço. Ele é portador de uma idéia, de<br />
um propósito de ação, mas apesar disso tem de se expressar em<br />
um volume distinto do seu próprio e em outra dimensão espaço<br />
temporal. Assim, trabalha sempre em dois níveis de experimentação,<br />
dois planos da realidade, devendo criar um laço "indissolúvel"<br />
entre ambas as condições como premissa de um desenvolvimento<br />
qualificado da animação. Numa dimensão tem-se a psique do<br />
ator-animador. Noutra, o imaginário dramático (a dimensão da<br />
personagem). Dois corpos em um espaço que, embora aparentemente<br />
seja um só não são: trata-se de duas dimensões distintas, mas<br />
intimamente interligadas.<br />
A interpretação no Teatro de Animação, portanto, é desdobrada<br />
e objetivada em uma forma a ser animada. O ator-animador<br />
encontra nesse processo uma particularidade fundamental do seu<br />
trabalho, princípio fundamente entrelaçado aos demais princípios<br />
que regem essa linguagem.<br />
3. Escuta<br />
Princípio de grande relevância na linguagem teatral, a escuta é mesmo<br />
imprescindível no Teatro de Animação. Enquanto certas modalidades<br />
teatrais comportam um ator com escuta débil, o Teatro de Animação<br />
apenas admite a escuta débil nos mais medíocres dos trabalhos.<br />
Para esta reflexão, tratamos a escuta do objeto em três pers-