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Número 7 - CEART - Udesc

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MÓIN-MÓIN<br />

pectivas. A primeira relaciona o termo com a disponibilidade de<br />

perceber os estímulos do ambiente de trabalho, dos demais atoresanimadores<br />

e do objeto animado. Na animação de um boneco de<br />

balcão, por exemplo, três atores podem dividir restrito espaço. Logo,<br />

um ator centrado em si mesmo, dificulta o trabalho coletivo e a<br />

percepção das possibilidades de animação do boneco. Essa escuta<br />

diz também da concentração. O ator, corpo e mente, deve voltar-se<br />

ao processo de animação, numa percepção dilatada do contexto de<br />

trabalho e nele focado.<br />

Na segunda perspectiva a escuta é tida como um mecanismo<br />

de percepção dos aspectos da materialidade do objeto a fim de<br />

sustentar a composição dramatúrgica do espetáculo. Um exemplo<br />

claro dessa perspectiva é o trabalho do grupo catarinense Cia.<br />

Cênica Espiral, no espetáculo Só Serei Flor Quando Tu Flores. Nele<br />

costureiras animam um boneco construído a partir da junção de<br />

objetos pertinentes ao universo da costura. São rolos de linha,<br />

panos, alfinetes e uma tesoura que lhe serve de olhos. As situações<br />

vividas pela personagem são todas permeadas de ações frutos da<br />

relação entre o boneco e os objetos de costura. Assim, o diálogo<br />

com o material gera não somente elementos dramatúrgicos, mas<br />

incidem também na composição da personagem.<br />

Relativo também à composição da personagem e fundamentos<br />

da animação, a terceira perspectiva pontua alguns aspectos de como as<br />

características concretas do objeto se interligam à sua movimentação.<br />

A materialidade do objeto interfere em seu manuseio. Por<br />

exemplo, um boneco pesado exige muito da musculatura do atoranimador.<br />

É preciso, ao conceber um boneco, questionar-se sobre a<br />

necessidade ou não desse peso. Caso não seja necessário, indagar-se<br />

que outro material poderia substituí-lo. Por sua vez, evidencia-se<br />

a questão da durabilidade, que pode a seu turno, remeter a outras<br />

questões. O Mamulengo, por exemplo, demanda um boneco de<br />

material leve, pois é na maioria das vezes um boneco de luva empunhado<br />

durante muito tempo. Exige também material resistente,<br />

pois tem uma dramaturgia cheia de “cacetadas e pauladas” que<br />

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Revista de Estudos sobre Teatro de Formas Animadas

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